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DEONTOLOGIA 
E LEGISLAÇÃO
Danieli Urach Monteiro 
Princípios bioéticos
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Descrever os conceitos fundamentais da bioética.
  Reconhecer as diferentes abordagens da bioética aplicada à farmácia.
  Analisar os princípios éticos e bioéticos em pesquisas realizadas com 
seres humanos e experimentais.
Introdução
A bioética consiste no estudo interdisciplinar de questões éticas relativas 
à medicina e às ciências da vida. Algumas polêmicas que envolvem a 
bioética são o aborto, a eutanásia e, principalmente, os experimentos 
com seres humanos, inerentes ao avanço da medicina pela descoberta 
de novos tratamentos clínicos e cirúrgicos, bem como de novos métodos 
de diagnósticos. Assim, incluem-se os princípios éticos fundamentais no 
exercício da profissão farmacêutica — assim como direitos, proibições e 
responsabilidades frente à profissão, em relação aos pacientes, a outros 
profissionais e à sociedade —, descritos no Código de Ética da Profissão 
Farmacêutica.
Neste capítulo, você vai ver como a bioética aborda os conflitos éticos 
que surgem na pesquisa clínica e no cotidiano dos diferentes profissionais 
da área da saúde, envolvendo vários pontos de vista sobre dilemas morais, 
éticos, científicos e sociais. Dessa forma, vai conhecer um pouco mais a 
respeito de bioética e como aplicá-la na sua futura profissão.
Conceitos fundamentais
A conduta ética essencial para profi ssionais da saúde é chamada de ética em 
saúde. Segue padrões e valores tanto no âmbito organizacional quanto na 
sociedade, sendo essencial para o alcance da excelência profi ssional. A bioética 
atua no amplo campo de conhecimento e debate, sobre o qual encontram-se 
diversos pesquisadores, grupos e equipes de pesquisa em saúde.
Buscando uma visão de saúde em um mundo globalizado, a ética deve 
estar presente na resolução de problemas de saúde global. Segundo França 
(2017), diferentes fatores são compreendidos na ética em saúde global, são eles: 
  justiça social, considerada o aporte, a alocação e a distribuição de 
recursos humanos, técnicos ou econômicos entre os países; 
  equidade, que se refere ao acesso equitativo à saúde no mundo inteiro;
  solidariedade, que exerce papel importantíssimo na ética em saúde, 
devido principalmente à assistência e à cooperação entre países. 
A ética na prática clínica, exercida por profissionais de saúde, gera um 
comprometimento profissional e uma consciência moral frente aos pacientes. 
Isso acontece devido ao paciente revelar as suas intimidades e particularidades 
ao profissional, devendo, assim, ter bem estabelecidos princípios e condutas 
éticas, gerando confiança entre ambos. 
Devido à população ter acesso aos canais de comunicação, como nas redes sociais, 
ficaram mais acessíveis as informações médicas e terapêuticas. Muitas vezes, essa 
difusão de informações é extremamente perigosa, podendo prejudicar a saúde de 
pessoas desavisadas e ingênuas. Assim, é importantíssimo para o profissional da saúde 
estudar, atualizar-se e comunicar informações corretas aos pacientes.
Para os profissionais que atuam na pesquisa clínica, a busca constante 
pelo desenvolvimento de novas tecnologias no tratamento e no diagnóstico de 
doenças é de extrema importância, visto que os benefícios para população são 
incalculáveis. No entanto, as questões bioéticas têm provocado reflexões na 
prática médica, biotecnologia, ciência da vida, engenharia genética, embrio-
logia, ecologia e tecnociências, principalmente quando se trata de assuntos 
polêmicos, como aborto, clonagem, eutanásia, entre outros.
Segundo Pessini e Barchifontaine, no livro Problemas atuais de bioética 
(2007), a bioética surgiu em meio a laboratórios de pesquisa e de experimen-
tação, nos quais diversos pesquisadores dialogavam sobre a viabilidade ética 
Princípios bioéticos2
de determinados experimentos. Nesse livro, ainda se encontra descrito o 
movimento da bioética, estabelecido na década de 1970 nos Estados Unidos, 
na década de 1980 na Europa e, a partir da década de 1990, em países em 
desenvolvimento. No entanto, com o passar dos anos, houve um crescimento 
nas discussões sobre bioética no que tange a seus princípios, sua abrangência 
temática, suas fundamentações e seus paradigmas.
