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DIREITO TRIBUTÁRIO

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DIREITO TRIBUTÁRIO.
PROFESSORA: LUCIANA BATISTA.
Bibliografia: Ricardo Alexandre - Direito Tributário Esquematizado.
Sumário
1. CLASSIFICAÇÃO DAS RECEITAS PÚBLICAS.	4
2. ATIVIDADE TRIBUTÁRIA DO ESTADO.	5
2.1. TRIBUTOS NO CTN.	5
2.2. TRIBUTOS NA CR/88.	5
3. CONCEITO DE TRIBUTO.	6
4. COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA.	8
4.1. CARACTERÍSTICAS DA COMPETÊNCIA.	8
4.2. COMPETÊNCIA PARA LEGISLAR SOBRE IMPOSTO.	11
4.2.1. PAPEL DA LEI COMPLEMENTAR NA CONFIGURAÇÃO DE IMPOSTOS.	14
4.3. IMPOSTOS DA UNIÃO.	14
4.3.1. PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE.	15
4.3.1 IMPOSTO EXTRAORDINÁRIO DE GUERRA (art. 154, II CR/88).	17
4.4. IMPOSTOS DE COMPETÊNCIA DOS ESTADOS E DF (ITCMD, IPVA e ICMS).	18
4.4.1. IMPOSTO SOBRE TRANSMISSÃO CAUSA MORTIS E DOAÇÕES DE QUAISQUER BENS OU DIREITOS (art. 155, I CR/88).	18
4.4.2. IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE DE VEÍCULO AUTOMOTOR (IPVA)	18
4.4.3. IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES DE CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS E PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE TRANSPORTE INTERESTADUAL E INTERMUNICIPAL E DE COMUNICAÇÃO (ICMS):	18
4.5. IMPOSTOS DE COMPETÊNCIA DOS MUNICÍPIOS E DF (IPTU, ISSQN, ITBI).	20
5. TAXAS.	21
5.1. ASPECTOS GERAIS.	21
5.2. ESPÉCIES DE TAXAS.	22
6. CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA.	26
6.1. PECULIARIDADES DA CM.	26
7. EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO.	28
7.1. PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE E EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO.	29
8. CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS.	30
8.1. PARAFISCALIDADE.	30
8.2. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS.	31
8.2.1. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL GERAL.	31
8.2.2. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PARA A SEGURIDADE SOCIAL.	31
8.2.4. CONTRIBUIÇÃO CORPORATIVA.	33
8.2.5. COSIP.	34
CAP. II - PRINCÍPIOS TRIBUTÁRIOS.	34
1. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE TRIBUTÁRIA.	35
1.1. ESTRITA LEGALIDADE.	35
1.2. EXCEÇÕES AO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE.	37
2. PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE TRIBUTÁRIA.	39
2.1. ANTERIORIDADE ANUAL.	40
2.2. ANTERIORIDADE NONAGESIMAL:	41
3. PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE TRIBUTÁRIA.	44
3.1. EXCEÇÕES À IRRETROATIVIDADE.	44
4. PRINCÍPIO DA ISONOMIA TRIBUTÁRIA (ART. 150, II CR/88)	45
5. PRINCÍPIO DA CAPACIDADE CONTRIBUTIVA (ART. 145, §1º CR/88).	46
6. PRINCÍPIO DO NÃO CONFISCO.	48
7. IMUNIDADES.	50
7.1. IMUNIDADE RECÍPROCA (OU INTERGOVERNAMENTAL - art. 150, VI, "a" CR/88).	51
7.2. IMUNIDADE RELIGIOSA (ART. 150, VI, "b" CR/88).	53
CAP. III - RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA.	54
1. SUJEITO PASSIVO (CONTRIBUINTE E RESPONSÁVEL - ART. 121, P.U. CTN)	57
2. ANÁLISE DO ART. 128 DO CTN.	57
3. MODALIDADES DE RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA NO CTN.	58
3.1. RESPONSABILIDADE EM VIRTUDE DA AQUISIÇÃO DE IMÓVEIS.	58
3.2. RESPONSABILIDADE NA SUCESSÃO HEREDITÁRIA (ART. 131, II E III CTN).	58
3.3. RESPONSABILIDADE PELA REALIZAÇÃO DE ATOS SOCIETÁRIOS (ART. 132, p.u, CTN)	58
3.4. RESPONSABILIDADE PELA AQUISIÇÃO DE ESTABELECIMENTO COMERCIAL, PROFISSIONAL, INDUSTRIAL OU FUNDO DE COMÉRCIO.	60
3.5. RESPONSABILIDADE DE TERCEIROS.	61
3.6. DENÚNCIA ESPONTÂNEA (art. 138 CTN).	65
CAP. IV - CRÉDITO TRIBUTÁRIO.	66
1. INTRODUÇÃO.	66
2. CONCEITO DE CRÉDITO TRIBUTÁRIO.	67
3. LANÇAMENTO.	67
3.2. QUESTÕES GERAIS SOBRE LANÇAMENTO (ARTS. 144 e 148, CTN)	68
3.3. MODALIDADES DE LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO.	71
3.4. DECADÊNCIA.	76
4. CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO PELO SUJEITO PASSIVO.	78
4.1. DECLARAÇÕES NO CONTEXTO DO LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO.	78
4.2. DEPÓSITO JUDICIAL NO CONTEXTO DOS TRIBUTOS LANÇADOS POR HOMOLOGAÇÃO.	79
5. MODIFICAÇÕES DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO.	79
5.1. HIPÓTESES DE SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO	80
5.2. EXCLUSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO	84
5.2.1. ISENÇÃO.	85
5.3. EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO.	87
6. PRESCRIÇÃO, INCRIÇÃO EM DÍVIDA ATIVA, CDA E EXECUÇÃO FISCAL.	91
6.1. PRAZO DE PRESCRIÇÃO PARA A FAZENDA AJUIZAR A EXECUÇÃO FISCAL.	91
6.2. MEDIDAS PREPARATÓRIAS À EXECUÇÃO FISCAL.	93
6.3. EXECUÇÃO FISCAL.	95
CAP. V - IMPOSTOS EM ESPÉCIE.	101
1. COMPETÊNCIA PARA INSTITUIR CADA IMPOSTO	101
2. IMPOSTOS REAIS.	102
2.1. IMPOSTOS REAIS: PROGRESSIVIDADE DE ALÍQUOTA	102
2.2. ITR e IPTU	102
2.3. ITCMD e ITBI.	105
2.4. ISS	106
2.5. ICMS	108
2.6. IPI	115
CAP. VI - PIS/COFINS.	119
1. PONTOS GERAIS.	119
2. HISTÓRICO LEGISLATIVO.	119
3. DISCUSSÕES JURISPRUDENCIAIS.	120
3.1. CONSTITUCIONALIDADE DA AMPLIAÇÃO DA BASE DE CÁLCULO PELA LEI N. 9718/98	120
3.2. ALTERAÇÃO DE LEI COMPLEMENTAR POR LEI ORDINÁRIA	121
3.3. INCLUSÃO DO ICMS NA BASE DE CÁLCULO DO PIS E DA COFINS	123
3.4. PIS/CONFIS IMPORTAÇÃO	124
3.5. COMPOSIÇÃO DA BC DO PIS/COFINS – VENDAS INAMPLIDAS.	124
4. PIS/COFINS: REGIME NÃO CUMULATIVO.	125
5. RESUMO.	126
CAP. VII - IMPOSTO DE RENDA.	126
1. ASPECTOS DA HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA.	127
1.1. ASPECTO MATERIAL.	127
1.2. ASPECTO ESPACIAL.	129
1.3. ASPECTO TEMPORAL.	130
1.4. ASPECTO PESSOAL.	130
1.5. ASPECTO QUANTITATIVO.	131
2. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO.	132
3. JURISPRUDÊNCIA DO STJ.	133
3.1. VERBAS INDENIZATÓRIAS.	133
3.2. RENDIMENTOS RECEBIDOS DE MANEIRA CUMULADA.	133
3.3. CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS DE MORA.	134
4. DESTINAÇÃO DO PRODUTO DA ARRECADAÇÃO - REPARTIÇÃO DE RECEITAS.	134
4.1. FUNDOS CONSTITUCIONAIS.	134
A Atividade financeira do Estado se desdobra praticamente em três grandes áreas:
	1ª) Obtenção de Receitas[footnoteRef:1] (em sentido amplo); [1: De acordo com a doutrina, as entradas de dinheiro a título definitivo são chamadas de "receitas", enquanto que as entradas de dinheiro provisórias são chamadas de "ingresso".] 
	2ª) Gestão das receitas arrecadadas;
	3ª) Aplicação das receitas no cumprimento das finalidades essenciais.
O DIREITO TRIBUTÁRIO é o ramo do ordenamento que tem por OBJETIVO REGULAMENTAR A CAPTAÇÃO DE RECEITAS DERIVADAS. Tributos são modalidade de receita derivada. 
Obs.: A Lei 4.320/64 (normas gerais de direito financeiro) utiliza o termo "receita" em seu sentido amplo, abrangendo tanto as receitas definitivas quanto provisórias. 
1. CLASSIFICAÇÃO DAS RECEITAS PÚBLICAS.
O poder público pode obter receitas de duas formas:
a) ORIGINÁRIA: EXPLORANDO O PATRIMÔNIO PÚBLICO DIRETAMENTE, estabelecendo relações de coordenação com a parte contrária. O Estado não impõe prestações. Há uma relação horizontal. Ex: aluguel de bens; operações financeiras; receitas oriundas de contratos, etc. 
Com a concepção de Estado Mínimo, a PRÓPRIA CR/88 estabelece que a EXPLORAÇÃO DE ATIVIDADES ECONÔMICAS PELO ESTADO SE DARÁ DE FORMA EXCEPCIONAL, nos termos do art. 173[footnoteRef:2]. [2: Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.] 
b) DERIVADA: o Estado atua IMPONDO PRESTAÇÕES AOS PARTICULARES. Há uma relação verticalizada, de imposição. Essa relação de superioridade do Estado decorre da Lei e da Constituição. Assim, ele impõe prestações a serem cumpridas pelos indivíduos independentemente de sua vontade. Ex: Tributos, Multas. Atualmente consistem na MAIORIA DAS RECEITAS ARRECADADAS pelo Estado.
Obs.: o Estado AINDA PODE OBTER RECEITAS (DERIVADAS) TRANSFERIDAS POR OUTROS ENTES. Estas receitas podem ser transferidas de maneira obrigatória (artigos 153, §3º; 157 a 159 da CR/88); e também de forma voluntária[footnoteRef:3] (convênios, por exemplo). [3: Para que o ente transfira receitas de forma voluntária é preciso que ele respeite os preceitos da Lei de Responsabilidade Fiscal.] 
2. ATIVIDADE TRIBUTÁRIA DO ESTADO.
PERGUNTA: QUAL É O OBJETO DA ATIVIDADE TRIBUTÁRIA? 
A princípio, podemos responder que é Instituir, criar, arrecadar, fiscalizar o cumprimento das obrigações tributárias (mais amplo do que simplesmente "tributos"). 
