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Administração de marketing ANA RAQUEL ROCHA ISABELLA ROCHA 1ª Edição Brasília/DF - 2018 Autores Ana Raquel Rocha Isabella Rocha Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração Sumário Organização do Livro Didático........................................................................................................................................4 Introdução ..............................................................................................................................................................................6 Capítulo 1 Conceitos Fundamentais à Administração de Marketing .................................................................................7 Capítulo 2 Aplicabilidade de Marketing e a Satisfação do Consumidor ........................................................................ 18 Capítulo 3 Marketing de Relacionamento ................................................................................................................................ 29 Capítulo 4 Marketing Direto .......................................................................................................................................................... 44 Capítulo 5 Vendas ............................................................................................................................................................................ 51 Capítulo 6 Planejamento Estratégico de Marketing ............................................................................................................. 64 Referências .......................................................................................................................................................................... 77 4 Organização do Livro Didático Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares. A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização do Livro Didático. Atenção Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a síntese/conclusão do assunto abordado. Cuidado Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado. Importante Indicado para ressaltar trechos importantes do texto. Observe a Lei Conjunto de normas que dispõem sobre determinada matéria, ou seja, ela é origem, a fonte primária sobre um determinado assunto. Para refletir Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões. 5 ORgAnIzAçãO DO LIVRO DIDátICO Provocação Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor conteudista. Saiba mais Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões sobre o assunto abordado. Sintetizando Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos. Sugestão de estudo complementar Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso. Posicionamento do autor Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado. 6 Introdução Este caderno destina-se a tratar de tópicos relevantes à Administração de Marketing. Você conhecerá conceitos e ferramentas que lhe permitirão refletir e agir diante do que precisa ser feito nesta área. Os seis capítulos que se seguem abordam questões que vão desde o conceito de marketing até o seu planejamento estratégico. Leituras adicionais são sugeridas ao longo dos capítulos e, também, algumas curiosidades e termos pertinentes ao tema em questão são apresentados. Aproveite! Objetivos Este caderno de estudos tem como objetivos: » Apresentar conceitos fundamentais à Administração de Marketing. » Tratar de sua aplicabilidade em direção à satisfação do consumidor. » Tratar de temas específicos como marketing de relacionamento, marketing direto e vendas. » Abordar questões relativas ao planejamento estratégico de marketing. 7 Apresentação Marketing é um termo que tem sido usado pelas pessoas, por vezes, com o sentido deturpado. Não raro, diz-se que alguém conseguiu o que queria no trabalho, por exemplo, porque é “muito marketeiro”. Neste sentido, o termo carrega sentido negativo, como se o intuito dos profissionais de marketing fosse enganar ou tirar proveito das pessoas. Ao contrário, a disciplina destina-se a identificar e propor maneiras de promover a satisfação dos consumidores por meio da entrega de produtos e serviços adequados às suas expectativas. Este capítulo destina-se a apresentar o marketing para o aluno e, além disso, conceitos e ferramentas necessários à sua administração. Espera-se, com isto, contribuir para promover uma reflexão sobre a complexidade que envolve o tema “Administração de Marketing” e o desafio que enfrentam os profissionais da área neste processo. Objetivos Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta capítulo, você seja capaz de: » Refletir sobre a complexidade envolvida nas atividades de marketing. » Fazer uso de alguns conceitos e ferramentas fundamentais à administração de marketing. » Refletir sobre o papel da gerência de marketing no processo de administração de marketing. Introdução Inicio este capítulo dividindo com você uma frase que certa vez escutei de um profissional de Marketing: “Marketing é igual à piscina Tone, todo mundo acha que dá pé.” 1 AULA COnCEItOS FUnDAMEntAIS À ADMInIStRAçãO DE MARKETING 8 CAPÍTULO 1 • COnCEItOS FUnDAMEntAIS À ADMInIStRAçãO DE MARKETING Tratava-se de uma queixa. Ele se referia a três características da piscina para explicar a analogia: a piscina era rasa, não representando perigo para quem dela se utilizava; barata, o que a tornava acessível a uma parcela significativa do mercado; e popular, de forma que todos a conheciam, ainda que não tivessem feito uso de uma. A afirmação chama a atenção, pertinentemente, para o fato de muitas pessoas acharem que entendem de marketing só porque o termo se popularizou e alguns conceitos ligados à atividade se tornaram conhecidos do público em geral. Para ele, era como se essas pessoas se apropriassem do conhecimento de práticas “rasas e baratas” – ainda que amplamente difundidas – acreditando que tais práticas, por si só, garantiriam o sucesso das empresas. Será que é simples assim? Fica a pergunta. Ao longo deste capítulo, você terá a oportunidade de conhecer o Marketing e algumas ferramentas e conceitos nos quais se baseiam algumas práticas adotadas pelas empresas. Por ora, sugiro a leitura do texto de Rocha e Christensen (1987, p. 39) para iniciar uma reflexão acerca do assunto. Marketing tem sido definido de formas bastante diferentes. Para Peter Drucker, é um processo social; para Levitt, um processo de troca; para Philip Kotler, um instrumento gerencial. O marketing parte da ideia de que a demanda e a oferta são heterogêneas, isto é, de que a demanda provém de um conjunto de consumidores cujas preferências são distintas entre si, e de que a oferta é composta por um conjunto de fabricantes cujos produtos apresentam certo grau de dissimilaridade. O marketing procura obter o melhor acoplamentopossível entre segmentos de oferta e de demanda. Existem apenas duas formas pelas quais o marketing ajuda a produzir o ajustamento entre oferta e demanda: oferecendo maior satisfação ao consumidor ou oferecendo a mesma satisfação por menor custo. Qualquer que seja a forma utilizada, cada organização busca o segmento da demanda que está mais bem aparelhada para atender. Para isto, precisa desfrutar de alguma vantagem competitiva diferencial. (Fonte: Marketing: teoria e prática no Brasil. Rocha e Christensen, cap. 1, sumário, 1987). O que é marketing? É possível encontrar na literatura algumas definições para Marketing. Aliás, Boone e Kurtz (2002) arriscam dizer que você consegue chegar a tantas respostas diferentes que quiser, quantas forem as pessoas a quem você pedir que definam Marketing. Eles alegam que muitos associam Marketing à propaganda, que promove a exposição contínua de produtos e serviços, e à venda, em função da experiência pessoal de consumo. 9 COnCEItOS FUnDAMEntAIS À ADMInIStRAçãO DE MARKETING • CAPÍTULO 1 Vejamos as seguintes definições: » Marketing é um processo administrativo e social pelo qual indivíduos e grupos obtêm o que necessitam e desejam, por meio da criação, oferta e troca de produtos e valor com os outros (KOTLER; ARMSTRONG, 2003, p. 3); » Marketing é a atividade, conjunto de instituições e processos para criar, comunicar, distribuir e efetuar a troca de ofertas que tenham valor para consumidores, clientes, parceiros e a sociedade como um todo (AMA – AMERICAN MARKETING ASSOCIATION, 2007); » Marketing é o processo de planejamento e execução da concepção, preço, promoção e distribuição de ideias, bens, serviços, organizações e eventos, para criar e manter relacionamentos que irão satisfazer objetivos individuais e organizacionais (BOONE; KURTZ, 2002, p. 9). Como você pode notar, Marketing não é só venda e propaganda. Conforme as definições apresentadas, a atividade exige que o profissional da área considere: » A perspectiva do cliente (individual ou coletivamente) que, ao consumir produtos e serviços, busca, ao menos, saciar suas necessidades; » O papel das instituições que sustentam as relações em Marketing (fornecedores, universidades, entidades públicas e privadas e ajudam a formar uma rede) (KOTLER; ARMSTRONG, 2003, p. 3); » A importância do planejamento e dos processos como meios para garantir satisfação na perspectiva do indivíduo e da organização. Conceitos fundamentais de marketing Para começar a entender de marketing, Kotler e Armstrong (2003, p. 4) sugerem familiaridade com alguns conceitos fundamentais à atividade e, para isto, propõem um esquema em que os conceitos são construídos, progressivamente, com base naquele que o antecede. Veja a figura a seguir: 10 CAPÍTULO 1 • COnCEItOS FUnDAMEntAIS À ADMInIStRAçãO DE MARKETING Os autores conceituam cada termo como segue: » Necessidades humanas: aquelas que resultam de situações de privação, sejam elas necessidades básicas (fisiológicas e de segurança), sociais (de relacionamento e estima) ou individuais (de realização pessoal). Saciar a sede, fazer parte de grupos de lazer e viajar para a cidade dos sonhos são, respectivamente, exemplos de cada um dos grupos de necessidades apresentados. » Desejos: são necessidades humanas influenciadas pela cultura e personalidade do indivíduo. Diante da necessidade de comer, indivíduos podem desejar comidas diferentes, de acordo com sua cultura e personalidade. Isto explica, por exemplo, o desejo específico de comer feijoada para um carioca. » Demandas: são o resultado do investimento de recurso do indivíduo na compra de produtos, cujo valor e satisfação atendam a seus desejos. Considerando-se que os desejos são infinitos, mas os recursos não, no exemplo da comida, a demanda por um restaurante chique, tradicional ou popular, dependerá dos recursos de que dispõe cada pessoa. » Produtos: são bens oferecidos a um mercado para satisfazer uma necessidade ou um desejo dos consumidores. Roupas, carros e comida são produtos que temos facilidade em reconhecer. » Serviços: são “produtos” intangíveis, que agregam valor à venda, ou atividades específicas que não resultam na posse de nada tangível. O serviço de entregas em domicílio (ou delivery, se preferir) é uma modalidade que confere diferencial à venda de produtos tangíveis, e o resultado do trabalho de consultoria exemplificam a “posse de nada tangível” a que se referem os autores. Atenção Fique atento: como apontam Kotler e Armstrong (2003:5), a experiência que o cliente vive é fundamental para ele, influindo nas suas escolhas de compras. Por exemplo, o consumo de produtos e serviços ligados às festas juninas nordestinas traduz muito da experiência vivida no evento. Mais do que isto, confere diferencial aos produtos e serviços oferecidos. 11 COnCEItOS FUnDAMEntAIS À ADMInIStRAçãO DE MARKETING • CAPÍTULO 1 » Valor para o cliente: diferença percebida pelo cliente ao comparar o valor pago e os benefícios encontrados, após adquirir e experimentar um produto ou serviço. É importante considerar que existe um caráter subjetivo envolvido neste julgamento, já que, muitas vezes, o consumidor não está capacitado tecnicamente para avaliar o potencial de uso de um produto ou serviço. » Satisfação do cliente: sensação de correspondência entre a percepção do cliente e sua expectativa, acerca do desempenho de determinado produto ou serviço. A insatisfação, portanto, é resultado de não haver a correspondência esperada. » Qualidade: condição de satisfação do cliente que as empresas devem buscar permanentemente, para além da “simples” ausência de defeitos. » Troca: “ato de obter de alguém um objeto desejado, oferecendo alguma coisa em troca”. » Transações: trocas de valores entre duas partes, podendo ser financeiras, se ao adquirir um produto envolvem dinheiro (compra de uma geladeira por R$800,00), ou de permuta, se há simples troca de produtos ou serviços (troca de discos de vinil por CDs). » Relacionamentos: em Marketing, dizem respeito ao esforço em estabelecer um relacionamento de longo prazo, não só com os clientes, mas, também, com distribuidores e fornecedores. » Mercado: conjunto de compradores atuais e potenciais de um produto. O tamanho de determinado mercado depende das necessidades ou desejos compartilhados por estes indivíduos, dos recursos de que dispõem para efetuar trocas e de sua disposição em oferecer tais recursos em troca dos produtos ou serviços oferecidos. Agora que você conhece alguns conceitos importantes de Marketing, gostaria de propor um exercício. Vamos lá? Para refletir Os autores enfatizam que a “qualidade começa com as necessidades do cliente e termina com sua satisfação”. Neste contexto, uma orientação tem contribuído para o sucesso de ações de marketing: é importante atender ou, melhor, superar as expectativas dos clientes. Para refletir Mais uma orientação de Marketing surge a partir destes conceitos: o ganho inerente a transações e relacionamentos de longo prazo. O que valia no passado já não vale mais. Valorizar o lucro nas transações de curto prazo é desprezar o impacto e os benefícios inerentes à criação de relacionamentos duradouros. Assim, um vendedor que adota uma postura de criar vínculos de longo prazo com seus clientes pode até vender um só produto hoje, mas, no longo prazo, estimula a que seus clientes voltem e comprem com ele com certa regularidade. 12 CAPÍTULO 1 • COnCEItOS FUnDAMEntAIS À ADMInIStRAçãO DE MARKETING Composto de marketing Dos conceitos ligados a Marketing, o composto de marketing figura entre os mais disseminados por acadêmicos e profissionais da área. Há outras terminologias, comumente usadas, para designar o composto de marketing. São elas: marketing mix, mix de marketing e 4 Ps. Kotler (1998:97) define composto de marketing como: Um conjunto de ferramentas que a empresa usa para atingir seus objetivos de marketing no mercadoalvo. O autor lembra McCarthy, que popularizou a classificação dessas ferramentas como 4 Ps, referindo-se às variáveis produto, preço, praça e produção. Rocha e Christensen (1987, p. 37) enfatizam o aspecto de controle que os gerentes de marketing podem exercer sobre cada uma destas variáveis, a fim de melhor ajustar a oferta de produtos e serviços de uma empresa e a demanda existente. Vejamos, a seguir, do que trata cada uma delas: » Produto: bem e/ou serviço oferecido a um mercado, que atenda às necessidades dos consumidores. Cobra (1985, p. 31) destaca que um produto deve possuir características que atendam a tais necessidades, tais como qualidade e padronização (em termos de desempenho e acabamento), modelos e tamanhos de acordo com a expectativa do consumidor e apresentação física (estendida à embalagem e à marca) condizentes com o esperado. » Preço: valor monetário cobrado para a aquisição de um produto ou serviço. Reflete as decisões estratégicas da empresa, no sentido de garantir saúde financeira e de posicionar o produto no mercado. Em relação a esta variável, devem-se considerar as condições a ela relacionadas, como proposto no esquema de Kotler, mas, também, sob que perspectiva deve ser estabelecido e avaliado (da fábrica, do ponto de venda, do atacadista), como sugere Cobra (1985, p. 32). » Praça: locais ou meios pelos quais os produtos são disponibilizados para os consumidores. Está estritamente relacionada aos canais de distribuição, no que diz respeito não só ao canal em si (atacado, varejo ou distribuidor) e suas condições específicas (horário e dia de funcionamento, prazo de entrega), como, também, às condições de transporte e armazenagem (COBRA, 1985, p. 32). Pontos de vendas estrategicamente localizados (físicos ou virtuais) auxiliam o processo de venda, aproximam os consumidores dos produtos e devem promover-lhes comodidade. » Promoção: envolve as atividades que comunicam e conscientizam o cliente sobre o produto, ou serviço, e o estimulam a comprá-lo. Promoções de vendas, pontos de 13 COnCEItOS FUnDAMEntAIS À ADMInIStRAçãO DE MARKETING • CAPÍTULO 1 venda e merchandising, venda pessoal, marketing direto, publicidade e propaganda, relações públicas, patrocínios, mala direta, comunicação na internet, mídias impressas e eletrônicas, feiras, entre outros, são exemplos de ações promocionais. » Mercado-alvo: parte do mercado para o qual a empresa direciona seus produtos e serviços. A definição do mercado-alvo deriva dos objetivos estratégicos da empresa. Figura 1 – Os 4 Ps do composto de marketing. Fonte: Kotler (1998, p. 97) Complementando a descrição apresentada, a Figura 1 mostra o esquema de Kotler, apresentando variáveis específicas de cada um dos Ps do composto de Marketing. SERVIçO Kotler (1998, p. 28) destaca o serviço como um dos três componentes do produto. O autor sugere o entendimento do produto como uma combinação do bem físico, do serviço e das ideias a ele associados. Kotler confere aos bens físicos o status de “veículos que nos prestam serviço”, na medida em que, ao comprar uma geladeira, o consumidor está comprando um bem que 14 CAPÍTULO 1 • COnCEItOS FUnDAMEntAIS À ADMInIStRAçãO DE MARKETING propicia o serviço de armazenamento adequado de alimentos, além da entrega e instalação envolvidas. A ideia, neste caso, está associada ao não desperdício de alimentos, à saúde, entre outras possibilidades. A American Marketing Association (2011) amplia o conceito de serviço afirmando que são “atividades, benefícios ou satisfações que são colocados à venda ou proporcionados em conexão com a venda de bens”. Algumas características de serviço: » é intangível; » não é estocável; » não pode ser transportado; » é perecível; » é inseparável do produto; » sua produção é limitada; » simultaneamente existe a produção e o consumo; » não permite transferência de propriedade; » a interação pessoal faz com que a prestação de serviços seja única; » outras. Composto promocional Você já deve ter notado que compramos bens que nos atendem além do benefício principal que deveria suprir nossas necessidades, não é mesmo? Basta pensar no que significa comprar uma Ferrari em vez de um Fusca, afinal, os dois são carros. Cabe às empresas estabelecer de que maneira irão se comunicar com seus clientes atuais e potenciais, parceiros comerciais, stakeholders e outros, de forma a estabelecer a distinção de seus produtos. O composto promocional serve a este propósito. Segundo Kotler (1998, p. 526), “o composto de marketing consiste em cinco importantes modos de comunicação”: propaganda, promoção de vendas, relações públicas e publicidade, venda pessoal e marketing direto. Vejamos: » Propaganda: um modo de apresentar informação sobre um produto ou serviço de forma a influenciar a atitude do espectador. Kotler chama a atenção para características da Para refletir Curiosidade: Philip Kotler é reconhecidamente um dos principais autores em Marketing e suas ideias seguem influenciando pesquisadores e profissionais da área até hoje. Professor de Marketing Internacional na Kellog University Northwestern Graduate School of Management, em Chicago, é considerado pelo Management Centre Europe como “o maior especialista do mundo sobre a prática estratégica de marketing”. Fonte: Kotler Marketing Group. 