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Contabilidade Básica - Aula 6 de 9

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Contabilidade para Iniciantes – 2013
Teoria e Questões Comentadas
Professor Thiago Ultra
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AULA 06 – CONTABILIDADE PARA INICIANTES – 
2013 – Teoria e Questões Comentadas
SUMÁRIO PÁGINA
1 Balanço Patrimonial: Patrimônio Líquido (PL) 2
1.1 Capital Social 4
1.1.1 Ações 6
1.1.2 Quotas de capital 7
1.1.4 Contabilização do Capital Social 7
1.2 Reservas de Capital 8
1.2.1 Ágio na emissão de ações 9
1.2.2 Alienação de partes beneficiárias 11
1.2.3 Alienação de bônus de subscrição 13
1.2.4 Aproveitamento das Reservas de Capital 14
1.3 Ajustes de Avaliação Patrimonial 19
1.4 Reservas de Lucros 21
1.4.1 Reserva Legal 23
1.4.2 Reservas Estatutárias 29
1.4.3 Reservas para Contingências 30
1.4.4 Reservas de Lucros a Realizar 33
1.4.5 Retenção de Lucros – Reserva de lucros para investimento 36
1.4.6 Reserva de Incentivos Fiscais 37
1.4.7 Reserva especial para dividendo obrigatório não distribuído 39
1.4.8 Limite para as reservas de lucros 40
1.5 Ações em Tesouraria 41
1.5.1 Ações em Tesouraria – Aspectos Contábeis 42
1.6 Lucros ou Prejuízos Acumulados 44
1.7 Reserva de Reavaliação (extinta) 45
Série única de exercícios 47
LISTA DE EXERCÍCIOS COMENTADOS 72
GABARITOS 83
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Oi, gente! O tema de nossa aula hoje é o Patrimônio Liquido. Com isso, 
encerraremos o estudo sobre o Balanço Patrimonial e daremos início, a 
partir da próxima aula, ao estudo das demais demonstrações financeiras 
exigidas pela Lei das S.A. Aqueçam os neurônios que iremos começar! 
Bons estudos!
A primeira definição que vimos sobre o patrimônio líquido foi lá na Aula 00, 
onde aprendemos que o PL é igual ao ativo menos o passivo exigível. Em 
razão da equação fundamental do patrimônio, diz-se que o patrimônio 
líquido tem caráter residual, pois ele é o que sobra dos ativos, após 
dedução de todos os passivos.
Vimos, também, que o patrimônio líquido representa os recursos dos 
proprietários (formados pelo conjunto das contas existentes no PL).
Agora, como não poderia deixar de ser, vamos aprofundar e esmiuçar o 
patrimônio líquido que, apesar de aparentemente ser o grupo mais 
“tranquilo” do balanço patrimonial (com menos contas), é um grupo 
bastante complexo e que requer muita atenção!
A Lei nº 6.404/76 (Lei das S.A.) divide o patrimônio líquido 
em: 
Art. 178. No balanço, as contas serão classificadas segundo os elementos do 
patrimônio que registrem, e agrupadas de modo a facilitar o conhecimento e a 
análise da situação financeira da companhia.
(...)
 § 2º No passivo, as contas serão classificadas nos seguintes grupos:
(...)
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1 Balanço Patrimonial: Patrimônio Líquido (PL)
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III – patrimônio líquido, dividido em capital social, reservas de capital, ajustes 
de avaliação patrimonial, reservas de lucros, ações em tesouraria e prejuízos 
acumulados.
Curiosidade: para a Lei das S.A., o passivo, além de considerar as 
obrigações da entidade, inclui, também, o patrimônio líquido. Já o 
Conselho Federal de Contabilidade, por meio da Resolução nº 1.374/11 tem 
o seguinte entendimento do passivo:
4.4 (...)
(b) passivo é uma obrigação presente da entidade, derivada de 
eventos passados, cuja liquidação se espera que resulte na saída de 
recursos da entidade capazes de gerar benefícios econômicos; 
Em outras palavras, para o CFC o passivo se refere, tão somente, às 
obrigações da entidade, mantendo-se o patrimônio líquido como grupo 
patrimonial à parte. Inclusive, é este conceito de Passivo (de Passivo 
Exigível, ou, obrigações) que é utilizado na equação fundamental do 
patrimônio, dada por PL = A – P. 
Portanto, esquematizando o tratamento dado pela Lei das S.A. ao 
patrimônio líquido, temos que o PL divide-se em:
- Capital Social: representa os valores que forem entregues pelos 
sócios à entidade ou que forem posteriormente incorporados ao capital 
(conversão de debêntures em ações, lucros incorporados, etc.).
- Reservas de capital: São valores que foram recebidos pela companhia 
mas que não foram apropriados como receita. Vamos entender estas 
contas mais adiante.
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- Ajustes de Avaliação Patrimonial: representam as contrapartidas dos 
aumentos ou diminuições dos ativos e passivos decorrentes de sua 
avaliação a valor justo. 
- Reservas de Lucros: representam os lucros que foram “reservados” 
pela empresa, por diversos motivos, os quais serão estudados adiante.
- Ações em Tesouraria: representam as ações emitidas pela companhia 
que foram compradas pelo própria entidade. São contas retificadoras de 
patrimônio líquido.
- Prejuízos acumulados: conta que registra os resultados negativos 
gerados em exercícios anteriores.
Após esse apanhado geral, vamos estudar individualmente cada um dos 
componentes do patrimônio líquido.
O capital social, como sabemos, é a conta que registra os 
recursos subscritos pelos sócios. Porém, nem sempre os 
sócios integralizam de imediato os recursos subscritos e, por este motivo, a 
Lei das S.A. determina, em seu art. 182, que “a conta de capital social 
discriminará o montante subscrito e, por dedução, a parcela não realizada”.
Na aula 01 vimos algumas definições a respeito de capital social subscrito, 
realizado e a realizar, as quais reproduzo aqui para que refresquem a 
memória.
- Capital Social ou Capital Social Subscrito – Conta que registra o 
total de recursos, nos termos do contrato social/estatuto, que os 
sócios/acionista deverão entregar à entidade. Os sócios, na constituição 
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1.1 Capital Social
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(ou quando aumentam o capital social da entidade, posteriormente), 
assinam um contrato (um compromisso) de entregar à entidade os 
valores subscritos no contrato social/estatuto. Estes recursos podem ser 
entregues à entidade de imediato ou ficar pendentes para entrega em 
momento posterior. A fim de registrar estas diferenças, o Capital Social 
deve apresentar a subconta Capital a Realizar (retificadora de PL), 
indicando a parcela do capital subscrito que estiver pendente de 
integralização.
- Capital Social a Realizar ou a Integralizar – é subconta de Capital 
Social, e corresponde à parcela do capital subscrito que ainda precisa 
ser entregue pelos sócios à entidade. É encontrado pela diferença 
entre o Capital Social Subscrito e o Capital Social Realizado.
- Capital Social Realizado ou Integralizado – corresponde à parcela 
do capital social subscrito que foi efetivamente entregue pelos sócios à 
entidade, seja em dinheiro, em bens ou direitos. 
Beleza! O capital social subscrito está definido num documento, seja 
no contrato social (no caso da sociedade limitada) ou no estatuto social 
(quando sociedade anônima). Com isso, sempre que a entidade desejar 
aumentar o seu capital social, será necessário proceder a uma nova 
pactuação, por meio de um novo contrato social, ou estatuto, certo? Nem 
tanto!
O estatuto das sociedades anônimas pode prever um limite (em valor 
ou em número de ações) pelo qual autoriza o Conselho de Administração 
da companhia a aumentaro seu capital social, independentemente de 
reforma estatuária. Este limite é chamado de Capital Autorizado.
Considerando a importância do tema, vejamos algumas características 
mais específicas das ações, no item a seguir.
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As ações dividem o capital social da companhia em partes iguais. As 
ações podem ser ordinárias, preferenciais ou de fruição, sendo que cada 
espécie de ação concede aos acionistas direitos ou vantagens específicas, a 
saber:
Ações ordinárias: são ações que conferem aos seus titulares o direito de 
participarem das deliberações no âmbito da Assembleia Geral dos 
Acionistas – A.G.A. -. É na A.G.A que são tomadas as decisões de maiores 
vultos da companhia, de acordo com a vontade da maioria. Apesar de, 
aparentemente, as decisões serem democráticas, na verdade o que se tem 
é que a “maioria” representa “maioria do capital”, e não “maioria dos 
acionistas”. Por isso, se apenas um acionista detiver 60% do capital social, 
a sua opinião sempre representará a maioria e, por isso, ele será 
considerado o controlador da companhia. As ações ordinárias também dão 
direito a uma parcela ideal sobre o patrimônio da entidade, bem 
como sobre os lucros auferidos, distribuídos na forma de dividendos.
