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História da Psicologia: dos filósofos gregos à Psicologia Científica

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História da Psicologia
Todos nós temos uma história que vai se construindo ao longo 
de nossas vidas, não é mesmo? Então, é o conjunto de histórias 
individuais e coletivas que forma a História da humanidade, 
aquela que, quando entramos na escola, começamos a estudar. 
Por meio desses estudos, entendemos o percurso de diversos 
objetos (por exemplo, como o telefone foi inventado e como 
evoluiu até hoje, possibilitando o uso da internet) e pessoas na 
História, além de entender como os fatos aconteceram.
Mas qual será a importância de estudar História?
Ora, o estudo da história de alguma coisa ou de algum fato é 
essencial para entendermos o presente e evitarmos repetir os 
erros do passado, além de ser um guia para o futuro. Pense, por 
exemplo, na Segunda Guerra Mundial. Entender seu contexto, 
o que inclui estudar o nazismo, é fundamental para refletirmos 
sobre a perversidade dos campos de concentração nazistas e 
evitarmos que novos massacres como aqueles aconteçam.
Logo, ao pensarmos em qualquer fato da atualidade, chegaremos 
à conclusão de que é impossível entendê-lo sem conhecer 
minimamente a sua história. Quer um exemplo?
Reflita sobre as atuais políticas de cotas raciais, que permitem o 
ingresso de grupos antes excluídos das universidades públicas. 
Por que essas pessoas tinham pouco acesso a esses locais? 
Por que se decidiu criar essa política de inclusão? Pois bem, 
recentemente, no Brasil, percebeu-se que havia poucos negros 
e pardos estudando em universidades públicas. Isso foi fruto, 
em grande parte, da exclusão social desencadeada, há muito 
tempo, pela libertação dos escravos, pois esse grupo recebeu a 
liberdade, mas ela não veio, em geral, acompanhada de acesso 
à educação, moradia e outras condições dignas de vida. Assim, 
esse grupo acabou sendo privado de muitos direitos básicos, o 
que inclui a educação pública de ensino superior. Para amenizar 
essa “dívida” que a sociedade tem com os negros e pardos, 
foram criadas as ações afirmativas, também conhecidas como 
política de cotas.
E será que isso também se aplica à Psicologia?
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A resposta para essa pergunta é sim. Com a Psicologia, não seria 
diferente, pois essa área de estudo também possui uma história 
que a fez chegar à sua atual situação (GOODWIN, 2005). Quer 
entender melhor como isso aconteceu? Então siga atento (a)! A 
figura a seguir, por exemplo, aponta sinaliza os primeiros passos 
dos estudos realizados pelos humanos.
Fonte: valzan, Shutterstock, 2017. 
Os primeiros filósofos
Iniciaremos nosso percurso pela história da Psicologia com 
uma curiosidade interessante: apesar de ser uma das áreas que 
instiga os pensadores há muito tempo, faz pouco mais de 100 
anos que a Psicologia foi considerada ciência e estudada como 
tal.
Porém, conforme acabamos de comentar, desde os primeiros 
filósofos são levantados questionamentos referentes à con-
strução do pensamento humano. Perceba que isso se inicia na 
Antiguidade, com os gregos e o surgimento da Filosofia. Esses 
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filósofos gregos foram os primeiros a tentar sistematizar uma 
Psicologia, pois até mesmo o termo “psicologia” se origina do 
grego: psyché = alma; e logos = razão. Portanto, para os gregos, 
a Psicologia seria o “estudo da alma”.
Mas quem são esses tais primeiros filósofos da humanidade?
Dentre os mais influentes da História, podemos citar Sócrates, 
Platão e Aristóteles. Vamos conhecer cada um deles?
Começaremos por Sócrates (469-399 a.C.), o primeiro filósofo 
que apresenta preocupações relativas ao estudo da alma. 
Seu principal questionamento girava em torno daquilo que 
diferenciava nós, Homens, dos animais. Assim, Sócrates afirmava 
que a principal característica humana seria a razão, e era através 
dela que o homem conseguia superar a irracionalidade.
Depois de Sócrates, temos Platão (427-347 a.C.), um seguidor 
das ideias de Sócrates que aprofundou o tema do estudo da 
alma: para ele, a alma seria separada do corpo, estando situada 
na apenas na cabeça. Esse filósofo ainda afirmava que, quando o 
homem morria, a matéria desaparecia, mas a alma estaria livre 
para ocupar outro corpo.
Fonte: Anastasios71, Sshutterstock, 2017. 
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Posteriormente, seguindo a ordem da História, viveu Aristóteles 
(384-322 a.C.), discípulo de Platão. Além de ser um dos mais 
importantes filósofos da História, trouxe contribuições inovadoras: 
segundo ele, a alma e o corpo não poderiam ser separados, 
sendo a psyché (atualmente entendida como mente) o princípio 
que move toda a vida.
A teoria platônica acreditava na alma 
imortal e separada do corpo; e a 
aristotélica, na mortalidade da alma e 
no seu pertencimento ao corpo.
Clique na figura para assistir ao vídeo
Descartes e o surgimento da Psicologia Científica
Continuando nossa trajetória pela história da Psicologia, 
chegamos, agora, à era do Renascimento, época de diversas 
transformações na sociedade, como a descoberta das novas 
terras da América, o desenvolvimento de diversas áreas do 
conhecimento e o estabelecimento das primeiras regras para a 
construção do conhecimento científico.
E qual foi o pensador que melhor representava o pensamento 
dessa época?
