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OZ MÁGICO E PODEROSO: uma analogia as instituições e suas máquinas de criar ilusões

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Oz Mágico e Poderoso: uma 
analogia as instituições e suas 
máquinas de criar ilusões 
Albert Drummond 23 de outubro de 2013 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Oz, Mágico e Poderoso é um filme que utiliza do Livro “O Mágico de Oz” de 
L. Frank Baum para contar uma versão inédita dos fatos. Se No filme de 1939 
(uma adaptação do livro) Dorothy é levada por um ciclone do Kansas e vai 
parar em Oz, nessa nova filmagem de Sam Raimi o ciclone leva Oscar Diggs 
para o Mundo de Oz e lá se torna o mágico que no filme anterior promete a 
 
Dorothy sua volta pra casa.A história de Dorothy, do homem de 
lata, do leão e do espantalho todos conhecemos porém, é nessa 
nova versão do conto de Baum que a Disney investiu. Com atores 
renomados como James Franco, Mila Kunis, Michelle Williams e 
Rachel Weisz, a aposta para uma nova versão do clássico do cinema deu 
certo. 
O filme se passa em 1905 quando Oscar, um vigarista e sedutor mágico, 
fugindo de confusões em um balão é atingido por um ciclone que o leva para 
Oz. 
Lá ele encontra uma rede de intrigas e ele (vindo dos céus e sendo o salvador 
pela profecia) acaba tendo que se mostrar um Mágico (de verdade) para 
ganhar a confiança dos habitantes e se consolidar como o rei supremo daquele 
mundo. 
Oscar é o único capaz de libertá-los do mal que os assola e, com a ajuda de 
uma das três bruxas existentes em Oz, arquitetam um plano para derrotar a 
Bruxa má restaurando a fé dos moradores de Oz para que assim assuma o seu 
trono. 
A grande questão do filme é: Como despertar essa fé e fazer com que eles 
acreditem que Oscar é o Mágico enviado pela profecia? 
Com a ajuda de alguns personagens ele consegue arquitetar um plano em que 
seu principal objetivo é provar que ele é o Mágico e que ele possui mais 
poderes que a Bruxa má, a grande responsável por assolar aquele mundo. 
Através de bugigangas e de suas aptidões vigaristas ele consegue provar o 
improvável. A profecia era verdadeira, o Mágico de Oz está de volta. 
Fantasia é fórmula ideal para um conto infantil como todos os outros, porém é 
através do fantástico que percebemos a malícia dos contos de fadas. Esta nova 
adaptação do “Mágico de Oz” expõe de forma singela como são as relações de 
poder e os discursos que validam a fé. Temos um personagem que foge do 
conceito de boa moral, é um charlatão que utiliza de sua sedução para 
conquistar de forma fácil seus objetivos mas que é cativante o suficiente para 
fazer-se acreditar. Uma analogia pode ser feita com o filme, podemos utilizar 
diversos segmentos para exemplificar a força do poder e da fé. 
Poderia trabalhar com a ideia do Absolutismo, com a credibilidade inserida 
nas mentes acerca da ideologia nazista, sobre o poder midiático ou sobre o 
jogo político ainda vigente, mas opto por direcionar as reflexões para o campo 
 
