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Bioética e Responsabilidade Civil - Unifatecie (2)

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Prévia do material em texto

Bioética e 
Responsabilidade Civil
Profª. Drª. Viviane Krominski
Reitor 
Prof. Ms. Gilmar de Oliveira
Diretor de Ensino
Prof. Ms. Daniel de Lima
Diretor Financeiro
Prof. Eduardo Luiz
Campano Santini
Diretor Administrativo
Prof. Ms. Renato Valença Correia
Secretário Acadêmico
Tiago Pereira da Silva
Coord. de Ensino, Pesquisa e
Extensão - CONPEX
Prof. Dr. Hudson Sérgio de Souza
Coordenação Adjunta de Ensino
Profa. Dra. Nelma Sgarbosa Roman 
de Araújo
Coordenação Adjunta de Pesquisa
Prof. Dr. Flávio Ricardo Guilherme
Coordenação Adjunta de Extensão
Prof. Esp. Heider Jeferson Gonçalves
Coordenador NEAD - Núcleo de 
Educação à Distância
Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal
Web Designer
Thiago Azenha
Revisão Textual
Kauê Berto
Projeto Gráfico, Design e
Diagramação
Carlos Eduardo Firmino de Oliveira
2021 by Editora Edufatecie
Copyright do Texto C 2021 Os autores
Copyright C Edição 2021 Editora Edufatecie
O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correçao e confiabilidade são de responsabilidade 
exclusiva dos autores e não representam necessariamente a posição oficial da Editora Edufatecie. Permi-
tidoo download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem 
a possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais. 
 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP 
 
K93b Krominski, Viviane 
 Bioética e responsabilidade civil / Viviane Krominski. 
 Paranavaí: EduFatecie, 2022. 
 84 p. : il. Color. 
 
 
 
1. Bioética. 2. Saúde pública. 3. Responsabilidade (Direito). 
 I. Centro Universitário UniFatecie. II. Núcleo de Educação a 
 Distância. III. Título. 
 
 CDD : 23 ed. 174.2 
 Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577 
 
 
UNIFATECIE Unidade 1 
Rua Getúlio Vargas, 333
Centro, Paranavaí, PR
(44) 3045-9898
UNIFATECIE Unidade 2 
Rua Cândido Bertier 
Fortes, 2178, Centro, 
Paranavaí, PR
(44) 3045-9898
UNIFATECIE Unidade 3 
Rodovia BR - 376, KM 
102, nº 1000 - Chácara 
Jaraguá , Paranavaí, PR
(44) 3045-9898
www.unifatecie.edu.br/site
As imagens utilizadas neste
livro foram obtidas a partir 
do site Shutterstock.
AUTOR
Profa. Dra. Viviane Krominski Graça de Souza
● Pós-doutorado em Sustentabilidade pela Universidade Estadual de Maringá 
(UEM) – Em andamento;
● Doutora em Microbiologia pela Universidade Estadual de Londrina (UEL);
● Mestre em Microbiologia pela Universidade Estadual de Londrina;
● Especialista em Biologia Aplicada à Saúde pela Universidade Estadual de Londrina; 
● Graduada em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual de Ponta Grossa 
(UEPG);
● Foi docente do departamento de Microbiologia da UEL;
● Foi docente/pesquisadora de 2010 até 2020 do Centro Universitário São Lucas 
em Porto Velho-RO.
Foi professora do departamento de microbiologia da UEL por 5 anos, ministrando 
a disciplina de Microbiologia para vários cursos: Enfermagem, Zootecnia, Biomedicina, 
Fisioterapia, Odontologia, Agronomia e Biologia. Foi também docente/pesquisadora de 
2010 até 2020 do Centro Universitário São Lucas em Porto Velho-RO, onde ministrou 
as disciplinas de Microbiologia e Imunologia para os cursos de Medicina, Enfermagem, 
Nutrição, Biologia, Biomedicina e Odontologia. Foi Editora-chefe da Revista Eletrônica 
Saber Científico do Centro Universitário São Lucas no período de 2015 a 2020. Atualmente 
realiza pós-doutorado em Sustentabilidade pela Universidade Estadual de Maringá (UEM) 
e é docente na Faculdade de Tecnologia e Ciências do Norte do Paraná (UNIFATECIE).
CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/7780313263901907
APRESENTAÇÃO DO MATERIAL
Seja muito bem-vindo (a)!
Prezado estudante, a partir de agora, estaremos juntos para percorrer os assuntos 
desta disciplina; uma caminhada interessante e enriquecedora sobre o estudo da bioética! 
Proponho, junto com você, construir nosso conhecimento sobre os fundamentos da bioética, 
seus princípios e reflexões!
Na Unidade I, daremos início aos nossos objetivos, falando sobre o significado 
de bioética, sua importância e correlação com noções fundamentais de valor, moral e 
ética. Vamos ainda, acompanhar e refletir a evolução da bioética ao longo dos tempos 
e sua importância para a solução de conflitos contemporâneos, analisando o modelo 
principialista e seus fundamentos para as práticas na área das ciências da vida e da saúde. 
Na verdade, veremos a real aplicabilidade dos conceitos e fundamentos da bioética na 
resolução de conflitos e tomada de decisão.
Já na Unidade II, você saberá mais sobre saúde pública e bioética, refletindo sobre 
seus impactos e perspectivas. Vamos compreender a importância dos códigos de conduta 
e sua interrelação com a bioética e os conceitos de ética, moral e deontologia. Trataremos 
também da necessidade e importância das leis que reforçam os direitos do paciente e discutir 
sobre sua autonomia na tomada de decisão no que diz respeito ao seu corpo e sua vida. 
Vamos ainda, falar sobre a relação profissional-paciente e você verá a importância 
da bioética como norteadora dessas relações, uma vez que esse convício deve ser pautado 
em princípios e normas éticas.
Na sequência, na Unidade III, falaremos sobre a relação da bioética com pesquisa 
científica, analisando a importância dos princípios bioéticos para orientar as ações e 
experimentos nessa área, como conduta ética e moral, diante dos avanços tecnológicos 
atuais. Será que existe um limite para a ciência? Qual a importância dos comitês de ética 
em pesquisa? A bioética vai responder!
Por fim, na Unidade IV, fecharemos a disciplina com uma discussão sobre os 
avanços tecnológicos e o olhar da bioética voltado para o ser humano em todas as 
suas características e dimensões. Como a bioética pode atuar e impor seus conceitos 
e princípios, quando falamos em cuidados paliativos e dignidade humana? Quais os 
desafios da bioética na atualidade e suas novas abrangências? Pois é, discutiremos tudo 
isso aqui, e você terá as respostas!
Quero aqui revelar minha satisfação em ter você neste longo, mas enriquecedor e 
prazeroso aprendizado. É uma verdadeira jornada de conhecimento, que juntos, faremos 
do início ao fim desta trajetória.
Muito obrigada e um excelente estudo!
SUMÁRIO
UNIDADE I ...................................................................................................... 4
Noções e Fundamentos de Bioética
UNIDADE II ................................................................................................... 25
Saúde Pública e Bioética
UNIDADE III .................................................................................................. 42
Bioética e Pesquisa
UNIDADE IV .................................................................................................. 59
Bioética e os Dilemas Contemporâneos
4
Plano de Estudo:
● Introdução e noções fundamentais: valor, moral e ética;
● Histórico e reflexões;
● Estudo do modelo principialista;
● Panorama da bioética no cenário globalizado.
.
Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar noções fundamentais de valor, moral e ética
correlacionando com a bioética e sua importância;
● Refletir sobre a evolução da bioética ao longo dos tempos e sua 
importância para a solução de conflitos contemporâneos;
● Analisar o modelo principialista da bioética e seus princípios 
para as práticas na área das ciências da vida e da saúde;
● Aplicar os conceitos e reflexões da bioética no cenário globalizado. 
UNIDADE I
Noções e Fundamentos 
de Bioética
Profª. Drª. Viviane Krominski
5UNIDADE I Noções e Fundamentos de Bioética
INTRODUÇÃO
Olá! Você já encontrou dificuldade para decidir o que fazer em uma determinada 
situação? Ficou na dúvida de como se posicionar? Qual conduta adotar? Pois é, acredito 
que suaresposta foi sim e de forma geral, a maioria das pessoas já vivenciou uma questão 
como essa! É nesse contexto que a Bioética adquire espaço e suas fundamentações e 
reflexões se tornam fundamentais. 
Mas o que é bioética e como ela se aplica no mundo globalizado e nos conflitos do 
dia-a-dia? É sobre exatamente isso que abordaremos nesta unidade. Vamos nos familiarizar 
com conceitos e princípios da Bioética e como ela vem para fundamentar e solucionar 
conflitos que envolvam questões como valores, ética e moral. A Bioética tem o objetivo de 
amenizar os enfrentamentos de conflitos que surgirão na vida profissional e na sociedade 
de uma forma geral. Para isso, vamos mergulhar em um universo de conceitos, definições 
e princípios que serão fundamentais para o embasamento científico e a possibilidade de 
reflexões e argumentações sobre esse tema tão relevante no mundo atual!
SEJA BEM VINDO (A) E BOM ESTUDO! 
6UNIDADE I Noções e Fundamentos de Bioética
1. INTRODUÇÃO E NOÇÕES FUNDAMENTAIS: VALOR, MORAL E ÉTICA
“Será que minha conduta profissional está fundamentada em princípios éticos?” ou 
ainda: “Estou agindo da maneira mais adequada?”. Você já passou por uma situação parecida 
de ter que fazer essas perguntas diante de um acontecimento? Eu já. Como responder à 
estas questões ou melhor, como agir diante de situações que envolvem valores, ética, moral e 
conduta? Nesse contexto, a Bioética tem como objetivo facilitar o enfrentamento de questões 
éticas/bioéticas que surgirão na vida profissional. Sem esses conceitos básicos, dificilmente 
alguém consegue enfrentar um dilema, um conflito, e se posicionar diante dele de maneira 
ética. Assim, esses conceitos devem ser muito claros e fundamentados, pois a ideia não 
é impor regras de comportamento, pois as leis existem justamente para isso; a ideia é ter 
subsídios para que as pessoas possam pensar e saber se comportar nas diferentes relações 
e situações da vida profissional em que surgem conflitos éticos (JUNQUEIRA, 2020).
