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License-522190-81766-0-8 PSICOLOGIA APLICADA História da Psicologia Todos nós temos uma história que vai se construindo ao longo de nossas vidas, não é mesmo? Então, é o conjunto de histórias individuais e coletivas que forma a História da humanidade, aquela que, quando entramos na escola, começamos a estudar. Por meio desses estudos, entendemos o percurso de diversos objetos (por exemplo, como o telefone foi inventado e como evoluiu até hoje, possibilitando o uso da internet) e pessoas na História, além de entender como os fatos aconteceram. Mas qual será a importância de estudar História? Ora, o estudo da história de alguma coisa ou de algum fato é essencial para entendermos o presente e evitarmos repetir os erros do passado, além de ser um guia para o futuro. Pense, por exemplo, na Segunda Guerra Mundial. Entender seu contexto, o que inclui estudar o nazismo, é fundamental para refletirmos sobre a perversidade dos campos de concentração nazistas e evitarmos que novos massacres como aqueles aconteçam. Logo, ao pensarmos em qualquer fato da atualidade, chegaremos à conclusão de que é impossível entendê-lo sem conhecer minimamente a sua história. Quer um exemplo? Reflita sobre as atuais políticas de cotas raciais, que permitem o ingresso de grupos antes excluídos das universidades públicas. Por que essas pessoas tinham pouco acesso a esses locais? Por que se decidiu criar essa política de inclusão? Pois bem, recentemente, no Brasil, percebeu-se que havia poucos negros e pardos estudando em universidades públicas. Isso foi fruto, em grande parte, da exclusão social desencadeada, há muito tempo, pela libertação dos escravos, pois esse grupo recebeu a liberdade, mas ela não veio, em geral, acompanhada de acesso à educação, moradia e outras condições dignas de vida. Assim, esse grupo acabou sendo privado de muitos direitos básicos, o que inclui a educação pública de ensino superior. Para amenizar essa “dívida” que a sociedade tem com os negros e pardos, foram criadas as ações afirmativas, também conhecidas como política de cotas. E será que isso também se aplica à Psicologia? License-522190-81766-0-8 PSICOLOGIA APLICADA A resposta para essa pergunta é sim. Com a Psicologia, não seria diferente, pois essa área de estudo também possui uma história que a fez chegar à sua atual situação (GOODWIN, 2005). Quer entender melhor como isso aconteceu? Então siga atento (a)! A figura a seguir, por exemplo, aponta sinaliza os primeiros passos dos estudos realizados pelos humanos. Fonte: valzan, Shutterstock, 2017. Os primeiros filósofos Iniciaremos nosso percurso pela história da Psicologia com uma curiosidade interessante: apesar de ser uma das áreas que instiga os pensadores há muito tempo, faz pouco mais de 100 anos que a Psicologia foi considerada ciência e estudada como tal. Porém, conforme acabamos de comentar, desde os primeiros filósofos são levantados questionamentos referentes à con- strução do pensamento humano. Perceba que isso se inicia na Antiguidade, com os gregos e o surgimento da Filosofia. Esses License-522190-81766-0-8 PSICOLOGIA APLICADA filósofos gregos foram os primeiros a tentar sistematizar uma Psicologia, pois até mesmo o termo “psicologia” se origina do grego: psyché = alma; e logos = razão. Portanto, para os gregos, a Psicologia seria o “estudo da alma”. Mas quem são esses tais primeiros filósofos da humanidade? Dentre os mais influentes da História, podemos citar Sócrates, Platão e Aristóteles. Vamos conhecer cada um deles? Começaremos por Sócrates (469-399 a.C.), o primeiro filósofo que apresenta preocupações relativas ao estudo da alma. Seu principal questionamento girava em torno daquilo que diferenciava nós, Homens, dos animais. Assim, Sócrates afirmava que a principal característica humana seria a razão, e era através dela que o homem conseguia superar a irracionalidade. Depois de Sócrates, temos Platão (427-347 a.C.), um seguidor das ideias de Sócrates que aprofundou o tema do estudo da alma: para ele, a alma seria separada do corpo, estando situada na apenas na cabeça. Esse filósofo ainda afirmava que, quando o homem morria, a matéria desaparecia, mas a alma estaria livre para ocupar outro corpo. Fonte: Anastasios71, Sshutterstock, 2017. License-522190-81766-0-8 PSICOLOGIA APLICADA Posteriormente, seguindo a ordem da História, viveu Aristóteles (384-322 a.C.), discípulo de Platão. Além de ser um dos mais importantes filósofos da História, trouxe contribuições inovadoras: segundo ele, a alma e o corpo não poderiam ser separados, sendo a psyché (atualmente entendida como mente) o princípio que move toda a vida. A teoria platônica acreditava na alma imortal e separada do corpo; e a aristotélica, na mortalidade da alma e no seu pertencimento ao corpo. Clique na figura para assistir ao vídeo Descartes e o surgimento da Psicologia Científica Continuando nossa trajetória pela história da Psicologia, chegamos, agora, à era do Renascimento, época de diversas transformações na sociedade, como a descoberta das novas terras da América, o desenvolvimento de diversas áreas do conhecimento e o estabelecimento das primeiras regras para a construção do conhecimento científico. E qual foi o pensador que melhor representava o pensamento dessa época? License-522190-81766-0-8 PSICOLOGIA APLICADA Foi René Descartes (1596 – 1659), um dos pensadores que mais contribuiu para o avanço da ciência. Com sua célebre frase “Penso, logo existo”, fez uma cisão entre mente e