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Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra Prof. Thiago Ultra www.estrategiaconcursos.com.br 1 AULA 06 – CONTABILIDADE PARA INICIANTES – 2013 – Teoria e Questões Comentadas SUMÁRIO PÁGINA 1 Balanço Patrimonial: Patrimônio Líquido (PL) 2 1.1 Capital Social 4 1.1.1 Ações 6 1.1.2 Quotas de capital 7 1.1.4 Contabilização do Capital Social 7 1.2 Reservas de Capital 8 1.2.1 Ágio na emissão de ações 9 1.2.2 Alienação de partes beneficiárias 11 1.2.3 Alienação de bônus de subscrição 13 1.2.4 Aproveitamento das Reservas de Capital 14 1.3 Ajustes de Avaliação Patrimonial 19 1.4 Reservas de Lucros 21 1.4.1 Reserva Legal 23 1.4.2 Reservas Estatutárias 29 1.4.3 Reservas para Contingências 30 1.4.4 Reservas de Lucros a Realizar 33 1.4.5 Retenção de Lucros – Reserva de lucros para investimento 36 1.4.6 Reserva de Incentivos Fiscais 37 1.4.7 Reserva especial para dividendo obrigatório não distribuído 39 1.4.8 Limite para as reservas de lucros 40 1.5 Ações em Tesouraria 41 1.5.1 Ações em Tesouraria – Aspectos Contábeis 42 1.6 Lucros ou Prejuízos Acumulados 44 1.7 Reserva de Reavaliação (extinta) 45 Série única de exercícios 47 LISTA DE EXERCÍCIOS COMENTADOS 72 GABARITOS 83 Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra Oi, gente! O tema de nossa aula hoje é o Patrimônio Liquido. Com isso, encerraremos o estudo sobre o Balanço Patrimonial e daremos início, a partir da próxima aula, ao estudo das demais demonstrações financeiras exigidas pela Lei das S.A. Aqueçam os neurônios que iremos começar! Bons estudos! A primeira definição que vimos sobre o patrimônio líquido foi lá na Aula 00, onde aprendemos que o PL é igual ao ativo menos o passivo exigível. Em razão da equação fundamental do patrimônio, diz-se que o patrimônio líquido tem caráter residual, pois ele é o que sobra dos ativos, após dedução de todos os passivos. Vimos, também, que o patrimônio líquido representa os recursos dos proprietários (formados pelo conjunto das contas existentes no PL). Agora, como não poderia deixar de ser, vamos aprofundar e esmiuçar o patrimônio líquido que, apesar de aparentemente ser o grupo mais “tranquilo” do balanço patrimonial (com menos contas), é um grupo bastante complexo e que requer muita atenção! A Lei nº 6.404/76 (Lei das S.A.) divide o patrimônio líquido em: Art. 178. No balanço, as contas serão classificadas segundo os elementos do patrimônio que registrem, e agrupadas de modo a facilitar o conhecimento e a análise da situação financeira da companhia. (...) § 2º No passivo, as contas serão classificadas nos seguintes grupos: (...) Prof. Thiago Ultra www.estrategiaconcursos.com.br 2 1 Balanço Patrimonial: Patrimônio Líquido (PL) Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra III – patrimônio líquido, dividido em capital social, reservas de capital, ajustes de avaliação patrimonial, reservas de lucros, ações em tesouraria e prejuízos acumulados. Curiosidade: para a Lei das S.A., o passivo, além de considerar as obrigações da entidade, inclui, também, o patrimônio líquido. Já o Conselho Federal de Contabilidade, por meio da Resolução nº 1.374/11 tem o seguinte entendimento do passivo: 4.4 (...) (b) passivo é uma obrigação presente da entidade, derivada de eventos passados, cuja liquidação se espera que resulte na saída de recursos da entidade capazes de gerar benefícios econômicos; Em outras palavras, para o CFC o passivo se refere, tão somente, às obrigações da entidade, mantendo-se o patrimônio líquido como grupo patrimonial à parte. Inclusive, é este conceito de Passivo (de Passivo Exigível, ou, obrigações) que é utilizado na equação fundamental do patrimônio, dada por PL = A – P. Portanto, esquematizando o tratamento dado pela Lei das S.A. ao patrimônio líquido, temos que o PL divide-se em: - Capital Social: representa os valores que forem entregues pelos sócios à entidade ou que forem posteriormente incorporados ao capital (conversão de debêntures em ações, lucros incorporados, etc.). - Reservas de capital: São valores que foram recebidos pela companhia mas que não foram apropriados como receita. Vamos entender estas contas mais adiante. Prof. Thiago Ultra www.estrategiaconcursos.com.br 3 Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra - Ajustes de Avaliação Patrimonial: representam as contrapartidas dos aumentos ou diminuições dos ativos e passivos decorrentes de sua avaliação a valor justo. - Reservas de Lucros: representam os lucros que foram “reservados” pela empresa, por diversos motivos, os quais serão estudados adiante. - Ações em Tesouraria: representam as ações emitidas pela companhia que foram compradas pelo própria entidade. São contas retificadoras de patrimônio líquido. - Prejuízos acumulados: conta que registra os resultados negativos gerados em exercícios anteriores. Após esse apanhado geral, vamos estudar individualmente cada um dos componentes do patrimônio líquido. O capital social, como sabemos, é a conta que registra os recursos subscritos pelos sócios. Porém, nem sempre os sócios integralizam de imediato os recursos subscritos e, por este motivo, a Lei das S.A. determina, em seu art. 182, que “a conta de capital social discriminará o montante subscrito e, por dedução, a parcela não realizada”. Na aula 01 vimos algumas definições a respeito de capital social subscrito, realizado e a realizar, as quais reproduzo aqui para que refresquem a memória. - Capital Social ou Capital Social Subscrito – Conta que registra o total de recursos, nos termos do contrato social/estatuto, que os sócios/acionista deverão entregar à entidade. Os sócios, na constituição Prof. Thiago Ultra www.estrategiaconcursos.com.br 4 1.1 Capital Social Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra (ou quando aumentam o capital social da entidade, posteriormente), assinam um contrato (um compromisso) de entregar à entidade os valores subscritos no contrato social/estatuto. Estes recursos podem ser entregues à entidade de imediato ou ficar pendentes para entrega em momento posterior. A fim de registrar estas diferenças, o Capital Social deve apresentar a subconta Capital a Realizar (retificadora de PL), indicando a parcela do capital subscrito que estiver pendente de integralização. - Capital Social a Realizar ou a Integralizar – é subconta de Capital Social, e corresponde à parcela do capital subscrito que ainda precisa ser entregue pelos sócios à entidade. É encontrado pela diferença entre o Capital Social Subscrito e o Capital Social Realizado. - Capital Social Realizado ou Integralizado – corresponde à parcela do capital social subscrito que foi efetivamente entregue pelos sócios à entidade, seja em dinheiro, em bens ou direitos. Beleza! O capital social subscrito está definido num documento, seja no contrato social (no caso da sociedade limitada) ou no estatuto social (quando sociedade anônima). Com isso, sempre que a entidade desejar aumentar o seu capital social, será necessário proceder a uma nova pactuação, por meio de um novo contrato social, ou estatuto, certo? Nem tanto! O estatuto das sociedades anônimas pode prever um limite (em valor ou em número de ações) pelo qual autoriza o Conselho de Administração da companhia a aumentaro seu capital social, independentemente de reforma estatuária. Este limite é chamado de Capital Autorizado. Considerando a importância do tema, vejamos algumas características mais específicas das ações, no item a seguir. Prof. Thiago Ultra www.estrategiaconcursos.com.br 5 Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra As ações dividem o capital social da companhia em partes iguais. As ações podem ser ordinárias, preferenciais ou de fruição, sendo que cada espécie de ação concede aos acionistas direitos ou vantagens específicas, a saber: Ações ordinárias: são ações que conferem aos seus titulares o direito de participarem das deliberações no âmbito da Assembleia Geral dos Acionistas – A.G.A. -. É na A.G.A que são tomadas as decisões de maiores vultos da companhia, de acordo com a vontade da maioria. Apesar de, aparentemente, as decisões serem democráticas, na verdade o que se tem é que a “maioria” representa “maioria do capital”, e não “maioria dos acionistas”. Por isso, se apenas um acionista detiver 60% do capital social, a sua opinião sempre representará a maioria e, por isso, ele será considerado o controlador da companhia. As ações ordinárias também dão direito a uma parcela ideal sobre o patrimônio da entidade, bem como sobre os lucros auferidos, distribuídos na forma de dividendos. Ações Preferenciais: são ações que conferem aos seus acionistas o direito a uma parcela ideal do patrimônio da entidade e dos lucros auferidos, distribuídos na forma de dividendos. No entanto, as ações preferenciais, ao contrário das ordinárias, não dão direito a voto mas, em compensação, têm a “preferência” na distribuição dos dividendos e no reembolso do capital social. Ações de Fruição: são