Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Jéssica N. Monte – Turma 106 Gastroenterologia DIARREIAS CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO MODO DE INSTALAÇÃO DIARREIA AGUDA Alteração na forma e na frequência de evacua- ção de 24 horas até 14 dias. É um evento autolimitado. Principal etiologia: agentes infecciosos (gastroen- terite). DIARREIA PERSISTENTE É a persistência das manifestações diarreicas entre 14 e 30 dias. Necessita investigação. DIARREIA CRÔNICA É a diarreia de duração superior a 30 dias. Acomete 5% da população mundial. QUANTO À TOPOGRAFIA DIARREIA ALTA Tem origem no intestino delgado. Apresenta grande volume de líquidos e frequên- cia de evacuações menor. Há a presença de restos alimentares. DIARREIA BAIXA Origem no intestino grosso (colite). O volume é menor, mas a frequência de evacu- ações é maior. Pode ocorrer tenesmo: dor com desejo urgente de evacuar. QUANTO À FISIOPATOLOGIA DIARREIA OSMÓTICA Ocorre devido ao acúmulo de elementos osmoti- camente ativos. Apresenta GAP osmolar fecal alto (> 125 mOsm/L). Geralmente cessa com o jejum. Não contém sangue, pus ou muco. DIARREIA SECRETÓRIA Ocorre devido a distúrbio hidroeletrolítico da mu- cosa. Apresenta GAP osmolar fecal baixo (< 50 mOsm/L). Não cessa com o jejum. Não contém sangue, pus ou muco. DIARREIA INVASIVA/INFLAMATÓRIA Ocorre devido à inflamação. Pode ocorrer a eliminação de muco, pus ou san- gue. Há aumento da Calprotectina e Lactoferrina fe- cais. ESTEATORREIA São fezes amareladas, fétidas, oleosas e ade- rentes. Podem ser macroscopicamente normais. É causada pela disabsorção de gorduras, como ocorre na insuficiência pancreática exócrina (pancreatite crônica). DIARREIA FUNCIONAL Não apresenta doença orgânica justificável. Atende aos critérios de ROMA IV. 2 Jéssica N. Monte – Turma 106 Gastroenterologia DIARREIA AGUDA ETIOLOGIAS 80% das diarreias agudas têm causa viral. Principais vírus: norovírus (adultos), rotavírus, adenovírus, astrovírus. Principais bactérias: Salmonella, Shiguella. Principais protozoários: Giardia, Entamoeba his- tolytica. Principais helmintos: Ascaris, Estrongiloides. ASSOCIAÇÃO ENTRE FATORES DE RISCO E AGENTES ETIOLÓGICOS Alimentos deteriorados e higiene precária: Sal- monella, Shiguella, Campylobacter. Imunodeficiências: agentes oportunistas. Uso recente de antibióticos: Clostridium difficile (colite pseudomembranosa). Creches: Shiguella, Giardia, Cryptosporidium, ro- tavírus. Asilos: Clostridium difficile (colite pseudomembra- nosa). Promiscuidade sexual: patógenos de transmissão fecal-oral. Piscina: Giardia, Cryptosporidium. Viajantes: E. coli, Campylobacter, Shiguella, Salmo- nella. Água e alimentos deteriorados: E. Coli, Shiguella. Carnes e aves: Salmonella, Clostridium perfrin- gens, E. coli, Campylobacter, bacilo cereus. Ovos, maioneses e cremes: S. aureus (toxinas). Mariscos e ostras: Vibrio vulnificus/parahe- molyticus, norovírus. Leite não pasteurizado: E. coli, Campylobacter, Salmonella. ESCHERICHIA COLI Enterotoxinogênica: diarreia do viajante. Entero-hemorrágica: síndrome hemolítico-urê- mica, colite hemorrágica. Enteropatogênica: diarreia em crianças e neona- tos. Enteroinvasiva: diarreia invasiva (disenteria). Enteroagregativa: diarreia persistente em imu- nossuprimidos e crianças. NOROVÍRUS Agente infeccioso causador de diarreia aguda em adultos mais comum. Quadro clínico além da diarreia: náuseas e vômi- tos, dor abdominal e cólicas, flatulência