Para Cohen e Segre (2002) a ética ou a condição de vir a ser ético, leva as pessoas 
a pensarem que signifique apenas a competência para ouvir-se o que “o coração diz”. Na 
verdade, os autores acreditam que essa seja apenas uma característica de sensibilidade 
emocional, reservando-se o “ser ético” para os que tiverem a capacidade de percepção 
dos conflitos entre “o que o coração diz e o que a cabeça pensa”, podendo-se percorrer 
o caminho entre a emoção e a razão, posicionando-se na parte desse percurso que se 
considere mais adequada ou seja, colocando a ética em prática (COHEN e SEGRE, 2002).
7UNIDADE I Noções e Fundamentos de Bioética
Diante da Bioética das Relações, a pessoa não é moralmente inata, sua estrutura 
moral coincide com seu desenvolvimento. Reconhecendo que o ser humano nasce sem 
moralidade ou capacidade para funções sociais, ambas as características serão combinadas 
no processo de se tornar humano que cada indivíduo terá que passar. Portanto, como 
premissa, podemos considerar que cada indivíduo só se torna virtuoso quando consegue 
pensar a moralidade em seu aspecto social como ser humano. O pensamento ético torna-
se assim uma tarefa diária quando se está no mundo contemporâneo, pensando e agindo 
como um ser humano (LEUTÉRIO et al., 2020).
A Bioética está relacionada com a clareza de conceitos como valor, moral e ética; 
não dá para abordar questões bioéticas sem rever e reafirmar esses conceitos (LEUTÉRIO 
et al., 2020). Conceitos como valor, moral e ética vão sendo adquiridos e vivenciados de 
acordo com a experiência de vida de cada um e sua realidade (COHEN e SEGRE, 2002). 
Todos somos influenciados pelo ambiente em que vivemos, histórico, cultural ou social. 
Para construir uma mentalidade bioética completa, precisamos conhecer e compreender 
essas influências, afinal, não podemos excluí-las de nossa vida! (JUNQUEIRA, 2020).
O conceito de valor está associado ao conceito de preferência ou escolha - o que 
é valioso em um determinado momento em um determinado grupo. A ética é um sistema 
de valores que conduz a padrões considerados justos por uma determinada sociedade, 
grupo ou raça (COHEN e SEGRE, 2002). Alguns autores argumentam que a ética começa 
quando as pessoas entendem que certos comportamentos são obrigatórios ou inaceitáveis 
justamente por seus efeitos sobre os outros e, portanto, sobre a sobrevivência do próprio 
grupo. Nesse contexto, a ética implica análise e reflexão crítica sobre os valores. É uma 
ação, um movimento de dentro para fora; surge dos valores intrínsecos de cada indivíduo 
para ajudá-lo a definir o que é certo e errado, justo ou injusto, o bem ou o mal em uma ação 
humana (LEUTÉRIO et al., 2020). 
REFLITA
Para Clotet (1986), ser ético, implica principalmente, na busca do desenvolvimento 
pessoal, ou seja, permitir que as pessoas se realizem, com uma ética diretamente ligada 
à perfeição humana. O que você pensa sobre isso? 
Ou ainda, a ética é a ciência que estuda o comportamento humano e a moral é a 
qualidade desse comportamento, do ponto de vista do bem e do mal (WALKER, 2015). 
Conseguiu compreender essa relação do bem e do mal?
Fonte: Clotet, 1986; Walker, 2015.
8UNIDADE I Noções e Fundamentos de Bioética
Pode-se dizer que a ética é antes de tudo um processo de reflexão sobre 
decisões e atitudes anteriores diante do conflito de valores. A ética e a moralidade são 
preceitos fundamentais que regem as ações e decisões de um indivíduo ao longo da 
vida, mas, ao contrário da moralidade, a ética não estabelece regras. A moralidade é um 
padrão humano. Em seu sentido mais profundo, ética é como cada indivíduo vive em 
sociedade, como ele interpreta e reage à vida. Em vida, o homem constrói sua própria 
dimensão moral: definindo e fortalecendo seus valores, desenhando seu caráter (COHEN 
e SEGRE, 2002). Assim, Warren T. Reich, na Encyclopedia of Bioethics, define bioética 
como o estudo sistemático do comportamento humano, nas ciências da vida e na saúde, 
quando esse comportamento é visto à luz de valores e princípios morais. No entanto, 
essa definição é caracterizada por uma bioética aplicada, o que não significa uma nova 
ética ou sistema ético, mas um sistema reflexivo (LEUTÉRIO et al., 2020). 
O estudo e fundamentação em princípios bioéticos é importante para que se consiga 
responder às questões como as apresentadas acima e apresentar uma conduta baseada 
em princípios éticos e morais. Muitas são as situações que envolvem a bioética vivenciada 
no dia-a-dia de pessoas durante o exercício profissional. Um exemplo atual, refere-se às 
questões bioéticas postas para os países diante da pandemia mundial da Covid-19. Dentre 
estas, talvez o mais óbvio esteja relacionado ao gerenciamento de recursos escassos e, 
portanto, à necessidade de se estabelecer critérios para a seleção de pacientes a serem 
internados em terapia intensiva. O rápido aumento de pessoas infectadas que requerem 
hospitalização em países como Itália, Espanha e Estados Unidos, Brasil e muitos outros; 
impactou e alarmou, ao mostrar a nítida adoção de parâmetros, evidenciando a existência 
da “escolha de quem vive e de quem morre” (GONÇALVES e DIAS, 2020).
REFLITA
As diretrizes produzidas pela associação britânica British Medical Association, por 
exemplo, orientam que pacientes idosos ou outros com maior probabilidade de morrer, 
assim como os que precisem de cuidados intensivos por mais tempo, devem ser 
secundarizados na avaliação de viabilidade para a assistência à saúde. (GONÇALVES; 
DIAS, 2020). Diante de situações como esta, nem sempre as respostas estão claras: o 
que é certo ou errado? 
Fonte: Gonçalves e Dias, 2020.
9UNIDADE I Noções e Fundamentos de Bioética
Existe, portanto, a necessidade de debater questões que colocam em risco 
conceitos e as condutas éticas diante de situações inusitadas e de grandes proporções 
como a pandemia da COVID-19 e tantas outras questões que envolvem aética e a moral. O 
que fazer? Como agir? São questões que muitas vezes para obter as respostas corretas não 
se pode ou muito menos se consegue fazer sozinho, havendo a necessidade da criação de 
um comitê bioético multidisciplinar, e que possa assessorar as decisões estratégicas neste 
grave momento pandêmico em que não podemos permitir que a escolha por quem vive e 
quem morre incida, mais uma vez, sobre os segmentos historicamente mais invisíveis ou 
vulneráveis de nossa sociedade (GONÇALVES e DIAS, 2020). 
Bom, agora que você já sabe o que é bioética e foi capaz de compreender sua 
importância em diversos aspectos da sociedade, iremos avançar para o tópico II! Nele você 
terá uma visão geral sobre a história da Bioética e reflexões acerca de seus conceitos e 
fundamentos! Vamos estudar juntos?
10UNIDADE I Noções e Fundamentos de Bioética
2. HISTÓRICO E REFLEXÕES
O termo bioética foi utilizado pela primeira vez em 1970 pelo americano Van Rensselaer 
Potter (Figura 1), em texto publicado na revista Perspectives in Biology and medicine, e a 
seguir, em 1971, no livro Bioethics: Bridge to the future, com o objetivo de contribuir para o 
futuro da humanidade e promover a formação de um novo campo do conhecimento. Potter 
propôs a Bioética, destacando que, como alguns conflitos entre ciência e humanidade levam 
à insegurança, é preciso fazer uma ponte para o futuro, por meio da ética, para construir outro 
campo do conhecimento como elo entre dois saberes (LEUTÉRIO et al., 2020).
FIGURA 1 - VAN POTTER E INTRODUÇÃO DO TERMO BIOÉTICA
Fonte: Junqueira, 2021.
Leone e colaboradores (2001), no entanto, citaram a bioética na década de 1970 
como um fenômeno cultural nascido da necessidade, cada vez mais presente na sociedade 
contemporânea, de transições políticas e societárias de acordo com proposições éticas autênticas. 
11UNIDADE I Noções e Fundamentos de Bioética
Com a expansão do conceito, a bioética atingiu seu apogeu com ampla popularidade, 
diretamente relacionada ao desenvolvimento da mídia e ao poder das pessoas de intervir 
efetivamente nos processos humanos da natureza, principalmente no nascimento e na 
morte. Em 1975, na Universidade de Washington, Andre Hellegers institucionalizou o termo 
como uma área acadêmica do conhecimento, possibilitando o estudo, a disseminação e 
a aplicação desse conhecimento gerado, bem como um significativo movimento social e 
transdisciplinar nas universidades e na mídia (LEUTÉRIO et al., 2020).
Um aspecto bastante importante a ser considerado para que você consiga construir 
a reflexão bioética de maneira adequada é compreender qual a influência histórica exercida 
desde a época de Hipócrates (Figura 2). É necessário, portanto, retomar alguns conceitos 
históricos para entender a influência dessa época. No século IV a.C., a sociedade era formada 
por diversas castas, ou seja, camadas sociais bem definidas e separadas entre si que faziam 
com que ela fosse “piramidal”. Mas o que isso significa? Isso quer dizer que, na base da 
pirâmide, encontrava-se à maior parte das pessoas: os escravos e os prisioneiros de guerra, 
que nem mesmo eram considerados “pessoas”. Eles eram tratados como objetos e sem direito 
algum. Logo acima deles, numa camada intermediária e, portanto, em número um pouco menor, 
estavam os cidadãos. Os cidadãos eram os soldados, os artesãos, os agricultores, e estes 
tinham direitos e deveres. No ápice da pirâmide e, todavia, um número bastante reduzido de 
pessoas, estavam os governantes, os sacerdotes e os médicos (JUNQUEIRA, 2021).
 FIGURA 2 - HIPÓCRATES: “O PAI DA MEDICINA” 
Fonte: Junqueira, 2021.