No site da Sociedade Brasileira de Bioética, encontram-se links de pesquisas científicas 
referentes à bioética, além de congressos e palestras que englobam temas alusivos 
à bioética.
https://goo.gl/UrmTZ8
Sobre as origens da bioética, a palavra bioethics surgiu com a intenção 
de encorajar a reflexão pública e profissional em questões de urgência, 
como a responsabilidade em manter a ecologia generativa do planeta e as 
implicações dos avanços rápidos da ciência da vida. França (2017) destaca 
que o conceito de bioética foi descrito primeiramente por Fritz Jahr, em 
1927, no artigo intitulado Bioética: uma análise da relação de ética para 
humanos, animais e plantas. Para ele, a bioética representava a ética aplicada 
para todos os seres vivos.
Nesse contexto, é imprescindível citar Dr. Van Rensselaer Potter (1911–
2001), oncologista norte-americano, pois foi ele que cunhou o neologismo 
bioethics em 1970, no livro pioneiro intitulado Bioethics: bridge to the future, 
publicado em 1971. No livro, o autor aborda a biologia evolutiva, uma ha-
bilidade crescente de alterar a natureza e a natureza humana, assim como as 
implicações para o futuro global. 
Outros cientistas que vivenciavam aquele momento também sentiram a 
necessidade de discussão em torno da revolução biológica, geralmente em 
relação à eugenia, à engenharia de novas formas de vida e à ética da população 
e dos profissionais envolvidos. Dessa forma, a bioética surgiu a partir de preo-
cupações dos cientistas, que se viram obrigados a refletir sobre o significado 
moral e ético das implicações maravilhosas na inovação tecnológica e as 
descobertas fantásticas da pesquisa.
3Princípios bioéticos
França (2017) ressalta que a bioética não trouxe novos princípios éticos, 
mas utilizou conceitos já conhecidos no estudo da ética em diferentes e novas 
circunstâncias que foram introduzidas com as inovações na área da saúde. 
A bioética é um ramo da ética que analisa os conflitos, as controvérsias e as 
práticas que tendem a elucidar e resolver questões éticas dentro da medicina 
e da biologia, além de elucidar aquelas relacionadas principalmente à vida 
humana em temas considerados polêmicos, como (CRISOSTOMO, 2018):
  aborto; 
  clonagem;
  eutanásia; 
  reprodução assistida;
  técnicas de biologia molecular com utilização de ácido desoxirribo-
nucleico (DNA); 
  eugenia.
Em nível hospitalar, as questões bioéticas são referidas ao Comitê de 
Ética Hospitalar, a fim de auxiliar profissionais em situações de dilemas 
éticos. Segundo Goldim e Francisconi (1995), em 1994, a American Hospital 
Association (AHA) sugeriu que cada hospital constituísse um comitê de 
ética, um modelo americano de comitê de ética hospitalar que se espalhou 
pelo mundo. De acordo com a AHA, as principais funções desse comitê 
seriam:
  revisar casos para confirmar o diagnóstico ou o prognóstico de pacientes;
  revisar as decisões tomadas pelo médico ou responsável legal quanto 
aos aspectos éticos dos tratamentos instituídos;
  tomar decisões sobre tratamentos adequados para pacientes incapazes;
  promover, para todos os membros da instituição, programas educacionais 
gerais relacionados à identificação e solução de questões éticas;
  formular políticas a serem seguidas pelos integrantes da instituição em 
alguns casos difíceis;
  servir como consultor para médicos, paciente e familiar quando da 
tomada de decisões éticas específicas.
A responsabilidade ética não fica restrita somente ao Comitê de Ética 
Hospitalar, mas sim a profissionais de saúde, direção hospitalar, área admi-
Princípios bioéticos4
nistrativa e demais áreas do ambiente hospitalar, que devemagir de acordo 
com os preceitos éticos adotados no desempenho das suas funções.
Diversas questões éticas afligem o profissional médico no ambiente hospitalar. Um 
caso de dilema ético vivenciado pela classe médica no hospital é quando um paciente 
precisa de uma transfusão sanguínea, mas o paciente é adepto da Testemunha de Jeová. 
As pessoas adeptas a essa crença fazem uma interpretação da Bíblia que proíbe aceitar 
transfusões de sangue ou doar ou armazenar o seu próprio sangue para transfusão. 
