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 A Jurisdição pode ser caracterizada como o Poder de dizer o Direito. Em verdade, em nível dou-
trinário, várias teorias buscam conceituar a jurisdição, apresentando teses divergentes acerca do tema. 
Ocorre que, além de estar caracterizada como um poder, a jurisdição poderá ser entendida como uma 
função, uma atividade derivada diretamente da soberania estatal. 
 
 Uma primeira teoria classifica a Jurisdição como atuação da vontade da Lei. É a chamada Teoria 
Objetiva. Para parte da doutrina, a jurisdição seria a função do Estado de fazer atuar a vontade da lei. A 
função de fazer atuar a vontade concreta do direito objetivo. Seria a aplicação do direito objetivo no caso 
concreto. Chiovenda afirma que a atuação da vontade da lei, no caso de jurisdição, se dará pela partici-
pação do juiz, típica jurisdição, atividade substitutiva. 
 Muito bem conceituam esta tese os doutrinadores Antonio Carlos de Araujo Cintra, Ada Pele-
grini Grinover e Cândido Rangel Dinamarco, a saber: 
 
“E assim, através do exercício da função jurisdicional, o que busca o Estado é fazer 
com que se atinjam, em cada caso concreto, os objetivos das normas de direito 
substancial. Em outras palavras, o escopo jurídico da jurisdição é a atuação (cum-
primento, realização) das normas de direito substancial (direito objetivo)” (Teoria 
Geral do Processo, 24ª edição, pg. 149) 
 
 De outra banda, alguns doutrinadores sustentam a teoria de que a Jurisdição é a fonte produ-
tora de Coisa Julgada. Adeptos a esta visão, Allorio, Liebman e Calamandrei. A crítica a esta teoria reside 
no fato de que não seria todo ato jurisdicional capaz de gerar coisa julgada, como a tutelar cautelar, os 
procedimentos de jurisdição voluntária, entre outros. 
 Para uma terceira corrente, a Jurisdição é a função do Estado de justa composição da lide, vi-
são sustentada por Carnelutti. Nesta linha, a jurisdição pressupõe um embate, a pretensão resistida, a 
lide propriamente dita. Na clássica lição de Carnelutti – para a existência de lide ou litígio é necessário 
que ocorra “um conflito de interesses qualificado por uma pretensão resistida”. 
 
“A função jurisdicional só atua diante de casos concretos de conflitos de interes-
ses (lide ou litígio) e sempre na dependência da invocação dos interessados, por 
que são devedores primários destes à ordem jurídica e a aplicação voluntária de 
suas normas nos negócios jurídicos praticados.” (Citação de Humberto Theodor Ju-
nior, Curso de Direito Processual Civil, Volume I, Editora Forense, p. 39) 
 
Importa colacionar a visão de Nelson Nery Junior e Rosa Maria de Andrade Nery que afirmam em 
sua obra Código de Processo Civil Comentado e Legislação Extravagante, 11ª edição, pg. 176, que “Em-
bora seja atividade típica do Poder Judiciário, a jurisdição pode, excepcionalmente, ser exercida pelo 
Poder Legislativo”, nos termos do art. 52, I e II da CF, quando da competência do Senado Federal para o 
julgamento do Presidente e do Vice-Presidente nos crimes de responsabilidade. Seria uma excepcional 
função jurisdicional afeta ao Poder Legislativo. 
 
 
 
 
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Nos primórdios do desenvolvimento social, a justiça de mão própria, a vingança privada, a deno-
minada ‘autotutela’, caracterizava-se como o meio de solução de conflitos de interesse. Com o desenvol-
vimento do conceito de Estado e a atração de diversos monopólios para este, a soberania estatal atraiu 
para si o monopólio da criação, aplicação e interpretação do direito. Desta feita, com a vedação da auto-
tutela, surge o conceito da tutela jurisdicional, ‘o poder de dizer o direito com definitividade em substi-
tuição à vontade das partes’, própria da soberania estatal. 
Cumpre salientar que com a atração deste monopólio da tutela jurisdicional, o Estado nem sem-
pre foi eficiente na solução dos conflitos, em razão de sua morosidade. Nesta linha, começou, nos últi-
mos anos, um incentivo muito grande aos chamados mecanismos de autocomposição, com a aproxima-
ção das partes, objetivando a solução dos conflitos de uma maneira célere e efetiva, inserindo-se a me-
diação como uma de suas principais técnicas. 
Neste diapasão, de igual forma, surge a arbitragem, apresentando na doutrina grande divergên-
cia acerca de sua natureza jurisdicional. A arbitragem é regulamentada pela Lei Federal 9.307/96. O 
principal questionamento reside no ponto de ter a arbitragem natureza jurisdicional ou contratual – 
cláusula compromissória e compromisso arbitral. Para uma teoria, a arbitragem é jurisdição, exercida 
por particulares com a autorização do Estado. Para outra tese, a arbitragem não é jurisdição, uma vez 
que pode ocorrer controle por parte do Poder Judiciário, por exemplo, na hipótese de nulidade da sen-
tença arbitral, bem como a execução forçada, de igual forma, necessitaria da participação do Poder 
Judiciário. A jurisdição somente poderia ser exercida por pessoa investida na autoridade de juiz – juiz 
natural –, sendo a jurisdição indelegável. Predomina em nosso sistema jurídico a natureza contratual da 
arbitragem, seria, portanto, um equivalente jurisdicional. 
 
1.1. CARACTERÍSTICAS 
Podem ser citadas como características da jurisdição, além da chamada unidade ou unicidade do 
poder jurisdicional, outras virtudes que acabam por delinear o caminho da jurisdição, senão vejamos: 
1.1.1. Inércia: A jurisdição é inerte e necessita ser provocada. A prestação jurisdicional é efetiva 
somente quando solicitada. Nesta linha, a jurisdição necessita ser ‘provocada’, sendo do cidadão, e não 
do juiz, a iniciativa de movimentar ou não movimentar o Poder Judiciário, conforme preceitua o Códi-
go de Processo Civil/73 em seus diversos artigos: 
 
CPC/73: 
Art. 262. O processo civil começa por iniciativa da parte, mas se desenvolve por im-
pulso oficial. 
Art. 2º Nenhum juiz prestará a tutela jurisdicional senão quando a parte ou o inte-
ressado a requerer, nos casos e forma legais. 
Art. 128. O juiz decidirá a lide nos limites em que foi proposta, sendo-lhe defeso 
conhecer de questões, não suscitadas, a cujo respeito a lei exige a iniciativa da par-
te. 
Art. 460. É defeso ao juiz proferir sentença, a favor do autor, de natureza diversa da 
pedida, bem como condenar o réu em quantidade superior ou em objeto diverso do 
que Ihe foi demandado. 
 
Exceção a ser considerada, resta positivada nos arts. abaixo indicados do CPC/73: 
Art. 989. O juiz determinará, de ofício, que se inicie o inventário, se nenhuma das 
pessoas mencionadas nos artigos antecedentes o requerer no prazo legal. 
Art. 1.129 (exibição de testamento), art. 1.142 (herança jacente) e art. 1.160 (arre-
cadação de bens de ausentes) todos do CPC/73. 
 
Novo Código de Processo Civil: art.738 (herança jacente – o juiz procederá; art. 744 
(arrecadação de bens do ausente - o juiz mandará) 
 
 
 
 
 
 
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Esta inércia derivando no princípio da congruência restou solidificada no Novo Código de 
Processo Civil (Lei 13.105/2015) que assim preceitua: 
CPC/2015: 
Art. 2º O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso ofici-
al, salvo as exceções previstas em lei. 
Art. 141. O juiz decidirá o mérito nos limites propostos pelas partes, sendo-lhe ve-
dado conhecer de questões não suscitadas a cujo respeito a lei exige iniciativa da 
parte. 
Art. 492. É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida, bem co-
mo condenar a parte em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi 
demandado. 
 
Desta feita, a atuação do juiz fica limitada pela iniciativa da parte – aos pedidos formulados pela 
parte. Importante ressaltar que a composição entre as partes poderá ocorrer sem a provocação do 
Poder Judiciário, fato próprio das relações contratuais e negócios jurídicos. Igualmente, provocado o 
Poder Judiciário, estabelecida a demanda, poderá ocorrer a chamada “transação” no curso do processo, 
sendo causa de sentença com resolução do mérito nos termos doart. 269, III do CPC. 
Art. 269. Haverá resolução de mérito: 
(...) III - quando as partes transigirem; 
 
O Novo Código de Processo Civil insere no sistema uma “política pública de solução de confli-
tos”, ao fomentar a conciliação, a mediação e a autocomoposição, vejamos: 
Art. 3º (...) 
§ 2º O Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual dos conflitos. 
Política Pública de Solução de Conflitos 
§ 3º A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos 
deverão ser estimulados por juízes, advogados, defensores públicos e membros do 
Ministério Público, inclusive no curso do processo judicial. 
Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz: 
(...) 
III - homologar: 
a) o reconhecimento da procedência do pedido formulado na ação ou na reconven-
ção; 
b) a transação; 
c) a renúncia à pretensão formulada na ação ou na reconvenção. 
 
 Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart e Daniel Mitidiero, em sua obra “Novo Código 
de Processo Civil Comentado”, Revista dos Tribunais, p. 96-97, assim referem: 
 
“O novo Código tem como compromisso promover a solução consensual do litígio, sendo uma 
das suas marcas a viabilização de significativa abertura para a autonomia privada das partes – o que se 
manifesta não só no estímulo a que o resultado do processo seja fruto de um consenso das partes (art. 
3º, §§ 2º e 3º, CPC), mas também na possibilidade de estruturação contratual de determinados aspectos 
do processo (negócios processuais, art. 190, CPC, e calendário processual, art. 191, CPC)”. 
 
Tipificação do que já restava estabelecido na Resolução n. 125 do CNJ. Estruturação do CPC ten-
dente à conciliação, estímulo à autocomposição. 
 
 
 
 
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1.1.2. Secundária e Substitutiva: A jurisdição não é originária, não é original, mas secundária. A-
tua em um segundo momento, diante de casos concretos de conflitos de interesses. Nesta linha, impõe 
ao autor o dever de provar o seu interesse de agir, a necessidade e utilidade de recorrer ao Poder Judici-
ário. 
Neste mesmo sentido, diz-se a jurisdição como substitutiva, pois estaria substituindo a vontade 
das partes e aplicando no caso concreto a vontade da lei. O artigo 466-A do Código de Processo Civil de 
1973 revela de plano esta característica, que resta reproduzida na Lei de 2015: 
 
CPC/73: 
Art. 466-A. Condenado o devedor a emitir declaração de vontade, a sentença, uma 
vez transitada em julgado, produzirá todos os efeitos da declaração não emitida. 
 