Ações Preferenciais: são ações que conferem aos seus acionistas o 
direito a uma parcela ideal do patrimônio da entidade e dos lucros 
auferidos, distribuídos na forma de dividendos. No entanto, as ações 
preferenciais, ao contrário das ordinárias, não dão direito a voto mas, 
em compensação, têm a “preferência” na distribuição dos dividendos 
e no reembolso do capital social. 
Ações de Fruição: são ações que dão direito, apenas, a uma parcela 
sobre os dividendos distribuídos, não dando direito a voto nem a 
uma parcela ideal do patrimônio. De maneira simplificada, ações de 
fruição são ações preferenciais ou ordinárias que foram amortizadas, ou 
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1.1.1 Ações
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seja: a companhia antecipou aos sócios, a parcela do patrimônio que 
lhes caberia em caso de dissolução da sociedade. Portanto, 
posteriormente, em caso de dissolução da companhia, nada mais seria 
devido aos titulares das ações de fruição, pois estes já haveriam recebido, 
antecipadamente, a parcela que lhes seria devida sobre o patrimônio.
Ao contrário das sociedade anônimas, cujo capital social é dividido em 
ações, nas Sociedades Limitadas o capital é divido em quotas, definidas no 
contrato social da entidade. Assim, as quotas de capital, por amparadas 
num contrato, não podem ser negociadas e não são consideradas um 
título, como o são as ações.
O processo de contabilização do capital social subscrito e a realizar é é 
o mesmo, tanto para as sociedades por ações, quanto para as sociedades 
limitadas. Contudo, nas sociedades por ações, é necessário que se realizem 
algumas contabilizações específicas relacionadas às operações de emissão 
de ações, as quais veremos nas próximas páginas.
A demonstração do lançamento pela integralização do capital social foi 
apresentada na Aula 02, páginas 03 a 05. Sugiro que, se for o caso, 
revejam este ponto da aula para refrescar a memória. Regra geral, a 
contabilização é exatamente a mesma, seja para a integralização de quotas 
de capital social, seja pela emissão de ações. A diferença existente é que , 
nas ações, pode ocorrer de os acionistas entregarem à entidade um 
valor superior ao valor nominal do título e, com isso, este valor 
excedente deverá ser contabilizado como Reserva de Capital, ponto que 
estudaremos a seguir.
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1.1.2 Quotas de capital
1.1.4 Contabilização do Capital Social
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As contas de Reservas de Capital registram valores que foram 
recebidos pela companhia mas que não transitaram pelo 
resultado como receita, pois, não foram decorrentes de um esforço 
patrimonial, no sentido de entregar bens ou serviços a terceiros. 
O parágrafo 1º do art. 182 da Lei nº 6.404/76 elenca as hipóteses que dão 
ensejo à constituição de reservas de capital, o que facilita o nosso estudo.
Nos termos da Lei das S.A:
Art. 182. A conta do capital social discriminará o montante subscrito e, por 
dedução, a parcela ainda não realizada.
§ 1º Serão classificadas como reservas de capital as contas que registrarem:
a) a contribuição do subscritor de ações que ultrapassar o valor nominal e a 
parte do preço de emissão das ações sem valor nominal que ultrapassar a 
importância destinada à formação do capital social, inclusive nos casos de 
conversão em ações de debêntures ou partes beneficiárias (ágio na emissão de 
ações).
b) o produto da alienação de partes beneficiárias e bônus de subscrição;
 c) o prêmio recebido na emissão de debêntures;
 d) as doações e as subvenções para investimento. 
Assim, esquematizando os dizeres da lei, dão origem à 
constituição de reservas de capital:
� o Ágio na emissão de ações;
� o produto da alienação de partes beneficiários e de bônus de 
subscrição.
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1.2 Reservas de Capital
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O prêmio recebido na emissão de debêntures e as doações e 
subvenções para investimento recebidos do poder público já deram 
origem à constituição de reserva de capital, porém, os incisos respectivos 
foram revogados pela Lei nº 11.638/2007 e, como resultado, atualmente 
tais fatos são reconhecidos diretamente no resultado, como receita.
Ágio é um excedente que é pago por alguma coisa. Em geral, o 
pagamento de ágio se justifica por estar embasado em uma expectativa de 
lucratividade futura que virá compensar os valores pagos a maior. 
Portanto, o Ágio na emissão de ações representa os valores pagos pelos 
acionistas que excedem: 1) o valor nominal das ações (quando houver), 
ou, 2) a parcela do preço de emissão das ações que excederem a 
importância destinada à formação de capital social.
ufa!...)
Antes de mais nada, se a entidade decide emitir ações com valor nominal, 
este valor será exatamente o mesmo para todas as ações: na emissão 
de ações com valor nominal, a companhia deve respeitar esta matemática 
e, como resultado, o total do capital social subscrito dividido pelo número 
total de ações emitidas será igual ao valor nominal da ação. Por exemplo, 
se uma entidade possui capital social de R$ 100.000,00 dividido em 
100.000 ações, cada ação terá valor nominal de R$ 1,00. É vedado à 
companhia emitir ações por um valor inferior ao seu valor nominal.
No entanto, quando da emissão das ações com valor nominal (na 
constituição ou em aumentos de capital posteriores da entidade), a 
companhia pode optar por cobrar dos acionistas subscritores um valor 
adicional sobre as ações emitidas, denominado ágio. Aproveitando o 
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1.2.1 Ágio na emissão de ações
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exemplo anterior, se a companhia, ao emitirsuas ações cujo valor nominal 
é R$ 1,00, resolvesse cobrar um adicional de R$ 0,20 dos acionistas, por 
cada ação, este adicional seria considerado ágio, pago pelos investidores 
na expectativa de uma lucratividade futura. Assim, o total do ágio recebido 
pela emissão das ações será de: 100.000 ações x R$ 0,20 de ágio por ação 
= R$ 20.000,00.
Este ágio, recebido pela companhia na emissão das ações, deverá ser 
apropriado à conta de reserva de capital “Ágio na Emissão de Ações”.
A contabilização da emissão de ações com o recebimento de ágio é a 
seguinte:
Ou seja, a sociedade emite 100.000 ações com valor nominal de R$ 1,00, 
mas recebe por elas R$ 120.000,00 em recursos. A diferença paga a maior 
será reconhecida como reserva de capital e registrada no Patrimônio 
Líquido. O balanço patrimonial exemplificativo, abaixo, apresenta a 
estrutura das contas no PL:
Por outro lado, a companhia pode optar por lançar ações sem valor 
nominal definido. Nestes casos, a entidade define um preço para a 
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Lançamento – Ágio na emissão de ações
D Bancos Conta Movimento 120.000
C a Capital Social 100.000
C a Reserva de Capital - Ágio na emissão de ações 20.000
 
Balanço Patrimonial exemplificativo – emissão de ações
ATIVO R$ PASSIVO R$ 
Caixa ���� 120.000 Obrigações - 
 
PATRIMÔNIO LÍQUIDO 
Capital Social ���� 100.000 
Reserva de Capital – Ágio na 
emissão de ações���� 20.000
120.000 120.000
 
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emissão das ações e, ao mesmo tempo, estabelece qual parcela deste 
preço será destinada ao capital social, ficando o restante destinado 
à reserva de capital a título de ágio na emissão de ações. (conforme 
previsão do inciso a, § 1º, art. 182 da Lei das S.A.)
Por exemplo: digamos que o Zé Luis esteja eufórico por obter recursos de 
maneira a financiar sua viagem à lua (o cara tá sinistro!!!!). Resolve, 
então, proceder ao aumento de capital da Zé Louis S.A. por meio da 
emissão de 100.000 ações sem valor nominal, fixando para elas preço 
unitário de R$ 2,00, porém, destinando ao capital social R$ 1,60 por ação, 
e o restante obtido com a vendas das ações para reserva de capital a título 
de ágio.
Conforme determinação da Lei nº 6.404/76, a parcela do preço de venda 
das ações (R$ 2,00) que ultrapassar a importância destinada ao capital 
social (R$ 1,60) será reconhecida como reserva de capital (R$ 0,40). 
Como a Zé Louis S.A emitiu 100.000 novas ações, teremos que do total 
arrecadado com a emissão das ações (100.000 x R$ 2,00 = R$ 200.000), 
R$ 160.000 são destinados ao capital social e R$ 40.000 à reserva de 
capital.
Em termos contábeis, a escrituração do ágio na emissão de ações com ou 
sem valor nominal é exatamente a mesma. O importante é sabermos 
como determinar o ágio em ambos os casos.
Antes de avaliarmos seus aspectos contábeis, vejamos algumas 
considerações a respeito das partes beneficiárias. A Lei nº 6.404/76 prevê 
que:
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1.2.2 Alienação de partes beneficiárias 
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Art. 46. A companhia pode criar, a qualquer tempo, títulos negociáveis, sem valor 
nominal e estranhos ao capital social, denominados "partes beneficiárias".
§ 1º As partes beneficiárias conferirão aos seus titulares direito de crédito eventual 
contra a companhia, consistente na participação nos lucros anuais (artigo 190).