ações que dão direito, apenas, a uma parcela sobre os dividendos distribuídos, não dando direito a voto nem a uma parcela ideal do patrimônio. De maneira simplificada, ações de fruição são ações preferenciais ou ordinárias que foram amortizadas, ou Prof. Thiago Ultra www.estrategiaconcursos.com.br 6 1.1.1 Ações Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra seja: a companhia antecipou aos sócios, a parcela do patrimônio que lhes caberia em caso de dissolução da sociedade. Portanto, posteriormente, em caso de dissolução da companhia, nada mais seria devido aos titulares das ações de fruição, pois estes já haveriam recebido, antecipadamente, a parcela que lhes seria devida sobre o patrimônio. Ao contrário das sociedade anônimas, cujo capital social é dividido em ações, nas Sociedades Limitadas o capital é divido em quotas, definidas no contrato social da entidade. Assim, as quotas de capital, por amparadas num contrato, não podem ser negociadas e não são consideradas um título, como o são as ações. O processo de contabilização do capital social subscrito e a realizar é é o mesmo, tanto para as sociedades por ações, quanto para as sociedades limitadas. Contudo, nas sociedades por ações, é necessário que se realizem algumas contabilizações específicas relacionadas às operações de emissão de ações, as quais veremos nas próximas páginas. A demonstração do lançamento pela integralização do capital social foi apresentada na Aula 02, páginas 03 a 05. Sugiro que, se for o caso, revejam este ponto da aula para refrescar a memória. Regra geral, a contabilização é exatamente a mesma, seja para a integralização de quotas de capital social, seja pela emissão de ações. A diferença existente é que , nas ações, pode ocorrer de os acionistas entregarem à entidade um valor superior ao valor nominal do título e, com isso, este valor excedente deverá ser contabilizado como Reserva de Capital, ponto que estudaremos a seguir. Prof. Thiago Ultra www.estrategiaconcursos.com.br 7 1.1.2 Quotas de capital 1.1.4 Contabilização do Capital Social Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra As contas de Reservas de Capital registram valores que foram recebidos pela companhia mas que não transitaram pelo resultado como receita, pois, não foram decorrentes de um esforço patrimonial, no sentido de entregar bens ou serviços a terceiros. O parágrafo 1º do art. 182 da Lei nº 6.404/76 elenca as hipóteses que dão ensejo à constituição de reservas de capital, o que facilita o nosso estudo. Nos termos da Lei das S.A: Art. 182. A conta do capital social discriminará o montante subscrito e, por dedução, a parcela ainda não realizada. § 1º Serão classificadas como reservas de capital as contas que registrarem: a) a contribuição do subscritor de ações que ultrapassar o valor nominal e a parte do preço de emissão das ações sem valor nominal que ultrapassar a importância destinada à formação do capital social, inclusive nos casos de conversão em ações de debêntures ou partes beneficiárias (ágio na emissão de ações). b) o produto da alienação de partes beneficiárias e bônus de subscrição; c) o prêmio recebido na emissão de debêntures; d) as doações e as subvenções para investimento. Assim, esquematizando os dizeres da lei, dão origem à constituição de reservas de capital: � o Ágio na emissão de ações; � o produto da alienação de partes beneficiários e de bônus de subscrição. Prof. Thiago Ultra www.estrategiaconcursos.com.br 8 1.2 Reservas de Capital Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra O prêmio recebido na emissão de debêntures e as doações e subvenções para investimento recebidos do poder público já deram origem à constituição de reserva de capital, porém, os incisos respectivos foram revogados pela Lei nº 11.638/2007 e, como resultado, atualmente tais fatos são reconhecidos diretamente no resultado, como receita. Ágio é um excedente que é pago por alguma coisa. Em geral, o pagamento de ágio se justifica por estar embasado em uma expectativa de lucratividade futura que virá compensar os valores pagos a maior. Portanto, o Ágio na emissão de ações representa os valores pagos pelos acionistas que excedem: 1) o valor nominal das ações (quando houver), ou, 2) a parcela do preço de emissão das ações que excederem a importância destinada à formação de capital social. ufa!...) Antes de mais nada, se a entidade decide emitir ações com valor nominal, este valor será exatamente o mesmo para todas as ações: na emissão de ações com valor nominal, a companhia deve respeitar esta matemática e, como resultado, o total do capital social subscrito dividido pelo número total de ações emitidas será igual ao valor nominal da ação. Por exemplo, se uma entidade possui capital social de R$ 100.000,00 dividido em 100.000 ações, cada ação terá valor nominal de R$ 1,00. É vedado à companhia emitir ações por um valor inferior ao seu valor nominal. No entanto, quando da emissão das ações com valor nominal (na constituição ou em aumentos de capital posteriores da entidade), a companhia pode optar por cobrar dos acionistas subscritores um valor adicional sobre as ações emitidas, denominado ágio. Aproveitando o Prof. Thiago Ultra www.estrategiaconcursos.com.br 9 1.2.1 Ágio na emissão de ações Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra exemplo anterior, se a companhia, ao emitirsuas ações cujo valor nominal é R$ 1,00, resolvesse cobrar um adicional de R$ 0,20 dos acionistas, por cada ação, este adicional seria considerado ágio, pago pelos investidores na expectativa de uma lucratividade futura. Assim, o total do ágio recebido pela emissão das ações será de: 100.000 ações x R$ 0,20 de ágio por ação = R$ 20.000,00. Este ágio, recebido pela companhia na emissão das ações, deverá ser apropriado à conta de reserva de capital “Ágio na Emissão de Ações”. A contabilização da emissão de ações com o recebimento de ágio é a seguinte: Ou seja, a sociedade emite 100.000 ações com valor nominal de R$ 1,00, mas recebe por elas R$ 120.000,00 em recursos. A diferença paga a maior será reconhecida como reserva de capital e registrada no Patrimônio Líquido. O balanço patrimonial exemplificativo, abaixo, apresenta a estrutura das contas no PL: Por outro lado, a companhia pode optar por lançar ações sem valor nominal definido. Nestes casos, a entidade define um preço para a Prof. Thiago Ultra www.estrategiaconcursos.com.br 10 Lançamento – Ágio na emissão de ações D Bancos Conta Movimento 120.000 C a Capital Social 100.000 C a Reserva de Capital - Ágio na emissão de ações 20.000 Balanço Patrimonial exemplificativo – emissão de ações ATIVO R$ PASSIVO R$ Caixa ���� 120.000 Obrigações - PATRIMÔNIO LÍQUIDO Capital Social ���� 100.000 Reserva de Capital – Ágio na emissão de ações���� 20.000 120.000 120.000 Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra emissão das ações e, ao mesmo tempo, estabelece qual parcela deste preço será destinada ao capital social, ficando o restante destinado à reserva de capital a título de ágio na emissão de ações. (conforme previsão do inciso a, § 1º, art. 182 da Lei das S.A.) Por exemplo: digamos que o Zé Luis esteja eufórico por obter recursos de maneira a financiar sua viagem à lua (o cara tá sinistro!!!!). Resolve, então, proceder ao aumento de capital da Zé Louis S.A. por meio da emissão de 100.000 ações sem valor nominal, fixando para elas preço unitário de R$ 2,00, porém, destinando ao capital social R$ 1,60 por ação, e o restante obtido com a vendas das ações para reserva de capital a título de ágio. Conforme determinação da Lei nº 6.404/76, a parcela do preço de venda das ações (R$ 2,00) que ultrapassar a importância destinada ao capital social (R$ 1,60) será reconhecida como reserva de capital (R$ 0,40). Como a Zé Louis S.A emitiu 100.000 novas ações, teremos que do total arrecadado com a emissão das ações (100.000 x R$ 2,00 = R$ 200.000), R$ 160.000 são destinados ao capital social e R$ 40.000 à reserva de capital. Em termos contábeis, a escrituração do ágio na emissão de ações com ou sem valor nominal é exatamente a mesma. O importante é sabermos como determinar o ágio em ambos os casos. Antes de avaliarmos seus aspectos contábeis, vejamos algumas considerações a respeito das partes beneficiárias. A Lei nº 6.404/76 prevê que: Prof. Thiago Ultra www.estrategiaconcursos.com.br 11 1.2.2 Alienação de partes beneficiárias Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra Art. 46. A companhia pode criar, a qualquer tempo, títulos negociáveis, sem valor nominal e estranhos ao capital social, denominados "partes beneficiárias". § 1º As partes beneficiárias conferirão aos seus titulares direito de crédito eventual contra a companhia, consistente na participação nos lucros anuais (artigo 190). Partes beneficiárias são títulos negociáveis que, emitidos pelas sociedades anônimas e conforme o texto da lei, concedem ao seu titular o direito a participação nos lucros anuais da companhias (distribuídos na