CPC/2015: 
Art. 501. Na ação que tenha por objeto a emissão de declaração de vontade, a sen-
tença que julgar procedente o pedido, uma vez transitada em julgado, produzirá to-
dos os efeitos da declaração não emitida. 
 
Por fim, algumas outras características seriam agregadas à jurisdição, tais como indivisibilidade, 
indelegabilidade, declaratória de direitos, imparcialidade, entre outras, que fundamentam o conceito 
doutrinário de jurisdição. Ressalte-se que, pela letra da lei, não há conceituação e sequer elenco de 
características postos no Código de Processo Civil. 
 
 1.2. MODALIDADES DE JURISDIÇÃO 
 Acerca das modalidades da jurisdição, assim dispõe o artigo 1º do Código de Processo Civil de 
1973: 
Art. 1º A jurisdição civil, contenciosa e voluntária, é exercida pelos juízes, em todo o território nacional, 
conforme as disposições que este Código estabelece. 
 
 A Jurisdição Voluntária está prevista do art. 1.103 ao 1.210 do Código de Processo Civil de 
1973 e do art. 719 ao art. 770 do Código de Processo Civil de 2015. Pela teoria clássica (dominante), na 
jurisdição voluntária, o juiz realiza a gestão pública de interesses privados. Não há lide, mas negócio 
jurídico processual que necessita a chancela do Estado por meio de sua jurisdição. Torna eficaz o negócio 
desejado pelos interessados, sendo correta a denominação de ‘procedimento de jurisdição voluntária’. 
Ex.: nomeação de tutores, nas alienações de bens de incapazes, entres outros. (cfe. Humberto Theodoro 
Junior, Curso de Direito Processual Civil, Volume I, Editora Forense) 
 Ainda, Nelson Nery Junior e Rosa Maria de Andrade Nery afirmam em sua obra Código de Pro-
cesso Civil Comentado e Legislação Extravagante, 11ª edição, pg. 176: 
“Também denominada pela doutrina majoritária de jurisdição graciosa ou, ainda, de 
‘administração pública de interesses privados’, a jurisdição voluntária vem regulada 
no CPC, arts. 1103 a 1210. É jurisdição somente na forma. Não é jurisdição pu-
ra porque o juiz não diz o direito substituindo a vontade das partes, mas prati-
ca atividade integrativa do negócio jurídico privado administrado pelo Poder 
Judiciário. Esse negócio jurídico, contudo, não tem validade se não integrado 
pelo juiz, donde é lícito concluir não ser voluntária esta jurisdição, mas sim 
forçada. Nela não há processo, mas procedimento; não há lide, mas contro-
vérsia; não há partes, mas interessados; não incide o princípio dispositivo, 
mas sim o inquisitório; não há legalidade estrita, pois pode o juiz decidir por 
eqüidade (CPC, art. 1.109)”. 
 
 Na Jurisdição Contenciosa a atividade é jurisdicional, há a presença de lide (controvertido), 
chama-se de processo, há a presença de partes, produz coisa julgada e tem como critério de julgamento 
a legalidade. 
 
 
 
 
 
 
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2.1 HABEAS CORPUS NO PROCESSO CIVIL 
Esta ação constitucional tem aplicabilidade prática no processo civil, nos dois casos de ataque à 
liberdade da pessoa do executado, permitidos por lei civil, quais sejam execução de alimentos e deposi-
tário infiel. Quanto ao depositário infiel, aplica-se, atualmente, a Súmula Vinculante nº 25 do STF que 
assim preceitua: 
SÚMULA VINCULANTE 25 DO STF: É ilícita a prisão civil de depositário infiel, 
qualquer que seja a modalidade do depósito. 
 
2.2 MANDADO DE SEGURANÇA INDIVIDUAL E COLETIVO 
Conforme preceitua a ordem constitucional dada pelo art. 5°, LXIX: 
“Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por 
Habeas Corpus ou Habeas Data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autorida-
de pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público.” 
Remédio Constitucional em desfavor de autoridade pública ou agente de pessoa jurídica que e-
xerça atribuições do Poder Público. Aplica-se ao Mandado de Segurança o disposto no art. 5°, inciso 
LXIX, da Constituição Federal, bem como as disposições constantes na Lei n° 12.016/2009. É ação civil de 
rito sumário especial – sumariedade do procedimento – prova pré-constituída. Também chamado de 
ação mandamental, expede ordem para cumprimento imediato. 
Acerca da legitimidade ativa, afirma-se que qualquer pessoa que tenha sido lesada ou tenha so-
frido ameaça de lesão ao seu direito líquido e certo a possui. Pode ser pessoa física ou jurídica. Impetran-
te: qualquer pessoa que tiver seu direito “líquido e certo” violado ou houver justo receio de sofrer tal 
violação, mediante ilegalidade ou abuso de poder de autoridade, desde que este direito não seja ampa-
rado por habeas corpus ou habeas data, pode impetrar mandado de segurança. Pode ser pessoa física 
ou jurídica, de direito público ou privado. A jurisprudência reconhece que até mesmo organismos sem 
personalidade jurídica, na defesa de suas prerrogativas institucionais. Por exemplo, Prefeito, Câmara de 
Vereadores, Câmara dos Deputados, Presidente da República, Governador, entre outros. 
No pólo passivo, estará a autoridade que praticou a ilegalidade ou abuso de poder, violando di-
reito líquido e certo. Pessoa física investida de poder de decisão. Não deverá ser prioritariamente o mero 
executor, mas o prolator da decisão. A autoridade aqui, será autoridade pública, representantes, órgãos 
de partidos políticos, administradores de entidades autárquicas, dirigentes de pessoas jurídicas ou as 
pessoas naturais no exercício de atribuições do poder público. 
 
 
 
 
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É a chamada Autoridade Coatora, conforme dispõeo artigo 6°, §3º da Lei n° 12.016/09: “conside-
ra-se autoridade coatora aquela que tenha praticado o ato impugnado ou da qual emane a ordem para a 
sua prática”. 
Art. 1º. §1º Equiparam-se às autoridades, para os efeitos desta Lei, os representan-
tes ou órgãos de partidos políticos e os administradores de entidades autárquicas, 
bem como os dirigentes de pessoas jurídicas ou as pessoas naturais no exercício 
de atribuições do poder público, somente no que disser respeito a essas atribui-
ções. 
§ 2º Não cabe mandado de segurança contra os atos de gestão comercial pratica-
dos pelos administradores de empresas públicas, de sociedade de economia mista 
e de concessionárias de serviço público. 
 
Ressalte-se que a autoridade coatora não será a pessoa jurídica ou o órgão a que pertence e ao 
qual seu ato é impugnado em razão do ofício. A pessoa jurídica deverá ingressar dentro do prazo para as 
informações, como litisconsorte do impetrado. 
 
“Art. 7
o
 Ao despachar a inicial, o juiz ordenará: 
I - que se notifique o coator do conteúdo da petição inicial, enviando-lhe a segunda 
via apresentada com as cópias dos documentos, a fim de que, no prazo de 10 (dez) 
dias, preste as informações; 
II - que se dê ciência do feito ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica 
interessada, enviando-lhe cópia da inicial sem documentos, para que, querendo, in-
gresse no feito;” 
 
A respeito do assunto, mencionamos a Teoria da Encampação. Essa teoria se aplica nos casos em 
que a autoridade superior hierarquicamente não se limita a informar sua ilegitimidade passiva, mas 
adentra no mérito da ação, tornando-se legítima para figurar no pólo passivo da demanda. Neste senti-
do, trazemos a jurisprudência do STJ (ARE 696434 AgR, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Primeira Turma, julga-
do em 30/10/2012): “A primeira preliminar merece ser rejeitada porque, conforme entendimento recen-
te do STJ, na espécie aplica-se a teoria da encampação, uma vez que a autoridade apontada como coato-
ra, ao prestar suas informações (fls. 177/180), não se limitou a negar sua ilegitimidade e defendeu o 
mérito do ato impugnado, requerendo a denegação da segurança, assumindo, com isso, a legitimatio ad 
causam passiva (neste sentido RMS 21508/MG, rel. Min. Luiz Fux – 1ª Turma – DJ 12.05.2008 p.1)”. 
Litisconsórcio Passivo Necessário - Na visão da obra de Hely Lopes Meirelles, Arnold Wald e Gil-
mar Ferreira Mendes, “Mandado de Segurança e Ações Constitucionais”, há formação de litisconsórcio 
passivo necessário entre a autoridade coatora e a pessoa jurídica a que está vinculada, a saber: “É litis-
consórcio necessário, não se identificando com o impetrado, mas sofrendo os efeitos da sentença que 
vier a ser proferida”. 
Art. 14. Da sentença, denegando ou concedendo o mandado, cabe apelação. 
§ 1
o
 Concedida a segurança, a sentença estará sujeita obrigatoriamente ao 
duplo grau de jurisdição. 
§ 2
o
 Estende-se à autoridade coatora o direito de recorrer. 
§ 3
o
 A sentença que conceder o mandado de segurança pode ser executada provi-
soriamente, salvo nos casos em que for vedada a concessão da medida liminar. 
 
