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TEORIA GERAL DO PROCESSO Caso concreto 1: O Brasil é um Estado pautado na legalidade e necessita garantir aos seus cidadãos acesso efetivo aos direitos e garantias fundamentais previstos em sua carta constitucional. Em caso de violação de direitos materiais, em que medida o conteúdo jurídico regulado pelo Direito Processual garante o cumprimento do mandamento constitucional do art. 5o, XXXV da CRFB 88? O princípio de acesso ao direito, garantido pelo art 5o XXXV, e o direito ao “due process of law”, o devido processo legal, garantido pelo art 5o, LIV, garantem a possibilidade da tutela jurisdicional. Ou seja, o direito processual a substância do direito como meio essencial para acesso ao direito material. Em caso de ausência de recursos materiais, é garantido o acesso à justiça através da lei da gratuidade 1950 e da defensoria pública, instituição garantida através do Art 134 cf/88. TEORIA GERAL DO PROCESSO Caso Concreto 2: Ao examinarmos a Exposição de Motivos do Código de Processo Civil (Lei 13.105/15) podemos perceber que existem preocupações e soluções do processualista contemporâneo em assegurar o acesso à justiça, ao destacar, logo no primeiro momento que "Um sistema processual civil que não proporcione à sociedade o reconhecimento e a realização dos direitos, ameaçados ou violados, que têm cada um dos jurisdicionados, não se harmoniza com as garantias constitucionais de um Estado Democrático de Direito". Considerando a evolução histórica do Direito Processual no Brasil é correto afirmar que o legislador sempre teve tais preocupações e soluções ? O Código de Processo Penal, bem como a Consolidação das Leis do Trabalho, também contemplam normas jurídicas com escopo para atender as garantias constitucionais de quem procura o Poder Judiciário em tais áreas? Ordenamento jurídico brasileiro teve suas bases firmadas durante a colonização portuguesa, pois os portugueses trouxeram com eles o sistema jurídico utilizado em Portugal. Porém, com a independência, apesar de muitas coisas advindas de Portugal permaneceram em uso, tais como algumas leis, foi preciso fazer um sistema genuinamente brasileiro. TEORIA GERAL DO PROCESSO Caso Concreto 3: Clóvis ingressou com uma ação judicial em face da Mineradora Pó Forte S/A e o juiz julgou improcedente o pedido, antes mesmo da citação da ré, informando da existência de precedente e que por tal razão, outros princípios processuais, tais como o contraditório e ampla defesa não precisam ser respeitados nesses casos, considerando a CRFB 88 e o Código de Processo Civil. Fundamentou ainda que estaria sendo aplicado, entre outros, o princípio constitucional da razoável duração do processo. O posicionamento do juiz tem base legal e constitucional? O juiz fundamentou e não permitiu que o réu fosse citado, não formou, portanto, a Trilogia Processual, Jurisdição, Ação e Processo com ocontraditório e ampla defesa (Só existe para o réu que esteja em juízo). Citar o réu, constituir advogado, seguir o trâmite normal; como o princípio da duração razoável. Fazedo com que a máquina não trabalhe em vão. Tem base legal: Art.5oLXVIII, CF; Art. 93 LX, CF; Art.332,I; Art.926 e 928. Não houve violação do Direito e contraditório. TEORIA GERAL DO PROCESSO Caso Concreto 4: Antônio Pedro, brasileiro, viúvo, professor aposentado, recebe mensalmente cerca de R$2.000,00 (dois mil reais) e após realizar uma série de exames no hospital público de sua cidade é diagnosticado com artrite reumatoide. Considerando o estágio avançado da doença e as fortes dores do paciente, o médico receita um medicamento que reduz drasticamente os sintomas e inibe a progressão da enfermidade, porém, cada caixa com 30 (trinta) comprimidos custa R$ 10.000,00 (dez mil reais). Precisando de duas caixas por mês para seu tratamento, Pedro não vê outra solução e procura a Defensoria Pública que, por sua vez, ingressa em juízo pleiteando em sede de tutela provisória de urgência a entrega do medicamento pelo Município. Conclusos os autos, o juiz indeferiu o pedido nos seguintes termos: ?Indefiro o pedido, pois ausentes os requisitos da tutela requerida?. Sem prejuízo do direito material que está sendo tutelado (direito à vida), houve ofensa a algum princípio processual, considerando o texto utilizado pelo juiz? A decisão do magistrado não está correta, tendo em vista que ele não expôs as razões que o levaram a concluir pelo indeferimento do pedido o que viola flagrantemente o princípio da fundamentação das decisões judiciais o qual está previsto no art 93, 9 da CRFB e 11 do CPC. TEORIA GERAL DO PROCESSO