Nesse caso, o médico se baseia na Resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) 
nº. 1.021, de 26 de setembro de 1980, que se encontra no link a seguir.
https://goo.gl/wMjZNn
Na clínica, em todas as investigações biomédicas e epidemiológicas que 
envolvem seres humanos, devem ser considerados alguns princípios éticos: 
  beneficência;
  não maleficência; 
  autonomia;
  justiça. 
Esses princípios deverão ser considerados ao serem organizados os pro-
tocolos de investigação de cada estudo, que são particularmente relevantes 
para a medicina clínica, começando pela sua proposta, independentemente da 
importância por ele representada (GONZÁLEZ et al., 2011). 
A beneficência se refere ao máximo de benefício para o indivíduo/paciente. 
Está de acordo com a obrigação moral de agir em benefício do outro, em qual-
quer ocasião. As profissões que atuam na área da saúde observam os princípios 
em sua plenitude, pois, além de se tratar de profissionais que trabalham com 
um contato mais direto com o paciente, suas atitudes podem aliviar dores, 
sofrimentos e curar doentes, independentemente do ser humano e do contexto 
em que está inserido. O paciente deve ser priorizado, com decisões e atitudes 
que o beneficiem e causem o mínimo de riscos para o paciente.
5Princípios bioéticos
São exemplos de beneficência: 
  defender e resguardar o direito de outras pessoas;
  prevenir o dano que possa ser causado a outro indivíduo;
  agir em benefício do outro;
  ajudar pessoas que necessitam de auxílio.
A não maleficência é um princípio que protege o indivíduo durante 
qualquer procedimento, objetivando não prejudicar o paciente, nem o sub-
meter a riscos desnecessários. Deve-se passar segurança para o paciente, 
procurando fazer procedimentos que causem menor risco e sofrimento. 
Enquanto o princípio de beneficência requer ação, o princípio de não 
maleficência envolve abstenção. 
A autonomia do paciente refere-se ao respeito à livre decisão que o 
paciente deve possuir. Está relacionada a ideias de dignidade, liberdade 
e responsabilidade de cada indivíduo. Considera o paciente na relação 
terapêutica, tornando-o participante ativo e esclarecido das decisões, não 
apenas agente passivo e desinformado. Configura o direito à autodetermi-
nação e o respeito à opinião do paciente em relação a diversos assuntos, 
no entanto, a orientação é essencial para obter as informações necessárias 
para tirar suas próprias conclusões sobre o assunto em questão. 
A justiça consente que todos os fatos parecidos sejam tratados de forma 
equivalente. O princípio de justiça, também chamado de equidade, trata 
da obrigação de igualdade de tratamento, relacionada à equipe de saúde, 
e de justas políticas de saúde, com relação ao Estado. Independentemente 
de situação financeira, religião ou raça, todo indivíduo tem direito à saúde 
e deve saber seus direitos para ser tratado dignamente e sem nenhum 
preconceito.
Segundo França (2017), as indicações médicas tratam de problemas 
relacionados com a saúde dos pacientes, sejam eles psicológicos ou fi-
siológicos, direcionando, assim, os métodos diagnósticos e terapêuticos 
apropriados. Dessa forma, há aplicação dos princípios de beneficência e 
não maleficência, em que o profissional tem o compromisso de beneficiar 
o paciente em vez de prejudicá-lo. Assim, os profissionais médicos devem 
fazer algumas perguntas com o intuito de seguir os princípios da benefi-
cência e não maleficência (FRANÇA, 2017):
Princípios bioéticos6
  qual o problema que o paciente apresenta?
  quais são as metas de tratamento?
  em que situação os tratamentos disponíveis não são indicados?
  qual a chance de sucesso dos tratamentos?
  como o paciente pode se beneficiar do atendimento sem sofrer danos?
A prática clínica deve respeitar as prioridades do paciente e o julgamento 
do profissional frente ao problema de saúde. Assim, é um direito do paciente 
aceitar ou rejeitar a recomendação do profissional da saúde. Alguns bioeti-
cistas acrescentam empatia, compaixão, fidelidade, integridade, entre outras 
virtudes. A literatura bioética discute extensamente esses princípios e virtudes.