corpo, afirmando que o corpo seria apenas uma máquina que só funcionaria ao acionar uma substância pensante, chamada de alma pelos outros filósofos (BOCK et al., 2007; GOODWIN, 2005). Segundo ele, por causa dessa distinção entre corpo e mente, os animais seriam criaturas puras sem a alma, e os seres humanos possuíam essa mente racional que possibilitava que o corpo funcionasse (Goodwin, 2005). Por esse motivo, Descartes era um racionalista, ou seja, ele acreditava que o conhecimento passava pelo uso sistemático do raciocínio. A figura, a seguir, indica o pensamento de René Descartes. Penso logo Existo Que tal avançarmos mais um pouco em nossa linha do tempo? Ao chegarmos ao século XIX, a ciência já estava avançando aceleradamente, e o capitalismo crescia como nova ordem econômica. Mas o que isso tem a ver com Descartes? License-522190-81766-0-8 PSICOLOGIA APLICADA Perceba que grande parte do avanço científico está embasado na ideia de separação entre corpo e mente. Afinal, foi a partir dessa separação que foi possível iniciar os primeiros experimentos com corpos humanos, o que possibilitou o avanço da medicina e da ciência como um todo. E qual a relação disso com o capitalismo? Bem, com o advento do capitalismo, a ciência precisa oferecer respostas e soluções práticas para os questionamentos e problemas que atormentam a sociedade. Além disso, os Homens passam a ser consumidores, ou seja, eles passam a adquirir mercadorias por meio do dinheiro – e a ciência, claro, também se torna uma dessas mercadorias. Nesse contexto, os saberes religiosos começam a ser contestados, causando a separação entre conhecimento e fé. Portanto, a racionalidade começa a andar atrelada com a ciência, libertando- se de dogmas religiosos ou da própria autoridade da igreja, que durante muito tempo proibiu o estudo do corpo humano, por exemplo. Nesse contexto e ainda hoje, o conhecimento científico se torna sinônimo de verdade. Para o conhecimento ser consistente, é necessário um aval da ciência. E qual é a relação disso tudo com a Psicologia? Perceba que a Psicologia que até então era estudada somente pelos filósofos passa a interessar, também, cientistas da área da Fisiologia e Neurofisiologia, que começam a se interessar pelo funcionamento do sistema nervoso e pela forma como aconteciam fenômenos como o pensamento, os sentimentos, as percepções, etc. (BOCK et al., 2007), a exemplo do que se sinalizana figura abaixo. License-522190-81766-0-8 PSICOLOGIA APLICADA Fonte: Andrey_Kuzmin, Shutterstock, 2017. Graças a isso, a Psicologia começa a avançar não somente na área filosófica que procurava entender o homem, mas também na área de Neuroanatomia, que começava a fazer descobertas do funcionamento cerebral e a explicar a razão de várias disfunções, como as doenças mentais. A Psicologia Moderna Com todo esse avanço e com as possibilidades de estudos que surgiram, chegamos ao início da Psicologia Moderna, que se iniciou com a criação do primeiro laboratório para realizar experimentos, criado por Wilhelm Wundt (1832-1926), na Alemanha. Mas quais foram os estudos desenvolvidos por Wundt? É importante que você saiba que Wundt iniciou os estudos que procuravam entender o paralelismo psicofísico, que significa que, License-522190-81766-0-8 PSICOLOGIA APLICADA para cada fenômeno físico, há um fenômeno mental equivalente. Por exemplo, ao estimular a pele com uma picada de agulha, haveria uma estimulação correspondente na mente do indivíduo, para que ele sinta a picada. Além disso, Wundt apresenta o introspeccionismo, que estuda os caminhos percorridos em virtude dessa estimulação sensorial (Bock et al., 2007), como se observa na figura a seguir. Fonte: Istvan Csak, Shutterstock, 2017. Essa nova proposta de Psicologia também foi estudada por outros dois importantes pesquisadores, também na Alemanha: Gustav Fechner (1801-1887) e Ernst Weber (1795-1878), que criaram a Lei Fechner-Weber. Esse estudo estabelece uma mensuração entre a relação estímulo x sensação. Segundo esses estudiosos, a percepção aumentaria em progressão aritmética; e o estímulo, em progressão geométrica. Ainda não ficou claro? Em outras palavras, esse estudo conclui que a diferença entre o que sentimos quando uma lâmpada de 100W é aumentada para 110W é a mesma de um aumento de 1000W para 1100W. License-522190-81766-0-8 PSICOLOGIA APLICADA Mas por que esse estudo é tão importante para nós? Pois foi a partir desse momento que a Psicologia começou a ser vista com o status de ciência e se tornou independente da Filosofia. Assim, a distinção entre a Psicologia Moderna e os pensadores que a antecederam está principalmente nas técnicas usadas e na forma com que abordam a natureza humana (SHULTZ; SHULTZ, 2002). Perceba que, com o surgimento dessa Psicologia Científica, são estabelecidos alguns padrões para a produção do conhecimento na área, tais como: a definição de um objeto de estudo; a criação de um método para estudo desse objeto; e a formulação de teorias que devem obedecer aos critérios da ciência (Bock et al., 2007). Lembre-se de que os requisitos do conhecimento científico são: a neutralidade, a comprovação e a continuidade para novas pesquisas. Note que toda essa expansão da Psicologia proporcionou avanços não somente em termos de pesquisas, mas também na forma como ela interfere em nossas vidas. Certamente, em diversos momentos da sua vida, você já teve contato com o trabalho dos psicólogos, independentemente da abordagem usada.
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