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eCOLOQUE A CAPA AQUI www.adverum.com.br Estude inteligente, estude Ad Verum APRESENTAÇÃO Caro(a) Aluno(a), A preparação para concursos públicos exige profissionalismo, métrica e inteligência. Cada minuto despendido deve ser bem gasto! Por isso, uma preparação direcionada, focada nos pontos com maior probabilidade de cobrança no seu certame, pode representar a diferença entre aprovação e reprovação. Ciente disso, a Ad Verum Suporte Educacional, empresa do Grupo CERS ONLINE, concebeu o curso INTELIGÊNCIA PDF – Promotor de Justiça, que tem por premissa fundamental “atacar” os pontos nucleares de cada matéria, com vistas a antecipação dos temas com maiores chances de cobrança em sua prova. Fazer isso não é tarefa fácil! É necessário um árduo esforço de pesquisa, levando-se em consideração fatores como banca examinadora e respectivos membros (sempre que possível), retrospecto do concurso, recorrência temática dentro de cada disciplina, importância de cada tema, momento da segurança pública do país, dentre tantos outros, aliados a experiência de Professores de projeção nacional, com larguíssima experiência na análise do perfil dos mais diferentes certames. Para tornar tudo isso uma realidade, a Ad Verum investiu muito em seu Método de Aceleração de Aprendizagem (MAVAA). Hoje, contamos com um SETOR DE INTELIGÊNCIA, responsável por ampla coleta de dados e informações das mais diferentes fontes relacionadas ao universo de cada concurso e/ou exame profissional, de modo a, partir do processamento dos dados coletados, oferecer aos seus alunos uma experiência diferenciada quando comparada a tudo que ele conhece em matéria de preparação para carreiras públicas. Racionalizar o estudo do aluno é mais que um objetivo para Ad Verum, trata-se de uma obsessão. Estude inteligente, estude Ad Verum! Francisco Penante CEO Ad Verum Suporte Educacional www.adverum.com.br Estude inteligente, estude Ad Verum SUMÁRIO 1. PRINCÍPIOS E PODERES ADMINISTRATIVOS ........................................... 1 1.1. PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS ........................................................... 1 1.1.1. CONCEITO ........................................................................................ 1 1.1.2. PRINCÍPIO DA SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO E DA INDISPONIBILIDADE .................................................................................. 1 1.1.3. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE ........................................................... 1 1.1.4. PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE .................................................. 2 1.1.5. PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE .......................................................... 3 1.1.6. PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA.............................................................. 3 1.1.7. PRINCÍPIO DA AUTOTUTELA .......................................................... 3 1.1.8. PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE .......................................... 4 1.1.9. PRINCÍPIO DA ISONOMIA ................................................................ 4 1.2. PODERES ADMINISTRATIVOS .............................................................. 5 1.2.1. CONCEITO ........................................................................................ 5 1.2.2. USO E ABUSO DE PODER............................................................... 5 1.2.3. PODER DE POLÍCIA ......................................................................... 5 2. ATOS ADMINISTRATIVOS ........................................................................... 9 2.1. CONCEITO .............................................................................................. 9 2.2. ATOS VINCULADOS E DISCRICIONÁRIOS ........................................... 9 2.3. ATOS DE IMPÉRIO E DE GESTÃO ........................................................ 9 2.4. MOTIVAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS .................................... 10 2.5. ATRIBUTOS DOS ATOS ADMINISTRAVOS ......................................... 10 2.6. EXTINÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS........................................ 11 2.7. CONVALIDAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS.............................. 13 3. INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PROPRIEDADE .................................... 15 3.1. INTRODUÇÃO ....................................................................................... 15 3.2. MODALIDADES ..................................................................................... 16 3.2.1. SERVIDÃO ADMINISTRATIVA ....................................................... 16 3.2.2. REQUISIÇÃO .................................................................................. 16 3.2.3. OCUPAÇÃO TEMPORÁRIA ............................................................ 16 3.2.4. LIMITAÇÕES ADMINISTRATIVAS .................................................. 17 3.2.5. TOMBAMENTO ............................................................................... 17 3.2.6. DESAPROPRIAÇÃO ....................................................................... 18 www.adverum.com.br Estude inteligente, estude Ad Verum 4. AGENTES PÚBLICOS ................................................................................. 23 4.1. INTRODUÇÃO ....................................................................................... 23 4.2. ORGANIZAÇÃO FUNCIONAL ............................................................... 24 4.2.1. QUADRO FUNCIONAL, CARGOS E FUNÇÕES PÚBLICAS.......... 24 4.2.2. PROVIMENTO ................................................................................. 25 4.3. REGIME CONSTITUCIONAL ................................................................ 25 4.3.1. CONCURSO PÚBLICO ................................................................... 25 4.3.2. REMUNERAÇÃO DOS AGENTES PÚBLICOS ............................... 27 4.3.3. SERVIDORES EM EXERCÍCIO DE MANDATOS ELETIVOS ......... 28 5. SERVIÇOS PÚBLICOS ............................................................................... 31 5.1. INTRODUÇÃO ....................................................................................... 31 5.2. PRINCÍPIOS .......................................................................................... 31 5.3. REMUNERAÇÃO ................................................................................... 32 5.4. CONCESSÃO E PERMISSÃO DE SERVIÇO PÚBLICO ....................... 33 5.4.1. CONCESSÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS...................................... 33 5.4.2. PERMISSÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS ....................................... 34 5.5. PARCERIAS PÚBLICO-PRIVADAS ...................................................... 35 6. ENTES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ................................................... 38 6.1. INTRODUÇÃO ....................................................................................... 38 6.1.1. CRIAÇÃO DE ENTIDADES DA ADMINISTRAÇÃO INDIRETA ....... 38 6.2. ENTIDADES EM ESPÉCIE .................................................................... 38 6.2.1. AUTARQUIAS.................................................................................. 38 6.2.2. FUNDAÇÕES PÚBLICAS ................................................................ 40 6.2.3. EMPRESAS PÚBLICAS E SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA 41 7. LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS................................... 44 7.1. LICITAÇÕES PÚBLICAS ....................................................................... 44 7.1.1. INTRODUÇÃO ................................................................................. 44 7.1.2. FASES DO PROCEDIMENTO LICITATÓRIO ................................. 45 7.1.3. MODALIDADES DE LICITAÇÃO ..................................................... 46 7.1.4. TIPOS DE LICITAÇÃO ....................................................................49 7.1.5. INEXIGIBILIDADE E DISPENSA DE LICITAÇÃO ........................... 49 7.2. CONTRATOS ADMINISTRATIVOS ....................................................... 51 7.2.1. INTRODUÇÃO ................................................................................. 51 7.2.2. CLÁUSULAS EXORBITANTES ....................................................... 52 7.2.3. EQUAÇÃO ECONÔMICO-FINANCEIRA ......................................... 56 www.adverum.com.br Estude inteligente, estude Ad Verum 7.2.4. PRAZO DE DURAÇÃO E PRORROGAÇÃO DOS CONTRATOS ADMINISTRATIVOS .................................................................................. 57 7.2.5. EXTINÇÃO DOS CONTRATOS ADMINISTRATIVOS ..................... 58 8. NORMAS SOBRE SEGURANÇA JURÍDICA E EFICIÊNCIA NA CRIAÇÃO E APLICAÇÃO DO DIREITO PÚBLICO ............................................................. 