Partes beneficiárias são títulos negociáveis que, emitidos pelas 
sociedades anônimas e conforme o texto da lei, concedem ao seu titular o 
direito a participação nos lucros anuais da companhias 
(distribuídos na forma de dividendos).
O produto da alienação de partes beneficiárias é reconhecido a 
contrapartida do patrimônio líquido, por meio da conta de reserva de 
capital – alienação de partes beneficiárias. Notem que apesar de estarmos 
diante de uma “alienação”, não há apropriação de receita nestes casos.
Somente cabe o reconhecimento de reserva de capital 
quando as partes beneficiárias forem alienadas pela 
companhia. Caso elas sejam criadas e concedidas a terceiros 
gratuitamente, não será cabida qualquer constituição de reserva. Além 
disso, as partes beneficiárias não se confundem com ações, pois não dão 
direito a voto nem a uma parcela ideal do patrimônio, sendo 
estranhas ao capital social.
A Lei nº 6.404/76. estabelece, ainda, que a participação das partes 
beneficiárias sobre os lucros não pode ultrapassar 10% do total (art. 46, § 
2º), sendo vedado, também, conceder às partes beneficiárias qualquer 
direito privativo de acionistas, salvo o de fiscalizar os atos dos 
administradores (art. 46, § 3º).
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Por último, é vedado às companhias abertas emitir partes beneficiárias, 
conforme parágrafo único do art. 47 da Lei das S.A. (somente as 
companhias fechadas podem emiti-las).
Beleza! A contabilização não tem mistério, conforme será estudado no 
exemplo abaixo. Digamos que uma companhia venda partes beneficiárias 
no valor de R$ 20.000. A contabilização do produto desta alienação será:
O parágrafo único do Art. 200 da Lei nº 6.404/76 afirma que as reservas 
de capital decorrentes do produto de alienação de partes 
beneficiárias poderão ser utilizadas para o resgate destes títulos.
O lançamento para resgate das partes beneficiárias com a utilização da 
reserva de capital delas decorrente ficaria assim:
Tranquilo! Vamos ao próximo item.
Os bônus de subscrição são definidos no Art. 75 da Lei das S.A, transcrito 
abaixo:
Art. 75. A companhia poderá emitir, dentro do limite de aumento de capital 
autorizado no estatuto (artigo 168), títulos negociáveis denominados "Bônus de 
Subscrição".
Parágrafo único. Os bônus de subscrição conferirão aos seus titulares, nas 
condições constantes do certificado, direito de subscrever ações do capital social, 
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Lançamento – Alienação de partes beneficiárias
D Bancos Conta Movimento
C a Reserva de Capital – alineação de partes beneficiárias 20.000
Lançamento – Resgate de partes beneficiárias
D Reserva de Capital – alineação de partes beneficiárias
C a Bancos Conta Movimento 20.000
1.2.3 Alienação de bônus de subscrição
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que será exercido mediante apresentação do título à companhia e pagamento do 
preço de emissão das ações.
Bônus de subscrição é um título negociável que confere ao seu 
titular o direito de subscrever ações em futuros aumentos de 
capital, dentro do limite de capital autorizado. Ou seja, quando da 
emissão de ações no futuro, o titular do bônus de subscrição terá a 
preferência pela subscrição das novas ações emitidas. 
Os bônus de subscrição podem ser alienados pela companhia ou 
concedidos por ela gratuitamente a terceiros. Como nas partes 
beneficiárias, só é cabível lançamento e constituição de reserva de capital 
se os bônus de subscrição forem efetivamente alienados, caso contrário 
não haverá lançamento a ser realizado.
Além destes pontos, precisamos observar o seguinte: só pode 
emitir bônus de subscrição a companhia que tiver limite de capital 
autorizado disponível!Se não tiver, não pode emitir o título.
Vejamos, enfim, a contabilização relacionada à alienação de bônus de 
subscrição no valor de R$ 10.000,00:
Bom, a constituição de reservas de capital deve servir pra 
alguma coisa, não é “só pra bonito” rsrsrs... O aproveitamento 
das reservas de capital pode ser realizado a depender de 
alguns casos estabelecidas no Art. 200 da Lei nº 6.404/76, a saber:
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Lançamento – Alienação de bônus de subscrição
D Bancos Conta Movimento
C a Reserva de Capital – alineação de bônus de subscrição (PL) 10.000
1.2.4 Aproveitamento das Reservas de Capital
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1) para a absorção de prejuízos:
2) para o resgate, o reembolso ou a compra de ações (de sua própria 
emissão);
3) para o resgate de partes beneficiárias;
4) para a incorporação ao capital social;
5) para o pagamento de dividendos a ações preferenciais, quando esta 
vantagem lhes for assegurada.
A absorção de prejuízos pelas reservas de capital somente poderá 
ocorrer depois de utilizadas todas as reservas de lucros, que estudaremos 
adiante, ou seja, antes de a empresa constituir a conta de Prejuízos 
Acumulados (de PL), ela deverá utilizar o saldos das reservas de lucros 
para “absorver” o prejuízo do exercício. Após o aproveitamento das 
reservas de lucros, se ainda restarem prejuízos a serem absorvidos, a 
companhia poderá utilizar as contas de reserva de capital para isso, mas, 
esta operação não é obrigatória. 
Vou demonstrar para vocês esta operação de “absorção de prejuízo” pelas 
reservas, pois, é a primeira vez que falamos nisso e, portanto, acho 
importante apresentar-lhes um exemplo prático.
O Artigo 189 da Lei das S.A determina, em seu parágrafo único, que “o 
prejuízo do exercício será, obrigatoriamente, absorvido pelos lucros 
acumulados, pelas reservas de lucros e pela reserva legal, nessa ordem”. 
Ou seja, o aproveitamento dos saldos em Reservas de Capital não é 
obrigatório para a absorção de prejuízos, porém, é facultado à 
companhia absorver o prejuízo do exercício com os saldos existentes.
Por exemplo: A entidade Preju S.A, antes da apuração do resultado do 
exercício, têm a seguinte situação patrimonial:
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Beleza! Na apuração do resultado exercício a Preju S.A. constata ter 
incorrido em prejuízos de R$ 30.000,00. Considerando o mandamento do 
Art. 189 da Lei das S.A., a companhia precisará absorver este prejuízo do 
exercício com 1) lucros acumulados, 2) reservas de lucros e 3) reservas 
de capital (opcional).
Como seria este lançamento? 
Considerando que não há lucros acumulados pela entidade (como se 
depreende do balanço patrimonial – e, atualmente, nem poderiam, por 
vedação da Lei das S.A) os prejuízos serão, primeiramente, absorvidos 
pela conta de reservas de lucros, dentre as quais se apresenta a conta de 
Reserva Legal (que, logo logo, estudaremos).
Lembrem-se que o resultado é apurado por meio de uma conta 
intermediária denominada Apuração do Resultado do Exercício e, 
posteriormente, o saldo devedor (prejuízo) ou credor (lucro) é transferido 
para a conta de Lucros ou Prejuízos Acumulados, no PL, como vimos na 
aula 03. Assim, a absorção do prejuízo pela Preju S.A. seria realizado pelo 
seguinte lançamento:
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Balanço Patrimonial Preju S.A. – antes da apuração do resultado
ATIVO R$ PASSIVO R$ 
Disponibilidades 30.000 Empréstimos 50.000 
Estoques 50.000 
Veículos 20.000 PATRIMÔNIO LÍQUIDO 
Imóveis 80.000 Capital Social 100.000
Reserva Legal 20.000 
Reserva de capital – ágio na emissão 
de ações 10.000
180.000 180.000
Lançamento – Absorção do prejuízo – reserva de lucros
D Reserva Legal
C a Prejuízos Acumulados (PL) 20.000
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O razão ficaria assim:
Vejam que, após a absorção de R$ 20.000 em prejuízos, ocorreu a 
seguinte alteração no patrimônio: a conta de reserva legal foi zerada, e os 
prejuízos acumulados, após a absorção, foram reduzidos de R$ 30.000 
para R$ 10.000.
Neste momento, considerando que a única reserva que ainda resta no 
patrimônio da entidade é uma conta de Reserva de Capital, a entidade 
poderá optar por absorver o prejuízo restante ou, simplesmente, deixá-lo 
como redutor do PL, preservando a reserva de capital. O lançamento pela 
absorção da Reserva de Capital é o seguinte:
Ainda que a Preju S.A houvesse optado por preservar a conta de reserva 
de capital, o valor do patrimônio líquido seria exatamente o mesmo, como 
demonstrado a seguir.
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Prejuízos Acumulados
Débito Crédito
(s.i.) 30.000 20.000
10.000
 
Reserva Legal
Débito Crédito
20.000 (s.i.) 20.000
-
 
Prejuízos Acumulados
Débito Crédito
(s.i.) 30.000 20.000
10.000
-
Reserva de Capital – ágio 
na emissão de ações
Débito Crédito
10.000 (s.i.) 10.000
-
 
Lançamento – Absorção do prejuízo – reserva de capital
D Reserva de capital – ágio na emissão de ações
C a Prejuízos Acumulados (PL) 10.000
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Então, continuando as hipóteses de aproveitamento das reservas de 
capital, temos que elas também poderão ser utilizadas para o resgate, o 
reembolso, ou a compra de ações (de sua própria emissão). 