Caso Concreto 5: Um aluno resolveu conhecer as dependências do Núcleo de Prática Jurídica de sua faculdade e encontrou um assistido que resolveu relatar seus problemas enquanto o advogado não retornava. O assistido disse que foi mandado embora do seu trabalho, após uma grande discussão com seu chefe, por suposto roubo de mercadorias ocorrido no shopping. O assistido é segurança patrimonial do shopping e tentava explicar à chefia direta e aos policiais a dinâmica da ocorrência, mas foi em vão. Diz que foi humilhado, xingado e por último, desligado por suposta ?justa causa?, por não ter impedido o roubo. Quando o advogado chegou, ouviu atentamente a história e disse que existem elementos de direito material civil, trabalhista e até mesmo penal, dependendo da extensão das ofensas, o que demandaria maior análise. O assistido ficou satisfeito e disse que queria fazer ?tudo junto?, de modo que um só juiz visse todos os assuntos, uma vez que estariam relacionados entre si. O advogado explicou que não é possível, seja pelos distintos órgãos do Poder Judiciário, seja pelas regras da disponibilidade ou indisponibilidade do exercício da ação. O aluno não entendeu a explicação e aproveitou para perguntar ao advogado como é a divisão do Jurisdição no Brasil. Considerando o caso acima, comente a resposta do advogado, contextualizando a divisão da Jurisdição no Brasil com base em nosso ordenamento jurídico. Jurisdição é a capacidade que o Estado tem em decidir imperativamente e impor decisões. Esta capacidade é conferida ao Estado de forma voluntaria a fim de que seja encontrado através deste, uma solução justa para a lide. A jurisdição é função própria do Estado e possui três formas distintas para exercício completo desta função, a saber: Poder, onde é exercido o poder do próprio Estado. Função onde é exercido a capacidade de agir dos órgãos que atuam como agentes do Estado no cumprimento para que as decisões tomadas sejam cumpridas. Atividade onde se dá a ação do juiz no Processo, sendo (ao menos deveria ser) a espinha dorsal de todo este aparato. É correto afirmar de que a jurisdição somente será válida quando praticada respeitando o princípio do Devido Processo Legal. TEORIA GERAL DO PROCESSO Caso Concreto 6: Antônio Pedro, brasileiro, viúvo, professor aposentado, recebe mensalmente cerca de R$2.000,00 (dois mil reais) e após realizar uma série de exames no hospital público de sua cidade é diagnosticado com artrite reumatóide. Considerando o estágio avançado da doença e as fortes dores do paciente, o médico receita um medicamento que reduz drasticamente os sintomas e inibe a progressão da enfermidade, porém, cada caixa com 30 (trinta) comprimidos custa R$ 10.000,00 (dez mil reais). Precisando de duas caixas por mês para seu tratamento, Pedro não vê outra solução e procura a Defensoria Pública que, por sua vez, ingressa em juízo pleiteando a entrega do medicamento pelo Município. Ao final da fase de conhecimento o juiz acolheu o pedido requerido sem qualquer fundamentação. a) Qual a espécie de tutela jurisdicional buscada por Antonio junto a jurisdição? Justifique e explique juridicamente A tutela buscada por Antonio foi a autocomposição por reconhecimento jurídico do pedido, por tratar do bem da vida onde o Estado deve garantir seu direito social a saúde (artigo 6 da CF/88) umavez que ele não tem condições de comprar seus remédios. O Estado de Direito atual é caracterizado pela vinculação dos direitos fundamentais a finalidade precípua de respeito ao ser humano. b) Em virtude dos princípios constitucionais processuais a decisão proferida pelo magistrado está correta? Justifique e explique juridicamente. A decisão do magistrado está incorreta pois fere o princípio da motivação das decisões judiciais previsto no “Art 93, IX - todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação;” e no “Artigo 489 do NCPC, São elementos essenciais da sentença: II - os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito; Portanto toda decisão deverá ser fundamentada pelo juiz para explicar a razão ou motivo pelo qual a tomou. TEORIA GERAL DO PROCESSO Caso Concreto 7: Ana e José são casados, pelo regime da comunhão parcial de bens, há 25 anos e pretendem se divorciar de forma consensual. São pais de 02 filhos maiores, capazes e não possuem bens imóveis. O casal procurou o advogado Marcos Paulo para saber qual a melhor forma de efetivar o divorcio. O advogado informou que não poderia atender aos anseios de Ana e José, pois a única forma de realizar o divorcio é através de uma ação judicial litigiosa. Indaga-se: a) A informação prestada pelo