Conforme previsão do art. 5º da Lei 12.016/09, importa colacionar as hipóteses de não cabimen-
to do Mandado de Segurança, a saber: 
 
 
 
 
 
 
9 
 
9 
1) de ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo, independentemente de 
caução: Não há obrigatoriedade de postular na esfera administrativa. Utilizando o recurso com efeito 
suspensivo, ter-se-á que aguardar seu julgamento. Inadmissível a concomitância de recurso administrati-
vo e mandado de segurança. “Carência do direito de ação” – STF, MS n. 24.511-DF. 
2) de decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo: Inadmissível Mandado de Se-
gurança como substitutivo recursal, sendo hipótese de aplicação da Súmula 267 do Supremo Tribunal 
Federal. Admite-se a possibilidade do Mandado de Segurança para conferir efeito suspensivo ao recurso 
que não o tenha, desde que interposto o recurso cabível – STF, RTJ 81/879. Requerimento de concessão 
de liminar dando efeito suspensivo ao recurso até o julgamento. É de se observar que, no que tange aos 
efeitos do recebimento da apelação, cabe agravo de instrumento dirigido diretamente ao tribunal, forte 
no art. 523, §4º do CPC. O Superior Tribunal de Justiça vem admitindo a impetração de Mandado de 
Segurança contra atos irrecorríveis do relator do Agravo de Instrumento, quando este converte em Agra-
vo Retido – STJ, RMS n. 22.847 – MT. 
3) de decisão judicial transitada em julgado: A coisa julgada é atacável por Ação Rescisória, sendo 
aplicável no presente caso a Súmula 268 do Supremo Tribunal Federal. 
Por derradeiro, importa referir que não é vedada a utilização de Mandado de Segurança contra 
ato disciplinar e ato de dirigente de estabelecimento particular sempre que realizem atividades delega-
das do Poder Público. Atos de gestão comercial, realizados no interesse interno e particular da empresa 
ou instituição, não cabem Mandado de Segurança. 
Conforme afirma a obra “Mandado de Segurança e Ações Constitucionais” de Hely Lopes Meirel-
les e outros, pág. 49: 
“Assim, quando o diretor de uma escola particular nega ilegalmente uma matrícula, 
ou a empresa pública ou mista comete uma ilegalidade no desempenho da atribui-
ção delegada, cabe segurança. Mas, quando tais entidades, por seus dirigentes, re-
alizam atividade civil ou comercial, estranha à delegação, respondem perante a Jus-
tiça como particulares desvestidos de autoridade pública, e por isso só se sujeitam 
às ações comuns, excluído o mandamus”. 
 
No que tange à arbitragem, o terceiro que anuiu à arbitragem e dela não participou poderá impe-
trar Mandado de Segurança. 
Procedimento: É ação documental destinada a proteger direito líquido e certo de pessoa física 
ou jurídica. É uma garantia do mais alto grau, pois trata-se de remédio constitucional. 
a) Não há fase destinada à instrução probatória. 
b) Necessária a existência de prova pré-constituída. 
c) Direito Líquido e Certo: “está se exigindo que esse direito se apresente com to-
dos os requisitos para seu reconhecimento e exercício no momento da impetração. Em últi-
ma análise, direito líquido e certo é direito comprovado de plano”.
1
 
 
Art. 4
o
 Em caso de urgência, é permitido, observados os requisitos legais, impetrar 
mandado de segurança por telegrama, radiograma, fax ou outro meio eletrônico de 
autenticidade comprovada. 
 
1 Hely Lopes Meirelles 
 
 
 
 
10 
 
10 
§ 2
o
 O texto original da petição deverá ser apresentado nos 5 (cinco) dias úteis se-
guintes. 
§ 3
o
 Para os fins deste artigo, em se tratando de documento eletrônico, serão ob-
servadas as regras da Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira – ICP-Brasil. 
 
Petição inicial: A petição inicial que deverá preencher os requisitos da lei processual, será apre-
sentada em 2 vias e os documentos, que instruírem a primeira, deverão ser reproduzidos, por cópia, na 
segunda. 
Art. 6
o
 A petição inicial, que deverá preencher os requisitos estabelecidos pela lei 
processual, será apresentada em 2 (duas) vias com os documentos que instruírem 
a primeira reproduzidos na segunda e indicará, além da autoridade coatora, a 
pessoa jurídica que esta integra, à qual se acha vinculada ou da qual exerce 
atribuições. 
Art. 7
o
 Ao despachar a inicial, o juiz ordenará: 
I - que se notifique o coator do conteúdo da petição inicial, enviando-lhe a se-
gunda via apresentada com as cópias dos documentos, a fim de que, no prazo de 
10 (dez) dias, preste as informações; 
II - que se dê ciência do feito ao órgão de representação judicial da pessoa ju-
rídica interessada, enviando-lhe cópia da inicial sem documentos, para que, que-
rendo, ingresse no feito; 
III - que se suspenda o ato que deu motivo ao pedido, quando houver fundamento 
relevante e do ato impugnado puder resultar a ineficácia da medida, casoseja fi-
nalmente deferida, sendo facultado exigir do impetrante caução, fiança ou depósito, 
com o objetivo de assegurar o ressarcimento à pessoa jurídica. 
Liminar – art. 7
o
, II da Lei do MS: 
 Relevância da Fundamentação; 
 Risco de ineficácia da medida, caso deferida. 
 
 Da decisão que denega liminar, cabe agravo de instrumento. 
 
Art. 7º. § 1
o
 Da decisão do juiz de primeiro grau que conceder ou denegar a liminar 
caberá agravo de instrumento 
Art. 7º. § 2
o
 Não será concedida medida liminar que tenha por objeto a com-
pensação de créditos tributários, a entrega de mercadorias e bens provenien-
tes do exterior, a reclassificação ou equiparação de servidores públicos e a 
concessão de aumento ou a extensão de vantagens ou pagamento de qual-
quer natureza. 
Art. 8
o
 Será decretada a perempção ou caducidade da medida liminar ex officio ou 
a requerimento do Ministério Público quando, concedida a medida, o impetrante cri-
ar obstáculo ao normal andamento do processo ou deixar de promover, por mais de 
3 (três) dias úteis, os atos e as diligências que lhe cumprirem. 
 
A inicial será desde logo indeferida quando não for caso de mandado de segurança, lhe faltar 
algum dos requisitos ou quando decorrido o prazo decadencial, forte no art. 10 da Lei 12.016/09. 
Art. 10. § 1
o
 Do indeferimento da inicial pelo juiz de primeiro grau caberá apelação 
e, quando a competência para o julgamento do mandado de segurança couber ori-
ginariamente a um dos tribunais, do ato do relator caberá agravo para o órgão com-
petente do tribunal que integre. 
§ 2
o
 O ingresso de litisconsorte ativo não será admitido após o despacho da petição 
inicial. 
 
 
 
 
 
 
11 
 
11 
Do despacho de indeferimento caberá recurso de apelação. Findo o prazo de 10 dias para a 
prestação de informações e ouvido o representante do Ministério Público dentro de 10 dias, os autos 
serão conclusos ao juiz, independente de solicitação da parte, para a decisão, a qual deverá ser necessa-
riamente proferida em 30 dias, consoante art. 12, parágrafo único. 
 
- PECULIARIDADES: 
SUSPENSÃO DA SEGURANÇA 
Art. 15. Quando, a requerimento de pessoa jurídica de direito público interessada ou 
do Ministério Público e para evitar grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à 
economia públicas, o presidente do tribunal ao qual couber o conhecimento do res-
pectivo recurso suspender, em decisão fundamentada, a execução da liminar e da 
sentença, dessa decisão caberá agravo, sem efeito suspensivo, no prazo de 5 (cinco) 
dias, que será levado a julgamento na sessão seguinte à sua interposição. 
§ 1º Indeferido o pedido de suspensão ou provido o agravo a que se refere o caput 
deste artigo, caberá novo pedido de suspensão ao presidente do tribunal competente 
para conhecer de eventual recurso especial ou extraordinário. 
§ 2º É cabível também o pedido de suspensão a que se refere o § 1º deste artigo, 
quando negado provimento a agravo de instrumento interposto contra a liminar a que 
se refere este artigo. 
§ 3º A interposição de agravo de instrumento contra liminar concedida nas ações 
movidas contra o poder público e seus agentes não prejudica nem condiciona o jul-
gamento do pedido de suspensão a que se refere este artigo. 
§ 4º O presidente do tribunal poderá conferir ao pedido efeito suspensivo liminar se 
constatar, em juízo prévio, a plausibilidade do direito invocado e a urgência na con-
cessão da medida. 
§ 5º As liminares cujo objeto seja idêntico poderão ser suspensas em uma única de-
cisão, podendo o presidente do tribunal estender os efeitos da suspensão a liminares 
supervenientes, mediante simples aditamento do pedido original. 
 
RECURSO – COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA DOS TRIBUNAIS 
 
Art. 16. Nos casos de competência originária dos tribunais, caberá ao relator a ins-
trução do processo, sendo assegurada a defesa oral na sessão do julgamento. 
Parágrafo único. Da decisão do relator que conceder ou denegar a medida liminar 
caberá agravo ao órgão competente do tribunal que integre. 
Art. 18. Das decisões em mandado de segurança proferidas em única instância pe-
los tribunais cabe recurso especial e extraordinário, nos casos legalmente previstos, 
e recurso ordinário, quando a ordem for denegada. 
 
LIMITAÇÃO DA COISA JULGADA FORMAL 
 
Art. 19. A sentença ou o acórdão que denegar mandado de segurança, sem decidir o 
mérito, não impedirá que o requerente, por ação própria, pleiteie os seus direitos e os 
respectivos efeitos patrimoniais. 
 
INEXISTÊNCIA DE CONDENAÇÃO EM HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS 
 
Art. 25. Não cabem, no processo de mandado de segurança, a interposição de em-
bargos infringentes e a condenação ao pagamento dos honorários advocatícios, sem 
prejuízo da aplicação de sanções no caso de litigância de má-fé. 
 
 
 
 
 
12 
 
12 
TRAMITAÇÃO PREFERENCIAL 
Art. 20. Os processos de mandado de segurança e os respectivos recursos terão 
prioridade sobre todos os atos judiciais, salvo habeas corpus. 
§ 1º Na instância superior, deverão ser levados a julgamento na primeira sessão que 
se seguir à data em que forem conclusos ao relator. 
§ 2º O prazo para a conclusão dos autos não poderá exceder de 5 (cinco) dias. 
DO PRAZO DECADENCIAL 
Prazo decadencial de 120 dias contados da ciência, pelo interessado, do ato impugnado. 
Art. 23. O direito de requerer mandado de segurança extinguir-se-á decorridos 120 
(cento e vinte) dias, contados da ciência, pelo interessado, do ato impugnado. 
 
O Mandado de Segurança Coletivo, por sua vez, resta estabelecido no art. 5º, LXX da Constituição Fede-
ral, assim preceituando: 
 
LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por: 
a) partido político com representação no Congresso Nacional; 
b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcio-
namento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados; 
De regra, possui o mesmo rito e disciplina legal do Mandado de Segurança Individual, sendo pon-
to diferencial relevante apenas a legitimidade para a sua impetração. 
Art. 21. O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por partido político 
com representação no Congresso Nacional, na defesa de seus interesses legítimos 
relativos a seus integrantes ou à finalidade partidária, ou por organização sindical, 
entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há, 
pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de direitos líquidos e certos da totalidade, 
ou de parte, dos seus membros ou associados, na forma dos seus estatutos e 
desde que pertinentes às suas finalidades, dispensada, para tanto, autoriza-
ção especial. 
Art. 22. No mandado de segurança coletivo, a sentença fará coisa julgada limita-
damente aos membros do grupo ou categoria substituídos pelo impetrante. 
 