Resgate e reembolso são dois procedimentos que não se confundem. 
Percebam:
Resgate: é o procedimento pelo qual a entidade retira, forçosa e 
definitivamente, o título do mercado, ressarcindo o titular. Do resgate 
de ações poderá resultar a redução do capital social da entidade, ou o 
recálculo do valor nominal das demais ações existentes (mantido o 
montante do capital social) em razão da exclusão das ações resgatadas 
pela companhia.
Reembolso: é o procedimento pelo qual a entidade reembolsa os 
acionistas, devolvendo-os os valores pagos, em razão de dissidência 
(discordância com os rumos tomados pela empresa) nos casos previstos na 
legislação societária. No reembolso as ações não são tiradas de 
circulação, podendo ser posteriormente revendidas pela sociedade a 
outros interessados.
O parágrafo único do artigo 200 da Lei das S.A. estabelece, ainda, que a 
reserva de capital constituída em decorrência do produto da 
alienação de partes beneficiárias poderá ser utilizada para o 
resgate deste títulos. O lançamento para resgate é inverso ao de 
constituição da reserva de capital, qual seja, a débito da Reserva de 
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PL com absorção da Reserva de 
Capital
PATRIMÔNIO LÍQUIDO 100.000 
Capital Social 100.000
Reserva Legal -- 
Reserva de capital – ágio na 
emissão de ações --
PL sem absorção da Reserva de 
Capital
PATRIMÔNIO LÍQUIDO 100.000 
Capital Social 100.000
Reserva Legal -- 
Reserva de capital – ágio na 
emissão de ações 10.000
Prejuízos Acumulados (10.000)
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Capital – alienação de partes beneficiárias e a crédito de Bancos, pela saída 
dos recursos para o resgate do título.
Estudamos ao longo daaula 04 (aula sobre o ativo) que os 
ajustes de avaliação patrimonial podem ser decorrentes da 
avaliação ao valor justo de instrumentos financeiros classificados pela 
entidade como “disponíveis para a venda”. Agora, vamos estender um 
pouco mais esse assunto. A Lei das S.A. em seu art. 182, parágrafo 3º, diz 
o seguinte:
§ 3o Serão classificadas como ajustes de avaliação patrimonial, enquanto não 
computadas no resultado do exercício em obediência ao regime de competência, as 
contrapartidas de aumentos ou diminuições de valor atribuídos a elementos 
do ativo e do passivo, em decorrência da sua avaliação a valor justo, nos 
casos previstos nesta Lei ou, em normas expedidas pela Comissão de Valores 
Mobiliários, com base na competência conferida pelo § 3o do art. 177 desta Lei.
Os ativos e passivos deverão ser avaliados a valor justo, sendo os 
aumentos e diminuições lançados a contrapartida de ajuste de avaliação 
patrimonial apenas em caso de reorganização societária (fusão, cisão e 
incorporação de ativos e passivos), segundo entendimento do Manual de 
Contabilidade Societária - FIPECAFI (USP).
Isso significa que, se a companhia não estiver passando por 
um processo de reorganização societária, os ajustes de 
avaliação patrimonial só serão realizados em razão da avaliação ao valor 
justo dos instrumentos financeiros disponíveis para a venda.
As variações constatadas no ajuste ao valor justo são reconhecidas 
diretamente no patrimônio líquido, em contas de ajuste de avaliação 
patrimonial, e, somente após a negociação dos ativos (ou quitação dos 
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1.3 Ajustes de Avaliação Patrimonial
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passivos), as receitas e despesas relacionadas à avaliação patrimonial 
deverão ser reconhecidas.
Vou apresentar um exemplo, pra ajudá-los a fixar o tema. A Zé Louis S.A. 
adquire, em 01/10/20X1, alguns instrumentos financeiros para 
investimento, no valor de R$ 10.000,00, e os classifica como disponíveis 
para a venda. Quando em 31/12/20X1, o Zé precisará avaliar estes 
investimentos adquiridos a valor justo, registrando as variações percebidas 
a contrapartidas de ajuste de avaliação patrimonial. 
Digamos, então, que, em 31/12/20X1, o Zé Luis descubra que o valor justo 
do seu investimento seja de R$ 12.000,00, sofrendo uma valorização de R$ 
2.000, desde a sua aquisição em 01/10/20X1.
Considerando que se tratam de títulos classificados como disponíveis para 
a venda, o Zé precisará registrar esta valorização a contra partida de 
ajustes de avaliação patrimonial, e o lançamento, portanto, ficaria assim:
Show! Por este lançamento, o Zé Luis aumentaria o saldo registrado em 
Investimentos - disponíveis para a venda e constituiria a conta de Ajuste 
de Avaliação Patrimonial, no PL.
A apropriação da receita decorrente desta valorização só deverá ser 
reconhecida a partir do momento em que 1) o Zé reclassifica o título de 
disponível para a venda para negociação imediata ou 2) quando o Zé 
negocia o título no mercado, vendendo-o.
Vejamos, então, como deve ser procedido o reconhecimento da 
receita quando da venda do instrumento financeiro. Digamos 
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Lançamento – Ajuste de Avaliação Patrimonial
D Investimentos – disponíveis para a venda
C a Ajustes de Avaliação Patrimonial 2.000
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que, em 01/03/20X2, a Zé Louis S.A. realize a venda do seu investimento 
pelo seu valor justo, ou seja, por R$ 12.000. A contabilização deste 
lançamento será a seguinte: em primeiro lugar, baixaremos a conta de 
instrumentos financeiros e reconheceremos o recebimento dos recursos 
pela venda, assim:
Em seguida, deveremos reconhecer a receita decorrente do ganho com o 
ajuste a valor justo, em contrapartida da conta de PL “ajuste de avaliação 
patrimonial”. Vejam:
Portanto, aquele valor que estava registrado em “Ajustes de Avaliação 
Patrimonial” foi reconhecido como receita no momento de realização do 
instrumento financeiro. Este mesmo lançamento de reconhecimento 
da receita deverá ser realizado quando a entidade apenas reclassificar o 
título de disponível para a venda para negociação imediata. 
 
Continuando nossos estudos a respeito do Patrimônio Líquido, chegamos às 
Reservas de Lucros. Como vocês podem imaginar, reservas de lucros são 
reservas constituídas pelas entidades por meio da apropriação dos lucros 
auferidos no período de apuração, e é justamente isso que diz o § 4º do 
art. 182 da Lei nº 6.404/76.
Aproveitando os conhecimentos vistos até aqui, temos que a entidade pode 
dar três destinações distintas ao lucro apurado no exercício social: 
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Lançamento – Venda do instrumento financeiro pelo seu valor justo
D Bancos
C a Investimentos – disponíveis para a venda 12.000
Lançamento – Reconhecimento da receita com ajuste a valor justo
D Ajustes de Avaliação Patrimonial
C a Ganho na alienação de instrumentos financeiros (resultado) 2.000
1.4 Reservas de Lucros
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para os sócios na forma de dividendos distribuídos, para as reservas, 
seja por determinação ou autorização legal, por determinação do estatuto 
social, ou por consentimento da assembleia dos acionistas, ou para o 
capital social, aumentando-o ou integralizando-o.
Como resultado, a parcela dos lucros que não for destinado 
à formação de reserva de lucros nem destinado ao 
aumento ou integralização do capital social, deverá ser, 
necessariamente, distribuído, segundo determinação do § 6º do Art. 
202 da Lei nº 6.404/76.
As reservas de lucros têm sua destinação determinada ou autorizada por 
lei, pelo estatuto social da companhia, ou por concordância dos acionistas. 
Estas distinções existem pois diversas são as espécies de reservas de 
lucros, cada um delas motivadas por uma situação específica. 
Segundo a Lei das S.A., as companhias podem constituir as seguintes 
reservas de lucros:
� Reserva legal (determinada pela lei das S.A – Art. 193)
� Reservas estatutárias (determinada pelo estatuto social – Art. 194)
� Reservas para contingências (autorizada por lei – Art. 195)
� Reserva de lucros a realizar (autorizada por lei – Art. 197)
� Reserva de lucros para expansão – retenção de lucros (consentido 
pelos acionistas – Art. 196)
� Reserva de incentivos fiscais (autorizada por lei – Art. 195-A)
� Reserva especial para dividendo obrigatório não distribuído (§§ 4º e 
5º do Art. 202)
O lançamento básico a ser realizado na constituição das 
reservas é a débito da conta de Lucros ou Prejuízos 
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Acumulados (lucro líquido do exercício) e a crédito da reserva de lucro 
respectiva, assim:
E a reversão da reserva:
Vamos, agora, ao que todos nós adoramos: esmiuçar cada um dos pontos 
apresentados acima, para destruirmos as questões de prova! hehe
A constituição da Reserva legal está prevista no art. 193 da Lei nº 
6.404/76, que diz o seguinte:
Art. 193. Do lucro líquido do exercício, 5% (cinco por cento) serão aplicados, 
antes de qualquer outra destinação, na constituição da reserva legal, que 
não excederá de 20% (vinte por cento) do capital social.§ 1º A companhia poderá deixar de constituir a reserva legal no exercício 
em que o saldo dessa reserva, acrescido do montante das reservas de capital de 
que trata o § 1º do artigo 182, exceder de 30% (trinta por cento) do capital 
social.