As obrigações tributárias se dividem em:
a) OBRIGAÇÃO PRINCIPAL: cujo objeto principal é o próprio TRIBUTO ou a PENALIDADE PECUNIÁRIA[footnoteRef:4]. Trata-se de uma obrigação de dar (de entregar dinheiro aos cofres públicos - art. 113, §1º do CTN[footnoteRef:5]) [4: portanto, a multa tributária é obrigação principal.] [5: § 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extingue-se juntamente com o crédito dela decorrente.] 
b) OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA: são as obrigações de PRESTAR DECLARAÇÃO, EMITIRNOTA FISCAL, TOLERAR A FISCALIZAÇÃO, etc. Em suma, são as obrigações de fazer ou não fazer impostas pela administração tributária. 
2.1. TRIBUTOS NO CTN.
O CTN é anterior à CR/88, e prevê um CONCEITO TRICOTÔMICO de tributos, abrangendo: IMPOSTOS; TAXAS; e CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA.
O que DIFERENCIA UMA ESPÉCIE TRIBUTÁRIA DA OUTRA é a ANÁLISE DO FATO GERADOR. Taxa e Contribuição de Melhoria descrevem um fato gerador vinculado a uma atuação Estatal. Já os impostos não têm essa vinculação.
2.2. TRIBUTOS NA CR/88.
Além dos tributos previstos no CTN, a CR/88 previu duas novas modalidades de tributos, inaugurado um CONCEITO QUINQUEPARTITE de tributos:
	a) art. 148: EMPRÉSTIMOS COMPULSÓRIOS;
Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios: 
I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência; 
II - no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, observado o disposto no Art. 150, III, "b"[footnoteRef:6]. [6: Esta modalidade de empréstimo compulsório deve observar o princípio da anterioridade ANUAL.] 
Parágrafo único: A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório será vinculada à despesa que fundamentou sua instituição.
	b) art. 149 e 149-A: CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS.
Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições SOCIAIS, de INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO e de INTERESSE DAS CATEGORIAS PROFISSIONAIS ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no Art. 195, §6º, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo.
Art. 149-A Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na forma das respectivas leis, para o custeio do serviço de iluminação pública, observado o disposto no Art. 150, I e III. 
Parágrafo único: É facultada a cobrança da contribuição a que se refere o caput, na fatura de consumo de energia elétrica.
Obs.: Note-se que a CR/88 não previu a competência dos Estados membros para instituírem contribuições especiais. Somente a têm a União, os Municípios e o DF.
PREVALECE na DOUTRINA e no âmbito do STF a CORRENTE QUINQUEPARTITE quanto às espécies tributárias. 
Os EMPRÉSTIMOS COMPULSÓRIOS e as CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS também são TRIBUTOS FINALÍSTICOS, ou seja, a própria CR/88 determinou a destinação do dinheiro arrecadado por estes tributos (ex: art. 148, p.u.). 
Obs.: o art. 4º, II do CTN não foi recepcionado para os Empréstimos Compulsórios e para as contribuições especiais.
Art. 4º A natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador da respectiva obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la: 
I - a denominação e demais características formais adotadas pela lei; 
II - a destinação legal do produto da sua arrecadação. 
Como vimos, a lei pode estabelecer a destinação do produto da arrecadação de determinados tributos, tornando-os finalísticos.
PERGUNTA: QUAL É O OBJETO DA ATIVIDADE TRIBUTÁRIA?
 Instituir, criar, arrecadar, fiscalizar o cumprimento das obrigações tributárias, ALÉM DE GARANTIR O DESTINO DA RECEITA nos TRIBUTOS FINALÍSTICOS. 
3. CONCEITO DE TRIBUTO.
O art. 3º do CTN (que foi recepcionado pela CR/88) trás o conceito de tributo. 
Art. 3º. Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.
O CTN foi feito sob a égide da Constituição de 1946, e, FORMALMENTE, trata-se de LEI ORDINÁRIA. 
Entretanto, a CR/88, em seu art. 146, estabeleceu que as NORMAS GERAIS em matéria de legislação tributária deveriam ser regulamentadas por LEI COMPLEMENTAR.
Art. 146. Cabe à Lei complementar:
I - dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária, entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;
II - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre:
a) definição de tributos e suas espécies, bem como, em relação aos impostos discriminados nessa constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes;
b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários;
c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades cooperativas;
d) definição de tratamento diferenciado e favorecido para as microempresas e empresas de pequeno porte, inclusive regimes especiais ou simplificados no caso do imposto previsto no art. 155, II, das contribuições previstas no art. 195, I e §§ 12 e 13, e da contribuição a que se refere o art. 239.
Tendo em vista o fenômeno da recepção legislativa, naquilo em que o CTN for compatível com a CR/88 ele será considerado FORMALMENTE ORDINÁRIO e MATERIALMENTE COMPLEMENTAR. Desse modo, qualquer alteração que se pretenda fazer atualmente ao CTN deve respeitar o procedimento da Lei Complementar.
Obs.: Para provas objetivas deve-se afirmar que o CTN é uma lei complementar.
Justamente pelo fato de as normas gerais sobre tributação terem natureza material de lei complementar que o STF editou a Súmula Vinculante nº 8, dispondo que "São inconstitucionais o parágrafo único do art. 5º do Decreto Lei 1.569/77 e os arts. 45 e 46 da Lei n. 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário". Isso porque os prazos decadenciais e prescricionais em matéria tributária devem ser regulados por lei complementar, e não por lei ordinária.
TRIBUTO é toda prestação que cumprir com as características do art. 3º do CTN, independentemente da denominação. Nos termos do art. 4º, I do CTN a natureza jurídica do tributo é dada pelo fato gerador, se vinculado ou não a uma contraprestação, sendo irrelevante a denominação. 
A estrutura obrigacional do Direito Tributário é idêntica às demais obrigações previstas no ordenamento jurídico. Nas obrigações em geral há um vinculo que liga credor ao devedor, que é a obrigação. A OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA NASCE COM O FATO GERADOR (chamado de fato jurígeno tributário).
No que tange à DESCRIÇÃO LEGAL DO FATO GERADOR e da obrigação tributária no campo abstrato, a doutrina criou a expressão "HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA". Trata-se da descrição normativa, legal e abstrata do fato gerador, e da obrigação tributária que nasce deste fato.
A obrigação tributária é uma prestação compulsória que deriva de lei (ex lege), sendo diferente das demais obrigações (ex voluntati - que nascem do acordo de vontade). Por exemplo, uma obrigação decorrente de aluguel de um imóvel da União também será obrigatória, depois que o vínculo se constitui entre o credor e o devedor. O que torna essa obrigatoriedade da obrigação tributária diferente das demais obrigações é que ela decorre da lei (geral e abstrata), enquanto que a obrigatoriedade da verba decorrente do aluguel decorre de um contrato (vontade inter partes). 
Obs.: Do mesmo modo, NÃO SÃO OPONÍVEIS À OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA os VÍCIOS DO CONSENTIMENTO, vez que ela não deriva da vontade das partes, mas sim da lei.
Contudo, OS VÍCIOS E NULIDADES LEGAIS podem ser perfeitamente alegados e opostos contra a obrigação tributária. 
A Lei tributária deve descrever tanto o fato gerador quanto a obrigação tributária que surge com a ocorrência do fato gerador, nos termos do art. 150, I CR/88 c/c 97 CTN.
Art. 150 CR. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: 
I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça;
Art. 97 CTN. Somente a lei pode estabelecer: 
I - a instituição de tributos, ou a sua extinção; 
II - a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65; 
III - a definição do fato gerador da obrigação tributária principal, ressalvado o disposto no inciso I do §3º do artigo 52, e do seu sujeito passivo; 
IV - a fixação de alíquota do tributo e da sua base de cálculo, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26,39, 57 e 65; 
V - a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus dispositivos, ou para outras infrações nela definidas;
 VI - as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa ou redução de penalidades.
Como já vimos, uma das características que definem o conceito de Tributo consiste no fato de ele não poder constituir sanção de ato ilícito. Isso significa que seu FATO GERADOR deve ser SEMPRE a descrição de um ATO OU FATO LÍCITO. 
Diferente é a MULTA. Como também já foi visto, a multa tributária também compõe o conceito de OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. Contudo, diferentemente do fato gerador, a multa tributária DECORRE DIRETAMENTE DA PRÁTICA DE UM ATO ILÍCITO.
PERGUNTA: O ATO ILÍCITO PODE SER TRIBUTADO? 
NÃO. O ato ilícito não pode ser FATO GERADOR de tributo (nunca). O fato gerador deve ser uma atividade lícita, sempre. 
Diferente são os "FRUTOS" ORIUNDOS DA ATIVIDADE ILÍCITA, que, quando traduzirem riqueza, podem ser tributados. A título de ilustração, o Estado não poderá estipular qualquer modalidade de tributo que tenha como fato gerador o tráfico de drogas. Contudo, já existe o imposto de renda, que tem como fato gerador a aquisição de riqueza. Desse modo, TODA RIQUEZA QUE UMA PESSOA ADQUIRE ATRAVÉS DO TRÁFICO DE DROGAS IRÁ CONSTITUIR O FATO GERADOR DO IR.
Trata-se de tema controverso na doutrina:
1ª corrente: se for comprovado no âmbito penal que os frutos são todos decorrentes da atividade comprovadamente ilícita, deverá haver o PERDIMENTO EM FAVOR DA UNIÃO. Os bens não entram pelo processo tributário, mas pelos EFEITOS DA CONDENAÇÃO. É a tese da MIZABEL, minoritária.
2ª corrente: STF entende que os FRUTOS DO ILÍCITO SÃO TRIBUTÁVEIS, por serem fatos distintos da atividade ilícita. O fundamento desse entendimento é o art. 118 do CTN.
			Art. 118. A definição legal do fato gerador é interpretada abstraindo-se: 
			I - da validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos contribuintes, responsáveis, ou 				terceiros, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos; 
			II - dos efeitos dos fatos efetivamente ocorridos.
Assim, para o STF, o tributo incidirá sobre a manifestação de riqueza. Além disso, vige o princípio PECUNIA NON OLET, de modo que o tributo incidirá sobre a manifestação de riqueza, INDEPENDENTEMENTE DA ORIGEM (ILÍCITA) MAL CHEIROSA. 
Obs.: no crime de DESCAMINHO[footnoteRef:7] o agente ELIDE O PAGAMENTO de IMPOSTOS (esta é a elementar típica). Assim, se for elidida uma taxa, por exemplo, o fato não se amoldará ao crime de descaminho. [7: Art. 334 CP: Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo da mercadoria: Pena - reclusão, de 1 a 4 anos.] 
Desse modo, no caso de descaminho, tanto a operação de importação/exportação quanto a renda auferida pelo agente são tributáveis, vez que constituem atos LÍCITOS.
Já no CONTRABANDO, a operação de IMPORTAÇÃO/EXPORTAÇÃO é ILÍCITA, e, por isso, não pode constituir fato gerador de tributo. 
Contudo, a RENDA ORIUNDA DO CONTRABANDO pode muito bem ser tributada, vez que PECUNIA NON OLET. 
4. COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA.
Competência é o PODER DE LEGISLAR sobre tributo, o que significa INSTITUIR, CRIAR, EXTINGUIR, REDUZIR, AUMENTAR e CONCEDER BENEFÍCIOS (ex: isenção).