Neste tópico, cumpre ressaltar que o art. 22 trata da chamada coisa julgada ‘ultra partes’, benefi-
ciando ou não, os membros do grupo ou categoria substituídos pelo impetrante. 
 
§ 1
o
 O mandado de segurança coletivo não induz litispendência para as ações indi-
viduais, mas os efeitos da coisa julgada não beneficiarão o impetrante a título indivi-
dual se não requerer a desistência de seu mandado de segurança no prazo de 30 
(trinta) dias a contar da ciência comprovada da impetração da segurança coletiva. 
 
 
Importa referir a visão da obra de Hely Lopes Meirelles, acerca do tema da competência de jul-
gamento do Mandado de Segurança, a saber: 
“A competência para julgar mandado de segurança define-se pela categoria da au-
toridade coatora e pela sua sede funcional [...]. Para a fixação do juízo competente 
em mandado de segurança não interessa a natureza do ato impugnado; o que im-
porta é a sede da autoridade coatora e sua categoria funcional, reconhecida nas 
normas de organização judiciária pertinentes. (in Mandado de Segurança, 31ª edi-
ção, Malheiros Editores, págs. 75 e 77)”. 
 
 
 
 
 
 
13 
 
13 
O STJ já decidiu que “A competênciapara conhecer do mandado de segurança é fixada em razão 
da sede funcional da autoridade coatora”. (CC 60.560/DF, Rel. Min. Eliana Calmon, Primeira Seção, DJ 
12/2/2007). Também a respeito do assunto, já se manifestou o STJ no seguinte sentido: “1. Na linha de 
orientação desta Corte Superior, em se tratando de mandado de segurança, a competência para proces-
samento e julgamento da demanda é estabelecida de acordo com a sede funcional da autoridade apon-
tada como coatora e a sua categoria profissional, o que evidencia a natureza absoluta e a improrrogabili-
dade da competência, bem como a possibilidade de seu conhecimento ex officio. (...) 3. Considerando 
que o mandamus deve ser processado e julgado pelo juízo competente em relação ao local correto da 
sede funcional da autoridade apontada como coatora, evidencia-se a competência do Juízo Suscitante 
para apreciar a ação mandamental em questão”. (CC 41.579/RJ, Rel. Min. Denise Arruda, Primeira Seção, 
DJ 24/10/2005, p. 156). 
 
DECISÕES RELEVANTES SOBRE MANDADO DE SEGURANÇA: 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL. IMPOSSIBILIDADE DE EXECUÇÃO INDIVIDU-
AL DE SENTENÇA COLETIVA POR PESSOA NÃO FILIADA À ASSOCIAÇÃO 
AUTORA DA AÇÃO COLETIVA. O servidor não filiado não detém legitimi-
dade para executar individualmente a sentença de procedência oriunda 
de ação coletiva - diversa de mandado de segurança coletivo - proposta 
por associação de servidores. De fato, não se desconhece que prevalece 
na jurisprudência do STJ o entendimento de que, indistintamente, os sin-
dicatos e associações, na qualidade de substitutos processuais, detêm le-
gitimidade para atuar judicialmente na defesa dos interesses coletivos de 
toda a categoria que representam; por isso, caso a sentença coletiva não 
tenha uma delimitação expressa dos seus limites subjetivos, a coisa julga-
da advinda da ação coletiva deve alcançar todas as pessoas da categoria, 
legitimando-as para a propositura individual da execução de sentença. 
Contudo, não pode ser ignorado que, por ocasião do julgamento do RE 
573.232-SC, sob o regime do artigo 543-B do CPC, o STF proferiu decisão, 
com repercussão geral, vinculando horizontalmente seus magistrados e 
verticalmente todos os demais, reiterando sua jurisprudência, firmada no 
sentido de que "as balizas subjetivas do título judicial, formalizado em a-
ção proposta por associação, é definida pela representação no processo 
de conhecimento, presente a autorização expressa dos associados e a lista 
destes juntada à inicial". À luz da interpretação do art. 5º, XXI, da CF, con-
ferida por seu intérprete maior, não caracterizando a atuação de associa-
ção como substituição processual - à exceção do mandado de segurança 
coletivo -, mas como representação, em que é defendido o direito de ou-
trem (dos associados), não em nome próprio da entidade, não há como 
reconhecer a possibilidade de execução da sentença coletiva por membro 
da coletividade que nem sequer foi filiado à associação autora da ação co-
letiva. Assim, na linha do decidido pelo STF, à exceção do mandado de se-
gurança coletivo, em se tratando de sentença de ação coletiva ajuizada 
por associação em defesa de direitos individuais homogêneos, para se 
beneficiar do título, ou o interessado integra essa coletividade de filiados 
(e nesse caso, na condição de juridicamente interessado, é-lhe facultado 
tanto dar curso à eventual demanda individual, para ao final ganhá-la ou 
perdê-la, ou então sobrestá-la, e, depois, beneficiar-se da eventual coisa 
julgada coletiva); ou, não sendo associado, pode, oportunamente, litis-
consorciar-se ao pleito coletivo, caso em que será recepcionado como 
parte superveniente (arts. 103 e 104 do CDC). É oportuno frisar que, em-
bora o mencionado leading case do STF não tenha deixado claro se a sen-
tença coletiva pode vir a beneficiar aqueles que se filiam à associação 
posteriormente - tema de repercussão geral número 499, que será dirimi-
do por ocasião do julgamento do RE 612.043-PR -, não há dúvidas de que 
a sentença coletiva, prolatada em ação de rito ordinário, só pode benefi-
 
 
 
 
14 
 
14 
ciar os associados. Por último, a título de oportuno registro, cabe ressaltar 
que a legitimação concorrente, prevista no art. 82, IV, do CDC para defesa 
coletiva de interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos de con-
sumidores e das vítimas, é manifestamente impertinente ao caso em e-
xame, pois o dispositivo restringe essa hipótese de atuação às associações 
legalmente constituídas há pelo menos um ano e "que incluam entre seus 
fins institucionais a defesa dos direitos protegidos pelo Código consume-
rista". REsp 1.374.678-RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 
23/6/2015, DJe 4/8/2015. 
DIREITO ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. TERMO INICIAL DO 
PRAZO DECADENCIAL PARA IMPETRAR MS CONTRA ATO ADMINISTRA-
TIVO QUE EXCLUI CANDIDATO DE CONCURSO PÚBLICO. O termo inicial 
do prazo decadencial para a impetração de mandado de segurança no 
qual se discuta regra editalícia que tenha fundamentado eliminação em 
concurso público é a data em que o candidato toma ciência do ato ad-
ministrativo que determina sua exclusão do certame, e não a da publi-
cação do edital. Precedente citado: EREsp 1.266.278-MS, Corte Especial, 
DJe 10/5/2013. REsp 1.124.254-PI, Rel. Min. Sidnei Beneti, julgado em 
1º/7/2014. 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL. DESISTÊNCIA DE MANDADO DE SEGURAN-
ÇA. O impetrante pode desistir de mandado de segurança sem a anuên-
cia do impetrado mesmo após a prolação da sentença de mérito. Esse 
entendimento foi definido como plenamente admissível pelo STF. De fato, 
por ser o mandado de segurança uma garantia conferida pela CF ao parti-
cular, indeferir o pedido de desistência para supostamente preservar inte-
resses do Estado contra o próprio destinatário da garantia constitucional 
configuraria patente desvirtuamento do instituto. Essa é a razão por que 
não se aplica, ao processo de mandado de segurança, o que dispõe o art. 
267, § 4º, do CPC ("Depois de decorrido o prazo para a resposta, o autor 
não poderá, sem o consentimento do réu, desistir da ação."). Precedentes 
citados do STF: RE 669.367-RJ, Pleno, DJe 9/8/2012; e RE-AgR 550.258-PR, 
Primeira Turma, DJe 26/8/2013. REsp 1.405.532-SP, Rel. Min. Eliana Cal-
mon, julgado em 10/12/2013. 
EMENTA RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL ADMITIDA. 
PROCESSO CIVIL. MANDADO DE SEGURANÇA. PEDIDO DE DESISTÊNCIA 
DEDUZIDO APÓS A PROLAÇÃO DE SENTENÇA. ADMISSIBILIDADE. “É líci-
to ao impetrante desistir da ação de mandado de segurança, indepen-
dentemente de aquiescência da autoridade apontada como coatora ou 
da entidade estatal interessada ou, ainda, quando for o caso, dos litis-
consortes passivos necessários” (MS 26.890-AgR/DF, Pleno, Ministro 
Celso de Mello, DJe de 23.10.2009), “a qualquer momento antes do tér-
mino do julgamento” (MS 24.584-AgR/DF, Pleno, Ministro Ricardo Le-
wandowski, DJe de 20.6.2008), “mesmo após eventual sentença concessi-
va do ‘writ’ constitucional, (…) não se aplicando, em tal hipótese, a norma 
inscrita no art. 267, § 4º, do CPC” (RE 255.837-AgR/PR, 2ª Turma, Ministro 
Celso de Mello, DJe de 27.11.2009). Jurisprudência desta Suprema Corte 
reiterada em repercussão geral (Tema 530 - Desistência em mandado de 
segurança, sem aquiescência da parte contrária, após prolação de senten-
ça de mérito, ainda que favorável ao impetrante). Recurso extraordinário 
provido. (RE 669367, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Relator(a) p/ Acórdão: 
Min. ROSA WEBER, Tribunal Pleno, julgado em 02/05/2013, ACÓRDÃO E-
LETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-213 DIVULG 29-10-2014 
PUBLIC 30-10-2014) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 
 