Para saber mais sobre os quatro princípios básicos da bioética, leia o artigo Bioética, 
dor e sofrimento, de José Paulo Drummond (2011).
https://goo.gl/wpZJXF
Os princípios de bioética descritos são uma forma prática e útil de exami-
nar questões relacionadas com a ética em saúde. No entanto, determinadas 
concepções não poderão ser impostas ao paciente, mesmo com a ideia de 
igualdade, descrita pelo princípio de justiça. 
Os princípios da bioética, portanto, buscam orientar e definir os valores 
envolvidos nas relações entre os profissionais da saúde, todavia, não têm 
caráter absoluto e não têm sobreposição de um para o outro. Foram descritos 
com o intuito de orientar a tomada de decisão diante de problemas éticos em 
saúde, proporcionando, de forma igualitária, o atendimento às diferenças.
Bioética aplicada à farmácia
A ética clínica é entendida como uma subespecialidade da bioética referente 
à tomada de decisões com o paciente. É central para a aplicação da prática da 
ética clínica a capacidade de identifi car e avaliar uma questão ética e de chegar 
a uma conclusão e recomendação razoável para a ação (JONSEN; SIEGLER; 
7Princípios bioéticos
WINSLADE, 2010). Os princípios da bioética norteiam a tomada de decisões 
na prática clínica, por meio do respeito pela autonomia, evitando causar dano 
no princípio de não malefi cência e na promoção e distribuição dos benefícios 
no princípio da benefi cência e justiça, respectivamente.
Segundo González (2011), a profissão farmacêutica é, na área da saúde, uma 
das profissões que utilizam reflexões éticas clínicas no seu desenvolvimento. 
Com o foco em promoção à saúde das pessoas, o farmacêutico se depara com 
dilemas éticos no seu cotidiano como: 
  promoção do uso racional de medicamentos;
  respeito pela confidencialidade e autonomia do paciente em relação à 
sua farmacoterapia;
  dispensação de medicamentos; 
  esclarecimentos de efeitos adversos;
  conflitos interprofissionais decorrentes do desenvolvimento de cuidados 
farmacêuticos.
Essas são algumas das ações desenvolvidas pelo profissional farmacêutico, 
que, sem dúvida nenhuma, requerem bases sólidas em bioética.
Os princípios éticos fundamentais do farmacêutico estão descritos no 
Código de Ética da Profissão Farmacêutica, no qual encontram-se direitos, 
proibições e responsabilidades frente à profissão, em relação a pacientes, 
outros profissionais e sociedade. Alguns princípios na prática da profissão 
farmacêutica são (CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA, 2014):
  ter responsabilidade social no bem-estar do indivíduo;
  promover o direito do indivíduo ao tratamento farmacológico seguro 
e eficaz;
  apresentar dedicação igualitária para todos os indivíduos;
  ter respeito pela vida e pela dignidade humana;
  respeitar o direito individual à liberdade de escolha de tratamento;
  respeitar e proteger o direito do indivíduo à confidencialidade;
  não divulgar informações que causem constrangimento ao indivíduo, 
sem o respectivo consentimento ou justa causa;
  cooperar com colegas e outros profissionais e respeitar os seus valores 
e suas habilidades;
  agir com honestidade e integridade nas relações profissionais;
Princípios bioéticos8
  evitar práticas, comportamentos ou condições de trabalho que possam 
prejudicar o julgamento profissional.
Alguns dilemas éticos surgemna profissão farmacêutica, visto que os 
farmacêuticos influenciam a tomada de decisão dos pacientes no uso de 
medicamentos e de outros profissionais de saúde, buscando informar a melhor 
farmacoterapia para o biótipo do paciente. Dessa forma, é importante manter 
uma educação continuada, buscando crescimento profissional e conhecimentos 
apropriados para o exercício da profissão, assim, os erros são minimizados, 
evitando qualquer dúvida na conduta ética do profissional. 
Tratando-se de bioética e indústria farmacêutica, assista ao filme O jardineiro fiel. A 
resenha do filme você encontra no link a seguir.
https://goo.gl/kQiZLr 
Nas suas diversas atuações, o profissional farmacêutico depara-se com 
diferentes abordagens éticas, sendo essencial observar os princípios de bioética 
no seu cotidiano profissional.