Trata-se de matéria constitucional[footnoteRef:8]. A competência é um poder político, de modo que pertence aos entes federados. A CR/88 reparte o poder de tributar entre as pessoas políticas. [8: Não estudar competência no CTN. Somente na CR/88.] 
PERGUNTA: A COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA PODE SER ALTERADA? 
A princípio, ELA PODE SER ALTERADA, desde que POR EC, e desde que NÃO VIOLE O PRINCÍPIO FEDERATIVO (que é cláusula pétrea). Tanto é verdade que a EC 39/02 acrescentou o art. 149-A ao texto constitucional, prevendo a contribuição para o serviço de iluminação pública (COSIP), de competência do Município e do DF. Tivemos, portanto, uma EC que ampliou a competência tributária dos Municípios e do DF.
A EC 41/03, por sua vez, determinou a redação do art. 149, §1º CR/88, e retirou a competência dos Estados e do DF para instituir contribuições para a assistência social, mantendo, contudo, a competência destes entes para instituir contribuições para a previdência social, e isso não agrediu o princípio federativo. 
			§1º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão contribuição, cobrada de seus 				servidores, para o CUSTEIO, em benefício destes, DO REGIME PREVIDENCIÁRIO de que trata o Art. 			40, cuja alíquota não será inferior à da contribuição dos servidores titulares de cargos efetivos da 			União. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)
Obs.: CONTRIBUIÇÃO para área da SAÚDE: ESTADOS, DF e MUNICÍPIOS NUNCA TIVERAM COMPETÊNCIA para instituir contribuição para área da saúde. A contribuição nesse sentido instituída por MG foi julgada inconstitucional pelo STF.
4.1. CARACTERÍSTICAS DA COMPETÊNCIA.
4.1.1. INDELEGABILIDADE 
A competência tributária é um PODER INDELEGÁVEL. Quem recebe competência do texto constitucional não pode transferi-la para outro ente. Portanto, somente os entes previstos no texto constitucional é que poderão instituir (legislar instituindo) aquela modalidade tributária.
Isso é diferente da POSSIBILIDADE DE DELEGAÇÃO do poder de COBRAR, ARRECADAR, FISCALIZAR e cumprir normas no exercício dessas funções, que constitui a chamada "CAPACIDADE TRIBUTÁRIA ATIVA". Trata-se da possibilidade de delegação de ATOS ADMINISTRATIVOS COMPLEMENTARES, que é admitida. 
A COMPETÊNCIA NÃO PODE SER DELEGADA, nos termos do art. 7º, caput do CTN.
Art. 7º A COMPETÊNCIA tributária é INDELEGÁVEL, salvo atribuição das funções de arrecadar ou fiscalizar tributos, ou de executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria tributária, conferida por uma pessoa jurídica de direito público a outra, nos termos do § 3º do artigo 18 da Constituição.
A competência tributária É EXCLUSIVA DE PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PÚBLICO. Assim, em regra, as funções de arrecadação e fiscalização podem ser delegadas de um ente público para outro. É o que acontece, por exemplo, com o ITR:
Art. 158. Pertencem aos Municípios (...)
II - cinqüenta por cento do produto da arrecadação do imposto da União sobre a propriedade territorial rural, relativamente aos imóveis neles situados, cabendo a totalidade na hipótese da opção a que se refere o art. 153, § 4º, III; 
Art. 153, § 4º O imposto previsto no inciso VI do caput: (...)
III - será fiscalizado e cobrado pelos Municípios que assim optarem, na forma da lei, desde que não implique redução do imposto ou qualquer outra forma de renúncia fiscal. 
O STF está para julgar a possibilidade de pessoas jurídicas de direito privado exercerem a capacidade tributária ativa. 
As pessoas jurídicas de direito privado podem ser recebedoras de receitas (sindicatos, cartórios, etc.). Entretanto, isso não significa que elas tenham todos os poderes inerentes à capacidade tributária ativa (até que o STF decida).
Obs.: é possível delegar a capacidade ativa sem que se repasse obrigatoriamente receitas. 
4.1.2. FACULDADE DE EXERCÍCIO.
O EXERCÍCIO DA COMPETÊNCIA tributária é uma FACULDADE conferida ao ente. Ele não está obrigado a exercer a competência tributária. Tanto é verdade que a União ainda não instituiu o imposto sobre grandes fortunas. 
A Lei de Responsabilidade Fiscal, no art. 11, determina que o exercício da competência tributária e da capacidade ativa constituem a boa gestão tributária do ente.
Art. 11. Constituem REQUISITOS ESSENCIAIS DA RESPONSABILIDADE na gestão fiscal a INSTITUIÇÃO, previsão e EFETIVA ARRECADAÇÃO de TODOS os TRIBUTOS da competência constitucional do ente da Federação. 
Parágrafo único. É VEDADA a realização de TRANSFERÊNCIAS VOLUNTÁRIAS para o ente que não observe o disposto no caput, no que se refere aos IMPOSTOS.
Nos termos do p.u., o ente que não instituir todos os impostos não poderá participar das transferências voluntárias. 
De acordo com a LRF, o ente deverá, preferencialmente, instituirtodos os tributos. Somente se ele não instituir todos os IMPOSTOS de sua competência é que NÃO PODERÁ PARTICIPAR DAS TRANSFERÊNCIAS VOLUNTÁRIAS[footnoteRef:9]. [9: Assim, se um Município deixa, por exemplo, de instituir e cobrar a COSIP, ele poderá participar das transferências voluntárias de receita. Mas, por outro lado, se ele deixa de instituir o IPTU, ele não poderá participar das transferências voluntárias.] 
A LRF trata das transferências voluntárias, e por isso ela é constitucional. Se ela tratasse dos repasses obrigatórios ela seria inconstitucional, pois somente a CR/88 poderia versar sobre esta matéria. Portanto, o ente que não exerce a competência tributária para os IMPOSTOS não poderá participar dos repasses voluntários. 
Por se tratar de matéria constitucional, a LRF não pode obrigar o ente a exercer a competência tributária. 
Nos termos do art. 160 da CR/88, o ente NÃO PODE RETER OS CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS QUE DEVE REPASSAR AOS OUTROS ENTES, EXCETO nos casos de COMPENSAÇÃO (quanto o ente que receberia o repasse está devendo), e também quando o ente NÃO ESTIVER INVESTINDO O MÍNIMO EXIGIDO para a área da SAÚDE. 
Art. 160. É vedada a retenção ou qualquer restrição à entrega e ao emprego dos recursos atribuídos, nesta seção, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, neles compreendidos adicionais e acréscimos relativos a impostos. 
Parágrafo único. A vedação prevista neste artigo não impede a União e os Estados de condicionarem a entrega de recursos: 
I – ao pagamento de seus créditos, inclusive de suas autarquias; 
II – ao cumprimento do disposto no Art. 198, § 2º, incisos II e III.
Portanto, atualmente, coforme o disposto na LRF, os entes não podem transferir de forma voluntária receitas para a União, vez que ela não instituiu todos os seus impostos (IGF, por exemplo).
4.1.3. IRRENUNCIÁVEL.
Não existe renúncia tácita. O NÃO EXERCÍCIO DA COMPETÊNCIA NÃO IMPLICA RENÚNCIA TÁCITA. 
Até porquê a competência é uma faculdade, como já vimos. Mesmo que o ente não a exerça não significa que ele perde o direito de instituir e cobrar o tributo no futuro.
4.1.4. INCADUCÁVEL. 
Não se perde a competência pelo decurso do tempo.
4.1.5. INALTERÁVEL POR LEI INFRACONSTITUCIONAL. 
No caso do IPTU, o art. 156, I da CR/88 atribui ao município a competência para instituir imposto sobre a propriedade. Nesse ponto, o art. 32 do CTN não foi totalmente recepcionado, porque o dispositivo vai além do que permite a CR/88, ao elencar outras hipóteses, que não a propriedade.
Art. 156 CR. Compete aos Municípios instituir impostos sobre: 
I - PROPRIEDADE predial e territorial urbana;
Art. 32 CTN. O imposto, de competência dos Municípios, sobre a propriedade predial e territorial urbana tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de bem imóvel por natureza ou por acessão física, como definido na lei civil, localizado na zona urbana do Município.
O POSSUIDOR do imóvel pode, contudo, vir a ser o SUJEITO PASSIVO DO IPTU, NÃO COMO CONTRIBUINTE (que é quem pratica o fato gerador do imposto, ou seja, aquele que detém a propriedade do imóvel), mas COMO RESPONSÁVEL TRIBUTÁRIO, desde que haja expressa previsão legal, nos termos do art. 121 CTN, p.u., II.
Art. 121. Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária. 
Parágrafo único. O sujeito passivo da obrigação principal diz-se: 
I - contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador; 
II - responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra de disposição expressa de lei. 
Obs.: para o STJ, o POSSUIDOR, em uma hipótese, pode praticar o fato gerador do imposto, vindo a ser considerado CONTRIBUINTE, que é na USUCAPIÃO. Portanto, ele não será responsável, mas contribuinte, mesmo enquanto não adquira a propriedade, pois exerce a posse com o animus domini.
4.1.6. LIMITAÇÃO AO PODER DE TRIBUTAR.
A competência tributária encerra um rol taxativo das hipóteses em que o ente poderá estabelecer um tributo, funcionando como verdadeira garantia do contribuinte.
4.1.7. INTRANSFERÍVEL.
A competência NÃO SE TRANSFERE, nem mesmo para aquele que tem direito a participar da arrecadação. Por exemplo, os Municípios podem arrecadar e fiscalizar o ITR. Mas isso não significa que eles têm competência para instituir ou majorar este imposto.
Do mesmo modo, a UNIÃO tem competência para instituir novos impostos além daqueles já previstos no texto constitucional. Trata-se da chamada COMPETÊNCIA RESIDUAL. 
Nos termos do art. 157, II, a União deve repassar 20% da receita dos impostos residuais para os Estados e para o DF. Entretanto, a União ainda não instituiu nenhum Imposto Residual. 
ASSIM, NA AUSÊNCIA DO EXERCÍCIO DA COMPETÊNCIA PELA UNIÃO, PODEM OS ESTADOS E O DF INSTITUÍ-LO, TENDO EM VISTA QUE A CR/88 ASSEGURA A ELES UMA PARTICIPAÇÃO NA ARRECADAÇÃO DESTES IMPOSTOS? 
NÃO, pois a COMPETÊNCIA NÃO SE TRANSFERE, nem mesmo para aquele que tem direito a participar da arrecadação. 
Não existe COMPETÊNCIA CONCORRENTE para INSTITUIR tributo.
Obs.: O fato de a competência não se transferir não significa que não exista competência concorrente em matéria tributária. 
De fato não há previsão da competência concorrente para legislar sobre tributos. Contudo, o DIREITO TRIBUTÁRIO NÃO SE LIMITA A CRIAR TRIBUTOS.
Art. 24. CR. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico (...)
Nesta modalidade de competência, A ATRIBUIÇÃO DA UNIÃO é para EDITAR NORMAS GERAIS (CTN), enquanto que os ESTADOS e o DF exercem COMPETÊNCIA SUPLEMENTAR. 
