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Camila Regiani Ricardo de Oliveira – Direito – UNIARA
Resumo – Direito Civil: Sucessões – 1º Bimestre – Prof. Júlio
* Direito da Sucessão: 
1) Importância: 
- O direito sucessório tem origem no culto aos mortos, passando pela subsistência da família com a transmissão da propriedade aos descendentes do falecido, encontrando, por fim, fundamento na transmissão do domínio. 
- A sucessão, em todos os seus aspectos, tem característica de substituição. Para o nosso estudo, a que interessa é a decorrente da morte, também chamada de “causa mortis” ou “mortis causa”. Pessoa jurídica não está sujeita a morte, e sim apenas pessoa física. A pessoa jurídica é liquidada (extinta pelos meios que dispõe a lei). Ademais, a pessoa jurídica não é autora de herança (“de cujus”), podendo apenas ser beneficiada no testamento, mas nunca autora de herança, pois esta é apenas pessoa física. 
- Sob o ponto de vista técnico, o direito das sucessões permite a transmissão dos bens e direitos do falecido para os seus sucessores, ou seja, é a transmissão de propriedade. Já sob o aspecto social, o direito das sucessões permite a subsistência dos membros da família do falecido, ou seja, é a manutenção da família. 
- Definição: conjunto de regras que disciplina a transmissão do patrimônio do “de cujus”. Em outras palavras: conjunto de regras que disciplina a sucessão de bens e direitos “mortis causa”.
2) Abertura da sucessão hereditária e seu significado: princípio da “saisine”.
- O direito da sucessão só existe a partir do momento em que abre a sucessão hereditária, pois é o único direito causa mortis. O marco da abertura da sucessão é a morte encefálica, pois antes da morte não há direito sucessório. Herança é conceito que surge após a morte. Portanto, abre-se a sucessão no momento da morte. Para fins de direito civil, é a morte que marca o início da sucessão hereditária. A abertura do inventário, o conhecimento da morte pelos herdeiros ou outras circunstâncias não interferem no momento da abertura da sucessão. A sucessão hereditária considera-se aberta no momento da MORTE (momento em que cessa a personalidade jurídica da pessoa natural).
- Art. 6o, CC: A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva. A morte cessa a personalidade civil. Há dois tipos de morte: real (atestada pela medicina) e presumida (encontrada em situação de risco que não retornou). No caso de morte presumida, o juiz declara por sentença a data da morte, pois essa data é indispensável para o direito das sucessões. 
OBS: O inventário não tem nada a ver com a abertura de sucessão. Ele é meramente declaratório e serve para apurar/liquidar a herança (se tem mais crédito do que débito ou vice e versa). 
- Consequências: o momento da abertura da sucessão gera consequências importantes, que são: a capacidade para suceder é analisada no momento da morte do autor da herança e a lei aplicável é aquela vigente à época da abertura da sucessão. No momento em que abre a sucessão verifica-se qual é a lei vigente e tal norma será aplicada para toda a sucessão hereditária, ainda que mude depois, pois a mudança não alcança aquela sucessão. Ex: abriu a sucessão de João em 07/02/2019 e em 09/02/2019 mudou a legislação; tal lei não será aplicada à sucessão do João. É também no momento da morte que se verifica quem tem capacidade para suceder (capacidade para ser sucessor) a qual é auferida no momento a abertura da sucessão. 
- Art. 1.784, CC: Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários. Há essa presunção, pois a aceitação da herança não é obrigatória, sendo que o herdeiro pode renunciar. O princípio da “saisine” significa a transmissão imediata (no exato instante da morte, ou seja, na abertura da sucessão) da posse e da propriedade da herança aos herdeiros legítimos e testamentários. Tal princípio se fundamenta na proteção da herança pelos herdeiros desde o momento que lhes foi presumida, podendo usar inclusive dos interditos possessórios. Ademais, tal princípio faz uma substituição imediata da relação jurídica evitando que essa relação permaneça o mínimo que seja sem titular. 
3) Espécies de sucessões quanto à origem: as duas podem existir no mesmo caso concreto e ao mesmo tempo.
a) Legítima: decorrente da lei; de uma escolha feita pelo legislador. Ordem de vocação hereditária: Art. 1.829, CC: A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte: I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares; II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge; III - ao cônjuge sobrevivente; IV - aos colaterais. 
b) Testamentária: decorre da vontade do testador por meio do testamento; decorre de manifestação de última vontade. 
4) Espécie de sucessão quanto à forma de transmissão: 
- O patrimônio é uma universalidade de direito que corresponde a um complexo de relações jurídicas e representa tudo aquilo que a pessoa possui e que pode ser economicamente avaliada. A herança tem a mesma definição jurídica de patrimônio, porém ela só existe a partir do momento em que a pessoa morre. Portanto, a herança é uma universalidade de direitos que corresponde a todos os bens, direitos, deveres, prerrogativas, ônus deixados pelo autor da herança. Ou seja, a herança representa o patrimônio da pessoa após a sua morte (tudo aquilo que o autor da herança titularizava quando era vivo). Quando alguém morre, a herança é transferida desde logo aos herdeiros. A herança só será liquidada depois do inventário. A herança só será feita depois de liquidado o inventário/partilha. 
Desde o nascimento até a morte patrimônio. 
Após a morte herança. 
- O inventário serve para apurar todos os créditos e débitos deixados pelo falecido. Se tiver débito e crédito, paga as dívidas e se sobrar saldo, partilha entre os herdeiros. 
- Existem direitos que não se transmitem com a herança para os sucessores. Ex: direito à honra, imagem. Porém, pode se transmitir a possibilidade de explorar o direito. Com a herança se transmite aquilo que tem valor econômico e não seja personalíssimo. 
- Com isso, há duas modalidades de sucessão por transmissão: 
a) A título universal: é a transferência um complexo de direitos e de obrigações. É aquela sucessão que recai na herança, ou seja, sobre a universalidade. Aquele que recebe a herança no todo ou em parte é o sucessor a título universal e é chamado de herdeiro (o qual pode decorrer tanto da lei quanto do testamento). Essa modalidade de sucessão decorre da lei e da herança e é chamada de sucessão legítima. Na sucessão a título universal o herdeiro recebe a totalidade da herança, aqui compreendida como o complexo de bens e direitos deixados pelo falecido, ou fração ideal dela.
OBS: Herdeiro é aquele que recebe a herança no todo ou em parte. 
b) A título singular: é a transferência de um bem individualizado, certo e determinado. É aquela que recai em um bem ou direito específico previamente definido no testamento. Legado é o bem ou direito específico individualizado pelo falecido. Aquele que recebe o bem ou direito específico individualizado é o sucessor a título singular e é chamado de legatário (o qual é fruto do testamento). Essa modalidade de sucessão decorre do testamento e do legado é chamada de sucessão testamentária. 
OBS: Tanto herdeiro quanto legatário são espécies de sucessores (gênero). 
O legatário só existe na sucessão testamentária, ou seja, tem que decorrer de um testamento. Fixar o legado é uma atribuição exclusiva do autor da herança. Não existe, em hipótese nenhuma, sucessão testamentária que decorre de lei, pois a que decorre de lei só comporta herdeiros. 
- Herdeiros legítimos (ou legais): são aqueles que decorrem da escolha do legislador, ou seja, decorrem da lei. Art. 1.829,CC: A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte: I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares; II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge; III - ao cônjuge sobrevivente; IV - aos colaterais. São os descendentes, ascendentes, cônjuge (em caso de casamento) ou companheiro em caso de união estável) e os colaterais até 4º grau. OBS: No sistema constitucional vigente é inconstitucional a diferenciação de regime sucessório entre cônjuges e companheiros devendo ser aplicado em ambos os casos o regime estabelecido no artigo 1829 do Código Civil. O STF concluiu julgamento que discute a equiparação entre cônjuge e companheiro para fins de sucessão, inclusive em uniões homoafetivas, não existindo mais diferença no tratamento sucessório dispensado ao cônjuge e ao companheiro. 