O profissional farmacêutico está plenamente inserido na pesquisa clínica, 
buscando o desenvolvimento de novos e mais eficientes medicamentos e 
tratamentos para diversas doenças. Nessa questão, a bioética está totalmente 
envolvida, visto que as pesquisas com animais e humanos são essenciais para o 
avanço de novas substâncias. Dessa forma, o profissional deve considerar ética, 
integridade, responsabilidade e honestidade, buscando encontrar caminhos 
que não coloquem em risco a saúde de pessoas e animais. 
Para o farmacêutico presente e atuante em farmácias comerciais, os dile-
mas éticos são diários, uma vez que ele tem papel fundamental na promoção 
do uso racional de medicamentos. Assim, sua dispensação sem orientação 
médica traz responsabilidade quanto à integridade física do paciente. Desse 
modo, a ética profissional deve ser uma constante no dia a dia do profissional 
farmacêutico, visando à saúde e ao bem-estar dos usuários de medicamentos. 
9Princípios bioéticos
Um paciente consulta o farmacêutico sobre o uso de um medicamento para um 
sintoma específico e manifesta o interesse em levar a indicação medicamentosa que 
o farmacêutico sugerir. O farmacêutico, porém, só poderá sugerir medicamentos 
que não necessitarem de receita médica. O profissional pode ter uma das seguintes 
decisões éticas:
  o farmacêutico selecionará o medicamento apropriado para o quadro informado 
pelo paciente e proverá todas as informações necessárias para o uso correto, bem 
como a indicação para visitar médico caso os sintomas não desaparecerem;
  o paciente será encaminhado ao médico se fizer parte do importante grupo de 
risco à saúde (idoso, gestante, lactante) ou estiver com algum agravante que possa 
prejudicar a sua saúde. 
Um ponto importante a ser ressaltado é a questão ética para o profissional 
farmacêutico quando ele atua no segmento farmacoterapêutico, no qual, 
de posse de informações relevantes do paciente (dados pessoais, doenças, 
tratamento utilizado, entre outros dados), o profissional deve respeitar a con-
fidencialidade do paciente. O farmacêutico, nesse caso, deve ter respeito e 
responsabilidade frente a informações pessoais, buscando sempre respeitar os 
princípios éticos em saúde, como a beneficência e a autonomia do paciente.
Os conflitos éticos entre profissionais da área de saúde podem ocorrer, 
visto que a interdisciplinaridade não é bem vista por alguns profissionais. 
No entanto, as ações com intuito de unir profissionais de diferentes áreas da 
saúde é de extrema importância, visando discutir princípios éticos essenciais 
no âmbito profissional.
A atividade farmacêutica tem importantes implicações éticas, podendo 
encontrar condições que entrem em conflito com as obrigações da profissão. As 
diferentes situações encontradas pelo farmacêutico devem gerar uma reflexão 
ético-profissional aplicada de acordo com as obrigações profissionais que a 
sociedade e a profissão exigem, com o objetivo de alcançar valores éticos e 
profissionais para o cumprimento das normas legais.
Princípios bioéticos10
Princípios éticos e bioéticos em pesquisas 
realizadas com seres humanos e experimentais
A partir do século XVI, Galileu já defendia ideias críticas e sistemáticas 
em relação a fenômenos da natureza, assim, foram estabelecidos métodos 
científi cos e, desde então, diversas pessoas vêm aprimorando a pesquisa 
científi ca. Dessa forma, foi necessário criar maneiras de formalizar e legalizar 
os procedimentos empregados e as possíveis atitudes para se tornar viável e 
segura a utilização de seres humanos na pesquisa clínica (FRANÇA, 2017). 
A pesquisa clínica deve ser baseada em preceitos éticos com objetivos claros, justos 
e responsáveis, de forma a garantir a justiça, a equidade e a dignidade das diversas 
relações, atividades e pesquisas na área da saúde. Os projetos de pesquisa na área 
da saúde devem possuir uma avaliação ética detalhada, e seus preceitos devem ser 
fundamentados na experiência e qualificação dos pesquisadores, sempre verificando 
os riscos/benefícios referentes ao indivíduo ou à comunidade. Além disso, as pesquisas 
em saúde estão relacionadas a diferentes contextos, que vão desde a busca por 
tratamentos mais eficazes para diversas doenças até a descoberta de novas tecnologias 
para o melhoramento da qualidade de vida das pessoas. 
A pesquisa abrange toda atividade com objetivo científico de demonstrar, 
construir, gerar ou desenvolver um conhecimento, podendo este ser variável, 
dependendo da área do conhecimento abrangida, em geral, relacionada com 
a promoção, proteção e manutenção da saúde. 