Se a União não edita a norma geral, os Estados e o DF podem legislar de maneira plena para atender às suas particularidades. A norma geral superveniente da União suspende a eficácia das Leis Estaduais ou do DF, naquilo em que for contrário (pode ser que essa lei não contenha nenhum dispositivo em contrário, permanecendo, assim, eficaz). O art. 30 da CR/88 prevê a competência dos Municípios. 
O art. 146, III, "a" in fine da CR/88 determina que a LEI COMPLEMENTAR IRÁ ESTABELECER A NORMA GERAL em direito tributário, ESPECIALMENTE SOBRE OS IMPOSTOS, devendo estabelecer três aspectos fundamentais: FATO GERADOR; BASE DE CÁLCULO e CONTRIBUINTE. 
A lei complementar a que alude o dispositivo não cria impostos, de modo que a instituição do respectivo tributo fica a cargo de cada ente.
Art. 146. Cabe à lei complementar: (...)
III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre: 
a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes;
Quanto aos ASPECTOS NÃO DEFINIDOS NA LEI COMPLEMENTAR geral, tais como a ALÍQUOTA e o PRAZO de recolhimento do tributo, por exemplo, os entes terão COMPETÊNCIA SUPLEMENTAR.
Obs.: Para o IPVA NÃO HÁ NORMA GERAL. Os Estados e o DF poderiam editar plenamente suas leis, com base no art. 24, §3º da CR/88 (COMPETÊNCIA PLENA). Note-se que a competência não é para criar o IPVA (essa é exclusiva dos Estados e do DF), mas para editar a norma geral sobre o imposto.
Suponhamos que fosse editada a LC pela União, e ela dispusesse sobre o FG, BC, Contribuinte, Alíquotas e hipóteses de responsabilidade daquele imposto. Essa lei complementar geral da União deveria ser declarada inconstitucional, vez que extrapolou das matérias que poderia versar (FG, BC e Contribuinte).
Em se tratando de competência concorrente, as alíquotas e as hipóteses de responsabilidade estão no âmbito da competência suplementar dos Estados e do DF.
4.2. COMPETÊNCIA PARA LEGISLAR SOBRE IMPOSTO.
Imposto é espécie de tributo prevista no art. 5º e 16 do CTN, e no art. 145, I CR/88. 
Art. 5º CTN. Os tributos são impostos, taxas e contribuições de melhoria.
Art. 16. CTN. Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatalespecífica, relativa ao contribuinte.
Art. 145 CR. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos:
I - impostos.
É o tributo cujo fato gerador é um fato desvinculado de qualquer atuação estatal. O fato gerador não descreve uma atuação do poder público, mas, sim, uma conduta praticada pelo particular que manifesta riqueza. 
Desse modo, o PRINCÍPIO BÁSICO aplicado aos impostos é o princípio da CAPACIDADE CONTRIBUTIVA, insculpido no art. 145, §1º CR/88, de modo que quanto maior a riqueza manifestada, maior será a tributação pelos impostos.
§ 1º - Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte.
A repartição da competência para legislar sobre impostos é feita pela Constituição de forma discriminada. Ou seja, ela prevê expressamente qual ente irá instituir determinado imposto. Se não fosse assim, haveria conflito de competência entre os entes, gerando prejuízos para os contribuintes e para o próprio ente. 
NEM POR EMENDA CONSTITUCIONAL pode haver a ALTERAÇÃO DAS COMPETÊNCIAS para a INSTITUIÇÃO dos IMPOSTOS, pois é cláusula pétrea, sob pena de OFENSA AO PACTO FEDERATIVO[footnoteRef:10] e à autonomia dos entes federados. Portanto, a COMPETÊNCIA para INSTITUIR IMPOSTOS é PRIVATIVA (exclusiva). [10: Qualquer alteração na competência que não diga respeito à instituição de impostos deverá ser feita por EC, e desde que não viole o pacto federativo.] 
Como o imposto não pressupõe uma contraprestação específica por parte do Estado, a regra é que a RECEITA oriunda dos impostos PODE SER UTILIZADA PARA QUALQUER FINALIDADE. Ou seja, não pode estar pré-afetada a nenhuma despesa. Trata-se do PRINCÍPIO DA NÃO AFETAÇÃO (ou da não vinculação) da receita a órgão, fundo ou despesa, previsto no art. 167, IV da CR/88.
Art. 167. São vedados (...)
IV - a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvadas a repartição do produto da arrecadação dos impostos a que se referem os artigos 158 e 159, a destinação de recursos para as ações e serviços públicos de saúde, para manutenção e desenvolvimento do ensino e para realização de atividades da administração tributária, como determinado, respectivamente, pelos arts. 198, §2º, 212 e 37, XXII, e a prestação de garantias às operações de crédito por antecipação de receita, previstas no art. 165, §8º, bem como o disposto no §4º deste artigo.
4.2.1. EXCEÇÕES À REGRA DA NÃO VINCULAÇÃO DA RECEITA DE IMPOSTOS.
4.2.1.1. MANUTENÇÃO E DESENVOLVIMENTO DOS SERVIÇOS PÚBLICOS DE SAÚDE E DE EDUCAÇÃO. 
A SAÚDE e a EDUCAÇÃO são áreas que receberão recursos oriundos de impostos, de acordo com o disposto na CR/88. Portanto, TÊM VINCULAÇÃO OBRIGATÓRIA expressa na CR/88, nos artigos 198, §2º e 212. 
Art. 198. §2º. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios aplicarão, anualmente, em ações e serviços públicos de SAÚDE recursos mínimos derivados da aplicação de percentuais calculados sobre:
I - no caso da União, a receita corrente líquida do respectivo exercício financeiro, não podendo ser inferior a 15%;
II - no caso dos Estados e do Distrito Federal, o produto da arrecadação dos impostos a que se refere o art. 155 e dos recursos de que tratam os arts. 157 e 159, I, a, e inciso II, deduzidas as parcelas que forem transferidas aos respectivos Municípios;
III - no caso dos Municípios e do Distrito Federal, o produto da arrecadação dos impostos a que se refere o art. 156 e dos recursos de que tratam os arts. 158 e 159, I, b e §3º.
Art. 212. A União aplicará, anualmente, nunca menos de 18%, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios 25%, no mínimo, da receita resultante de impostos, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ENSINO.
Quanto à SAÚDE, devem ser aplicados recursos mínimos obtidos através da aplicação de um percentual sobre:
A) UNIÃO: Pelo menos 15% da receita corrente líquida do exercício financeiro respectivo (determinação da EC 86 de 2015) será direcionada à saúde;
B) ESTADOS E DF: percentual mínimo fixado por lei complementar, a ser reavaliada, pelo menos, a cada 5 anos sobre receita de:
I) ITCMD, ICMS e IPVA (art. 155 CR/88) + 
II) o produto da arrecadação do IR incidente na fonte, sobre rendimentos pagos, a qualquer título, por eles (Estados e DF), suas autarquias e pelas fundações que instituírem e mantiverem (Art. 157 CR/88, I) + 
III) 20% da arrecadação de Impostos residuais eventualmente estabelecidos pela União (art. 157, II CR/88) + 
IV) 21,5% da arrecadação, pela União, do IPI e do IR (art. 159, I, "a" CR/88) + 
V) 10% do IPI incidente na exportação de produtos pelos respectivos Estados e DF; 
DEDUZIDAS AS PARCELAS QUE FOREM TRANSFERIDAS AOS RESPECTIVOS MUNICÍPIOS.
C) MUNICÍPIOS E DF: percentual mínimo fixado por LEI COMPLEMENTAR, a ser reavaliada, pelo menos, a cada 5 anos, sobre receita de: 
I) IPTU, ITBI, ISSQN (art. 156 CR/88) + 
II) o produto da arrecadação do IR incidente na fonte, sobre rendimentos pagos, a qualquer título, por eles (Municípios e DF), suas autarquias e pelas fundações que instituírem e mantiverem (art. 158, I CR/88) + 
III) 50% ou 100% (caso opte por exercer a competência tributária ativa) do ITR dos imóveis rurais situados na circunscrição do Município ou do DF (art. 158, II CR/88) + 
IV) 50% do IPVA referente aos veículos licenciados no território do Município ou do DF (art. 158, III CR/88) + 
V) 25% do ICMS (art. 158, IV CR/88) + 22,5% da arrecadação do IPI e do IR (art. 159, I, "b" CR/88). 
Quanto à EDUCAÇÃO, a própria CR/88 estabelece os percentuais fixos que deverão ser aplicados por cada ente:
A) UNIÃO: anualmente, não menos que 18% da receita de seus IMPOSTOS.
B) ESTADOS, DF E MUNICÍPIOS: 25% da receita de seus IMPOSTOS.
4.2.1.2. REALIZAÇÃO DE ATIVIDADES DA ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA.
A EC 42 alterou o texto constitucional, introduzindo o inciso XXII ao art. 37, estabelecendo que a administração fazendária é uma atividade essencial do Estado, devendo receber recursos prioritários para cumprir com suas funções. 
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, e também ao seguinte: (...)
XXII - as administrações tributárias da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, atividades essenciais ao funcionamento do Estado, exercidas por servidores de carreiras específicas, terão recursos prioritários para a realização de suas atividades e atuarão de forma integrada, inclusive com o compartilhamento de cadastros e de informações fiscais, na forma da lei ou convênio.
Para isso, a CR/88 permite que os entes vinculem parte de sua receita tributária para destiná-las à administração fazendária. 
Trata-se de uma VINCULAÇÃO FACULTATIVA, que pode ou não abranger a receita oriunda dos impostos.
4.2.1.3. REPARTIÇÃO DE RECEITAS TRIBUTÁRIAS.
Alguns entes devem repartir a receita dos tributos que arrecadam com outro ente da federação. Essa repartição constitui verdadeira forma de VINCULAÇÃO OBRIGATÓRIA expressamente prevista no texto constitucional. 
Exemplo é a obrigação de a UNIÃO REPARTIR a receita oriunda da ARRECADAÇÃO DO ITR com o MUNICÍPIO (50% ou 100% do ITR arrecadado das propriedades situadas naquele município).
4.2.1.4. PRESTAÇÃO DE GARANTIA NAS OPERAÇÕES DE ANTECIPAÇÃO DE RECEITA PERANTE A UNIÃO. 
Trata-se de um caso de VINCULAÇÃO FACULTATIVA da receita arrecadada com os impostos. Ex: o Município não exerce a capacidade ativa do ITR, devendo, por isso, receber 50% do valor arrecadado pela União. Este Município pode requerer à União a antecipação do valor que seria devido a título de ITR no ano seguinte. Para isso, utiliza-se de um valorcalculado através de uma previsão, que leva em conta a arrecadação dos anos anteriores. 
Por essa operação de antecipação a UNIÃO PODE EXIGIR UMA GARANTIA DO MUNICÍPIO, que poderá ser prestada através da VINCULAÇÃO DE PARCELA DA RECEITA DOS IMPOSTOS DESTE MUNICÍPIO. Em outras palavras, para que o Município possa receber o valor referente ao ano seguinte ele deverá vincular uma parcela da receita se seus impostos como garantia para a União.