e disten- são (bloating), febre, evacuações sanguinolentas e tenesmo. DIAGNÓSTICO Exames complementares devem ser solicitados diante de: Disenteria. Episódio moderado ou grave. Duração superior a 7 dias. Paciente com alto risco de complicações. Exames laboratoriais: a depender do quadro do paciente – hemograma, bioquímica, função renal. Exame de fezes: antígenos, PCR, parasitológico de fezes, coprocultura. Deve-se evitar colonoscopia – causa piora do quadro. A tomografia deve ser realizada somente para diagnósticos diferenciais. 3 Jéssica N. Monte – Turma 106 Gastroenterologia TRATAMENTO Hidratação e correção de distúrbios eletrolíticos. Controle dos sintomas: Nunca usar AINES. Orientação dietética específica e temporária. ANTIBIOTICOTERAPIA EMPÍRICA Quais? Levofloxacino, Ciprofloxacino, Ofloxacino, Azitromicina ou Rifamixina. Quando? Doença grave: Febre Mais de 6 evacuações diárias. Desidratação com necessidade de interna- ção. Disenteria: Sangue, pus ou muco nas fezes. Febre. Sinais de toxemia. Alto risco de complicações: Mais de 70 anos. Imunossuprimidos. Pacientes com multicomorbidades. PROBIÓTICOS Não existem evidências quanto ao seu uso na di- arreia aguda. São recomendados na diarreia causada por anti- bioticoterapia. ANTIDIARREICOS Loperamida ou Racecadotrila. Devem ser associados à antibioticoterapia. DIARREIA CRÔNICA ETIOLOGIAS EM PAÍSES DESENVOLVIDOS 1. Doenças funcionais. 2. Medicamentos. 3. Doença inflamatória intestinal. 4. Síndromes disabsortiva. 5. Infecções crônicas (imunossupressão). 6. Neoplasias. EM PAÍSES SUBDESENVOLVIDOS 1. Infecções crônicas (bacterianas, parasito- ses, micobacterioses). 2. Doenças funcionais. 3. Doença inflamatória intestinal. 4. Síndromes disabsortivas. DIAGNÓSTICO HISTÓRIA MÉDICA Diferenciar diarreia de incontinência fecal. Quais as características das fezes, volume e frequência de evacuação. Qual a duração dos sintomas e a natureza do iní- cio (repentino ou gradual). Medicamentos utilizados, histórico de viagens, di- ário alimentar. Associação com status psicológico. Investigar se há infecções bacterianas recor- rentes. 4 Jéssica N. Monte – Turma 106 Gastroenterologia INVESTIGAÇÃO DE SÍNDROMES DISABSORTIVAS Diarreia aquosa, flatulência e distensão abdomi- nal, quando devido à ingestão de carboidratos, ocorrem dentro de 90 minutos. Dor abdominal é um sintoma incomum, exceto em casos de pancreatite crônica, doença de Crohn ou pseudo-obstrução intestinal. Sempre se deve considerar doença celíaca e pa- rasitoses. Deve-se questionar a respeito de cirurgias ab- dominais e úlceras pépticas recorrentes. Deve-se valorizar o consumo de álcool. Deve-se solicitar testes respiratórios e realizar enteroscopia. EXAME FÍSICO Linfoadenopatias, desnutrição, exoftalmia. Pele: rubor, rash, dermografismo. Palpação da tireoide, ausculta pulmonar e cardí- aca. Abdome: pesquisa de timpanismo, ascite, hepa- toesplenomegalia e massas. Avaliação perianal e toque retal. Análise das unhas e pesquisa de edema. EXAMES COMPLEMENTARES Devem ser solicitados diante de suspeita de do- ença orgânica ou diante de falha da terapia em- pírica. ANÁLISE FECAL PH, GAP osmolar fecal, Calprotectina, elastase. COLONOSCOPIA Deve ser realizada se suspeita de DII e diante de diarreia secretória. Deve-se realizar biópsias seriadas, mesmo se a colonoscopia estiver normal. EXAMES DE IMAGEM Devem ser solicitados diante de esteatorreia, di- arreia secretória ou inflamatória.
Compartilhar