15 COnCEItOS FUnDAMEntAIS À ADMInIStRAçãO DE MARKETING • CAPÍTULO 1 propaganda como uma modalidade paga, um meio de promoção de ideias ou serviços e cujo patrocinador é identificado. » Promoção de vendas: incentivos diversos que ajudam a acelerar a venda de um produto ou serviço. Deve estimular a experimentação, em última instância, a compra em si. » Relações públicas e publicidade: segundo Kotler, uma variedade de programas preparados para promover e/ou proteger a imagem de uma empresa ou de seus produtos individuais. » Venda pessoal: um processo de interação pessoal em que é possível para o vendedor prospectar clientes, apresentar produtos ou serviços, esclarecer dúvidas, entender necessidades específicas e concretizar uma venda, efetivamente. » Marketing direto: conjunto de ferramentas de contato informal, tais como correio, telefone, e-mail, que servem para promover interação com clientes, atuais ou potenciais. Kotler destaca as ferramentas de marketing direto como meio para comunicar ou obter respostas dos clientes. » Stakeholder: termo utilizado para designar as partes interessadas (fornecedores, clientes, acionistas, colaboradores, organizações ambientais, entre outros) nas realizações e práticas adotadas por determinada empresa. gerência de marketing Rocha e Christensen (1987, p. 37) sugerem o entendimento da gerência de marketing não como uma área definida, mas como o ato de gerir ações de marketing. Esta perspectiva permite que se reflita sobre marketing como não sendo uma prerrogativa exclusiva do gerente de marketing, o que habitualmente se admite. Para eles, a gerência de marketing é “um conjunto de atividades de marketing dirigidas para o atendimento das necessidades do cliente em longo prazo, tendo em vista seu bem-estar e o sucesso da organização”. Tais atividades consideram: » avaliação de oportunidades de mercado e de capacidade e recursos da empresa; » posicionamento do produto; » determinação do marketing mix; » implementação e controle dos programas de marketing. 16 CAPÍTULO 1 • COnCEItOS FUnDAMEntAIS À ADMInIStRAçãO DE MARKETING OS 4 As DE RICHERS Richers (1994, pp. 20-25) propõe um modelo que, segundo o autor, serve de base para o planejamento das ações de marketing e decisões futuras. O modelo trata de quatro funções que consideram não só a empresa como sua interação como ambiente e, também, permite avaliar os resultados operacionais de acordo com o objetivo da empresa. Os 4 As referem-se a: » Análise: análise do ambiente e identificação das forças de mercado que impactam na empresa, por meio do levantamento e da interpretação de informaçõesde mercado (pesquisas de mercado, sistema de informação mercadológica). » Adaptação: adequação das ofertas (produtos e serviços) à demanda, considerando o resultado da análise do ambiente. Richers chama de composto de apresentação ao conjunto de atributos associados à oferta (design, marca, embalagem, preço e assistência ao cliente). » Ativação: no sentido de fazer com que o produto chegue até o consumidor, de acordo com sua expectativa, inclusive de frequência. Tem na logística, na distribuição e no composto de comunicação, elementos-chave, aos quais o autor se refere como composto de comunicação. » Avaliação: controle e interpretação dos resultados das ações de marketing, de forma que sirvam de base para a tomada de decisões futuras. Além das informações da empresa, Richers afirma que, assim como na análise, a avaliação pode se utilizar de pesquisas ou sistema de informações mercadológicas para sua execução. Veja o que diz Richers (1994, p. 24) sobre o gerenciamento do composto de marketing: Administrar este composto, dentro do objetivo geral de otimizar os recursos à sua disposição, é responsabilidade máxima do principal executivo de marketing numa empresa. Para atingir esse objetivo, cabe ao setor comercial da empresa dosar e combinar cada um dos instrumentos à sua disposição de tal forma que o composto de marketing torne-se “irresistível” para o mercado, ou seja, que a oferta do conjunto de bens e serviços da empresa condiga plenamente com os desejos do seu mercado em potencial (...). Para que isto possa acontecer, incontáveis possibilidades de combinação entre os elementos do composto de marketing são imagináveis, mas certamente algumas dessas combinações são muito mais adequadas do que a maioria das outras. A essência do talento do homem de marketing consiste em encontrar combinações racionais e adequadas à relação produto/mercado sob seu controle. Atenção composto de apresentação + composto de comunicação = composto de marketing Richers (1994, p. 23). 17 COnCEItOS FUnDAMEntAIS À ADMInIStRAçãO DE MARKETING • CAPÍTULO 1 Dizem muitos livros que isto é uma arte. Certamente não é uma ciência, porque nos faltam os elementos para criar modelos de investigação e aplicação que praticamente assegurassem o sucesso da ação mercadológica por antecipação. Cada situação é substancialmente diferente de todas as outras situações e requer a sua própria “mixagem” de instrumentos. Resumo Vimos até agora: » Questões relativas à complexidade envolvida nas atividades marketing, como meio de atingir os objetivos da empresa. » Aspectos que caracterizam o marketing. » Conceitos e ferramentas fundamentais à administração de marketing. » O que se espera da gerência de marketing neste processo. 18 Apresentação Neste capítulo, você conhecerá as aplicabilidades de marketing e entenderá como a administração de marketing pode contribuir para promover a satisfação do consumidor. Neste contexto, a orientação de mercado seguida pela empresa complementa o tópico, já que contribui para dar direção às ações de marketing que ajudam a criar valor para os consumidores. Serão apresentadas ferramentas utilizadas pelas empresas para medir e entender o que mobiliza o consumidor em direção à sua satisfação e, finalmente, entendendo-se que marketing não atua sozinho na empresa, estimula-se, por meio do conceito de cadeia de valor, que o aluno adquira uma visão holística da atuação de marketing para a geração de valor para o consumidor. Objetivos Esperamos que, após o estudo do conteúdo deste capítulo, você seja capaz de: » Compreender as aplicabilidades de marketing. » Refletir sobre o papel da administração de marketing na criação de valor para o consumidor. » Identificar aspectos que contribuem para a criação de valor para o consumidor. » Perceber o papel de marketing em uma perspectiva holística dentro da empresa. Introdução Tão importante quanto conhecer conceitos de marketing é entender sua aplicabilidade. Usualmente, associamos marketing a um departamento, dentro de uma empresa, e à equipe responsável por determinar de que maneira se comunicar com o consumidor final. Também a ideia de que marketing é responsável por comunicar produtos e serviços, a fim de estimular sua compra, é relativamente comum entre os alunos. 2 AULA APLICABILIDADE DE MARKETING E A SAtISFAçãO DO COnSUMIDOR 19 APLICABILIDADE DE MARKETING E A SAtISFAçãO DO COnSUMIDOR • CAPÍTULO 2 Não é errado afirmar isto, no entanto, como propõem alguns autores, é possível conferir aplicabilidade a marketing para além dos produtos e serviços, como vocês poderão verificar em seguida. Some-se a isto que, em última instância, o que as empresas desejam não é só vender seus produtos e serviços, mas estabelecer relações de longo prazo com os consumidores. Isto marketing não faz sozinho. A administração de marketing, em sentido mais amplo, pode levar à satisfação desses consumidores. Cliente satisfeito confere valor àquilo que adquiriu. A aplicabilidade de marketing se estende um pouco mais além do que sua capacidade em comunicar-se com o consumidor. Espera-se que os profissionais da área sejam capazes de se articular não só externamente (com agências de publicidade, mídias diversas), como, também, internamente (com outras áreas da empresa), de forma a “captar, manter e fidelizar os consumidores”. Assim, toda a cadeia de valor da empresa, conceito sobre o qual falaremos no capítulo, servirá de meio para “criar, entregar e comunicar valor para o cliente”. Aplicabilidade de marketing A aplicabilidade de marketing nas empresas aparece não só no processo de comercialização de bens e serviços, como facilmente se associa, mas, também, a outras categorias específicas, como sinalizam Kotler e Keller (2006). Os autores citam também a aplicabilidade do marketing aos eventos, às experiências, às pessoas, aos lugares, às organizações, às informações e às ideias. Vejamos como cada uma destas categorias confere aplicabilidade ao marketing: » Eventos: frequentemente, as empresas fazem uso de eventos para promover uma marca, um produto, um serviço. Seja participando deles, como em uma feira ou congresso de 20 CAPÍTULO 2 • APLICABILIDADE DE MARKETING E A SAtISFAçãO DO COnSUMIDOR determinado segmento, seja promovendo-o integralmente. A Nike, por exemplo, promove, periodicamente, uma série de corridas, em várias cidades do mundo. Pela internet é possível saber mais: <http://nikerunning.nike.com/nikeos/p/nikeplus/pt_BR/>. » Lugares: estabelecendo uma ligação com o item anterior, os eventos podem divulgar países, estados, cidades e seus pontos turísticos, além de estimular ações de desenvolvimento para melhor atender a seus visitantes. As obras da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos que aconteceram no Brasil são exemplo disto. Espera-se que o legado dos jogos amplie o turismo no País, a exemplo do que aconteceu em edições anteriores destes eventos. Assista ao vídeo “Rio 2016 – A paixão nos une”, em <http://www.youtube.com/watch? v=24Kd5E0tDb0&feature=related>. » Experiências: a atenção à experiência que o cliente vive, quando adquire um bem ou serviço, tem mobilizado os profissionais de marketing, no sentido de criar ações diferenciadas que tornem o momento vivido inesquecível. Para aqueles que foram ao Rock in Rio 2011, por exemplo, a experiência de assistir aos shows principais foi complementada por uma série de atividades que aconteciam paralelamente e que justificavam que você saísse de casa no início da tarde e só voltasse no dia seguinte. Só a rua inspirada em Nova Orleans já é um bom exemplo; no entanto, falar da experiência no evento sem citar a roda-gigante e a tirolesa é quase uma injustiça com o Rock in Rio. O vídeo sugerido traz uma retrospectiva do evento, além do projeto 2011, veja em: <http://www.youtube.com/watch?v=nOBGuPZ-hbc>. » Pessoas: já notou que é possível saber de uma celebridade, por vezes, até mais do que se deseja? Por trás de tantadivulgação pode haver um profissional de marketing atento a mantê-la em voga, para que não caia no esquecimento das pessoas ou para contribuir para a manutenção de determinada imagem junto a seus fãs ou a outros profissionais de seu interesse. É importante dizer que o marketing não serve somente às celebridades, mas, também, a empresários, profissionais de destaque. As notícias sobre Steve Jobs, CEO da Apple, é um exemplo recente de marketing aplicado a pessoas. Sua biografia, recém-lançada, é mais uma ação de marketing que contribui para a manutenção de sua imagem, após o seu falecimento. » Curiosidade: CEO (Chief Executive Officer) é a sigla que designa, em algumas empresas, o seu principal executivo. Outras empresas adotam para esta posição termos em português, como Presidente, Diretor-Geral, entre outras. » Organizações: de forma similar às pessoas, marketing aplica-se às organizações no sentido de mantê-las na lembrança do consumidor e de construir e manter sua reputação positiva. Por exemplo, as ações de responsabilidade social e ambiental têm se mostrado eficazes para criar e manter a imagem positiva das empresas. Veja o caso da Petrobras: em 21 APLICABILIDADE DE MARKETING E A SAtISFAçãO DO COnSUMIDOR • CAPÍTULO 2 seu site oficial há uma divisão, “Meio Ambiente e Sociedade”, que se destina a divulgar projetos desta natureza. » Curiosidade: marketing de experiência: termo utilizado para designar um conjunto de ações de marketing que permitam aos consumidores experimentar sensações de prazer relacionadas ao bem ou serviço, diferentes do que aconteceria sem elas. Por exemplo, quando se visita o parque da Disney, a disposição dos brinquedos, o convívio com os personagens, a música que toca, a ambientação, conferem ao momento de diversão diferenciais que tornam a experiência inesquecível. » Informações: livros, revistas, jornais e internet são meios usuais pelos quais as informações podem ser comercializadas. Kotler e Kelly lembram que o conteúdo transmitido em sala de aula, em escolas e universidades, também, são informações comercializadas como produto. Paga-se para ter acesso a elas. » Ideias: “produtos e serviços são plataformas para a entrega de algum conceito ou benefício”. Neste contexto, marketing aplica-se à disseminação da ideia por trás dos produtos e serviços. Uma moto Harley-Davidson, mais do que uma moto, pode significar “liberdade sobre rodas” para muitos. Quem passa no teste do bafômetro durante uma blitz da lei seca, da mesma forma, pode sublimar o fato de tratar-se de uma lei e desfrutar da sensação de demonstrar compromisso com sua segurança, e a dos demais, nas rodovias. Aspectos como estes devem ser valorizados em ações de marketing. Marketing e a satisfação dos consumidores O marketing das empresas, para além das competências direcionadas ao desenvolvimento de produto, comunicação de seus atributos, determinação dos canais de distribuição, formulação de preços, busca, por meio da oferta de produtos e serviços, atender os consumidores em suas necessidades. Mais do que isto (que não é pouco), cabe aos profissionais da área desenvolver maneiras de estabelecer relações de longo prazo com estes clientes. A administração de marketing tem por finalidade garantir que os processos envolvidos na relação de troca empresa x consumidor, promovam, para este último, a percepção de que algo de valor foi adquirido por ele. Kotler e Keller (2006:4) definem a administração de marketing como: “a arte e a ciência da escolha de mercados-alvo e da captação, manutenção e fidelização de clientes por meio da criação, da entrega e da comunicação de um valor superior para o cliente”. 