forma de dividendos). O produto da alienação de partes beneficiárias é reconhecido a contrapartida do patrimônio líquido, por meio da conta de reserva de capital – alienação de partes beneficiárias. Notem que apesar de estarmos diante de uma “alienação”, não há apropriação de receita nestes casos. Somente cabe o reconhecimento de reserva de capital quando as partes beneficiárias forem alienadas pela companhia. Caso elas sejam criadas e concedidas a terceiros gratuitamente, não será cabida qualquer constituição de reserva. Além disso, as partes beneficiárias não se confundem com ações, pois não dão direito a voto nem a uma parcela ideal do patrimônio, sendo estranhas ao capital social. A Lei nº 6.404/76. estabelece, ainda, que a participação das partes beneficiárias sobre os lucros não pode ultrapassar 10% do total (art. 46, § 2º), sendo vedado, também, conceder às partes beneficiárias qualquer direito privativo de acionistas, salvo o de fiscalizar os atos dos administradores (art. 46, § 3º). Prof. Thiago Ultra www.estrategiaconcursos.com.br 12 Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra Por último, é vedado às companhias abertas emitir partes beneficiárias, conforme parágrafo único do art. 47 da Lei das S.A. (somente as companhias fechadas podem emiti-las). Beleza! A contabilização não tem mistério, conforme será estudado no exemplo abaixo. Digamos que uma companhia venda partes beneficiárias no valor de R$ 20.000. A contabilização do produto desta alienação será: O parágrafo único do Art. 200 da Lei nº 6.404/76 afirma que as reservas de capital decorrentes do produto de alienação de partes beneficiárias poderão ser utilizadas para o resgate destes títulos. O lançamento para resgate das partes beneficiárias com a utilização da reserva de capital delas decorrente ficaria assim: Tranquilo! Vamos ao próximo item. Os bônus de subscrição são definidos no Art. 75 da Lei das S.A, transcrito abaixo: Art. 75. A companhia poderá emitir, dentro do limite de aumento de capital autorizado no estatuto (artigo 168), títulos negociáveis denominados "Bônus de Subscrição". Parágrafo único. Os bônus de subscrição conferirão aos seus titulares, nas condições constantes do certificado, direito de subscrever ações do capital social, Prof. Thiago Ultra www.estrategiaconcursos.com.br 13 Lançamento – Alienação de partes beneficiárias D Bancos Conta Movimento C a Reserva de Capital – alineação de partes beneficiárias 20.000 Lançamento – Resgate de partes beneficiárias D Reserva de Capital – alineação de partes beneficiárias C a Bancos Conta Movimento 20.000 1.2.3 Alienação de bônus de subscrição Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra que será exercido mediante apresentação do título à companhia e pagamento do preço de emissão das ações. Bônus de subscrição é um título negociável que confere ao seu titular o direito de subscrever ações em futuros aumentos de capital, dentro do limite de capital autorizado. Ou seja, quando da emissão de ações no futuro, o titular do bônus de subscrição terá a preferência pela subscrição das novas ações emitidas. Os bônus de subscrição podem ser alienados pela companhia ou concedidos por ela gratuitamente a terceiros. Como nas partes beneficiárias, só é cabível lançamento e constituição de reserva de capital se os bônus de subscrição forem efetivamente alienados, caso contrário não haverá lançamento a ser realizado. Além destes pontos, precisamos observar o seguinte: só pode emitir bônus de subscrição a companhia que tiver limite de capital autorizado disponível!Se não tiver, não pode emitir o título. Vejamos, enfim, a contabilização relacionada à alienação de bônus de subscrição no valor de R$ 10.000,00: Bom, a constituição de reservas de capital deve servir pra alguma coisa, não é “só pra bonito” rsrsrs... O aproveitamento das reservas de capital pode ser realizado a depender de alguns casos estabelecidas no Art. 200 da Lei nº 6.404/76, a saber: Prof. Thiago Ultra www.estrategiaconcursos.com.br 14 Lançamento – Alienação de bônus de subscrição D Bancos Conta Movimento C a Reserva de Capital – alineação de bônus de subscrição (PL) 10.000 1.2.4 Aproveitamento das Reservas de Capital Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra 1) para a absorção de prejuízos: 2) para o resgate, o reembolso ou a compra de ações (de sua própria emissão); 3) para o resgate de partes beneficiárias; 4) para a incorporação ao capital social; 5) para o pagamento de dividendos a ações preferenciais, quando esta vantagem lhes for assegurada. A absorção de prejuízos pelas reservas de capital somente poderá ocorrer depois de utilizadas todas as reservas de lucros, que estudaremos adiante, ou seja, antes de a empresa constituir a conta de Prejuízos Acumulados (de PL), ela deverá utilizar o saldos das reservas de lucros para “absorver” o prejuízo do exercício. Após o aproveitamento das reservas de lucros, se ainda restarem prejuízos a serem absorvidos, a companhia poderá utilizar as contas de reserva de capital para isso, mas, esta operação não é obrigatória. Vou demonstrar para vocês esta operação de “absorção de prejuízo” pelas reservas, pois, é a primeira vez que falamos nisso e, portanto, acho importante apresentar-lhes um exemplo prático. O Artigo 189 da Lei das S.A determina, em seu parágrafo único, que “o prejuízo do exercício será, obrigatoriamente, absorvido pelos lucros acumulados, pelas reservas de lucros e pela reserva legal, nessa ordem”. Ou seja, o aproveitamento dos saldos em Reservas de Capital não é obrigatório para a absorção de prejuízos, porém, é facultado à companhia absorver o prejuízo do exercício com os saldos existentes. Por exemplo: A entidade Preju S.A, antes da apuração do resultado do exercício, têm a seguinte situação patrimonial: Prof. Thiago Ultra www.estrategiaconcursos.com.br 15 Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra Beleza! Na apuração do resultado exercício a Preju S.A. constata ter incorrido em prejuízos de R$ 30.000,00. Considerando o mandamento do Art. 189 da Lei das S.A., a companhia precisará absorver este prejuízo do exercício com 1) lucros acumulados, 2) reservas de lucros e 3) reservas de capital (opcional). Como seria este lançamento? Considerando que não há lucros acumulados pela entidade (como se depreende do balanço patrimonial – e, atualmente, nem poderiam, por vedação da Lei das S.A) os prejuízos serão, primeiramente, absorvidos pela conta de reservas de lucros, dentre as quais se apresenta a conta de Reserva Legal (que, logo logo, estudaremos). Lembrem-se que o resultado é apurado por meio de uma conta intermediária denominada Apuração do Resultado do Exercício e, posteriormente, o saldo devedor (prejuízo) ou credor (lucro) é transferido para a conta de Lucros ou Prejuízos Acumulados, no PL, como vimos na aula 03. Assim, a absorção do prejuízo pela Preju S.A. seria realizado pelo seguinte lançamento: Prof. Thiago Ultra www.estrategiaconcursos.com.br 16 Balanço Patrimonial Preju S.A. – antes da apuração do resultado ATIVO R$ PASSIVO R$ Disponibilidades 30.000 Empréstimos 50.000 Estoques 50.000 Veículos 20.000 PATRIMÔNIO LÍQUIDO Imóveis 80.000 Capital Social 100.000 Reserva Legal 20.000 Reserva de capital – ágio na emissão de ações 10.000 180.000 180.000 Lançamento – Absorção do prejuízo – reserva de lucros D Reserva Legal C a Prejuízos Acumulados (PL) 20.000 Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra O razão ficaria assim: Vejam que, após a absorção de R$ 20.000 em prejuízos, ocorreu a seguinte alteração no patrimônio: a conta de reserva legal foi zerada, e os prejuízos acumulados, após a absorção, foram reduzidos de R$ 30.000 para R$ 10.000. Neste momento, considerando que a única reserva que ainda resta no patrimônio da entidade é uma conta de Reserva de Capital, a entidade poderá optar por absorver o prejuízo restante ou, simplesmente, deixá-lo como redutor do PL, preservando a reserva de capital. O lançamento pela absorção da Reserva de Capital é o seguinte: Ainda que a Preju S.A houvesse optado por preservar a conta de reserva de capital, o valor do patrimônio líquido seria exatamente o mesmo, como demonstrado a seguir. Prof. Thiago Ultra www.estrategiaconcursos.com.br 17 Prejuízos Acumulados Débito Crédito (s.i.) 30.000 20.000 10.000 Reserva Legal Débito Crédito 20.000 (s.i.) 20.000 - Prejuízos Acumulados Débito Crédito (s.i.) 30.000 20.000 10.000 - Reserva de Capital – ágio na emissão de ações Débito Crédito 10.000 (s.i.) 10.000 - Lançamento – Absorção do prejuízo – reserva de capital D Reserva de capital – ágio na emissão de ações C a Prejuízos Acumulados (PL) 10.000 Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra Então, continuando as hipóteses de aproveitamento das reservas de capital, temos que elas também poderão ser utilizadas para o resgate, o reembolso, ou a compra de ações (de sua própria emissão). Resgate e reembolso são dois procedimentos que não se confundem. Percebam: Resgate: é o procedimento pelo qual a entidade retira, forçosa e definitivamente, o título do mercado, ressarcindo o titular. Do resgate de ações poderá resultar a redução do capital social da entidade, ou o recálculo do valor nominal das demais ações existentes (mantido o montante do capital social) em razão da exclusão das ações resgatadas pela companhia. Reembolso: é o procedimento pelo qual a entidade reembolsa os acionistas, devolvendo-os os valores pagos, em razão de dissidência (discordância com os rumos tomados pela empresa) nos casos previstos na legislação societária. No reembolso as ações não são tiradas de circulação, podendo ser posteriormente revendidas pela sociedade a outros interessados. O parágrafo único do artigo 200 da Lei das S.A. estabelece, ainda, que a reserva de capital constituída em decorrência do produto da alienação de partes beneficiárias poderá ser utilizada para o resgate deste títulos. O lançamento para resgate é inverso ao de constituição da reserva de capital, qual seja, a débito da Reserva de Prof. Thiago Ultra www.estrategiaconcursos.com.br 18 PL com absorção da Reserva de Capital PATRIMÔNIO LÍQUIDO 100.000 Capital Social 100.000 Reserva Legal -- Reserva de capital – ágio na emissão de ações -- PL sem absorção da Reserva de Capital PATRIMÔNIO LÍQUIDO 100.000 Capital Social 100.000 Reserva Legal -- Reserva de capital – ágio na emissão de ações 10.000 Prejuízos Acumulados (10.000) Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra Capital – alienação de partes beneficiárias e a crédito de Bancos, pela saída dos recursos para o resgate do título. Estudamos ao longo daaula 04 (aula sobre o ativo) que os ajustes de avaliação patrimonial podem ser decorrentes da avaliação ao valor justo de instrumentos financeiros classificados pela entidade como “disponíveis para a venda”. Agora, vamos estender um pouco mais esse assunto. A Lei das S.A. em seu art. 182, parágrafo 3º, diz o seguinte: § 3o Serão classificadas como ajustes de avaliação patrimonial, enquanto não computadas no resultado do exercício em obediência ao regime de competência, as contrapartidas de aumentos ou diminuições de valor atribuídos a elementos do ativo e do passivo, em decorrência da sua avaliação a valor justo, nos casos previstos nesta Lei ou, em normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários, com base na competência conferida pelo § 3o do art. 177 desta Lei. Os ativos e passivos deverão ser avaliados a valor justo, sendo os aumentos e diminuições lançados a contrapartida de ajuste de avaliação patrimonial apenas em caso de reorganização societária (fusão, cisão e incorporação de ativos e passivos), segundo entendimento do Manual de Contabilidade Societária - FIPECAFI (USP). Isso significa que, se a companhia não estiver passando por um processo de reorganização societária, os ajustes de avaliação patrimonial só serão realizados em razão da avaliação ao valor justo dos instrumentos financeiros disponíveis para a venda. As variações constatadas no ajuste ao valor justo são reconhecidas diretamente no patrimônio líquido, em contas de ajuste de avaliação patrimonial, e, somente após a negociação dos ativos (ou quitação dos Prof. Thiago Ultra www.estrategiaconcursos.com.br 19 1.3 Ajustes de Avaliação Patrimonial Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra passivos), as receitas e despesas relacionadas à avaliação patrimonial deverão ser reconhecidas. Vou apresentar um exemplo, pra ajudá-los a fixar o tema. A Zé Louis S.A. adquire, em 01/10/20X1, alguns instrumentos financeiros para investimento, no valor de R$ 10.000,00, e os classifica como disponíveis para a venda. Quando em 31/12/20X1, o Zé precisará avaliar estes investimentos adquiridos a valor justo, registrando as variações percebidas a contrapartidas de ajuste de avaliação patrimonial. Digamos, então, que, em 31/12/20X1, o Zé Luis descubra que o valor justo do seu investimento seja de R$ 12.000,00, sofrendo uma valorização de R$ 2.000, desde a sua aquisição em 01/10/20X1. Considerando que se tratam de títulos classificados como disponíveis para a venda, o Zé precisará registrar esta valorização a contra partida de ajustes de avaliação patrimonial, e o lançamento, portanto, ficaria assim: Show! Por este lançamento, o Zé Luis aumentaria o saldo registrado em Investimentos - disponíveis para a venda e constituiria a conta de Ajuste de Avaliação Patrimonial, no PL. A apropriação da receita decorrente desta valorização só deverá ser reconhecida a partir do momento em que 1) o Zé reclassifica o título de disponível para a venda para negociação imediata ou 2) quando o Zé negocia o título no mercado, vendendo-o. Vejamos, então, como deve ser procedido o reconhecimento da receita quando da venda do instrumento financeiro. Digamos Prof. Thiago Ultra www.estrategiaconcursos.com.br 20 Lançamento – Ajuste de Avaliação Patrimonial D Investimentos – disponíveis para a venda C a Ajustes de Avaliação Patrimonial 2.000 Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra que, em 01/03/20X2, a Zé Louis S.A. realize a venda do seu investimento pelo seu valor justo, ou seja, por R$ 12.000. A contabilização deste lançamento será a seguinte: em primeiro lugar, baixaremos a conta de instrumentos financeiros e reconheceremos o recebimento dos recursos pela venda, assim: Em seguida, deveremos reconhecer a receita decorrente do ganho com o ajuste a valor justo, em contrapartida da conta de PL “ajuste de avaliação patrimonial”. Vejam: Portanto, aquele valor que estava registrado em “Ajustes de Avaliação Patrimonial” foi reconhecido como receita no momento de realização do instrumento financeiro. Este mesmo lançamento de reconhecimento da receita deverá ser realizado quando a entidade apenas reclassificar o título de disponível para a venda para negociação imediata. Continuando nossos estudos a respeito do Patrimônio Líquido, chegamos às Reservas de Lucros. Como vocês podem imaginar, reservas de lucros são reservas constituídas pelas entidades por meio da apropriação dos lucros auferidos no período de apuração, e é justamente isso que diz o § 4º do art. 182 da Lei nº 6.404/76. Aproveitando os conhecimentos vistos até aqui, temos que a entidade pode dar três destinações distintas ao lucro apurado no exercício social: Prof. Thiago Ultra www.estrategiaconcursos.com.br 21 Lançamento – Venda do instrumento financeiro pelo seu valor justo D Bancos C a Investimentos – disponíveis para a venda 12.000 Lançamento – Reconhecimento da receita com ajuste a valor justo D Ajustes de Avaliação Patrimonial C a Ganho na alienação de instrumentos financeiros (resultado) 2.000 1.4 Reservas de Lucros Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra para os sócios na forma de dividendos distribuídos, para as reservas, seja por determinação ou autorização legal, por determinação do estatuto social, ou por consentimento da assembleia dos acionistas, ou para o capital social, aumentando-o ou integralizando-o. Como resultado, a parcela dos lucros que não for destinado à formação de reserva de lucros nem destinado ao aumento ou integralização do capital social, deverá ser, necessariamente, distribuído, segundo determinação do § 6º do Art. 202 da Lei nº 6.404/76. As reservas de lucros têm sua destinação determinada ou autorizada por lei, pelo estatuto social da companhia, ou por concordância dos acionistas. Estas distinções existem pois diversas são as espécies de reservas de lucros, cada um delas motivadas por uma situação específica. Segundo a Lei das S.A., as companhias podem constituir as seguintes reservas de lucros: � Reserva legal (determinada pela lei das S.A – Art. 193) � Reservas estatutárias (determinada pelo estatuto social – Art. 194) � Reservas para contingências (autorizada por lei – Art. 195) � Reserva de lucros a realizar (autorizada por lei – Art. 197) � Reserva de lucros para expansão – retenção de lucros (consentido pelos acionistas – Art. 196) � Reserva de incentivos fiscais (autorizada por lei – Art. 195-A) � Reserva especial para dividendo obrigatório não distribuído (§§ 4º e 5º do Art. 202) O lançamento básico a ser realizado na constituição das reservas é a débito da conta de Lucros ou Prejuízos Prof. Thiago Ultra www.estrategiaconcursos.com.br 22 Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra Acumulados (lucro líquido do exercício) e a crédito da reserva de lucro respectiva, assim: E a reversão da reserva: Vamos, agora, ao que todos nós adoramos: esmiuçar cada um dos pontos apresentados acima, para destruirmos as questões de prova! hehe A constituição da Reserva legal está prevista no art. 193 da Lei nº 6.404/76, que diz o seguinte: Art. 193. Do lucro líquido do exercício, 5% (cinco por cento) serão aplicados, antes de qualquer outra destinação, na constituição da reserva legal, que não excederá de 20% (vinte por cento) do capital social.