§ 2º A reserva legal tem por fim assegurar a integridade do capital social e 
somente poderá ser utilizada para compensar prejuízos ou aumentar o capital.
Vejam que interessante! Antes de qualquer outra 
destinação (seja para o pagamento de dividendos, para 
outras reservas, ou para o capital social) a companhia deverá 
separar 5% do lucro líquido do exercício e destiná-lo à reserva 
legal, desde que o saldo desta conta não ultrapasse 20% do capital 
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Lançamento – destinação de lucros a reservas
D Lucros ou Prejuízos Acumulados (lucro líquido do exercício)
C a Reserva de Lucros respectivas (valor)
Lançamento – reversão das reservas de lucro
D Reserva de Lucros respectivas
C a Lucros ou Prejuízos Acumulados (lucro líquido do exercício) (valor)
1.4.1 Reserva Legal
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social realizado. Além disso, a entidade poderá deixar de destinar 
recursos à reserva legal se o somatório desta reserva com as reservas 
de capital exceder o montante de 30% do capital social. 
Portanto, existem dois limites a serem observados pela companhia:
1) a entidade, obrigatoriamente, deverá destinar 5% do lucro líquido à 
reserva legal, limitado a 20% do capital social;
2) facultativamente, enquanto não alcançado o limite de 20%, a 
entidade poderá suspender a destinação de lucros à reserva legal se 
o somatório dessa reserva, acrescido das demais reservas de capital, 
superar 30% do capital social.
Observemos um exemplo prático: a Zé Louis S.A. apurou no exercício de 
20X1 lucro líquido de R$ 100.000,00 (na aula sobre a demonstração do 
resultado do exercício aprenderemos a definição precisa de lucro líquido). 
O patrimônio líquido da companhia era o seguinte, antes da destinação dos 
lucros:
Seguindo a determinação legal, o Zé destina 5% do lucro líquido auferido à 
reserva legal, portanto, dos R$ 100.000 de lucro, R$ 5.000 serão 
destinados à reserva legal. Antes, porém, é necessário que o zé verifique 
se os limites estabelecidos no art. 193 estão sendo observados. 
1) O limite de 20% do capital social realizado, com base no 
saldo da reserva legal, foi ou será atingido? Não! Vejam que o 
capital social é de 100.000 e, no entanto, o saldo existente em 
reserva legal, somado aos R$ 5.000 destinados, continuará abaixo 
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PL da Zé Louis S.A – 1º cenário
PATRIMÔNIO LÍQUIDO 
Capital Social 100.000
Reserva Legal 10.000 
Reserva de capital – ágio na 
emissão de ações 10.000
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do limite de 20%, portanto, até o momento, a destinação de 5% do 
lucro líquido é obrigatória;
2) O limite de 30% do capital social realizado, com base no 
somatório da reserva legal às reservas de capital, foi ou será 
atingido? Também não! A reserva legal somada à reserva de 
capital totaliza R$ 20.000,00, que somado aos 5% do lucro do 
exercício totalizam R$ 25.000,00, ou 25% do capital social.
Como resultado, o Zé deverá destinar, integralmente, 5% do lucro líquido 
do exercício para a constituição da reserva legal em obediência à lei das 
S.A. O lançamento será o seguinte: 
Mas, e se o Patrimônio Líquido da Zé Louis S.A estivesse um pouco 
diferente, como abaixo?
Considerando o mesmo resultado apurado pela Cia. do nosso mascote 
(lucro líquido de R$ 100.000) o Zé, a princípio, deveria destinar 5% do 
lucro líquido para a reserva de capital. No entanto, antes de o fazer, 
precisará observar os limites previstos na Lei das S.A.! Vejamos:
1) O limite de 20% do capital social realizado, com base no 
saldo da reserva legal, foi ou será atingido? Sim! Apesar de 
ainda não ter sido atingido, o limite de 20% do capital social 
realizado será alcançado uma vez que o zé destine os lucros 
auferidos. Como a destinação de 5% do lucros (R$ 5.000) irá 
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Lançamento – Absorção do prejuízo – reserva de capital
D Lucros ou Prejuízos Acumulados (lucro líquido do exercício)
C a Reserva Legal 5.000
PL da Zé Louis S.A – 2º cenário
PATRIMÔNIO LÍQUIDO 
Capital Social 100.000
Reserva Legal 18.000 
Reserva de capital – ágio na 
emissão de ações 5.000
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superar o limite de 20% do capital, o zé deverá destinar à reserva 
legal apenas o montante de lucros necessário ao atingimento do teto 
de 20%. Como a reserva legal, neste segundo cenário, já alcança R$ 
18.000 ou 18% do capital social, o Zé deverá destinar apenas o 
necessário para que o limite de 20% seja alcançado, ou seja, R$ 
2.000. Portanto, ao invés de destinar 5% do lucro líquido à 
constituição de reserva, a companhia deverá destinar apenas 
2% (R$ 2.000) para atingimento do limite legal.
2) O limite de 30% do capital social realizado, com base no 
somatório da reserva legal às reservas de capital, foi ou será 
atingido? Não! Neste segundo cenário, o limite de 30% do capital 
permanece sem ser atingido, portanto, deveremos nos ater ao ponto 
número um.
Agora, vamos ver um terceiro cenário possível para a destinação dos lucros 
à reserva legal, a partir do balanço patrimonial abaixo:
Mais uma vez, iremos considerar que a Zé Louis S.A apurou, neste terceiro 
cenário, R$ 100.000 de lucro líquido e, a princípio, deveria destinar 5% 
deste lucro à reserva legal. Só que, para isso, precisaremos averiguar se 
os limites legais foram obedecidos.
1) O limite de 20% do capital social realizado, com base no 
saldo da reserva legal, foi ou será atingido? Não! O limite não 
foi nem será alcançado (após a destinação do lucro líquido) e, 
portanto, a princípio, a destinação do lucro à reserva legal é 
obrigatória;
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PL da Zé Louis S.A – 3º cenário
PATRIMÔNIO LÍQUIDO 
Capital Social 100.000
Reserva Legal 10.000 
Reserva de capital – ágio na 
emissão de ações 18.000
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2) O limite de 30% do capital social realizado, com base no 
somatório da reserva legal às reservas de capital, foi ou será 
atingido? Opa! Desta vez, sim! Vejam que o somatório da reserva 
legal com a única conta de reserva de capital existente totaliza, 
antes da destinação dos lucros do exercício, R$ 28.000 ou 28% do 
capital social. Contudo, após da destinação do montante de 5% do 
lucro líquido do exercício, a soma das reservas passaria a R$ 
33.000, superando o limite de 30% do capital social realizado. E 
agora?
Bom, neste caso, a lei concede à companhia a faculdade de destinar, 
integralmente, o montante de 5% (R$ 5.000) do lucro líquido à reserva 
legal (considerando que o limite de 20% não foi nem será atingido) ou de 
destinar apenas o suficiente até que o montante de 30% do capital, 
seja atingido, ainda que o limite de 20% do saldo da reserva legal não o 
seja!
Notem que a obrigatoriedade de destinação de lucro à 
reserva legal, enquanto não atingido o limite de 20% do 
capital social realizado, não é absoluta, pois, mesmoque este 
limite não seja atendido, a Zé Louis S.A. poderá suspender a destinação de 
lucros à reserva legal, caso o somatório desta reserva com as demais 
reservas de capital supere 30% do capital realizado!
Portanto, voltando ao 3º cenário apresentado, o Zé poderia:
1) destinar R$ 5.000 (5%) de lucros à reserva legal, aumentando seu 
saldo para R$ 15.000, e o somatório das reservas para R$ 33.000; 
ou
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2) destinar R$ 2.000 (2%) de lucros à reserva legal, aumentando seu 
saldo para R$ 12.000, e o somatório das reservas para R$ 30.000, 
atingindo o limite de 30% do capital social realizado.
UFA! já volto aê, vou pegar um copo d´água! 
Por último, o § 2º do Art. 193 da Lei das S.A. traz as razões de existência 
da Reserva Legal, qual seja, preservar a integridade do capital 
social, somente podendo ser utilizada para absorção de prejuízos ou para 
aumento do capital social. Sobre a absorção de prejuízos eu já falei no 
ponto a respeito do Aproveitamento das Reservas de Capital, nesta mesma 
aula. 
O que também vale a pena ressaltar aqui é que existe uma ordem de 
preferência entre as reservas quando da absorção de prejuízos. 