22 CAPÍTULO 2 • APLICABILIDADE DE MARKETING E A SAtISFAçãO DO COnSUMIDOR Boone e Kurtz (2002, p. 13) definem orientação para o consumidor como uma filosofia de negócios incorporando o conceito de marketing que enfatiza, primeiro, a determinação das necessidades não satisfeitas dos consumidores e, em seguida, a projeção de um sistema para satisfazê-las. Diferentes orientações das empresas para o mercado É importante que as empresas determinem sua orientação de mercado com vistas a planejar e executar ações em consonância com tal orientação. Diante de tantas opções que o cliente tem a seu dispor, sua escolha de um produto ou serviço pode ser consequência, inclusive, da orientação de mercado de determinada empresa. Basta pensar em dois ou três supermercados (ou qualquer outro tipo de empresa) que existam em sua cidade. Eles são iguais em termos de ofertas e serviços? Se não, provavelmente possuem orientações de mercado distintas. No tópico anterior, vimos a definição de Boone e Kurtz para orientação ao consumidor. Há outras classificações, segundo Kotler e Keller (2006), veja: » Orientação para o produto: a empresa privilegia a produção de bens e serviço de qualidade e desempenho superior, acreditando que esta seja a preferência do consumidor. Percebe-se, em empresas que adotam este tipo de orientação, um esforço permanente em inovar ou aperfeiçoar seus produtos. Pode-se citar a Apple como um exemplo de empresa orientada para produto. » Orientação para produção ou custo: consiste em que a empresa produza bens de “baixo custo e fáceis de encontrar”. O enfoque, neste caso, é a combinação de eficiência na produção, nos custos baixos e na distribuição do produto. Uma empresa que trabalha sob esta orientação é a Haier – principal empresa chinesa produtora de artigos de linha branca (geladeira, máquinas de lavar) – que tem se beneficiado, entre outras coisas, do uso mão de obra barata. » Orientação para vendas: exige da empresa um esforço maior em despertar no comprador o desejo de adquirir o produto que vende. “O objetivo é vender aquilo que fabrica e não o que o mercado quer”. Por exemplo, é razoável pensar que jazigos funerários não constem na lista dos itens de maior desejo dos consumidores. Por isso, talvez, a Sinaf Seguros tenha se esforçado em sua divulgação para chamar a atenção das pessoas. Por meio de peças publicitárias “especialmente” bem-humoradas, a empresa tornou o assunto mais leve e, quem sabe, tenha se tornado uma referência de seguro para muitos consumidores. » Orientação para marketing: é o que Boone e Kurtz chamam de orientação para o consumidor. “O que se precisa não é mais encontrar os clientes certos para seu produto, mas sim os produtos certos para seus clientes”. 23 APLICABILIDADE DE MARKETING E A SAtISFAçãO DO COnSUMIDOR • CAPÍTULO 2 Aspectos que contribuem para criar valor para o consumidor Você já deve ter escutado dizer que o importante é fazer entregas de valor para o consumidor e promover sua satisfação. Mas, o que é valor para o consumidor? Segundo Kotler (1998, p. 50): Valor entregue ao consumidor é a diferença entre o valor total esperado e o custo total do consumidor. Valor total para o consumidor é o conjunto de benefícios esperados por determinados produtos ou serviços. Custo total do consumidor é o conjunto de custos esperados na avaliação, obtenção e uso do produto ou serviço. Como representado na figura a seguir: Figura 2 – Determinantes do valor entregue ao consumidor. Valor do produto Valor dos serviços Valor dos funcionários Valor total para o consumidor Valor entregue ao consumidor Custo Total do consumidor Valor da imagem Custo Monetário (preço) Custo de tempo Custo de energia física Custo de energia psíquica Fonte: Phillip Kotler, Administração de marketing. 5ª ed., São Paulo: Atlas, 1998. Observe que, na perspectiva do cliente, somente a entrega de um produto de qualidade não caracteriza um valor de entrega positivo, visto que é isto que, em última instância, pretendem as empresas. Somam-se ao produto a qualidade dos serviços a ele associados, o atendimento dos funcionários envolvidos na compra (direta ou indiretamente) e a imagem que o cliente faz da empresa. 24 CAPÍTULO 2 • APLICABILIDADE DE MARKETING E A SAtISFAçãO DO COnSUMIDOR Pense naquelecarro popular que você tanto deseja comprar. Você pode comprá-lo da marca X ou Y. Suponha que ambos cabem no seu orçamento e que atenderão suas às necessidades imediatas. Após ser apresentado às marcas, em momentos diferentes, você conclui que a marca X lhe oferece uma série de facilidades e serviços (garantia e manutenção diferenciadas, por exemplo), o que leva você a avaliá-la como aquela que oferece o melhor pacote de serviços. Além disso, a receptividade do funcionário da marca X não só é boa, como reforça a imagem positiva que você já tinha da marca. Perfeito. O somatório destes atributos é que leva à percepção de maior valor total para o consumidor. Você só não comprará o carro da marca X se o custo total do consumidor for maior que o valor total para o consumidor. Por exemplo, assumindo que você tenha dinheiro para comprar o carro (custo monetário), qualquer que seja a marca, se o da marca X exigir de você maior dispêndio de tempo (no processo de compra) ou energia física ou psíquica (a influência de terceiros, por exemplo) na compra. Custo monetário, custo de tempo, custo de energia física e psíquica são formadores do custo total do consumidor. Volte à Figura 2. Concluindo e reforçando o que foi dito anteriormente, você comprará o carro da marca que lhe entregar o maior valor ao consumidor. Na perspectiva da empresa, a marca X pode melhorar sua oferta: 1) melhorando a qualidade do produto, treinando seus funcionários para garantir um atendimento de qualidade e aumentando os benefícios ligados ao produto (por exemplo, os serviços), e 2) diminuindo o custo monetário do produto, melhorando seus processos (de modo a diminuir os custos de tempo, energia física e psíquica envolvidos na venda). Meios para promover a satisfação do consumidor Dando continuidade ao tópico anterior, é hora de falar sobre a satisfação do consumidor. Tendo efetuado a compra do carro da marca X, espera-se que a compra tenha despertado o sentimento de prazer no consumidor. No entanto, não raro, é possível constatar certo desapontamento por parte de consumidores no pós-compra. Satisfação (KOTLER, 1998, p. 53) é “o sentimento de prazer ou de desapontamento resultante da comparação do desempenho esperado pelo produto (ou resultado) em relação às expectativas da pessoa”. O autor salienta que as experiências anteriores de compra, recomendações de terceiros, informações disponíveis e promessas das empresas contribuem para a formação de expectativa do consumidor. Daí em diante, fica fácil entender que: » se a compra atender às expectativas do consumidor, ele ficará satisfeito; 25 APLICABILIDADE DE MARKETING E A SAtISFAçãO DO COnSUMIDOR • CAPÍTULO 2 » se excedê-las, isto propiciará que o cliente fique encantado com sua compra; » por outro lado, se não atingir tais expectativas, a insatisfação se dará e é isto que as empresas devem evitar. Vejamos o que acontece quando vamos a um restaurante. Se pedirmos um bife com batatas fritas, teremos uma ideia de quanto tempo ele leva para ficar pronto, não é mesmo? Afinal, com algumas exceções, muitos de nós já experimentamos um bife com batatas fritas. Sendo assim, leia a figura a seguir: Figura 3– Simulação da satisfação do cliente, tendo como critério o tempo para a entrega de determinado prato à mesa do consumidor. A tabela simula o tempo de entrega do bife com batatas fritas à mesa do consumidor. Imaginando que para ele 25 minutos sejam suficientes, entre o pedido e a entrega do prato à mesa, uma vez atingido este tempo, pode-se considerá-lo satisfeito com o tempo de espera. Por outro lado, 40 minutos para esta mesma entrega deve levá-lo à insatisfação. O encantamento só ocorrerá se ele for surpreendido, como sugere o exemplo, com a entrega do prato em menos tempo que o esperado. No caso, em 15 minutos. Fica claro que a experiência prévia de se ter uma ideia de quanto tempo leva para um bife com batatas fritas ficar pronto foi crucial para a formação da expectativa do consumidor. No entanto, se quiséssemos estender o exemplo, a recomendação de um amigo quanto à rapidez com que os pratos são servidos ou a propaganda do estabelecimento enfocando o tempo como atributo de diferenciação afetariam a expectativa do cliente da mesma maneira. Conheça algumas ferramentas utilizadas pelas empresas para acompanhamento e mensuração da satisfação do consumidor, relacionadas na Quadro 1: Quadro 1 – Adaptado de “Ferramentas para rastrear e mensurar a satisfação do consumidor”,. Ferramenta Descrição Sistema de reclamações e sugestões Formulário para comentários sobre experiência vivida na empresa, caixa de sugestões, linhas 0800 para uso dos consumidores, ombudsman etc. Mais do que um registro do que pode não estar funcionando bem, um sistema de reclamações e sugestões bem utilizado pelas empresas pode levar a ações concretas de melhorias nos processos, treinamento, estrutura etc. 26 CAPÍTULO 2 • APLICABILIDADE DE MARKETING E A SAtISFAçãO DO COnSUMIDOR Ferramenta Descrição Levantamento dos níveis de satisfação dos consumidores Envio de questionários ou ligações para os consumidores são um meio usual de levantar seus níveis de satisfação em relação a um produto ou serviço. também pesquisas encomendadas a terceiros servem ao mesmo propósito. O importante neste tipo de monitoramento é identificar o que deixa o cliente satisfeito e evitar que troque a empresa por uma de suas concorrentes. Atenção: Kotler ressalta que neste tipo de investigação também é possível fazer perguntas para mensurar a intenção de compra e a disposição do consumidor em recomendar a empresa. Cliente secreto Pessoa, ou empresa especializada, contratada para simular uma compra e, depois, por meio de um relatório, relatar como foi a experiência vivida (aspectos positivos e negativos). trata-se de alguém desconhecido para os vendedores, que o têm como um cliente potencial. Algumas vezes é solicitado pela contratante que o cliente secreto arme alguma “pegadinha” para testar a capacidade dos vendedores de resolver situações imprevistas. Análise dos consumidores perdidos Perder clientes é tudo que uma empresa deve evitar. no entanto, uma vez que isto aconteça, é importante descobrir o porquê. A análise dos consumidores perdidos tem como objetivo identificar o que os fez trocar de fornecedor. Telefonemas diretamente para os consumidores, formação de grupos de foco ou pesquisas contratadas para este fim, devem servir ao propósito de descobrir em que a empresa falhou ou o que é possível fazer para tê-los de volta. Fonte: KOtLER, Philip. Administração de marketing. 5ª ed., São Paulo: Atlas, 1998. Boone e Kurtz (2002, p. 211) falam de programas de medição de satisfação dos clientes ao longo do tempo. O intuito, neste caso, é mais do que refletir um momento específico da empresa na percepção de seus consumidores, mas acompanhar suas mudanças de atitudes e aquilo que afeta sua satisfação, de modo a promover ações de melhoria. Trata-se de um procedimento contínuo para “medir o feedback dos clientes em relação às metas de satisfação do consumidor e desenvolver um plano de ação para melhoria”. Os autores ressaltam que algumas podem se utilizar de sistemas sofisticados, necessitando, por vezes, da ajuda de consultores na sua implantação e monitoramento. Grupos de foco: técnica de discussão sobre determinado tema, realizada em grupo, normalmente de oito a 12 pessoas, coordenadas por um moderador experiente. As discussões costumam durar de uma hora e meia a duas. Cadeia de valor Cadeia de valor é uma ferramenta proposta por Michael Porter, em 1985, como um meio de “identificar maneiras de criar mais valor para o consumidor” (KOTLER, 1998, p. 55). Representa um conjunto de atividades estrategicamente executadas pelas empresas, que vão desde o planejamento até a entrega final do produto (pós-venda, inclusive). Para refletir Ombudsman: é um profissional da empresa que recebe as críticas, sugestões e reclamações dos consumidorese as encaminha aos respectivos responsáveis. Espera-se que seja dado retorno ao cliente em tempo adequado e que a resposta atenda às suas expectativas. Algumas empresas adotam o termo Ouvidor para esta posição. 27 APLICABILIDADE DE MARKETING E A SAtISFAçãO DO COnSUMIDOR • CAPÍTULO 2 Porter considera nove atividades relevantes, desempenhadas pela organização, e as divide em cinco atividades primárias (logística interna, produção, logística externa, marketing e vendas e serviços) e quatro de apoio (infraestrutura da empresa, administração de recursos humanos, desenvolvimento tecnológico e aquisição). Como mostra a figura a seguir: Figura 4 – Reprodução da cadeia de valor. Fonte: Michael Porter, Competitive advantage: creating and sustaining superior performance, em Kotler (1998, p. 56). Note que as atividades primárias relacionam-se à produção da empresa, desde o recebimento de mercadorias, estocagem, produção, depósito e distribuição, marketing, até vendas e assistência técnica. As atividades de apoio, como destaca Porter, perpassam toda a organização, não se limitando aos departamentos responsáveis por cada uma das atividades relacionadas. Dessa maneira, como exemplificam Kotler e Keller (2006, p. 36): Outros departamentos podem ter de realizar algumas atividades de aquisição e contratação de pessoal, por exemplo. A infraestrutura da empresa abrange os custos de administração geral, planejamento, finanças, contabilidade e assuntos jurídicos e governamentais. O conceito de cadeia de valor extrapola as fronteiras da empresa. Além das vantagens competitivas da empresa, Kotler recomenda que se observem as vantagens competitivas daqueles que contribuem para o seu sucesso (fornecedores, distribuidores e consumidores) de forma a se constituir uma rede de entrega de valor superior. 28 CAPÍTULO 2 • APLICABILIDADE DE MARKETING E A SAtISFAçãO DO COnSUMIDOR Resumo Vimos até agora: » A aplicabilidade de marketing em diferentes contextos. » O papel da administração de marketing na criação de valor para o consumidor. » O desenvolvimento de ações que criem valor para o consumidor. » O papel de marketing em uma perspectiva holística dentro da empresa. 29 Apresentação Em um mundo globalizado com referências tão distintas e competitividade acirrada, torna-se necessário um entendimento aprofundado dos mercados e dos consumidores, em suas necessidades e desejos, entre outras variáveis. Este conhecimento não para em si mesmo, mais do que isto, se bem aplicado, serve ao fortalecimento das relações envolvidas na operação de distintos ou, até mesmo, complementares negócios. Neste contexto, pode-se dizer que é imprescindível que as organizações se utilizem dos conceitos e ferramentas de marketing na administração do seu negócio, para estabelecer uma relação de longo prazo com seus clientes e demais stakeholders. As práticas de Marketing de Relacionamento, um subtema de marketing, serão o tópico deste capítulo e, por meio dela, espera-se apresentar ao aluno aspectos que contribuam para o seu entendimento do que é necessário às empresas em seu esforço de estabelecer, com os consumidores, relacionamentos consistentes e duradouros. Objetivos Esperamos que, após o estudo do conteúdo deste capítulo, você seja capaz de: » Refletir sobre a importância da utilização do marketing de relacionamento. » Fazer uso de conceitos e ferramentas fundamentais à administração do marketing de relacionamento. » Reconhecer a importância de cultivar os clientes e aproximá-los das empresas. » Refletir sobre a importância de manter uma relação de longo prazo com os clientes e demais stakeholders, como um meio para contribuir para a sustentabilidade das empresas. 3AULAMARKETING DE RELACIOnAMEntO 30 CAPÍTULO 3 • MARKETING DE RELACIOnAMEntO Introdução Foi-se o tempo em que os clientes eram tratados pelos prestadores de serviço como “descartáveis”, no sentido de que o momento de uma compra definia o relacionamento do cliente com a empresa. Quem de vocês já não viveu, em uma situação de troca de produtos em determinada loja, a sensação de que o vendedor estava sorrindo ao recebê-lo, até que você falou a “expressão mágica”: “só vim fazer uma troca”. O que aconteceu depois? Posso adivinhar: o vendedor fechou a cara, como quem pensa “que droga, perdi minha vez na venda”. Em tempos em que manter clientes não é fácil, face à concorrência acirrada (e, aposta-se, manter um cliente é mais barato que fazer um novo), um dos segredos reside na capacidade das organizações em estabelecer relacionamentos de longo prazo com seus clientes. Mas só com eles? Não. O bom desempenho de uma empresa é de interesse de muitos atores do mercado, os stakeholders. Assim, clientes, fornecedores, investidores e acionistas, comunidade, concorrentes, governo, entre outros, todos têm interesse e participação, direta ou indireta, no sucesso das operações da empresa. Desta forma, também para eles vale a intenção da empresa em estabelecer um relacionamento consistente e de longo prazo. Dito isto, neste capítulo discutiremos a importância do marketing de relacionamento e a sua relevância para o sucesso das organizações. Serão apresentados conceitos e ferramentas aplicados pelas organizações para mensurar e compreender o que deve influenciar na atração e manutenção dos clientes, bem como no relacionamento com os demais stakeholders. Marketing de relacionamento Como podemos definir o Marketing de Relacionamento? Segundo Kotler e Keller (2006), é um conjunto de esforços de Marketing, instrumentalizados para construir um relacionamento sólido e longevo com o mercado, a fim de conquistar ou conservar negócios e clientes, e manter boas relações com os stakeholders. Esta tática tem por objetivo estabelecer pró-ativamente trocas consistentes, para o alcance de resultados sustentáveis das organizações. Resultando em relacionamentos sociais, econômicos e técnicos, perenes e satisfatórios com os stakeholders. E como se inicia o marketing de relacionamento? O que deve ser feito para que a empresa estabeleça boas relações com o mercado? A construção do marketing de relacionamento Sugestão de estudo Sugiro a leitura do texto “O papel dos stakeholders na sustentabilidade da empresa: contribuições para construção de um modelo de análise”, de 2009, dos autores Gomes, Jacovine e Lyra, disponível em: <http://www.anpad.org.br/periodicos/ arq_pdf/a_866.pdf>. 