religioso uma vez que, de todas as Instituições, a Igreja tem sido a 
maior mentora e construtora do ideário da fé. 
O mágico, de grande e poderoso não tinha nada, não passava de um 
impostor, vigarista e sedutor, com o poder do discurso e do encantamento. 
Vendo o perigo surgir, Oscar revela a verdade à Glinda (A bruxa boa) que, por 
sua vez, já tinha consciência de que o mágico não tinha poderes e era um 
farsante. 
Glinda sabe que não se cria um império com falácias e sorrisos, precisa-se de 
uma maquiagem que solidifique o líder, de um motivo, uma necessidade, algo 
que valide o discurso da fé. Precisa-se criar a ilusão de que é real o mito. 
Esses mesmos motivos são o que levaram a Igreja da Idade Média a revelar 
sua fraqueza, ela possui a consciência de uma intervenção acerca da fé, a 
credibilidade no pós-morte já começa a ser questionada, é onde nasce a 
necessidade de criar um lugar intermediário entre o paraíso e o inferno, o 
Purgatório. Criando a ilusão de um entre-lugar a Igreja utiliza dessa ideia para 
solidificar questões não respondidas e não mandar para as profundezas do 
Inferno algumas almas que não poderiam ir diretamente para o paraíso, 
portanto esperam ansiosas por sua expurgação nessa nova região. A Igreja 
precisa criar a ilusão de que é real o além. 
O Purgatório, segundo Le Goff (1995), é uma sala destinada aos medíocres, 
destino de pecadores médios e ordinários, que não merecem a salvação direta, 
mas que, contudo também não terão suas almas levadas ao inferno. O 
Purgatório foi criado no século XII representando uma nova possibilidade de 
redenção. Necessário para restaurar uma fé e fortalecer sua doutrina. 
Como no filme, Oscar e Glinda conversam sobre a necessidade de creditar a fé 
dos moradores de Oz, fazendo com que eles acreditem que Oscar é o mágico 
enviado pelas profecias e de que ele é o detentor do poder que colocaria fim 
ao reinado da bruxa má, extinguindo de vez o mal que assola aquele mundo. 
Porém, Oscar não tem poderes mágicos, mas possui um conhecimento aquém 
dos que ali habitam. É esperto e sabe criar ilusões e isso basta para que a fé 
seja despertada nos moradores de Oz. 
Oscar é esperto e sabe solidificar as imaginações, pequenos truques que 
outrora aprendeu, colocados em prática bastaram para que a fé dos moradores 
de Oz na profecia fosse restaurada. 
 
Contando com a ajuda dos moradores de Oz, Glinda e Oscar 
decidem arquitetar um plano para enganar, amedrontar e afugentar 
as bruxas Teodora e Evanora da Cidade das Esmeraldas através 
dessas mesmas ilusões. 
A Igreja também viu essa necessidade antes de consolidar a ilusão do 
Purgatório, precisando validar na mentalidade do homem medieval, este 
conceito. Antes de seu nascimento, o Purgatório não tinha um lugar no 
imaginário social, pois o homem medieval acreditava que quando morresse 
seria levado ou para o paraíso ou para o inferno dependendo de seu 
comportamento em vida. Se na Idade Média o purgatório é uma possibilidade, 
na Idade Moderna ele se torna uma realidade. 
“O despertar a fé” trabalhando no filme se torna primordial para que as 
pessoas comecem acreditar numa salvação. O grande dilema do falso mágico 
é: – como consolidar essa fé, uma vez que ele não possui poderes mágicos? 
O plano de Oscar visava fazer com que as pessoas acreditassem em seu 
“poder” como mágico da profecia. Utilizando de seu conhecimento físico e 
matemático, de sua experiência como ilusionista no circo e com a ajuda de 
algumas pessoas ele consegue criar máquinas incríveis que oferecerá uma 
falsa magia, nunca vista por aquelas pessoas e pelas próprias bruxas. Sem 
encanto ou mágica, Oscar coloca em prática seu plano utilizando de 
artimanhas e bugigangas e, através de sua esperteza, ele consegue fazer com 
que as pessoas transformem O MÁGICO DE OZ de um mero mito em 
realidade. 
Desta mesma forma a Igreja o fez, porém não utilizou de bugigangas como o 
mágico farsante do filme de fantasia, ela empregou uma nova forma de 
transformar o mito em realidade. Dante Aliguieri foi um poeta medieval, em 
1319 parte da sua obra “A Divina Comédia”, em específico o Purgatório, é 
divulgada. Em meio a sua narrativa fantástica ele cria um mundo imaginário 
acerca dessas ideias que já circulavam durante o período medieval. Dante 
explora a ideia de Purgatório e transforma o imaginário em algo palpável. 
Agora, este entre-lugar ganha formas sólidas. 
O Purgatório passa a ser narrado como uma montanha que possui 7 círculos, 
cada círculo faz referência direta a um dos sete pecados capitais, assim que 
uma pessoa morre, se ela não foi santa, porém não foi má, (ou seja, todos os 
mortais) vai direto para este lugar afim de expurgar o que possui de ruim para 
que num fim próximo consiga se elevar a categoria santificada e ir para o 
Paraíso. 
 