- Herdeiros testamentários: são aqueles que decorrem da vontade do falecido e que vai receber da mesma forma que os herdeiros legítimos. OBS: O herdeiro testamentário pode, ao mesmo tempo, ser um herdeiro legítimo (ex: 1) ou mesmo um legatário (ex: 2). 
5) Herdeiros necessários e legítima: o herdeiro necessário é aquele a quem a lei reserva uma cota da herança chamada de quota reservatária ou legítima. Eles não podem, em regra, serem afastados da sucessão, salvo por indignidade ou deserdação. Essa quota reservada ao herdeiro necessário não pode ser usada pelo autor da herança, ou seja, o “falecido” não pode dispor dessa quota. Tais herdeiros obrigatoriamente sucedem, salvo casos excepcionais. Havendo herdeiros necessários, haverá legítima. A legítima corresponde a 50% da herança líquida do falecido. Portanto, herdeiros necessários são os herdeiros a quem se defere metade da herança líquida do “de cujus” e são titulares da legítima ou parcela indisponível. A legítima é uma limitação ao direitos de disposição da herança (é uma restrição ao falecido) e é compreendida como a fração indisponível da herança, sendo calculada conforme o Art. 1.847, CC: Calcula-se a legítima sobre o valor dos bens existentes na abertura da sucessão, abatidas as dívidas e as despesas do funeral, adicionando-se, em seguida, o valor dos bens sujeitos a colação. Herança líquida é aquela obtida após o pagamento dos débitos do falecido e após supridas as despesas com o funeral. Metade desse valor da herança líquida corresponde à legítima e o autor da herança não pode dispor de mais de 50% desse valor líquido. Se ultrapassar esse valor, o testamento não é nulo como um todo, mas é reduzido ao valor da legítima adequada. OBS: A parte indisponível (correspondente a legitima) não pode dispor em testamento. 
- Herdeiros necessários: descendente, ascendente e cônjuge ou companheiro. Sobre a legítima o autor da herança não tem disposição. Art. 1.845, CC: São herdeiros necessários os descendentes, os ascendentes e o cônjuge. 
OBS: Herdeiro legítimo (decorre de lei) é diferente de herdeiro necessário (não pode se afastar da sucessão e é àquele que lei garante a legítima). Nem todos os herdeiros legítimos são herdeiros necessários, mas todos os necessários são legítimos. Os colaterais até 4° grau podem tranquilamente ser afastados da sucessão, pois são apenas herdeiros legítimos. 
OBS: Se tiver só colaterais como herdeiros legítimos, e não tiver nenhum herdeiro necessário, é válido o testamento que deixar toda a herança para um terceiro e nada para os colaterais, pois não são necessários. 
6) Lugar da abertura da sucessão: Art. 1.785, CC: A sucessão abre-se no lugar do último domicílio do falecido. Para fins de direito civil (direito material), a sucessão se considera aberta no último domicílio do falecido, pois será mais fácil ao juiz conduzir o processo de partilha, inventariando os bens deixados. O CPC confirma essa disposição. Art. 48, CPC: O foro de domicílio do autor da herança, no Brasil, é o competente para o inventário, a partilha, a arrecadação, o cumprimento de disposições de última vontade, a impugnação ou anulação de partilha extrajudicial e para todas as ações em que o espólio for réu, ainda que o óbito tenha ocorrido no estrangeiro. Parágrafo único: Se o autor da herança não possuía domicílio certo, é competente: I - o foro de situação dos bens imóveis; II - havendo bens imóveis em foros diferentes, qualquer destes; III - não havendo bens imóveis, o foro do local de qualquer dos bens do espólio. 
7) Transmissão da herança: indivisibilidade e condomínio. A herança é transmitida aos herdeiros legítimos e necessários desde logo, ou seja, como um todo unitário (universalidade de direitos). A herança tem um conceito transitório, pois só existe com a morte do dono do patrimônio até a partilha e, depois disso, não há mais herança, vez que os bens ingressam no patrimônio dos herdeiros. 
- Art. 1.791, CC: A herança defere-se como um todo unitário, ainda que vários sejam os herdeiros. A herança, enquanto existir (ou seja, até a partilha), é considerada bem indisponível e defere-se como um todo. A herança é indivisível não pela sua natureza ou por vontade das partes, mas sim por determinação legal. Essa ideia de indivisibilidade é para dar proteção à herança, garantindo que um herdeiro não vai liquidá-la, pois o herdeiro não pode se desfazer de um bem específico ou parte dele. Portanto, a indivisibilidade protege a herança, os herdeiros uns contra os outros e os credores (para não ficarem sem pagamento). Ademais, a indivisibilidade da herança independe da natureza dos bens que a compõem, pois decorre de uma imposição legal. 
- Art. 1.791, CC: Parágrafo único. Até a partilha, o direito dos co-herdeiros, quanto à propriedade e posse da herança, será indivisível, e regular-se-á pelas normas relativas ao condomínio. Esse artigo faz menção ao condomínio tradicional e não ao condomínio edilício. No condomínio tradicional várias pessoas são proprietárias de uma mesma coisa ao mesmo tempo. Enquanto a herança existir, os herdeiros são submetidos as regra de condomínio com o objetivo de proteger a herança. Sendo tratados como condôminos, cada herdeiro pode promover as ações necessárias para proteger o bem/herança, pois possuem legitimidade concorrente. 
- Art. 80, CC: Consideram-se imóveis para os efeitos legais: II - o direito à sucessão aberta. A herança é sempre considerada bem imóvel para efeitos legais, independentemente da natureza do seu conteúdo. É imóvel por disposição legal. 
8) Responsabilidade dos herdeiros: Art. 1.792, CC: O herdeiro não responde por encargos superiores às forças da herança; incumbe-lhe, porém, a prova do excesso, salvo se houver inventário que a escuse, demostrando o valor dos bens herdados. O inventário negativo é aquele que tem que arcar com as dívidas e não sobra saldo para os herdeiros. Ou seja, tem débito e não tem dinheiro suficiente para pagar as dívidas. Nesse caso, as dívidas não podem ultrapassar as forças da herança e o credor não pode cobrar dos herdeiros. 
Portanto, juridicamente, não respondem pelas dívidas que ultrapassem as forças da herança. É a consagração da regra do benefício de inventário. Podem assumir as dívidas que ultrapassem as forças da herança por questões morais, constituindo, assim, verdadeira obrigação natural.
* Cessão de Direitos Hereditários: 
- Art. 426, CC: Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva. Nulo é o contrato ou negócio jurídico que tenha por objeto herança de pessoa viva, pois enquanto a pessoa é viva, ela não tem herança, mas sim patrimônio. Tal negócio é chamado de “pacta corvina” e é nulo, pois o objeto é ilícito. Portanto, só há que se falar em cessão de direitos hereditários após a abertura da sucessão, sob pena de caracterizar pacta corvina.
1) Definição e Objeto: é um negócio jurídico solene por meio do qual o cedente transmite o seu quinhão hereditário, no todo ou em parte, para o cessionário. Parece com um contrato,sendo que muda o objeto. A cessão de direitos tem como objeto a herança ou quinhão hereditário. Portanto, ela só existe da morte até a partilha, pois é o momento em que a herança existe como tal. A cessão de direitos hereditários ocorre entre a abertura da sucessão hereditária e a partilha. Realizada a partilha, o que pode ocorrer é alienação de bens certos e individualizados recebidos pelos herdeiros. Em outras palavras: a cessão de direitos hereditários diz respeito à HERANÇA, enquanto não partilhada, no todo ou em parte.