A importância desse resgate histórico está em enfatizar que os médicos da época 
eram superiores aos demais, e essa diferença de posição também se manifesta em uma 
“degradação de dignidades”. Isso significa que os médicos (semideuses), mesmo que 
pretendam salvar os enfermos, são pessoas superiores, melhores que os outros (são mais 
valiosos que os outros). Ao longo da história, a estrutura da sociedade não é mais piramidal, 
mas essa postura “paternalista”, ou seja, na qual os profissionais da saúde são considerados 
“pais”, ou melhores que os seus pacientes ainda é comumente concebida até os dias de hoje. 
12UNIDADE I Noções e Fundamentos de Bioética
Os profissionais de saúde possuem conhecimentos técnicos superiores aos dos 
pacientes, mas não são mais dignos do que os seus pacientes, nem valem mais do que 
eles (como seres humanos). Quando os profissionais se consideram superiores (em 
dignidade) aos seus pacientes, também temos uma atitude patriarcal. Esses profissionais 
paternalistas são aqueles que não respeitam a autonomia do paciente, não permitindo que 
ele expresse seus desejos. Por outro lado, alguns pacientes nem mesmo percebem que 
podem questionar o especialista, pois partem do pressuposto de que “quem sabe, quem 
decide e quem escolhe é o médico” (JUNQUEIRA, 2021).
SAIBA MAIS
Você sabia que em 1929, foi estabelecido o primeiro Código de Ética no Brasil? Recebeu 
o nome de Código de Moral Médica. Esse código era a versão em português aprovado 
pelo VI Congresso Médico Latino-Americano que foi realizado na cidade de Havana, em 
Cuba, em 1922 e com objetivo de contribuir para a consolidação de uma rede científica 
latino-americana. Com ele, surgia a possibilidade de modificar efetivamente a história 
natural das doenças. Um novo tipo de profissionalismo surgia com médicos mais atentos 
aos pacientes (GRINBERG, 2015). Para saber mais acesse: https://portal.cfm.org.br/
images/stories/documentos/EticaMedica/codigomoralmedica1929.pdf.
Fonte: Grinberg, 2015.
O termo “bioética” surgiu nas últimas décadas, dos grandes avanços tecnológicos 
no campo da biologia, e das questões éticas decorrentes das descobertas e da aplicação 
das ciências biológicas, possuem grande poder de intervenção na vida e na natureza. A 
partir dos anos 80, com o advento da AIDS, a Bioética ganhou impulso definitivo, obrigando 
à profunda reflexão “bioética” em razão das consequências advindas para os indivíduos e 
a sociedade. O comportamento ético em atividades de saúde não se limita ao indivíduo, 
devendo ter também, um enfoque de responsabilidade social e ampliação dos direitos da 
cidadania, uma vez que sem cidadania não há saúde (KOERICH et al., 2005). 
13UNIDADE I Noções e Fundamentos de Bioética
A Bioética exige muito conhecimento e estudo em diversas áreas, conhecidas 
como interdisciplinares, em especial, aos conceitos da Biologia e do Direito, uma vez 
que ambos buscam proteger a vida humana, evitando assim, que a ciência evolua sem 
regramento ético e com a utilização de seres humanos por outros seres humanos em 
experimentações sem regras, valores ou preocupação com as consequências desses 
atos, como aconteceu, infelizmente, nos campos de concentração nazistas durante as 
duas grandes Guerras Mundiais (RODRIGUES, 2020).
No Brasil, a Bioética surgiu em meados dos anos 90 como uma nova área do 
conhecimento, com uma abordagem religiosa muito forte e aliada a conceitos morais, 
embora não seja a única abordagem apresentada pela bioética. A partir desse novo 
conhecimento, iniciou-se também uma necessidade maior de olhar para o ser humano 
de uma maneira mais autônoma e humanizada e assim, valorizar seus direitos, sua 
autonomia, garantindo e valorizando verdadeiramente, a dignidade da pessoa humana 
sob o olhar da Bioética (RODRIGUES, 2020). Ainda nessa perspectiva, Hans Jonas 
apresentou o conceito de ética da responsabilidade, ou seja, todos têm responsabilidade 
pela qualidade de vida do ser humano, aplicando o conceito de risco e a necessidade de 
avaliá-lo com responsabilidade (ZANCANARO, 2000). 
Por isso, as discussões e reflexões da Bioética não se limitam aos grandes dilemas 
éticos atuais como o projeto genoma humano, o aborto, a eutanásia ou os transgênicos. 
A Bioética faz uma leitura crítica, conceitual, reflexiva e de igualdade sobreoutras áreas 
e ações do homem, incluindo também os campos da experimentação com animais e com 
seres humanos, os direitos e deveres dos profissionais da saúde e todos os envolvidos, 
as práticas psiquiátricas, pediátricas e com indivíduos inconscientes e, inclusive, as 
intervenções humanas sobre o ambiente que influem no equilíbrio das espécies vivas e 
muito mais. A Bioética não está restrita às Ciências da Saúde e sim, desde que surgiu, 
abrange todas as áreas do conhecimento. A Bioética tem a ver com a vida e com um 
enfoque interdisciplinar ou, talvez até transdisciplinar (KOERICH et al., 2005).
No próximo tópico abordaremos o modelo principialista da Bioética e seus 
princípios. Já ouviu falar sobre ele? Convido você a mergulhar neste universo de 
conhecimento e reflexões! Bom estudo!
14UNIDADE I Noções e Fundamentos de Bioética
3. ESTUDO DO MODELO PRINCIPIALISTA
A Bioética é fundamentada em princípios que são por muitos estudiosos e 
pesquisadores denominados basilares ou princípios fundamentais da bioética. Esses 
princípios foram propostos no Relatório Belmont em 1978 e têm como objetivo fornecer 
orientação adicional para a pesquisa científica em seres humanos. Em 1979, essas 
diretrizes, inicialmente propostas apenas para pesquisas científicas, foram estendidas 
também à área médica, abrangendo não apenas os médicos, mas também todos os 
profissionais de saúde (RODRIGUES, 2020).
Esses princípios são modelos explicativos em bioética para que diferentes autores 
possam desenvolver suas propostas e estabelecer uma classificação desses diferentes 
modelos para permitir uma visão global de todas as diferentes perspectivas teóricas que 
fundamentam o pensamento bioético contemporâneo. O principialismo, o modelo que 
vamos discutir neste capítulo, estabelece códigos de conduta no campo das ciências da 
vida e da saúde, com base em seus fundamentos filosóficos (BEUCHAMP e CHILDRESS, 
2002; DINIZ, 2002).
O principialismo (Figura 3) foi gerado para alicerçar princípios éticos para as 
práticas na área das ciências da vida e da saúde em função dos abusos cometidos com 
seres humanos nesta área e da ausência de normas éticas que coibissem tais incorreções 
de conduta (Diniz, 2002) e se estabeleceu como modelo explicativo da bioética a partir da 
obra Princípios da Ética Biomédica de Beauchamp e Childress (2002). 
15UNIDADE I Noções e Fundamentos de Bioética
Este modelo presenta quatro princípios gerais para orientar eticamente a conduta no 
campo da biomedicina e são descritos a seguir (RODRIGUES, 2015; RODRIGUES, 2020):
1. Princípio da autonomia: diz respeito à relação médico-paciente e determina que 
seja vedado ao médico executar qualquer procedimento sem o esclarecimento 
e consentimento prévios do paciente ou responsável, em caso de incapacidade 
deste, exceto em situações de perigo iminente de morte. Esse princípio 
assegura ao paciente o direito ao autogoverno, a autodeterminação sobre a 
sua integridade biopsicossocial, à liberdade de escolha e requer que o indivíduo 
esteja em estado de consciência plena, caso contrário, as decisões devem ser 
tomadas por um tutor legal. É o princípio da autonomia da vontade do paciente 
e talvez seja este o princípio que provoque mais influência sobre a relação 
médico x paciente, justamente por ser o princípio que fundamenta o exercício 
da atividade médica. O indivíduo tem, em suas mãos, o poder de decisão 
sobre a sua vida. O paciente quando capaz e consciente de seus direitos e 
deveres é livre para decidir o que deseja ou não consentir autonomamente e 
assim gerenciar suas vontades. Evidente que estamos falando de situações em 
que há a possibilidade de uma escolha consciente, pensada e estruturada do 
paciente e não de casos, no qual o profissional da saúde não dispõe de tempo 
para avaliar se o paciente aceitaria ou não o procedimento indicado.
2. Princípio da beneficência: esse princípio estabelece que o médico deva ponderar 
entre riscos e benefícios para o paciente e se comprometer em promover o 
máximo de benefícios e o mínimo de malefícios. O Princípio da Beneficência 
é também conhecido como princípio hipocrático da beneficência e que 
resumidamente orienta o profissional a sempre fazer o bem ao seu paciente. O 
profissional deve potencializar os benefícios do tratamento e evitar ao máximo 
a ocorrência de danos ao paciente.
3. Princípio da não maleficência: estabelece que o médico deva evitar causar 
qualquer tipo de mal ao paciente, prevenindo e evitando riscos e danos; 
expressa puramente a obrigatoriedade do profissional da saúde de não causar 
dano a saúde de seu paciente. Ao médico, cabe a obrigação de empregar todos 
os seus conhecimentos, técnicas e recursos disponíveis no intuito de beneficiar 
o paciente e jamais exercer o contrário. 
16UNIDADE I Noções e Fundamentos de Bioética
O que diferencia a beneficência a não maleficência é exatamente a postura 
do profissional, em que de um lado ele deve agir em total conformidade com 
os interesses individuais do paciente, desde que, para isso, não necessite 
cometer nenhum ato ilícito e de outro lado, o dever de evitar um dano ao 
paciente (RODRIGUES, 2020).
4. Princípio da justiça: esse princípio estabelece que a sociedade deva promover 
com equidade a distribuição de bens e benefícios, assegurando a todos o 
acesso ao tratamento em condições equânimes. O princípio da justiça ou Ideário 
da Justiça, como é assim conhecido exatamente por ser dever do profissional 
da saúde oferecer a todo paciente um atendimento imparcial, equitativo e livre 
de julgamentos ou crenças pessoais. Neste princípio, a máxima constitucional 
deve ser sempre praticada: “Todos são iguais perante a lei”, artigo 5º, caput, 
da Constituição Federal do Brasil de 1988, e assim, devem ser igualmente 
respeitados quando necessitados de atendimento médico. Não cabe ao 
profissional de saúde agir com parcialidade, pelo contrário, a ele é exigido que 
aja com imparcialidade, equidade, livre de preconceitos, crenças religiosas, 
diferenciações sociais e/ou culturais.