Diferentes questões influenciam o contexto da pesquisa em saúde para os 
diferentes profissionais envolvidos, como os aspectos econômicos, sociais, 
religiosos, familiares, legais e institucionais, podendo gerar, assim, conflitos 
de interesse, influenciando o objetivo da pesquisa e restringindo a tomada de 
decisão clínica ou até mesmo a divulgação de resultados.
11Princípios bioéticos
Para saber mais sobre a pesquisa em saúde, acesse o link a seguir.
https://goo.gl/PPakrd
O avanço tecnológico da medicina proporciona a introdução de novos 
tratamentos clínicos e cirúrgicos, bem como novos métodos diagnósticos que 
envolvem geralmente seres humanos. Dessa forma, é necessária a avaliação 
completa de projetos de pesquisa em sua produção e execução, visando à 
integridade e dignidade aos participantes.
A experimentação com seres humanos é, sem dúvida, uma das causas 
mais importantes das discussões em bioética, pois gera um dilema entre o 
respeito à dignidade humana e a necessidade de experimentação, importante 
no desenvolvimento científico, gerando benefícios para a humanidade. 
 Nesse sentido, os Comitês de Ética em Pesquisa (CEPs) têm a função 
de avaliar os projetos de forma a enquadrá-los dentro dos padrões éticos da 
pesquisa envolvendo seres humanos, nas diversas áreas do conhecimento, bem 
como promover discussões sobre bioética. Os CEPs devem analisar os aspectos 
metodológicos da relevância e execução do trabalho de pesquisa, de forma a 
garantir o bem-estar dos indivíduos envolvidos, a equidade e a justiça social.
Para saber mais sobre os CEPs, acesse o site do Ministério da Saúde/Sistema Nacional 
de Informação sobre Ética em Pesquisa no link a seguir.
https://goo.gl/dU28 
O Código de Nuremberg foi o primeiro documento específico abrangendo 
ética com seres humanos e surgiu devido às pesquisas médicas abusivas 
envolvendo seres humanos, praticadas nos campos de concentração durante a 
Segunda Guerra. O Tribunal de Nuremberg julgava médicos que praticassem 
experimentos negligentes. Como não havia disposições éticas para o devido 
Princípios bioéticos12
julgamento, foi elaborado um documento contendo 10 itens, que passaram a 
ser conhecidos como Código de Nuremberg. Mesmo com o código em vigor, 
algumas experimentações abusivas continuaram (FRANÇA, 2017).
Este é um exemplo de item exposto no Código de Nuremberg: “O consentimento 
voluntário do ser humano é absolutamente essencial para a inclusão na pesquisa”.
A Declaração de Helsinque, elaborada pela World Medical Association 
(1964), trata de um conjunto de princípioséticos que orientam as pesquisas 
com seres humanos. Sua última edição foi aprovada na 48ª Assembleia Geral 
na República da África do Sul em 1996 (SARDENBERG, 1999). No Brasil, 
a Resolução nº. 196/1996 agrupou vários conceitos de bioética, incluindo o 
termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) dos participantes para 
pesquisas científicas.
A Resolução nº. 196/1996 estabelece que todo projeto de pesquisa envol-
vendo seres humanos deve ser aprovado antes do início da sua execução pelo 
Comitê de Ética em Pesquisa, principalmente os que possam conter riscos, 
considerando os danos às seguintes dimensões do ser humano (em qualquer 
fase da pesquisa e em diferentes áreas do conhecimento):
  física; 
  psíquica; 
  moral; 
  intelectual; 
  social, 
  cultural;
  espiritual.
O rigoroso delineamento da pesquisa deve ser obedecido em qualquer 
tipo de experimento. O uso de seres humanos em pesquisas científicas traz 
inegáveis benefícios para a sociedade. Todavia, há sempre o conflito entre o 
indivíduo submetido à experimentação e a ciência.
A participação efetiva de todos os integrantes da pesquisa — entre eles, 
pesquisadores, agência financiadora, editores e leitores de artigos científicos 
13Princípios bioéticos
— é essencial para o desenvolvimento de uma pesquisa científica consistente 
e concreta. As revistas científicas podem e devem contribuir nessa tarefa, 
instituindo recomendações éticas amplas e detalhadas a serem adotadas pelos 
pesquisadores que pretendam publicar os resultados de seus estudos.