Por meio desse instituto, o herdeiro pode transferir para outra pessoa a sua quota hereditária, a qual será distribuída após a partilha (liquidação da herança). Art. 1.793, CC: § 2o É ineficaz a cessão, pelo co-herdeiro, de seu direito hereditário sobre qualquer bem da herança considerado singularmente. A cessão não tem como objeto um bem específico, pois recai sobre a universalidade da herança. O coerdeiro cede o todo ou parte de que é titular e não apenas um bem individualizado. Enquanto a herança não for partilhada, ela é indivisível e, por isso, não pode ceder apenas um bem ou parte dele, devendo manter a herança como um todo para proteger sua universalidade. A cessão pode ser feita em favor de terceiro ou em favor de outro coerdeiro. O cedente pode ceder parte de sua quota hereditária ou sua totalidade, mas não pode ceder um bem específico. Art. 1.793, CC: § 3o Ineficaz é a disposição, sem prévia autorização do juiz da sucessão, por qualquer herdeiro, de bem componente do acervo hereditário, pendente a indivisibilidade. Por vezes, um bem individuado que compõe o acervo hereditário pode ser alienado, desde que haja prévia autorização judicial. Porém, neste caso, o produto obtido retorna ao acervo, aguardando futura partilha. Nesse caso, não há que se falar em cessão propriamente dita. 
2) Sujeitos: Cedente coerdeiro; aquele que transmite os direitos hereditários, no todo ou em parte. Sempre será um herdeiro. A cessão de direito hereditários, como verdadeiro negócio jurídico que é, exige capacidade de dispor do herdeiro. 
Cessionário aquele que recebe os direitos hereditários cedidos. Pode ser tanto um terceiro estranho ou outro coerdeiro. O cessionário assume o complexo de direitos e de obrigações cedido que pertencia ao cedente, assumindo os riscos quanto ao que venha a existir. Salvo pacto expresso, o cedente não se responsabiliza pela quantidade de bens e de direitos que integra o quinhão cedido.
O cessionário pode, em uma nova cessão, transmitir os direitos hereditários que recebeu para outra pessoa, sendo que mudará apenas de situação jurídica, ou seja, o cessionário se torna cedente. 
3) Espécies: 
a) Gratuita: não tem contra prestação. O cessionário não efetua pagamento algum pelo direito hereditário que recebeu. É equivalente ao contrato de doação. É o mais comum. 
b) Onerosa: existe contra prestação. O cessionário paga pelos direitos hereditários que recebeu. Se assemelha ao contrato de compra e venda. É menos comum, pois há um fator de risco, vez que ainda não foi feita a liquidação da herança, ou seja, o cessionário pode comprar a parte da herança do cedente pensando que vai receber algo, porém, ao final da liquidação, não sobra nada. É feita sempre antes do inventário. 
c) Total: o cedente transmite todo o seu quinhão hereditário, ou seja, sua integralidade. 
d) Parcial: a cessão recai sobre parte do quinhão hereditário do cedente. Ex: o cedente tem direito a 50% da herança e cede ao cessionário apenas 15% desse quinhão. Isso não está expresso no CC, mas não é proibido. 
4) Forma: Art. 1.793, CC: O direito à sucessão aberta, bem como o quinhão de que disponha o co-herdeiro, pode ser objeto de cessão por escritura pública. O CC exige que haja escritura pública, sendo que isso é um requisito de validade, ou seja, só é válida a cessão se for observada a forma pública, pois do contrário é nula. A razão de te optado pela forma pública é porque a herança, enquanto não partilhada, é considerada bem imóvel e os bens imóveis, em regra, exigem forma pública. Art. 80, CC: Consideram-se imóveis para os efeitos legais: II - o direito à sucessão aberta.
- Art. 1.647, CC: Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta: I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis. Determinados atos precisam de autorização do cônjuge para serem válidos, ou seja, a cessão exige outorga uxória ou marital. Porém, se forem casados no regime de separação total, não precisa. Para a doutrina e jurisprudência majoritárias, a cessão de direitos feita pelo cedente casada depende do consentimento de seu cônjuge, salvo se forem casados no regime de separação total, pois é uma alienação (transferência) da herança que é um bem considerado imóvel. 
5) Direito de Preferência, preempção ou prelação: Art. 1.794, CC: O co-herdeiro não poderá ceder a sua quota hereditária a pessoa estranha à sucessão, se outro co-herdeiro a quiser, tanto por tanto. Entre os coerdeiros há preferência. Isso serve para evitar que estranhos entrem na relação condominial que é a herança. Ou seja, pelo fato de a herança ter os mesmos efeitos de um condomínio, os herdeiros possuem preferência perante terceiros. Se mais de um herdeiro quiser exercer o direito de preferência, divide entre eles igualmente ou fração determinada/fixada. 
- Só existe nas cessões onerosas, podendo ser parcial ou total. Por isso há a expressão “tanto por tanto”. Não existe preferência nas cessões gratuitas, pois é considerada doação. O herdeiro prefere aos estranhos “nas mesmas condições”, pois se não forem as mesmas condições, não há preferência. Ex: se o terceiro oferecer valor maior que o valor que o coerdeiro está oferecendo, não há preferência, pois a outra é mais vantajosa. 
- Se os coerdeiros fizerem uma simulação, o interessado pode entrar com ação própria para receber seu direito. 
- Art. 1.795, CC: O co-herdeiro, a quem não se der conhecimento da cessão, poderá, depositado o preço, haver para si a quota cedida a estranho, se o requerer até cento e oitenta dias após a transmissão. Se o direito de preferência não for observado, há uma sanção: deposita o valor e pega o direito para si se o fizer em 180 dias. O preço está na escritura pública. O prazo de 180 dias para exercer o direito é decadencial e se inicia a partir da transmissão (data da escritura pública) e não do conhecimento do coerdeiro. Em outras palavras: O herdeiro que não teve ciência da cessão feita a estranho pode, depositando o preço (pago pelo estranho) e no prazo decadencial de 180 dias a contar da transmissão, tomar para si a quota cedida. 
Art. 1.795, CC: Parágrafo único. Sendo vários os co-herdeiros a exercer a preferência, entre eles se distribuirá o quinhão cedido, na proporção das respectivas quotas hereditárias. A cessão não alcança, salvo pacto expresso em sentido contrário, eventuais direitos que venham a integrar a porção hereditária do cedente.
* Capacidade para suceder: 
- Se o falecido deixar todos os herdeiros legítimos possíveis, eles não vão receber igualmente a herança, pois há uma ordem de vocação hereditária a ser seguida. 
- A capacidade para suceder está relacionada a quem pode ser chamada à sucessão, ou seja, quem pode ser sucessor do falecido. A capacidade é um fator genérico e independe das características específicas do herdeiro. 
- Art. 1.798, CC: Legitimam-se a suceder as pessoas nascidas ou já concebidas no momento da abertura da sucessão. Isso se aplica tanto na sucessão legitima (decorre da lei) quando na testamentária (decorre da vontade no testamento). Tem capacidade sucessória os nascidos ou já concebidos no momento da abertura da sucessão. É no momento da morte que vê quem tem capacidade e a lei vigente que regulamentará a sucessão até o fim. O direito sucessório do nascituro é condicional ao seu nascimento com vida, sendo que, nesse caso, recebe a herança, mas se não nascer com vida a parte que lhe era devida volta aos demais herdeiros. Se algum herdeiro falecerantes do de cujus, não recebe herança e sua quota irá para os demais herdeiros. Porém, se o herdeiro falecer depois, recebe o bem e depois ele é transmitido para seus herdeiros em outra sucessão própria. Tal artigo traz o princípio da coexistência: somente aqueles que existem à época da morte do autor da herança podem ser chamados à sua sucessão.