60 www.adverum.com.br Estude inteligente, estude Ad Verum 1 1. PRINCÍPIOS E PODERES ADMINISTRATIVOS 1.1. PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS 1.1.1. CONCEITO O que são os Princípios Administrativos? Os Princípios Administrativos são postulados fundamentais que inspiram todo o modo de agir da Administração Pública, de modo que só se poderá considerar válida a conduta administrativa se estiver compatível com eles. 1.1.2. PRINCÍPIO DA SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO E DA INDISPONIBILIDADE Podemos apontar dois princípios basilares de todo o Direito Administrativo, são eles: a) Supremacia do Interesse Público: Por este princípio, toda atuação administrativa do Estado deve voltar-se em benefício da coletividade, ou seja, para o interesse público. Então, caso inexistente esse objetivo de atuação, estará configurada o desvio de finalidade. Podemos verificar a aplicação deste princípio na desapropriação, por exemplo. F MPE-SC | 2014: O Direito Administrativo, disciplinando as atividades da Administração Pública e sua relação com o indivíduo, norteia-se pelo princípio da supremacia do interesse individual sobre o interesse público, buscando garantir a dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da Constituição) e conter os excessos da atuação estatal frente ao cidadão. b) Indisponibilidade do Interesse Público: Preceitua que bens e interesses públicos não pertencem à Administração e nem a seus agentes, cabendo-lhes, apenas, geri-los, conservá-los em prol da coletividade. Ex: bens públicos só podem ser alienados na forma da lei. 1.1.3. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE Significa que toda e qualquer atuação administrativa deve ser autorizada por lei, sob pena de ser considerada ilícita. F MPE-BA | 2014: O princípio da reserva legal prescreve que a Administração Pública pode fazer tudo aquilo que não é legalmente proibido. Atenção candidato! A Constituição Federal prevê três institutos excepcionais que alteram o funcionamento do princípio da legalidade: a) Medida Provisória; b) Estado de Defesa; c) e Estado de Sítio. www.adverum.com.br Estude inteligente, estude Ad Verum 2 1.1.4. PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE Objetiva a igualdade de tratamento que a Administração deve destinar aos Administrados, vedando-se, dessa forma, que sejam favorecidos alguns indivíduos em detrimento de outros. Como corolário desse princípio, o art. 37, §1º estabelece: “A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos”. O STF entende que slogan também caracteriza promoção pessoal (RE 631.448/2014). F MPE-PR | 2017: Segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, o rigor do dispositivo constitucional que assegura o princípio da impessoalidade vincula a publicidade ao caráter educativo, informativo ou de orientação social, sendo incompatível com a menção de nomes, símbolos ou imagens, aí não incluídos slogans, que caracterizem promoção pessoal ou de servidores públicos. Igualmente decorrente da impessoalidade, temos a vedação ao chamado nepotismo. Súmula Vinculante nº 13 do STF: “A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e indireta em qualquer dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal”. F MPE-AM | 2015: A aplicação da súmula vinculante pertinente ao tema coíbe a prática de nepotismo para todas as esferas federativas e igualmente para o âmbito dos três poderes, considerando-se vedada, sob a perspectiva do beneficiário conectado à autoridade nomeante, a nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o segundo grau, inclusive. V MPE-AM | 2015: A proibição do nepotismo consubstanciada nos precedentes do Supremo Tribunal Federal, inclusive na súmula vinculante em apreço, deve levar em observância o assento constitucional dos cargos políticos, os quais não resultam em tese abrangidos pela envergadura daquela vedação, salvo modulações casuísticas demonstráveis para efeito de se verificar nepotismo cruzado ou fraude à legislação. F MPE-SP | 2015: A competência para a iniciativa de lei sobre o nepotismo é privativa do Chefe do Poder Executivo. F MPE-SP | 2015: A Súmula Vinculante n. 13, do Supremo Tribunal Federal, esgotou todas as possibilidades de configuração de nepotismo na Administração Pública. www.adverum.com.br Estude inteligente, estude Ad Verum 3 A vedação ao nepotismo também decorre do princípio da moralidade administrativa. Ressalte-se, também, que não exige a edição de lei formal para a coibição de sua prática. Caro aluno, este princípio é frequentemente cobrado nos certames para Promotor de Justiça. Vale a pena ficar antenado! 1.1.5. PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE Indica que os atos administrativos devem merecer a mais ampla divulgação possível entre os administrados, com a maior transparência possível. E qual a diferença entre a publicidade e a publicação? A diferença é que a publicação é uma das formas das quais a publicidade pode se consumar. A publicidade pode ser excepcionada em razão das garantias do art. 5º, X, da CF e em razão das situações do art. 23, da lei 12.527. V MPE-PR | 2017: A publicidade se distingue da publicação dos atos administrativos, sendo esta apenas um dos meios de concretização daquele princípio. 1.1.6. PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA Incluída expressamente na CF através da EC nº 19/199, visa a produtividade e a economicidade por parte da Administração Pública na realização de suas atividades. V MPE-BA | 2015: A Emenda Constitucional nº 19/1998, conhecida por implementar a “Reforma Administrativa”, acrescentou o princípio da eficiência ao texto constitucional. 1.1.7. PRINCÍPIO DA AUTOTUTELA Permite a Administração Pública rever os seus erros para restaurar a situação de regularidade. Pode fazê-lo de ofício e consiste em um dever. Consagra-se na Súmula 473 do STF: “A Administração pode anular seus próprios atos quando eivados de vícios que os tornem ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial”. www.adverum.com.br Estude inteligente, estude AdVerum 4 É importante mencionar o teor do Enunciado 611 da Súmula do STJ, no sentido de que é possível a instauração de processo administrativo disciplinar com base em denúncia anônima, desde que devidamente motivada e com amparo em investigação ou sindicância, em face do poder- dever de autotutela imposto à Administração (Súmula 611). Atenção futuro(a) Promotor(a) de Justiça! Sempre que a Administração Pública for revogar ou anular um ato que acarrete supressão de direitos ou prerrogativas que atinja diretamente os administrados ela deve abrir oportunidade de contraditório e ampla defesa, sob pena de ilegalidade do ato! 1.1.8. PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE Prega uma atuação proporcional do agente público entre o motivo do ato e a respectiva consequência jurídica. A sua finalidade é evitar abusos na atuação desses agentes. Este princípio não está expresso na CF. Segundo o STF, para que o mencionado princípio seja corretamente observado, o ato deve ser adequado, necessário e proporcional em sentido estrito1 (RE 610.290, Informativo 712) F MPE-BA | 2015: O princípio da proporcionalidade, expressamente previsto na Constituição Federal de 1988, significa que as competências administrativas só podem ser validamente exercidas na extensão e intensidade correspondentes ao que seja realmente demandado para o cumprimento da finalidade de interesse público a que estão atreladas. F MPE-AC | 2014: Segundo o entendimento do STF, para que não ocorra violação do princípio da proporcionalidade, devem ser observados três subprincípios: adequação, finalidade e razoabilidade stricto sensu. 1.1.9. PRINCÍPIO DA ISONOMIA Trata-se daquele velho preceito de que a Administração Pública deve tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na medida de suas desigualdades. Ex.: Cotas para universidades públicas. Sobre o assunto, é relevante mencionar a Súmula nº 683 do STF, segundo a qual “o limite de idade para a inscrição em concurso público só se legitima em face do art. 7º, XXX, da Constituição Federal, quando justificado pela natureza das atribuições do cargo a ser preenchido”. 1 Quando as vantagens a serem conquistadas superam as desvantagens. www.adverum.com.br Estude inteligente, estude Ad Verum 5 V MPE-PR | 2017: Entende o Supremo Tribunal Federal que o limite de idade para inscrição em concurso público apenas se legitima, à vista do art. 7°, XXX (proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil), da Constituição Federal, quando possa ser justificado pela natureza das atribuições do cargo a ser preenchido. 1.2. PODERES ADMINISTRATIVOS 1.2.1. CONCEITO Os poderes administrativos são o conjunto de prerrogativas que a ordem jurídica destina aos agentes administrativos para permitir que o Estado alcance seus fins. 1.2.2. USO E ABUSO DE PODER O abuso de poder se configura nas situações em que autoridade pública pratica o ato extrapolando a sua competência (excesso de poder) ou visando uma finalidade diversa (desvio de poder) da estabelecida pela legislação. V MPE-MG | 2017: O desvio de poder é vício objetivo que se refere ao descompasso entre a finalidade a que o ato serviu e a finalidade legal que por meio dele poderia ser servida. V MPE-SP | 2015: Configura desvio de poder, a remoção de servidor fundada em justificativa genérica e subjetiva da presença de interesse público. 