Para saber mais sobre a ética em pesquisa com seres humanos, leia o artigo intitulado 
A ética da pesquisa em seres humanos e a publicação de artigos científicos (SARDENBERG, 
1999):
https://goo.gl/jHMDtL 
1. A ética clínica envolve diferentes 
profissionais da área da saúde. 
Dessa forma, os problemas morais 
na prática clínica devem ter uma 
atenção especial. Sobre a bioética, 
assinale a alternativa correta.
a) A bioética é a área que cuida 
de questões éticas relacionadas 
com a vida humana e analisa 
conflitos, controvérsias, pesquisas 
e práticas que tendem a elucidar 
e resolver questões éticas dentro 
da medicina e da biologia.
b) A bioética trouxe novos princípios 
éticos, que utilizam conceitos 
desconhecidos no estudo da ética. 
Geralmente está associada com 
a medicina e a farmácia, em que 
a pesquisa clínica é mais efetiva.
c) A bioética está totalmente 
relacionada com a ética 
na pesquisa sobre aborto, 
eutanásia e células-tronco, 
visando punir cientistas que 
estejam realizando pesquisa 
sem a devida autorização. 
d) A bioética está relacionada com 
a preocupação dos médicos, 
que foram obrigados a realizar 
pesquisa com uso de animais.
e) A bioética está relacionada 
com a responsabilidade que 
os profissionais da saúde têm e 
aumento dos avanços rápidos 
da ciência da vida, buscando 
desenvolver pesquisa somente 
com seres humanos.
2. Na medicina clínica, alguns 
princípios bioéticos são 
particularmente relevantes e 
devem ser considerados, nas ações 
desenvolvidas pelos profissionais 
da saúde. Assinale a alternativa que 
descreve os princípios bioéticos.
Princípios bioéticos14
a) Responsabilidade, humildade, 
perseverança e justiça.
b) Justiça, autonomia, 
perseverança e beneficência.
c) Beneficência, não maleficência, 
perseverança e justiça.
d) Não maleficência, justiça, 
autonomia e beneficência.
e) Autonomia, perseverança, 
beneficência e humildade.
3. A experimentação com seres 
humanos é, sem dúvida, uma 
das causas mais importantes das 
discussões em bioética, pois gera 
um dilema entre o respeito à 
dignidade humana e necessidade 
de experimentação, importante no 
desenvolvimento científico, gerando 
benefícios para a humanidade. O 
que foi o Código de Nuremberg?
a) O Código de Nuremberg 
foi o primeiro documento 
específico abrangendo ética 
com seres humanos e teve 
seu surgimento devido a 
práticas médicas abusivas 
envolvendo seres humanos.
b) O Código de Nuremberg foi o 
primeiro documento específico 
abrangendo ética com animais 
de experimentação e teve 
seu surgimento devido às 
pesquisas médicas abusivas 
envolvendo animais.
c) O Código de Nuremberg 
foi o primeiro documento 
específico abrangendo ética 
com animais e humanos e 
teve seu surgimento devido 
às pesquisas médicas abusivas 
envolvendo humanos e animais.
d) O Código de Nuremberg foi o 
primeiro documento específico 
abrangendo ética com macacos 
e teve seu surgimento devido 
às pesquisas médicas abusivas 
envolvendo esses animais.
e) O Código de Nuremberg 
foi o primeiro documento 
específico abrangendo ética 
com animais de grande porte 
e teve seu surgimento devido 
às pesquisas médicas abusivas 
envolvendo esses animais.
4. A Resolução nº. 196/1996 
formalizou a instituição de comitês 
de ética. Assinale a alternativa 
que descreve os CEPs.
a) Os CEPs têm a função de aprovar 
ou não a pesquisa envolvendo 
seres humanos, além de analisar 
os aspectos metodológicos 
da relevância e execução 
do trabalho de pesquisa.
b) Os CEPs têm a função de aprovar 
ou não a pesquisa envolvendo 
animais, além de descrever 
os aspectos metodológicos 
de relevância e execução 
do trabalho de pesquisa.
c) Os CEPs têm a função de 
supervisionar a pesquisa 
clínica, sua execução, 
finalização e acompanhar 
presencialmente todos os 
procedimentos adotados 
na pesquisa em questão.
d) Os CEPs têm a função de fornecer 
informações importantes sobre a 
pesquisa clínica, além de fornecer 
material com os procedimentos 
corretos para a realização da 
pesquisa com seres humanos.
e) Os CEPs têm a função de nomear 
indivíduos para realização da 
pesquisa clínica com seres 
humanos, visando ao sucesso 
clínico do experimento.