A garantia é uma exigência da União. Contudo, a vinculação da receita tributária é que é uma faculdade conferida ao Município, vez que ele pode buscar prestar outras modalidades de garantia perante a União.
4.2.1.5. VINCULAÇÃO DA RECEITA ORIUNDA DO AUMENTO DA ALÍQUTA DO IPI AO FUNDO DE COMBATE E ERRADICAÇÃO À PROBREZA.
Trata-se da previsão do art. 80, II do ADCT.
Art. 80. Compõem o Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza: (...) 
II - a parcela do produto da arrecadação correspondente a um adicional de cinco pontos percentuais na alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI, ou do imposto que vier a substituí-lo, incidente sobre produtos supérfluos e aplicável até a extinção do Fundo;
III - o produto da arrecadação do imposto de que trata o art. 153, VII da Constituição. 
Já o inciso III prevê que 100% do valor arrecadado a título do IGF deverá ser revertido a este fundo. Portanto, a partir do momento em que este imposto for instituído pela União, ele já terá toda a sua receita vinculada.
4.2.1.6. VINCULAÇÃO DA RECEITA OBTIDA COM O AUMENTO DA ALÍQUOTA DO ICMS EM ATÉ 2% PARA OS FUNDOS DE COMBATE À POBREZA.
Trata-se da previsão do art. 82, §1º do ADCT.
Art. 82. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios devem instituir Fundos de Combate à Pobreza, com os recursos de que trata este artigo e outros que vierem a destinar, devendo os referidos Fundos ser geridos por entidades que contem com a participação da sociedade civil. 
§ 1º Para o financiamento dos Fundos Estaduais e Distrital, poderá ser criado adicional de até dois pontos percentuais na alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços - ICMS, sobre os produtos e serviços SUPÉRFLUOS e nas condições definidas na lei complementar de que trata o art. 155, § 2º, XII, da Constituição, não se aplicando, sobre este percentual, o disposto no art. 158, IV, da Constituição. 
Importante notar que esse aumento da alíquota só é permitido para aqueles produtos e serviços considerados SUPERFLUOS, nos termos definidos em LEI COMPLEMENTAR.
4.2.1.7. VINCULAÇÃO (FACULTATIVA) DE ATÉ 5% DA RECEITA TRIBUTÁRIA LÍQUIDA DOS ESTADOS E DO DF A PROGRAMA DE APOIO À INCLUSÃO E PROMOÇÃO SOCIAL, NO ÂMBITO DA ASSISTÊNCIA SOCIAL.
Trata-se da previsão constante do art. 204, p.u, da CR/88.
Art. 204. As ações governamentais na área da assistência social serão realizadas com recursos do orçamento da seguridade social, previstos no art. 195, além de outras fontes, e organizadas com base nas seguintes diretrizes: (...)
Parágrafo Único. É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular a programa de apoio à inclusão e promoção social até 5% de sua RECEITA TRIBUTÁRIA LÍQUIDA, vedada a aplicação desses recursos no pagamento de:
I - despesas com pessoal e encargos sociais;
II - serviço da dívida;
III - qualquer outra despesa corrente não vinculada diretamente aos investimentos ou ações apoiados.
Obs.: a vinculação que este dispositivo faculta é da RECEITA TRIBUTÁRIA LÍQUIDA como um todo, e não somente da receita oriunda de impostos.
4.2.1.8. VINCULAÇÃO (FACULTATIVA) DE ATÉ 5% DA RECEITA TRIBUTÁRIA LÍQUIDA DOS ESTADOS E DO DF A FUNDO DE FOMENTO À CULTURA.
Trata-se da previsão constante do art. 16, §6º da CR.
§6º. É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular a fundo estadual de fomento à cultura até 5% de sua receita tributária líquida, para o financiamento de programas e projetos culturais, vedada a aplicação desses recursos no pagamento de:
I - despesas com pessoal e encargos sociais;
II - serviço da dívida;
III - qualquer outra despesa corrente não vinculada diretamente aos investimentos ou ações apoiados.
4.2.1. PAPEL DA LEI COMPLEMENTAR NA CONFIGURAÇÃO DE IMPOSTOS.
Como REGRA, os impostos são criados por LEI ORDINÁRIA. Contudo, a própria CR/88 estabelece que dois impostos de competência da União deverão ser instituídos por LEI COMPLEMENTAR, a saber:
I) Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF);
II) Impostos Residuais.
Ainda que a regra seja a criação de impostos por lei ordinária, deve-se ressaltar que a Lei Complementar deverá estabelecer as normas gerais relativas a impostos, no que tange a FG, BC e CONTRIBUINTES. Contudo, isto não significa que a LC vai criar os impostos. Na realidade, a LC estabelecerá, por exemplo, qual é o FG do ISS.
As normas gerais em Direito Tributário têm por objetivo estabelecer uma uniformização do Direito Tributário em relação a todos os entes da Federação. 
Essas normas são trazidas pelo CTN e por algumas LC específicas (LC 116/2003 para o ISS e LC 87/96 para o ICMS).
Obs.: Em relação ao IPVA (e apenas em relação a ele), não existe LC que atue como norma geral uniformizadora da sua regulamentação em todo o território nacional. De acordo com o STF (AI 167.777, Rel. Min. Marco Aurélio), nesse caso, os ESTADOS TÊM COMPETÊNCIA CONCORRENTE, nos termos do art. 24 da CR/88, PODENDO DISCIPLINAR, DE FORMA PLENA, O IPVA, PARA FINS DE SUA COBRANÇA. 
Se, posteriormente, vier a LC federal por escopo de estabelecer normas gerais sobre o IPVA, a lei estadual terá a sua eficácia suspensa (não ocorre revogação, por óbvio, vez que inexiste hierarquia entre lei federal e lei estadual) naquilo em que for contrário.
4.3. IMPOSTOS DA UNIÃO.
São impostos da competência da União: IR; II; IE; IPI; ITR[footnoteRef:11]; IOF; IGF; IEG. [11: O possuidor que age com animus domini pode ser sujeito passivo como contribuinte (praticando o fato gerador - PROPRIEDADE), de acordo com o STJ. É o caso do agente que deseja usucapir o imóvel.] 
Quanto aos IMPOSTOS RESIDUAIS, previstos no art. 154, I, a União deve seguir os seguintes requisitos para sua instituição:
I) instituição mediante LEI COMPLEMENTAR;
II) devem ser NÃO CUMULATIVOS[footnoteRef:12]. Isso significa que eles devem compensar na operação seguinte o imposto que já incidiu na operação anterior. Ser não cumulativo é o mesmo que "não incidir em cascata". [12: Há outros dois impostos na CR/88 que são também não cumulativos: ICMS e IPI.] 
III) não podem repetir FG ou BC de IMPOSTO já previsto na CF. É preciso que seja um novo imposto, com um novo fato gerador e uma nova base de cálculo.
4.3.1. PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE. 
Trata-se de um instrumento de redução da carga tributária sobre o consumo. Esse instrumento REDUZ A CARGA TRIBUTÁRIA por meio da COMPENSAÇÃO entre CRÉDITOS e DÉBITOS do ICMS, IPI e IMPOSTOS RESIDUAIS.
O princípio da não-cumulatividade para o ICMS está previsto no art. 155, §2º, I e II, CR/88.
§ 2º. O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte: 
I - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação relativa à circulação de mercadorias ou prestação de serviços com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou outro Estado ou pelo Distrito Federal; 
II - a isenção ou não-incidência, salvo determinação em contrário da legislação: 
a) não implicará crédito para compensação com o montante devido nas operações ou prestações seguintes; 
b) acarretará a anulação do crédito relativo às operações anteriores;
REGRAS PARA A NÃO CUMULATIVIDADE:
a) CRÉDITO: ocorre toda vez que houver entrada. Equivale ao ICMS devido na operação anterior. 
b) DÉBITO: ocorre toda vez que houver saída. Equivale ao ICMS devido na operação atual.
A APURAÇÃO DO ICMS se dá MENSALMENTE (e não por operação), por meio da subtração entre débitos e créditos.
Exemplo de cadeia de circulação de mercadoria: 
A B C Consumidor Final.
O ICMS incide em todas as etapas de circulação da mercadoria, pois ele é um “IMPOSTO PLURIFÁSICO”. Todos esses créditos e débitos serão escriturados em livros próprios do ICMS. Suponha que a referida operação tenhasido a única operação realizada por cada um das empresas acima:
A B: Alíquota: 18% sobre o valor da operação R$ 100,00. ICMS: R$ 18,00; "A" paga R$ 18,00;
B C: Alíquota: 18% sobre o valor da operação R$ 200,00. ICMS: R$ 36,00; "B" deverá pagar apenas R$ 18,00, pois desconta-se os R$ 18,00 já pagos por "A" na operação anterior. 
Aqui, "B" tem R$ 18,00 de crédito (ICMS devido por "A" na operação anterior), e R$ 36,00 de débito (ICMS que seria devido por ele na operação atual).
C Consumidor Final: Alíquota: 18% sobre o valor da operação R$ 300,00. ICMS: R$ 54,00; "C" deve pagar apenas R$ 18,00, pois desconta-se os R$ 18,00 pagos por "A" e os R$ 18,00 pagos por "B", que são os créditos das operações anteriores.
O CONSUMIDOR FINAL NÃO RECOLHE O ICMS para o fisco. Trata-se de um TRIBUTO INDIRETO, no qual o contribuinte é pré-definido em lei (contribuinte de direito é diferente do contribuinte de fato). 
O CONTRIBUINTE DE FATO é o CONSUMIDOR, que é quem arca com o TRIBUTO, QUE VEM EMBUTIDO NO PREÇO FINAL. O consumidor não recolhe o ICMS, mas no valor que ele paga pelo produto já vem incluído o valor do tributo que incidiu nas operações anteriores.
Na prática, o ICMS apenas incidiu sobre o valor agregado em cada operação, a saber: R$ 100,00.
4.3.1.1. LIMITAÇÕES AO PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE. 
Estão previstas no art. 155, §2º, II, CR/88: 
II - a isenção ou não-incidência, salvo determinação em contrário da legislação:
a) não implicará crédito para compensação com o montante devido nas operações ou prestações seguintes;
b) acarretará a anulação do crédito relativo às operações anteriores;
O DIREITO AO CRÉDITO de ICMS é CONDICIONADO À INCIDÊNCIA do imposto, tanto NA OPERAÇÃO ANTERIOR quanto na OPERAÇÃO POSTERIOR. 
Desse modo, na operação descrita no tópico anterior, "B" só se utilizaria da regra da não-cumulatividade se não houvesse isenção ou não incidência, tanto na operação A - B, quanto na operação B - C. Por isso é muito importante verificar se em alguma das etapas há isenção ou não incidência.
1) Não incidência ou isenção do ICMS ANTES (na OPERAÇÃO ANTERIOR): Suponhamos que na operação A-B não há incidência de ICMS. "B" NÃO PODERÁ ESCRITURAR QUALQUER CRÉDITO de ICMS. Desse modo, ele deverá recolher R$ 36,00 a título de ICMS, referentes à operação B - C (aplicação da alíquota de 18% sobre o valor da operação, que foi de R$ 200,00).