1.2.3. PODER DE POLÍCIA Para efeito de concurso para Promotor de Justiça, vamos focar especificamente no Poder de Polícia, uma vez que é o poder mais cobrado. O poder de polícia pode ser compreendido em dois sentidos, quais sejam, em sentido amplo e estrito. Em sentido amplo, tal poder significa qualquer ação restritiva do Estado em relação aos particulares. Já, em sentido estrito, o poder se configura como atividade administrativa que consiste no poder de restringir e condicionar a liberdade e a propriedade em favor do interesse da coletividade. V MPE-PR | 2016: O Poder Público quando interfere na órbita do interesse privado para salvaguardar o interesse público, restringindo direitos individuais, atua no exercício do denominado poder de polícia. O Poder de Polícia, por ser atividade típica de Estado, em regra, só pode ser exercido pelas pessoas jurídicas de direito público, não podendo ser delegado a particulares. www.adverum.com.br Estude inteligente, estude Ad Verum 6 F MPE-SP | 2015: O Poder de Polícia é passível de delegação a particulares. José dos Santos Carvalho Filho entende que o Poder Público pode delegar ao particular o Poder de Polícia em sua modalidade fiscalizatória. Nesse sentido, o STF já decidiu que guardas municipais podem atuar na fiscalização, no controle e na orientação do trânsito e do tráfego, podendo, inclusive, aplicar as sanções pertinentes (RE 6585070). V MPE-SC | 2016: A fiscalização do trânsito, com aplicação das sanções administrativas legalmente previstas, embora possa se dar ostensivamente, constitui mero exercício de poder de polícia, não havendo, portanto, óbice ao seu exercício por entidades não policiais. Podemos considerar como Atributos do poder de Polícia a discricionariedade, a autoexecutoriedade e a coercibilidade. a) Discricionariedade: compreende-se como a liberdade estabelecida em lei ao administrador para decidir perante o caso concreto. É o caso, por exemplo, em que autoridades públicas enumeram algumas praias onde a prática de kitesurf é proibida. b) Autoexecutoriedade: A administração pode executar suas próprias decisões sem interferência do Poder Judiciário. Como exemplo, podemos verificar este atributo na apreensão de bens e interdição de estabelecimentos. c) Coercibilidade: Torna o ato obrigatório em face da vontade do administrado. Temos como exemplo, a aplicação de uma multa para coagir o particular a não estacionar em uma determinada via pública. F MPE-SP | 2015: Tem, como atributos exclusivos, a discricionariedade e a coercibilidade. Tendo em vista a importância do exercício do poder de polícia, o STJ recentemente entendeu que “é obrigatória a prévia fiscalização do camarão in natura, ainda que na condição de matéria-prima, antes do beneficiamento em outros Estados da Federação, podendo tal atividade ser realizada no próprio estabelecimento rural onde se desenvolve a carcinicultura (STJ, 1ª Turma, REsp 1.536.399-PI, Rel. Min. Sérgio Kukina, j. 08/02/2018). www.adverum.com.br Estude inteligente, estude Ad Verum 7 A exigência de fiscalização prévia não ofende os princípios de livre iniciativa e da livre concorrência. Tal postura afirma o direito fundamental à saúde da população, que tem assegurada e certificada a qualidade dos alimentos. QUESTÃO INÉDITA Em tema de princípios da Administração Pública e dos Poderes administrativos, assinale a alternativa incorreta: a) a Administração Pública prescinde de autorização de provimento jurisdicional para demolir construção irregular de particular, em decorrência do seu poder de polícia. b) o recurso em sede de concursos públicos é uma garantia que também visa atender ao princípio da isonomia. c) para que o ato administrativo seja considerado proporcional, o administrador público também deve verificar se a decisão tomada é apta para atingir os efeitos pretendidos. d) a vedação contida na Súmula nº 13 do STF só abarca aquelas situações em que há a demonstração da intenção de violação à Constituição, existência de amizade ou de obtenção de benefício com a nomeação de parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau para o cargo em comissão ou de confiança na administração pública. e) o poder de polícia administrativopermite à Administração Pública modificar unilateralmente o pactuado em contrato administrativo. Comentários: A alternativa A está correta, tendo em vista os seus atributos de autoexecutoriedade e coercibilidade. Obs.: Tenha sempre em mente os atributos do poder de polícia!. A alternativa B também se encontra correta, uma vez que a possibilidade de interposição de recurso em sede de concurso público tem por finalidade assegurar uma pontuação justa no certame. A alternativa C, se refere a um dos requisitos para o atendimento ao princípio da proporcionalidade, qual seja a adequação. Por seu turno, a alternativa D é o gabarito da questão. Segundo o STF, a mencionada súmula propõe critérios objetivos à vedação (MS 28485). Por fim, a alternativa E encontra-se correta. Além do poder de polícia, podemos observar que a modificação unilateral também se consubstancia no princípio da supremacia do interesse público sobre o privado. www.adverum.com.br Estude inteligente, estude Ad Verum 8 Princípios Administrativos Conceito: são postulados fundamentais que guiam o modo de agir da Administração Pública. Princípio da Supremacia do Interesse Público: a atuação da Administração deve se voltar em atendimento ao interesse público. Princípio da Indisponibilidade do Interesse Público: bens e interesses públicos não pertencem à Administração, cabendo-lhe, apenas, geri-los em prol da coletividade. Princípio da Legalidade: toda e qualquer atuação administrativa deve ser autorizada por lei. Princípio da Impessoalidade: objetiva a igualdade de tratamento que destinada aos Administrados. Princípio da Publicidade: os atos administrativos devem merecer a mais ampla divulgação possível. Princípio da Eficiência: visa à produtividade e à economicidade por na realização de suas atividades. Princípio da Autotutela: permite a Administração rever os seus erros, podendo anular seus atos quando ilegais ou revogá-los por conveniência ou oportunidade (Súmula 473 do STF). Princípio da Proporcionalidade: prega uma atuação proporcional do agente público entre o motivo do ato e a respectiva consequência jurídica. Princípio da Isonomia: A Administração deve tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais. Poderes Administrativos Conceito: conjunto de prerrogativas que permitem que o Estado alcance seus fins. Excesso de poder: pratica do ato extrapolando a sua competência. Desvio de Poder: pratica do ato com uma finalidade diversa do interesse público. Poder de Polícia: atividade que consiste no poder de restringir e condicionar a liberdade e a propriedade em favor do interesse da coletividade. Atributos: discricionariedade, autoexecutoriedade e coercibilidade. www.adverum.com.br Estude inteligente, estude Ad Verum 9 2. ATOS ADMINISTRATIVOS 2.1. CONCEITO É a exteriorização da vontade da administração pública ou de particulares delegatários, sob regime de direito público, que tem a capacidade de produzir efeitos jurídicos, com a finalidade de atender ao interesse público. Os atos administrativos não se confundem com atos políticos ou de governo, sendo esses considerados atos da administração em sentido amplo (qualquer ato oriundo da Administração Pública com prerrogativa pública ou não). Como exemplo de atos da administração em sentido amplo: iniciativa de leis, celebração de tratados internacionais, decretação de estado de sítio, etc. F MPE-MS | 2015 | FAPEC: O ato praticado por concessionário de serviço público, ainda que no exercício de prerrogativas públicas, não caracteriza ato administrativo. F MPE-GO | 2014 | MPE-GO: A entrega de extraditando, desde que autorizada pelo Supremo Tribunal Federal, é ato de exclusiva competência do Presidente da República, constituindo desempenho de uma atividade encartada na Chefia de Governo, resultando daí sua qualidade de ato administrativo, sindicável, em toda a extensão de seus elementos, pelo Poder Judiciário. 2.2. ATOS VINCULADOS E DISCRICIONÁRIOS Os atos vinculados são aqueles que a administração pratica sem qualquer margem de liberdade, tendo em vista que a lei previamente estabeleceu o comportamento cabível à determinada situação. No caso, o administrador estará vinculado a todos os elementos dos atos administrativos (competência, finalidade, forma, objeto e motivo). Ex: concessão de licença paternidade ao servidor público quando preenchido os requisitos. Já, os atos discricionários são aqueles que o administrador pode atuar com certa liberdade de escolha, nos termos e limites da lei. Neste caso, a valoração recairá sobre o motivo, objeto, bem como a oportunidade e conveniência. Ex.: licença de servidor para tratar de interesses particulares. V MPE-MT | 2014 | UFMT: É possível o controle judicial da discricionariedade administrativa, respeitados os limites que são assegurados pela lei à atuação da Administração Pública. 2.3. ATOS DE IMPÉRIO E DE GESTÃO Os atos de império são os que dotam de poder de coerção, sendo irrelevante a vontade dos administrados para a sua prática. Possuem como www.adverum.com.br Estude inteligente, estude Ad Verum 10 fundamento o princípio da supremacia do interesse público. Ex.: embargo de obra. Já os atos de gestão, são praticados pela administração na qualidade de gestora de seus bens e serviços, sem a característica de coerção. Apesar de não terem fundamento no princípio da supremacia do interesse público, tais atos estão sujeitos ao princípio da indisponibilidade do interesse público. Ex.: autorização ou permissão de uso de bem público. F MPE-MS | 2015 | FAPEC: Ao praticar atos de gestão, a Administração Pública utiliza a sua supremacia sobre os destinatários. V MPE-MS | 2015 | FAPEC: Os atos administrativos de gestão são os que a Administração Pública pratica sem usar da sua supremacia sobre os destinatários. 