15Princípios bioéticos
CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA. Resolução nº. 596, de 21 de fevereiro de 2014. 
Dispõe sobre o Código de Ética Farmacêutica, o Código de Processo Ético e estabelece 
as infrações e as regras de aplicação das sanções disciplinares. Diário Oficial da União, 
25 mar. 2014. Disponível em: <http://www.cff.org.br/userfiles/file/C%C3%B3digo%20
de%20Etica%2003fev2014.pdf>. Acesso em: 13 nov. 2018.
CRISOSTOMO, A. L. et al. Ética. Porto Alegre: SAGAH, 2018. 
FRANÇA, F. S. (Org.). Bioética e biossegurança aplicada. Porto Alegre: SAGAH, 2017. 
GOLDIM, J. R.; FRANCISCONI, C. F. Os comitês de ética hospitalares. Bioética, 1995. Dis-
ponível em: <https://www.ufrgs.br/bioetica/comitatm.htm>. Acesso em: 16 nov. 2018.
GONZÁLEZ, J. A. M. et al. Principios de ética, bioética y conociemento del hombre. México: 
Universidad Autónoma del Estado de Hidalgo, 2011. Disponível em: <https://www.
5. O uso de seres humanos em 
pesquisas científicas traz 
inegáveis benefícios para a 
sociedade. Com relação à 
pesquisa com seres humanos, 
assinale a alternativa correta.
a) A experimentação com seres 
humanos é, sem dúvida, uma 
das causas mais importantes 
das discussões em bioética, no 
entanto, qualquer pesquisador, 
sem autorização prévia, 
pode desenvolver pesquisas 
envolvendo seres humanos.
b) A experimentação com seres 
humanos é, sem dúvida, uma 
das causas mais importantes 
das discussões em bioética, 
no entanto, o desrespeito 
com a raça humana é visto em 
todas as pesquisas científicas, 
todavia, é essencial para o 
desenvolvimento científico.
c) A experimentação com 
seres humanos é, sem 
dúvida, uma das causas mais 
importantes das discussões 
em bioética, gerando um 
dilema entre a honestidade e 
a responsabilidade humana, 
visto que os benefícios são 
apenas para os pesquisadores.
d) A experimentação com seres 
humanos é, sem dúvida, uma 
das causas mais importantes 
das discussões em bioética, 
gerando um dilema entre os 
pesquisadores e as revistas 
científicas, visto que há 
necessidade de publicação.
e) A experimentação com seres 
humanos é, sem dúvida, uma 
das causas mais importantes 
das discussões em bioética, 
gerando um dilema entre o 
respeito e a dignidade humana, 
visto que a necessidade 
de experimentação 
é essencialpara o 
desenvolvimento científico.
Princípios bioéticos16
uaeh.edu.mx/investigacion/productos/4821/libro_principios_de_etica.pdf>. Acesso 
em: 16 nov. 2018.
JONSEN, A. R.; SIEGLER, M.; WINSLADE, W. J. Ética clínica: abordagem prática para de-
cisões éticas na medicina clínica. 7. ed. Porto Alegre: AMGH, 2012. 
PESSINI, L. A nova edição (4ª.) da Enciclopédia de Bioética. Revista BioEthikos, v. 8, n. 4, p. 
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PESSINI, L.; BARCHIFONTAINE, C. P. Problemas atuais de bioética. São Paulo: Loyola, 2007. 
SARDENBERG, T. A ética da pesquisa em seres humanos e a publicação de artigos 
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br/pdf/jpneu/v25n2/v25n2a1.pdf>. Acesso em: 16 nov. 2018.
Leitura recomendada
PALODETO, M. F. T.; FISCHER, M. L. A representação da medicamentação sob a pers-
pectiva da Bioética. Saúde Soc. São Paulo, v .27, n. 1, p. 252-267, 2018. Disponível em: 
<http://www.scielo.br/pdf/sausoc/v27n1/1984-0470-sausoc-27-01-252.pdf>. Acesso 
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17Princípios bioéticos
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