FIGURA 3 - BASES DO MODELO PRINCIPIALISTA DA BIOÉTICA: QUAL PRINCÍPIO DEVO ES-
COLHER EM CASO DE CONFLITO ENTRE ELES? QUAL É O PRINCÍPIO MAIS IMPORTANTE?
 
Fonte: ETHOS UFMG. Modelos Explicativos em Bioética. 2016. Disponível em: https://ethosufmg.wor-
dpress.com/2016/05/05/modelos-explicativos-em-bioetica/. Acesso em: 10 nov. 2021.
17UNIDADE I Noções e Fundamentos de Bioética
O que todos esses princípios sugerem? Em qual se basear? A resposta é 
simples: todos eles são alicerces para a bioética. O importante é compreender que é 
responsabilidade dos profissionais da área da saúde e dos advogados especialistas na 
área médica e proteção à saúde lembrar sempre que não há hierarquia, ou a existência de 
um que seja melhor, entre os princípios apresentados, embora, não seja raro a existência 
de conflito envolvendo dois princípios ou mais com distintas interpretações e julgamentos. 
O adequado é compreender que quando situações divergentes surgirem, o ideal é fazer 
uma análise criteriosa do caso concreto com a presença das partes envolvidas (sempre 
que possível) ou de seus representantes, para que juntos construam uma solução que 
melhor atenda aos interesses dos envolvidos e com o menor prejuízo aos conflitantes. 
Dessa forma, é importante reforçar a valorosa importância dos Conselhos e Comitês de 
Bioética nos Hospitais, composta sempre por profissionais conhecedores e habilitados a 
facilitar resoluções de conflitos (RODRIGUES, 2020).
Você observou que dentro do modelo principialista não há hierarquia entre seus 
princípios e também não existe um que seja melhor, concorda? No próximo tópico vamos 
correlacionar tudo o que discutimos até agora para entender qual é o panorama da 
Bioética no cenário globalizado! Vem comigo!
18UNIDADE I Noções e Fundamentos de Bioética
4. PANORAMA DA BIOÉTICA NO CENÁRIO GLOBALIZADO
A ética é um aspecto importantena vida de todos, pois é o que nos permite analisar 
os valores morais, que mudam com o tempo. Com a globalização, muitos dos valores 
apresentados mudaram inevitavelmente de forma drástica devido à quebra de barreiras, 
nomeadamente devido ao melhor acesso à informação e à aproximação entre o global 
e o local. A globalização, portanto, está afetando também o trabalho dos profissionais de 
saúde, o que contribui para a promoção de uma ética capaz de refletir as situações de 
saúde de forma macroscópica. A conclusão disso é que mesmo um lugar longe dos centros 
urbanos e da tecnologia acredite que a única cura possível para uma criança doente sejam 
orações, não estará agindo de forma ética se, na cidade mais próxima, com hospital, essa 
doença já é facilmente tratada (FRANÇA et al., 2017).
Nesse contexto, a Bioética surgiu da percepção simbólica da existência do outro, 
do conflito que isto causa e da necessidade de nos relacionarmos com as diferenças, 
sabendo que podemos agir com autonomia e que a sociedade irá responsabilizar os 
nossos atos e isto é o correto e o que se espera de uma sociedade justa e ética. Por 
outro lado, o surgimento da Bioética, como consequência do progresso da ciência e do 
conceito de autonomia, conduziu a uma revolução social além dos limites da medicina. 
Por exemplo, a epidemia de SARS (Severe Acute Respiratory Syndrome) reflete, assim 
como outras doenças infecto-contagiosas como a AIDS (Acquired Immune Deficiency 
Syndrome), a fragilidade de todos os seres humanos diante de um mundo globalizado, 
mas vulnerável ao agente causador da doença. 
19UNIDADE I Noções e Fundamentos de Bioética
Isso traz à tona a necessidade de um trabalho educativo, deixando-se de lado 
questões políticas, sociais, culturais ou econômicas, uma vez que o risco é tanto individual 
quanto mundial. O que temos na atualidade com os grandes casos e conflitos envolvendo a 
bioética é a possibilidade de reflexão com qualidade e embasamento, embora a dualidade 
entre o bem e o mal, o certo e errado sempre permeiam estas situações como por exemplo, 
nas questões que falam sobre pesquisa com células-tronco embrionárias, a aceitação da 
eutanásia ou da ortotanásia, a quebra de patentes de medicamentos, as questões éticas 
sobre o aquecimento global, etc (COHEN, 2008).
REFLITA 
Koerich e colaboradores (2005) reforçam que a bioética é uma ferramenta que nos 
auxiliará nas reflexões diárias de nosso trabalho, sendo fundamental para que as 
gerações futuras tenham a vida com mais qualidade. Entretanto, como está o ensino da 
bioética no mundo? Como as escolas estão preparando os profissionais de saúde para 
os impasses éticos do dia-a-dia? As decisões são orientadas para que o mundo se torne 
mais humano? Como buscar equidade na assistência com respostas morais adequadas 
a realidade que se apresenta no nosso mundo do trabalho? O que você tem a dizer 
sobre estas questões?
Fonte: Koerich et al., 2005.
Analisando as normas éticas historicamente, desde seu surgimento até os dias 
atuais, é possível observar a relação entre ética e sociedade, em que os princípios morais 
variam com as diferentes sociedades ao longo do tempo. “O conceito de ética surgiu na 
Grécia com Sócrates, quando ele perguntava aos atenienses em ruas e praças o que eram 
diversos conceitos, tais como coragem, justiça e amizade, e as pessoas respondiam que 
eram virtudes. Diante disso, Sócrates então perguntava o que era uma virtude, e as pessoas 
respondiam que era agir conforme o bem. Por fim, Sócrates perguntava “O que é bem?”. 
Assim, a civilização grega arcaica manifestava o pensamento sobre a ética humana, seja 
em suas religiões, poesia ou organização política” (FRANÇA et al., 2017).
A Bioética se consolida na tentativa de possibilitar apreender e compreender o 
verdadeiro significado do novo, capacitando você e eu a uma possível adaptação a 
diferentes situações inusitadas. Ela nos permite expressar o pensamento ético, o que abre 
perspectivas de encontrar consensos de qual será o comportamento moral mais adequado 
frente a uma determinada questão (COHEN, 2008).
20UNIDADE I Noções e Fundamentos de Bioética
Devido a intensificação das mudanças extremas e diárias no mundo globalizado 
atual, os princípios éticos da nossa sociedade tiveram que se adaptar a essa nova 
realidade. Com a globalização, ocorreu o imediato fortalecimento das relações sociais a 
nível mundial e também o aumento de disparidades entre países ricos e pobres. Os países 
em desenvolvimento, possuem pouca mão de obra qualificada, o que é uma importante 
restrição no contexto em que existe uma maior pressão competitiva e uma necessidade 
do aumento de produtividade para se inserir no mercado global. Essas disparidades 
do mundo globalizado devem ser levadas em consideração diante de uma perspectiva 
ética, quando se põe em xeque questões sobre o que é moralmente correto diante de 
diferenças econômicas, políticas e culturais tão grandes em um mundo que deveria estar 
se unificando (FRANÇA et al., 2017). 
Outra questão extremamente relevante é observada em situações catastróficas, 
como desastres ambientais e atentados terroristas, que mostra mais uma vez a necessidade 
dos países se unirem, fortalecerem suas relações e se integrarem para superar tais 
acontecimentos e que, em um mundo globalizado, trazem a perspectiva de que eventos que 
ocorrem em um lugar podem gerar consequências para pessoas do outro lado do mundo. 
Dessa forma, é importante a consciência de uma ética coletiva e global que sirva para a 
convivência das pessoas ao redor do mundo em uma só comunidade (FRANÇA et al., 
2017). Isso pode ser exemplificado com uma situação a qual estamos vivenciando hoje com 
a pandemia da COVID-19, em que a ação de uma pessoa implica direta ou indiretamente 
na vida da outra pessoa. Quando por exemplo, alguém opta por não usar máscara pode, 
mesmo não sabendo se está doente, colocar em risco a vida de outras pessoas.
A saúde, no mundo globalizado, passou a ser vista como um aspecto macro, em que, 
mesmo que um problema de saúde atinja apenas uma região, ele pode vir a se espalhar para 
outros locais do planeta, como ocorreu com o vírus H1N1 e atualmente com a COVID-19. 
Além disso, mesmo no caso de um problema de saúde estar restrito a um local, muitas 
vezes a solução pode necessitar da ajuda de outros países, como ocorre com a migração 
de profissionais da saúde e na pesquisa científica, a qual pode também ser de interesse de 
outros locais. Com a globalização, vieram diversos fatores que podem alterar a saúde de um 
país devido às grandes diferenças socioeconômicas entre países (FRANÇA et al., 2017).
Várias questões bioéticas como a realização de pesquisas multicêntricas envolvendo 
seres humanos, patente de medicamentos, tráfico de órgãos e bioterrorismo, vem, cada 
vez mais, se tornando um fenômeno incontestável de proporções extraordinárias. Essas 
questões rompem fronteiras e causam impacto de forma disseminada nas diversas regiões 
do planeta promovendo a necessidade de se adotarem medidas de cunho normativo e 
operacional com a adoção de tratamento equânime em nível mundial. (OLIVEIRA, 2010).
21UNIDADE I Noções e Fundamentos de Bioética
A visão da saúde no mundo globalizado, por se tratar de um tema que afeta pessoas 
e comunidades, deve falar da ética na resolução dos problemas globais de saúde. A saúde, 
como um bem universal, significa que ninguém está excluído de sua posse ou consumo e que 
seu uso não deve impedir que outros o usufruam. Nenhum indivíduo, país ou região deve ser 
excluído e todos podem se beneficiar desse bem universal. Os principais valores embutidos 
na ética da saúde global são justiça social, equidade e solidariedade (FRANÇA et al., 2017). 