2.4. MOTIVAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS De início, é válido ressaltar que a motivação dos atos administrativos difere do motivo. O primeiro faz parte do elemento forma do ato. Portanto, ocorrendo vício ocorrerá vício quanto à forma. Nesse sentido, podemos considerar que a motivação consiste na declaração escrita do motivo ensejador do ato. Tem como base o princípio da transparência. Ex.: Na demissão de um servidor, a administração discorre por escrito o que levou a praticar tal ato. A administração pública está sujeita ao controle administrativo e judicial (controle de legalidade ou legitimidade) em relação à existência e à pertinência ou adequação dos motivos que ela enquadrou como causa para a prática do ato. Estamos diante da chamada Teoria dos Motivos Determinantes, a qual se aplica a atos vinculados e a atos discricionários. Tem aplicação mesmo quando a administração faz a motivação em casos facultativos, como, por exemplo, motivação de exoneração de servidor de cargo em comissão. V MPE-MT | 2014 | UFMT: A Teoria dos Motivos Determinantes aplica-se à exoneração ad nutum, desde que a Administração Pública declare o motivo do ato administrativo. 2.5. ATRIBUTOS DOS ATOS ADMINISTRAVOS Consistem nas características dos atos administrativos. São eles: presunção de legitimidade, imperatividade, autoexecutoriedade e tipicidade. Esses dois últimos atributos só se apresentam em determinados atos administrativos. a) Presunção de legitimidade: Presume-se que o ato emanado pela administração pública não possui vício, fazendo efeito desde logo, bem como autorizando a sua imediata execução. Trata-se de uma presunção relativa, ou seja, é cabível que o administrado prove que aquele ato possui vício. www.adverum.com.br Estude inteligente, estude Ad Verum 11 V MPE-SC | 2014 | MPE-SC: É atributo do ato administrativoa presunção de legalidade. Não se exige da Administração, ao editá-lo, a comprovação de que está conforme a lei. A presunção, contudo, é relativa, podendo ser contestada, perante a própria Administração, o Tribunal de Contas, o Poder Judiciário ou o órgão de controle competente. b) Imperatividade: possibilita a administração pública criar, unilateralmente, obrigações ou restrições aos administrados. Só está presente nos atos em que implicam obrigação. F MPE-SP | 2013 | MPE-SP (adaptada): A imperatividade, como maior atributo do ato administrativo, é a ele essencial e inerente, sem exceção. c) Autoexecutoriedade: permite a execução, de imediato, do ato administrativo sem a intervenção do Poder Judiciário. Ex.: demolição de obra com risco de desabamento. d) Tipicidade: decorrente do princípio da legalidade, impõe que a administração pública pratique atos nos termos da lei, ou seja, para cada finalidade deve existir um ato típico definido em lei. F MPE-SC | 2016 | MPE-SC: A concessão de licença para o particular construir é ato administrativo e, por consequência, ela é dotada de presunção de legitimidade, de imperatividade, de exigibilidade e de autoexecutoriedade. 2.6. EXTINÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS A extinção dos atos administrativos, poderá ser ocasionada por vício na sua formação, desnecessidade e inoportunidade ou inconveniência e imposição de ato sancionatório em que o particular descumpriu as condições para a manutenção do ato. Nesse sentido temos a revogação, anulação e cassação. a) Anulação: decorre de vício relativo à legalidade ou legitimidade do ato. Consiste em um controle de legalidade do ato, não controle de mérito. É um pode-dever da administração. Produz efeito ex tunc, todavia, resguarda-se os efeito produzidos à terceiros de boa-fé. Pode ser feita pela própria administração pública ou pelo Poder Judiciário. O art. 54, da Lei 9.784/99 estabelece o prazo de 5 (cinco) anos para a realização da anulação, salvo comprovada a má- fé. Caso a anulação afete interesse do administrado desfavoravelmente, deve ser instaurado procedimento administrativo com as garantias de contraditório e ampla defesa. Todavia, tal garantia não precisa ser observada no julgamento, por parte do TCU, de legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria (Súmula Vinculante nº 03). V MPE-BA | 2015 | CEFET-BA: Os atos administrativos ilegais dos quais decorram efeitos favoráveis ao administrado deverão ser invalidados no prazo de 5 (cinco) anos, contados da data em que forem praticados, salvo comprovada má-fé. www.adverum.com.br Estude inteligente, estude Ad Verum 12 V MPE-MT | 2014 | UFMT: No julgamento de legalidade de ato administrativo de concessão inicial de aposentadoria, fica afastada a necessidade de observância dos institutos do contraditório e da ampla defesa pelo Tribunal de Contas da União. b) Revogação: instrumento pelo qual a administração pública faz a retirada de um ato por motivos de conveniência e oportunidade. Só produz efeitos ex nunc. Destaque-se que os atos vinculados não são passíveis de revogação. Como esse instrumento é de caráter definitivo, não gera efeito repristinatório, ou seja, não ressuscita ato revogado pela renúncia do ato revogador. A retirada do ato só poderá ser realizada por quem a praticou. Atenção Futuro(a) Promotor(a) de Justiça! Segundo o STJ, quando o ato depende, para sua edição, da reunião de vontades de mais de um órgão da Administração (ato complexo), a revogação só será possível com a concordância de todos os órgãos envolvidos na prática do ato (MS 14.731/DF). Além dos atos vinculados, são insuscetíveis de revogação: atos consumados, atos que geraram direitos adquiridos e atos que integram procedimento administrativo. V MPE-BA | 2015 | CEFET-BA: Os atos vinculados não são passíveis de revogação. V MPE-PA | 2014 | FCC: os atos gerais e abstratos, como os regulamentos, são revogáveis a qualquer tempo, enquanto vigentes. F MPE-PA | 2014 | FCC: os atos que geram direitos adquiridos estão sujeitos à revogação, em razão da supremacia do interesse público. V MPE-SC | 2014 | MPE-SC: Segundo jurisprudência consolidada do Supremo Tribunal Federal, a Administração pode anular seus próprios atos, quando maculados por defeitos que os façam ilegais, com eficácia, em geral, ex tunc. Pode ainda revogá-los, atenta a pressupostos de conveniência ou oportunidade, sem prejuízo dos direitos adquiridos, com efeitos ex nunc. c) Cassação: ocorre quando o beneficiário do ato administrativo deixa de atender aos requisitos para a manutenção do ato. Ex.: cassação de licença para construir. F MPE-BA | 2015 | CEFET-BA: A cassação do ato administrativo pressupõe a prévia declaração da sua nulidade pela Administração Pública. A caducidade também é um forma de extinção dos atos administrativos, todavia a sua diferença é que não resulta da manifestação do administrador ou do Poder Judiciário. Nesse sentido ela ocorre com a superveniência de norma incompatível com o ato praticado, tornando-o inviável. Ex.: permissão de uso de bem público, ao que posteriormente é editada uma norma que proíbe o uso. www.adverum.com.br Estude inteligente, estude Ad Verum 13 F MPE-SC | 2016: A retirada é uma das formas de extinção dos atos administrativos e pode dar-se por anulação, revogação, cassação e caducidade. A caducidade ocorre quando o beneficiado do ato administrativo deixa de cumprir os requisitos de quando teve o ato deferido. 2.7. CONVALIDAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS É o instituto que a administração utiliza para aproveitar os atos administrativos com vícios sanáveis. V MPE-SP | 2013: Se apresentar defeito sanável, pode ser convalidado pela própria Administração, evidenciada a ausência de lesão ao interesse público ou de prejuízo a terceiros. QUESTÃO INÉDITA No que se refere aos atos administrativos, é INCORRETO afirmar: a) O ato revogatório não retroage para atingir efeitos pretéritos do ato revogado, apenas impede que este continue a produzir efeitos. b) A administração pública é obrigada anular ato administrativo que contenha vício sanável e não acarrete lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros. c) A regra constante do art. 54, da Lei 9.784/99 não é aplicável em casos em que há flagrante afronta em face da Constituição Federal. d) No Direito Administrativo, o ato administrativo já revogado não se restaura, automaticamente, pela revogação do seu ato revogador. e) Ao administrado deve ser destinada a garantia prévia da ampla defesa e contraditório diante da anulação de um ato administrativo que venha repercutir de maneira desfavorável na sua esfera de interesse. Comentário: a) VERDADEIRO - a revogação do ato administrativo produz efeito ex nunc, diferentemente da anulação, que produz efeito ex tunc; b) FALSO - Apesar da anulação ser um poder-dever, a Administração Pública, no caso em comento, não estará obrigada a realizá-la, já que pode convalidá- lo, pois se trata de vício sanável e não acarreta lesão ao interesse público nem a terceiros. Este é o gabarito da questão; c) VERDADEIRO - o STF entende que nessas situações o ato poderá ser anulado a qualquer tempo; d) VERDADEIRO - proibição da repristinação no âmbito da Administração Pública; e) VERDADEIRO - entendimento do STF constante no Informativo 641. www.adverum.com.br Estude inteligente, estude Ad Verum 14 Conceito de ato administrativo Exteriorização da vontade da administração pública ou de particulares (delegatários da administração), sob regime de direito público, com a finalidade de atender ao interesse público. Difere dos atos políticos ou de governo. Atos vinculados e discricionários Ato vinculado: a