15 
2.3 HABEAS DATA 
Conforme determina a Constituição Federal em seu artigo 5º, LXXII, conceder-se-á "habeas-
data": para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de 
registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público; para a retificação de 
dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso,judicial ou administrativo. 
A matéria encontra-se regulamentada na Lei 9.507/97, que dispõe que o requerimento será a-
presentado ao órgão ou entidade depositária do registro ou banco de dados e será deferido ou indeferi-
do no prazo de quarenta e oito horas, sendo que a decisão será comunicada ao requerente em vinte e 
quatro horas. 
Conforme estabelece a Lei 9.507/97, é hipótese de concessão do habeas data: 
A) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, 
constantes de registro ou banco de dados de entidades governamentais ou de cará-
ter público; 
B) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, 
judicial ou administrativo; 
C) para a anotação nos assentamentos do interessado, de contestação ou explicação 
sobre dado verdadeiro mas justificável e que esteja sob pendência judicial ou amigável. 
No que se refere à petição inicial, esta deverá preencher os requisitos dos arts. 282 a 285 do Có-
digo de Processo Civil de 1973 (art. 319 do Código de Processo Civil de 2015), sendo apresentada em 
duas vias, e os documentos que instruírem a primeira serão reproduzidos por cópia na segunda. A peti-
ção inicial deverá ser instruída, ainda, com prova: da recusa ao acesso às informações ou do decurso de 
mais de dez dias sem decisão; da recusa em fazer-se a retificação ou do decurso de mais de quinze dias, 
sem decisão; ou da recusa em fazer-se a anotação a que se refere o § 2° do art. 4° da lei 9.507/97 ou do 
decurso de mais de quinze dias sem decisão. 
Art. 9° Ao despachar a inicial, o juiz ordenará que se notifique o coator do conteúdo 
da petição, entregando-lhe a segunda via apresentada pelo impetrante, com as có-
pias dos documentos, a fim de que, no prazo de dez dias, preste as informações 
que julgar necessárias. 
Art. 10. A inicial será desde logo indeferida, quando não for o caso de habeas data, 
ou se lhe faltar algum dos requisitos previstos nesta Lei. 
Parágrafo único. Do despacho de indeferimento caberá recurso previsto no art. 15. 
Art. 11. Feita a notificação, o serventuário em cujo cartório corra o feito, juntará aos 
autos cópia autêntica do ofício endereçado ao coator, bem como a prova da sua en-
trega a este ou da recusa, seja de recebê-lo, seja de dar recibo. 
Art. 12. Findo o prazo a que se refere o art. 9°, e ouvido o representante do Ministé-
rio Público dentro de cinco dias, os autos serão conclusos ao juiz para decisão a ser 
proferida em cinco dias. 
Art. 13. Na decisão, se julgar procedente o pedido, o juiz marcará data e horário pa-
ra que o coator: 
I - apresente ao impetrante as informações a seu respeito, constantes de registros 
ou bancos de dados; ou 
II - apresente em juízo a prova da retificação ou da anotação feita nos assentamen-
tos do impetrante. 
 
 
 
 
16 
 
16 
Art. 14. A decisão será comunicada ao coator, por correio, com aviso de recebimen-
to, ou por telegrama, radiograma ou telefonema, conforme o requerer o impetrante. 
Parágrafo único. Os originais, no caso de transmissão telegráfica, radiofônica ou te-
lefônica deverão ser apresentados à agência expedidora, com a firma do juiz devi-
damente reconhecida. 
Art. 15. Da sentença que conceder ou negar o habeas data cabe apelação. 
Parágrafo único. Quando a sentença conceder o habeas data, o recurso terá efeito 
meramente devolutivo. 
Art. 16. Quando o habeas data for concedido e o Presidente do Tribunal ao qual 
competir o conhecimento do recurso ordenar ao juiz a suspensão da execução da 
sentença, desse seu ato caberá agravo para o Tribunal a que presida. 
Art. 17. Nos casos de competência do Supremo Tribunal Federal e dos demais Tri-
bunais, caberá ao relator a instrução do processo. 
Art. 18. O pedido de habeas data poderá ser renovado se a decisão denegatória 
não lhe houver apreciado o mérito. 
Art. 19. Os processos de habeas data terão prioridade sobre todos os atos judiciais, 
exceto habeas-corpus e mandado de segurança. Na instância superior, deverão ser 
levados a julgamento na primeira sessão que se seguir à data em que, feita a distri-
buição, forem conclusos ao relator. 
Parágrafo único. O prazo para a conclusão não poderá exceder de vinte e quatro 
horas, a contar da distribuição. 
Art. 20. O julgamento do habeas data compete: 
I - originariamente: 
a) ao Supremo Tribunal Federal, contra atos do Presidente da República, das Me-
sas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de Contas da Uni-
ão, do Procurador-Geral da República e do próprio Supremo Tribunal Federal; 
b) ao Superior Tribunal de Justiça, contra atos de Ministro de Estado ou do próprio 
Tribunal; 
c) aos Tribunais Regionais Federais contra atos do próprio Tribunal ou de juiz fede-
ral; 
d) a juiz federal, contra ato de autoridade federal, excetuados os casos de compe-
tência dos tribunais federais; 
e) a tribunais estaduais, segundo o disposto na Constituição do Estado; 
f) a juiz estadual, nos demais casos; 
II - em grau de recurso: 
a) ao Supremo Tribunal Federal, quando a decisão denegatória for proferida em ú-
nica instância pelos Tribunais Superiores; 
b) ao Superior Tribunal de Justiça, quando a decisão for proferida em única instân-
cia pelos Tribunais Regionais Federais; 
c) aos Tribunais Regionais Federais, quando a decisão for proferida por juiz federal; 
 
 
 
 
 
 
17 
 
17 
d) aos Tribunais Estaduais e ao do Distrito Federal e Territórios, conforme dispuse-
rem a respectiva Constituição e a lei que organizar a Justiça do Distrito Federal; 
III - mediante recurso extraordinário ao Supremo Tribunal Federal, nos casos previs-
tos na Constituição. 
Art. 21. São gratuitos o procedimento administrativo para acesso a informações e 
retificação de dados e para anotação de justificação, bem como a ação de habeas 
data. 
DECISÃO RELEVANTE SOBRE O ‘HABEAS DATA’ NO STF: 
“Habeas data” e informações fazendárias - 1 O “habeas data” é a garan-
tia constitucional adequada para a obtenção, pelo próprio contribuinte, 
dos dados concernentes ao pagamento de tributos constantes de siste-
mas informatizados de apoio à arrecadação dos órgãos da administração 
fazendária dos entes estatais. (...) O Colegiado afirmou que o “habeas 
data” seria ação constitucional voltada a garantir o acesso de uma pes-
soa a informações sobre ela, constantes de arquivos ou bancos de dados 
de entidades governamentais ou públicas (CF, art. 5º, LXXII, a). Estaria à 
disposição dos cidadãos para que pudessem implementar direitos subje-
tivos obstaculizados, alcançáveis por meio do acesso à informação e à 
transmissão de dados. A sua regulamentação legal (Lei 9.507/1997) de-
monstraria ser de caráter público todo registro ou banco de dados con-
tendo informações que fossem ou que pudessem ser transmitidas a ter-
ceiros, ou que não fossem de uso privativo do órgão ou entidade produ-
tora ou depositária dessas informações. A lei não teria por objetivo ne-
gar a seu próprio titular o conhecimento das informações que a seu res-
peito estivessem cadastradas junto às entidades depositárias. Pretende-
ria, na verdade, restringir a divulgação a outros órgãos ou a terceiros. No 
caso, o Sincor registraria os dados de apoio à arrecadação federal ao ar-
mazenar os débitos e créditos existentes acerca dos contribuintes. En-
quadrar-se-ia, assim, no conceito mais amplo de arquivos, bancos ou re-
gistros de dados, entendidos em sentido “lato”, para abranger tudo que 
dissesse respeito ao interessado, direta ou indiretamente. Os legitimados 
ativos para a propositura da ação seriam pessoas físicas e jurídicas, nacio-
nais e estrangeiras. Em relação aos contribuintes, seria assegurado o di-
reito de conhecer as informações que lhes dissessem respeito em bancos 
de dados públicos ou de caráter público, em razão da necessidade de pre-
servar seu nome, planejamento empresarial, estratégia de investimento 
e, em especial, a recuperação de tributos pagos indevidamente, entre ou-
tras. Assim, essas informações não seriam de uso privativo do órgão ouentidade produtora ou depositária, mas diriam respeito ao próprio con-
tribuinte. Seria diferente se fossem requeridas pelos contribuintes infor-
mações sobre o planejamento estratégico do órgão fazendário, a ensejar 
o desprovimento do recurso. Entretanto, os extratos atinentes às anota-
ções constantes do Sincor e outros sistemas informatizados de apoio à ar-
recadação federal, quanto ao pagamento de tributos federais, não envol-
veriam a hipótese de sigilo legal ou constitucional, uma vez requeridos pe-
lo próprio contribuinte, sobre dados próprios. Nesse sentido, dever-se-ia 
entender como possível a impetração do “habeas data” de forma a es-
clarecer à pessoa física ou jurídica os valores por ela pagos a título de 
tributos ou qualquer outro tipo de pagamento constante dos registros 
da Receita Federal ou qualquer outro órgão fazendário das entidades es-
 
 
 
 
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18 
tatais (...) c) as informações seriam inúteis como prova de eventual pa-
gamento indevido, a ser utilizada no âmbito de ação de repetição de in-
débito, em face de seu caráter provisório; d) o “habeas data” seria des-
necessário para a obtenção das informações acerca dos seus débitos tri-
butários e pagamentos realizados, posto que o contribuinte deveria tê-
los em sua contabilidade; e e) o risco para a ordem administrativa de-
corrente do efeito multiplicador de eventual precedente no sentido do 
cabimento do “habeas data” na hipótese.. (RE 673707/MG, rel. Min. Luiz 
Fux, 17.6.2015, grifo nosso) 
 
 
2.4 AÇÃO POPULAR 
Encontra previsão na Constituição Federal, no art. 5º, inciso LXXIII, bem como regulamentação 
pela Lei 4.717/65. 
A Ação Popular visa a defesa dos interesses da coletividade, perante os gestores do patrimônio 
público. Qualquer cidadão será parte legítima para pleitear a anulação ou a declaração de nulidade de 
atos lesivos ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados, dos Municípios, de entidades au-
tárquicas, de sociedades de economia mista, de sociedades mútuas de seguro nas quais a União repre-
sente os segurados ausentes, de empresas públicas, de serviços sociais autônomos, de instituições ou 
fundações para cuja criação ou custeio o tesouro público haja concorrido ou concorra com mais de cin-
qüenta por cento do patrimônio ou da receita ânua, de empresas incorporadas ao patrimônio da União, 
do Distrito Federal, dos Estados e dos Municípios, e de quaisquer pessoas jurídicas ou entidades subven-
cionadas pelos cofres públicos. Pela ação popular são tutelados interesses difusos ou coletivos pertinen-
tes aos cidadãos brasileiros, à coletividade. 
Três requisitos constitucionais devem ser observados para intentar a Ação Popular: 
a. a condição de cidadão brasileiro; (pessoa física, pessoa jurídica não está 
legitimada) 
b. a ilegalidade do ato a invalidar; 
c. a lesividade do ato para o patrimônio público. 
 