Para Franca e colaboradores (2017) a justiça é um aspecto fundamental da vida 
em sociedade e um valor que une a moral individual e coletiva. Um aspecto importante 
da justiça social no contextoda saúde global é a contribuição, alocação e distribuição de 
recursos entre os países, sejam eles humanos, técnicos ou econômicos. Portanto, existe 
também o princípio da equidade (Figura 4), ou seja, a equidade de acesso à saúde no 
mundo, que alguns autores defendem ser o principal objetivo da saúde global, enquanto 
outros argumentam que o objetivo é reduzir os problemas sociais e de saúde no mundo. De 
qualquer forma, ao assumir a equidade e a justiça social como valores centrais na ética da 
saúde global, faz-se necessário priorizar países ou regiões mais desfavorecidas no âmbito 
da saúde. Diferentemente da igualdade, a equidade enfoca nas diferenças, de forma a 
tratar desigualmente diferentes pessoas, conforme suas necessidades.
FIGURA 4 - IGUALDADE E EQUIDADE: VALORES DISTINTOS
Fonte: Oliveira, 2015.
Por fim, a solidariedade internacional desempenha um papel fundamental na ética 
da saúde global, por meio do apoio e da cooperação entre os países. Essa preocupação 
se baseia na reciprocidade e na necessidade humana como ser social, evidenciada pela 
ética da proximidade. Mesmo que a pessoa que você está ajudando não seja próxima 
o suficiente para tirar proveito dessa premissa, pertencer à humanidade faz com que as 
pessoas ao redor do mundo se sintam próximas e a globalização acaba aproximando as 
pessoas através dos canais de comunicação globais. No entanto, é importante sublinhar 
que as ações de solidariedade em saúde devem ser tratadas de forma horizontal, sem 
relação dominante e com respeito às culturas dos países envolvidos (FRANÇA et al., 2017).
22UNIDADE I Noções e Fundamentos de Bioética
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Bom, chegamos ao final desta unidade e nela apresentamos os principais 
conceitos, a história, fundamentações, princípios e aplicações da Bioética na atualidade! 
Você pôde refletir sobre conceitos como ética, moral e valores que estão estreitamente 
relacionados à Bioética contextualizando com o mundo globalizado! Ainda foi possível 
refletir sobre a evolução da bioética ao longo dos tempos e sua importância para a solução 
de conflitos contemporâneos. 
Na sequência desta unidade você estudou o modelo principialista da bioética e 
seus fundamentos para as práticas na área das ciências da vida e da saúde. Além disso, 
se deu conta de que não existe um princípio melhor que o outro, pois todos eles são 
alicerces para a Bioética.
Finalmente, você foi capaz de aplicar os conceitos e reflexões da bioética no cenário 
globalizado, envolvendo questões e conflitos extremamente relevantes e difíceis do ponto 
de vista da Bioética! Compreendeu a importância dos Conselhos e Comitês de Bioética 
nos Hospitais, para uma análise imparcial e crítica de situações em que a Bioética e/ou seu 
estudo se torna fundamental para entender a real necessidade dos envolvidos e sempre, 
minimizar os prejuízos em uma situação de conflito.
Agora, com os conhecimentos adquiridos até o momento, pense comigo…você 
agiria diferente em uma situação que presenciou ou participou? É para refletir!
23UNIDADE I Noções e Fundamentos de Bioética
LEITURA COMPLEMENTAR
Motta e colaboradores (2012) fizeram a seguinte pergunta: Bioética: afinal, o que 
é isto? Abordando sobre o que realmente é a Bioética, seu contexto histórico, surgimento 
no Brasil, conceitos, problemas atuais no campo da bioética e diversos outros pontos 
importantes! Faço um convite para você dedicar-se à leitura desse artigo e refletir: afinal, o 
que é a Bioética? Qual a sua aplicabilidade e importância? 
Fonte: MOTTA, L. C. S.; VIDAL, S. V.; SIQUEIRA-BATISTA, R. Bioética: afinal, o 
que é isto? Rev. Bras. Clin Med, São Paulo, 2012 set-out;10(5):431-9. Disponível em: http://
files.bvs.br/upload/S/1679-1010/2012/v10n5/a3138.pdf. Acesso em: 25 nov. 2021.
24UNIDADE I Noções e Fundamentos de Bioética
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO 
Título: Bioética e COVID-19
Autor: Luciana Dadalco.
Editora: Foco.
Sinopse: A primeira edição da obra “Bioética e Covid-19” foi um 
sucesso absoluto e a rapidez com que as questões bioéticas 
foram sendo alteradas nos últimos meses tornou imprescindível 
uma nova edição dessa obra, com novos artigos e atualização dos 
artigos anteriores. Hoje, a Bioética não está mais negligenciada 
na pandemia da Covid-19. Comitê Internacional de Bioética e a 
Comissão Mundial sobre Ética do Conhecimento e da Tecnologia, 
ambos da UNESCO já reconheceram o papel de destaque da 
bioética no contexto da Covid-19. 
FILME/VÍDEO 
Título: Patch Adams – O amor é contagioso
Ano: 1998.
Sinopse: Em 1969, após tentar se suicidar, Hunter Adams 
(Robin Williams) voluntariamente se interna em um sanatório. 
Ao ajudar outros internos, descobre que deseja ser médico, para 
poder ajudar as pessoas. Deste modo, sai da instituição e entra 
na faculdade de medicina. Seus métodos poucos convencionais 
causam inicialmente espanto, mas aos poucos vai conquistando 
todos, com exceção do reitor, que quer arrumar um motivo para 
expulsá-lo, apesar de ele ser o primeiro da turma.
25
Plano de Estudo:
● A Ética da Responsabilidade Pública e Individual;
● Códigos de Conduta;
● Direitos do Paciente;
● A relação profissional-paciente.
Objetivos da Aprendizagem:
● Analisar a importância e aplicações da ética da responsabilidade pública 
e individual, refletindo sobre seus impactos e perspectivas;
● Compreender a importância dos códigos de conduta e sua interrelação 
com a bioética e os conceitos de ética, moral e deontologia;
● Compreender a necessidade e importância das leis que reforçam os direitos do paciente e 
sua autonomia na tomada de decisão no que diz respeito ao seu corpo e sua vida;
● Analisar a relação profissional-paciente a partir do referencial da bioética.
UNIDADE II
Saúde Pública e Bioética
Profª. Drª. Viviane Krominski
26UNIDADE I Noções e Fundamentos de Bioética 26UNIDADE II Saúde Pública e Bioética
INTRODUÇÃO
Olá, tudo bem? 
Nesta unidade você terá acesso às questões sobre a ética da responsabilidade pú-
blica e individual, e poderá refletir seus impactos e perspectivas. Além disso, iremos discutir, 
os códigos de conduta, compreendendo sua importância e inter-relação com a bioética e 
os conceitos de ética, moral e deontologia. Trataremos ainda, dos direitos do paciente, e 
nesse contexto, você irá perceber a necessidade das leis, para fazer valer esse direito e a 
autonomia do paciente na tomada de decisão no que diz respeito ao seu corpo e sua vida!
Ao final desta unidade, vamos falar da relação profissional-paciente e as questões 
envolvidas nesse processo a partir do referencial da bioética. Você vai compreender que 
essas relações devem ser pautadas pelas normas éticas e jurídicas e devem ter como base 
os princípios que permeiam essas relações.
Desejo a você um excelente estudo!
27UNIDADE I Noções e Fundamentos de Bioética 27UNIDADE II Saúde Pública e Bioética
1. A ÉTICA DA RESPONSABILIDADE PÚBLICA E INDIVIDUAL
O que é a ética da responsabilidade? Hans Jonas foi um dos autores que mais 
abordou questões de ética da responsabilidade neste século. Segundo sua linha de ideias, 
no campo da ciência, por exemplo, a liberdade de criar e usar novos conhecimentos 
deve estar atrelada à responsabilidade individual e pública na aplicação das descobertas 
e seus desdobramentos (GARRAFA et al., 2009). De acordo com Hans Jonas, todos 
são responsáveis pela qualidade de vida das gerações futuras (KOERICH et al., 2005). 
Foi também ele quem abordou o conceito de risco e a necessidade de avaliá-lo com 
responsabilidade (ZANCANARO, 2000).
As questões éticas em praticamente todas as áreas da atividade humana já 
adquiriram uma conotação pública e não são mais uma questão de consciência individual 
que deve ser resolvida na esfera privada (GARRAFA et al., 2009). O “princípio universal 
de responsabilidade” não deve ser ignorado em qualquer discussão ética, ao contrário, 
sempre deverá pautar as mais inusitadas situações. Esse princípio deve permear todas 
as questões éticase está relacionado aos aspectos éticos da responsabilidade individual 
que cada um de nós assume; a ética da responsabilidade pública, que está relacionada 
ao papel e às obrigações dos Estados em relação à saúde e à vida das pessoas; e com a 
ética da responsabilidade planetária, nosso compromisso como cidadãos do mundo com o 
desafio de preservar o planeta (KOERICH, 2002).
28UNIDADE I Noções e Fundamentos de Bioética
Essa visão ética ampliada de valorização da vida no planeta exige uma atitude 
consciente, solidária, responsável e virtuosa de todos os seres humanos e, sobretudo, 
daqueles que pretendem cuidar de outros seres humanos, nas instituições de saúde ou em 
seus lares. Poderíamos pensar em algumas situações do nosso dia a dia que nos levem 
a refletir sobre a atitude ética necessária aos profissionais de saúde, nos mais diversos 
contextos, questionando-nos: como ajo, penso e falo perante um cliente descontrolado 
e agressivo? Enfrentando um cliente alcoolizado que acaba de receber alta do hospital 
psiquiátrico? Ou alguém que usa drogas e/ou tem HIV? Diante de uma adolescente grávida? 
Diante do cliente que não colabora, não aceita o tratamento e pede alta? Na frente do cliente 
inconsciente, da criança ou alguém com demência? Diante da falta de estrutura de ação e 
planejamento de recursos na organização dos serviços de saúde? (KOERICH et al., 2005).