advogado está correta? Explique e Justifique juridicamente. Não está correta, pois pode ser feito tanto judicialmente previsto no art. 5o, inciso XXXV da CRFB/88 pelo Princípio da Inafastabilidade da Jurisdição, e também extrajudicialmente pois quando não há conflito e não tem interesse de incapaz, podendo ser solucionado com uma audiência de conciliação. TEORIA GERAL DO PROCESSO Caso Concreto 8: Gabriel procura a advogada Maria Cristina com o objetivo de ajuizar uma ação de indenização por danos materiais, no valor de 25 mil reais, em face da Caixa Econômica Federal. Dias depois a advogada ajuizou ação em face da Caixa Econômica Federal na 1a Vara Federal de São Paulo. Indaga-se: A) Agiu corretamente a advogada ao ajuizar ação na Vara Federal? Explique e justifique juridicamente. Não. A advogada ajuizou a ação na Justiça correta (Justiça Federal), contudo, na Vara errada (1a Vara Federal). O artigo 109, inciso I da Constituição Federal diz que os juízes federais são competentes para processar e julgar as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes. Como a Caixa Econômica Federal é uma empresa pública federal, a advogada agiu corretamente apenas em ajuizar a ação na Justiça Federal. Contudo, errou na Vara em que ajuizou a ação, Lei 10.259/2001 em seu artigo 3o, as causas de competência da Justiça Federal que tenham como valor até sessenta salários mínimos, bem como sua execução de sentenças, são de competência do Juizado Especial Federal Cível. b) Eventual conflito de competência entre Vara Cível Federal e Juizado Especial Federal, localizados na mesma cidade, deve ser decidido por qual Tribunal? Justifique sua resposta. Eventual conflito de competência entre Vara Cível Federal e Juizado Especial Federal deverá ser deslindado pelo Tribunal Regional Federal da região, tendo como escopo tal decisão no artigo 108, inciso I, alínea e da Constituição Federal e na Súmula no 428 do Superior Tribunal de Justiça. Súmula 428 - Compete ao Tribunal Regional Federal decidir os conflitos de competência entre juizado especial federal e juízo federal da mesma seção judiciária. (Súmula 428, CORTE ESPECIAL, julgado em 17/03/2010, DJe 13/05/2010) TEORIA GERAL DO PROCESSO Caso Concreto 9: O Ministério Público Federal ofereceu denúncia em face de Armando Volta, em virtude do mesmo ter supostamente praticado o crime previsto no art. 171, parágrafo 3º do CP, já que vinha recebendo benefício previdenciário manifestamente indevido. O processo criminal tramitou perante uma das Varas Federais Criminais da Seção Judiciário do Rio de Janeiro, culminando pela prolação de uma sentença penal condenatória. Neste mesmo ato decisório, o magistrado determinou que o denunciado deve ressarcir o INSS (autarquia federal) da importância de R$ 50.000,00, que seria o montante indevidamente recebido em virtude da sua conduta criminosa. Indaga-se: A) Pode o magistrado, lotado em juízo especializado em matéria criminal, efetuar a liquidação dos prejuízos cíveis sofridos? Justifique a resposta juridicamente. Não. O magistrado lotado em juízo especializado em matéria criminal não pode efetuar a liquidação dos prejuízos cíveis sofridos. A liquidação desses prejuízos cíveis deve ser realizada em uma das Varas de Competência Cível. Em virtude dos fatos narrados, para ser mais específico, essa liquidação deverá tramitar em um do Juizado Especial Federal Cível, em virtude, da competência do Juizado Especial Federal Cível ser determinada unicamente pelo valor da causa e não pela complexidade da matéria. Conforme o Enunciado 25 da Turma Recursal do Juizado Especial Federal Previdenciário de São Paulo ("a Competência dos Juizados Especiais Federais é determinada unicamente pelo valor da causa e não pela complexidade da matéria.".) e do art. 3ª da Lei 10.259/19 que determina que: "Art. 3º. Compete ao juizado Especial Federal Cível processar, conciliar e julgar causas de competência da Justiça Federal até o valor de 60 (sessenta) salários mínimos, bem como executar as suas sentenças.". B) Levando-se em consideração à autonomia ou independência da responsabilidade civil e criminal, podemos afirmar que a responsabilidade civil é independente da criminal e por este motivo é possível questionar sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, ainda que estas questões já tenham sido decididas no juízo criminal? Não, a responsabilidade civil é independente da criminal, mas não é possível questionar mais sofre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quanto estas questões se acharem decididas no juízo criminal.
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