A expressão “já concebidos” deve ser interprestada de forma extensiva/ampliativa a luz da CF e do direito de família, pois atualmente há vínculo biológico (natural) e decorrente da afetividade (na adoção o filho adotado também tem direito sucessório se o adotado falecer). Há jurisprudência que diz que essa expressão não pode ser restrita ao vínculo sanguíneo. 
No caso de filiação decorrente de reprodução médica há direito sucessório para quem foi concebido após a abertura da sucessão? R: Não, pois o CC diz que tem que estar no mínimo concebido na abertura da sucessão. R: Sim, pois o Art. 5°, XXX, CF garante o direito à herança. A condição de filho não comporta discriminação e o legislador não pode, em lei infraconstitucional, afastar a aplicação da lei constitucional. Nesse caso tem que estipular um prazo, pois não pode ser ad eternum. Ação de petição de herança pode ser proposta em até 10 anos para reclamar direito sucessório. 
- Art. 1.799, CC: Na sucessão testamentária podem ainda ser chamados a suceder: isso só se aplica na sucessão testamentária. 
I - os filhos, ainda não concebidos, de pessoas indicadas pelo testador, desde que vivas estas ao abrir-se a sucessão; Ex: João, por meio de testamento, pode deixar uma casa para o filho ainda não concebido de Pedro. O juiz deve nomear curador para o bem, sendo que normalmente aquele que vai receber é o próprio curador. Art. 1.800, CC: No caso do inciso I do artigo antecedente, os bens da herança serão confiados, após a liquidação ou partilha, a curador nomeado pelo juiz. § 1o Salvo disposição testamentária em contrário, a curatela caberá à pessoa cujo filho o testador esperava ter por herdeiro, e, sucessivamente, às pessoas indicadas no art. 1.775. Há um prazo para que o beneficiado seja concebido para que a indefinição da situação jurídica não seja ad eternum: dois anos (prazo decadencial) a partir do momento da abertura da sucessão. § 4o Se, decorridos dois anos após a abertura da sucessão, não for concebido o herdeiro esperado, os bens reservados, salvo disposição em contrário do testador, caberão aos herdeiros legítimos. A concepção e não o nascimento deve ocorrer em dois anos. Passado o prazo, o bem volta para os herdeiros legítimos do falecido. 
II - as pessoas jurídicas; As pessoas jurídicas podem ser beneficiadas em testamento, sejam de direito público ou privado. O condomínio edilício não é pessoa jurídica, mas sim um ente despersonalizado com características próximas a de uma pessoa jurídica e, por isso, não pode ser beneficiado. Mas, a jurisprudência tem admitido que o condomínio edilício seja beneficiado tendo em vista suas características. Sociedades irregulares, ante a redação do dispositivo, não têm capacidade testamentária. Nem mesmo os entes despersonalizados.
III - as pessoas jurídicas, cuja organização for determinada pelo testador sob a forma de fundação. A fundação é espécie de pessoa jurídica com características próprias e podem ser constituídas por escritura pública ou por testamento. Ela não é constituída por pessoas, mas sim por patrimônio (parte do patrimônio do instituidor que ganha personalidade própria). A fundação não pode existir ainda, mas apenas depois da abertura da sucessão. 
- Art. 1.801, CC: Não podem ser nomeados herdeiros nem legatários: Esse artigo se aplica somente à sucessão testamentária e trata dos casos de falta de legitimação. Ademais, diz respeito ao herdeiro testamentário e não ao legitimo. A capacidade é genérica e a legitimação diz respeito a uma situação especifica ou concreta (só se aplica naquele testamento). Nesse caso, tais pessoas não podem ser sucessores, mesmo tendo capacidade, pois não possuem legitimação. O objetivo da norma é evitar que os sujeitos ali descritos possam influenciar na manifestação de última vontade do falecido, fazendo com que ela não seja livre e desimpedida.
I - a pessoa que, a rogo, escreveu o testamento, nem o seu cônjuge ou companheiro, ou os seus ascendentes e irmãos; O cego e o analfabeto não podem testar sob essas condições, tendo que fazer testamento na forma pública. A rogo = a pedido. Isso serve para evitar que haja influência indevida. 
II - as testemunhas do testamento; Todo testamento precisa de testemunha, alguns mais e outros menos. O fato de servir como testemunha não pode ser legatário para evitar que haja influência indevida. 
III - o concubino do testador casado, salvo se este, sem culpa sua, estiver separado de fato do cônjuge há mais de cinco anos; Concubino: amante; de relação proibida. O concubino não pode ser beneficiado. Pode estabelecer concubinato pessoas casadas ou que vivem em união estável. O vínculo matrimonial só se desfaz com o divórcio ou com a morte. A separação de fato ocorre quando os nubentes não vivem mais juntos como um casal, mesmo que no papel ainda continuem casados, ou seja, quando rompe apenas a sociedade e não o vínculo conjugal. Se estiverem separados de fato a mais de cinco anos, o concubino não é tecnicamente considerado concubino. 
IV - o tabelião, civil ou militar, ou o comandante ou escrivão, perante quem se fizer, assim como o que fizer ou aprovar o testamento. A autoridade que celebrou ou aprovou o testamento não pode ser beneficiada para evitar influência indevida. 
- Art. 1.802, CC: São nulas as disposições testamentárias em favor de pessoas não legitimadas a suceder, ainda quando simuladas sob a forma de contrato oneroso, ou feitas mediante interposta pessoa. Parágrafo único: Presumem-se pessoas interpostas os ascendentes, os descendentes, os irmãos e o cônjuge ou companheiro do não legitimado a suceder. Proibição da sucessão das pessoas não legitimadas, ainda que por interposta pessoa. Trata-se de casos de simulação.
- Art. 1.803, CC: É lícita a deixa ao filho do concubino, quando também o for do testador. Pois não há distinção entre filhos. 
* Aceitação da herança: 
- O herdeiro, ao ser chamado à sucessão, pode aceitar ou renunciar herança. 
1) Definição: é o ato mediante o qual o herdeiro confirma o recebimento do seu quinhão hereditário. Ele confirma, pois já recebeu no momento em que abre a sucessão. Art. 1.804, CC: Aceita a herança, torna-se definitiva a sua transmissão ao herdeiro, desde a abertura da sucessão. Portanto, a aceitação é um ato de confirmação. 
2) Características: são válidas também para a renúncia. 
a) Não pode ser parcial: ou o herdeiro aceita seu quinhão hereditário por inteiro ou não aceita. Isso acontece para que não ocorra do herdeiro aceitar apenas o crédito e renunciar o débito. A herança, enquanto não for feita a partilha, é indivisível e, portanto, não pode ser divida (não pode ser aceitada em partes), já que a herança transmite-se como um todo unitário. 
b) Não pode ser condicional: condição é um evento que limita a eficácia do ato, sendo futuro e incerto. Para proteger as relações (segurança jurídica), a aceitação não pode ser sujeita a qualquer condição. Ou aceita desde logo ou não aceita. Ex: quando passar em um concurso público. 
c) Não pode ser a termo: termo é um evento que limita a eficácia do ato, sendo futuro e certo. Por segurança jurídica, a aceitação também não pode ser sujeita a um termo. Ex: no próximo natal. 
d) Irretratável e irrevogável: o herdeiro, a partir do momento que manifesta sua aceitação, não pode voltar atrás. Aquele que manifestou sua vontade validamente, não pode se retratar. Porém, nada impede que a aceitação seja anulada por algum motivo (Ex: fraude, vício). Portanto, o herdeiro ou legatário não pode se retratar de uma manifestação válida de vontade. Porém, é possível buscar a anulação da aceitação, quando presente vício que a contamina. 
e) Efeitos “ex tunc”: retroativo. Os efeitos da aceitação retroagem àdata de abertura da sucessão. 