O purgatório é a ponte entre os dois mundos extremos e de certo 
modo centro ideal entre o inferno e o paraíso. Dante imaginou-o 
em ilha do mais remoto oceano, montanha alterosa, erguida com 
terras recuadas do fundo do mar quando da queda de Lúcifer, oanjo rebelde. 
Na base abismal situa-se o caminho que provém do inferno, no mais alto cume 
o paraíso [...] No ante purgatório concentram-se os excomungados (primeiro 
plano) e os negligentes (segundo plano). A outra divisão é composta de sete 
círculos. No primeiro estão recolhidos os soberbos; no segundo, os invejosos, 
no terceiro, os iracundos; no quarto, os preguiçosos; no quinto, os avaros; no 
sexto, os gulosos e no sétimo, os luxuriosos [...] (DONATO, A Divina 
Comédia. p.129) 
Com essa ideia divulgada nas missas e consolidada pela Obra ficcional de 
Dante Aliguieri, “A Divina Comédia”, a Igreja só fez validar este imaginário 
de forma oficial no Concílio de Florença e mais tarde no de Trento. 
Pronto! A ideia está colocada, vitrais são feitos, discursos acerca do 
purgatório são difundidos e como em Oz, temos pessoas que precisam 
acreditar para conseguirem lidar com suas realidades. 
Temos um detentor, um motivo, uma necessidade e uma escolha: criar uma 
das maiores mentiras da história/estória. 
Numa cena do filme Oscar diz a Glinda: – “Não sou o mágico que você quer, 
mas sou o que você precisa.” E de fato mesmo sendo um vigarista era a única 
solução para que os problemas de Oz fossem resolvidos. 
Oscar, agora Oz, O mágico, ao final do filme, depois de derrotar seus 
demônios (Ops! Suas bruxas), faz um pacto de silêncio com os que sabiam de 
sua mentira, a maior de todas. A partir dali, ele será um rosto numa fumaça 
criada por uma bugiganga, será temido (o medo é necessário para que as 
pessoas continuem acreditando) e será conhecido por realizar desejos. Criando 
ilusões, assim como a Igreja, para fomentar a fé das pessoas que precisam 
acreditar em seus poderes divinos ou “mágicos”. 
O filme termina deixando margem para “O Mágico de Oz”, quando Dorothy 
chega neste mundo e juntamente com o espantalho, o leão e o homem de lata, 
resolvem procurar Oz, O Temido para que realize seus desejos. 
A construção da mentalidade ainda ocorre, notamos os diversos poderes nos 
enfiando goela abaixo informações fantasiosas para que possamos dar vazão 
 
ao que eles acham interessante. Política e Religião sempre tiveram 
seus discursos fomentados por Mágicos, ou melhor, por discursos 
mágicos e sempre coube a nós questionar ou não essa veracidade. 
Se no filme as pessoas precisam acreditar na volta do mágico, na 
nossa realidade nós queremos acreditar, mas não precisamos. 
A analogia com o Purgatório foi somente ilustrativa, a intenção é mostrar que 
como em Oz, existem muito mais segredos por trás do que ouvimos e 
engolimos pela mídia e pelas Instituições. Em Oz o perigo era eminente e foi a 
ideia descompassada de um vigarista que salvou (através do medo e da 
mentira) aqueles habitantes, no nosso caso não se sabe quem é o verdadeiro 
vigarista, eles que nos enganam ou nós que nos deixamos enganar. 
Uma farsa necessária para que a fé continue viva. Será? 
ps: Em 12 de Janeiro de 2011 o Papa Bento XVI, disse perante 9 mil fiéis que 
o Purgatório não existe, que na verdade ele é “um fogo interior que purifica a 
alma do pecado”. (TERRA, 2011). 
Será que um dia Oz também irá mostrar a verdade sobre quem ele é, sua farsa, 
a maior contada de todos os tempos ou ele sabe que as pessoas simplesmente 
precisam acreditar? 
Referências 
DONATO, Hernani in ALIGUIERI, Dante. O Purgatório. A Divina Comédia. São Paulo. Abril 
Cultural, 1981. 
LE GOFF, Jacques. O nascimento do Purgatório. Lisboa: Estampa, 1993. 
RAIMI, Sam. Oz, mágico e poderoso. Produção: Joe Roth. E.U.A. 128m. 2013. 
TERRA. Purgatório é um fogo interior, esclarece o Papa. 12 de janeiro 2011. Disponível em: 
< http://migre.me/dBjYp&gt; Acesso em: 08 março 2013>.

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