31 MARKETING DE RELACIOnAMEntO • CAPÍTULO 3 inicia-se com a identificação do cliente-alvo, aquele para quem se destina o negócio. Em seguida, cabe o reconhecimento das necessidades e desejos destes clientes, a escolha dos serviços que podem lhes ser prestados, a identificação de parceiros que contribuam para esta relação e a definição da melhor relação “custo x benefício”, dentro deste contexto. Ações de marketing de relacionamento bem desenvolvidas promovem vantagem competitiva à organização e destaque em relação aos concorrentes diretos e indiretos. O objetivo primordial é o de sustentar o cliente pela confiança e a credibilidade apresentadas pela empresa, por meio de seus produtos e serviços. Vale lembrar que: » o relacionamento com o cliente é basicamente de responsabilidade da empresa, cabendo a ela atendê-lo adequadamente, mantê-lo satisfeito e fidelizado; » o marketing de relacionamento não contribui apenas para fechar uma venda pontual, única, mas construir e sustentar um relacionamento perene que resulte em novas vendas, em recomendação a outros clientes e, em última instância, na criação de reputação positiva para a empresa. Kotler e Armstrong (2003:475) afirmam que “é imprescindível, para o estabelecimento de relacionamentos duradouros, a criação de valor e satisfação extraordinários para o cliente. O cliente satisfeito tende a tornar-se fidelizado.” Tal afirmação reforça a importância de se estabelecer um relacionamento saudável entre os clientes e as organizações, para que estas possam sobreviver.Algumas questões devem ser discutidas mais aprofundadamente quando o assunto é a formação de relacionamentos consistentes e duradouros com os clientes. Vejamos algumas delas (KOTLER; ARMSTRONG, 2003:475-476): Valor para o cliente: é a diferença entre a avaliação que o cliente faz dos benefícios e custos relativos de um produto ou de um serviço. Os clientes adquirem bens e serviços de determinada marca ou empresa porque acreditam firmemente que lhes proporcionam o maior valor apresentado, ou seja, que aquela aquisição é vantajosa. As escolhas feitas pelos clientes são impulsionadas pela oferta que lhes apresenta o maior valor, dentro das limitações de custos, de conhecimento, de mobilidade e renda. O que concluímos, então, é que um mix de variáveis compõe o que definimos valor para o cliente, inclusive a força do relacionamento estabelecido com determinada empresa. Para refletir As empresas que não têm como foco um relacionamento ético com o mercado perdem em competitividade. A criação de produtos desenvolvidos com apuro tecnológico, preços diferenciados e distribuição precisa não é suficiente. As transações comerciais devem estar pautadas na integridade das relações. Mensagens enganosas e produtos com desempenhos duvidosos não encontram mais espaço para perpetuação, no dinamismo do mundo globalizado. 32 CAPÍTULO 3 • MARKETING DE RELACIOnAMEntO Valor total para o cliente: valor monetário de um conjunto de benefícios econômicos, funcionais, sociais e psicológicos. O cliente considera se o valor cobrado merece ser pago pelo que ele receberá. Tomemos como exemplo o carro italiano Maserati, cujo valor pode alcançar R$ 2.800.000. Certamente a aquisição deste carro não está ligada só ao meio de transporte que ele é, mas, também, ao símbolo de status que ele representa. Ações de marketing de relacionamento podem ajudar a reforçar o sentimento de exclusividade para o cliente que adquire um bem desta natureza. Proposta de valor: consiste em um conjunto de benefícios entregues aos clientes pela empresa. Os benefícios são entendidos por valor da marca, garantias, durabilidade, formas de pagamento, desempenho, entre outros. Marketing de relacionamento, neste caso, deve estabelecer meios de garantir que tais benefícios sejam cumpridos conforme contratados. Sistema de entrega de valor: envolve as experiências que o cliente experimentará durante o período de obtenção e uso da oferta. Pensemos nas experiências vividas pelo fã de determinado cantor, quando ele vai ao show e experimenta a sensação de ficar próximo do seu ídolo. É da natureza do marketing de relacionamento contribuir para que as experiências de consumo dos clientes sejam satisfatórias. Custo total para o cliente: segundo Adam Smith (apud KOTLER; ARMSTRONG; 2003, p. 475), “O preço real de qualquer coisa é o trabalho e o transtorno de comprá-la”. O custo para o cliente envolve os custos esperados para a efetivação da compra, como tempo, esforço, empenhos psicológicos e emocionais. É o conjunto de custos em que os consumidores esperam suceder para avaliar, obter, utilizar e descartar um produto. Satisfação do cliente: está diretamente ligada à performance do bem ou serviço, em relação ao que o comprador espera do seu uso. Podem-se considerar as variadas modalidades de satisfação: se o desempenho esperado não for alcançado, o cliente ficará insatisfeito; caso as expectativas sejam atendidas, ele ficará satisfeito; e se o produto, enfim, superar suas expectativas, ele ficará fascinado. A repetição da compra está diretamente ligada ao fato de a oferta atender, ou não, aos anseios da clientela. Marketing de relacionamento deve ajudar a descobrir o grau de satisfação do cliente em relação à compra, sua intenção de comprar novamente e de indicar a empresa (seus produtos e serviços) a outros clientes. 33 MARKETING DE RELACIOnAMEntO • CAPÍTULO 3 Fidelidade à empresa e suas ofertas Como falamos, as empresas devem desenvolver relacionamentos estáveis com os atores do mercado. Elas devem criar laços que garantam sua permanência onde a mudança e a alternância de gostos, tendências, preferências e tecnologia são as bases de funcionamento. No entanto, o caminho para o estabelecimento de relacionamentos sólidos não é fácil e, ainda, deve estar alinhado às estratégias, desenvolvidas com acuidade, para que sejam atingidos os objetivos organizacionais. Segundo Kotler e Keller (2006, p. 141), “os consumidores têm variados níveis de envolvimento com produtos, serviços e marcas.” O que nos leva a crer que é de fundamental importância, para a permanência e competitividade das organizações, que desenvolvam meios de estimular o envolvimento dos consumidores com suas ofertas. Tais esforços, espera-se, despertarão nos clientes um compromisso em consumir repetidamente determinados produtos ou serviços, e, até mesmo, recomendá-los a outros consumidores potenciais. Pode-se considerar, ainda, a análise de Michael J. Lanning quando afirma que “uma empresa deve desenvolver uma proposta de valor competitivamente superior, dirigida a um segmento de mercado específico, com o suporte de um sistema de entrega de valor superior” (apud KOTLER; KELLER, 2006, p. 141). Ações de marketing de relacionamento servem a este fim, de modo que o cliente se sinta confortável em manter-se fiel à empresa, mesmo diante dos esforços da concorrência em demovê-lo desta ideia. Construindo fidelidade O que você deve estar se perguntando é como construir um relacionamento fidelizado entre uma organização e o seu mercado se para o consumidor há tantas ofertas, tantas possibilidades de consumo. O que pode a empresa oferecer de tão diferente e atraente que seja difícil de outras empresas copiarem? Na verdade, isto não se resume a apenas uma oferta, mas, sim, ao conjunto de propostas e benefícios oferecidos sucessivamente. Atenção: este é um ciclo que não tem fim. Kotler e Keller (2006, pp. 155-156) afirmam que o investimento na instituição e sustentação dos relacionamentos entre as organizações e seus stakeholders estão estabelecidos em bases diversificadas, categorizadas como apresentado a seguir: a. Marketing básico: relacionado ao momento em que o profissional de vendas realiza a venda, por Sugestão de estudo Para que você entenda a importância da fidelidade na condução de um negócio, sugiro a leitura do texto “Um estudo sobre os níveis de fidelidade do consumidor em serviços de naturezas”, disponível em: <http://www.inf.puc- rio.br/~francis/2004-ENANPAD.pdf>. 34 CAPÍTULO 3 • MARKETING DE RELACIOnAMEntO meio de técnicas de apresentação, exposição do produto, formas de pagamento, entre outras ações. b. Marketing reativo: o vendedor vende o produto e estimula o cliente a contatar a empresa caso haja dúvida, comentário ou queixa. c. Marketing responsável: o vendedor procura o cliente após a realização da venda, abordando-o acerca da performance do produto, confirmando, assim, se as suas expectativas foram atendidas. No marketing responsável, acolhem-se sugestões para melhoria do produto ou serviço vendido. d. Marketing proativo: o profissional de vendas contata seu cliente periodicamente para abordá-lo sobre o desempenho e uso do bem ou o do serviço e discutir maneiras mais eficientes de usá-lo. Este contato é feito por contatos telefônicos, sites ou visitas. A empresa acompanha “de perto” o desempenho do produto e mensura a satisfação do cliente. e. Marketing de parceria: a organização opera continuamente em parceria com o cliente para alcançar formas de atingir melhor performance. Alguns laboratórios farmacêuticos, ao lançarem seus produtos, monitoram, junto aos clientes específicos, o desempenho do medicamento e quais os efeitos colaterais por eles gerados. CRM – Customer Relationship Management O desenvolvimento do marketing de relacionamento deve estar amparado por instrumentais que viabilizam um relacionamento sólido entre os consumidores e as organizações. O comportamentodo consumidor, conhecido por seus hábitos, gostos e preferências, deve ser identificado para que seja devidamente atendido. Entre os instrumentos utilizados para registro das suas particularidades, podemos citar o CRM – Customer Relationship Management, amplamente utilizado para conhecer-se melhor os hábitos de consumo dos clientes. Vejamos o que é o CRM e como ele funciona. Para refletir Clientes criteriosamente atendidos são menos sensíveis aos preços e tendem a divulgar a empresa, seus produtos e serviços. À medida que o cliente se sente mais satisfeito, a duração do relacionamento com a organização se intensifica. Vale lembrar que custa mais barato para a organização manter um cliente fidelizado do que conquistar novos clientes. Para refletir As empresas que conhecem e reconhecem o seu público-alvo, que identificam seus perfis socioeconômicos, demográficos, psicográficos entre outros, podem criar produtos e serviços personalizados, atendendo ou até mesmo antecipando-se às suas necessidades e desejos. 35 MARKETING DE RELACIOnAMEntO • CAPÍTULO 3 Customer Relationship Management (CRM) é uma expressão em inglês que pode ser explicada como gestão de relacionamento com o cliente. Trata-se de uma combinação de sistemas, processos e pessoal qualificado que, por meio do registro de informações sobre os hábitos de consumo dos clientes, criam e intensificam o relacionamento com eles. Essa ferramenta consolida informações que possibilitam a realização de inúmeras ações, que servem como um meio para ajudar as organizações a instituírem e manterem um relacionamento fortalecido com o mercado consumidor. O CRM identifica os clientes fiéis (que compram regularmente) e também aqueles potenciais na atmosfera do negócio, identificando suas necessidades e desejos, e, assim, procurando satisfazê-los. Trata-se de uma ferramenta estratégica para qualquer negócio, viabilizada pela utilização da tecnologia específica. Os softwares que são utilizados para dar suporte a esta gestão são qualificados como sistemas de CRM. Ticket médio: é o valor médio que cada cliente compra. Este valor é determinado pela média entre o montante das vendas da empresa e o número de clientes que geraram esse volume de compras (PORTAL SEBRAE, 2011). Assim, pode-se dizer que o CRM envolve: Um pouco mais sobre CRM: CRM operacional: é a aplicação da tecnologia de informação para aprimorar a eficiência do relacionamento entre os clientes e a empresa. Propõe a união de todos os aparatos tecnológicos para gerar um melhor atendimento ao cliente. CRM colaborativo: é a utilização da tecnologia de informação que permite a automação e a integração entre o consumidor e a organização. O CRM é utilizado na tentativa da empresa em interagir com o cliente e instrumentalizar, na busca de um relacionamento fortalecido com o mercado, os dados conseguidos pelos sistemas operacionais. Saiba Mais Ticket médio: é o valor médio que cada cliente compra. Este valor é determinado pela média entre o montante das vendas da empresa e o número de clientes que geraram esse volume de compras (PORTAL SEBRAE, 2011). 36 CAPÍTULO 3 • MARKETING DE RELACIOnAMEntO CRM analítico: parte do CRM que possibilita reconhecer e seguir todos os tipos de clientes da organização e, com estas informações, definir a estratégia utilizada para atender às variadas necessidades dos clientes. SERVIçOS O conceito de serviços é bastante amplo e hoje não podemos pensar no atendimento satisfatório do consumidor sem a sua presença. Eles estão em todos os setores da economia. Sua aplicação não só movimenta a economia dos países como emprega milhares de pessoas em todo o mundo. Portanto, é de fundamental importância conhecê-los. Eles estão diretamente ligados ao relacionamento com o cliente, então, vamos entendê-los um pouco melhor. Comecemos por algumas definições do que são serviços: “Atividades, benefícios ou satisfações que são colocados à venda ou proporcionados em conexão com a venda de bens”. (American Marketing Association, 1981) “Qualquer atividade ou benefício que uma parte possa oferecer a uma outra, que seja essencialmente intangível e que não resulte propriedade de alguma coisa. Sua produção pode ou não estar ligada a um produto físico”. (KOTLER; KELLER, 2006, p. 397) Para que o serviço seja produzido nos níveis de excelência que o mercado espera, é fundamental que quem o produza seja adequadamente treinado nas suas especificidades. Chama-se a atenção para as características inerentes a serviço: » é intangível; » é imaterial; » não é estocável; » é perecível; » é inseparável; Para refletir Os processos e sistemas de gestão de relacionamento com o mercado possibilitam o controle e o conhecimento das informações sobre os clientes de maneira associada. O acompanhamento e registro de todos os momentos vividos com o cliente devem ser comunicados a todos os setores da organização, de modo a orientar as tomadas de decisões. Por meio da correta utilização das ferramentas de CRM, torna-se mais consistente a determinação de ações que visem ao estabelecimento de relações duradouras com os clientes. O intuito é mantê-los fiéis à empresa que, conhecedora de seus gostos e preferências, podem atendê-los em suas expectativas. 37 MARKETING DE RELACIOnAMEntO • CAPÍTULO 3 » sua produção é limitada. » a interação pessoal faz com que a prestação de serviços seja única; » simultaneamente, existe a produção e o consumo do próprio serviço; » não existe transferência de propriedade. Mix de serviços Como você sabe, os serviços podem ser oferecidos ao mercado exclusivamente ou de forma combinada com algum produto. Kotler e Keller (2006, p. 397) contribuem para o esclarecimento do tópico oferecendo o que chamam de “categorias de ofertas ao mercado”. A saber: a. Bem tangível associado a serviços: trata-se da oferta do bem material associado aos serviços; por exemplo, a compra de um carro novo traz como benefício a possibilidade de utilização de assistência técnica em possíveis danos no veículo. b. Híbrida: oferta de produtos e serviços apresentados simultaneamente ao consumidor, como acontece em restaurantes – uma combinação de ambiente e comida. c. Serviço principal associado aos bens ou aos serviços secundários: ocorre como no exemplo em que passageiros de companhias aéreas compram o transporte, mas na viagem estão incluídos bens como comidas e bebidas. d. Serviço puro: consiste na venda exclusiva de serviços como massagem, consulta médica, corte de cabelo, entre outros. Aprendamos um pouco mais sobre este mix. A relação abaixo exemplifica o mix de serviços em um nível de distinção mais aprofundado. Leia: » serviços baseados em equipamentos: lava- jatos, máquinas de vendas; » serviços baseados em pessoas: especialistas, qualificados e os sem qualificação; » diferentes processos para fornecimento de serviço: cafeterias localizadas no interior das livrarias, ambiente à luz de velas, entre outros; » serviços que necessitam da presença do cliente: atendimento dentário; » serviços que não necessitam da presença do cliente: conserto de carro; » serviços que atendem a necessidades pessoais: serviço de atendimento de um massoterapeuta; » serviços que atendem a necessidades empresariais: serviço oferecido por uma empresa de segurança patrimonial; 38 CAPÍTULO 3 • MARKETING DE RELACIOnAMEntO » serviços que diferem em objetivo: serviços com ou sem fins lucrativos; » serviços que diferem em propriedade: serviços privados ou públicos. Elementos de diferenciação na prestação de serviços Os elementos de diferenciação na prestação de serviços estão diretamente ligados à forma como eles são prestados: » Facilidade de compra, ou seja, conveniência. » capacidade de entrega da empresa prestadora do serviço. » treinamento da equipe. » possibilidade de atender os clientes nas suas particularidades. » qualidade de desempenho. » credibilidade. » assistência técnica.Qualidade e os elementos que a definem “Qualidade é a habilidade de um produto satisfazer às necessidades ou às exigências de um consumidor”. (McCARTHY; PERREAULT, 1997, p. 383) “A palavra qualidade inclui o conjunto das características técnicas, comerciais e de serviços”. (COBRA, 1997, p. 223) Em mercados altamente disputados, em que o consumidor está cada vez mais informado e exigente, a qualidade não é mais diferencial de competitividade, mas condição básica e necessária para sobrevivência das organizações. É