3) Espécies: 
a) Expressa: aceitação que se faz por escrito. Art. 1.805, CC: A aceitação da herança, quando expressa, faz-se por declaração escrita; quando tácita, há de resultar tão-somente de atos próprios da qualidade de herdeiro. Tal escrito pode ser público (Ex: feita em uma escritura pública) ou particular (Ex: feita por carta). É de pouca ocorrência prática. 
b) Tácita: decorre do comportamento do herdeiro. Art. 1.805, CC: A aceitação da herança, quando expressa, faz-se por declaração escrita; quando tácita, há de resultar tão-somente de atos próprios da qualidade de herdeiro. O herdeiro se comporta perante a herança como se proprietário fosse. Ou seja, ele toma os bens para si e se comporta como proprietário. O herdeiro mostra que tem interesse na herança. 
c) Presumida: decorre do silêncio qualificado. Art. 1.807, CC: O interessado em que o herdeiro declare se aceita, ou não, a herança, poderá, vinte dias após aberta a sucessão, requerer ao juiz prazo razoável, não maior de trinta dias, para, nele, se pronunciar o herdeiro, sob pena de se haver a herança por aceita. A pessoa deve dizer uma coisa e não fiz, sendo que seu silêncio se configurará como aceite. Ou seja, o herdeiro não faz nada quando deveria ter feito. Em caso de inércia do herdeiro, qualquer interessado pode pedir que o juiz notifique o herdeiro sobre a aceitação ou renúncia da herança, fixando um prazo não superior a 30 dias para que ele se manifeste. Se passar o prazo, presume-se que o herdeiro aceitou a herança. O silêncio não qualificado não gera efeitos jurídicos. 
- Art. 1.805, CC: § 1o Não exprimem aceitação de herança os atos oficiosos, como o funeral do finado, os meramente conservatórios, ou os de administração e guarda provisória. Ato oficioso é diferente de aceitação tácita. Ato oficioso é o ato baseado na relação de solidariedade. Quando isolado, não configura aceitação. A pessoa age perante o bem o conservando em proveito de outra pessoa e sem a intenção de ser proprietário. Ex: guarda o livro do professor que esqueceu para entregar na próxima aula. É um ato oficioso. § 2o Não importa igualmente aceitação a cessão gratuita, pura e simples, da herança, aos demais co-herdeiros. A cessão, pura e simples, em favor de todos equivale a renúncia e, por evidente, não importa em aceitação.
4) Aceitação indireta: Art. 1.809, CC: Falecendo o herdeiro antes de declarar se aceita a herança, o poder de aceitar passa-lhe aos herdeiros, a menos que se trate de vocação adstrita a uma condição suspensiva, ainda não verificada. Quando o herdeiro falece antes de falar se aceita ou renuncia a herança, o poder de aceitar ou renunciar passa para seus herdeiros. Parágrafo único: Os chamados à sucessão do herdeiro falecido antes da aceitação, desde que concordem em receber a segunda herança, poderão aceitar ou renunciar a primeira. Porém, para que os herdeiros do herdeiro aceitem a herança do primeiro falecido, eles têm que aceitar a herança do segundo. O direito de aceitar ou renunciar integra a herança do herdeiro que faleceu sem tempo hábil para se manifestar e, por isso, esse direito (de aceitar ou de renunciar) é transmitido aos seus sucessores, que, aceitando a segunda herança, podem aceitar ou renunciar à primeira. Se os sucessores renunciarem à segunda herança, não terão qualquer direito sobre a primeira, posto que ela integrava a segunda, objeto da renúncia.
Ex:Para que Maria aceite ou renuncie a herança de João, ela tem que aceitar a herança de Pedro. Isso ocorre porque o direito de aceitar ou renunciar a 1° herança é herança de Pedro e se Maria não aceitar a 2° herança, perde todo o direito, inclusive a de aceitar ou não a primeira. 
 
- Art. 1.808, CC: Não se pode aceitar ou renunciar a herança em parte, sob condição ou a termo. Aceitação parcial ocorre no mesmo título (herança ou legado), ou seja, não pode aceitar só parte da herança ou parte do legado, tendo que aceitar ou recusar seu todo. § 1o O herdeiro, a quem se testarem legados, pode aceitá-los, renunciando a herança; ou, aceitando-a, repudiá-los. O herdeiro pode renunciar, contudo, a sucessões por títulos diversos, desde que por inteiro. Se o herdeiro for legatário também ele pode aceitar os dois, recusar os dois, aceitar o todo da herança e recusar o todo do legado ou aceitar o todo do legado e recusar o todo da herança, sendo que isso não configura aceitação parcial. Ex: Mário faleceu e deixou dois filhos: José e Antônio. Deixou testamento válido no qual dispôs de um apartamento (sucessão singular) para José. José pode renunciar à herança (fruto da lei – sucessão legítima) e aceitar o legado (apartamento – fruto do testamento) ou aceitar a herança decorrente da lei, repudiar o legado. Isso ocorre porque as sucessões nestes casos são distintas: uma decorre da lei e a outra da vontade. § 2o O herdeiro, chamado, na mesma sucessão, a mais de um quinhão hereditário, sob títulos sucessórios diversos, pode livremente deliberar quanto aos quinhões que aceita e aos que renuncia. Quinhão: parte da herança que cabe ao herdeiro. 
- A aceitação não é ato personalíssimo, podendo, assim, ser realizada por mandatário ou por gestor de negócios, desde que confirmada pelo herdeiro beneficiado neste último caso.
* Renúncia da Herança: 
1) Definição: é o ato solene pelo qual o herdeiro abre mão ou abdica do seu quinhão hereditário, ou seja manifesta seu desejo de não receber a herança. Abre mão: devolve para os outros tudo o que receberia. O herdeiro que renunciar é tirado da sucessão, sendo que sua quota parte (quinhão) se integra ao total e será partilhado para os outros herdeiros. Art. 1.804, CC, Parágrafo único: A transmissão tem-se por não verificada quando o herdeiro renuncia à herança. A renúncia é verdade negócio jurídico unilateral por meio do qual o herdeiro ou legatário declara, pura e simplesmente, que não deseja receber a herança ou legado. 
2) Características: são as mesmas da aceitação. Portanto: 
a) Não pode ser parcial: pois a herança transmite-se como um todo unitário. 
b) Não pode ser condicional: para proteger a segurança jurídica e estabilidade das relações. 
c) Não pode ocorrer a termo: para proteger a segurança jurídica e estabilidade das relações.
d) Irrevogável e irretratável: aquela manifestação de vontade não pode ser retratada, mas nada impede que seja anulada. Ex: se tiver coação a renuncia é anulada. Retratação: manifestação válida e o herdeiro quer voltar atrás não pode. 
e) Efeito “ex tunc”: retroativo.
3) Forma: sempre expressa. Art. 1.806, CC: A renúncia da herança deve constar expressamente de instrumento público ou termo judicial. Não existe no ordenamento jurídico brasileiro renúncia tácita ou que não seja expressa. Deve se manifestar por instrumento público (escritura pública) ou termo judicial. Toda alienação (transferência) de bem imóvel (a herança é um bem imóvel), o CC exige que seja feita de forma pública. No caso de termo judicial, pode fazer por meio de procuração com poderes especiais. 