administração pratica sem margem de liberdade,em virtude de lei. Ato discricionário: o administrador pode atuar com margem de escolha, nos termos e limites da lei. www.adverum.com.br Estude inteligente, estude Ad Verum 15 Atos de império e de gestão Atos de império: dotam de poder de coerção, sendo irrelevante a vontade dos administrados. Atos de gestão: praticados pela administração na qualidade de gestora de seus bens e serviços, assemelhando-se aos atos praticados por particulares. Motivação dos atos administrativos Consiste na declaração escrita do motivo ensejador do ato administrativo. Não se confunde com o motivo, elemento do ato administrativo. Teoria dos Motivos Determinantes: a Administração está sujeita ao controle administrativo e judicial em relação à existência e à pertinência ou adequação dos motivos para a prática do ato. Atributos Presunção de legitimidade: presume-se que o ato emanado pela administração pública não possui vício. Imperatividade: possibilita a administração pública criar, unilateralmente, obrigações ou restrições aos administrados. Autoexecutoriedade: permite a execução, do ato administrativo sem a intervenção do Poder Judiciário. Tipicidade: impõe que a administração pública pratique atos nos termos da lei. Extinção Anulação: decorre de vício de legalidade ou legitimidade, produzindo efeito ex tunc. Revogação: a Administração pode fazer a retirada de um ato por motivos de conveniência e oportunidade, produzindo efeitos ex nunc. Cassação: beneficiário do ato administrativo deixa de atender aos requisitos para a manutenção do ato. Caducidade: a superveniência de norma incompatível com o ato praticado. Convalidação Possibilita a administração aproveitar os atos administrativos com vícios sanáveis. 3. INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PROPRIEDADE 3.1. INTRODUÇÃO Podemos considerar intervenção do Estado na propriedade toda a atuação estatal que, consoante lei, vise ajustar a propriedade aos moldes da sua função social. Nesse sentido, a CF/88 ao mesmo tempo que garante o direito de propriedade (art. 5º, XXII), condiciona a manutenção deste ao atendimento da função social, sob pena de intervenção do Estado (art. 5º, XXIII). Além disso, a CF prevê a desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social (art. 5º, XXIV) e autoriza a intervenção em caso de iminente perigo público (art. 5º, XXV). www.adverum.com.br Estude inteligente, estude Ad Verum 16 3.2. MODALIDADES Inicialmente, podemos apontar duas formas básicas de intervenção, quais sejam a intervenção restritiva e a supressiva. Na intervenção restritiva, o Estado impõe restrições na propriedade, mas sem retirá-la de seu dono. Na supressiva, o Estado retira coercitivamente a propriedade de terceiro e a transfere para si. A partir dessa consideração, apontemos os seguintes meios e intervenção do Estado: a servidão administrativa, requisição, ocupação temporária, limitação administrativa, tombamento e desapropriação. 3.2.1. SERVIDÃO ADMINISTRATIVA Autoriza o Estado usar a propriedade imóvel de particular para permitir a execução de obras e serviços de interesse coletivo. Constitui um direito real público, devendo ser inscrita no Registro de Imóveis para produzir eficácia erga omnes. Ex.: instalação de redes elétricas em terreno privado. Por inexistir perda da propriedade, a indenização somente será cabível em caso de danos ou prejuízos ao imóvel, cabendo o ônus da prova ao proprietário. V MPE-SP | 2015: A servidão administrativa constitui direito real de uso sobre coisa alheia, em favor de entidade pública ou delegada, com finalidade pública. F MPE-SP | 2015: A servidão administrativa retira a propriedade do particular. 3.2.2. REQUISIÇÃO É a modalidade de intervenção estatal, através da qual o Poder Público utiliza bens móveis, imóveis e serviços particulares em situação de perigo público iminente, podendo servir para fins civis e militares (art. 5º, XXV, da CF). Ex.: epidemias, catástrofes, conflito armado, etc. 3.2.3. OCUPAÇÃO TEMPORÁRIA Consiste em forma de intervenção estatal, pela qual o Estado usa, temporariamente, imóveis privados, como meio de apoio à execução de obras e serviços públicos. Ex.: ocupação temporária de terrenos de particulares contíguos a estradas em construção para alocação de equipamentos para a execução da obra. F MPE-GO | 2016: Requisição é a modalidade de intervenção estatal na propriedade, através da qual o Estado utiliza, transitoriamente, imóveis privados, como meio de apoio à execução de obras e serviços públicos. www.adverum.com.br Estude inteligente, estude Ad Verum 17 3.2.4. LIMITAÇÕES ADMINISTRATIVAS São determinações de caráter geral, por meio das quais o Estado impõe a proprietários indeterminados obrigações positivas (ex.: imposição de limpeza de terreno), negativas (ex.: limitação na construção de um determinado número de andares de um prédio) ou permissivas (ex.: para sujeitar as propriedades à função social. É salutar mencionar que diversas limitações administrativas possuem origem em leis e atos de natureza urbanística, como, por exemplo, os arts. 182 e 183 da CF e a Lei nº 10.257 (Estatuto da Cidade). Dentre essas limitações, é válido destacar o direito de preempção municipal, pelo qual é assegurada ao Município a preferência para aquisição de imóvel urbano objeto de alienação onerosa entre particulares (art. 25 do Estatuto da Cidade), direito, este, que será exercido diante das necessidades dispostas no art. 26 da mencionada lei. V MPE-MG | 2017 | FUNDEP (adaptada): É correto afirmar que o direito à preempção municipal é uma limitação administrativa. 3.2.5. TOMBAMENTO Através deste que o Poder Público visa proteger o patrimônio cultural brasileiro, podendo recair sobre bairros, cidades, bens imóveis ou bens móveis. Encontra-se expressamente previsto no art. 216, §1º, da CF. O tombamento pode ser voluntário ou compulsório, provisório ou definitivo. O tombamento voluntário ocorre quando o proprietário consente com o tombamento, enquanto que o compulsório ocorre quando o Poder Público realiza o tombamento com a resistência do proprietário. Por sua vez, o tombamento provisório ocorre quando o procedimento administrativo de tombamento está em curso, já o definitivo ocorre após a conclusão do processo. F MPE-RO | 2017 | FMP Concursos: O tombamento só dá causa à obrigação de conservação da coisa pelo proprietário quando se dê em caráter definitivo, após sua inscrição em livro próprio. O tombamento gera uma série de efeitos no que tange ao uso e à alienação do bem: a) vedação ao proprietário, ou o usuário, destruir, demolir ou mutilar o bem; b) o proprietário somente poderá reparar, pintar ou restaurar após a devida autorização do Poder Público; c) obrigação de conservar o bem e, não dispondo de recursos, deverá comunicar ao órgão competente para executar as medidas necessárias para conservação; d) o Poder Público pode, independentemente de autorização, tomar a iniciativa de fazer obras de execução em caso de urgência; e) em caso de alienação, o Poder Público possui o direito de preferência; f) não há obrigatoriedade do Poder Público indenizar o proprietário do imóvel, exceto quando o proprietário comprovar que o www.adverum.com.br Estude inteligente, estude Ad Verum 18 tombamento causou-lhe prejuízo; g) em relação aos bens móveis, estes só poderão sair do país com autorização do Poder Público, por curto prazo, sem transferência do domínio e com fins de intercâmbio cultural. Atenção Futuro(a) Promotor(a) de Justiça! As coisas tombadas, que pertençam à União, aos Estados ou aos Municípios, inalienáveis por natureza, só poderão ser transferidas de uma à outra das referidas entidades (art. 11 do Decreto-Leinº 25/37. F MPE-RO | 2017 | FMP Concursos: O reparo de bens tombados dependerá apenas de notificação à autoridade competente. F MPE-RO | 2017 | FMP Concursos: A proibição de destruição, demolição ou mutilação de bens tombados implica restrições ao direito de propriedade, que podem ser afastadas apenas com autorização administrativa específica. F MPE-RO | 2017 | FMP Concursos: O tombamento, quando compulsório, dá causa ao direito de indenização do proprietário da coisa tombada. F MPE-RR | 2017 | CESPE (adaptada): O bem de propriedade particular tombado pelo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional poderá sair do país se houver transferência de domínio. F MPE-GO | 2016: As coisas tombadas, que pertençam à União, aos Estados ou aos Municípios, podem ser alienadas a particulares, desde que autorizado judicialmente. 