indispensável identificar qual é o sentido de qualidade para o cliente, o que ele espera e quanto está disposto a pagar por ela. Para que seja possível aprofundar a compreensão do que se entende por qualidade e qual a sua importância, é preciso conhecer determinados critérios que, como sugere Cobra (1997, pp. 223-225), conferem certa uniformidade ao tema: a. Utilização de terminologia técnica: › Norma: documento emitido pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que apresenta procedimentos e medidas-padrão; 39 MARKETING DE RELACIOnAMEntO • CAPÍTULO 3 › marca de conformidade: marca de concordância atribuída a um fabricante por uma autoridade, que certifica o alcance do nível mínimo de qualidade especificado por uma norma; › etiquetagem de informação: divulgação de informações que especificam a aptidão do produto para a função, dentro de parâmetros normalizados como, por exemplo, as etiquetas de informação apresentadas nos produtos, identificação do controle de qualidade etc. b. Segurança de emprego: parâmetros de segurança determinados por normas nacionais e internacionais que conferem, naturalmente, segurança no uso do serviço ou produto. c. Aptidão para a função: corresponde a um conjunto de variáveis, que são: › performance instantânea: o produto ou serviço corresponder, de fato, às expectativas de uso; › durabilidade: permanência de uso dos bens e serviços, dentro de parâmetros mínimos; › manutenção e reparação: aptidão para que sejam feitos reparos nos produtos ou serviços, mediante a necessidade. d. Aspectos perceptíveis da qualidade: entre as características que determinam a ideia que o consumidor tem sobre a qualidade do produto, apresentam-se: › peso; › textura; › cor; › embalagem; › aparência geral; › durabilidade; › publicidade e promoção. O autor descreve cada uma das categorias dentro do que se pode considerar como senso comum. Assim, se o tomate está esverdeado, pela cor, pode sugerir não estar adequado para consumo; ou se um carro zero quilômetro apresentar problemas no primeiro ano, sua durabilidade pode ser questionada; um restaurante cujo banheiro esteja permanentemente sujo deve comprometer a percepção de qualidade da comida oferecida, em função da aparência geral do estabelecimento; e assim por diante. a. Confiabilidade: é a percepção da qualidade em si, de determinado produto ou serviço, que pode ser estabelecida pela: 40 CAPÍTULO 3 • MARKETING DE RELACIOnAMEntO › qualidade do material apresentado; › metodologia utilizada pelas organizações para assegurar a performance dos produtos oferecidos ao mercado; › durabilidade do produto associada a condições adequadas de uso. Qualidade associada à marca Vivemos em um mundo repleto de diferentes marcas, que usamos, que simplesmente conhecemos, com as quais nos identificamos e que, por vezes, até rejeitamos. O uso das marcas está associado à satisfação de determinados desejos e necessidades, que podem ser sociais, emocionais e até físicos. O uso da marca está diretamente atrelado à ideia e ao julgamento do consumidor em relação aos seus atributos, ao equilíbrio entre as expectativas e performance do produto. No entanto, se as expectativas do consumidor não forem atendidas, a ideia de qualidade do produto de determinada marca ficará comprometida e ele poderá migrar para outras marcas concorrentes. As marcas indicam e estão relacionadas à percepção que temos sobre níveis de qualidade, comportamentos, valores culturais, status social e até posicionamento político. Em uma sociedade de consumo, elas são determinantes nas escolhas dos indivíduos por produtos, serviços e empresas. Marca é: “O nome, termo, sinal, símbolo ou desenho que identifica o fabricante ou vendedor do produto ou serviço. Tem a função essencial de identificação, diferenciando-o da concorrência, comunicando suas características e benefícios”. (KOTLER; KELLER, 2006, p. 269) Aspectos relacionados à marca: » Imagem: é o modo como o público vê a empresa e seus bens ou serviços; » Identidade: é o modo como a empresa se identifica ou posiciona seu bem ou serviço; » Classificação: descrita como nominal e logomarca. » Marca nominal: palavra que nomeia a marca. » Logomarca: representação gráfica da marca. Marcas associadas a produtos e serviços que atendem à busca dos clientes sugerem, para cada um deles, implícita ou explicitamente, alguns benefícios em função de sua aquisição. A escolha de uma marca conhecida ou de reputação positiva de mercado, por exemplo, reduz os riscos no momento da compra, como um sinônimo de oferta de garantia ao consumidor. Outra situação, 41 MARKETING DE RELACIOnAMEntO • CAPÍTULO 3 não menos importante, diz respeito ao uso da marca como fator de diferenciação entre os consumidores, de modo que as marcas que se adquire dizem um pouco sobre cada indivíduo. Também para as empresas, em seus esforços de segmentação e de planejamento, as marcas são ferramentas importantes. Pode-se afirmar que o uso da marca facilita a segmentação precisa do marketing, atraindo alguns clientes e repelindo outros. É fácil associar, por exemplo, a marca Ferrari a consumidores de alta renda, a ponto de destituir consumidores de baixa renda da ideia de adquiri-la. Assim, a marca é uma arma importante de planejamento. Quando bem trabalhada, traz vantagens competitivas à organização, pode-se citar, por meio da demonstração de fidelidade por parte do consumidor, criação de ligação afetiva forte a ponto de se ter no consumidor o maior defensor da empresa e, em muitos casos, percepção de melhor desempenho do produto ou serviço, se comparado à concorrência. Comportamento do consumidor e o marketing de relacionamento O entendimento, por parte das empresas, de como, por que e quando o indivíduo adquire e consome os produtos, é fundamental para a sobrevivência do negócio. Que níveis de envolvimento emocional, psicológico e físico estão envolvidos na decisão de compra? Entende-se que a compreensão destes fatores deve facilitar a aproximação entre a empresa e o consumidor. Os processos que interferem nas escolhas de cada indivíduo são fatores fundamentais de influência no momento da aquisição de produtos ou serviços. Eis algumas variáveis determinantes no processo de compra, segundo Kotler e Keller (2006, pp. 173-183): » Culturais: considera 1) a influência da família, da escola e de outras intituições na formação de valores, percepções e comportamentos ao longo da vida; 2) questões relacionadas à nacionalidade, regionalidade, religião ou qualquer outro fator que reflita subcultura; e 3) características específicas de classes sociais distintas. » Sociais: registra a influência 1) dos chamados grupos de referência, que são aqueles que exercem preponderância de opinião, orientando comportamento e atitudes; 2) da família, em seu núcleo primário (pai, mãe e irmãos) ou não (cônjuge, filhos, avós etc.); 3) papéis sociais, como a profissão que se exerce; e 4) associação do papel social com questões relativas a status (o que se espera, por exemplo, de um presidente de empresa, de um médico, de um gari). 42 CAPÍTULO 3 • MARKETING DE RELACIOnAMEntO » Pessoais: os clientes também são influenciados por suas características pessoais como idade, estágio no ciclo de vida, personalidade, autoimagem, ocupação profissional, momento econômico e estilo de vida. » Emocionais: as emoções têm interferência no que se consome e em quaisvolumes; pensemos, por exemplo, que uma pessoa alegre tende a consumir mais do que alguém que sente uma tristeza profunda. » Físicas: características físicas incidem diretamente na possibilidade de compra do consumidor, por exemplo, características físicas (peso, altura) e necessidades especiais (alimentação especial, equipamentos específicos). » Psicológicas: fatores como motivação, percepção, aprendizagem e memória influenciam e determinam a reação do consumidor em relação aos produtos oferecidos no mercado. A partir do momento em que as empresas consideram essas variáveis e entendem que elas apontam para como, quando e onde serão feitas as compras, tais empresas podem disponibilizar os produtos certos, nos pontos de venda acessíveis e no período adequado, para ser adquirido pelo consumidor. Neste contexto, as ações de marketing de relacionamento são um meio importante para a obtenção de informações estratégicas sobre os consumidores, que possibilitam a integração entre as empresas e seus clientes. Invariavelmente, conhecer os hábitos de consumo dos clientes contribui para gerar “intimidade” e promover um relacionamento de longo prazo com este consumidor. Pesquisa de marketing A pesquisa de marketing pode ser entendida como um procedimento sistemático de construção do conhecimento. “São procedimentos para desenvolver e analisar novas informações” (McCARTHY; PERREAULT, 1997, p. 1.011). “São qualquer esforço planejado e organizado para obter fatos e conhecimentos novos que facilitem o processo de decisão do mercado” (COBRA, 1997, p. 111). Pesquisas são importantes para ações de marketing de relacionamento, pois possibilitam a obtenção de informações sobre o mercado, onde as empresas estão inseridas ou desejam entrar. Na perspectiva de comportamento do consumidor, a pesquisa é utilizada pelas empresas para verificar as preferências e comportamentos dos consumidores em relação aos produtos, serviços, marcas e organizações. Outros tópicos também podem ser investigados por meio de pesquisas de marketing. Por exemplo, é possível descobrir as motivações que levam os clientes a consumirem ou não determinados produtos, mensurar a demanda por certo tipo de bem ou serviço, entender por que determinado nicho elege uma marca como preferida, entre outros. 43 MARKETING DE RELACIOnAMEntO • CAPÍTULO 3 A pesquisa de marketing faz uso dos seguintes métodos (KOTLER; KELLER 2006, p. 105; McCARTHY; PERREAUT, 1997:, p. 106): » Pesquisa de mercado qualitativa: normalmente aplicada em pequenos grupos de respondentes, com o objetivo de captar dos entrevistados aspectos subjetivos que não aparecem em pesquisas que se utilizam de questionário, por exemplo. Utiliza-se roteiro de perguntas semiestruturadas para que o entrevistado fique à vontade para responder da forma mais “completa” possível e, assim, o pesquisador possa capturar suas percepções acerca do tema em questão. » Pesquisa de mercado quantitativa: utiliza-se de técnicas estatísticas para medir opiniões, atitudes e preferências. Por meio de pesquisas quantitativas, chega-se a respostas estruturadas que podem ser representadas por meio de “números, percentuais e outras medidas estatísticas”. Normalmente aplicada a um grande número de respondentes, as pesquisas quantitativas testam hipóteses cujas conclusões são generalizáveis para a totalidade da população. Resumo Vimos até agora: » A importância da utilização do marketing de relacionamento. » Os conceitos e ferramentas fundamentais à administração do marketing de relacionamento. » Meios para o desenvolvimento de ações que visem cultivar os clientes e aproximá-los das empresas, de modo a estabelecer uma relação de longo prazo entre a organização e os consumidores. 44 Apresentação Como você sabe, definitivamente, não é mais necessário ir às lojas para fazermos nossas compras. Boa parte dos produtos e serviços pode ser adquirida apenas acionando-se a internet, fazendo uma ligação telefônica ou, até mesmo, utilizando-se o controle remoto da televisão. Bom para quem quer evitar transtornos com filas, estacionamento, restrição de tempo etc. Quando não é você quem faz o movimento em direção à empresa, os profissionais de marketing desenvolvem meios de fazer com que os produtos e serviços cheguem até você, dentro da sua conveniência. Já comprou artigos de perfumaria, cosméticos em geral, ovos de páscoa, entre outros, em espaços dentro da empresa onde você trabalha? Tem se tornado uma prática usual que, por intermédio da área de recursos humanos, empresas diversas instalem quiosques temporários (especialmente próximo a datas importantes do ano), para que os colaboradores da contratante possam comprar com maior facilidade e conforto. O marketing direto é a modalidade do Marketing que trata de formas de promoção e aquisição de produtos que não implicam, necessariamente, a existência de um espaço físico para ocorrer. Neste capítulo, portanto, discutiremos a importância desta modalidade de marketing, conheceremos algumas ferramentas usuais de marketing direto e discutiremos aspectos gerais relacionados ao tema. Objetivos Esperamos que, após o estudo do conteúdo deste capítulo, você seja capaz de: » Mostrar-se familiarizado com o marketing direto e algumas ferramentas usuais nesta modalidade. » Refletir sobre a importância estratégica do marketing direto para as organizações. » Tratar de aspectos gerais relacionados ao tema. 4AULAMARKETING DIREtO 45 MARKETING DIREtO • CAPÍTULO 4 Introdução Neste capítulo trataremos da importância estratégica do Marketing Direto para as organizações e a sua relevância para o sucesso dos negócios. Serão apresentados conceitos e ferramentas utilizadas para compreender a importância de sua aplicação. Segundo Kotler e Keller (2006, p. 502), o chamado varejo sem loja, ou seja, a venda que acontece fora das lojas físicas pode ser agrupado em categorias, que são: mala direta, telemarketing, sites, catálogos, TVs interativas, quiosques, entre outros. Marketing direto Marketing direto consiste no “uso de canais diretos para chegar ao consumidor e oferecer bens e serviços sem intermediários.” (KOTLER; KELLER, 2006, p. 606). O desafio das empresas reside em se utilizar das mídias escolhidas criteriosamente e combinadas, como um meio para a prospecção e fidelização de seus clientes. São exemplos de ferramentas comuns de marketing direto: catálogos, lista de clientes (mailing list), telemarketing, compra eletrônica, compra por televisão, internet etc. Perceba que o uso de ferramentas de marketing direto propicia algumas das vantagens para o consumidor. Além de permitir que a compra se dê de forma prática e, em alguns casos, durante 24 horas, em todos os dias da semana, contribui para evitar que tais aquisições sejam comprometidas por situações comumente relacionadas às experiências em lojas físicas. Por exemplo, incidentes críticos nas filas nos caixas de pagamento, problemas de estacionamento, mau atendimento, entre outros exemplos. Inicialmente, o marketing direto fundamentou-se com o serviço de mala direta impressa. Nas últimas décadas, as compras pela internet têm experimentado crescimento, sobretudo de itens como livros, músicas, brinquedos, eletrônicos, itens de tecnologia, viagens, cosméticos, entre outros. O marketing direto é também instrumentalizado pelas organizações para construir e fortalecer relacionamentos perenes com o mercado. Por meio de programas de marketing direto, podem-se enviar cartões comemorativos, brindes, informações relevantes e bônus para clientes físicos e corporativos. As empresas utilizam o marketing direto para se aproximar do consumidor, mais rapidamente, além de reduzirem seus custos operacionais de maneira significativa. As reduções de preços obtidas no barateamento das operações são repassadas aos consumidores proporcionando um preço final mais competitivo. É o caso, por exemplo, de sites que oferecem desconto em compras, cujo pagamentoseja feito pela internet. 46 CAPÍTULO 4 • MARKETING DIREtO Os conteúdos dos canais utilizados em marketing direto caracteristicamente apresentam-se em formato personalizado, onde o teor da mensagem tem o objetivo de atrair e reter o consumidor prospectado. São atualizados sistematicamente, e podem ser modificados ou não, dependendo da resposta do mercado ao estímulo provocado pela mensagem. No marketing direto, são identificadas algumas modalidades de venda. (ROCHA; CHRISTENSEN, 2008, pp. 172-174). São elas: » Venda domiciliar: é realizada de porta em porta, conhecida também como home shopping. » Venda automática: acontece por meio de máquinas, na venda de produtos como refrigerantes, biscoitos, entre outros. » Venda por catálogo: efetuada por meio de catálogo (enviado pelo correio, internet ou disponível nos estabelecimentos), que apresenta os produtos, preços e fotos descritivas. » Televendas: vendas realizadas por telefone. » TV Shopping: é um programa de televisão que apresenta os bens ou serviços aos seus clientes, seus preços e formas de pagamento. » Venda por computador: o cliente entra em contato com a empresa e efetua a compra por sua página na internet, onde as informações de que necessita, sobre os produtos ou serviços (preços, informações técnicas e formas de pagamento), estão disponíveis. » Sistema de TV interativo: reúne os sistemas: Televendas, Tv Shopping e venda por computador. São aparelhos de televisão conectados a conversores que possibilitam o uso de telas com menus de acesso. As opções de compra são feitas utilizando-se o controle remoto da TV. Conveniências da utilização do marketing direto As transformações do comportamento do consumidor e de suas preferências ao longo do tempo possibilitaram o crescimento sustentado do marketing direto. Questões relativas à insuficiência de tempo, à sobrecarga de trabalho, ao trânsito caótico nos grandes centros, entre outras, podem Atenção Rocha e Christensen (2008, p. 172) lembram que modalidade Televendas não deve ser confundida com Telemarketing, nos moldes que conhecemos. A primeira reproduz, pelo telefone, o que vendas pessoais faria pessoalmente. A segunda, mais do que isto, envolve um número muito maior de atividades, como, por exemplo, assistência técnica, verificação de entrega, retirada de pedidos, entre outras. Sugestão de estudo Para que você conheça um pouco mais da importância do marketing direto para as empresas e seus clientes, sugiro que conheça o site da Associação Brasileira de Marketing Direto, a ABEMD, em especial, suas campanhas de valorização do marketing direto. Em: <www.abemd.org.br>. 