É importante, ainda nesse contexto, refletir, como medir, em uma escala de atribui-
ções cada vez mais complexas, mas com atribuições proporcionais, a ética da responsabi-
lidade individual (e o nível de comprometimento ...) de um simples administrador de centro 
de saúde que trata mal os usuários? Do maqueiro que faz “corpo mole” na entrada de emer-
gência? Do motorista que afirma “desvio de função” quando solicitado para ajudar a levar 
um acidentado até a ambulância? Do ajudante de lavanderia ou de cozinha que negligencia 
os requisitos essenciais de higiene e limpeza? Do médico que cuida ou atende de qualquer 
forma seus pacientes? Do político responsável por colocar “emendas” de seu interesse 
particular no orçamento público da saúde? Do burocrata que deliberada ou abnegadamente 
atrasa a entrega de fundos dramaticamente antecipados para locais de necessidade? Do 
ministro todo-poderoso que pensa ser o único dono da “chave do cofre”? Ou o Presidente 
da República, que na prática insiste que a saúde não deve ser prioridade na ação política 
de seu governo (GARRAFA, 1995) O que pensar ou como agir diante dessas situações?
No que se refere à ética da responsabilidade pública, um aspecto que não deve ser 
deixado de lado na reflexão sanitária é aquele que diz respeito à definição das prioridades 
nos investimentos do Estado, incluindo o estudo da destinação, alocação, distribuição e 
controle dos recursos financeiros dirigidos ao setor. Ao contrário dos países industrializados, 
no Brasil vivemos situações paradoxais que vão desde a presença persistente de 
doenças comuns nos países mais pobres do mundo (dengue, malária, doença de chagas, 
esquistossomose, febre amarela) até o registro significativo em nossas estatísticas de 
mortalidade dos problemas comuns aos países mais avançados (câncer, problemas 
cardiovasculares, acidentes de trânsito, etc.). Com o custo crescente do diagnóstico e a 
sofisticação tecnológica natural resultante do avanço científico, os recursos de saúde estão 
lentamente se tornando inadequados, mesmo nos países mais ricos.
29UNIDADE I Noções e Fundamentos de Bioética 29UNIDADE II Saúde Pública e Bioética
 A discussão sobre “prioridades” começa a adquirir conotações éticas cada vez mais 
dramáticas. É responsabilidade do Estado e das instituições públicas encontrar soluções 
morais que abordem a escassez; soluções que não envolvam discriminação injusta ou a 
tirania das minorias (HARRIS, 1988).
São questões comuns relacionadas aos serviços de saúde, entre outras, que 
podem orientar um debate mais aprofundado do ponto de vista ético. Mostra que abordar 
os aspectos éticos na atenção à saúde não se limita à mera padronização nas leis ou na 
ética profissional, mas também se estende ao respeito às pessoas como cidadãos e como 
seres sociais, por isso se enfatiza que “a essência da Bioética é a liberdade, mas com 
compromisso e responsabilidade” (KOERICH et al., 2005).
Encerramos este tópico com a reflexão de Koerich e colaboradores (2005), que diz: 
a ética reconhece o valor de todos e considera o ser humano um dos fios que formam a grande 
teia da vida. Dessa forma, todos os fios são importantes, indissociáveis e co-produtores uns 
dos outros. Ao aderir ao comportamento ético, buscamos saúde e vida. Essa busca leva as 
pessoas a um processo de crescimento contínuo. Uma vez que nosso trabalho ocorre em 
um ambiente complexo (centro de saúde ou comunidade), todas as nossas ações (a forma 
como ouvimos, vemos, tocamos, falamos, nos comunicamos e realizamos procedimentos) 
são eticamente questionáveis. A forma como tratamos funcionários, clientes e familiares, 
pode influenciar o resultado do nosso trabalho. A relação recíproca não permite arrogância, 
onipotência e autoritarismo, mas permite liberdade de expressão de pensamentos, ideias e 
experiências e inclui o respeito pela compreensão moral e ética de todos os envolvidos. A 
ética da saúde está impregnada de “bom raciocínio” e “introspecção” (auto-exame), e “boas 
intenções” não são suficientes. O auto-exame nos permite descobrir que somos falíveis, 
frágeis, inadequados, necessitados e que precisamos de compreensão mútua. A bioética é 
um instrumento que nos guiará na reflexão cotidiana sobre o nosso trabalho e é essencial 
para as futuras gerações para uma melhor qualidade de vida. É o que se espera!
30UNIDADE I Noções e Fundamentos de Bioética 30UNIDADE II Saúde Pública e Bioética
2. CÓDIGOS DE CONDUTA
A deontologia pode ser entendida como a ciência dos deveres, que inclui o 
estudo, a discussão, a elaboração e a necessidade constante de atualização do código 
de ética. Tem como objetivos essenciais, os fundamentos do dever, bem como os padrões 
morais e éticos (FRANÇA et al., 2017). A deontologia, neste contexto, também se refere 
aos princípios e regras de conduta inerentes a uma determinada profissão, ou seja, seus 
deveres. Assim, todos os profissionais estão sujeitos à sua própria deontologia para regular 
o exercício da sua profissão de acordo com o código de ética da sua categoria. O código 
de ética é o documento que reflete a deontologia de uma profissão e pode ser visto como 
a ética da intenção. Informa como as pessoas devem se comportar no campo profissional, 
com colegas, clientes e pacientes, parentes, professores, etc. Os códigos deontológicos 
referem-se estritamente à moralidade de uma profissão e ao comportamento exigido por 
um profissional, e, que norteiam a conduta e reflexões acerca de um conflito (Figura 1). 
É o próprio grupo profissional que estabelece os padrões e é responsável por listá-los e 
colocá-los em prática (FRANÇA et al., 2017).
31UNIDADE I Noções e Fundamentos de Bioética 31UNIDADE II Saúde Pública e Bioética
FIGURA 1 - CONFLITOS ÉTICOS: COMO AGIR?
Fonte: HORA de falar sobre ética na tecnologia da informação. Scurra Tecnologia e Inteligência, 2019, 
online. Disponível em: https://www.scurra.com.br/blog/hora-de-falar-sobre-etica-na-tecnologia-da-
informacao/. Acesso em: 10 jan.2022.
O contexto de qualquer exercício profissional deve ser pautado por uma ética 
responsável, conhecimento técnico, científico, ético e jurídico, postura profissional e 
compromisso com o grupo de trabalho e a sociedade. Sabe-se que ao utilizar os serviços de 
um profissional, espera-se que ele não apenas domine os conhecimentos teóricos e práticos 
inerentes à sua profissão, mas também a correta aplicação dessa competência - conduta 
profissional ética. Na verdade, a sociedade está cada vez mais atenta aos seus direitos, exige 
muito da qualidadedo atendimento e se preocupa com os erros técnicos profissionais. Todas 
as profissões legalmente reconhecidas e regulamentadas possuem um código de ética. Este 
código expressa a obrigação de não prejudicar, de renunciar e defender a dignidade e o 
respeito. Nesse contexto, é preciso refletir profundamente sobre até onde podemos ir e 
quais podem ser os limites de nossa sede de conhecimento (FRANÇA et al., 2017). 
REFLITA
A ética não é um obstáculo para a ciência; pelo contrário, é um eixo norteador do 
conhecimento.
Fonte: França et al., 2017.
O que você acha de fazer um exercício agora? Pense comigo: já se decepcionou 
com o atendimento que recebeu em um determinado estabelecimento? Já se sentiu 
humilhado ou esperava um excelente atendimento, com qualidade, acolhimento e respeito 
e isso não aconteceu?
32UNIDADE I Noções e Fundamentos de Bioética 32UNIDADE II Saúde Pública e Bioética
Pois é, não são raras as vezes que esse tipo de acontecimento permeiam as 
relações profissional-cliente e, sem dúvida alguma, são momentos de desgaste emocional 
e caracterizam uma conduta indesejável do profissional que nos atende. Quantas vezes 
vamos procurar um atendimento médico, por exemplo, já fragilizados com a causa/
doença e saímos ainda mais entristecidos e desgastados com a recepção e condução da 
consulta pelo profissional, do qual esperávamos atenção e empatia com nosso sofrimento 
e angústia? Por que isso acontece? Onde encontra-se a conduta ética desse profissional? 
Como devemos agir nestas situações? 
Nesse contexto, é importante saber que os termos ética (do grego éthos, modo de 
ser), moral (do latim costumes, costumes, normas de coexistência) e deontologia (do grego 
déon, dever) estão relacionados e ligados uns aos outros na bioética (MALUF, 2020). A ética 
é um conhecimento racional que trata de determinar o que é bom. A moralidade tem a ver 
com a escolha da ação em que uma dada situação deve ser empreendida. Então, podemos 
entender que a tomada de decisões e ações concretas são um problema prático e, portanto, 
moral. Examinar esta decisão e esta ação, a responsabilidade daí resultante e os graus de 
liberdade e determinismos associados, é um problema teórico e, portanto, ético. A ética é 
fundamentalmente investigativa e tem um caráter conceitual. A moralidade é praticamente 
inconcebível fora de qualquer contexto histórico, social, político e econômico. A Deontologia 
(Código de Ética Profissional) regula as ações dos trabalhadores no contexto da sua prática, 
torna-as boas e adequadas. A bioética engloba conhecimentos complexos que visam dar 
respostas em situações específicas, sempre em busca de uma certa autonomia. Tem um 
caráter pragmático (baseado nos quatro princípios) que se aplica às questões morais 
levantadas por decisões clínicas e avanços científicos e tecnológicos. Implica a capacidade 
de tomar decisões moral e legalmente aceitas em casos que envolvem valores conflitantes. 
Em síntese, concluímos que “o que se estuda na ética, se pratica na moral, é obrigatória na 
deontologia, é por fim, é problematizado na bioética” (MALUF, 2020).
Na bioética, ao contrário do que ocorre na ética, na moral e na deontologia, o 
bem é sempre pensado a partir de um determinado sujeito e nunca de forma abstrata ou 
coletivizada. A peculiaridade da situação do paciente deve sempre servir de base para 
questionar, à luz dos princípios da bioética, o grau de humanidade, legitimidade e legalidade 
inerente à conduta do profissional de saúde ou do pesquisador (GRACIA, 2010). 
33UNIDADE I Noções e Fundamentos de Bioética 33UNIDADE II Saúde Pública e Bioética
Em síntese, podemos concluir que a Bioética é a disciplina que estuda os aspectos 
éticos das práticas médicas e biológicas, avaliando suas implicações para a sociedade e 
as relações entre os homens e entre eles e os demais seres vivos, indicando a linha de 
conduta a ser adotada, a fim de respeitar a dignidade humana (MALUF, 2020). 