3.2.6. DESAPROPRIAÇÃO Procedimento pelo qual o Poder Público transfere para si a propriedade de terceiro, em razão de utilidade pública (conveniência do Estado), necessidade pública (situações de emergência) ou de interesse social (relativo à função social da propriedade), mediante, via de regra, o pagamento de indenização¸ vide art. 5º, XXIV, da CF. Além da previsão constitucional mencionada, a Carta Magna dispõe de previsões específicas de desapropriações, sendo elas a desapropriação urbanística (art. 182, § 4º, III), a desapropriação rural (art. 184) e a desapropriação confiscatória (art. 204). A desapropriação urbanística possui caráter sancionatório ao proprietário que não promove o aproveitamento adequado de sua propriedade e é indenizável mediante títulos da dívida pública. Já, a desapropriação rural incide sobre imóveis rurais destinados à reforma agrária, sendo o expropriante exclusivo a União, e é indenizável mediante títulos da dívida agrária. Por último, a desapropriação confiscatória decorre da constatação de culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou exploração de trabalho escravo, sendo incabível qualquer tipo de indenização. www.adverum.com.br Estude inteligente, estude Ad Verum 19 F MPE-GO | 2016: Os Estados-membros e os Municípios, em situações excepcionais, devidamente justificadas, dispõem do poder de desapropriar imóveis rurais, por interesse social, para efeito de reforma agrária, especialmente quando para fins de implementação de projetos de assentamento rural ou de estabelecimento de colônias agrícolas. F MPE-MS | 2015 | FAPEC: A desapropriação em nenhuma hipótese pode se dar sem justa indenização. Em sede infraconstitucional, devemos dar destaque, também, a desapropriação por zona (art. 4º do Decreto-Lei nº 3.365/41). Ela abrange áreas contíguas necessárias ao desenvolvimento da obra realizada pela Administração, bem como aquelas que se valorizaram extraordinariamente em virtude dessa obra. F MPE-SC | 2016: A desapropriação por zona em razão da valorização extraordinária dos terrenos vizinhos se configura como especulação imobiliária, contrária ao atual texto constitucional que, para esses casos, estabelece o dever de o Poder Público valer-se da contribuição de melhoria. Em regra, a desapropriação pode ter como objeto bem móvel ou imóvel (art. 2º do Dec. lei nº 3365/41), dotado de valoração patrimonial, pelas entidades da federação. Inclusive, bens públicos podem ser desapropriados, desde que a intervenção ocorra pelo ente federativo de maior abrangência territorial para o menos abrangente e desde que exista lei, editada pelo ente que providenciará o ato (art. 2º, §2º). F MPE-MS | 2015 | FAPEC: Havendo interesse público predominante, os Estados poderão desapropriar bens públicos federais, e os Municípios poderão desapropriar os Estaduais O procedimento administrativo de desapropriação é composto em duas grandes fases: a declaratória, na qual o Poder Público manifesta a sua vontade de desapropriar; e a fase executória, na qual são adotadas as providencias para a transferência do bem. A fase declaratória começa com a “declaração expropriatória”. A declaração ocorre por meio de decreto do Chefe do Executivo, também se admitindo a iniciativa pelo Poder Legislativo (art. 8º do Decreto-Lei 3.365/1941). Com a publicação do decreto, as autoridades administrativas estão autorizadas a penetrar nos prédios; tem-se o início da contagem do prazo para a caducidade do ato; e indicação do estado do bem para fins de futura indenização. Em relação à caducidade, o prazo em caso de declaração de utilidade pública é de 5 (cinco) anos e por interesse social é de 2 (dois) anos. Por sua vez, na fase executória, a transferência pode ocorrer na via administrativa se houver acordo entre o Poder Público e o proprietário. Não ocorrendo acordo, a via judicial poderá ser utilizada, na qual só se poderá discutir se houve vício no processo ou impugnar o valor da indenização. www.adverum.com.br Estude inteligente, estude Ad Verum 20 F MPE-MS | 2015 | FAPEC: A desapropriação por utilidade pública deverá efetivar-se mediante acordo ou intentar-se judicialmente, dentro de dois anos, contados da data da expedição do respectivo decreto, e findos os quais este caducará. Caso não subsistam os motivos que provocaram a iniciativa do processo expropriatório, pode o Poder Público desistir da desapropriação, inclusive no curso da ação judicial. O expropriado não pode opor-se à desistência, mas terá direito à indenização por todos os prejuízos causados pelo expropriante. Outro ponto que merece destaque é a chamada Desapropriação indireta. É o fato administrativo por meio do qual o Estado se apropria de bem particular, sem observância dos requisitos da declaração e da indenização prévia. Ex.: apropriação de áreas privadas pela administração pública para a abertura de estradas sem processo pertinente e sem o prévio pagamento de indenização. Nesse caso, mesmo sendo nulo o processo de desapropriação o proprietário não terá direito ao retorno do bem ao seu patrimônio, só podendo postular em juízo a reparação pelas perdas e danos (art. 35 do Dec.-Lei). F MPE-MS | 2015 | FAPEC: A denominada “desapropriação indireta”, muito comum em nosso país, é uma espécie de desapropriação de fato, permitida pela legislação brasileira, indenizável em até cinco anos. Outra figura importante é a tredestinação. Ocorre quando o Poder Público expropriante dá ao bem desapropriado uma destinação diferente da prevista inicialmente. Pode ser lícita ou ilícita. A primeira ocorre quando há a manutenção do interesse público. Ex.: desapropriação para a construção de uma escola e no lugar é construído um hospital. Já, a segunda ocorre quando há o desvio de finalidade e a não observância ao interesse público, ao que a desapropriação será considerada nula com direito a reintegração do bem. Por fim, a retrocessão é a reversão do procedimento expropriatório devolvendo-se o bem ao antigo dono, pelo preço atual, se não lhe for atribuída uma destinação pública, vide art. 519 do Código Civil. V MPE-MG | 2017 | CESPE (adaptada): Concluído determinado processo de desapropriação, com o pagamento integral do valor e a incorporação do bem ao patrimônio do poder público, este decidiu devolver o bem expropriado ao antigo dono, por não lhe ter sido atribuída a destinação prevista no decreto expropriatório nem qualquer outra destinação pública. Essa reversão do procedimento expropriatório é denominada retrocessão. Quanto aos juros compensatórios na desapropriação, o STF julgou o mérito da ADI 2332/DF e fixou importantes orientações sobre o tema (STF. Plenário. ADI 2332/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 17/5/2018). Assim, o STF: www.adverum.com.br Estude inteligente, estude Ad Verum 21 Julgou constitucional o percentual de juros compensatórios previsto no art. 15-A, caput, fixado em 6% aoano, para remuneração do proprietário pela imissão provisória do ente público na posse do bem; e julgou inconstitucional a expressão “até” (até 6%); Conferiu interpretação conforme a Constituição art. 15-A, caput, para entender que os juros compensatórios devem incidir sobre a diferença entre 80% do preço ofertado em juízo pelo ente público e o valor do bem fixado na sentença; Julgou constitucional o art. 15-A, §1.º, que estabelece que os juros compensatórios destinam-se apenas a compensar a perda de renda comprovadamente sofrida pelo proprietário, condicionando o pagamento dos juros compensatórios a comprovação dessa perda de renda; Julgou constitucional o art. 15-A, §2.º, que dispõe não serem devidos juros compensatórios quando o imóvel possuir graus de utilização da terra e de eficiência na exploração iguais a zero; Julgou constitucional o art. 15-A, §3.º, estendendo as regras e restrições de pagamento dos juros compensatórios à desapropriação indireta; Declarou inconstitucional o art. 15-A, §4º; Declarou constitucional os parâmetros mínimos (0,5%) e máximo (5%) para a concessão de honorários advocatícios Declarou a inconstitucionalidade da expressão “não podendo os honorários ultrapassar R$ 151.000,00 (cento e cinquenta e um mil reais)”, contida no art. 27, §1.º. Em decisão de maio de 2018, o STJ firmou entendimento no sentido de que, nas ações de desapropriação por interesse social para fins de reforma agrária, descabe a restituição, pelo expropriado sucumbente, de honorários periciais aos assistentes técnicos do INCRA e do MPF (STJ. 1ª Turma. REsp 1.306.051-MA, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 08/05/2018). QUESTÃO INÉDITA No que se refere às modalidades de intervenção na propriedade privada, é correto afirmar: a) Nas servidões administrativas, o Poder Público deverá sempre indenizar o proprietário do imóvel. b) A servidão administrativa produzirá efeito erga omnes mesmo sem a inscrição no Registro e Imóveis. c) Através da limitação administrativa, o Poder Público impõe a proprietários determinados obrigação de fazer ou de não fazer, com o fim de que a propriedade atenda a sua função social. www.adverum.com.br Estude inteligente, estude Ad Verum 22 d) Antes de alienar o bem tombado, o proprietário deve notificar o Estado e o Município para exercerem, dentro de vinte dias, seu direito de preferência. e) Constatada a desapropriação indireta, o ex-proprietário não poderá reaver o seu patrimônio, apenas postular em juízo reparação pelas perdas e danos causados pelo expropriante. Comentários: a) FALSO – a indenização só será devida pelos danos ou prejuízos que o uso por parte do Poder Público efetivamente causar; b) FALSO – por constituírem direito real de uso em favor do Estado, devem ser inscritas no Registro de Imóveis para produção de efeitos erga omnes; c) FALSO – as limitações administrativas consistem em determinações de caráter geral destinadas a proprietários indeterminados; d) FALSO – o proprietário que pretende alienar o bem também deve notificar a União. Além disso, o prazo para exercício do direito de preferência é de trinta dias; e) VERDADEIRO Intervenção do Estado na Propriedade Privada Toda a atuação estatal que, consoante lei, vise ajustar a propriedade aos moldes da sua função social. Servidão Administrativa Autoriza o Estado usar a propriedade imóvel de particular para permitir a execução de obras e serviços de interesse coletivo. Constitui um direito real público. Requisição Autoriza o Poder Público utilizar bens móveis, imóveis e serviços particulares em situação de perigo público iminente. Ocupação Temporária O Estado usa, temporariamente, imóveis privados, como meio de apoio à execução de obras e serviços públicos. Limitações Administrativas Determinações de caráter geral, por meio das quais o Estado impõe a proprietários indeterminados obrigações. Tombamento Através deste que o Poder Público visa proteger o patrimônio cultural brasileiro, podendo recair sobre bairros, cidades, bens imóveis ou bens móveis. www.adverum.com.br Estude inteligente, estude Ad Verum 23 Desapropriação Procedimento pelo qual o Poder Público transfere para si a propriedade de terceiro, em razão de utilidade pública, necessidade pública ou de interesse social mediante, via de regra, o pagamento de indenização¸ vide art. 5º, XXIV, da CF. Desapropriação urbanística: possui caráter sancionatório ao proprietário que não promove o aproveitamento adequado de sua propriedade. Desapropriação rural: incide sobre imóveis rurais destinados à reforma agrária ou fim compatível com a política agrícola e fundiária. Desapropriação confiscatória: decorre da constatação de culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou exploração de trabalho escravo. 