Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Professor Admilson Costa A MODERNIZAÇÃO DOS ESTADOS REPUBLICANOS NA AMÉRICA LATINA A América Latina tem uma maneira específica de estar na modernidade. Por isso, nossa modernidade não é exatamente a mesma modernidade europeia; é uma mistura, é híbrida, é fruto de um processo de mediação que tem sua própria trajetória; não é nem puramente endógena nem puramente imposta; alguns a têm chamado subordinada ou periférica. A modernidade latino-americana começa no início do século XIX com a independência; Espanha e Portugal conseguiram impedir sua expansão durante três séculos. Jorge Larraín 1ª FASE: DURANTE O SÉCULO XIX nesta fase adotam-se ideais liberais, expande-se uma educação laica, constrói- se um Estado republicano e introduzem-se formas democráticas de governo; à diferença da trajetória europeia, a industrialização se pospõe e se substitui por um sistema exportador de matérias- primas que mantém o atraso dos setores produtivos; durante o século XIX foi mais política e cultural que econômica e, em geral, bastante restrita; Para os que desejavam a modernidade nessa época, o ethos cultural indo-ibérico deveria ser radicalmente substituído. 2ª FASE: DURANTE A PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XX Coincide historicamente com a primeira crise da modernidade europeia; o poder oligárquico começa a cair, a chamada "questão social" se faz urgente; instauram-se regimes de caráter populista que incorporam as classes médias ao governo e se iniciam processos de industrialização substitutiva; surgimento de uma consciência antiimperialista, de uma valorização da mestiçagem, de uma consciência indigenista sobre a discriminação; uma crescente consciência social sobre os problemas da classe operária. 3ª FASE: A PARTIR DO FIM DA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL Consolida democracias de participação mais ampla e importantes processos de modernização da base socioeconômica latino-americana; industrialização, a ampliação do consumo e do emprego, a urbanização crescente e a expansão da educação. As teorias da modernização e o pensamento do CEPAL são recebidos e aplicados em toda parte; Consolidação de uma consciência geral sobre a necessidade de desenvolvimento; no pensamento da sociologia da modernização de origem norte-americana, pensamento contestatário autóctone ou no mais recente neoliberalismo = o desenvolvimento e a modernização como único meio para superar a pobreza. 4ª FASE: A PARTIR DO FIM DOS ANOS 60 ATÉ A ATUALIDADE segunda crise da modernidade europeia: estanca-se o processo de industrialização e desenvolvimento, vem a agitação social e trabalhista; América Latina cai-se em ditaduras militares que demonstram a precariedade de suas instituições políticas modernas cm comparação com as europeias; A etapa que se abre após o fim das ditaduras continua com a modernização econômica acelerada de sinal neoliberal; contexto político que revaloriza a democracia e a participação, e coloca especial ênfase no respeito aos direitos humanos; modernizar e democratizar as estruturas do Estado. Sobre a História das Américas no século XIX, assinale a(s) alternativa(s) correta(s). 01. A emancipação política da América Latina provocou mudanças profundas nas relações agrárias ao promover uma racional divisão de terras e possibilitar maior participação política e cultural dos diferentes estratos sociais. 02. Os prejuízos sofridos com a perda das colônias da América do Norte levaram a Inglaterra a adotar uma política de apoio a Portugal e à Espanha que lutavam para manter suas colônias no continente sul americano. 04. Assim como na Europa, após a independência, os direitos políticos nos países da América eram estabelecidos pelos ideais iluministas e liberais do século XIX. 08. O caudilhismo foi uma alternativa democrática adotada por diversos países latino-americanos que, após a independência, tentaram diminuir a influência de governos estrangeiros. 