• Em primeiro lugar, a lei determina que devem ser utilizados os 
lucros acumulados registrados no PL (que hoje em dia não se 
permite mais sua constituição).
• depois, devem ser utilizadas as reservas de lucros, exceto a 
reserva legal e, 
• só então, após exauridas todas as reservas de lucros, poderão ser 
utilizados os recursos registrados à reserva legal para absorção dos 
prejuízos, tudo isso de acordo com o Art. 189 da Lei das S.A. 
• Como último recurso, é facultado às companhias aproveitarem os 
valores registrados em reservas de capital para a absorção de 
prejuízo, como já falamos anteriormente, protegendo o capital social.
A proteção concedida pela reserva legal é no sentido de impedir que 
os prejuízos incorridos pela companhia reduzam o patrimônio líquido a 
um valor inferior ao capital social, situação bastante indesejável pelos 
sócios e mal vista pelos credores, que pode significar aumento das taxas 
de juros a serem pagas pela companhia na tomada de empréstimos.
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A Lei das S.A. trata das reservas estatutárias em seu artigo 194, transcrito 
abaixo:
Art. 194. O estatuto poderá criar reservas desde que, para cada uma:
I - indique, de modo preciso e completo, a sua finalidade;
II - fixe os critérios para determinar a parcela anual dos lucros líquidos que serão 
destinados à sua constituição; e
III - estabeleça o limite máximo da reserva.
Denomina-se reservas estatutárias aquelas cuja “base normativa” para sua 
constituição está no estatuto social das companhias. Com base no Art. 194, 
o legislador concedeu às companhias a faculdade de constituírem reservas 
de lucros para atenderem a interesses estatutários. Apesar da aparente 
liberdade, as companhias, quando da constituição destas reservas, deverão 
observar aos seguintes requisitos, indicados nos incisos I, II e III do Art. 
194:
1) indicar a finalidade da reserva (a que ela se presta) de maneira 
precisa e completa (não pode ser vaga).
2) fixar os critérios para a destinação do lucro líquido, normalmente 
utilizando-se de percentuais (x% do lucro líquido).
3) estabelecer o limite máximo dos recursos a serem aportados nas 
reservas estatutárias.
O que costuma acontecer com frequência é que algumas companhias criam 
no estatuto reservas estatutárias cuja finalidade já está abrangida pelas 
demais reservas de lucros estabelecidas na Lei das S.A. Neste caso, apesar 
de o estatuto estabelecer seus requisitos, a companhia deverá observar as 
regras da Lei.
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1.4.2 Reservas Estatutárias
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O lançamento para a constituição da reserva estatutária seguirá o 
esqueleto básico, a débito da conta de lucros ou prejuízos acumulados e a 
crédito das contas de reservas estatutárias, que deverão ser separadas por 
natureza e denominadas de acordo com a sua finalidade.
As reservas para contingências também estão previstas na Lei das S.A. em 
seu Art. 195. Como de costume, irei reproduzir o artigo para que, então, 
possamos discorrer sobre o assunto:
Art. 195. A assembléia-geral poderá, por proposta dos órgãos da administração, 
destinar parte do lucro líquido à formação de reserva com a finalidade de 
compensar, em exercício futuro, a diminuição do lucro decorrente de perda 
julgada provável, cujo valor possa ser estimado.
§ 1º A proposta dos órgãos da administração deverá indicar a causa da perda 
prevista e justificar, com as razões de prudência que a recomendem, a 
constituição da reserva.
§ 2º A reserva será revertida no exercício em que deixarem de existir as razões 
que justificaram a sua constituição ou em que ocorrer a perda.
Rapeize! As reservas para contingências, como apresentado 
no caput do Art. 195 acima, tem como finalidade 
compensar, em exercício futuro, a diminuição do lucro 
decorrente de perda julgada provável, cujo valor possa ser 
estimado. Desta forma, a reserva constituída irá reforçar o patrimônio da 
entidade, minimizando o impacto causado pela diminuição do lucro no 
futuro.
Para a constituição das reservas para contingências, os órgãos da 
administração deverão propô-las para a assembleia dos acionistas, a 
quem caberá autorizar sua constituição. A proposta da administração, para 
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1.4.3 Reservas para Contingências
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que seja válida, deverá indicar, com precisão, as causas da perda 
prevista e as razões de prudência que justificam a constituição da 
reserva. 
O Manual de Contabilidade Societária – FIPECAFI (USP) – esclarece que, 
em geral, as reservas para contingências são constituídas para fazer frente 
a perdas cíclicas, que se repetem no tempo e que, portanto, são 
previsíveis. Estas perdas podem decorrer, dentre outros:
1) de fenômenos climáticos ou naturais que interrompem as atividades 
da empresa em determinados momentos (como alagamentos em 
épocas de chuvas intensas);
2) da prestação de serviços com duração limitada, passando po 
períodos de alta lucratividade até outros de pouca lucratividade ou 
até mesmo prejuízos - sazonalidade;
3) de paralisações extraordinárias de longa duração, decorrentes da 
substituição de equipamentos obsoletos, cuja substituição seja 
bastante penosa.
Assim, as empresas enfrentarão a seguinte situação: nos períodos de 
operação ou de alta lucratividade, parte dos lucros auferidos são 
destinados às reservas de contingências, reduzindo os dividendos 
distribuídos aos sócios. Posteriormente, quando sobrevier o período de 
baixa produtividade, ou se este período simplesmente não se confirmar, as 
reservas serão revertidas e distribuídas aos sócios na forma de 
dividendos, uniformizando a distribuição ao longo dos exercícios.
A reversão da reserva é realizada por meio de um lançamento inverso ao 
de sua constituição. Vejamos, abaixo, os lançamentos pela constituição e 
pela reversão da reserva para contingências:
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Por último, preciso evidenciar um detalhe: alguns de vocês já devem ter 
percebido que, para a constituição da reserva de contingência, precisamos 
de uma perda provável, cujo valor possa ser estimado. Esta definição, 
como já sabem, é bastante parecida com a de constituição de provisões 
para contingências! No entanto, as semelhanças param por aí! 
Considerando que até mesmo os contabilistas estavam “batendo cabeça” 
com a distinção das reservas para contingências das provisões, a CVM, por 
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Lançamento – destinação do lucro à reserva para contingências
D Lucros ou Prejuízos Acumulados (lucro líquido do exercício)
C a Reservas para Contingências (valor)
Lançamento – reversão da reserva para contingências
D Reservas para Contingências
C a Lucros ou Prejuízos Acumulados (lucro líquido do exercício) (valor)
1.4.4 Reservas de Lucros a Realizar
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A reserva de lucros a realizar é constituída com o fim de retirar, dos 
dividendos a serem distribuídos pela entidade, a parcela do lucro que 
ainda não se realizou financeiramente.
Temos estudado ao longo do curso uma série de eventos que geram 
receita. No entanto, como sabemos, o Princípio da Competência dita que as 
Receitas (e as Despesas) devem ser reconhecidas no momento em que se 
concretizarem os seus fatos geradores, independentemente de 
recebimento (ou pagamento). Como resultado, há Receitas que são 
economicamente auferidas pelas entidades (com base no princípio da 
competência), mas que financeiramente ainda não se realizaram, pois, o 
ingresso efetivo dos recursos ficam para um exercício posterior.
A consequência disto é que nem todo o lucro auferido pela entidade é 
efetivamente (financeiramente) recebido. Assim, compreendendo esta 
situação, a Lei das S.A. autorizou as companhias a destinar para as 
Reservas de Lucros a Realizar a parcela do Dividendo Mínimo 
Obrigatório que superar a parte realizada do Lucro Líquido do 
exercício. 
Vamos entender melhor esta última frase em negrito. A Lei das S.A. 
determina um valor mínimo de dividendos que devem ser distribuídos 
aos sócios, de acordo com o lucro apurado pelas companhias. Esta situação 
protege os sócios e garante que, em regra, eles sempre receberão uma 
parcela do lucro para si. A reserva de lucros a realizar depende do 
cálculo do dividendo mínimo obrigatório, pois, a Lei das S.A. 
determina que a entidade somente poderá constituir tal reserva se o 
dividendo obrigatório superar a parcela realizada do lucro líquido. 
O cálculo do dividendo mínimo obrigatório será visto quando 
aprofundarmos os estudos sobre a Demonstração do Resultado do 
Exercício. Vejamos um exemplo da reserva. 
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A consequência desta destinação dos lucros à reserva é a redução dos 
dividendos distribuídos aos sócios, o que evita que a entidade distribua 
lucros que ainda não foram realizados, impedindo uma possível falta 
de numerários para tanto. No entanto, apesar da apropriação de parte dos 
dividendos, os acionistas fazem jus a sua percepção no futuro, a 
partir do momento em que os lucros a realizar sejam efetivamente 
recebidos, desde que a reserva não seja absorvida por futuros 
prejuízos.