47 MARKETING DIREtO • CAPÍTULO 4 explicar tais tranformações e os novos meios de aquisição de bens e produtos disponíveis ao consumidor. Dado este cenário, observa-se que, nas últimas décadas, os consumidores têm sido estimulados, direta ou indiretamente, a realizar suas compras nos próprios domicílios ou em local de sua conveniência. Autores sugerem, inclusive, que as ofertas são infinitamente maiores e mais atraentes do que as apresentadas nas lojas físicas (KOTLER; KELLER, 2006, p. 609). Você já sabe, portanto, que não é necessário mais estar nas lojas para que se possa consumir o que se deseja. As organizações dispõem de alguns instrumentos para tornar mais eficaz a aproximação com os clientes, por exemplo, a operação com mailing. Trata-se de uma relação de clientes de características semelhantes, tais como idade, hábitos, estado civil, escolaridade, entre outros. Estas semelhanças favorecem a organização e o envio de mensagens customizadas aos clientes; é isto que torna mais eficaz a aproximação com o mercado. Assim sendo, o uso do marketing direto vem sistematicamente atendendo às conveniências dos clientes e das empresas. Os consumidores são favorecidos à medida que o mercado entende suas necessidades e cria meios para melhor atendê-las, de forma conveniente. Também a questão da aprendizagem favorece que os clientes se envolvam mais com os produtos e serviços existentes, comparem mais facilmente as condições oferecidas pelas empresas e, não menos importante para os dias atuais, promove interação. Como afirmam Kotler e Armstrong (2005, p. 441), “para a web o mundo é o limite”. As empresas, por sua vez, têm nas ferramentas de marketing direto meios que as ajudam a fortalecer o relacionamento com clientes reais e potenciais, de forma consistente, contínua e, ainda, customizada. A tecnologia viabiliza que as empresas selecionem clientes criteriosamente e lhes ofereçam produtos específicos para suas necessidades. O nível de resposta dada pelos clientes pode sinalizar, inclusive, tendências, melhorias inovadoras ou incrementais nos produtos e serviços oferecidos pelo mercado. Atenção Os canais utilizados no marketing direto devem ser criteriosamente escolhidos, com base nas características do consumidor que se deseja alcançar. Além disso, é necessária a formação de um mailing list com informações atualizadas dos clientes, para que as mensagens cheguem devidamente ao seu destino. Saiba Mais Mailing List, também conhecido como lista de clientes, é uma relação de nomes, endereço e telefones, usualmente utilizada para atividades relacionadas a vendas. Kotler (1998) sugere que se estabeleça uma diferenciação entre mailing list e banco de dados, sendo o segundo uma ferramenta onde estão reunidas as informações dos clientes, como os produtos e serviços que ele compra, volume de compras e preços praticados, entre outras. Sugestão de estudo Sugiro a leitura do texto de Ricardo Sleiman: Marketing direto: há coisas que definitivamente não se mensuram, postado em: <www.mundodomarketing.com.br>. 48 CAPÍTULO 4 • MARKETING DIREtO Canais de marketing direto As organizações têm a seu dispor variados meios de comunicação, ou mídias, canais para alcançarem seus clientes reais ou potenciais. Como vimos anteriormente, a decisão sobre quais meios utilizar dependerá do bem ou serviço oferecido, das características do consumidor que se deseja atingir e dos recursos financeiros e tecnológicos disponíveis. Conheça alguns canais de marketing direto: » Mala direta: é o envio de proposta, propaganda, mensagem, para um endereço específico, utilizando o mailing. São emitidas cartas, folhetos, folders e impressos em geral, além de DVDs e CDs. A mala direta é uma ferramenta popular e de alcance amplo nas práticas de marketing direto. Kotler e Keller (2006, p. 609) falam das etapas pelas quais o uso da mala direta já passou. Aqui, o que interessa é destacar algumas características inerentes a cada etapa e identificar produtos ou serviços adequados a cada uma delas. » Bombardeio: envio excessivo de material de comunicação a um grande número de pessoas, sem a preocupação com as características e gostos individuais. A taxa de resposta é muito baixa, no entanto, em negócios em estágio inicial, servem minimamente à sua divulgação (a nova pizzaria do bairro, um negócio cuja natureza seja inédita em determinada região). » Database marketing: utilização de bancos de dados na identificação de clientes potenciais e reais, que demonstrem possível interesse em determinada oferta. Adequada para negócios que queiram aumentar em participação de mercado ou até mesmo em resultados de venda (convite para desfiles exclusivos para clientes potenciais, participação em feiras especializadas). » Marketing interativo: interatividade com o mercado por meio de mala direta que divulgue um número de telefone ou um website por meio dos quais seja possível interagir com a empresa. Importante na divulgação de produtos e serviços, para desenvolver relacionamento com os consumidores e para aumentar as vendas. » Marketing personalizado em tempo real: mala direta com ofertas personalizadas aos clientes em função de a empresa conhecê-los bem. Além dos dados relativos às compras efetuadas usualmente (por exemplo, compras em supermercadosque oferecem cartão próprio), dados pessoais são solicitados no momento da venda, de forma a complementar o que se sabe sobre o cliente (por exemplo, lojas de vestuário). » Marketing de valor ao longo do tempo: desenvolvem-se planos de marketing customizadamente para os clientes, baseados no desenvolvimento do relacionamento entre a organização e o consumidor ao longo do tempo. Estabelecimentos que estejam 49 MARKETING DIREtO • CAPÍTULO 4 atendendo à terceira geração de determinada família, por exemplo, devem ter nesta modalidade um meio para garantir diferencial competitivo. » Marketing de catálogo: as empresas enviam aos clientes selecionados catálogos impressos, em vídeo ou on-line. As compras de bens ou serviços oferecidos em catálogos são efetuadas por telefone, internet ou correio. O sucesso desta operação de venda está calcado: › em uma estrutura tecnológica adequada; › em recursos humanos devidamente treinados; › nos cumprimentos dos prazos de entrega; › no gerenciamento preciso dos estoques; › no oferecimento de mercadorias com qualidade garantida. No Brasil, são exemplos de empresas que utilizam o marketing de catálogo a Hermes, a Avon e a Natura. Telemarketing: empresas que dispõem de operadores de telefone para atrair, manter, medir níveis de satisfação ou registrar pedidos de compras utilizam o Telemarketing. As centrais de atendimento, ou call centers, recebem ou emitem ligações telefônicas (telemarketing receptivo ou ativo, respectivamente) na busca por maior envolvimento com o mercado. São consideradas quatro modalidades em Telemarketing: » Televendas: utilizadas pelas organizações na comunicação com o mercado, no recebimento de seus pedidos, apresentação do portfólio de produtos e abertura ou reativação de contas. » Telecobertura: utilizada na manutenção dos relacionamentos com contas especiais, mensurando sistematicamente os níveis de qualidade alcançados pelos produtos oferecidos aos clientes. » Teleprospecção: utilizada na criação e qualificação de clientes, para realizar vendas com apoio de outros canais. A teleprospecção só é possível pela combinação de instrumentos de variadas mídias, aplicadas na tentativa de alcançar e estabelecer um relacionamento perene com o mercado. » Serviço ao cliente e suporte técnico: utilizado para responder a perguntas de clientes e demandas de caráter técnico. Atenção Como você pode perceber a utilização de determinado canal de marketing direto nem sempre dispensa a presença de um vendedor conhecido, com quem o cliente já tem um relacionamento antigo. Dependendo do tipo de produto ou serviço, sua presença deve gerar algum grau de credibilidade na percepção do cliente. Isto acontece, por exemplo, em quiosques de venda de tv por assinatura, quando instalados em condomínios. Há cliente que, após um tempo que adquiriu sua tv, deseja ampliar seu pacote e incluir outros produtos (como telefone e internet) e contam com a ajuda do vendedor para tanto. 50 CAPÍTULO 4 • MARKETING DIREtO » Websites ou marketing interativo: têm sido considerados as mais modernas formas de marketing direto. O uso da internet propicia maior interação e personalização no relacionamento da empresa com seu cliente. As empresas têm a possibilidade de escutar seus clientes e resolver seus problemas em tempo real. » Quiosques: também são conhecidos como terminais multimídia. São utilizados por empresas, que instalam uma estrutura tecnológica em local específico, com a finalidade de fornecer informações e tirar pedidos. Comumente, encontramos quiosques em shoppings centers, aeroportos, lojas de departamentos, bancos, entre outros. Marketing direto como parte do mix promocional Boone e Kurtz (2002) ressaltam o papel do marketing direto como parte do mix promocional. Diferentemente dos outros elementos do mix promocional que contribuem para atingir os objetivos promocionais (propaganda, promoção de vendas, e relações públicas), “o uso da comunicação direta com o consumidor deve ser desenhada para gerar uma resposta”. Por resposta, neste caso, entenda-se promover a reação dos clientes de alguma natureza, seja gerando diretamente seus pedidos de venda; estimulando a que busquem mais informaçãos sobre produtos e serviços; interagindo consistentemente com a empresa; ou levando-os a visitar as instalações físicas da empresa para efetuar sua compra, gerando tráfego de pessoas. Nesta mesma linha, os autores destacam outra perspectiva do uso de marketing direto: a possibilidade de mensuração de retorno mais fácil que se comparado a outros componentes do mix promocional. “Como o marketing direto envolve algum tipo de resposta, os profissionais podem medir os resultados mais facilmente do que outras formas de propaganda e promoção”. Sugere-se, portanto, planejamento na definição de que ferramentas de marketing direto a empresa deve se utilizar. A escolha dependerá da natureza do mercado em que a empresa está inserida, a natureza do produto ou serviço, seu estágio de ciclo de vida, preço, entre outros fatores. O desafio do profissional de marketing, diante disto, consiste em identificar que combinações de mídia resultam em mais altos níveis de resposta. Resumo Vimos até agora: » O conceito de marketing direto e algumas ferramentas usuais nesta modalidade. » O porquê da importância estratégica do marketing direto para as organizações. » Implicações gerenciais decorrentes do uso de ferramentas de marketing direto. 51 Apresentação Este capítulo aborda um tema essencial para o sucesso de uma empresa que visa a lucro: vendas. A perspectiva aqui é da Administração de Marketing naturalmente. O tema, portanto, não se esgota, devendo ser complementado por outros subtemas de marketing (comportamento do consumidor, por exemplo). A venda de que se trata neste capítulo apóia-se na formação de uma equipe de vendas adequada e na previsão de vendas seguindo as metodologias sugeridas na literatura. Soma-se a isto a apresentação de ferramentas de marketing que devem constituir o composto promocional das empresas. Objetivos Esperamos que, após o estudo do conteúdo deste capítulo, você seja capaz de: » Refletir sobre a complexidade que envolve a atividade de vendas. » Identificar aspectos necessários para prever vendas de maneira adequada. » Estabelecer parâmetros para o sucesso das equipes de venda. » Estabelecer parâmetros para definição do composto promocional. Introdução A gestão da equipe de vendas não deve ater-se somente à capacidade dos vendedores em realizar a venda em si, mas, também, à capacidade destes profissionais em: 1. desenvolver relacionamentos de longo prazo com os clientes. 2. promover feedback permanente para os colaboradores da organização, sobre as observações feitas pelos clientes (seus desejos e necessidades). 3. trabalhar em equipe e, ao mesmo tempo, destacar-se individualmente. 5AULAVEnDAS 52 CAPÍTULO 5 • VEnDAS 4. representar a empresa, demonstrando qualidade na venda e contribuindo para a reputação positiva da organização. As técnicas de venda estão diretamente relacionadas às ações promocionais (composto promocional), que são desenhadas para comunicar os benefícios do que se pretende vender ao mercado. O objetivo é que tais técnicas impulsionem o interesse do mercado pelos bens e serviços oferecidos pelas organizações. A American Marketing Association (AMA) descreve as ações de promoção de vendas como: “(...) técnicas essencialmente destinadas a estimular a compra do consumidor e a eficácia da equipe de vendas e revendedores em curto prazo, através de exibições e incentivos temporários (...)” Usualmente, as ferramentas estratégicas utilizadas para potencializar as vendas são as equipes de vendas, os canais de distribuição, ou pontos de vendas, e as ações promocionais. A respeito da distribuição, falaremos em outro capítulo; nos tópicos 3 e 4 trataremos do que diz respeito às equipes de vendas e à promoção de produtos eserviços. Vendas A atividade de vendas sofreu mudanças conceituais e processuais profundas após o surgimento do marketing. Vendedores aptos tecnicamente, clientes conscientes e mercados altamente competitivos compõem um cenário mercadológico que exige qualificação por parte das empresas e dos parceiros que contribuem para a distribuição e promoção de produtos e serviços que oferecem. Vender não se resume a simplesmente trocar bens e serviços por moeda. Também o desempenho da equipe de vendas não deve se resumir a apresentar um produto e a torcer para que o cliente queira adquiri-lo. Por isso, quando se fala de vendas, na perspectiva de marketing, a definição do dicionário parece não bastar. Leia: “Ação ou efeito de vender: contrato por meio do qual uma pessoa – o vendedor – transfere ou se obriga a transferir a outra – o comprador – a propriedade da coisa determinada, cujo preço é por ele pago segundo as condições estipuladas”. Dicionário Michaelis. Embora correta, tal definição não contempla certa complexidade que a interação entre as empresas e os consumidores, ou os vendedores e seus clientes, exige. Neste contexto, apresentam-se alguns pensamentos em torno do tema que nos ajudam a ampliar este conceito e a refletir sobre aspectos relevantes, envolvidos no processo de vendas: 53 VEnDAS • CAPÍTULO 5 “O conceito de vendas assume que os consumidores, se deixados sozinhos, normalmente, não comprarão o suficiente dos produtos da organização. Assim, a organização deve empregar um esforço agressivo de venda e de promoção”. (KOTLER, 1998). O conceito de venda, no passado, visualizava o lucro através da venda e esta utilizava como meio, uma integração entre venda e promoção; o foco era o produto. Hoje, o foco é a necessidade do cliente, o meio é o marketing integrado e o fim é a obtenção do lucro com a satisfação do cliente. Dessa maneira, o meio não é a venda em si, mas o marketing dentro da venda com a finalidade de satisfazer o cliente. (COBRA, 1997). Entender vendas sem ter conhecimentos básicos de marketing seria o mesmo que entender as condições especiais de algum seguro sem conhecer as suas condições gerais. Um assunto está relacionado com o outro e o seu perfeito entendimento somente será possível com uma visão global da matéria. (LAS CASAS, 1984) Na prática, portanto, venda envolve esforço (da empresa e dos profissionais de venda) para entender o cliente (seus desejos e necessidades) e aplicar ações de marketing adequadas. É aí que reside a complexidade em torno do ato de vender. Sugiro que você leia os próximos tópicos refletindo sobre como cada um deles contribui para o sucesso (ou insucesso) das vendas. Mais do que isso, procure pensar nas experiências de compra vividas por você e elabore argumentos a respeito de que melhorias necessitam as empresas que lhe serviram. Equipes de venda Você deve se lembrar de alguma experiência em que, tendo ido a uma loja, por exemplo, foi bem atendido por um vendedor. O contrário certamente aconteceu também. Nestes dois eventos, você comprou alguma coisa? O “sim” ou o “não” respondem a esta pergunta, dependendo do nível de necessidade, urgência, entre outros fatores, que levaram você à compra ou à sua rejeição. Agora, mudando a pergunta: “você voltaria ao mesmo estabelecimento para comprar novamente?” Agora, tanto o “sim” quanto o “não” a esta pergunta terão mais um aspecto a ser considerado: a experiência vivida anteriormente. Neste caso, não se pode deixar de lado a influência que o atendimento recebido por você teve para justificar sua volta ou o seu desprezo àquela empresa. Embora o exemplo seja corriqueiro, serve ao intuito de posicionar o trabalho das equipes de venda como algo que deve receber atenção especial das empresas, dada a sua influência na percepção dos clientes não só sobre a empresa, mas, também, sobre seus produtos e serviços. 