16. Após a independência política de 1821, o México se consolidou como um país democrático ao adotar uma política de igualdade econômica e ao eliminar as diferenças sociais e políticas entre ricos e pobres. SOMA DAS ALTERNATIVAS CORRETAS: 04 O populismo caracterizou-se na América Latina pela ascensão e pela grande popularidade de governantes eleitos por via democrática ou que assumiram o poder por meio de golpes. Esses governantes tinham por base política a massa trabalhadora, ou setores dela, e para ela dirigiam seus discursos e ações. modo de fazer política que, por meio do favorecimento no curto prazo das classes mais pobres, leva o líder a acumular poder em pouco tempo; descaso pela estabilidade econômica no médio e no longo prazo; cunho assistencialista e paternalista; discurso de busca de justiça social, o líder populista consegue granjear a admiração do povo; surgiu na América Latina com o início do processo de urbanização e industrialização, após a Grande Depressão de 1929. alimentou-se dos mesmos ingredientes que as sustentavam as elites agrárias: a pobreza e a desinformação. O político populista pode, de fato, ter um projeto de inclusão social: Perón e Getúlio Vargas foram responsáveis pela criação de leis trabalhistas; A partir dos anos 1980, no Brasil: termo populismo passou a denominar práticas políticas de esquerda ou de direita que pregam a defesa das camadas menos favorecidas da população, mas que se limitam a ações de cunho paternalista. Argentina: • a trajetória mais marcante de um líder populista foi a do ex-coronel do exército Juan Domingo Perón; • Em 1943, Perón participou do golpe militar que depôs o governo civil e foi nomeado ministro do Trabalho e do Bem-estar Social. • Adotou políticas de forte cunho assistencialista e conquistou a massa trabalhadora; • elegeu-se presidente da República em 1946. Lázaro Cárdenas no México. Juan Domingo Perón na Argentina. Getúlio Vargas no Brasil. Jacobo Arbenz na Guatemala. AO TÉRMINO DA SEGUNDA GUERRA: • euforia e de otimismo democrático em várias partes do mundo, • Na América Latina, inspirou o surgimento de campanhas em favor da liberdade, da democracia e das eleições livres, • A Guerra Fria mudou o caráter da política internacional tradicionalmente exercida pelos Estados Unidos em relação aos países da América Latina, • passaram a integrar o contexto dos compromissos globais em defesa do sistema capitalista, • O anticomunismo tornou-se um instrumento ideológico do apoio de Washington à penetração do capital monopolista, MÉXICO Após sua independência, em 1910, o México passou por uma revolução que depôs o ditador Porfirio Díaz e colocou no poder um representante da elite, Francisco Madero; As reformas sociais prometidas não foram cumpridas na íntegra; Período conturbado: • Assassinato de Madero, • Victoriano Huerta que reinstalou a ditadura, • assassinato de Emiliano Zapata em 1919 e o de Pancho Villa em 1923, • Em 1934 Lázaro Cárdenas foi eleito presidente - conhecido como o principal governante populista do México. Zapata, no início do século XX. Cárdenas criou o Instituto Politécnico Nacional; formação de sindicatos camponeses e operários; concedeu asilo político aos refugiados da Guerra Civil Espanhola e implantou a reforma agrária; não reprimiu manifestações e greves e criou mecanismos de participação política por meio do PRI; nacionalização de alguns setores econômicos, como o petrolífero e o elétrico; Manuel Ávila Camacho (1940-1946) = sucessor. O período entre 1976 e 1982 ficou conhecido como a década perdida = desvalorização da moeda mexicana, o que continuou ocorrendo com certa frequência até o ano 2000; Em julho de 2000, o Partido de Ação Nacional (PAN) elegeu seu candidato Vicente Fox para a Presidência da República; fim da hegemonia de mais de 71 anos do Partido Revolucionário Institucional (PRI). ARGENTINA Em 1943, a economia argentina era mantida sob forte dominação do capital estrangeiro; governo exercido por conservadores cuja políticafavorecia os ricos proprietários de terra; Juan Domingo Perón assumiu o poder e fez uma aliança com as classes operárias; Em outubro de 1945, ocorreu uma conspiração da marinha que derrubou Perón e o colocou na prisão; Retorno à Presidência em 1951; A era do justicialismo, ou peronismo: doutrina de cunho populista e nacionalista situada entre o comunismo e o capitalismo. governo desenvolveu uma política paternalista. Eva Perón, esposa do presidente, assumiu