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Agora que já tivemos uma noção da reserva de lucros a realizar, a leitura 
da norma legal ficará mais fácil. Vejamos o que diz a Lei nº 6.404/76 sobre 
o tema:
Art. 197. No exercício em que o montante do dividendo obrigatório, calculado 
nos termos do estatuto ou do art. 202, ultrapassar a parcela realizada do 
lucro líquido do exercício, a assembléia-geral poderá, por proposta dos órgãos 
de administração, destinar o excesso à constituição de reserva de lucros a 
realizar. (Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001)
§ 1o Para os efeitos deste artigo, considera-se realizada a parcela do lucro 
líquido do exercício que exceder da soma dos seguintes valores: (Redação 
dada pela Lei nº 10.303, de 2001)
I - o resultado líquido positivo da equivalência patrimonial (art. 248); e (Incluído 
pela Lei nº 10.303, de 2001)
II – o lucro, rendimento ou ganho líquidos em operações ou contabilização de 
ativo e passivo pelo valor de mercado, cujo prazo de realização financeira ocorra 
após o término do exercício social seguinte. (Redação dada pela Lei nº 
11.638,de 2007)
§ 2o A reserva de lucros a realizar somente poderá ser utilizada para 
pagamento do dividendo obrigatório e, para efeito do inciso III do art. 202, 
serão considerados como integrantes da reserva os lucros a realizar de cada 
exercício que forem os primeiros a serem realizados em dinheiro. (Incluído pela 
Lei nº 10.303, de 2001)
Gente! Vejam que a Lei é bastante específica quanto aos 
lucros considerados não realizados. Os incisos I e II, do 
parágrafo 1º, do Art. 197, definem como lucro não realizado:
1) o resultado positivo da equivalência patrimonial;
2) o lucro de vendas a prazo, rendimento ou ganho líquidos em 
operações para recebimento no longo prazo;
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3) a contabilização de ativos e passivos avaliados a valor de mercado, 
que nada mais é que receitas decorrentes dos ajustes de ativo 
e passivo pelo valor justo, cuja realização financeira seja 
esperada no longo prazo.
O Parágrafo 2º do artigo 197 restringe a utilização da reserva de 
lucros a realizar para o pagamento do dividendo mínimo obrigatório 
no futuro, mas eles também poderão ser absorvidos por prejuízos. 
Afirma, ainda, que a medida que os lucros da Reserva forem se realizando, 
eles serão integrados ao exercício de sua realização, para distribuição aos 
sócios como dividendos.
O lançamento segue o esqueleto básico. Para constituição da reserva:
Para reversão da reserva:
A retenção de lucros é tratada no Art. 196 da Lei das S.A, que diz o 
seguinte:
Art. 196. A assembléia-geral poderá, por proposta dos órgãos da administração, 
deliberar reter parcela do lucro líquido do exercício prevista em orçamento de 
capital por ela previamente aprovado.
§ 1º O orçamento, submetido pelos órgãos da administração com a justificação 
da retenção de lucros proposta, deverá compreender todas as fontes de recursos 
e aplicações de capital, fixo ou circulante, e poderá ter a duração de até 5 (cinco) 
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Lançamento – destinação de lucros a reserva de lucro a realizar
D Lucros ou Prejuízos Acumulados (lucro líquido do exercício)
C a Reserva de Lucros a realizar (valor)
Lançamento – reversão da reserva de lucro a realizar
D Reserva de Lucros a realizar
C a Lucros ou Prejuízos Acumulados (lucro líquido do exercício) (valor)
1.4.5 Retenção de Lucros – Reserva de lucros para investimento
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exercícios, salvono caso de execução, por prazo maior, de projeto de 
investimento.
§ 2o O orçamento poderá ser aprovado pela assembléia-geral ordinária que 
deliberar sobre o balanço do exercício e revisado anualmente, quando tiver 
duração superior a um exercício social. (Redação dada pela Lei nº 10.303, 
de 2001)
Como se depreende do artigo acima, a retenção poderá ser realizada pela 
companhia quando os acionistas autorizarem, em assembleia, a 
destinação de uma parcela dos lucros para investimentos futuros, 
mediante proposta dos órgãos da administração, e justificada pelo 
orçamento de capital. O orçamento de capital, a ser desenvolvido 
previamente, deverá compreender, conforme consta do § 1º, todas as 
fontes de recursos e aplicações de capital, fixo ou circulante, limitado a 05 
exercícios, salvo nos casos de projetos de investimentos, que poderão ter 
duração maior.
Detalhe importante: O art. 198 da Lei das S.A. prevê que a 
retenção de lucros não poderá ser constituída em 
detrimento do dividendo mínimo obrigatório!
O lançamento para a constituição da retenção de lucros seguirá o 
esqueleto básico, a débito da conta de lucros e prejuízos acumulados e a 
crédito da conta de retenção de lucros. Para a reversão da reserva, a ser 
realizada na medida em que o orçamento de capital for sendo cumprido, o 
lançamento será inverso ao de constituição.
Anteriormente à Lei nº 11.638/07, os incentivos fiscais recebidos pelas 
entidades deveriam ser lançados à Reserva de Capital – Doações e 
Subvenções para Investimento. No entanto, com o advento da Lei nº 
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1.4.6 Reserva de Incentivos Fiscais
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11.638/07, os recursos recebidos como incentivos fiscais passaram a ser 
reconhecidos diretamente em contas de resultado, como receitas. Vejamos 
o que diz o artigo 195-A da Lei nº 6.404/76, que trata desta reserva:
Art. 195-A. A assembléia geral poderá, por proposta dos órgãos de 
administração, destinar para a reserva de incentivos fiscais a parcela do lucro 
líquido decorrente de doações ou subvenções governamentais para 
investimentos, que poderá ser excluída da base de cálculo do dividendo 
obrigatório (inciso I do caput do art. 202 desta Lei). (Incluído pela Lei nº 
11.638,de 2007)
No intuito de permitir às companhias excluírem do lucro líquido (base de 
cálculo do dividendo mínimo obrigatório) a parcela decorrente de incentivos 
fiscais recebidos, foi facultado às entidades a constituição de uma Reserva 
de Incentivos Fiscais.
E como funcionaria essa reserva? Por exemplo: digamos que 
a Zé Louis S.A tenha recebido incentivos fiscais no montante de 
R$ 50.000 para a construção de uma fábrica de sapatos (esse 
Zé Luis dá tiro pra tudo que é lado!) numa região em que o governo deseja 
criar empregos. Conforme manda a Lei das S.A., estes incentivos recebidos 
deverão ser reconhecidos como receita. Ao término do exercício, a Zé Louis 
S.A. apura um lucro líquido de R$ 60.000. 
Como os incentivos fiscais foram reconhecidos como receita, eles 
contribuíram diretamente para a composição do lucro líquido do período. 
Aí, se a Zé Louis S.A. desejar, ela poderá destinar R$ 50.000 deste lucro 
para constituição de reserva de incentivos ficais, utilizando como base de 
cálculo para o dividendo mínimo obrigatório o montante de R$ 10.000. 
Gente! Não se preocupem, veremos com tranquilidade como calcular o 
dividendo mínimo obrigatório na próxima aula! Além disso, todas estas 
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reservas, que reduzem a base de cálculo do dividendo mínimo obrigatório, 
serão revisitadas na ocasião.
Por fim, o lançamento para a composição da Reserva de Incentivos Fiscais 
também segue aquele esqueleto básico apresentado em aula, a débito de 
Lucros Acumulados (conta de PL) e a crédito da conta de reserva.
As receitas e despesas são reconhecidas com base no regime de 
competência. Em razão disto, é possível que, em algumas situações, a 
entidade tenha auferido lucro econômico (baseado no regime de 
competência) sem possuir, no entanto, disponibilidades financeiras de 
mesma monta. 
Reconhecendo esta situação, a Lei das S.A. previu, nos parágrafos 4º e 5º 
do art. 202, a possibilidade de destinar à Reserva Especial para 
Dividendo Obrigatório não Distribuído a parcela do dividendo 
obrigatório que não puder ser paga de imediato, por falta de condições 
financeiras. Uma vez constituída esta reserva, a entidade somente poderá 
revertê-la para o pagamento de dividendos aos sócios no futuro, a 
partir do instante em que houver disponibilidade financeira, ou para a 
absorção de prejuízos.
Esta reserva especial difere da reserva de lucros a realizar, pois, sua 
constituição não está limitada a resultados não realizados de 
equivalência patrimonial ou de direitos a receber no longo prazo. 
Na reserva especial subsiste uma situação mais “concreta”, qual seja, 
independentemente das razões que tenham dado causa à insuficiência 
financeira, o fato é que a entidade não pode desembolsar os lucros 
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1.4.7 Reserva especial para dividendo obrigatório não distribuído
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econômicos auferidos e, por este motivo, constitui uma reserva especial 
para dividendo obrigatório a fim de distribuí-lo no futuro, quando possível.