54 CAPÍTULO 5 • VEnDAS Rocha e Christensen (2008: p. 153), por exemplo, propõem que os administradores de marketing não percam de vista as respostas para as perguntas a seguir, ao analisarem o trabalho de vendas: Qual o papel da venda pessoal no marketing deste produto, neste momento? E na estratégia geral da empresa? Alguns negócios podem ter nas vendas pessoais seu canal mais importante de promoção de vendas, outros não. Lojas físicas são um bom exemplo, se comparadas às lojas virtuais. Nas primeiras, o volume de profissionais de vendas pessoais é maior, o que deve corresponder a um grau de importância maior para o marketing do negócio. São esses profissionais que representarão a empresa junto a seus clientes. A estratégia do negócio deve acompanhar na mesma direção, enfocando, por exemplo, a realização de maior ou menor volume de treinamento para aperfeiçoar o trabalho de vendas, de acordo com a necessidade. Quais as características peculiares do produto e qual a forma pela qual ele é comprado? As características do produto ou serviço vendido combinadas à forma como é comprado dizem muito de como deverá ser conduzida a equipe de vendas pessoais. Uma empresa que vende projetos educacionais, por exemplo, deve dispor de profissionais de venda capacitados, particularmente, em estabelecer networking consistente, construir reputação positiva de mercado e promover acompanhamento permanente dos serviços prestados. Em alguns casos, são chamados de “Executivos de Contas”. Estamos falando da venda de um serviço cuja intangibilidade (ainda que algum material didático seja vendido no pacote) torna sua venda altamente dependente da capacidade do vendedor em estabelecer contato prévio com áreas específicas das empresas, como Recursos Humanos. O network do vendedor pode ser definitivo para determinar sua “entrada” na empresa cliente e seu histórico de credibilidade no mercado deve contribuir para que o cliente queira adquirir o projeto que ele vende. A capacidade de acompanhar a qualidade da execução dos trabalhos vendidos é outro dentre os fatores que contribuirão positivamente para sua reputação junto a clientes atuais e futuros. Quais os objetivos da empresa com relação ao corpo de vendas? A resposta a esta pergunta depende dos objetivos gerais da empresa e do desempenho que o corpo de vendas deve apresentar rumo ao alcance de tais objetivos. Imagine que você trabalha para um banco que atende aos segmentos de pessoas física e jurídica. O que será necessário fazer se a estratégia da empresa para o próximo ano consistir em trabalhar somente com clientes pessoa jurídica? Neste caso, um dos objetivos da empresa com relação ao corpo de vendas deverá ser a mudança do perfil dos vendedores, uma vez que trabalhando 55 VEnDAS • CAPÍTULO 5 somente para clientes corporativos, algumas características específicas se tornarão indispensáveis aos vendedores. Será que os profissionais que até então trabalhavam somente com clientes pessoa física terão condição de se adequar à nova realidade? Se sim, ok. Caso contrário, se nem todos os vendedores forem capacitados para esta nova etapa da empresa, a área de Recursos Humanos deverá ser acionada pra revisão conjunta das ações necessárias ao novo cenário. Que tipo de contato terá o vendedor com o cliente? O tipo de contato entre o vendedor e o cliente influencia o desenho do perfil do profissional, assim como o treinamento do qual ele deve participar. Por exemplo, vendas efetuadas pelo telefone apoiam-se na fala do vendedor, naturalmente, o que faz de aspectos como fluência verbal e boa dicção, fundamentais na seleção de profissionais. Embora estes aspectos sejam importantes também nas vendas efetuadas pessoalmente, neste caso, outros recursos somam-se em importância como a simpatia ou a apresentação pessoal adequada ao negócio. Qual o trabalho administrativo necessário para a realização desse trabalho de vendas? Toda atividade de venda envolve algum tipo de trabalho administrativo, como registro da venda, elaboração de relatórios, contagem de estoque etc. As informações eorientações relativas a cada uma destas atividades podem vir à tona no processo de seleção (levantamento de experiência prévia), no programa de ambientação da empresa (apresentação de como a empresa funciona, o que é valor para a empresa), no próprio ambiente de trabalho (orientação da gerência ou de vendedores veteranos) e nos programas regulares de treinamento. Outras questões sobre equipes de venda Neste tópico abordam-se outras questões que contribuem para a formação e manutenção de equipes de vendas de qualidade. O processo de seleção visa encontrar profissionais de venda adequados aos objetivos que pretendem atingir, no entanto, somente a seleção não garante o sucesso da equipe no longo prazo. Além das características e experiência trazidas por cada profissional, cabe à empresa oferecer condições que ajudem o vendedor a ter sucesso em suas atividades. O foco neste tópico não são as questões relacionadas diretamente à produção, mas à gestão e motivação das equipes de venda. Assim, atividades de treinamento, remuneração e incentivos não financeiros são apresentados e algumas sugestões e pontos de atenção, destacados. 56 CAPÍTULO 5 • VEnDAS Processo de seleção Encontrar os melhores vendedores do mercado ou identificar profissionais cujo potencial possa ser desenvolvido não é tarefa fácil. Sugere-se o desenho de um perfil do vendedor, condizente com os produtos e serviços que irá vender e com os objetivos da empresa. Quanto melhor você conhecer o negócio para o qual trabalha e onde encontrar os profissionais adequados para a função, mais fácil será montar equipes de vendas de sucesso. Você pode encontrar bons vendedores: » sem experiência, mas com potencial para ser desenvolvido; » em escolas de qualificação profissional; » por meio de anúncios; » por meio de indicações de outros profissionais. treinamento Normalmente, os treinamentos das equipes de venda giram em torno de temas como técnicas de vendas, motivação (ou outros de cunho comportamental) e produto. Rocha e Christensen (2008, p. 160) lembram ainda dos treinamentos de conhecimento da empresa, comumente chamados de “Ambientação” ou “Integração”, que têm como objetivo apresentar a empresa, seus processos e normas ao novo vendedor. Em relação ao treinamento, sugere-se: » Atenção à escolha adequada do tópico que será abordado em treinamento. » Identificar se, de fato, há necessidade de treinamento ou se é preciso melhorar o processo de seleção de vendedores. » Considerar a experiência da consultoria ou, se possível, do profissional que conduzirá o treinamento. » Atentar para a qualidade das instalações onde ocorrerá o treinamento. » Trabalhar para tornar os programas de treinamento algo de que os vendedores queiram participar e não o contrário. Remuneração A orientação das empresas varia quando o assunto é remuneração de vendedores. Algumas pagam salário fixo para as equipes, outras pagam “uma parte fixa e outra variável” (salário + comissão). Pode-se imaginar que a remuneração de equipes que recebem comissão tende a refletir no resultado de vendas, seu esforço em vender produtos de maior margem de lucro. O que não se deve perder de vista é que é possível diferenciar o salário daqueles que não recebem comissão, por exemplo, pelo pagamento de bônus ou outras formas de premiação periódica. O que importa 57 VEnDAS • CAPÍTULO 5 é criar mecanismos de estímulo permanentes, de forma que o profissional de vendas tenha seu trabalho reconhecido. Isto deve afetar positivamente seu desempenho e poderá contribuir para a retenção de talentos na empresa. Atenção, portanto, em: » Garantir às equipes remuneração compatível com o mercado (parte fixa e parte variável). » Promover campanhas motivacionais periódicas, preferencialmente, premiando o talento conjunto, mas, também, o talento individual. » Dimensionar adequadamente as equipes de vendas, evitando perda de remuneração (diminuição do volume de venda por vendedor e, consequentemente, diminuição de sua comissão), em função de excesso de vendedores no ponto de venda. » Evitar que a remuneração leve a empresa à perda de talentos para a concorrência. Incentivos não financeiros Rocha e Christensen (2008, p. 163) alertam para a necessidade prover a equipe de vendas, além da remuneração, de incentivos não financeiros como fator motivacional. Benefícios diversos (assistência médica, carro, laptop, reembolso de almoço com clientes), campanhas de reconhecimento, programas de promoção interna, divulgação de resultados positivos, homenagens, incentivo à qualificação, entre outros, são exemplos de incentivos não financeiros que devem afetar positivamente a motivação das equipes de vendas. Composto promocional Na intenção de informar o mercado sobre o que as organizações oferecem, motivando o consumidor a adquirir seus bens e serviços, são utilizadas as ferramentas do composto promocional (COBRA, 1997, p. 444; ROCHA; CHRISTENSEN, 1987, p. 149), que são: » Venda pessoal: é o conjunto de ações, atividades e esforço dos vendedores com o propósito de atrair a atenção do consumidor para a apresentação de produtos e serviços adequados ao que ele busca, de modo que ele se sinta estimulado a realizar a compra. » Propaganda: “é toda e qualquer forma paga de apresentação não pessoal de ideias, produtos, ou serviços, através de uma identificação do patrocinador”, cujo intuito é, mais do que propagar algo, persuadir o público na adoção do que esteja sendo proposto. » Promoção de vendas: ações e atividades de incentivo às vendas, do tipo não pessoal, que, diferentemente da propaganda, visam a resultados de curto prazo. Eis algumas das práticas de promoção de vendas comumente usadas. Note que cada conjunto de ações destina-se à comunicação com públicos-alvo distintos: 58 CAPÍTULO 5 • VEnDAS Público-Alvo Ações Clientes Brindes; Diminuição dos preços de vendas; Produtos e serviços adicionais; Sorteios, vouchers e cupons de descontos; entre outros. Redes de distribuição brindes; comissão extra; competições; eventos; recepções; sorteios. Equipes de vendas bônus; incentivos financeiros; prêmios; sorteios; viagens. » Publicidade: termo frequentemente confundido com propaganda; tem na definição de Cobra algo de distinto daquele termo: “são estímulos não pessoais para criarem demanda de um produto ou unidade de negócio, através dos meios de comunicação como rádio, televisão e outros veículos, com materiais não pagos pelo patrocinador”. » Relações públicas: como o nome sugere, trata-se do esforço da empresa em estabelecer “boas relações e um clima de confiança” com o público com o qual se relaciona ou do qual depende – do cliente às instituições diversas – e, para tanto, utiliza-se de técnicas de comunicação que visam comunicar informações sobre a empresa, seus produtos, políticas, posicionamento etc. » Merchandising: é o conjunto de técnicas para apresentação e destaque dos produtos no ponto de venda “para se colocar no mercado o produto certo, na quantidade certa, no preço certo, tempo certo, com o impacto visual adequado e na exposição correta”. Espera-se, por meio de tais técnicas, despertar a atenção do cliente de modo a incrementar as vendas. Atenção Ponto-de-venda é qualquer local em que ocorra uma transação de compra e venda. Para refletir O sucesso de uma loja não depende apenas de sua localização física, mas também de merchandising visual desenvolvido criteriosamente, produtos competitivos, equipe de vendas capacitada e estoque com sortimento e profundidade ajustados às necessidades de demanda. No caso de compras pela internet, aspectos como a segurança do site, a capacidade de entrega e a qualidade do produto, merecem atenção especial. 59 VEnDAS • CAPÍTULO 5 Definição da estratégia para a definição do mix promocional O planejamento do mix promocional depende ao menos de dois aspectos: 1) de que estratégia adotar para a escolha do mix, e 2) dos fatores que influenciama escolha do composto promocional. O primeiro é comumente tratado como estratégias push e pull (empurrar e puxar, respectivamente). O segundo aspecto trata de fatores que influenciam a escolha do composto promocional em si (COBRA, 1997, p. 446). Estratégias push e pull O “empurrar” da estratégia push não é literal. Apenas denota que a estratégia promocional do produtor foca ações no ponto de vendas e na venda pessoal do agente intermediário, de modo a estimular suas vendas. Isso porque cabe ao intermediário a venda dos produtos para o cliente final. Por exemplo, você já deve ter comprado um eletrodoméstico em uma rede de varejo; algumas ações promocionais na rede de varejo são de responsabilidade do produtor do eletrodoméstico. A estratégia pull (puxar), por sua vez, foca o consumidor final. Assim, as ações promocionais visam a que o consumidor se sinta estimulado a ir à loja comprar os produtos. O papel do produtor e do intermediário é garantir a disponibilidade do produto no ponto de venda e sua entrega adequada ao cliente. É assim para boa parte dos consumidores quando decidem ampliar seu pacote de TV por assinatura, adicionando mais canais ao pacote original ou somando outros produtos, como internet e telefone. Muito do que ele sabe sobre ampliação do pacote lhe foi informado diretamente por algum tipo de ação promocional. Rocha e Christensen (2008, p. 150) chamam a atenção para fatores condicionantes da definição da estratégia promocional: Estratégias promocionais dos concorrentes: deve-se analisar se vale a pena investir em ações diferenciadas. Principalmente, se isto implicar alto custo de aprendizagem por parte do cliente, demasiado tempo de implantação de campanha promocional, alto custo para modificar a percepção do público em relação às práticas usuais. Caso contrário, podem-se adotar as práticas de mercado e, em alguns casos, estabelecer níveis de diferenciação de baixo custo. É o que fazem as redes de varejo ou as empresas de venda porta a porta. Domínio de canais tradicionais pelos concorrentes: caso isto ocorra, os autores sugerem que se recorra à estratégia pull, ou seja, que se priorizem ações direcionadas ao cliente final, de modo que ele acabe por exigir do canal a disponibilidade do seu produto. Isto pode ocorrer com fabricantes, por exemplo, de produtos sem glúten, necessários, especialmente, a quem sofre de doença celíaca. Estes produtos normalmente são encontrados em lojas classificadas como 60 CAPÍTULO 5 • VEnDAS de produtos naturais. O cliente pode demandar que a loja de produtos naturais disponibilize determinada marca ou produto. Outra opção é utilizar estratégias push, partindo para novos canais, e pull, divulgando o produto para os clientes finais e informando-lhes de que forma adquiri-los. Custos relativos de distintas formas de comunicação com o cliente: neste caso, não só os custos envolvidos em cada ação promocional definirão sua utilização. Também a posição de mercado e o estágio em que se encontra a empresa, os recursos (financeiros ou não) de que dispõe, as condições competitivas que se apresentam e questões relativas ao macroambiente terão influência nesta escolha. Grau de diferenciação do produto: empresas que oferecem produtos diferenciados podem escolher o uso da estratégia pull e comunicar, diretamente ao cliente final, em que se diferenciam (por exemplo, produtos do segmento de luxo). Sugere-se, no entanto, o uso da estratégia push para produtos com pouca diferenciação ou para aqueles que o consumidor não detém conhecimento técnico para avaliá-los (por exemplo, lubrificantes de motor de carros). Possibilidade de construir preferência pela marca: se não houver necessidade de construção de preferência de marca, não há necessidade de investir em estratégia push. Por exemplo, supermercado cuja marca goza de prestígio junto a seus clientes não de precisa explicar-lhes sobre a qualidade ou diferencial de produtos de marca própria que venham a lançar. Mais do que isto, produtos de marca própria tendem a ser oferecidos nos supermercados por preços inferiores, o que, combinado com uma marca de prestígio, podem suprir o investimento em estratégia push. Só a escolha da estratégia é suficiente? Não totalmente. Cobra complementa o que vimos no tópico 3.1.1, com dois outros fatores que influenciam a escolha do mix promocional: a credibilidade do meio promocional utilizado e o controle dos resultados. Vejamos: Credibilidade do meio promocional utilizado: o meio promocional utilizado pode gozar de credibilidade ou não, dependendo do produto ou serviço. As novelas, em cenários e contextos específicos, têm se mostrado adequadas para o merchadising de produtos bancários, por exemplo. Por outro lado, a entrega recorrente de brindes aos clientes pode até reforçar a comunicação de marca, mas a conversão em vendas no longo prazo é baixa. Controle dos resultados: embora seja possível mensurar os resultados promovidos pelo uso dos meios promocionais, cabe à empresa identificar, entre os meios disponíveis, aqueles mais adequados aos produtos e serviços que oferece e que trarão melhor resultados. Previsão de vendas A previsão de vendas é um dos aspectos mais importantes do planejamento de marketing e, consequentemente, da boa administração de marketing. Partindo-se dos objetivos da organização, 61 VEnDAS • CAPÍTULO 5 determina-se o volume de vendas esperado para determinado período, que deverá orientar o planejamento de cada uma das áreas da empresa, rumo ao cumprimento das metas de vendas estabelecidas. Boone e Kurtz (2002, p. 194) lembram que a previsão de vendas impacta em decisões como o lançamento ou não de novos produtos, investimento em estrutura, contratação e treinamento de pessoas, entre outros. Os autores também afirmam que a previsão de vendas depende de fatores como os objetivos da organização, os recursos disponíveis e as forças do ambiente. Para isto, apresentam um conjunto de métodos qualitativos e quantitativos para cálculo da previsão de vendas (seus benefícios e limitações), adequados a propósitos distintos. A saber: Técnicas Resumo Benefícios Limitações Métodos qualitativos Júri de opinião executiva Adequado para equipes que disponham de experiência e conhecimento sobre o que influencia as vendas; de consciência do que é necessário fazer e de comprometimento neste sentido. Opiniões de executivos de diferentes departamentos (Finanças, Produção, Compras e Marketing). Rápido e barato. Alguns gerentes podem contribuir de forma limitada por não disporem de experiência e conhecimento para fazer previsões razoáveis. Técnica Delphi Além da opinião dos executivos da organização, considera a opinião de outros especialistas como pesquisadores de universidades, por meio de respostas a questionários, enviado sucessivas vezes até que se chegue a um consenso. Indicado para previsões de longo prazo (avanços tecnológicos e mercado potencial para novos produtos). Especialistas podem predizer eventos de longo prazo como a possibilidade de avanços tecnológicos. Cara e consome tempo. Consulta à força de venda Apoia-se na ideia de que a experiência dos vendedores capacita-os a prever o volume de vendas. Para não correr o risco de chegar a previsões conservadoras, as empresas utilizam-se da previsão dos vendedores combinadas com outras técnicas. Grupo de profissionais que detém conhecimento do cliente, do produto e da concorrência. Rápido e barato. Pode resultar em metas subestimadas pelo grupo, favorecendo o recebimento de premiação, mas, não necessariamente, em resultados de venda adequados. Levantamento das intenções de compra Levantamento de opinião por meio de questionário, e-mail, telefone ou entrevista pessoal. Adequada a previsões de médio e curto prazos, para empresas que atendem poucos clientes. As intenções reveladas podem não se converter em vendas de fato. Cara e consome tempo. 