4. AGENTES PÚBLICOS 4.1. INTRODUÇÃO São todas as pessoas que exercem uma função como representantes do Estado, podendo ser remunerada ou gratuita. Abrange os agentes políticos, agentes particulares colaboradores e servidores públicos. Neste capítulo, focaremos nas regras atinentes aos servidores públicos. Servidores públicos são todos os agentes que, em razão de relação de trabalho, integram o quadro funcional das pessoas federativas, das autarquias e das fundações públicas de natureza autárquica. Eles estão sujeitos a determinados regimes jurídicos, sendo os principais o estatutário, o trabalhista e o especial. O primeiro estabelece regras básicas que devem estar contidas em lei ou atos administrativos, tendo natureza legal, devendo obedecer aos mandamentos constitucionais dos servidores. O regime trabalhista constitui-se das normas que regulam a relação jurídica trabalhista (CLT). A denominação regime de emprego público nada mais é do que a aplicação do regime trabalhista comum à relação entre a Administração e o servidor, destacando-se a Lei nº 9.962/00 que incide sobre o âmbito da Administração federal. O regime especial visa disciplinar a categoria dos servidores temporários, os quais serão admitidos em frente à necessidade temporária de excepcional interesse público, nos casos estabelecidos por lei (art. 37, IX). V MPE-GO | 2016: A expressão emprego público é utilizada para identificar a relação funcional trabalhista, ressaltando-se que o empregado público tem função, mas não ocupa cargo. www.adverum.com.br Estude inteligente, estude Ad Verum 24 V MPE-MT | 2014: A lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público. 4.2. ORGANIZAÇÃO FUNCIONAL 4.2.1. QUADRO FUNCIONAL, CARGOS E FUNÇÕES PÚBLICAS Quadro funcional é o conjunto de carreiras, cargos isolados e funções públicas remuneradas integrantes de uma mesma pessoa federativa ou de seus órgãos, espelhando o quantitativo de servidores públicas da Administração. Cargo público é o lugar dentro da organização funcional da Administração que é ocupado por servidor público, o qual possui funções específicas e remuneração fixada em lei. Por sua vez, a função pública é a atribuição pública, constituindo nas tarefas que são objeto dos serviços prestados pelos servidores. Nesse sentido, é válido afirmar que todo cargo tem função, mas nem toda função pressupõe a exigência do cargo. Nessa mesma esteira, é de se considerar que não pode ser instituído cargo com funções aleatórias ou indefinidas, sendo caracterizado desvio de função o servidor que cumpre funções relativas a outro cargo que não ocupa efetivamente. Apesar do desvio, em regra, não poder ser convalidado, é cabível indenização ao servidor (Súmula 378 do STJ). V MPE-GO | 2013: O desvio de função ocorrido em data posterior à promulgação da Constituição da República de 1988,embora não enseje reenquadramento, legitima a percepção, como indenização, da diferença das remunerações, sob pena de enriquecimento sem causa do Estado. Os cargos podem se agruparem em três categorias, quais sejam os vitalícios, efetivos e em comissão. Os vitalícios são aqueles que destinam maior garantia de permanência a seus ocupantes, ao que somente podem perdê- los através de processo judicial (art. 95, I, CF), a exemplo dos magistrados. Os efetivos são aqueles que também possuem caráter de permanência, ao que a perda do cargo só poderá ocorrer, após a aquisição da estabilidade, se houver sentença judicial transitada em julgado ou processo administrativo que faculte a ampla defesa e avaliação negativa de desempenho (art. 41, §1º, da CF). Por sua vez, os cargos em comissão são de ocupação temporária, sendo seus titulares nomeados em função da relação de confiança entre estes e o nomeante. É dispensada a aprovação prévia em concurso e a exoneração é despida de qualquer formalidade especial (art. 37, II, CF). As funções de confiança apenas se destinam às atribuições de chefia, direção e assessoramento (art. 37, V, da CF), devendo ser exercidas, exclusivamente, por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão. F MPE-MG | 2014: A perda do cargo dar-se-á em virtude de sentença judicial, ainda que facultado o aviamento de recursos especial e/ou extraordinário. www.adverum.com.br Estude inteligente, estude Ad Verum 25 V MPE-SC | 2014: As funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargos efetivos, e os cargos em comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento. F MPE-MA | 2014: É de eficácia plena a norma constitucional que estabelece percentual mínimo de cargos em comissão e funções de confiança a serem providos por servidores de carreira; 4.2.2. PROVIMENTO Provimento é o fato administrativo em que determinado cargo público é preenchido. O art. 8º da Lei 8.112/90 enumera as seguintes formas: nomeação, promoção, readaptação, reversão, aproveitamento, reintegração e recondução. Nomeação é uma forma de provimento originário, ao que em se tratando de cargo vitalício ou efetivo deve ser precedida de concurso público, diferentemente dos cargos em comissão. A promoção ocorre quando o servidor assume cargos sucessivos e ascendentes, podendo ocorrer por antiguidade ou merecimento. A readaptação ocorre quando o servidor passa a ocupar cargo diferente do que ocupava em razão de limitação física ou psíquica. A recondução acontece quando o servidor retorna ao cargo estável que ocupava anteriormente em razão de inabilitação em estágio probatório ou pela reintegração de outro servidor ao cargo do qual teve que se afastar. Por sua vez, a reintegração ocorre quando o servidor estável, demitido, tem invalidada a demissão por decisão administrativa ou judicial, retornando ao cargo de origem. A reversão consiste no retorno à ativa do servidor aposentado, podendo ser de ofício (inexistência dos motivos da aposentadoria) ou a pedido (cumprimento dos requisitos e interesse da administração). Por último, o aproveitamento é o retorno do servidor posto em disponibilidade a um cargo com atribuições e vencimentos compatíveis com o anterior. V MPE-RS | 2014 | MPE-RS: Denomina-se reversão a situação em que servidor público aposentado pode voltar ao serviço público quando assim o solicitar, ou quando determinado o retorno pela entidade a que se ligava, dado que insubsistentes os motivos da aposentação ou por não mais subsistirem determinantes de sua aposentadoria 4.3. REGIME CONSTITUCIONAL 4.3.1. CONCURSO PÚBLICO É o procedimento administrativo que tem como fim aferir aptidões e selecionar os melhores candidatos ao provimento de cargos e funções. Nesse sentido, a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação em concurso público de provas ou provas e títulos (art. 37, II, da CF). www.adverum.com.br Estude inteligente, estude Ad Verum 26 O STF baniu das formas de investidura admitidas pela Constituição a ascensão e a transferência que são formas de ingresso em carreira diversa daquela para o qual o servidor ingressou mediante concurso (Súmula nº 43). V MPE-PR | 2016: É inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao servidor investir-se, sem prévia aprovação em concurso público destinado ao seu provimento, em cargo que não integra a carreira na qual anteriormente investido. Em regra, se o edital de determinado concurso público previu certo número de vagas, a Administração deve assegurar direito subjetivo à nomeação a todos aqueles que foram aprovados na quantidade prevista, consistindo a falta de nomeação uma situação excepcional em que o órgão público deverá comprovar, de forma fundamentada, a sua omissão. Segundo o STF, a nomeação dentro da referida quantidade integra o princípio da segurança jurídica. Atente-se Futuro(a) Promotor(a) de Justiça! O candidato aprovado fora do número de vagas poderá adquirir direito à nomeação, caso aquele que foi aprovado dentro daquelas houver desistido! F MPE-GO | 2016: A mera desistência de candidato classificado dentro do número de vagas previsto não rende ensejo à nomeação de candidato inicialmente aprovado em colocação além do número de vagas previstas no edital. Ademais, entende o STF que o exercício precário, por meio de provimento de cargo em comissão ou celebração de contrato de terceirização, de atribuições próprias do servidor de cargo efetivo para o qual há vagas e concurso público vigente configuraria preterição dos candidatos aprovados, ainda que em