Consideram-se patrimônio público para os fins referidos na ação popular, os bens e direitos de 
valor econômico, artístico, estético, histórico ou turístico. 
Legitimidade Ativa: qualquer cidadão poderá figurar no pólo ativo da ação popular. Pessoa jurídi-
ca, portanto, não poderá ser legitimada ativa. A prova da cidadania, para ingresso em juízo, será feita 
com o título eleitoral, ou com documento que a ele corresponda. É facultado a qualquer cidadão habili-
tar-se como litisconsorte ou assistente do autor da ação popular. 
Legitimidade Passiva: contra as autoridades, funcionários ou administradores que houverem au-
torizado, aprovado, ratificado ou praticado o ato impugnado, ou que, por omissas, tiverem dado oportu-
nidade à lesão, e contra os beneficiários diretos do mesmo. Qualquer pessoa, beneficiada ou responsável 
pelo ato impugnado, cuja existência ou identidade se torne conhecida no curso do processo e antes de 
proferida a sentença final de primeira instância, deverá ser citada para a integração do contraditório, 
sendo-lhe restituído o prazo para contestação e produção de provas. 
Súmula 101 STF “O mandado de segurança não substitui a ação popular” 
Súmula 365 STF “Pessoa jurídica não tem legitimidade para propor ação popular” 
 
 
 
 
 
 
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A pessoa jurídica de direito público ou de direito privado, cujo ato seja objeto de impugnação, 
poderá abster-se de contestar o pedido, ou poderá atuar ao lado do autor, desde que isso se afigure útil 
ao interesse público, a juízo do respectivo representante legal ou dirigente. O Ministério Público funciona 
com custos legais ou prossegue com a ação se o Autor desistir. 
O prazo de contestação é de 20 (vinte) dias, prorrogáveis por mais 20 (vinte), a requerimento do 
interessado, se particularmente difícil a produção de prova documental, e será comum a todos os inte-
ressados, correndo da entrega em cartório do mandado cumprido, ou, quando for o caso, do decurso do 
prazo assinado em edital. 
A sentença tem força constitutiva e condenatória, uma vez que, sendo procedente a ação popu-
lar, a sentença decretará a invalidade do ato impugnado, condenará ao pagamento de perdas e danos os 
responsáveis pela sua prática e os beneficiários dele, ressalvada a ação regressiva contra os funcionários 
causadores de dano, quando incorrerem em culpa. 
A sentença incluirá sempre, na condenação dos réus, o pagamento, ao autor, das custas e demais 
despesas, judiciais e extrajudiciais, diretamente relacionadas com a ação e comprovadas, bem como o 
dos honorários de advogado. 
Sendo o valor da lesão provado no curso da causa, será indicado na sentença. Dependendo de 
avaliação ou perícia, será apurado na execução. 
Quando a lesão resultar da falta ou isenção de qualquer pagamento, a condenação imporá o pa-
gamento devido, com acréscimo de juros de mora e multa legal ou contratual, se houver. Quando a lesão 
resultar da execução fraudulenta, simulada ou irreal de contratos, a condenação versará sobre a reposi-
ção do débito, com juros de mora. 
A parte condenada a restituir bens ou valores ficará sujeita a sequestro e penhora, desde a prola-
ção da sentença condenatória. A sentença terá eficácia de coisa julgada oponível "erga omnes", exceto 
no caso de haver sido a ação julgada improcedente por deficiência de prova; neste caso, qualquer cida-
dão poderá intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova. 
A sentença que concluir pela carência ou pela improcedência da ação está sujeita ao duplo grau 
de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada pelo tribunal. Da sentença que julgar a 
ação procedente caberá apelação, com efeito suspensivo. Das decisões interlocutórias cabe agravo de 
instrumento. Das sentenças e decisões proferidas contra o autor da ação e suscetíveis de recurso, poderá 
recorrer qualquer cidadão e também o Ministério Público. 
Quando o réu condenado perceber dos cofres públicos, a execução far-se-á por desconto em fo-
lha até o integral ressarcimento do dano causado, se assim mais convier ao interesse público. A ação 
popular prescreve em 5 (cinco) anos, contando-se da data de publicação do ato. 
 DECISÕES RELEVANTES SOBRE A ‘AÇÃO POPULAR’ NO STF: 
Direito Constitucional e Processual Civil. Ação popular. Condições da a-
ção. Ajuizamento para combater ato lesivo à moralidade administrativa. 
Possibilidade. Acórdão que manteve sentença que julgou extinto o pro-
cesso, sem resolução do mérito, por entender que é condição da ação 
popular a demonstração de concomitante lesão ao patrimônio público 
material. Desnecessidade. Conteúdo do art. 5º, inciso LXXIII, da Consti-
tuição Federal. Reafirmação de jurisprudência. Repercussão geral reco-
nhecida. (...). (ARE 824781 RG, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, julgado em 
27/08/2015, grifo nosso ). 
 
 
 
 
20 
 
20 
 
AÇÃO POPULAR – AJUIZAMENTO CONTRA A PRESIDENTE DA REPÚBLICA – 
FALTA DE COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL – 
REGIME DE DIREITO ESTRITO A QUE SE SUBMETE A DEFINIÇÃO CONSTI-
TUCIONAL DA COMPETÊNCIA DA CORTE SUPREMA – DOUTRINA – PRECE-
DENTES – AÇÃO POPULAR NÃO CONHECIDA – RECURSODE AGRAVO IM-
PROVIDO. – Não compete ao Supremo Tribunal Federal processar e jul-
gar, originariamente, ação popular ajuizada contra a Presidente da Re-
pública. Precedentes. – A ação popular não se qualifica como sucedâneo 
dos instrumentos de controle concentrado de constitucionalidade nem 
viabiliza o exame “in abstracto” de situações jurídicas formadas sob a 
égide da legislação em vigor. (Pet 5859 AgR, Relator(a): Min. CELSO DE 
MELLO, Tribunal Pleno, julgado em 25/11/2015, grifo nosso). 
 
 
 2.5 AÇÃO CIVIL PÚBLICA 
 
Conforme estabelecido pelo artigo 1º da Lei 7.347/1985: 
Art. 1º Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da ação popu-
lar, as ações de responsabilidade por danos morais e patrimoniais causa-
dos: 
 l - ao meio-ambiente; 
ll - ao consumidor; 
III – a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisa-
gístico; 
IV - a qualquer outro interesse difuso ou coletivo. 
V - por infração da ordem econômica; 
VI - à ordem urbanística; 
VII – à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos; 
VIII – ao patrimônio público e social; 
Parágrafo único. Não será cabível ação civil pública para veicular preten-
sões que envolvam tributos, contribuições previdenciárias, o Fundo de Ga-
rantia do Tempo de Serviço – FGTS ou outros fundos de natureza institu-
cional cujos beneficiários podem ser individualmente determinados. 
 
No que se refere aos direitos difusos, temos como os transindividuais de natureza indivisível, 
de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato (art. 81, parágrafo 
único, I, CDC) – dispersos pela sociedade civil como um todo (meio ambiente, consumidor, ordem eco-
nômica). 
Já os Interesses Coletivos são os transindividuais de natureza indivisível, de que seja titular gru-
po, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica base 
(art. 81, parágrafo único, II, CDC). 
Os Interesses Individuais Homogêneos situam-se dentro da órbita de cada indivíduo – decorren-
tes de origem comum. São divisíveis e seus titulares são determinados. Também podem ser defendidos 
na Ação Civil Pública, embora a lei não refira expressamente. Isto porque o próprio art. 91 do CDC autori-
za a proteção. 
Importante referir que o ajuizamento de Ação Civil Pública não impede a propositura de ações 
individuais sobre a mesma causa de pedir e pedido, nem induz litispendência, conforme entendimento 
jurisprudencial, a saber: 
“1. A existência de ação civil pública ajuizada pelo Ministério Público não 
impede o ajuizamento da ação individual com idêntico objeto. Desta for-
ma, no caso não há ocorrência do fenômeno processual da litispendência, 
 
 
 
 
 
 
21 
 
21 
visto que a referida ação coletiva não induz litispendência quanto às a-
ções individuais”. (AgRg no Ag 1400928/RS, Rel. Ministro BENEDITO GON-
ÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 06/12/2011, DJe 13/12/2011). “1. 
Ajuizada ação coletiva atinente a macro-lide geradora de processos multi-
tudinários, suspendem-se as ações individuais, no aguardo do julgamento 
da ação coletiva.” (REsp 1110549/RS, Rel. Ministro SIDNEI BENETI, SE-
GUNDA SEÇÃO, julgado em 28/10/2009, DJe 14/12/2009). 
 