2) Não incidência ou isenção do ICMS DEPOIS (na OPERAÇÃO POSTERIOR): Suponhamos que na operação entre A-B incidiu o ICMS. Logo, "B" escritura o crédito de R$ 18,00 pago por "A".
Já na operação entre B-C não há incidência do ICMS. Desse modo, o CRÉDITO ANTERIOR escriturado por "B" deve ser “ESTORNADO” (anulado), pois a operação B-C não gerou qualquer débito, em virtude da não incidência. 
Essa regra constitucional comporta UMA EXCEÇÃO na qual o CRÉDITO ANTERIOR PODERÁ SER MANTIDO, a saber: OPERAÇÕES DE EXPORTAÇÃO (art. 155, §2º, X, a, CR). 
Art. 155, §2º CR. O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte: (...)
X - não incidirá:
a) sobre operações que destinem mercadorias para o exterior, nem sobre serviços prestados a destinatários no exterior, assegurada a manutenção e o aproveitamento do montante do imposto cobrado nas operações e prestações anteriores; 
Por exemplo: na operação A-B, houve incidência de ICMS, gerando crédito para "B". Já na operação de exportação B-C, houve isenção. O crédito da operação A-B será mantido, nos termos do dispositivo, de modo que "B" terá duas alternativas:
a) Utilizar esse crédito para compensar com outros débitos ou;
b) Pedir estorno.
4.3.1 IMPOSTO EXTRAORDINÁRIO DE GUERRA (art. 154, II CR/88[footnoteRef:13]). [13: Art. 154. A União poderá instituir: (...) II - na iminência ou no caso de guerra externa, impostos extraordinários, compreendidos ou não em sua competência tributária, os quais serão suprimidos, gradativamente, cessadas as causas de sua criação.] 
Será instituído no caso de GUERRA EXTERNA[footnoteRef:14] ou sua IMINÊNCIA. [14: As pegadinhas de prova colocam "guerra civil". Neste caso não se pode instituir IEG.] 
Não se pode confundir o IEG com o EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO DECORRENTE DE GUERRA EXTERNA, que tem previsão no art. 148, I da CR/88, devendo, inclusive, ser instituído por LC.
O IEG será instituído por LEI ORDINÁRIA ou por MEDIDA PROVISÓRIA. Será suprimido quando cessadas as causas de sua instituição.
PERGUNTA: QUAL DEVE SER O FG DO IEG?
A guerra externa é a causa que autoriza a união a legislar e instituir o imposto, e não é o fato gerador desse imposto. 
O fato gerador estará previsto na lei ou MP que instituir o tributo, podendo ser, inclusive, o FG de outros impostos[footnoteRef:15]. [15: IEG não é imposto residual, e por isso não observa a vedação de se repetirem os fatos geradores de outros impostos já instituídos.] 
Por exemplo, a lei poderá instituir qualquer fato gerador lícito, como prestar um serviço intelectual. A descrição do FG do IEG não está na CR/88, mas na lei ordinária ou na MP que o instituir.
Obs.: art. 154, II - "compreendido ou não em sua competência". Isso significa que a União poderá escolher FG já previstos para ela mesma, ou já previstos para os impostos dos Estados e Municípios. Assim, dois fenômenos podem acontecer:
a) BIS IN IDEM: ocorre quando o MESMO ENTE tributa mais de uma vez o MESMO FATO GERADOR. Ex: União institui como FG do IEG a propriedade territorial rural (que já é o FG do ITR);
b) BITRIBUTAÇÃO: ocorre quando ENTES DIFERENTES tributam o MESMO FATO GERADOR. Ex: União institui como FG do IEG a propriedade de veículo automotor (que é FG do IPVA, de competência do Estado). Assim, o contribuinte irá pagar dois tributos sobre o mesmo fato gerador a dois entes diferentes. 
A DOUTRINA É DIVERGENTE quanto à possibilidade de a União escolher um FATO NOVO como FG do IEG:
1ª corrente: Pode. Se a União pode o mais (que é repetir um FG já previsto), ela pode o menos, que é escolher um fato inédito, o que é até desejável, justamente para se evitar tanto o bis in idem quanto a bitributação. 
2ª corrente: NÃO PODE. Para a União escolher um FATO NOVO, ela deve se utilizar da COMPETÊNCIA RESIDUAL (art. 154, I), através de LEI COMPLEMENTAR.
Pergunta: o que se entende por competência múltipla ou cumulativa?
Está prevista no art. 147, 
1ª parte da CR/88[footnoteRef:16]. Nos territórios federais a União irá cumular a competência para instituir os impostos federais e os impostos estaduais. [16: Art. 147. Competem à União, em Território Federal, os impostos estaduais e, se o Território não for dividido em Municípios, cumulativamente, os impostos municipais; ao Distrito Federal cabem os impostos municipais.] 
Além disso, ela pode cumular os impostos Municipais, caso o território não seja dividido em Municípios. 
4.4. IMPOSTOS DE COMPETÊNCIA DOS ESTADOS E DF (ITCMD, IPVA e ICMS). 
Com relação a estes três impostos há uma FUNÇÃO ESPECÍFICA para RESOLUÇÃO DO SENADO. Isso é lógico, pois o Senado representa justamente os Estados. Assim, para os impostos federais e municipais não há nenhuma razão lógica para que seja editada Resolução do Senado.
4.4.1. IMPOSTO SOBRE TRANSMISSÃO CAUSA MORTIS E DOAÇÕES DE QUAISQUER BENS OU DIREITOS - ITCMD (art. 155, I CR/88).
PERGUNTA: PODE UM ESTADO TRIBUTAR SOMENTE UM DOS NÚCLEOS (POR EXEMPLO, SOMENTE A TRANSMISSÃO CAUSA MORTIS, E NÃO TRIBUTAR A DOAÇÃO)? 
SIM, pois, conforme já vimos, a COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA é uma FACULDADE do ente. 
Além disso, pode o Estado tributar apenas a transmissão de bens móveis, e não sobre os imóveis, por exemplo. 
São amplas as possibilidades para o Estado.
Nos termos do art. 155, §1º, IV[footnoteRef:17] da CF, COMPETE AO SENADO Federal fixar a ALÍQUOTA MÁXIMA do ITCMD, através de resolução[footnoteRef:18]. [17: § 1.º O imposto previsto no inciso I: (...)IV - terá suas alíquotas máximas fixadas pelo Senado Federal;] [18: As resoluções podem ser expedidas pelo Senado, pela Câmara, e pelo Congresso Nacional. As resoluções da Câmara dos Deputados e do Congresso Nacional não são fontes do direito tributário, por falta de previsãoexpressa no texto da CR/88. Por outro lado, AS RESOLUÇÕES DO SENADO PODEM SER FONTES DO DIREITO TRIBUTÁRIO. ] 
Essa alíquota FOI FIXADA em 8%. Essa resolução atua como norma geral[footnoteRef:19], fixando o patamar máximo. Cada Estado pode fixar a alíquota que desejar, desde que não ultrapasse o teto de 8%. [19: Assim, não é correto afirmar que as normas gerais em Direito Tributário são fixadas somente por LC. Resoluções do Senado podem estabelecer normas gerais do mesmo jeito.] 
4.4.2. IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE DE VEÍCULO AUTOMOTOR (IPVA). 
Segundo o STF o IPVA incidirá sobre a PROPRIEDADE de veículo automotor TERRESTRE, apenas. Ele não incide sobre AERONAVES ou EMBARCAÇÕES.
Diferentemente do ITCMD, a ALÍQUOTA MÍNIMA do IPVA deve ser fixada por RESOLUÇÃO do SENADO Federal, nos termos do art. 155, §6º da CR/88[footnoteRef:20]. Contudo, esta resolução ainda não foi editada. [20: § 6º O imposto previsto no inciso III: I - terá alíquotas mínimas fixadas pelo Senado Federal; II - poderá ter alíquotas diferenciadas em função do tipo e utilização] 
Tendo em vista que NÃO HÁ NORMA GERAL que regule o IPVA, os ESTADOS, segundo entendimento do STF, PODEM EXERCITAR A COMPETÊNCIA PLENA (supletiva), com base no art. 24, §3º CR/88.
4.4.3. IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES DE CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS E PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE TRANSPORTE INTERESTADUAL E INTERMUNICIPAL E DE COMUNICAÇÃO (ICMS). 
A norma geral do ICMS é a LC 87/96, chamada de “Lei Kandir”. Este imposto incide ainda na importação (ICMS-Importação), nos termos do art. 155, §2º, IX "a" CR/88. 
Para que incida o ICMS é preciso que ocorra alteração de titularidade da mercadoria[footnoteRef:21]. Portanto, na simples alienação de bens por pessoas físicas que não desempenham o comércio de forma habitual, nem profissional, não incide o ICMS. [21: Mercadoria é um bem que foi produzido ou adquirido para ser revendido.] 
DENTRO DO CONCEITO DE MERCADORIA se inserem os MINERAIS; ENERGIA ELÉTRICA e COMBUSTÍVEIS.
Obs.: se o ouro, na condição de mineral, é ativado no mercado financeiro (ex: aplicações em ouro) como instrumento cambial, ele sofrerá a incidência do IOF, nos termos do art. 153, §5º da CR/88, e NÃO DO ICMS.
PERGUNTA: O ICMS INCIDE SOBRE ALIENAÇÃO DE SALVADOS DE SINISTROS?
Não, nos termos da súmula vinculante 32 do STF: O ICMS não incide sobre a alienação de salvados de sinistro pelas seguradoras. 
"Salvado de sinistro" é, por exemplo, o carro que foi batido, que passa à titularidade da seguradora, e que foi por ela revendido. Sobre essa alienação não incide ICMS, vez que não se trata de uma mercadoria.
PERGUNTA: O ICMS INCIDE SOBRE O SERVIÇO DE TRANSPORTE URBANO?
Depende da modalidade do transporte:
	I) em se tratando de transporte urbano ESTRITAMENTE MUNICIPAL, NÃO INCIDE O ICMS;
	II) em se tratando de transporte urbano ENTRE ESTADOS e ENTRE MUNICÍPIOS, INCIDE O 		ICMS.
Contudo, no transporte urbano estritamente municipal, e que não ultrapasse o limite do município, poderá haver incidência do ISSQN (imposto municipal)
PERGUNTA: INCIDE ICMS NOS SERVIÇOS DE COMUNICAÇÃO?
Em regra sim, como nos demais serviços. Contudo, deve-se atentar para a redação de duas súmulas do STJ, que explicam situações nas quais não há incidência do respectivo tributo.
	I) Súmula 334 do STJ: O ICMS não incide no serviço dos provedores de acesso à internet;
	II) Súmula 350 do STJ: O ICMS não incide sobre o serviço de habilitação de telefone celular[footnoteRef:22] [22: habilitar o telefone em uma operadora não é serviço de telecomunicação, mas um requisito para que se utilize do serviço de comunicação. ] 
4.4.3.1. ICMS NA IMPORTAÇÃO.
Está previsto no art. 155, §2º, IX, "a" CR/88. 
Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: (...)
§2º. O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte: (...)
IX - incidirá também:
a) sobre a entrada de bem ou mercadoria importados do exterior por pessoa física ou jurídica, ainda que não seja contribuinte habitual do imposto, qualquer que seja a sua finalidade, assim como sobre o serviço prestado no exterior, cabendo o imposto ao Estado onde estiver situado o domicílio ou o estabelecimento do destinatário da mercadoria, bem ou serviço. 