- Art. 1.647, I, CC: O herdeiro casado precisa de outorga (uxória ou marital) do seu cônjuge em caso de renúncia da herança, salvo se caso no regime de separação absoluta de bens. Para alienar imóvel precisa de autorização do cônjuge. A renúncia é uma espécie de alienação, pois no momento que renuncia transfere para os outros herdeiros o seu quinhão. Além disso, a herança é um bem imóvel. Devido a isso, o herdeiro casado precisa de autorização. Se não der autorização injustificadamente, o juiz pode suprir a falta. 
4) Espécies:
a) Abdicativa: renúncia pura e simples. É aquela renúncia por meio da qual o herdeiro simplesmente abre mão do seu quinhão hereditário. Não se condiciona a nenhum fator de eficácia. Após renunciar, devolve para os outros herdeiros a sua parte da herança. É a renúncia propriamente dita. Aquele que renunciar é considerado como se nunca tivesse sido chamado à sucessão. 
b) Translativa ou translatícia: não é bem uma renúncia, mas a doutrina classifica e a aponta como espécie de renúncia. O renuncianterenuncia em favor de certa pessoa. Ou seja, o herdeiro renuncia a sua parte e a transfere para alguém que pode ser terceiro ou um coerdeiro (o herdeiro indica expressamente um beneficiário que ficará com a sua quota parte). Ela não é pura e simples, pois está sujeita a um fator específico da indicação de outra pessoa. Parte da doutrina diz que é uma aceitação (pois tem que ser possuidor do direito para transferir) seguida de uma cessão gratuita. Como se trata de uma cessão tem que ter encontro de vontades, ou seja, a pessoa que vai receber a parte da herança tem que aceita-la. Classificou essa figura como renúncia para evitar a dupla tributação. 
5) Ineficácia da renúncia em prejuízo dos credores: é o reflexo da fraude contra credores. Insolvente é aquela pessoa que tem mais dívidas do que crédito. O CC não admite que a renúncia prejudique aos credores do próprio herdeiro/legatário renunciante. Art. 1.813, CC: Quando o herdeiro prejudicar os seus credores, renunciando à herança, poderão eles, com autorização do juiz, aceitá-la em nome do renunciante. Se o herdeiro tiver um credor particular e renunciar a herança, o credor pode aceitar a herança em nome do renunciante. Nesse caso, a renúncia é tida como ineficaz, pois prejudica o credor e se este provar seu crédito no processo de habilitação, pede ao juiz para aceitar a herança até o limite do seu crédito. Isso ocorre no processo de inventário judicial. § 2o Pagas as dívidas do renunciante, prevalece a renúncia quanto ao remanescente, que será devolvido aos demais herdeiros. Se o crédito for superior ao valor da herança, o credor recebe toda a herança e fica credor do saldo remanescente. O objetivo do CC com esse dispositivo é prevenir a fraude contra credores. O credor tem que provar seu direito de crédito por meio de documentos (Ex: nota promissória; cheque; sentença condenatória) e que o renunciante não tem bens suficientes para quitar a dívida (Ex: execução frustrada; registro dos cartórios; nome no SERASA). § 1o A habilitação dos credores se fará no prazo de trinta dias seguintes ao conhecimento do fato. A habilitação tem que ocorrer nos 30 dias seguintes contados do conhecimento da renúncia. Ou seja, os credores têm 30 dias, a contar do conhecimento da renúncia, para habilitarem-se nos autos de inventário, exigindo a satisfação dos seus créditos. Observado o prazo de 30 dias para a habilitação, os credores não precisam provar a má-fé do renunciante ou qualquer espécie de conluio dele com terceiros. Aos credores basta demonstrar a existência do crédito e que, com a renúncia, o devedor renunciante não dispõe de patrimônio para cumprir a obrigação.
OBS: Fraude contra credores: é a ação maliciosa do devedor insolvente que começa a dispor do seu patrimônio de modo gratuito ou oneroso com o objetivo de não responder pelas obrigações assumidas, ou seja, para não quitar suas dívidas com os credores. Para ser reconhecida a fraude precisa de uma ação própria chamada ação pauliana. Nesta ação tem que provar o dano e a intenção de fraudar, tornando o negócio inválido. 
- No inventário extrajudicial, se tiver renúncia que prejudique o credor, tem que entrar com uma ação autônoma (parecida com a ação pauliana) buscando a anulação da renúncia para ter seu crédito satisfeito. 
- Se perder o prazo ou o inventário já tiver sido extinto (já houve a partilha) também tem que entrar com ação autônoma no prazo de 04 anos para satisfazer deu crédito. Art. 178, CC: É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio jurídico, contado: I - no caso de coação, do dia em que ela cessar; II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico; III - no de atos de incapazes, do dia em que cessar a incapacidade.
* Petição de Herança: 
1) Definição: Art. 1.824, CC: O herdeiro pode, em ação de petição de herança, demandar o reconhecimento de seu direito sucessório, para obter a restituição da herança, ou de parte dela, contra quem, na qualidade de herdeiro, ou mesmo sem título, a possua. Art. 1.825, CC: A ação de petição de herança, ainda que exercida por um só dos herdeiros, poderá compreender todos os bens hereditários. É a ação por meio do qual o herdeiro pretender ver reconhecido o seu direito sucessório, resgatando para si a herança no todo ou em parte. Pode ser promovida por aquele que deveria ter sido chamado na sucessão, mas não foi. Ex: o herdeiro estava em local incerto e não sabido na época da sucessão, sendo declarada sua ausência; feita a partilha, o herdeiro volta e reclama sua parte; se os outros herdeiros não quiserem restituir, ele pode ingressar com a ação de petição de herança para que lhe seja entregue a parte que lhe era devida, mas não foi entregue. Essa modalidade de ação pode ser cumulada com outras. Ex: ação de investigação de paternidade c.c petição de herança; reconhecimento de união estável c.c petição de herança. 
2) Natureza: tem natureza real (sobre o bem), ou seja, ela recai sobre a herança em si e não sobre os herdeiros. Também é chamada de ação reipersecutória. Art. 1.827, CC: O herdeiro pode demandar os bens da herança, mesmo em poder de terceiros, sem prejuízo da responsabilidade do possuidor originário pelo valor dos bens alienados. Com essa ação, o herdeiro excluído visa buscar a herança, da qual foi indevidamente privado, no todo ou em parte. 
3) Efeitos: 
a) Se julgada procedente a ação: seu principal efeito é a restituição/devolução da herança, no todo ou em parte, acrescida dos frutos e rendimentos, ao autor da ação. Art. 1.826, CC: O possuidor da herança está obrigado à restituição dos bens do acervo, fixando-se-lhe a responsabilidade segundo a sua posse, observado o disposto nos arts. 1.214 a 1.222. Ou seja, os herdeiros devem devolver os bens recebidos indevidamente no acervo. Se a herança ainda estiver no patrimônio dos herdeiros, o juiz manda apenas retificar a partilha para incluir o autor da ação. Art. 1.828, CC: O herdeiro aparente, que de boa-fé houver pago um legado, não está obrigado a prestar o equivalente ao verdadeiro sucessor, ressalvado a este o direito de proceder contra quem o recebeu. Se os herdeiros consumiram o valor recebido na herança ou venderam o bem recebido, o autor pode pedir que eles lhe paguem a sua quota em dinheiro, mas se os herdeiros estavam de boa fé, eles não são obrigados a dar, sendo que a venda (se for o caso) será válida. Se o terceiro estiver de boa fé e os herdeiros não, eles são obrigados a restituir o valor equivalente à quota parte do autor da ação. Porém, se o terceiro também estiver de má fé, o negócio é desfeito. Art. 1.827, CC, Parágrafo único: São eficazes as alienações feitas, a título oneroso, pelo herdeiro aparente a terceiro de boa-fé. Tudo que for feito a título gratuito é desfeito, mas o que for feito a título oneroso deve permanecer se as partes estiverem de boa fé. As alienações onerosas, feitas a terceiros de boa-fé, são válidas, assim como pagamento de legados realizado pelo herdeiro aparente, desde que esteja de boa-fé. OBS: Herdeiro aparente: existe aparência de herdeiro e presume-se a boa-fé de terceiros que com ele contrataram eventuais bens da herança. Esses negócios, em razão da boa-fé dos terceiros, devem ser preservados. Havendo má-fé (deve ser provada), os negócios jurídicos podem ser desfeitos.