§ 1º A companhia poderá deixar de constituir a reserva legal no exercício em que o saldo dessa reserva, acrescido do montante das reservas de capital de que trata o § 1º do artigo 182, exceder de 30% (trinta por cento) do capital social. § 2º A reserva legal tem por fim assegurar a integridade do capital social e somente poderá ser utilizada para compensar prejuízos ou aumentar o capital. Vejam que interessante! Antes de qualquer outra destinação (seja para o pagamento de dividendos, para outras reservas, ou para o capital social) a companhia deverá separar 5% do lucro líquido do exercício e destiná-lo à reserva legal, desde que o saldo desta conta não ultrapasse 20% do capital Prof. Thiago Ultra www.estrategiaconcursos.com.br 23 Lançamento – destinação de lucros a reservas D Lucros ou Prejuízos Acumulados (lucro líquido do exercício) C a Reserva de Lucros respectivas (valor) Lançamento – reversão das reservas de lucro D Reserva de Lucros respectivas C a Lucros ou Prejuízos Acumulados (lucro líquido do exercício) (valor) 1.4.1 Reserva Legal Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra social realizado. Além disso, a entidade poderá deixar de destinar recursos à reserva legal se o somatório desta reserva com as reservas de capital exceder o montante de 30% do capital social. Portanto, existem dois limites a serem observados pela companhia: 1) a entidade, obrigatoriamente, deverá destinar 5% do lucro líquido à reserva legal, limitado a 20% do capital social; 2) facultativamente, enquanto não alcançado o limite de 20%, a entidade poderá suspender a destinação de lucros à reserva legal se o somatório dessa reserva, acrescido das demais reservas de capital, superar 30% do capital social. Observemos um exemplo prático: a Zé Louis S.A. apurou no exercício de 20X1 lucro líquido de R$ 100.000,00 (na aula sobre a demonstração do resultado do exercício aprenderemos a definição precisa de lucro líquido). O patrimônio líquido da companhia era o seguinte, antes da destinação dos lucros: Seguindo a determinação legal, o Zé destina 5% do lucro líquido auferido à reserva legal, portanto, dos R$ 100.000 de lucro, R$ 5.000 serão destinados à reserva legal. Antes, porém, é necessário que o zé verifique se os limites estabelecidos no art. 193 estão sendo observados. 1) O limite de 20% do capital social realizado, com base no saldo da reserva legal, foi ou será atingido? Não! Vejam que o capital social é de 100.000 e, no entanto, o saldo existente em reserva legal, somado aos R$ 5.000 destinados, continuará abaixo Prof. Thiago Ultra www.estrategiaconcursos.com.br 24 PL da Zé Louis S.A – 1º cenário PATRIMÔNIO LÍQUIDO Capital Social 100.000 Reserva Legal 10.000 Reserva de capital – ágio na emissão de ações 10.000 Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra do limite de 20%, portanto, até o momento, a destinação de 5% do lucro líquido é obrigatória; 2) O limite de 30% do capital social realizado, com base no somatório da reserva legal às reservas de capital, foi ou será atingido? Também não! A reserva legal somada à reserva de capital totaliza R$ 20.000,00, que somado aos 5% do lucro do exercício totalizam R$ 25.000,00, ou 25% do capital social. Como resultado, o Zé deverá destinar, integralmente, 5% do lucro líquido do exercício para a constituição da reserva legal em obediência à lei das S.A. O lançamento será o seguinte: Mas, e se o Patrimônio Líquido da Zé Louis S.A estivesse um pouco diferente, como abaixo? Considerando o mesmo resultado apurado pela Cia. do nosso mascote (lucro líquido de R$ 100.000) o Zé, a princípio, deveria destinar 5% do lucro líquido para a reserva de capital. No entanto, antes de o fazer, precisará observar os limites previstos na Lei das S.A.! Vejamos: 1) O limite de 20% do capital social realizado, com base no saldo da reserva legal, foi ou será atingido? Sim! Apesar de ainda não ter sido atingido, o limite de 20% do capital social realizado será alcançado uma vez que o zé destine os lucros auferidos. Como a destinação de 5% do lucros (R$ 5.000) irá Prof. Thiago Ultra www.estrategiaconcursos.com.br 25 Lançamento – Absorção do prejuízo – reserva de capital D Lucros ou Prejuízos Acumulados (lucro líquido do exercício) C a Reserva Legal 5.000 PL da Zé Louis S.A – 2º cenário PATRIMÔNIO LÍQUIDO Capital Social 100.000 Reserva Legal 18.000 Reserva de capital – ágio na emissão de ações 5.000 Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra superar o limite de 20% do capital, o zé deverá destinar à reserva legal apenas o montante de lucros necessário ao atingimento do teto de 20%. Como a reserva legal, neste segundo cenário, já alcança R$ 18.000 ou 18% do capital social, o Zé deverá destinar apenas o necessário para que o limite de 20% seja alcançado, ou seja, R$ 2.000. Portanto, ao invés de destinar 5% do lucro líquido à constituição de reserva, a companhia deverá destinar apenas 2% (R$ 2.000) para atingimento do limite legal. 2) O limite de 30% do capital social realizado, com base no somatório da reserva legal às reservas de capital, foi ou será atingido? Não! Neste segundo cenário, o limite de 30% do capital permanece sem ser atingido, portanto, deveremos nos ater ao ponto número um. Agora, vamos ver um terceiro cenário possível para a destinação dos lucros à reserva legal, a partir do balanço patrimonial abaixo: Mais uma vez, iremos considerar que a Zé Louis S.A apurou, neste terceiro cenário, R$ 100.000 de lucro líquido e, a princípio, deveria destinar 5% deste lucro à reserva legal. Só que, para isso, precisaremos averiguar se os limites legais foram obedecidos. 1) O limite de 20% do capital social realizado, com base no saldo da reserva legal, foi ou será atingido? Não! O limite não foi nem será alcançado (após a destinação do lucro líquido) e, portanto, a princípio, a destinação do lucro à reserva legal é obrigatória; Prof. Thiago Ultra www.estrategiaconcursos.com.br 26 PL da Zé Louis S.A – 3º cenário PATRIMÔNIO LÍQUIDO Capital Social 100.000 Reserva Legal 10.000 Reserva de capital – ágio na emissão de ações 18.000 Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra 2) O limite de 30% do capital social realizado, com base no somatório da reserva legal às reservas de capital, foi ou será atingido? Opa! Desta vez, sim! Vejam que o somatório da reserva legal com a única conta de reserva de capital existente totaliza, antes da destinação dos lucros do exercício, R$ 28.000 ou 28% do capital social. Contudo, após da destinação do montante de 5% do lucro líquido do exercício, a soma das reservas passaria a R$ 33.000, superando o limite de 30% do capital social realizado. E agora? Bom, neste caso, a lei concede à companhia a faculdade de destinar, integralmente, o montante de 5% (R$ 5.000) do lucro líquido à reserva legal (considerando que o limite de 20% não foi nem será atingido) ou de destinar apenas o suficiente até que o montante de 30% do capital, seja atingido, ainda que o limite de 20% do saldo da reserva legal não o seja! Notem que a obrigatoriedade de destinação de lucro à reserva legal, enquanto não atingido o limite de 20% do capital social realizado, não é absoluta, pois, mesmoque este limite não seja atendido, a Zé Louis S.A. poderá suspender a destinação de lucros à reserva legal, caso o somatório desta reserva com as demais reservas de capital supere 30% do capital realizado! Portanto, voltando ao 3º cenário apresentado, o Zé poderia: 1) destinar R$ 5.000 (5%) de lucros à reserva legal, aumentando seu saldo para R$ 15.000, e o somatório das reservas para R$ 33.000; ou Prof. Thiago Ultra www.estrategiaconcursos.com.br 27 Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra 2) destinar R$ 2.000 (2%) de lucros à reserva legal, aumentando seu saldo para R$ 12.000, e o somatório das reservas para R$ 30.000, atingindo o limite de 30% do capital social realizado. UFA! já volto aê, vou pegar um copo d´água! Por último, o § 2º do Art. 193 da Lei das S.A. traz as razões de existência da Reserva Legal, qual seja, preservar a integridade do capital social, somente podendo ser utilizada para absorção de prejuízos ou para aumento do capital social. Sobre a absorção de prejuízos eu já falei no ponto a respeito do Aproveitamento das Reservas de Capital, nesta mesma aula. O que também vale a pena ressaltar aqui é que existe uma ordem de preferência entre as reservas quando da absorção de prejuízos. • Em primeiro lugar, a lei determina que devem ser utilizados os lucros acumulados registrados no PL (que hoje em dia não se permite mais sua constituição). • depois, devem ser utilizadas as reservas de lucros, exceto a reserva legal e, • só então, após exauridas todas as reservas de lucros, poderão ser utilizados os recursos registrados à reserva legal para absorção dos prejuízos, tudo isso de acordo com o Art. 189 da Lei das S.A. • Como último recurso, é facultado às companhias aproveitarem os valores registrados em reservas de capital para a absorção de prejuízo, como já falamos anteriormente, protegendo o capital social. A proteção