Agora que você já compreendeu o que é um código de conduta, sua importância e 
sua aplicabilidade e inter-relação com a bioética, podemos avançar para o tópico II, onde 
falaremos dos direitos do paciente, como validar esses direitos e o dever de respeitá-los e 
colocá-los em prática! Vamos lá?
34UNIDADE I Noções e Fundamentos de Bioética 34UNIDADE II Saúde Pública e Bioética
3. DIREITOS DO PACIENTE
O Brasil não está em sintonia com outros países na adoção de uma lei nacional 
sobre os direitos do paciente (ALBUQUERQUE, 2019). Antes da década de 1970, os direitos 
dos pacientes não eram exigidos (MALIK, 1997). O paciente não tinha direitos e voz, para 
fazer valer suas vontades. Este cenário, foi aos poucos se modificando e o paternalismo 
médico, em que o médico “pode tudo”, foi dando espaço para uma medicina centrada no 
paciente e no seu bem-estar.
A existência de leis sobre os direitos dos pacientes pressupõe o reconhecimento 
da importância desses direitos e a presença de um sistema de saúde em que os direitos 
dos pacientes sejam protegidos (JUN, 2019). Os direitos do paciente são o que as pessoas 
têm quando recebem tratamento médico simplesmente porque são seres humanos e 
devem obter todo respeito. Segundo Albuquerque (2016), os direitos dos pacientes são 
os seguintes: direito à vida; direito à privacidade; direito de não ser discriminado; direito à 
liberdade; direito à saúde; direito à informação e direito a não ser submetido a tratamentos 
desumanos e degradantes. Destes direitos derivam outros mais específicos; são eles: direito 
ao consentimento informado; direito a uma segunda opinião; direito de recusar tratamentos e 
procedimentos médicos; o direito de morrer com dignidade, sem dor e de escolher o lugar da 
morte; direito à informação sobre o estado de saúde; direito de acesso a prontuários médicos; 
direito à confidencialidade das informações pessoais; o direito a cuidados médicos seguros 
e de qualidade; direito de não ser discriminado; direito de reclamar; direito a indemnização e 
direito a participar no processo de tomada de decisão (EUROPEAN COMMISSION, 2016).
35UNIDADE I Noções e Fundamentos de Bioética 35UNIDADE II Saúde Pública e Bioética
LEITURA COMPLEMENTAR
O direito-dever de sigilo na proteção ao paciente 
O artigo reflete sobre o dever de sigilo profissional em relação às informações que 
o paciente recebe durante o tratamento médico, quanto ao cumprimento de seus direitos 
e proteção. Embora a confidencialidade seja considerada um dos preceitos morais mais 
tradicionais em saúde, ainda é um dos princípios menos respeitados, fato particularmente 
preocupante em épocas de intensa exposição da intimidade como os tempos atuais. De outro 
lado, a garantia da confidencialidade, além de estimular o vínculo profissional-paciente, pode 
favorecer a adesão ao tratamento e a tomada de decisões mais autônomas, ao assegurar 
ao paciente a não exposição de circunstâncias de sua vida pessoal que possam ensejar 
julgamentos que ele deseja evitar, mesmo aos entes mais próximos. Nesse contexto, o 
sigilo atua como mecanismo de proteção do paciente no que diz respeito aos seus valores 
e experiências pessoais e sustenta a necessária confiança na relação médico-paciente.
Fonte: VILLAS-BÔAS, M. L. O direito-dever de sigilo na proteção ao 
paciente. Rev. Bioét. 23 (3). 2015. Disponível em: https://www.scielo.br/j/bioet/a/
kFY5sjrzNCZYd3qVc5BLXDt/?lang=pt. Acesso em: 10 out. 2021.
36UNIDADE I Noções e Fundamentos de Bioética 36UNIDADE II Saúde Pública e Bioética
Os direitos do paciente, ao serem incorporados devidamente nas leis e diretrizes 
específicas, convergem para os movimentos da sociedade civil que visam ao engajamento 
do paciente no seu processo de cuidado e na tomada de decisão sobre questões que 
digam respeito ao seu corpo e à sua vida, bem como em decisões sobre a aquisição de 
recursos escassos em saúde e incorporação de novas tecnologias em saúde (EUROPEAN 
COMMISSION, 2016). Asleis de direitos dos pacientes fundamentam-se no cuidado 
pautado pela vontade e preferências do próprio paciente, separando-se do modelo 
paternalista e objetiva seu empoderamento com vistas ao exercício de seus direitos. Esse 
modelo de cuidado em saúde derivado das leis de direitos dos pacientes ultrapassa as 
concepções de compaixão, de dignidade e de respeito, pois tem como fundamentação a 
reafirmação da sua condição de cidadão que deve ter seus direitos assegurados (HEALTH 
AND SOCIAL CARE ALLIANCE SCOTLAND, 2019). 
Uma vez que o paciente tem seus direitos respeitados, consequentemente, ficam 
mais satisfeitos com os serviços de saúde. As leis sobre direitos dos pacientes fomentam o 
modelo do cuidado centrado no paciente, criando uma nova cultura nos serviços de saúde que 
se alicerça na parceria entre o paciente e o profissional, o que resulta em melhores condições 
de saúde para o paciente (HEALY, 2019). Dessa forma, as leis de direitos dos pacientes são 
compreendidas como uma ferramenta útil e central na mitigação da assimetria de poder e de 
conhecimento que permeia a relação profissional de saúde e paciente, estimulando assim, a 
parceria e conformidade ente os dois (EUROPEAN COMMISSION, 2016).
37UNIDADE I Noções e Fundamentos de Bioética 37UNIDADE II Saúde Pública e Bioética
SAIBA MAIS
Você tem conhecimento de quantos e quais são, os direitos dos pacientes? “Você sabia 
que pode consultar seu prontuário médico no momento que desejar? Que tem direito a 
uma conta detalhada especificando todas as despesas do tratamento? Que o hospital 
é obrigado a informar a origem do sangue utilizado nas transfusões? Pois esses são 
alguns dos chamados Direitos do Paciente – uma série de 35 garantias que médicos e 
hospitais devem levar em conta para preservar a ética em sua conduta profissional e a 
saúde dos pacientes, claro. O problema é que, apesar de asseguradas por lei, essas 
normas são praticamente desconhecidas. Hospitais, clínicas e postos de saúde não têm 
obrigação de afixá-las em local de fácil visualização e os manuais onde elas constam 
são difíceis de encontrar”.
Fonte: Brasil. Ministério da Saúde. Carta dos direitos dos usuários da saúde / Ministério da Saúde. – 1. ed. – 
Brasília: Ministério da Saúde, 2012. Disponível em: https://conselho.saude.gov.br/biblioteca/livros/Carta5.pdf
Bom, o importante até aqui é você entender que as leis de direitos do paciente são 
ferramentas essenciais para mudar a cultura de cuidados em saúde no Brasil e promover o 
bem maior do paciente, que é a sua vida e o seu bem-estar. Apesar dos avanços já alcançados 
até o momento, ainda temos um longo e árduo caminho pela frente, neste assunto. 
https://conselho.saude.gov.br/biblioteca/livros/Carta5.pdf
38UNIDADE I Noções e Fundamentos de Bioética 38UNIDADE II Saúde Pública e Bioética
4. A RELAÇÃO PROFISSIONAL-PACIENTE
Nas relações entre as pessoas durante o exercício profissional, nos diversos 
ramos de atividade, é a qualidade do encontro que determina o seu sucesso, por 
exemplo, na formação de um bom médico, a relação médico-paciente é fundamental 
(PEREIRA e AZEVEDO, 2005). Nesse contexto, no modelo hipocrático, a relação médico-
paciente é um dos alicerces da medicina e, juntamente com o exame físico, permite obter 
informações importantes para o diagnóstico e tratamento de doenças (MENDONÇA e 
VON ATZINGEN, 2010). Por outro lado, a necessidade de relacionamento próximo com 
o paciente para um correto diagnóstico e terapia adequada, tem sido progressivamente 
substituída pela solicitação e execução de exames de diagnóstico cada vez mais 
sofisticados (NASCIMENTO JUNIOR e GUIMARÃES, 2003).
As relações profissional-paciente devem ser orientadas por padrões éticos e 
legais e pelos princípios básicos que permeiam essas relações. Essas normas éticas 
e legais também devem atingir diversos profissionais da saúde, incluindo dentistas, 
cientistas, farmacêuticos, nutricionistas, fisioterapeutas, veterinários, entre outros. É de 
vital importância respeitar os princípios bioéticos da autonomia (por meio do consentimento 
livre e esclarecido), beneficência, não maleficência e justiça, objetivando sempre o melhor 
cuidado dedicado ao paciente (DINIZ, 2017). 
39UNIDADE I Noções e Fundamentos de Bioética 39UNIDADE II Saúde Pública e Bioética
Na prática médica, por exemplo, os deveres inerente à profissão são: informação 
detalhada sobre o estado de saúde do paciente, bem como a explicação do tratamento a ser 
implementado diante do diagnóstico obtido; tratar o paciente com zelo e dedicação, utilizando 
todos os recursos disponíveis da sua profissão; respeitar as decisões pessoais dos pacientes 
em caso de recusa do tratamento oferecido; respeitar os limites contratuais estabelecidos e 
preservar o sigilo profissional tendo em vista a privacidade do paciente (DINIZ, 2017).
Quando um profissional da área de saúde tem diante de si uma pessoa que busca 
seus serviços, por qualquer que seja o motivo, está ocorrendo um encontro clínico, o qual 
pode receber diferentes denominações: relação profissional de saúde-paciente, relação 
médico-paciente, interação médico-cliente, interação profissional-usuário, dentre outras 
(RANGEL et al., 2011).
Os procedimentos terapêuticos e as características dos profissionais de saúde 
desejáveis para que ocorra uma satisfatória aliança de trabalho na relação com o paciente, 
são baseados principalmente em qualidades humanas, esperadas em qualquer relação e 
situação, e princípios bioéticos, essencialmente presentes nas ações em saúde (GOMES, 
2003; PORTO, 2003). Entre as qualidades humanas estão: empatia, continência, humildade, 
respeito às diferenças, curiosidade, capacidade de conotar positivamente, capacidade de 
comunicação, flexibilidade, criatividade, paciência, solidariedade, integridade e compaixão. 