Art. 1.826, CC, Parágrafo único: A partir da citação, a responsabilidade do possuidor se há de aferir pelas regras concernentes à posse de má-fé e à mora. A partir do momento em que os herdeiros forem citados da existência da ação, cessa a presunção de boa fé, pois, a partir desse momento eles possuem conhecimento de que tem alguém pleiteando a herança. Da citação para traz presume-se a boa fé. Da citação para frente presume-se a má fé. 
b) Se julgada improcedente a ação: não tem efeito nenhum.
4) Prazo Prescricional: a ação de petição de herança está sujeita a prazo prescricional? O CC não fala nada sobre esse prazo e, portanto, cabe à doutrina dizer. De acordo com a doutrina e jurisprudênciamajoritárias, a ação de petição de herança é prescritível. Fundamento: como é uma ação de direito patrimonial e os direitos patrimoniais estão sujeitos à prescrição e decadência, a ação de petição de herança também será. Súmula 149, STF: É imprescritível a ação de investigação de paternidade, mas não o é a de petição de herança. Porém, para a doutrina minoritária (Flávio Tartucce e Giselda Hironaka) é imprescritível, pois visa reconhecer uma situação pré-existente e, portanto, não é condenatória. 
É importante registrar que a ação de petição de herança, que tem natureza patrimonial e visa resgatar a herança no todo ou em parte, não se confunde com aquela que visa reconhecer a filiação, como por exemplo, a ação de investigação de paternidade. A ação de investigação de paternidade é imprescritível e pode ser promovida a qualquer tempo, sendo uma ação declaratória (visa declarar a paternidade). 
OBS: 1- Qual o prazo de prescrição da petição de herança? R: Art. 205, CC: A prescrição ocorre em dez anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo menor. De acordo com a parte geral do CC, o prazo de prescrição é de 10 anos se não for estabelecido outro prazo. Portanto, se for estabelecer uma situação em que o prazo seja menor, tem que dizer expressamente na lei. Quando não dispuser de forma diversa, aplica o prazo decimal. Como o CC é omisso quanto ao prazo de prescrição da petição de herança, aplica-se o prazo de 10 anos. 
2- Quando se inicia o prazo de prescrição da petição de herança? Qual seu termo inicial? R: Em regra, esse prazo se inicia com a abertura da sucessão, ou seja, com a morte. Exceção: se houver investigação de paternidade que reconhece a paternidade só após o prazo de 10 anos da petição de herança, há jurisprudência que diz que não haverá direito algum de sucessão, pois passou o prazo prescricional de 10 anos contados da abertura da sucessão. Todavia, o STJ, em 2016, publicou o Informativo 583 e decidiu que nos casos em que a condição de herdeiro não tiver sido reconhecida, o prazo de 10 anos para prescrição da petição de herança se inicia com o trânsito em julgado da sentença que reconhece sua paternidade. 
* Excluídos da Sucessão: Indignidade.
- Os excluídos da sucessão são os indignos e os deserdados. Excluído é gênero no qual comporta duas espécies. 
1) Definição: a indignidade é uma penalidade civil que quando reconhecida, acarreta a exclusão do sucessor. Ou seja, é uma penalidade civil aplicada àquele que pratica determinadas condutas previstas em lei, acarretando na sua exclusão sucessória. Em outras palavras, a indignidade é a privação do direito hereditário, determinada por lei, a quem cometeu certos atos ofensivos, previamente definidos pelo legislador, à pessoa do autor da herança ou, em algumas hipóteses, a seus parentes próximos. 
Tem natureza de pena. Uma vez apenado, será excluído da sucessão. Em alguns países é chamada de ingratidão. Ex: Suzane Von Richthofen foi excluída da sucessão por ter matado seus pais. 
2) Semelhanças e Diferenças: 
Os efeitos de ambas são os mesmos, qual seja: a exclusão da sucessão hereditária. São penalidades de afastar da sucessão. 
O rol das causas de indignidade e deserdação é taxativo/exaustivo e, por isso, não comporta interpretação extensiva ou ampliativa. 
Ambas dependem de ação própria na esfera civil para serem reconhecidas. Ou seja, deve ser reconhecida a indignidade ou a deserdação por sentença transitada em julgado, independentemente da causa. 
	INDIGNIDADE
	DESERDAÇÃO
	Os efeitos decorrem de lei, ou seja, se apresenta na sucessão legítima. Quem fala se é indigno é o legislador, porém compete aos interessados promoverem a exclusão o indigno. 
	Só ocorre por ato de vontade, ou seja, é o testador, por meio de testamento que deserda. Parte sempre da vontade do falecido. As causas estão na lei, mas o testador tem que falar. 
	As causas de indignidade estão no rol taxativo do artigo 1814, CC. 
	As causas de deserdação estão no rol taxativo do artigo 1814, CC + artigo 1962 e 1963, CC. 
	Aplica-se a todo e qualquer sucessor, ou seja, tanto para herdeiros quanto para legatários. 
	Alcança apenas os herdeiros necessários, ou seja, ascendente, descendente e cônjuge ou companheiro. 
3) Causas de indignidade: Art. 1.814, CC: São excluídos da sucessão os herdeiros ou legatários: Não cabe ampliação dessas causas. 
I - que houverem sido autores, co-autores ou partícipes de homicídio doloso, ou tentativa deste, contra a pessoa de cuja sucessão se tratar, seu cônjuge, companheiro, ascendente ou descendente; Homicídio doloso, consumado ou tentado. Se for homicídio culposo, se estiver presente alguma causa de exclusão da antijuricidade ou se houver a existência do erro sobre a pessoa, não será possível a exclusão. O CC estende essa causa de exclusão quando a vítima do homicídio, consumado ou tentado, for o cônjuge, companheiro, ascendente ou descendente do autor da herança. 
II - que houverem acusado caluniosamente em juízo o autor da herança ou incorrerem em crime contra a sua honra, ou de seu cônjuge ou companheiro; Denunciação caluniosa em juízo criminal ou crimes contra a honra. A denunciação caluniosa há de ser feita em Juízo, seja em processo judicial em curso, seja mediante representação ao Ministério Público, sendo que a eventual denunciação caluniosa feita perante a Autoridade Policial não permite a exclusão com fundamento nesse dispositivo.
III - que, por violência ou meios fraudulentos, inibirem ou obstarem o autor da herança de dispor livremente de seus bens por ato de última vontade. Inibir ou obstar o autor da herança de testar. Neste caso, o herdeiro/legatário, por meios diversos (fraude, violência física ou moral) impede que o autor da herança produza testamento válido, inibindo sua manifestação de vontade, ou obsta a produção de efeitos de testamento já realizado, destruindo ou adulterando a cártula, por exemplo. 