concedida pela reserva legal é no sentido de impedir que os prejuízos incorridos pela companhia reduzam o patrimônio líquido a um valor inferior ao capital social, situação bastante indesejável pelos sócios e mal vista pelos credores, que pode significar aumento das taxas de juros a serem pagas pela companhia na tomada de empréstimos. Prof. Thiago Ultra www.estrategiaconcursos.com.br 28 Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra A Lei das S.A. trata das reservas estatutárias em seu artigo 194, transcrito abaixo: Art. 194. O estatuto poderá criar reservas desde que, para cada uma: I - indique, de modo preciso e completo, a sua finalidade; II - fixe os critérios para determinar a parcela anual dos lucros líquidos que serão destinados à sua constituição; e III - estabeleça o limite máximo da reserva. Denomina-se reservas estatutárias aquelas cuja “base normativa” para sua constituição está no estatuto social das companhias. Com base no Art. 194, o legislador concedeu às companhias a faculdade de constituírem reservas de lucros para atenderem a interesses estatutários. Apesar da aparente liberdade, as companhias, quando da constituição destas reservas, deverão observar aos seguintes requisitos, indicados nos incisos I, II e III do Art. 194: 1) indicar a finalidade da reserva (a que ela se presta) de maneira precisa e completa (não pode ser vaga). 2) fixar os critérios para a destinação do lucro líquido, normalmente utilizando-se de percentuais (x% do lucro líquido). 3) estabelecer o limite máximo dos recursos a serem aportados nas reservas estatutárias. O que costuma acontecer com frequência é que algumas companhias criam no estatuto reservas estatutárias cuja finalidade já está abrangida pelas demais reservas de lucros estabelecidas na Lei das S.A. Neste caso, apesar de o estatuto estabelecer seus requisitos, a companhia deverá observar as regras da Lei. Prof. Thiago Ultra www.estrategiaconcursos.com.br 29 1.4.2 Reservas Estatutárias Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra O lançamento para a constituição da reserva estatutária seguirá o esqueleto básico, a débito da conta de lucros ou prejuízos acumulados e a crédito das contas de reservas estatutárias, que deverão ser separadas por natureza e denominadas de acordo com a sua finalidade. As reservas para contingências também estão previstas na Lei das S.A. em seu Art. 195. Como de costume, irei reproduzir o artigo para que, então, possamos discorrer sobre o assunto: Art. 195. A assembléia-geral poderá, por proposta dos órgãos da administração, destinar parte do lucro líquido à formação de reserva com a finalidade de compensar, em exercício futuro, a diminuição do lucro decorrente de perda julgada provável, cujo valor possa ser estimado. § 1º A proposta dos órgãos da administração deverá indicar a causa da perda prevista e justificar, com as razões de prudência que a recomendem, a constituição da reserva. § 2º A reserva será revertida no exercício em que deixarem de existir as razões que justificaram a sua constituição ou em que ocorrer a perda. Rapeize! As reservas para contingências, como apresentado no caput do Art. 195 acima, tem como finalidade compensar, em exercício futuro, a diminuição do lucro decorrente de perda julgada provável, cujo valor possa ser estimado. Desta forma, a reserva constituída irá reforçar o patrimônio da entidade, minimizando o impacto causado pela diminuição do lucro no futuro. Para a constituição das reservas para contingências, os órgãos da administração deverão propô-las para a assembleia dos acionistas, a quem caberá autorizar sua constituição. A proposta da administração, para Prof. Thiago Ultra www.estrategiaconcursos.com.br 30 1.4.3 Reservas para Contingências Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra que seja válida, deverá indicar, com precisão, as causas da perda prevista e as razões de prudência que justificam a constituição da reserva. O Manual de Contabilidade Societária – FIPECAFI (USP) – esclarece que, em geral, as reservas para contingências são constituídas para fazer frente a perdas cíclicas, que se repetem no tempo e que, portanto, são previsíveis. Estas perdas podem decorrer, dentre outros: 1) de fenômenos climáticos ou naturais que interrompem as atividades da empresa em determinados momentos (como alagamentos em épocas de chuvas intensas); 2) da prestação de serviços com duração limitada, passando po períodos de alta lucratividade até outros de pouca lucratividade ou até mesmo prejuízos - sazonalidade; 3) de paralisações extraordinárias de longa duração, decorrentes da substituição de equipamentos obsoletos, cuja substituição seja bastante penosa. Assim, as empresas enfrentarão a seguinte situação: nos períodos de operação ou de alta lucratividade, parte dos lucros auferidos são destinados às reservas de contingências, reduzindo os dividendos distribuídos aos sócios. Posteriormente, quando sobrevier o período de baixa produtividade, ou se este período simplesmente não se confirmar, as reservas serão revertidas e distribuídas aos sócios na forma de dividendos, uniformizando a distribuição ao longo dos exercícios. A reversão da reserva é realizada por meio de um lançamento inverso ao de sua constituição. Vejamos, abaixo, os lançamentos pela constituição e pela reversão da reserva para contingências: Prof. ThiagoUltra www.estrategiaconcursos.com.br 31 Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra Por último, preciso evidenciar um detalhe: alguns de vocês já devem ter percebido que, para a constituição da reserva de contingência, precisamos de uma perda provável, cujo valor possa ser estimado. Esta definição, como já sabem, é bastante parecida com a de constituição de provisões para contingências! No entanto, as semelhanças param por aí! Considerando que até mesmo os contabilistas estavam “batendo cabeça” com a distinção das reservas para contingências das provisões, a CVM, por Prof. Thiago Ultra www.estrategiaconcursos.com.br 32 Lançamento – destinação do lucro à reserva para contingências D Lucros ou Prejuízos Acumulados (lucro líquido do exercício) C a Reservas para Contingências (valor) Lançamento – reversão da reserva para contingências D Reservas para Contingências C a Lucros ou Prejuízos Acumulados (lucro líquido do exercício) (valor) 1.4.4 Reservas de Lucros a Realizar Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra A reserva de lucros a realizar é constituída com o fim de retirar, dos dividendos a serem distribuídos pela entidade, a parcela do lucro que ainda não se realizou financeiramente. Temos estudado ao longo do curso uma série de eventos que geram receita. No entanto, como sabemos, o Princípio da Competência dita que as Receitas (e as Despesas) devem ser reconhecidas no momento em que se concretizarem os seus fatos geradores, independentemente de recebimento (ou pagamento). Como resultado, há Receitas que são economicamente auferidas pelas entidades (com base no princípio da competência), mas que financeiramente ainda não se realizaram, pois, o ingresso efetivo dos recursos ficam para um exercício posterior. A consequência disto é que nem todo o lucro auferido pela entidade é efetivamente (financeiramente) recebido. Assim, compreendendo esta situação, a Lei das S.A. autorizou as companhias a destinar para as Reservas de Lucros a Realizar a parcela do Dividendo Mínimo Obrigatório que superar a parte realizada do Lucro Líquido do exercício. Vamos entender melhor esta última frase em negrito. A Lei das S.A. determina um valor mínimo de dividendos que devem ser distribuídos aos sócios, de acordo com o lucro apurado pelas companhias. Esta situação protege os sócios e garante que, em regra, eles sempre receberão uma parcela do lucro para si. A reserva de lucros a realizar depende do cálculo do dividendo mínimo obrigatório, pois, a Lei das S.A. determina que a entidade somente poderá constituir tal reserva se o dividendo obrigatório superar a parcela realizada do lucro líquido. O cálculo do dividendo mínimo obrigatório será visto quando aprofundarmos os estudos sobre a Demonstração do Resultado do Exercício. Vejamos um exemplo da reserva. Prof. Thiago Ultra www.estrategiaconcursos.com.br 33 Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra A consequência desta destinação dos lucros à reserva é a redução dos dividendos distribuídos aos sócios, o que evita que a entidade distribua lucros que ainda não foram realizados, impedindo uma possível falta de numerários para tanto. No entanto, apesar da apropriação de parte dos dividendos, os acionistas fazem jus a sua percepção no futuro, a partir do momento em que os lucros a realizar sejam efetivamente recebidos, desde que a reserva não seja absorvida por futuros prejuízos. Prof. Thiago Ultra www.estrategiaconcursos.com.br 34 Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra Agora que já tivemos uma noção da reserva de lucros a realizar, a leitura da norma legal ficará mais