Com relação aos princípios bioéticos, são almejados a ética e sigilo, autonomia do paciente, 
beneficência, não-maleficência, justiça, consentimento esclarecido, atenção ao paciente e 
responsabilidade (GOMES, 2003; PORTO, 2003).
As características pessoais dos pacientes e as variáveis psicossociais também 
influenciam no relacionamento com os profissionais de saúde. As diferenças nas variáveis 
psicossociais entre pacientes e profissionais de saúde influenciam, ainda que inconscientemente, 
atitudes, percepções e sobretudo a comunicação na interação profissional-paciente (DIAS, 
2011). Entre os fatores do contexto em que se desenvolve a relação profissional de saúde-
paciente, o próprio lugar do cuidado e a estrutura do sistema de saúde podem desgastar ou 
comprometer essa interação e prejudicar a harmonia (TAYLOR, 2000). Ressalta-se ainda, 
que o conhecimento do contexto sociocultural e do sistema de saúde em que profissionais e 
pacientes estão inseridos também pode influenciar na relação entre eles (ASSUNÇÃO, 2013).
É importante ressaltar, que falar de relação profissional de saúde-paciente é abordar 
o conceito de relação humana, de princípios, deveres e respeito mútuo (CANTO et al., 2011; 
GOMES, 2003) e que isso reflete, portanto, discutir sobre humanização do cuidado em 
saúde e ponderar a respeito do encontro entre seres humanos, em todas as suas etapas e 
circunstâncias, cuja prioridade é a promoção da saúde (GOMES, 2003). 
40UNIDADE I Noções e Fundamentos de Bioética 40UNIDADE II Saúde Pública e Bioética
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Bom, chegamos ao final desta unidade e nela falamos sobre a ética da 
responsabilidade pública e individual, fazendo você refletir que a ética da responsabilidade 
e a bioética conduzem a responsabilidade para questões que nos deparamos no cotidiano 
e para as relações humanas, para que possamos atuar com sabedoria e apresentar valores 
em todas as suas dimensões. Você pôde perceber, que em qualquer discussão que envolva 
um tema ético não se pode abrir mão do “princípio universal da responsabilidade”. 
Na sequência, você estudou sobre a importânciados códigos de conduta e entendeu 
que qualquer exercício profissional deve ser pautado na ética com responsabilidade, no 
conhecimento técnico, científico, ético e legal, na postura profissional e no compromisso 
com o grupo de trabalho e a sociedade. Além disso, verificou a necessidade e importância de 
conhecer e aplicar no dia-a-dia profissional que o paciente tem seus direitos assegurados, e 
eles dever ser valorizados e cumpridos. A adoção de leis de direitos dos pacientes pressupõe 
o reconhecimento da importância de tais direitos e da presença de um sistema de saúde no 
qual os direitos dos pacientes são protegidos. 
Finalmente, você foi capaz de compreender a importância da relação profissional-
paciente e suas implicações no âmbito da bioética. Abordamos o conceito de relação 
humana, humanização do cuidado em saúde, respeito ao paciente e verificamos, por fim, 
que todas essas relações, pautadas em princípios éticas, levam como consequência ao 
objetivo mais importante que é a promoção de saúde.
Com todos esses conhecimentos é só refletir sobre a aplicabilidade de todos eles 
no dia-a-dia e permitir que saiam do papel e permeiem nossas ações! Vamos lá!
41UNIDADE I Noções e Fundamentos de Bioética 41UNIDADE II Saúde Pública e Bioética
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO 
Título: Segurança do Paciente. Como Garantir Qualidade nos 
Serviços de Saúde
Autor: Guilherme Armond.
Editora: DOC.
Sinopse: O objetivo principal desta obra é ampliar e nortear 
o conhecimento e aplicabilidade de diretrizes e estratégias 
direcionadas à segurança do paciente visando melhorias na 
qualificação da assistência à saúde. O objetivo específico é 
contextualizar incidentes notificáveis por lei que resultam dano ao 
paciente, bem como estratégias e metodologias para minimizar 
a ocorrência desses eventos. A proposta do conteúdo do livro é 
utilizar imagens, fotos, gráficos, tabelas, fatos e relatos de eventos 
adversos associados a erros na assistência ao paciente bem como 
experiências e desfechos.
FILME/VÍDEO 
Título: Tempo de despertar
Ano: 1990.
Sinopse: Bronx, 1969. Malcolm Sayer (Robin Williams) é um 
neurologista que conseguiu emprego em um hospital psiquiátrico. 
Lá ele encontra vários pacientes que aparentemente estão cata-
tônicos, mas Sayer sente que eles estão só “adormecidos” e que 
se forem medicados da maneira certa poderão ser despertados. 
Assim pesquisa bem o assunto e chega à conclusão de que a 
L-DOPA, uma nova droga que já estava sendo usada para pacien-
tes com o Mal de Parkinson, deve ser o medicamento ideal para 
estes casos. No entanto, ao levar o assunto para o diretor, ele 
autoriza que apenas um paciente seja submetido ao tratamento. 
Imediatamente Sayer escolhe Leonard Lowe (Robert De Niro), 
que há décadas estava “adormecido”. Gradualmente Lowe se 
recupera e isto encoraja Sayer em administrar L-DOPA nos outros 
pacientes, sob sua supervisão. Logo os pacientes mostram sinais 
de melhora e também se mostram ansiosos em recuperar o tempo 
perdido. Mas, infelizmente, Lowe começa a apresentar estranhos 
e perigosos efeitos colaterais.
42
Plano de Estudo:
● Bioética: prática profissional e pesquisa científica;
● Fundamentação da ética na pesquisa científica envolvendo seres humanos;
● Comitê de ética em pesquisa (CEP);
● Consentimento livre e esclarecido para a prática profissional e pesquisa científica.
Objetivos da Aprendizagem:
● Compreender a importância da bioética, seus fundamentos e princípios na prática profissional 
relacionada à realização de pesquisas científicas e as ações éticas necessárias com os 
diversos aspectos que vieram com o progresso científico e como estão impactando fortemente a 
sociedade, de forma a se refletir na conduta individual e coletiva;
● Analisar os fundamentos da bioética na pesquisa científica envolvendo seres humanos e a 
avaliação necessária dos projetos de pesquisa antes da sua fase de execução, 
afim de garantir integridade e dignidade aos participantes;
● Compreender a função e importância dos comitês de ética em pesquisa, bem como, suas atribuições 
como órgão responsável na análise dos aspectos metodológicos, da relevância e exequibilidade dos 
projetos de pesquisa, de forma a garantir o bem-estar dos indivíduos, a equidade e a justiça social;
● Analisar a importância e aplicabilidade do Termo de Consentimento 
Livre e Esclarecido (TCLE) como documento necessário para a 
validação de pesquisas envolvendo seres humanos.
UNIDADE III
Bioética e Pesquisa
Profª. Drª. Viviane Krominski
43UNIDADE III Bioética e Pesquisa
INTRODUÇÃO
Olá! Iniciamos mais uma unidade, falando sobre Bioética e Pesquisa Científica. O 
que tem a ver uma coisa com a outra? A resposta, você terá em detalhes na leitura e reflexão 
desta unidade, mas podemos exercitar um pouco antes. Veja se você consegue responder 
algumas questões a seguir, e vai imaginando como seriam as pesquisas envolvendo seres 
humanos, sem os princípios da bioética. Vamos lá:
Existe limite para a ciência? A ausência de limites à ciência, traria riscos à existência 
humana? Com os avanços biotecnológicos e de engenharia genética, haveria limites para a 
pesquisa com seres humanos? Como realizar uma pesquisa, respeitando o direito à vida e 
a dignidade dos participantes? Isso é importante?
Bom, você terá condições de responder e refletir todas essas questões, nos tópicos 
desta unidade, no qual falaremos sobre a importância da bioética, seus fundamentos e 
princípios na prática profissional relacionada à realização de pesquisas científicas e as 
ações éticas necessárias com os diversos aspectos que vieram com o progresso científico e 
como estão impactando fortemente a sociedade, de forma a se refletir na conduta individual 
e coletiva. Você vai verificar os fundamentos da bioética na pesquisa científica envolvendo 
seres humanos e a avaliação necessária dos projetos de pesquisa antes da sua fase de 
execução, afim de garantir integridade e dignidade aos participantes.
Na sequência, vai compreender a função e importância dos comitês de ética em 
pesquisa, bem como, suas atribuições como órgão responsável na análise dos aspectos 
metodológicos, da relevância e exequibilidade dos projetos de pesquisa, de forma a garantir 
o bem-estar dos indivíduos, a equidade e a justiça social. Finalmente, se dará conta, da 
importância e aplicabilidade do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) como 
documento necessário para a validação de pesquisas envolvendo seres humanos.
Bom, você percebeu que teremos um grande e valioso aprendizado pela frente! 
Aproveite e tenha um ótimo estudo!
44UNIDADE III Bioética e Pesquisa
1. BIOÉTICA: PRÁTICA PROFISSIONAL E PESQUISA CIENTÍFICA
Com os avanços da sociedade em relação à medicina, as tecnologias biomédicas 
e a novos tratamentos, surge a necessidade de se pensar sobre a ética médica, ética 
em saúde, pesquisa ou bioética (FRANÇA, 2017). Diversos aspectos que vieram com o 
progresso científico estão impactando fortemente a sociedade, de forma a se refletir na 
conduta individual e coletiva (CLOTET, 1993). 
Atualmente, a bioética é uma área que cuida de questões éticas que dizem respeito 
ao início e ao fim da vida humana, como métodos de fecundação, engenharia genética 
e formas de eutanásia, bem como temas referentes a transplante de órgãos e pesquisas 
com seres humanos. É importante ressaltar que a criação da bioética não trouxe novos 
princípios éticos, mas começou a aplicar conceitos já conhecidos do estudo da ética em 
novas situações que foram trazidas com as inovações no campo da saúde (FRANÇA, 
2017). No Brasil, os aspectos éticos, as diretrizes e as normas regulamentadoras de 
pesquisas envolvendo seres humanos são estabelecidos pela Resolução no 466, de 12 
de dezembro de 2012 (BRUM, 2017).
Inúmeros fatores influenciam o contexto da pesquisa em saúde, incluindo questões 
relacionadas aos profissionais da área da saúde, aspectos econômicos (como patrocínio 
de indústria farmacêutica),

Outros materiais