Súmula 329 STJ: “O Ministério Público tem legitimidade para propor ação civil públi-
ca em defesa do patrimônio público”. 
“O Ministério Público não tem legitimidade para promover ação civil pública com o 
objetivo de impedir a cobrança de tributos na defesa de contribuintes, pois seus in-
teresses são divisíveis, disponíveis e individualizáveis, oriundos de relações jurídi-
cas assemelhadas, mas distintas entre si. Contribuintes não são consumidores, não 
havendo como se vislumbrar sua equiparação aos portadores de direitos difusos ou 
coletivos”. (STJ, REsp 82.461). 
Questão interessante retratada em concurso de ponta refere-se à possibilidade de ocorrer Ação 
Civil Pública em face de majoração supostamente abusiva de tarifas, como no caso de transporte coleti-
vo. A resposta é afirmativa, isto porque não há que se confundir o conceito de tarifa com o de taxa, 
tendo esta eminentemente carga tributária. Como tarifa não é tributo, poderá ser ajuizada Ação Civil 
Pública para aumento abusivo de tarifa de transporte. 
A tutela a ser buscada na Ação Civil Pública poderá tanto ser repressiva, como preventiva ou ini-
bitória, conforme autorizado pelo art. 3ºda Lei 7.347/85. Na hipótese de condenação, não se tratando de 
dano indenizatório ao autor, mas sim à coletividade, a indenização pelo dano causado é revertida a 
fundo especial, com destinação para a reconstituição dos bens lesados, havendo previsão específica na 
hipótese do art. 13 da Lei 7.347/85, a saber: 
 
Art. 13. Havendo condenação em dinheiro, a indenização pelo dano causado rever-
terá a um fundo gerido por um Conselho Federal ou por Conselhos Estaduais de 
que participarão necessariamente o Ministério Público e representantes da comuni-
dade, sendo seus recursos destinados à reconstituição dos bens lesados. 
§ 1º Enquanto o fundo não for regulamentado, o dinheiro ficará depositado em esta-
belecimento oficial de crédito, em conta com correção monetária. (Renumerado do 
parágrafo único pela Lei nº 12.288, de 2010) 
§ 2º Havendo acordo ou condenação com fundamento em dano causado por ato de 
discriminação étnica nos termos do disposto no art. 1º desta Lei, a prestação em di-
nheiro reverterá diretamente ao fundo de que trata o caput e será utilizada para a-
ções de promoção da igualdade étnica, conforme definição do Conselho Nacional 
de Promoção da Igualdade Racial, na hipótese de extensão nacional, ou dos Con-
selhos de Promoção de Igualdade Racial estaduais ou locais, nas hipóteses de da-
nos com extensão regional ou local, respectivamente. (Incluído pela Lei nº 12.288, 
de 2010) 
 
A presença de medidas indutivas ao cumprimento, igualmente é visualizada na Ação Civil Pública, 
a saber: 
Art. 11. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não 
fazer, o juiz determinará o cumprimento da prestação da atividade devida ou a ces-
sação da atividade nociva, sob pena de execução específica, ou de cominação de 
multa diária, se esta for suficiente ou compatível, independentemente de requeri-
mento do autor. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Lei/L12288.htm#art62
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Lei/L12288.htm#art62
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Lei/L12288.htm#art62
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Lei/L12288.htm#art62
 
 
 
 
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Acerca da competência, assim refere o art. 2º da Lei da Ação Civil Pública: 
Art. 2º As ações previstas nesta Lei serão propostas no foro do local onde ocor-
rer o dano, cujo juízo terá competência funcional para processar e julgar a causa. 
Parágrafo único. A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para todas 
as ações posteriormente intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o 
mesmo objeto. 
Pela ordem legal, a competência será do foro do local onde ocorrer o dano. Ocorrendo em mais 
de uma comarca é competente qualquer uma delas, resolvendo-se a questão pela prevenção. Sobre o 
tema e a extensão dos efeitos há grande debate jurisprudencial. 
Na hipótese de Ação Civil Pública que envolva direito do consumidor, aplica-se o art. 93 do CDC 
que assim dispõe: 
Art. 93. Ressalvada a competência da Justiça Federal, é competente para a causa a 
justiça local: 
I - no foro do lugar onde ocorreu ou deva ocorrer o dano, quando de âmbito local; 
II - no foro da Capital do Estado ou no do Distrito Federal, para os danos de âmbito 
nacional ou regional, aplicando-se as regras do Código de Processo Civil aos casos 
de competência concorrente. 
A respeito do assunto, importa colacionar: 
“AÇÃO CIVIL PÚBLICA. SERVIÇO POSTAL. ECT. LITISCONSÓRCIO. UNIÃO. 
NÃO OCORRÊNCIA. ENTREGAS INDIVIDUALIZADAS DE OBJETOS DE COR-
RESPONDÊNCIAS EM CONDOMÍNIOS HORIZONTAIS E VERTICAIS, RESI-DENCIAIS OU COMERCIAIS. ABRANGÊNCIA DA DECISÃO. ALÍNEA "C". DI-
VERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL NÃO COMPROVADA. 1. No que se prende 
à abrangência da sentença prolatada em ação civil pública relativa a di-
reitos individuais homogêneos, a Corte Especial decidiu, em sede de re-
curso repetitivo, que "os efeitos e a eficácia da sentença não estão cir-
cunscritos a lindes geográficos, mas aos limites objetivos e subjetivos do 
que foi decidido, levando-se em conta, para tanto, sempre a extensão 
do dano e a qualidade dos interesses metaindividuais postos em juízo 
(arts. 468, 472 e 474, CPC e 93 e 103, CDC)". (REsp 1243887/PR, Rel. Mi-
nistro Luis Felipe Salomão, Corte Especial, julgado sob a sistemática pre-
vista no art. 543-C do CPC, DJ 12/12/2011). 2. Desse modo, os efeitos do 
acórdão em discussão nos presentes autos são erga omnes, abrangendo 
a todas as pessoas enquadráveis na situação fático-jurídica descrita no 
julgado, independentemente da competência do órgão prolator. Não 
fosse assim, haveria graves limitações à extensão e às potencialidades 
da ação civil pública, o que não se pode admitir. 3. Com relação à alínea 
"c" do permissivo constitucional, observa- se que o recurso especial não 
logrou demonstrar o dissídio jurisprudencial porquanto coligiu preceden-
tes superados pelo aludido recurso representativo da controvérsia. 4. A-
gravo regimental a que se nega provimento. (AgRg no AREsp 601.989/SC, 
Rel. Ministro OG FERNANDES, SEGUNDA TURMA, julgado em 10/03/2015, 
DJe 18/03/2015). 
 
SÚMULA 489 STJ: Reconhecida a continência, devem ser reunidas na Justiça Federal as a-
ções civis públicas propostas nesta e na Justiça Estadual. 
 
 
 
 
 
 
23 
 
23 
Jurisprudência: DIREITO PROCESSUAL CIVIL. COMPETÊNCIA PARA PRO-
CESSAR E JULGAR AÇÃO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. Compete à 
Justiça Estadual – e não à Justiça Federal – processar e julgar ação civil 
pública de improbidade administrativa na qual se apure irregularidades 
na prestação de contas, por ex-prefeito, relacionadas a verbas federais 
transferidas mediante convênio e incorporadas ao patrimônio munici-
pal, a não ser que exista manifestação de interesse na causa por parte 
da União, de autarquia ou empresa pública federal. Nessa situação, po-
de-se, em tese, visualizar conflito entre as Súmulas 208 e 209 do STJ, que 
determinam, respectivamente, hipóteses de competência da Justiça Fede-
ral e da Justiça Estadual. Isso porque, embora a ação tenha por objeto 
"verba sujeita a prestação de contas perante órgão federal" (Súmula 208), 
trata-se de "verba transferida e incorporada ao patrimônio municipal" 
(Súmula 209). Ocorre que esses enunciados provêm da Terceira Seção do 
STJ e, por isso, versam sobre hipóteses de fixação da competência em ma-
téria penal, em que basta o interesse da União, de suas autarquias ou 
empresas públicas para deslocar a competência para a Justiça Federal, 
nos termos do inciso IV do art. 109 da CF. No âmbito cível, entretanto, de-
ve-se observar uma distinção na aplicação desses enunciados, visto que o 
art. 109 da CF elenca a competência da Justiça Federal em um rol taxativo 
em que, em seu inciso I, menciona as causas a serem julgadas por juízo 
federal em razão da pessoa, competindo a este último "decidir sobre a e-
xistência [ou não] de interesse jurídico que justifique a presença, no pro-
cesso, da União, suas autarquias ou empresas públicas" (Súmula 150 do 
STJ). Assim, a despeito de a Súmula 208 do STJ afirmar que "Compete à 
Justiça Federal processar e julgar prefeito municipal por desvio de verba 
sujeita a prestação de contas perante órgão federal", a competência abso-
luta enunciada no art. 109, I, da CF faz alusão, de forma clara e objetiva, 
às partes envolvidas no processo, tornando despicienda, dessa maneira, a 
análise da matéria discutida em juízo. Nesse contexto, a Segunda Turma 
do STJ já decidiu que "A competência da Justiça Federal, em matéria cível, 
é aquela prevista no art. 109, I, da Constituição Federal, que tem por base 
critério objetivo, sendo fixada tão só em razão dos figurantes da relação 
processual, prescindindo da análise da matéria discutida na lide". (REsp 
1.325.491-BA, DJe 25/6/2014). CC 131.323-TO, Rel. Min. Napoleão Nunes 
Maia Filho, julgado em 25/3/2015, DJe 6/4/2015. 
 
Como ficaria o caso da União Federal e a competência delegada da justiça estadual posta no 
art. 109, §3º da CF? 
SÚMULA 183 DO STJ – CANCELADA - «Compete ao Juiz Estadual, nas Comarcas que não se-
jam sede de vara da Justiça Federal, processar e julgar ação civil pública, ainda que a União 
figure no processo.» 
 
Jurisprudência: “O dispositivo contido na parte final do § 3º do art. 109 da 
Constituição é dirigido ao legislador ordinário, autorizando-o a atribuir 
competência (rectius jurisdição) ao Juízo Estadual do foro do domicílio da 
outra parte ou do lugar do ato ou fato que deu origem à demanda, desde 
que não seja sede de Varas da Justiça Federal, para causas específicas 
dentre as previstas no inciso I do referido artigo 109. No caso em tela, a 
permissão não foi utilizada pelo legislador que, ao revés, se limitou, no 
http://www.stj.jus.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?tipo=num_pro&valor=CC131323
 
 
 
 
24 
 
24 
art. 2º da Lei nº 7.347/85, a estabelecer que as ações nele previstas "se-
rão propostas no foro do local onde ocorrer o dano, cujo juízo terá com-
petência funcional para processar e julgar a causa". Considerando que o 
Juiz Federal também tem competência territorial e funcional sobre o local 
de qualquer dano, impõe-se a conclusão de que o afastamento da jurisdi-
ção federal, no caso, somente poderia dar-se por meio de referência ex-
pressa à Justiça Estadual, como a que fez o constituinte na primeira parte 
do mencionado § 3º em relação às causas de natureza previdenciária, o 
que no caso não ocorreu. Recurso conhecido e provido”. (RE 228955, Re-
lator(a): Min. ILMAR GALVÃO, Tribunal Pleno, julgado em 10/02/2000, DJ 
24-03-2001 PP-00070 EMENT VOL-01984-04 PP-00842 REPUBLICAÇÃO: DJ 
14-04-2000 PP-00056 RTJ VOL-00172-03 PP-00992). “1. A competência da 
Justiça Federal, prevista no art. 109, I, da Constituição, tem por base um 
critério subjetivo, levando em conta, não a natureza da relação jurídica li-
tigiosa, e sim a identidade dos figurantes da relação processual. Presente, 
no processo, um dos entes ali relacionados, a competência será da Justiça 
Federal. 2. É da natureza do federalismo a supremacia da União sobre Es-
tados-membros, supremacia que se manifesta inclusive pela obrigatorie-
dade de respeito às competências da União sobre a dos Estados. Decorre 
do princípio federativo que a União não está sujeita à jurisdição de um Es-
tado-membro, podendo o inverso ocorrer, se for o caso. Precedente: CC 
90.106-ES, 1ª S., Min. Teori Albino Zavascki, DJ de 10.03.2008. 3. Estabe-
lecendo-se relação de continência entre ação cautelar e ação civil pública 
de competência da Justiça Federal, com demanda declaratória, em curso 
na Justiça do Estado, a reunião das ações deve ocorrer, por força do prin-
cípio federativo, perante o Juízo Federal. Precedente: CC 56.460-RS, 1ª S., 
Min. José Delgado, DJ de 19.03.07 4. Ademais, (a) não se aplica a orienta-
ção contida na Súmula 183/STJ em razão do seu cancelamento (EDcl no 
CC 27676/BA, 1ª Seção, Min. José Delgado, DJ de 05.03.2001); (b) o Juízo 
Federal suscitado também tem competência territorial e funcional (Reso-
lução n. 600-17, do TRF da 1ª Região de 28.06.2005) sobre o local onde 
ocorreu o dano (art. 2º da Lei n. 7.347/85). 5. Conflito conhecido para de-
clarar a competência do Juízo Federal para as ações aqui discutidas, diver-
gindo do relator”. (CC 90.722/BA, Rel. Ministro JOSÉ DELGADO, Rel. p/ 
Acórdão Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 
25/06/2008, DJe 12/08/2008). 
 