4) Procedimento da exclusão: esse procedimento é indispensável em qualquer das causas de indignidade. Aquele que for declarado indigno sofre uma pena de ser afastado da sucessão. Art. 1.815, CC: A exclusão do herdeiro ou legatário, em qualquer desses casos de indignidade, será declarada por sentença. O indigno é declarado indigno por meio de uma sentença cível, independentemente da hipótese de indignidade. Portanto, como a indignidade é uma pena, precisa de um procedimento próprio, ou seja, de uma ação civil na qual há uma sentença civil que declara a indignidade. A sentença condenatória transitada em julgado do crime praticado pelo herdeiro, por si só, não basta para a exclusão, pois em todos os casos é necessária a ação civil própria. A sentença do crime e a sentença da ação civil são penas diferentes, sendo que a primeira é patrimonial. Porém, as duas penalidades precisam do contraditório. OBS: O procedimento civil não se confunde com o procedimento penal/criminal. OBS: A indignidade não opera efeitos automáticos. 
Em relação aos efeitos da condenação, a indignidade não é efeito da condenação, pois se fosse não precisava de procedimento próprio, mas como não é, precisa. 
- Legitimidade: quem pode promover a ação visando à exclusão por indignidade. 
a) Todo e qualquer sucessor, em regra, tem essa legitimidade, mesmo aqueles que não serão chamados à sucessão por causa da ordem de vocação hereditária. Até o herdeiro testamentário (legatário) tem legitimidade. É uma legitimidade concorrente, ou seja, um não exclui o outro. Não precisa ser herdeiro necessário. Aplica essa legitimidade em qualquer das causas de indignidade (art. 1.814). 
b) Art. 1.815, CC, § 2o Na hipótese do inciso I do art. 1.814, o Ministério Público tem legitimidade para demandar a exclusão do herdeiro ou legatário. O MP não tem legitimidade para atuar em ações referentes a interesses privados em razão da sua finalidade como instituição. Porém, o Art. 1.815, CC sofreu alteração pela Lei 13.532/17 e, atualmente, permite a exclusão iniciada pelo MP apenas no caso de homicídio tentado ou consumado (art. 1.814, I). Portanto, a legitimidade do MP é exclusivapara o caso de homicídio e nenhum mais. Quando tiver menor envolvido, o MP é ouvido como fiscal da lei, mas não é representante do menor. 
c) O Município do último domicílio do autor da herança também é legitimado, porém, é uma legitimidade especial (restrita). Nos casos em que o Município, desde o início do processo, demonstrar que a herança lhe beneficia, pois o autor deixou apenas um herdeiro, o qual poderá ser excluído, pode ingressar com a ação. Aplica essa legitimidade em qualquer das causas de indignidade (art. 1.814).
- Prazo: Art. 1.815, CC, § 1o O direito de demandar a exclusão do herdeiro ou legatário extingue-se em quatro anos, contados da abertura da sucessão. O prazo é de quatro anos da abertura da sucessão. Não importa se praticar o ato de indignidade em uma data e a pessoa morrer anos mais tarde, pois o prazo se iniciará da abertura da sucessão apenas. Isso só não ocorre se tiver perdão do ofendido. 
Se caso o autor do homicídio for o filho e só for descoberta a autoria do crime depois de passados quatro anos, a jurisprudência entende que, nesse caso, o prazo se inicia da data em que for descoberta a autoria e não na data da abertura da sucessão. 
5) Efeitos da exclusão: os efeitos da sentença de exclusão são:
a) Ex tunc: retroativos até a data da abertura da sucessão. Para promover a ação de exclusão, os herdeiros não precisam esperar o desfecho da ação criminal, mas se forem ações simultâneas, o juízo cível suspende o processo civil e aguarda a sentença criminal. 
b) Pessoais: sempre. A indignidade é uma pena e a pena não pode passar da pessoa do criminoso. Art. 1.816, CC: São pessoais os efeitos da exclusão; os descendentes do herdeiro excluído sucedem, como se ele morto fosse antes da abertura da sucessão. Aplicam-se os efeitos apenas à pessoa que praticou a indignidade. O indigno é como se fosse pré-morto (aquele que morre antes; quando o descendente falece antes do ascendente) e seus herdeiros sucedem à sucessão por representação. Ou seja, como s efeitos são pessoais, tem como consequência o direito de representação, pois se não os herdeiros do excluído também seriam excluídos e isso não é justo, pois a pena passaria da pessoa do indigno. Parágrafo único. O excluído da sucessão não terá direito ao usufruto ou à administração dos bens que a seus sucessores couberem na herança, nem à sucessão eventual desses bens. O indigno não pode alcançar a herança de qualquer jeito, sendo que se seus herdeiros falecerem, ele não pode pegar a herança que lhes foi dada. 
c) Restituição: se procedente a ação de exclusão somente após a partilha, o juiz determina que o acervo recebido pelo excluído seja devolvido. Art. 1.817, CC, Parágrafo único: O excluído da sucessão é obrigado a restituir os frutos e rendimentos que dos bens da herança houver percebido, mas tem direito a ser indenizado das despesas com a conservação deles. O indigno não tem presunção de boa fé em nenhum momento, pois é considerado, desde logo, possuidor de má-fé. Art. 1.817, CC: São válidas as alienações onerosas de bens hereditários a terceiros de boa-fé, e os atos de administração legalmente praticados pelo herdeiro, antes da sentença de exclusão; mas aos herdeiros subsiste, quando prejudicados, o direito de demandar-lhe perdas e danos. Se o indigno fizer alguma alienação onerosa a terceiro de boa fé antes da exclusão, elas são mantidas/preservadas. Mas o indigno, por ser possuidor de má fé, tem que restituir o valor do bem (dar o equivalente em dinheiro) aos herdeiros. As alienações gratuitas são desfeitas. 
6) Perdão do ofendido: O perdão é também chamado de reabilitação que é a capacidade que o ofensor tem que ser habilitado novamente para participar da sucessão. O ofendido, em qualquer dos casos do art. 1.814, CC (menos homicídio consumado, pois ele morre) pode perdoar o ofensor e, uma vez perdoado, ocorre à reabilitação, ou seja, o ofensor não pode ser afastado da sucessão. A matéria é de ordem privada e admite perdão. Esse perdão não gera efeitos na esfera penal, ou seja, o ofensor será punido pelo crime que praticar, mas gera efeitos na civil, ou seja, pode deixar de ser excluído da sucessão se o ofendido quiser. O perdão é um ato personalíssimo, ou seja, só pode ser dado pelo ofendido. Os herdeiros não podem perdoar, mas podem deixar de promover a ação de exclusão. 
O perdão diz respeito a determinado fato apenas (fato especifico), pois o perdão genérico não é admitido. 
- Formas de ser concedido o perdão: Art. 1.818, CC: Aquele que incorreu em atos que determinem a exclusão da herança será admitido a suceder, se o ofendido o tiver expressamente reabilitado em testamento, ou em outro ato autêntico. Pode o perdão ser feito por meio de testamento (causa mortis; expressamente tem que estar escrito no testamento que perdoa). Também admite que seja feito o perdão por qualquer outro ato autêntico (em vida). Para a doutrina minoritária, esse ato autêntico tem que ser escrito público ou particular. Porém, para a doutrina majoritária, o ato autêntico é aquele ato inequívoco (contra o qual não há dúvida) e não precisa necessariamente ser escrito. Ex: feito o perdão a frente de duas testemunhas ou se houver reaproximação entre ofendido e ofensor. A doutrina majoritária segue esse entendimento, pois se o CC quisesse que fosse feito necessariamente por forma escrita, tinha deixado expresso no Código como faz em outras situações. Parágrafo único: Não havendo reabilitação expressa, o indigno, contemplado em testamento do ofendido, quando o testador, ao testar, já conhecia a causa da indignidade, pode suceder no limite da disposição testamentária.

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