o papel de “madrinha dos humildes e dos descamisados” Juan Domingo Perón também estabeleceu o unipartidarismo e a estatização dos meios de comunicação e dos sindicatos de trabalhadores. Esgotamento das reservas cambiais do país, impedindo o crescimento da indústria, que ainda dependia do setor agroexportador. A partir de 1951, com a quebra das safras, a Argentina enfrentou uma séria crise econômica. Os altos lucros obtidos até então pelas classes dominantes diminuíram. Medidas drásticas: • racionamento de consumo, • congelamento de salários, • revisão de contratos de exploração de recursos naturais com os norte- americanos. A morte de Evita Perón, em 1952, causou uma grande comoção popular. A crise econômica se aprofundou. Denúncias de corrupção e o governo rompeu com a Igreja católica, que era acusada de interferir nos assuntos do Estado. Golpe militar em setembro de 1955, derrubou a ditadura de Perón. Os governos que sucederam ao de Juan Domingo Perón foram incapazes de eliminar a tradição peronista. Em 1972 o presidente eleito Hector Campora renunciou ao cargo e o peronismo voltou triunfantemente ao poder. Perón, exilado desde 1955, retornou à Argentina, mas faleceu dois anos depois. Maria Estela, conhecida como Isabelita, sucedeu o presidente Em 1976, houve um novo golpe. DITADURA MILITAR (1976-1983) A ditadura militar argentina foi considerada uma das mais violentas da história latino-americana. Cerca de 9 mil pessoas desapareceram, Grupos de defesa dos direitos humanos acreditam que esse número pode ser superior a 30 mil. A indústria foi arruinada e a exportação de matérias-primas tornou-se a base da economia do país. O desemprego e a desvalorização dos salários empobreceram ainda mais a população. Os argentinos promoveram manifestos em vários setores da sociedade civil. Em 1977, mães e parentes de desaparecidos juntaram-se numa manifestação na praça de Maio, no centro de Buenos Aires, para exigir explicações. A situação agravou-se ainda mais com a guerra contra a Inglaterra pela posse das Ilhas Malvinas. Raúl Alfonsín, que concorreu pela União Cívica Radical (UCR), foi eleito presidente em 1983. processos para apurar as responsabilidades pelas violações dos direitos humanos durante a ditadura militar. Vários militares de alta patente foram presos, entre eles, os ex-presidentes Jorge Videla e Leopoldo Galtieri. Em 1986, no entanto, Alfonsín foi pressionado a aprovar uma lei conhecida como Lei do Ponto Final, que encerrava os processos contra os militares. Os militares, além de anistiados, receberam um aumento salarial. RAÚL ALFONSÍN Em maio de 1989, o candidato peronista Carlos Menem venceu as eleições contra Eduardo Angeloz, da União Cívica Radical; Menem antecipou a posse para junho daquele mesmo ano; Os planos para a estabilização da economia falharam = hiperinflação: 35% da população urbana do país encontrava-se em situação de pobreza extrema; Em março de 1991, Domingo Cavallo assumiu o Ministério da Economia = a economia foi dolarizada, a inflação recuou e acabaram-se as ondas de saques; Em 1994, Menem reelegeu-se presidente. Fernando de la Rúa venceu as eleições presidenciais de 1999: • assumiu um país em recessão • o Mercosul entrou em crise em consequência da desvalorização da moeda brasileira e as exportações argentinas enfrentaram dificuldades • 2001, a crise da moeda argentina levou o presidente De la Rúa a renunciar. o peronista Adolfo Rodríguez Saá, foi escolhido pelo Congresso para governar o país até o fim do mandato presidencial (dezembro de 2003); Rodríguez Saá decretou a moratória, mas os deputados peronistas não aprovaram as novas medidas econômicas e ele renunciou Eduardo Duhalde foi escolhido pelo Congresso e tomou posse em 1o de janeiro de 2002 = assinou um acordo com o FMI para a suspensão da moratória. Néstor Kirchner assumiu a Presidência em 25 de maio de 2003 • Câmara dos Deputados e o Senado anularam as leis que perdoavam os responsáveis pelos crimes da ditadura. • negociar com os organismos internacionais de crédito e, em 2006, a dívida com o FMI foi integralmente paga. • Argentinos elegeram Cristina Kirchner, esposa de Néstor Kirchner, para a presidência em 10 de dezembro de 2007
Compartilhar