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Foi René Descartes (1596 – 1659), um dos pensadores que mais 
contribuiu para o avanço da ciência. Com sua célebre frase 
“Penso, logo existo”, fez uma cisão entre mente e corpo, afirmando 
que o corpo seria apenas uma máquina que só funcionaria ao 
acionar uma substância pensante, chamada de alma pelos 
outros filósofos (BOCK et al., 2007; GOODWIN, 2005). Segundo 
ele, por causa dessa distinção entre corpo e mente, os animais 
seriam criaturas puras sem a alma, e os seres humanos possuíam 
essa mente racional que possibilitava que o corpo funcionasse 
(Goodwin, 2005). Por esse motivo, Descartes era um racionalista, 
ou seja, ele acreditava que o conhecimento passava pelo uso 
sistemático do raciocínio. A figura, a seguir, indica o pensamento 
de René Descartes.
Penso
logo
Existo
Que tal avançarmos mais um pouco em nossa linha do tempo?
Ao chegarmos ao século XIX, a ciência já estava avançando 
aceleradamente, e o capitalismo crescia como nova ordem 
econômica.
Mas o que isso tem a ver com Descartes?
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Perceba que grande parte do avanço científico está embasado na 
ideia de separação entre corpo e mente. Afinal, foi a partir dessa 
separação que foi possível iniciar os primeiros experimentos 
com corpos humanos, o que possibilitou o avanço da medicina e 
da ciência como um todo.
E qual a relação disso com o capitalismo?
Bem, com o advento do capitalismo, a ciência precisa oferecer 
respostas e soluções práticas para os questionamentos e 
problemas que atormentam a sociedade. Além disso, os Homens 
passam a ser consumidores, ou seja, eles passam a adquirir 
mercadorias por meio do dinheiro – e a ciência, claro, também 
se torna uma dessas mercadorias.
Nesse contexto, os saberes religiosos começam a ser contestados, 
causando a separação entre conhecimento e fé. Portanto, a 
racionalidade começa a andar atrelada com a ciência, libertando-
se de dogmas religiosos ou da própria autoridade da igreja, que 
durante muito tempo proibiu o estudo do corpo humano, por 
exemplo.
Nesse contexto e ainda hoje, o 
conhecimento científico se torna 
sinônimo de verdade. Para o 
conhecimento ser consistente, é 
necessário um aval da ciência.
E qual é a relação disso tudo com a Psicologia?
Perceba que a Psicologia que até então era estudada somente 
pelos filósofos passa a interessar, também, cientistas da área 
da Fisiologia e Neurofisiologia, que começam a se interessar 
pelo funcionamento do sistema nervoso e pela forma como 
aconteciam fenômenos como o pensamento, os sentimentos, 
as percepções, etc. (BOCK et al., 2007), a exemplo do que se 
sinalizana figura abaixo.
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Fonte: Andrey_Kuzmin, Shutterstock, 2017.
Graças a isso, a Psicologia começa a avançar não somente na 
área filosófica que procurava entender o homem, mas também 
na área de Neuroanatomia, que começava a fazer descobertas 
do funcionamento cerebral e a explicar a razão de várias 
disfunções, como as doenças mentais.
A Psicologia Moderna
Com todo esse avanço e com as possibilidades de estudos 
que surgiram, chegamos ao início da Psicologia Moderna, que 
se iniciou com a criação do primeiro laboratório para realizar 
experimentos, criado por Wilhelm Wundt (1832-1926), na 
Alemanha.
Mas quais foram os estudos desenvolvidos por Wundt?
É importante que você saiba que Wundt iniciou os estudos que 
procuravam entender o paralelismo psicofísico, que significa que, 
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para cada fenômeno físico, há um fenômeno mental equivalente. 
Por exemplo, ao estimular a pele com uma picada de agulha, 
haveria uma estimulação correspondente na mente do indivíduo, 
para que ele sinta a picada. Além disso, Wundt apresenta o 
introspeccionismo, que estuda os caminhos percorridos em 
virtude dessa estimulação sensorial (Bock et al., 2007), como se 
observa na figura a seguir. 
Fonte: Istvan Csak, Shutterstock, 2017. 
Essa nova proposta de Psicologia também foi estudada por 
outros dois importantes pesquisadores, também na Alemanha: 
Gustav Fechner (1801-1887) e Ernst Weber (1795-1878), que 
criaram a Lei Fechner-Weber. Esse estudo estabelece uma 
mensuração entre a relação estímulo x sensação. Segundo esses 
estudiosos, a percepção aumentaria em progressão aritmética; e 
o estímulo, em progressão geométrica. Ainda não ficou claro? Em 
outras palavras, esse estudo conclui que a diferença entre o que 
sentimos quando uma lâmpada de 100W é aumentada para 110W 
é a mesma de um aumento de 1000W para 1100W.
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Mas por que esse estudo é tão importante para nós?
Pois foi a partir desse momento que a Psicologia começou a ser 
vista com o status de ciência e se tornou independente da Filosofia. 
Assim, a distinção entre a Psicologia Moderna e os pensadores 
que a antecederam está principalmente nas técnicas usadas 
e na forma com que abordam a natureza humana (SHULTZ; 
SHULTZ, 2002). 
Perceba que, com o surgimento dessa Psicologia Científica, são 
estabelecidos alguns padrões para a produção do conhecimento 
na área, tais como: a definição de um objeto de estudo; a criação 
de um método para estudo desse objeto; e a formulação de teorias 
que devem obedecer aos critérios da ciência (Bock et al., 2007).
Lembre-se de que os requisitos 
do conhecimento científico são: a 
neutralidade, a comprovação e a 
continuidade para novas pesquisas.
Note que toda essa expansão da Psicologia proporcionou avanços 
não somente em termos de pesquisas, mas também na forma 
como ela interfere em nossas vidas. Certamente, em diversos 
momentos da sua vida, você já teve contato com o trabalho dos 
psicólogos, independentemente da abordagem usada.

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