fácil. Vejamos o que diz a Lei nº 6.404/76 sobre o tema: Art. 197. No exercício em que o montante do dividendo obrigatório, calculado nos termos do estatuto ou do art. 202, ultrapassar a parcela realizada do lucro líquido do exercício, a assembléia-geral poderá, por proposta dos órgãos de administração, destinar o excesso à constituição de reserva de lucros a realizar. (Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001) § 1o Para os efeitos deste artigo, considera-se realizada a parcela do lucro líquido do exercício que exceder da soma dos seguintes valores: (Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001) I - o resultado líquido positivo da equivalência patrimonial (art. 248); e (Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001) II – o lucro, rendimento ou ganho líquidos em operações ou contabilização de ativo e passivo pelo valor de mercado, cujo prazo de realização financeira ocorra após o término do exercício social seguinte. (Redação dada pela Lei nº 11.638,de 2007) § 2o A reserva de lucros a realizar somente poderá ser utilizada para pagamento do dividendo obrigatório e, para efeito do inciso III do art. 202, serão considerados como integrantes da reserva os lucros a realizar de cada exercício que forem os primeiros a serem realizados em dinheiro. (Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001) Gente! Vejam que a Lei é bastante específica quanto aos lucros considerados não realizados. Os incisos I e II, do parágrafo 1º, do Art. 197, definem como lucro não realizado: 1) o resultado positivo da equivalência patrimonial; 2) o lucro de vendas a prazo, rendimento ou ganho líquidos em operações para recebimento no longo prazo; Prof. Thiago Ultra www.estrategiaconcursos.com.br 35 Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra 3) a contabilização de ativos e passivos avaliados a valor de mercado, que nada mais é que receitas decorrentes dos ajustes de ativo e passivo pelo valor justo, cuja realização financeira seja esperada no longo prazo. O Parágrafo 2º do artigo 197 restringe a utilização da reserva de lucros a realizar para o pagamento do dividendo mínimo obrigatório no futuro, mas eles também poderão ser absorvidos por prejuízos. Afirma, ainda, que a medida que os lucros da Reserva forem se realizando, eles serão integrados ao exercício de sua realização, para distribuição aos sócios como dividendos. O lançamento segue o esqueleto básico. Para constituição da reserva: Para reversão da reserva: A retenção de lucros é tratada no Art. 196 da Lei das S.A, que diz o seguinte: Art. 196. A assembléia-geral poderá, por proposta dos órgãos da administração, deliberar reter parcela do lucro líquido do exercício prevista em orçamento de capital por ela previamente aprovado. § 1º O orçamento, submetido pelos órgãos da administração com a justificação da retenção de lucros proposta, deverá compreender todas as fontes de recursos e aplicações de capital, fixo ou circulante, e poderá ter a duração de até 5 (cinco) Prof. Thiago Ultra www.estrategiaconcursos.com.br 36 Lançamento – destinação de lucros a reserva de lucro a realizar D Lucros ou Prejuízos Acumulados (lucro líquido do exercício) C a Reserva de Lucros a realizar (valor) Lançamento – reversão da reserva de lucro a realizar D Reserva de Lucros a realizar C a Lucros ou Prejuízos Acumulados (lucro líquido do exercício) (valor) 1.4.5 Retenção de Lucros – Reserva de lucros para investimento Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra exercícios, salvono caso de execução, por prazo maior, de projeto de investimento. § 2o O orçamento poderá ser aprovado pela assembléia-geral ordinária que deliberar sobre o balanço do exercício e revisado anualmente, quando tiver duração superior a um exercício social. (Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001) Como se depreende do artigo acima, a retenção poderá ser realizada pela companhia quando os acionistas autorizarem, em assembleia, a destinação de uma parcela dos lucros para investimentos futuros, mediante proposta dos órgãos da administração, e justificada pelo orçamento de capital. O orçamento de capital, a ser desenvolvido previamente, deverá compreender, conforme consta do § 1º, todas as fontes de recursos e aplicações de capital, fixo ou circulante, limitado a 05 exercícios, salvo nos casos de projetos de investimentos, que poderão ter duração maior. Detalhe importante: O art. 198 da Lei das S.A. prevê que a retenção de lucros não poderá ser constituída em detrimento do dividendo mínimo obrigatório! O lançamento para a constituição da retenção de lucros seguirá o esqueleto básico, a débito da conta de lucros e prejuízos acumulados e a crédito da conta de retenção de lucros. Para a reversão da reserva, a ser realizada na medida em que o orçamento de capital for sendo cumprido, o lançamento será inverso ao de constituição. Anteriormente à Lei nº 11.638/07, os incentivos fiscais recebidos pelas entidades deveriam ser lançados à Reserva de Capital – Doações e Subvenções para Investimento. No entanto, com o advento da Lei nº Prof. Thiago Ultra www.estrategiaconcursos.com.br 37 1.4.6 Reserva de Incentivos Fiscais Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra 11.638/07, os recursos recebidos como incentivos fiscais passaram a ser reconhecidos diretamente em contas de resultado, como receitas. Vejamos o que diz o artigo 195-A da Lei nº 6.404/76, que trata desta reserva: Art. 195-A. A assembléia geral poderá, por proposta dos órgãos de administração, destinar para a reserva de incentivos fiscais a parcela do lucro líquido decorrente de doações ou subvenções governamentais para investimentos, que poderá ser excluída da base de cálculo do dividendo obrigatório (inciso I do caput do art. 202 desta Lei). (Incluído pela Lei nº 11.638,de 2007) No intuito de permitir às companhias excluírem do lucro líquido (base de cálculo do dividendo mínimo obrigatório) a parcela decorrente de incentivos fiscais recebidos, foi facultado às entidades a constituição de uma Reserva de Incentivos Fiscais. E como funcionaria essa reserva? Por exemplo: digamos que a Zé Louis S.A tenha recebido incentivos fiscais no montante de R$ 50.000 para a construção de uma fábrica de sapatos (esse Zé Luis dá tiro pra tudo que é lado!) numa região em que o governo deseja criar empregos. Conforme manda a Lei das S.A., estes incentivos recebidos deverão ser reconhecidos como receita. Ao término do exercício, a Zé Louis S.A. apura um lucro líquido de R$ 60.000. Como os incentivos fiscais foram reconhecidos como receita, eles contribuíram diretamente para a composição do lucro líquido do período. Aí, se a Zé Louis S.A. desejar, ela poderá destinar R$ 50.000 deste lucro para constituição de reserva de incentivos ficais, utilizando como base de cálculo para o dividendo mínimo obrigatório o montante de R$ 10.000. Gente! Não se preocupem, veremos com tranquilidade como calcular o dividendo mínimo obrigatório na próxima aula! Além disso, todas estas Prof. Thiago Ultra www.estrategiaconcursos.com.br 38 Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra reservas, que reduzem a base de cálculo do dividendo mínimo obrigatório, serão revisitadas na ocasião. Por fim, o lançamento para a composição da Reserva de Incentivos Fiscais também segue aquele esqueleto básico apresentado em aula, a débito de Lucros Acumulados (conta de PL) e a crédito da conta de reserva. As receitas e despesas são reconhecidas com base no regime de competência. Em razão disto, é possível que, em algumas situações, a entidade tenha auferido lucro econômico (baseado no regime de competência) sem possuir, no entanto, disponibilidades financeiras de mesma monta. Reconhecendo esta situação, a Lei das S.A. previu, nos parágrafos 4º e 5º do art. 202, a possibilidade de destinar à Reserva Especial para Dividendo Obrigatório não Distribuído a parcela do dividendo obrigatório que não puder ser paga de imediato, por falta de condições financeiras. Uma vez constituída esta reserva, a entidade somente poderá revertê-la para o pagamento de dividendos aos sócios no futuro, a partir do instante em que houver disponibilidade financeira, ou para a absorção de prejuízos. Esta reserva especial difere da reserva de lucros a realizar, pois, sua constituição não está limitada a resultados não realizados de equivalência patrimonial ou de direitos a receber no longo prazo. Na reserva especial subsiste uma situação mais “concreta”, qual seja, independentemente das razões que tenham dado causa à insuficiência financeira, o fato é que a entidade não pode desembolsar os lucros Prof. Thiago Ultra www.estrategiaconcursos.com.br 39 1.4.7 Reserva especial para dividendo obrigatório não distribuído Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra econômicos auferidos e, por este motivo, constitui uma reserva especial para dividendo obrigatório a fim de distribuí-lo no futuro, quando possível. Legal! Estamos quase terminando o estudo das