O ICMS na importação incidirá no momento do DESEMBARAÇO ADUANEIRO. Este é o momento em que ocorre o FATO GERADOR do imposto, nos termos da súmula vinculante 48: Na entrada de mercadoria importada do exterior, é legítima a cobrança de ICMS por ocasião do desembaraço aduaneiro.
A ALÍQUOTA a ser paga é alíquota do ESTADO NO QUAL O IMPORTADOR É DOMICILIADO.
Com a redação determinada pela EC 33, a abrangência do ICMS na importação foi alargada. A pessoa física que, em regra, não é contribuinte de direito do ICMS, deve pagar o ICMS importação do mesmo jeito, também como contribuinte de direito, até porque não há como tributar o exportador como contribuinte de direito.
Após a EC nº 33/01, o ICMS incide sobre a importação de bens, mercadorias ou serviços, seja o importador contribuinte habitual do imposto ou não, pessoa física ou jurídica, independente da finalidade da importação. 
Assim, a súmula 660 do STF[footnoteRef:23] está superada para as importações ocorridas após a EC. PARA AS IMPORTAÇÕES OCORRIDAS ANTES DA EC ELA SE APLICA. [23: Não incide ICMS na importação de bens por pessoa física ou jurídica que não seja contribuinte do imposto.] 
Redação antes da EC 33: "entrada de mercadoria importada do exterior ainda quando se tratar de bem destinado a consumo ou ativo fixo do estabelecimento, cabendo o imposto onde estiver situado o estabelecimento". 
Tendo em vista esta redação anterior à EC 33 de 2001, o STF entendia que a pessoa física e a pessoa jurídica prestadora de serviço não contribuintes do ICMS no Brasil (Ex.: clínica médica importando equipamentos médicos) não eram contribuintes do ICMS na importação. Nesse sentido, foi editada a Súmula 660 do STF.
Obs.: O ICMS NÃO INCIDE NA EXPORTAÇÃO. Trata-se de IMUNIDADE CONSTITUCIONAL. Redação dada após a EC 42/03.
Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: (...)
§2º. O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte: (...)
X - não incidirá:
a) sobre operações que destinem mercadorias para o exterior, nem sobre serviços prestados a destinatários no exterior, assegurada a manutenção e o aproveitamento do montante do imposto cobrado nas operações e prestações anteriores; 
Essa emenda ampliou o alcance da imunidade do ICMS na exportação, que antes era restrita aos produtos industrializados. Para que a isenção do ICMS exportação alcance outros produtos e serviços, era necessária a edição de LC nesse sentido. 
Assim, por se tratar de uma ISENÇÃO FEITA PELO CONGRESSO NACIONAL, a doutrina chamava esta possibilidade de "ISENÇÃO HETERÔNOMA", pois o ESTADO, que É O TITULAR DO ICMS EXPORTAÇÃO, deveria acatar a uma ordem de isenção emanada da União.
Contudo, a EC 42/03 não alterou a redação do art. 155, §2º, XII, "e" da CR/88:
Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: (...)
§2º. O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte: (...)
XII - Cabe à Lei Complementar: (...)
e) excluir da incidência do imposto, nas exportações para o exterior, serviços e outros produtos, além dos mencionados no inciso X, a.
 Assim, de acordo com a doutrina, a isenção heterônoma continua sendo prevista no texto constitucional, muito embora ele tenha perdido sua eficácia, após a edição da EC 42/03, tendo em vista a EXCLUSÃO DA INCIDÊNCIA DO ICMS em TODAS AS OPERAÇÕES de EXPORTAÇÃO.
PERGUNTA: QUAL A FUNÇÃO DA RESOLUÇÃO DO SENADO PARA O ICMS?
Nos termos do art. 155, §2º, IV da CR/88, caberia à resolução do Senado fixar a alíquota de exportação do ICMS. Trata-se da redação original do texto constitucional. Antes da EC 42 essa redação fazia sentido. Como hoje há uma imunidade de ICMS para a exportação, este dispositivo não tem mais aplicação. 
Apesar disso, é cabível resolução do Senado (sobretudo para provas objetivas que ainda copiam a literalidade do dispositivo).
A resolução do Senadotem outra função, que é a de FIXAR A ALÍQUOTA INTERESTADUAL[footnoteRef:24]. Nas operações entre os Estados quem fixa a alíquota será o Senado. [24: Nas operações dentro dos Estados e para a importação quem fixa a alíquota é o próprio Estado.] 
4.5. IMPOSTOS DE COMPETÊNCIA DOS MUNICÍPIOS E DF (IPTU, ISSQN, ITBI). 
4.5.1. IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL E PREDIAL URBANA (IPTU). 
Há divergência nos dispositivos que preveem o IPTU na CR/88 e no CTN. Como já vimos, deve prevalecer a redação do dispositivo constitucional, de modo que o IPTU tem como FG apenas a propriedade do imóvel, não abrangendo o possuidor ou o detentor como contribuintes.
Somente no caso de o possuidor exercer a posse com comprovado animus domini é que o STJ admite que ele seja considerado contribuinte. É o que ocorre na usucapião.
4.5.2. IMPOSTO SOBRE TRANSMISSÃO DE BENS IMÓVEIS POR ATO INTER VIVOS A TÍTULO ONEROSO E CESSÃO DE DIREITOS A ELE RELATIVOS, EXCETO OS DIREITOS REAIS DE GARANTIA (ITBI): 
Quanto à cessão de direitos reais de garantia (hipoteca, penhor e anticrese) há uma imunidade, não havendo incidência do ITBI.
4.5.3. IMPOSTO SOBRE SERVIÇOS DE QUALQUER NATUREZA (ISSQN): 
A CR/88 impõe duas limitações a este tributo:
a) MUNICÍPIOS E DF não podem tributar os serviços incluídos no âmbito de incidência do ICMS, sob pena de BITRIBUTAÇÃO.
b) SÓ PODEM SER TRIBUTADOS os SERVIÇOS LISTADOS em LEI COMPLEMENTAR. Assim, entendem os Tribunais superiores que, quanto aos itens (ex: serviço bancário) previstos nessa lei, o rol é taxativo. Porém, quanto aos subitens (ex: abertura de crédito), é possível uma interpretação extensiva[footnoteRef:25]. [25: Assim, no exemplo dado, caso se verifique um serviço bancário que não consta do subitem, é possível que se faça a tributação por interpretação extensiva, nos termos da ratio da súmula 424 do STJ.] 
c) SÚMULA VINCULANTE 31: O ISS não incide sobre a LOCAÇÃO de bens MÓVEIS. Este serviço não consta da Lei Complementar 116/03.
d) Aos SERVIÇOS prestados em CARTÓRIOS EXTRAJUDICIAIS aplica-se a LC 116/03, de modo que a base de cálculo desses serviços não é a base prevista no DEC 406/68. Mas atenção, o que os cartórios cobram dos usuários pelo serviço é um emolumento (taxa). Assim, começou-se a questionar se é possível tributar pelo ISSQN uma taxa. Na verdade, as duas coisas não se confundem. Uma coisa é o serviço, outra coisa a maneira como serviço é remunerado. O STF vai decidir sobre isso.
Nos termos do art. 156, §3º da CR/88, cabe à LEI COMPLEMENTAR estabelecer a ALÍQUOTA MÁXIMA e a alíquota MÍNIMA do ISSQN.
A alíquota máxima foi prevista na LC 116, e foi estabelecida em 5%. A ALÍQUOTA MÍNIMA AINDA NÃO FOI ESTABELECIDA POR LC, sendo APLICADO O ART. 88 DO ADCT, que estabelece a ALÍQUOTA DE 2%. Além disso, o dispositivo prevê que enquanto não for editada a LC, o ISS não poderá ser objeto de incentivos ou benefícios que reduzem a alíquota para além de 2% (o que configura, inclusive, ato de improbidade administrativa).
Nos termos do art. 156, §3º, II, cabe à LC EXCLUIR DA INCIDÊNCIA do ISSQN a EXPORTAÇÃO de SERVIÇOS. Não se trata, portanto, de imunidade, mas sim de ISENÇÃO HETERÔNOMA, uma vez que se trata de uma LC federal excluindo a incidência de um imposto Municipal.
Esta isenção heterônoma TEM EFETIVIDADE, ao contrário da isenção heterônoma prevista para o ICMS, nos casos de exportação. 
No caso do ISSQN a REGRA é que ele INCIDA NA EXPORTAÇÃO, de modo que a LC é quem irá PREVER OS CASOS EM QUE ELE NÃO IRÁ INCIDIR. 
Já no ICMS a regra geral já é a não incidência na exportação de mercadorias e serviços.
5. TAXAS.
5.1. ASPECTOS GERAIS.
A taxa é um tributo com FG VINCULADO a uma ATIVIDADE ESTATAL, seja na forma de SERVIÇO PÚBLICO ou na forma de PODER DE POLÍCIA. Assim, são duas as atuações estatais possíveis:
		a) PRESTAÇÃO (efetiva ou potencial) de serviços públicos ESPECÍFICOS e DIVISÍVEIS;
	b) EXERCÍCIO EFETIVO do PODER DE POLÍCIA; 
Há, portanto, no FG das taxas, um CARÁTER RETRIBUTIVO, de CONTRAPRESTAÇÃO (sinalagmático).
5.1.1. REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIA PARA INSITUIÇÃO DE TAXAS. 
A competência administrativa para prestar o serviço público ou para exercer a fiscalização de polícia irá determinar o ente que instituirá a taxa. Por isso, não é necessário que a CR/88 discrimine as competências em seu texto. Por exemplo, se ao Estado de MG compete exercer o poder de polícia, a ele competirá instituir a respectiva taxa. A COMPETÊNCIA, portanto, É COMUM.
Obs.: art. 145, §2º CR/88. "As taxas não poderão ter base de cálculo própria de impostos". A lei que institui o tributo deve descrever o FG, bem como a obrigação tributária que surge com a ocorrência desse FG. Como a taxa é um tributo vinculado, a sua base de cálculo deve medir o FG, ou seja, A BC DEVE MENSURAR O CUSTO DESPENDIDO NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO PÚBLICO, ou da FISCALIZAÇÃO decorrente do exercício do poder de polícia. 
Desse modo, a ATUAÇÃO ESTATAL É O FATO GERADOR DA TAXA, o que se mostra incompatível com toda a sistemática dos impostos, vez que a renda obtida por estes não possui tal vinculação, em regra.
Nas taxas deve haver uma razoável equivalência/proporcionalidade entre o custo da atividade descrita no FG, e o elemento tomado como base de cálculo.
O STF interpretou o art. 145, §2º CR/88 e editou a Súmula Vinculante 29, dispondo que "É constitucional a adoção, no cálculo do valor de taxa, de UM ou MAIS ELEMENTOS da BASE DE CÁLCULO própria de determinado IMPOSTO, DESDE QUE NÃO HAJA INTEGRAL IDENTIDADE entre uma base e outra". 