Legal! Estamos quase terminando o estudo das reservas de lucros, após 
tantas páginas. O pronto principal que pretendo evidenciar aqui é o 
seguinte: existe um limite global para a constituição das reservas de 
lucros!
A Lei nº 6.404 em seu artigo 199 determina o seguinte:
Art. 199. O saldo das reservas de lucros, exceto as para contingências, de 
incentivos fiscais e de lucros a realizar, não poderá ultrapassar o capital 
social. Atingindo esse limite, a assembleia deliberará sobre aplicação do excesso 
na integralização ou no aumento do capital social ou na distribuição de 
dividendos. (Redação dada pela Lei nº 11.638,de 2007)
Vejam só, meus amigos(as). A Lei das S.A. limita o saldo das 
reservas de lucros (com exceção das reservas para contingências, 
de incentivos fiscais e de lucros a realizar) ao valor do capital social, não 
podendo ultrapassá-lo. 
Na prática, isso significa que a soma da:
Reserva Legal + Reservas estatutárias + Retenção de Lucros
deve ser menor ou igual (=<) ao capital social.
Se esse limite for ultrapassado, a assembleia dos acionistas deverá 
deliberar sobre a aplicação do excesso na integralização ou no aumento 
do capital social, ou, ainda, na distribuição de dividendos.
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1.4.8 Limite para as reservas de lucros
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Por outro lado, as reservas consideradas exceções, quais 
sejam, as reservas para contingências, de incentivos fiscais e 
de lucros a realizar, não têm seus saldos sujeitos a um 
limite legal, podendo ultrapassar o valor do capital social.
Dando seguimento ao nosso estudo acerca do patrimônio líquido, 
chegamos à conta que registra as “ações em tesouraria”. Ações em 
tesouraria é conta que representa asações de emissão da própria 
sociedade que foram “recompradas” dos sócios e que, por esta 
característica, é considerada conta redutora de Patrimônio Líquido. 
O normal, como sabemos, é que as ações emitidas pela companhia 
estejam em titularidade de terceiros. No entanto, a Lei das S.A., em seu 
artigo 30, estabelece algumas situações específicas que tornam possível às 
companhias a aquisição de ações de sua própria emissão. Vejamos o que 
diz o referido artigo:
Art. 30. A companhia não poderá negociar com as próprias ações.
§ 1º Nessa proibição não se compreendem:
a) as operações de resgate, reembolso ou amortização previstas em lei;
b) a aquisição, para permanência em tesouraria ou cancelamento, desde que até 
o valor do saldo de lucros ou reservas, exceto a legal, e sem diminuição do 
capital social, ou por doação;
c) a alienação das ações adquiridas nos termos da alínea b e mantidas em 
tesouraria;
d) a compra quando, resolvida a redução do capital mediante restituição, em 
dinheiro, de parte do valor das ações, o preço destas em bolsa for inferior ou 
igual à importância que deve ser restituída.
(...)
§ 5º No caso da alínea d do § 1º, as ações adquiridas serão retiradas 
definitivamente de circulação.
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1.5 Ações em Tesouraria
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Com base no artigo acima, há três situações que autorizam a 
companhia a adquirir suas próprias ações, quais sejam:
Alínea a – resgate, reembolso ou amortização de ações;
Alínea b – aquisição de ações, para permanência em tesouraria ou 
cancelamento, desde que até o valor das reservas de lucros (exceto a 
legal) e sem diminuição do capital social, ou recebimento das ações por 
doação;
Alínea d – a compra com o fim específico de reduzir o capital social, 
dentro dos limites legais (tirando as ações de circulação, conforme 
parágrafo 5º).
A alínea c, do parágrafo 1º, do artigo 30 da Lei nº 6.404/76, por sua vez, 
permite a alienação das ações adquiridas nos termos da alínea b, tão 
somente, e, portanto, não se trata de uma hipótese de aquisição de ações 
pela companhia, mas, sim, de transação.
Além disso, para adquirir ações de sua emissão a companhia precisa, além 
de ter que observar a Lei das S.A., tem que seguir, também, as Instruções 
Normativas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários – CVM. 
Por último, o § 4º do Art. 30 da Lei das S.A. estabelece que é vedada a 
distribuição de dividendos às ações em tesourarias, bem como lhes é 
negado o direito de voto.
Pessoal, nós já vimos que a conta que registra as ações em tesouraria é 
redutora de patrimônio líquido e, portanto, possui saldo devedor. 
Quando a companhia adquire ações de sua emissão no mercado, de acordo 
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1.5.1 Ações em Tesouraria – Aspectos Contábeis
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com os casos específicos exigidos por lei, o lançamento para 
reconhecimento desta aquisição será o seguinte:
Posteriormente, a depender da situação que deu ensejo à aquisição das 
ações, a entidade poderá alienar os títulos em tesouraria (alínea c, § 1º, 
art. 30 da Lei nº 6.404/76). Desta alienação poderá resultar ganho ou 
perda de capital.
O ganho na alienação de ações em tesouraria recebe o mesmo tratamento 
que o destinado ao ágio na emissão de ações, qual seja, deverá ser 
reconhecido à contra partida de conta de Reserva de Capital – 
ganhos na alienação de ações em tesouraria. Digamos que uma 
entidade tenha ações em tesouraria no valor de R$ 10.000 e que, 
posteriormente, aliene estas ações por R$ 12.000. O lançamento para 
registro da transação será o seguinte:
As perdas na alienação de ações em tesouraria, por sua vez, devem ser 
registradas a débito da reserva de capital que registrou os ganhos 
anteriores. Caso o saldo seja insuficiente para tanto, deverão ser 
debitadas as outras reservas que originaram os recursos para aquisição 
das próprias ações. Por exemplo, se a entidade tem ações em tesouraria 
no valor de R$ 10.000 e às vende por R$ 8.000, o lançamento pelo 
reconhecimento da alienação será:
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Lançamento – aquisição de ações de própria emissão
D Ações em Tesouraria
C a Banco c/ Movimento (valor)
Lançamento – ganho na alienação de ações em tesouraria
D Bancos c/ movimento 12.000
C a Ações em Tesouraria 10.000
C a Reserva de Capital – ganho na alienação de ações em 
tesouraria
2.000
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Lucros ou Prejuízos Acumulados é a conta que recebe o Lucro ou 
Prejuízo apurado por meio da Apuração do Resultado do Exercício (ARE), 
estudado na página 31 a 34 da Aula 03. Se a entidade incorre em lucro, 
dizemos apenas “Lucros Acumulados”; se incorre em prejuízos, “Prejuízos 
Acumulados”.
Anteriormente à Lei nº 11.941/09, que alterou o Art. 178 da Lei nº 
6.404/76, era permitido às companhias manterem, no patrimônio líquido, 
Lucros Acumulados. Portanto, os lucros auferidos no exercício poderiam ser 
destinados ao aumento de capital, à reservas, aos acionistas (na forma de 
dividendos) ou, ainda mantidos no patrimônio, sem qualquer destinação 
específica, sob o título de “Lucros Acumulados”. 
Posteriormente, porém, ao advento da Lei nº 11.941/09, as entidades 
somente podem deixar registrados no patrimônio líquido os Prejuízos 
Acumulados. Vejamos o que diz o Art. 178 da Lei das S.A. sobre o assunto:
Art. 178. No balanço, as contas serão classificadas segundo os elementos do 
patrimônio que registrem, e agrupadas de modo a facilitar o conhecimento e a 
análise da situação financeira da companhia.
§ 2º No passivo, as contas serão classificadas nos seguintes grupos:
III – patrimônio líquido, dividido em capital social, reservas de capital, ajustes de 
avaliação patrimonial, reservas de lucros, ações em tesouraria e prejuízos 
acumulados. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009)
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1.6 Lucros ou Prejuízos Acumulados
Lançamento – perda na alienação de ações em tesouraria
D Bancos c/ movimento 8.000
D Reserva de Capital – ganho na alienação de ações em 
tesouraria (ou outra reserva que tenha originado os recursos)
2.000
C a Ações em Tesouraria 10.000
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Vejam que, atualmente, todo e qualquer lucro auferido pela 
entidade precisa ser destinado para o capital, ou para as 
reservas, ou, ainda, distribuído aos sócios.
Contudo, apesar de não mais ser permitido às companhias manterem no 
patrimônio líquido os “Lucros Acumulados”, sem destinação, esta conta não 
foi totalmente extinta. Ela, apenas, transformou-se em conta 
“transitória”. Em outras palavras, a conta Lucros Acumulados iniciará e 
encerrará os exercícios com saldo zero, sendo utilizada, apenas, para 
receber os lucros do exercício que, em seguida, tomarão um destino 
específico. O funcionamento desta conta será explicado, com propriedade, 
na próxima aula, quando estudarmos a Demonstração dos Lucros ou 
Prejuízos Acumulados (DLPA). 
Pra finalizar a aula, vamos ver, rapidamente, a Reserva de Reavaliação. 
Anteriormente à Lei nº 11.638/07, a Lei nº 6.404/76 previa a possibilidade 
de as companhias,

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