reservas de lucros, após tantas páginas. O pronto principal que pretendo evidenciar aqui é o seguinte: existe um limite global para a constituição das reservas de lucros! A Lei nº 6.404 em seu artigo 199 determina o seguinte: Art. 199. O saldo das reservas de lucros, exceto as para contingências, de incentivos fiscais e de lucros a realizar, não poderá ultrapassar o capital social. Atingindo esse limite, a assembleia deliberará sobre aplicação do excesso na integralização ou no aumento do capital social ou na distribuição de dividendos. (Redação dada pela Lei nº 11.638,de 2007) Vejam só, meus amigos(as). A Lei das S.A. limita o saldo das reservas de lucros (com exceção das reservas para contingências, de incentivos fiscais e de lucros a realizar) ao valor do capital social, não podendo ultrapassá-lo. Na prática, isso significa que a soma da: Reserva Legal + Reservas estatutárias + Retenção de Lucros deve ser menor ou igual (=<) ao capital social. Se esse limite for ultrapassado, a assembleia dos acionistas deverá deliberar sobre a aplicação do excesso na integralização ou no aumento do capital social, ou, ainda, na distribuição de dividendos. Prof. Thiago Ultra www.estrategiaconcursos.com.br 40 1.4.8 Limite para as reservas de lucros Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra Por outro lado, as reservas consideradas exceções, quais sejam, as reservas para contingências, de incentivos fiscais e de lucros a realizar, não têm seus saldos sujeitos a um limite legal, podendo ultrapassar o valor do capital social. Dando seguimento ao nosso estudo acerca do patrimônio líquido, chegamos à conta que registra as “ações em tesouraria”. Ações em tesouraria é conta que representa asações de emissão da própria sociedade que foram “recompradas” dos sócios e que, por esta característica, é considerada conta redutora de Patrimônio Líquido. O normal, como sabemos, é que as ações emitidas pela companhia estejam em titularidade de terceiros. No entanto, a Lei das S.A., em seu artigo 30, estabelece algumas situações específicas que tornam possível às companhias a aquisição de ações de sua própria emissão. Vejamos o que diz o referido artigo: Art. 30. A companhia não poderá negociar com as próprias ações. § 1º Nessa proibição não se compreendem: a) as operações de resgate, reembolso ou amortização previstas em lei; b) a aquisição, para permanência em tesouraria ou cancelamento, desde que até o valor do saldo de lucros ou reservas, exceto a legal, e sem diminuição do capital social, ou por doação; c) a alienação das ações adquiridas nos termos da alínea b e mantidas em tesouraria; d) a compra quando, resolvida a redução do capital mediante restituição, em dinheiro, de parte do valor das ações, o preço destas em bolsa for inferior ou igual à importância que deve ser restituída. (...) § 5º No caso da alínea d do § 1º, as ações adquiridas serão retiradas definitivamente de circulação. Prof. Thiago Ultra www.estrategiaconcursos.com.br 41 1.5 Ações em Tesouraria Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra Com base no artigo acima, há três situações que autorizam a companhia a adquirir suas próprias ações, quais sejam: Alínea a – resgate, reembolso ou amortização de ações; Alínea b – aquisição de ações, para permanência em tesouraria ou cancelamento, desde que até o valor das reservas de lucros (exceto a legal) e sem diminuição do capital social, ou recebimento das ações por doação; Alínea d – a compra com o fim específico de reduzir o capital social, dentro dos limites legais (tirando as ações de circulação, conforme parágrafo 5º). A alínea c, do parágrafo 1º, do artigo 30 da Lei nº 6.404/76, por sua vez, permite a alienação das ações adquiridas nos termos da alínea b, tão somente, e, portanto, não se trata de uma hipótese de aquisição de ações pela companhia, mas, sim, de transação. Além disso, para adquirir ações de sua emissão a companhia precisa, além de ter que observar a Lei das S.A., tem que seguir, também, as Instruções Normativas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários – CVM. Por último, o § 4º do Art. 30 da Lei das S.A. estabelece que é vedada a distribuição de dividendos às ações em tesourarias, bem como lhes é negado o direito de voto. Pessoal, nós já vimos que a conta que registra as ações em tesouraria é redutora de patrimônio líquido e, portanto, possui saldo devedor. Quando a companhia adquire ações de sua emissão no mercado, de acordo Prof. Thiago Ultra www.estrategiaconcursos.com.br 42 1.5.1 Ações em Tesouraria – Aspectos Contábeis Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra com os casos específicos exigidos por lei, o lançamento para reconhecimento desta aquisição será o seguinte: Posteriormente, a depender da situação que deu ensejo à aquisição das ações, a entidade poderá alienar os títulos em tesouraria (alínea c, § 1º, art. 30 da Lei nº 6.404/76). Desta alienação poderá resultar ganho ou perda de capital. O ganho na alienação de ações em tesouraria recebe o mesmo tratamento que o destinado ao ágio na emissão de ações, qual seja, deverá ser reconhecido à contra partida de conta de Reserva de Capital – ganhos na alienação de ações em tesouraria. Digamos que uma entidade tenha ações em tesouraria no valor de R$ 10.000 e que, posteriormente, aliene estas ações por R$ 12.000. O lançamento para registro da transação será o seguinte: As perdas na alienação de ações em tesouraria, por sua vez, devem ser registradas a débito da reserva de capital que registrou os ganhos anteriores. Caso o saldo seja insuficiente para tanto, deverão ser debitadas as outras reservas que originaram os recursos para aquisição das próprias ações. Por exemplo, se a entidade tem ações em tesouraria no valor de R$ 10.000 e às vende por R$ 8.000, o lançamento pelo reconhecimento da alienação será: Prof. Thiago Ultra www.estrategiaconcursos.com.br 43 Lançamento – aquisição de ações de própria emissão D Ações em Tesouraria C a Banco c/ Movimento (valor) Lançamento – ganho na alienação de ações em tesouraria D Bancos c/ movimento 12.000 C a Ações em Tesouraria 10.000 C a Reserva de Capital – ganho na alienação de ações em tesouraria 2.000 Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra Lucros ou Prejuízos Acumulados é a conta que recebe o Lucro ou Prejuízo apurado por meio da Apuração do Resultado do Exercício (ARE), estudado na página 31 a 34 da Aula 03. Se a entidade incorre em lucro, dizemos apenas “Lucros Acumulados”; se incorre em prejuízos, “Prejuízos Acumulados”. Anteriormente à Lei nº 11.941/09, que alterou o Art. 178 da Lei nº 6.404/76, era permitido às companhias manterem, no patrimônio líquido, Lucros Acumulados. Portanto, os lucros auferidos no exercício poderiam ser destinados ao aumento de capital, à reservas, aos acionistas (na forma de dividendos) ou, ainda mantidos no patrimônio, sem qualquer destinação específica, sob o título de “Lucros Acumulados”. Posteriormente, porém, ao advento da Lei nº 11.941/09, as entidades somente podem deixar registrados no patrimônio líquido os Prejuízos Acumulados. Vejamos o que diz o Art. 178 da Lei das S.A. sobre o assunto: Art. 178. No balanço, as contas serão classificadas segundo os elementos do patrimônio que registrem, e agrupadas de modo a facilitar o conhecimento e a análise da situação financeira da companhia. § 2º No passivo, as contas serão classificadas nos seguintes grupos: III – patrimônio líquido, dividido em capital social, reservas de capital, ajustes de avaliação patrimonial, reservas de lucros, ações em tesouraria e prejuízos acumulados. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) Prof. Thiago Ultra www.estrategiaconcursos.com.br 44 1.6 Lucros ou Prejuízos Acumulados Lançamento – perda na alienação de ações em tesouraria D Bancos c/ movimento 8.000 D Reserva de Capital – ganho na alienação de ações em tesouraria (ou outra reserva que tenha originado os recursos) 2.000 C a Ações em Tesouraria 10.000 Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra Vejam que, atualmente, todo e qualquer lucro auferido pela entidade precisa ser destinado para o capital, ou para as reservas, ou, ainda, distribuído aos sócios. Contudo, apesar de não mais ser permitido às companhias manterem no patrimônio líquido os “Lucros Acumulados”, sem destinação, esta conta não foi totalmente extinta. Ela, apenas, transformou-se em conta “transitória”. Em outras palavras, a conta Lucros Acumulados iniciará e encerrará os exercícios com saldo zero, sendo utilizada, apenas, para receber os lucros do exercício que, em seguida, tomarão um destino específico. O funcionamento desta conta será explicado, com propriedade, na próxima aula, quando estudarmos a Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA). Pra finalizar a aula, vamos ver, rapidamente, a Reserva de Reavaliação. Anteriormente à Lei nº 11.638/07, a Lei nº 6.404/76 previa a possibilidade de as companhias,
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