número excedente às vagas inicialmente previstas no edital. Caso comprovado que o número de contratações precárias alcança a posição ocupada por determinado candidato no momento da aprovação no respectivo certame, ficaria caracterizada a preterição e garantido o direito subjetivo à nomeação (STF, ARE-AgR 971.251/PI, Rel. Min. Roberto Barroso, j. 09/08/2016). Importante destacar que, de acordo com o entendimento do STJ, a nomeação tardia de candidatos aprovados em concurso público não gera direito à indenização, ainda que a demora tenha origem em erro reconhecido pela própria Administração Pública (STJ, 1ª Turma, REsp 1.238.344-MG, Rel. Min. Sérgio Kukina, j. 30/11/2017). De acordo com o STF, sendo a posse determinada por decisão judicial em momento posterior ao devido (posse tardia), o servidor, em regra, não fará jus à indenização por não ter sido investido anteriormente, salvo situação de www.adverum.com.br Estude inteligente, estude Ad Verum 27 arbitrariedade flagrante (STF, Plenário, RE 724.347/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Roberto Barroso, j. 26/2/2015). É válido destacar que, segundo o STJ, a Administração deve convocar o candidato aprovado por meio de intimação pessoal, quando há tempo razoável entre o resultado e a convocação, sendo ilícito exigir do candidato que acompanhe o órgão oficial de imprensa (RMS 24.716/BA). F MPE-AC | 2014 | CESPE: Caso se determine, no edital de concurso, que as comunicações com os candidatos devam ocorrer unicamente por meio da imprensa oficial, é possível exigir que o candidato acompanhe diariamente, no diário oficial, qualquer referência ao seu nome durante a vigência do concurso. Não é possível a convalidação de ato de nomeação para cargo ou contratação para emprego público sem a precedência de aprovação em concurso público. Nesse sentido, o STF não admite a aplicação da “teoria do fato consumado”, para que se mantenha no cargo a pessoa que não tenha sido aprovada em concurso público ou tenha tomado posse por força de decisão judicialprovisória, posteriormente desconstituída ou ineficaz (RE 608.482/RN). F MPDFT | 2015: A teoria do fato consumado é amplamente adotada no Direito Administrativo, sobretudo em matéria de concursos públicos, a par de proteger a confiança legítima e a segurança jurídica, ambas, garantias fundamentais dos candidatos. No âmbito dos concursos tem-se a reserva de vagas destinadas a pessoas com deficiência (art. 37, VIII, da CF). Essa reserva de cargos e empregos públicos encontra-se disciplinada no § 2º do art. 5º da Lei 8.112/90, ao que é garantido o percentual de 20% das vagas oferecidas. V MPE-MG | 2014: A legislação reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas portadoras de deficiência e definirá os critérios de sua admissão; estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público. Acerca da tematica “concurso publico” ainda vale destacar a recente jurisprudencia (Info 924) do STF a qual aborda a excecao a regra de que ‘os candidatos em concurso publico não possuem direito a prova de segunda chamada nos testes de aptidao fisica em razao de circunstancias pessoais’, qual seja: as gestantes pois essas, com base no principio da isonomia, possuem o direito a remarcacao do teste de aptidao fisica em caso de gravidez a epoca de sua realizacao. (RE 1058333/PR, Rel. Min. Luiz Fux) 4.3.2. REMUNERAÇÃO DOS AGENTES PÚBLICOS A remuneração dos servidores públicos e o subsídio dos detentores de mandato eletivo, Ministro de Estado e os Secretário Estaduais e Municipais, www.adverum.com.br Estude inteligente, estude Ad Verum 28 somente poderão ser fixados ou alterados por lei específica, observada a iniciativa privativa, assegurada a revisão geral anual (art. 37, X, da CF). Em linhas gerais, para os cargos do Poder Executivo Federal, a iniciativa das leis para fixação ou alteração da remuneração é privativa do Presidente da República (CF, art. 61, § 1º, II, “a”); para os cargos da Câmara dos Deputados e do Senado é da respectiva casa (CF, art. 51, IV); para o STF e Tribunais Superiores e aos Tribunais de Justiça compete ao Poder Legislativo respectivo (CF, art. 48, XV e art. 96, II, b). Atenção Futuro(a) Promotor(a) de Justiça! A competência para fixar o subsídio dos deputados federais, senadores, Presidente e Vice-Presidente da República e dos Ministros de Estado, é do Congresso Nacional, sem sansão ou veto do Presidente (CF, art. 49, VII e VIII). V MPE-MA | 2014: Compete ao legislativo dispor sobre criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus serviços, bem como a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias; Os incisos XVI e XVII do art. 37 da CF veda a acumulação remunerada de cargos, funções e empregos públicos, exceto quando houver compatibilidade de horário e os seguintes casos: a) dois cargos de professor; b) um cargo de professor com outro, técnico ou científico; c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde. Ademais, temos: d) servidor investido no mandato de vereador (art. 38, III, da CF); e) juízes e membros do Ministério Público que exercem magistério (art. 95, parágrafo único, I, e art. 128, § 5º, II, “d”, ambos da CF); f) profissionais de saúde das Forças Armadas (art. 142, § 3º, II, III e VIII). A proibição abrange autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público. F MPE-SC | 2014: Ao servidor público é vedado o exercício cumulativo e remunerado de cargos públicos, exceto, quando houver compatibilidade de horários, o de dois cargos de professor; o de um cargo de professor com outro, técnico ou científico; e o de dois cargos privativos de profissionais da saúde. A proibição de acumular é extensiva a empregos e funções e se limita à Administração Direta, às autarquias e às fundações. 4.3.3. SERVIDORES EM EXERCÍCIO DE MANDATOS ELETIVOS Você candidato deve ficar atento às disposições do art. 38 da CF que trata de situações relacionadas à acumulação de cargos e remunerações de servidores públicos das Administrações Diretas, autarquias e fundações públicas eleitos para mandatos eletivos nos Poderes Executivos ou Legislativo. Registre- se que nas hipóteses de afastamento do servidor, seu tempo de exercício de mandato eletivo é contado como tempo de serviço para todos os efeitos legais, salvo promoção por merecimento. www.adverum.com.br Estude inteligente, estude Ad Verum 29 No que diz respeito a acumulacao de cargos, e necessario ter em mente o que foi proferido pelo STJ em seu Ingo 632: “a acumulacao de cargos publicos de profissionais da area de saude, prevista no artigo 37, XVI, da CF/88, não se sujeita ao limite de 60 horas semanais previsto em norma infraconstitucional, pois inexiste tal requisito na Constituicao Federal. O único requisito estabelecido para a acumulacao e a compatibilidade de horarios no exercicio das funcoes, cujo cumprimento devera ser aferido pela Admnistracao Publica.” (Resp 1.746.784-PE) V MPE-MG | 2014: Em qualquer caso que exija o afastamento para o exercício de mandato eletivo, seu tempo de serviço será contado para todos os efeitos legais, exceto para promoção por merecimento. QUESTÃO INÉDITA Sobre os regramentos pertinentes aos agentes públicos, assinale a alternativa correta. a) Os cargos de provimento em comissão são aqueles de livre escolha, nomeação e exoneração, de caráter provisório, destinando-se às atribuições de direção, fiscalização, chefia, assessoramento, podendo recair ou não em servidor efetivo do Estado. b) A lei não pode criar cargos em comissão para substituir outros de caráter permanente. c) A insuficiência de servidores na unidade administrativa justifica o desvio de função. d) Para os candidatos aprovados além do número certo de vagas, o fato de surgirem novos cargos vagos durante o prazo de validade do certame ou, até mesmo, de ser aberto um novo concurso para o mesmo cargo origina, por si só, direito subjetivo à nomeação. e) A fixação de vencimentos dos servidores públicos pode ser objeto de convenção coletiva. Comentários: a) FALSO – segundo o art. 37, V, da CF destina o cargo em comissão às funções de chefia, direção e assessoramento; b) VERDADEIRO – as funções administrativas dos cargos em comissão estão especificadas no art. 37, V, da CF; c) FALSO – o STJ tem rejeitado a alegação de insuficiência de servidores na unidade administrativa para a designação de servidor para exercício de função diversa para o cargo que foi nomeado (RMS nº 37.248/SP); d) FALSO – Segundo o STF esses fatos não geram automaticamente o direito à nomeação dos candidatos aprovados fora das vagas previstas no edital, www.adverum.com.br Estude inteligente, estude Ad Verum 30 ressalvadas as hipóteses de preterição arbitrária e imotivada por parte da administração; e) FALSO – O STF entende que a negociação coletiva é incompatível com o regime estatutário (Súmula 679). Conceito e Abrangência São todas as pessoas que exercem uma função como representantes do Estado. Abrange os agentes políticos, agentes particulares colaboradores e servidores públicos. Regimes Jurídicos Estatutário, trabalhista e especial. Quadro Funcional Conjunto de carreiras, cargos isolados e funções públicas remuneradas integrantes de uma mesma pessoa federativa ou de seus órgãos. Cargo Público Lugar dentro da organização funcional da Administração que é ocupado por servidor público, o qual possui funções específicas e remuneração fixada em lei Função Pública Constitui nas atribuições destinadas aos agentes públicos. Provimento
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