No que se refere à legitimidade, assim estabelece o art. 5º da Lei 7.347/85: 
Art. 5º. Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar: 
I - o Ministério Público; 
II - a DefensoriaPública; 
III - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; 
IV - a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista; 
V - a associação que, concomitantemente: 
– esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil; 
– inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao meio ambiente, ao con-
sumidor, à ordem econômica, à livre concorrência ou ao patrimônio artístico, estéti-
co, histórico, turístico e paisagístico. 
 
 
 
 
 
 
25 
 
25 
(...) 
§ 4º. O requisito da pré-constituição poderá ser dispensado pelo juiz, quando haja 
manifesto interesse social evidenciado pela dimensão ou característica do dano, ou 
pela relevância do bem jurídico a ser protegido. 
“34. Dispensa da pré-constituição. Ao juiz cabe dispensar o prazo de um ano de 
pré-constituição da associação, avaliando no caso concreto se ocorrem os pressu-
postos da lei, isto é, o manifesto interesse social evidenciado pela dimensão ou ca-
racterística do dano ou pela relevância do bem jurídico a ser protegido. Nesse caso, 
a legitimidade ativa da associação constituída há pelo menos de um ano fica subor-
dinada à avaliação do juiz (...)” – Nelson Nery Junior e Rosa Maria de Andrade Nery 
– Código de Processo Civil Comentado, 11ª ed., p. 1446. 
 
Jurisprudência: DIREITO CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL CIVIL. LEGITI-
MIDADE DA DEFENSORIA PÚBLICA PARA PROPOR AÇÃO CIVIL PÚBLICA EM 
DEFESA DE JURIDICAMENTE NECESSITADOS. A Defensoria Pública tem le-
gitimidade para propor ação civil pública em defesa de interesses indivi-
duais homogêneos de consumidores idosos que tiveram plano de saúde 
reajustado em razão da mudança de faixa etária, ainda que os titulares 
não sejam carentes de recursos econômicos. ( EREsp 1.192.577-RS, Rel. 
Min. Laurita Vaz, julgado em 21/10/2015, DJe 13/11/2015, grifo nosso) 
 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL. LEGITIMIDADE DO MP PARA PROPOR ACP 
OBJETIVANDO A LIBERAÇÃO DE SALDO DE CONTAS PIS/PASEP DE PESSO-
AS COM INVALIDEZ. O Ministério Público tem legitimidade para propor 
ação civil pública objetivando a liberação do saldo de contas PIS/PASEP, 
na hipótese em que o titular da conta – independentemente da obten-
ção de aposentadoria por invalidez ou de benefício assistencial – seja in-
capaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que 
lhe garanta a subsistência, bem como na hipótese em que o próprio titu-
lar da conta ou quaisquer de seus dependentes for acometido das doen-
ças ou afecções listadas na Portaria Interministerial MPAS/MS 
2.998/2001 (...).( REsp 1.480.250-RS, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado 
em 18/8/2015, DJe 8/9/2015. Grifo nosso) 
 
 
 
 
 
ATENÇÃO: 
 
Súmula 470 (CANCELADA) – O Ministério Público não tem legitimidade para pleitear, em ação civil públi-
ca, a indenização decorrente do DPVAT em benefício do segurado. Segunda Seção, cancelada em 
27/5/2015, DJe 15/6/2015. 
 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL. LEGITIMIDADE DO MP PARA AJUIZAR AÇÃO 
COLETIVA EM DEFESA DE DIREITOS INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS DOS BE-
NEFICIÁRIOS DO SEGURO DPVAT. O Ministério Público tem legitimidade 
para ajuizar ação civil pública em defesa dos direitos individuais homo-
gêneos dos beneficiários do seguro DPVAT. Isso porque o STF, ao julgar 
o RE 631.111-GO (Tribunal Pleno, DJe 30/10/2014), submetido ao rito do 
art. 543-B do CPC, firmou o entendimento de que Órgão Ministerial tem 
http://www.stj.jus.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?tipo=num_pro&valor=EREsp1192577
 
 
 
 
26 
 
26 
legitimidade para ajuizar ação civil pública em defesa dos direitos indivi-
duais homogêneos dos beneficiários do seguro DPVAT, dado o interesse 
social qualificado presente na tutela jurisdicional das vítimas de aciden-
te de trânsito beneficiárias pelo DPVAT, bem como as relevantes fun-
ções institucionais do MP. Consequentemente, é imperioso o cancela-
mento da súmula 470 do STJ, a qual veicula entendimento superado por 
orientação jurisprudencial do STF firmada em recurso extraordinário 
submetido ao rito do art. 543-B do CPC. REsp 858.056-GO, Rel. Min. Mar-
co Buzzi, julgado em 27/5/2015, DJe 5/6/2015. 
 
Nos termos do parágrafo primeiro do art. 5º, o MP, se não for parte, atuará como fiscal da lei. 
Súmula 643 STF – “O Ministério Público tem legitimidade para promover ação civil pública cujo 
fundamento seja a ilegalidade de reajuste de mensalidades escolares”. 
O Conselho Federal da OAB pode propor ACP (art. 54, inc. XIV da lei 8.906/94 – EOAB). 
Art. 6º. Qualquer pessoa poderá e o servidor público deverá provocar a iniciativa do 
Ministério Público, ministrando-lhe informações sobre fatos que constituam objeto 
da ação civil e indicando-lhe os elementos de convicção. 
Art. 7º. Se, no exercício de suas funções, os juízes e tribunais tiverem conhecimento 
de fatos que possam ensejar a propositura da ação civil, remeterão peças ao Minis-
tério Público para as providências cabíveis. 
 
No polo passivo, poderão estar todos os responsáveis pelas situações ou fatos ensejadores da a-
ção, sejam pessoas físicas ou jurídicas, sendo possível ao Poder Público, habilitar-se como litisconsorte de 
qualquer das partes, vejamos: 
Art. 5º (...) 
§ 2º. Fica facultado ao Poder Público e a outras associações legitimadas nos termos 
deste artigo habilitar-se como litisconsortes de qualquer das partes. 
§ 5º. Admitir-se-á o litisconsórcio facultativo entre os Ministérios Públicos da União, 
do Distrito Federal e dos Estados na defesa dos interesses e direitos de que cuida 
esta lei. 
 
Ainda, cumpre ressaltar que na hipótese de desistência infundada ou abandono da ação por as-
sociação legitimada, o Ministério Público ou outro legitimado assumirá a titularidade ativa, conforme art. 
5º, §3º da Lei 7.347/85. 
É hipótese de substituição processual superveniente exigindo o abandono da causa ou desistên-
cia infundada pela associação, não sendo, entretanto, obrigatória, conforme entendimento jurispru-
dencial: 
“(...) 3. Nos termos dos arts. 5.º, §3.º, e 15, da Lei n.º 7.347/85, nos casos de desis-
tência infundada ou de abandono da causa por parte de outro ente legitimado, deve-
rá o Ministério Público integrar o polo ativo da demanda. Em outras palavras, home-
nageando-se os princípios da indisponibilidade e obrigatoriedade das demandas co-
letivas, deve-se dar continuidade à ação civil pública, a não ser que o Parquet de-
monstre fundamentalmente a manifesta improcedência da ação ou que a lide reve-
le-se temerária. (...)” (REsp 200.289/SP, Rel. Ministro VASCO DELLA GIUSTINA 
(DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/RS), TERCEIRA TURMA, julgado em 
02/09/2010, DJe 15/09/2010). 
 
 
 
 
 
 
 
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Jurisprudência: DIREITO PROCESSUAL CIVIL. ALTERAÇÃO DE POLO ATIVO 
DE AÇÃO CIVIL PÚBLICA PROMOVIDA POR ASSOCIAÇÃO. Caso ocorra dis-
solução da associação que ajuizou ação civil pública, não é possível sua 
substituição no polo ativo por outra associação, ainda que os interesses 
discutidos na ação coletiva sejam comuns a ambas. Em princípio, nos 
termos art. 5º, § 3º, da Lei 7.347/85, afigura-se possível que o Ministério 
Público ou outro legitimado, que necessariamente guarde uma represen-
tatividade adequada com os interesses discutidos na ação, assuma, no 
curso do processo coletivo (inclusive com a demanda já estabilizada), a ti-
tularidade do polo ativo da lide, possibilidade, é certo, que não se restrin-
ge às hipóteses de desistência infundada ou de abandono da causa, men-
cionadas a título exemplificativo pelo legislador (numerus apertus). Essa 
conclusão decorre da própria indisponibilidade dos interesses tutelados 
no bojo de uma ação coletiva, que transcendem a esfera jurídica do indi-
víduo, e cuja defesa ostenta relevância pública e inequívoca repercussão 
social. Ante a natureza e a relevância pública dos interesses tutelados no 
bojo de uma ação coletiva, de inequívoca repercussão social, ressai evi-
denciado que os legitimados para promover a ação coletiva – os quais ne-
cessariamente devem guardar com tais interesses uma representativida-

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