Alguns elementos próprios da BC de impostos podem estar contidos na BC de taxas. O que não se admite é a identidade total entre os aspectos das bases de cálculo. Ex: a área do imóvel entra na BC do IPTU. Do mesmo modo, ela pode ser utilizada como aspecto para BC da taxa de recolhimento de lixo, como um de seus vários aspectos, (e não o único). Alguns elementos utilizados na BC da taxa podem ser próprios dos impostos, mas não todos. 
5.2. ESPÉCIES DE TAXAS.
5.2.1. TAXA DE SERVIÇO PÚBLICO.
É sinônima de “taxa de utilização”
O FG da taxa de serviço público é a utilização, EFETIVA ou POTENCIAL, de um SERVIÇO PÚBLICO ESPECÍFICO e DIVISÍVEL.
a) Utilização efetiva significa uso concreto daquele serviço público.
b) Utilização potencial significa que basta que o serviço esteja à disposição do usuário, mesmo que o usuário não o utilize.
c) Serviço Público Específico é o serviço público que se direciona a um determinado usuário, ou seja, é possível a identificação detalhada da pessoa ou do grupo de pessoas determinado que se utilizam do serviço público. 
Por isso, não é permitida a instituição de “taxa de segurança pública”, uma vez que não se discriminam os beneficiários da prestação do serviço. Como a segurança pública beneficia a toda a coletividade, deve ser remunerada com a receita oriunda dos impostos.
d) Serviço Público Divisível é o serviço público cuja mensuração individual de sua utilização por cada usuário é possível. Ou seja, há como se precisar o quanto cada um utilizou daquele serviço. É o serviço "uti singuli".
Todos estes conceitos acima estão previstos no art. 79 do CTN.
Art. 79. Os serviços públicos a que se refere o artigo 77 consideram-se: 
I - utilizados pelo contribuinte: 
a) efetivamente, quando por ele usufruídos a qualquer título; 
b) potencialmente, quando, sendo de utilização compulsória, sejam postos à sua disposição mediante atividade administrativa em efetivo funcionamento; 
II - específicos, quando possam ser destacados em unidades autônomas de intervenção, de utilidade, ou de necessidades públicas; 
III - divisíveis, quando suscetíveis de utilização, separadamente, por parte de cada um dos seus usuários.
5.2.1.1 DEBATES NO STF.
1º) TAXA DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA: Alguns Municípios instituíram a chamada "taxa de iluminação pública", que tinha como fato gerador a prestação do serviço público de iluminação.
De acordo com o STF tal taxa é INCONSTITUCIONAL, pois o serviço de iluminação pública não é serviço público ESPECÍFICO nem DIVISÍVEL. Trata-se de um serviço uti universi, vez que nãose sabe quem usou, nem o quanto se utilizou.
Nesse sentido o STF editou a súmula nº 670: “O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante taxa.” Este enunciado se transformou na SÚMULA VINCULANTE 41.
Após a fixação do entendimento pelo STF, fora editada a EC 39/02 que autorizou os MUNICÍPIOS e o DF a instituírem CONTRIBUIÇÃO PARA CUSTEIO DA ILUMINAÇÃO PÚBLICA (COSIP), nos termos do art. 149-A, caput e p.u. da CR/88. 
Art. 149-A: Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na forma das respectivas leis, para o custeio do serviço de iluminação pública (COSIP), observado o disposto no art. 150, I e III. 
Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribuição a que se refere o caput, na fatura de consumo de energia elétrica.
O FG em comento não admite a modalidade taxa, mas pode ser o FG de uma contribuição.
2º) TAXA DE RECOLHIMENTO DE LIXO: O STF enfrentou diversos debates acerca dessa situação. 
A) Debate sobre a constitucionalidade da taxa: O FG dessa taxa é a utilização de serviço de coleta de resíduos sólidos domiciliares. Em alguns municípios, a utilização pode até ser potencial. 
De acordo com o STF, caso o FG LIMITE-SE apenas ao SERVIÇO DE COLETA (por exemplo, o “caminhão do lixo” que passa de residência em residência coletando o lixo deixado na calçada), então o serviço público é ESPECÍFICO e DIVISÍVEL, de modo que a taxa é CONSTITUCIONAL. 
B) Diferenciação do tipo de serviço: O STF fez a diferenciação entre o SERVIÇO DE LIMPEZA DE LOGRADOUROS PÚBLICOS (“GARI”) x SERVIÇO DE COLETA DE LIXO (“CAMINHÃO”). 
NÃO PODE SER COBRADA TAXA SOBRE SERVIÇOS DE LIMPEZA DE RUAS (limpeza pública), pois esse serviço é GERAL e UNIVERSAL, beneficiando toda a coletividade, indistintamente. 
É possível, por outro lado, a cobrança da taxa em razão de serviço de coleta de lixo domiciliar (coleta domiciliar de lixo), pois este serviço é específico e divisível. 
Nesse sentido a Súmula Vinculante 19: “A taxa cobrada exclusivamente em razão dos serviços públicos de coleta, remoção e tratamento ou destinação de lixo ou resíduos provenientes de imóveis, não viola o artigo 145, II, da Constituição Federal.”. 
Ver AgRg no AI n. 245.539/RJ, STF, em que se reconheceu que a COBRANÇA CONJUNTA de TAXA DE COLETA DOMICILIAR DE LIXO e de LIMPEZA PÚBLICA de ruas é INCONSTITUCIONAL, e inquina toda a cobrança do tributo de nulidade.
2.3) Discussão acerca da composição da BC da taxa: A BC das taxas deve ser DIFERENTE DA BC DE IMPOSTOS. Como se sabe, a BC das taxas deve REFLETIR O CUSTO DA ATUAÇÃO ESTATAL. 
A Administração, quando da apuração desse custo, utiliza-se de alguns elementos que compõem a BC de impostos. Ou seja, a Administração utiliza-se de alguns elementos que também são utilizados para a determinação da BC de impostos. Ex: IPTU tem como BC o valor venal do imóvel, para cuja definição o Município utiliza-se de vários critérios, a saber: localização, tamanho (“testada”, frente), uso do imóvel para fins residenciais, comerciais etc. 
Quando da FIXAÇÃO DA BC DA TAXA DO LIXO, a Administração pode levar em conta ALGUNS CRITÉRIOS/ELEMENTOS utilizados para a fixação da BC DO IPTU, ex: localização do imóvel (quanto mais longe do centro da cidade, maior será o custo para prestar os serviços), tamanho do imóvel (produzirá mais lixo) ou uso do imóvel (residência produz menos lixo que a indústria). 
Há, pois, critérios compartilhados entre a fixação da BC do IPTU e da BC da taxa do lixo, o que é admitido pelo STF. Em suma, a taxa pode utilizar de elementos que compõem a BC de impostos, mas nunca da BC EM SI, ou seja, de todos os elementos que a compõe. 
PERGUNTA: COMPARTILHAMENTO DE CRITÉRIO PARA A APURAÇÃO DA BC DO IPTU E DA TAXA DO LIXO” IMPLICARIA “IDENTIDADE DE BC”? 
De acordo com o STF, NÃO IMPLICA A IDENTIDADE DE BASE DE CÁLCULO. Isto somente ocorreria se a BC da taxa do lixo fosse o “valor venal do imóvel”, de modo que não há inconstitucionalidade no compartilhamento de critérios. 
Nesse sentido a Súmula Vinculante 29 do STF: “É constitucional a adoção, no cálculo do valor de taxa, de um ou mais elementos da base de cálculo própria de determinado imposto, desde que não haja integral identidade entre uma base e outra”
5.2.1.2. TAXA VS TARIFA VS SERVIÇO PÚBLICO. 
Tanto a TAXA quanto a TARIFA remuneram SERVIÇOS PÚBLICOS ESPECÍFICOS e DIVISÍVEIS. Entretanto, somente a TAXA é TRIBUTO, vez que:
I) a sua COBRANÇA É DETERMINADA POR LEI;
II) se submete às LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR;
III) Pode remunerar tanto o serviço EFETIVAMENTE utilizado como o POSTO À DISPOSIÇÃO.
Já a TARIFA tem fundamento de cobrança em um CONTRATO. Decorre, pois, de um acordo de vontades. Desse modo, NÃO É TRIBUTO, e não se submete, portanto, às limitações constitucionais ao poder de tributar. 
Em regra, a tarifa é o REGIME DE REMUNERAÇÃO das CONCESSIONÁRIAS e PERMISSIONÁRIAS de serviços públicos. Este sistema, por derivar de um contrato, é mais flexível do que o regime legal tributário. Entretanto, só pode ser cobrada em razão do serviço EFETIVAMENTE UTILIZADO. O fato do serviço estar posto em disponibilidade, mas sem a utilização efetiva, não autoriza a cobrança da tarifa.
Obs.: STF e STJ entendem que o SERVIÇO DE FORNECIMENTO DE ÁGUA e o SERVIÇO PÚBLICO DE COLETA DE ESGOTOS se submetem ao REGIME TARIFÁRIO. 
Ver súmulas 407[footnoteRef:26] e 412[footnoteRef:27] do STJ. A cobrança não se submete à EXECUÇÃO FISCAL, portanto. [26: É dispensável o aviso de recebimento (AR) na carta de comunicação ao consumidor sobre a negativação de seu nome em banco de dados e cadastros.] [27: A ação de repetição de indébito de tarifas de água e esgoto sujeita-se ao prazo prescricional estabelecido no Código Civil. ] 
PERGUNTA: QUAL É A NATUREZA JURÍDICA DO PEDÁGIO? 
			Art. 150 CR/88. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos 			Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) 
			V - estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou 			intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder 			Público;
Uma interpretação literal do dispositivo leva a concluir que o pedágio seria um tributo, qual seja, taxa (por utilização efetiva da via). 
Por outro lado, há quem entenda que o pedágio não é tributo, vez que o Estado tem o dever de manter suas vias. Assim, quando há a CONCESSÃO DO SERVIÇO para particulares, estes poderão instituir sua POLÍTICA TARIFÁRIA para manutenção e exploração da via. Este é o RECENTE ENTENDIMENTO DO STF, pelo qual o pedágio é uma TARIFA.
Uma TERCEIRA CORRENTE, por sua vez, entende que pode ser tanto TAXA quanto TARIFA, cabendo a escolha ao legislador, caso a caso: 
	a) Se o PODER PÚBLICO presta o SERVIÇO DIRETAMENTE, cabendo a ele a manutenção da 		via, a forma de remuneração será por TAXA;
	b) Por outro lado, se ele CONCEDE O SERVIÇO a um PARTICULAR, a cobrança será mediante 		TARIFA.
Obs.: O STJ vem entendendo que NÃO HÁ NECESSIDADE DE SE PREVER UMA VIA ALTERNATIVA PARA LEGITIMAR A COBRANÇA DA TAXA OU TARIFA DO PEDÁGIO. Isso porque tem-se um serviço público específico e divisível que autoriza a cobrança independentemente da previsão de uma via alternativa para quem não quer ou não tem dinheiro para pagar o pedágio. Além disso, NÃO HÁ NENHUMA EXIGÊNCIA LEGAL OU CONSTITUCIONAL NESSE SENTIDO.
5.2.2. TAXA DE POLÍCIA.
O conceito de Poder de Polícia para fins tributários é dado pelo art. 78, caput do CTN.
Art. 78, CTN: Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou a abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.
Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de

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