62 CAPÍTULO 5 • VEnDAS MétodosQuantitativos Teste de mercado Consiste em testar novos produtos em pequenos mercados, criteriosamente escolhidos. Além de feedback sobre o produto é possível avaliar o efeito de diferentes preços, estratégias promocionais etc. Disponibiliza informação realística de venda mais do que só a intenção de comprar. Alerta a concorrência para a existência de um produto novo. Caro e consome tempo. Análise de tendência Baseia-se no volume histórico de venda para prever a venda futura, assumindo que as causas de vendas passadas continuarão a influenciar as vendas futuras. A existência de histórico das vendas é necessária. Rápida, barata e efetiva para demanda e ambiente de consumidor estável. Assume que o futuro continuará o passado e ignora mudanças ambientais. Alisamento exponencial Confere pesos às informações dos anos anteriores, sendo que os anos mais recentes recebem maior peso, assumindo-se que os fatores que afetaram as vendas nos últimos anos, tendem a continuar influenciando as vendas futuras. Alguns benefícios como análise de tendências, mas enfatiza os dados mais recentes. Algumas limitações como a análise de tendência, mas não tão graves, devido à ênfase em dados recentes. Fonte: Contemporary Marketing. Benefícios e limitações das técnicas de previsão de vendas, adaptado de Boone e Kurtz (2002, pp. 194-197). Os autores propõem passos para a determinação de vendas que são: 1) previsão do ambiente; 2) previsão das vendas da indústria; 3) previsão de vendas da empresa e dos produtos; 4) previsão de “baixo pra cima”, e 5) previsão de novos produtos. A saber: Previsão do ambiente: Busca identificar fatores externos à empresa, que podem impactar os desempenhos dos mercados em que atua. Tais informações ajudam na composição do cenário em que a empresa está inserida. Por exemplo: políticas públicas, crise mundial, ascensão ou encolhimento de determinada classe social etc. Previsão das vendas da indústria: “Uma combinação da previsão econômica geral com condições ambientais, servem para orientar a previsão de vendas da indústria”. Publicações especializadas e associações específicas de cada indústria devem ser fonte de consulta para previsões de vendas da indústria. Previsão de vendas da empresa e dos produtos: a previsão adequada das vendas dos produtos evita que o mercado sofra com a falta de produtos e serviços, e que as empresas e seus parceiros tenham que administrar prejuízos em função das sobras em estoque. Boone e Kurtz (2002:198) recomendam uma análise das informações de desempenho dos anos anteriores e, para este fim, sugerem o envolvimento dos profissionais de produção e representantes regionais. Saiba Mais Cota de venda: “são objetivos quantitativos estabelecidos para unidades mercadológicas específicas (...), a empresa fixa suas metas ou cotas de vendas por produto ou grupo de produtos, clientes regiões e vendedores em unidades físicas” (COBRA, 1997). 63 VEnDAS • CAPÍTULO 5 Contribuem para a previsão traduzir informações que reflitam as expectativas de parceiros importantes para o sucesso do negócio, de forma a obter sucesso conjunto. Previsão de “baixo pra cima”: expressão que os autores atribuem às previsões de vendas elaboradas pelos vendedores para sua unidade, cujo somatório deve refletir as vendas regionais e nacionais. Esta prática contribui para o sentimento de participação e comprometimento do grupo com o valor estimado. Vale destacar que o volume estimado pelo grupo deve, ainda, ser confrontado com as demais informações adquiridas. Previsão de novos produtos: pesquisas de mercado (levantamento de intenção de compra), grupos de foco (análise de reação de clientes potenciais), e testes de mercado são meios pelos quais se podem prever as vendas de novos produtos, já que para tal a empresa não possui histórico. Resumo Vimos até agora: » O que é necessário para prever vendas de maneira adequada. » Parâmetros para o sucesso das equipes de venda. » Parâmetros para definição do comporto promocional. 64 Apresentação Como elaborar um planejamento estratégico de marketing, de forma a garantir que ações de marketing sejam executadas e os objetivos organizacionais atingidos? Entende-se que é preciso estabelecer diretrizes estratégicas objetivas e claras, objetivos estratégicos factíveis e ações de marketing em consonância com eles. É o que veremos neste capítulo. Outro aspecto, não menos importante, será tratado neste contexto: a importância do pensamento estratégico na administração de marketing. Objetivos Esperamos que, após o estudo do conteúdo deste capítulo, você seja capaz de: » Refletir sobre aspectos relevantes para a elaboração do planejamento estratégico de marketing. » Fazer uso de conceitos necessários ao planejamento estratégico de marketing. » Utilizar ferramentas de análise para avaliação de cenário e elaboração do plano estratégico e tático de marketing. Introdução Algumas pessoas traçam objetivos para suas vidas, posicionando-se diante dela de forma ativa, rumo à conquista de suas metas pessoais. É o seu caso? O que você gostaria de realizar? Uma viagem? A compra de uma casa? A mudança de emprego? Quaisquer que sejam os seus objetivos, para realizar as opções sugeridas (ou qualquer outra) é necessário: » Determinar o que deseja de fato, de forma clara e objetiva, evitando dúvidas ou ambiguidades que possam se tornar obstáculos ao longo do caminho. “Quero comprar um carro popular, zero, da marca X e que custe até $Y.000.” 6 AULA PLAnEJAMEntO EStRAtÉgICO DE MARKETING 65 PLAnEJAMEntO EStRAtÉgICO DE MARKETING • CAPÍTULO 6 » Dimensionar seu potencial real para a realização de seu objetivo e demonstrar atitude condizente com o necessário para alcançá-lo. “Estou disposto a poupar determinada quantia por mês para dar de entrada na compra do carro, de forma a não comprometer meu orçamento com a prestação que terei de arcar.” » Determinar quando se deseja “chegar lá”. “Até julho do ano X, eu terei o dinheiro necessário para dar de entrada na compra do meu carro.” » Determinar o caminho a seguir, para “chegar lá”. “Vou poupar mensalmente para garantir o dinheiro da entrada; pesquisar onde é melhor comprar o carro; analisar as condições de financiamento, escolher, entre as opções, aquela mais adequada ao meu bolso etc.” » Identificar o potencial de que dispõe e também os limitadores para a realização do que deseja. “Tenho determinação e sei que posso conseguir, no entanto, preciso me manter comprometida com meu objetivo já que, facilmente, posso gastar meu dinheiro comprando roupas de que não preciso.” » Identificar oportunidades e ameaças externas com as quais tem que lidar em função de sua escolha. “Tendo um carro, vou poder viajar mais com minha família. Por outro lado, aquela vizinha inconveniente vai me pedir carona para o trabalho diariamente.” » Pôr em prática seu plano e acompanhá-lo até o alcance do que você quer. “A entrada eu já dei, agora é manter o rumo, sempre atento às mudanças que possam afetar minha escolha.” O caminho sugerido para realização de desejos pessoais, como descrito no exemplo acima, se assemelha à trajetória das empresas rumo ao alcance de seus objetivos organizacionais. Em ambas as perspectivas (individual e organizacional), é preciso estabelecer o caminho, dispor de senso de direção e ser capaz de gerir estrategicamente os recursos disponíveis, ao longo do tempo. Neste capítulo, trabalharemos na perspectiva da organização. Você verá como o planejamento estratégico, especificamente de marketing, contribui para a orientação do caminho que se deve seguir e para o estabelecimento de ações que levem ao alcance dos objetivos determinados por sua empresa. 66 CAPÍTULO 6 • PLAnEJAMEntO EStRAtÉgICO DE MARKETING O que significa ser estratégico? Consultando o dicionário, estratégico é sinônimo de ardiloso, de hábil. “E daí?”, você pode perguntar a si mesmo. No contexto das organizações,só o dicionário, aparentemente, não ajuda os gestores da área de Marketing a planejarem suas ações estrategicamente. Proponho, portanto, iniciarmos a leitura deste capítulo e também refletirmos sobre como sair da dimensão das palavras, em que é possível saber o que elas significam (viva os dicionários!) e trazê-las para o âmbito da ação. Kotler (2006) sugere que para competir em um mercado global é preciso “comprometer-se em conquistar e manter clientes satisfeitos”. Ocorre que as mudanças que as empresas têm de enfrentar não refletem mais um cenário estático como se viu outrora. Empresas que pretendem alcançar resultados consistentes ao longo do tempo devem adaptar-se permanentemente a um cenário de mudanças constantes. Como afirma o autor, tais empresas têm no planejamento estratégico uma peça-chave para este fim. Leia a definição de Kotler (1998:71) para o planejamento estratégico orientado para o mercado: É o processo gerencial de desenvolver e manter um ajuste viável entre os objetivos, experiências e recursos da organização e suas oportunidades de mercado mutantes. O propósito do planejamento estratégico é moldar e remoldar os negócios e produtos da empresa com objetivo de crescimento e lucro. Antes de tratarmos do planejamento estratégico em si, é indicado refletir previamente sobre o pensamento estratégico que processos gerenciais desta natureza exigem. Como dito anteriormente, foi-se o tempo em que o planejamento estratégico era estático; as rápidas mudanças ocorridas nas últimas décadas impuseram não somente o uso adequado de ferramentas de gestão, como também a capacidade dos gestores de pensar estrategicamente. Pensamento estratégico? o que é isto? Bressan e Toledo (2004) despertam-nos para a pouca atenção em se estabelecer um conceito específico para “pensamento estratégico”, mas não ignoram o uso popular do termo. Os autores identificaram algumas definições, que serão apresentadas a seguir: Capacidade para enxergar o sistema como um todo e a interdependência de suas partes. Também chamada de habilidade conceitual, refere-se à capacidade para considerar a empresas como um todo; os relacionamentos de cada uma das partes da organização com as outras e com organização global e ao relacionamento com a comunidade, com as forças políticas, sociais e econômicas. 67 PLAnEJAMEntO EStRAtÉgICO DE MARKETING • CAPÍTULO 6 Habilidade para compreender a situação global e enxergar a grande cena – passada, presente e futura – com a definição de alternativas e possibilidades, aliada com a capacidade para considerar uma gama ampla de fatores internos e externos no processo de solução de problemas e tomada de decisões de ações. Habilidade para identificar oportunidades estratégicas para o sucesso; considerar uma ampla gama de fatores internos e externos na solução de problemas e tomada de decisões, em definir estratégias críticas e de elevado retorno e na priorização dos esforços em consonância com elas, de forma que as ações e decisões tenham seu foco ajustado para atender às questões estratégicas críticas da empresa. Percebe-se que as definições apresentam aspectos em comum, necessários à caracterização do pensamento estratégico: 1) visão da organização como um todo (compreensão do funcionamento de suas áreas internas, sua interdependência e sinergia); 2) influência dos ambientes interno e externo à organização e seus desdobramentos; 3) compreensão do contexto numa perspectiva temporal; 4) relacionamento que a empresa estabelece com outras 5) senso de direção e definição de caminhos a seguir; 6) capacidade de solução de problemas e tomada de decisão. Diretrizes estratégicas Você trabalha? Conhece as diretrizes estratégicas de sua empresa (Missão, Visão, Valores e Objetivos Organizacionais)? Ao menos já ouviu falar sobre isto? Em caso negativo, não é preciso se desesperar. Estes, talvez, sejam os conceitos mais adotados pelas empresas nas últimas décadas, de forma que, mais cedo ou mais tarde, você se sentirá confortável para falar sobre o assunto. Em artigo escrito para a Harvard Business Review, Collins e Porras (1996) afirmam que “empresas que desfrutam de sucesso duradouro têm um objetivo central e valores que permanecem fixos, enquanto suas estratégias de negócio e práticas são adaptadas, sistematicamente, a um mundo em mudança”. Os autores são enfáticos em esclarecer que o objetivo e os valores de que tratam são pressupostos básicos que norteiam as ações da organização, mas não impedem seu progresso. A identificação da identidade da organização e de seus valores fundamentais estabelece parâmetros que conferem às organizações consistência no desenvolvimento de sua estratégia, adaptabilidade às mudanças do mundo (relativas aos ciclos de mercado, às mudanças de tecnologias) rumo ao sucesso duradouro. Os autores chamam a atenção para o fato de que os valores essenciais de uma organização devem ser “um grupo de princípios que resistam ao tempo, que não necessitam de justificativa externa e que tenham valor e importância intrínsecos para aqueles que fazem parte da organização”. Collins e Porras (1996) utilizam-se do símbolo de Yin e Yung para representar a articulação da visão de futuro da organização, outra diretriz importante. 68 CAPÍTULO 6 • PLAnEJAMEntO EStRAtÉgICO DE MARKETING Figura 5. Articulando a Visão. Adaptado de COLLInS e PORRAS, Building your Company´s Vision. Harvard Business Review, Set/Out, 1996. Por trás desta reprodução está a ideia de que um lado não vive sem o outro e que o equilíbrio entre cada uma das partes é o que se deseja. Segundo os autores, portanto, na construção da visão deve-se equilibrar a ideologia central da organização (missão e valores) e a visão de futuro em si (visão e objetivos organizacionais), que deverá orientar a estratégia da organização. Conheça do que trata cada uma das diretrizes estratégicas organizacionais: Missão da organização É o texto que traduz o objetivo da empresa, seu propósito principal, o porquê de sua existência. Serve de direção para os envolvidos com a empresa, direta ou indiretamente, na determinação do que é preciso ser feito para mantê-la “viva”. É comum que a cúpula estratégica da organização (representantes da direção geral) escreva o texto que define a missão. No entanto, Vilas Boas e Andrade (2009, p. 7) sugerem que não só representantes da cúpula estratégica estejam envolvidos nesta tarefa, mas, também, gerências, chefias intermediárias e colaboradores da base da empresa, com o intuito de promover o comprometimento de todos os níveis hierárquicos da organização. Provocação Esteja atento: o texto da missão não deve servir à vaidade de quem o escreveu, mas à divulgação e compreensão do conteúdo pelos colaboradores internos, parceiros externos e, por que não, clientes da organização, propiciando e estimulando o comprometimento de todos rumo ao objetivo comum. Atenção Os textos da Missão e Visão, como você já sabe, têm propósitos distintos. Atenção, portanto, para estabelecer distinção à escrita de cada uma destas diretrizes. Não raro, encontramos textos similares, extensos e pouco inteligíveis para designar a Missão e Visão de algumas organizações. Afinal, se eu não entendo a razão de ser da organização e sua pretensão futura, como posso colaborar para o alcance dos objetivos estratégicos? Fica a sugestão: se precisar escrever a missão e a visão da organização, privilegie a clareza e a simplicidade, de forma a facilitar sua compreensão dos textos, pelos colaboradores, parceiros e clientes. 69 PLAnEJAMEntO EStRAtÉgICO DE MARKETING • CAPÍTULO 6 Visão da organização O texto da visão da organização mostra o que a organização pretende ser no futuro. Se a missão declara o objetivo central da organização, a visão dá direção aos colaboradores de onde se pretende chegar. Para a definição da visão, é preciso ter clareza sobre o que a organização é hoje, para construir uma imagem consistente do que se deseja em tempo futuro.Vilas Boas e Andrade (2009) afirmam que “a visão reflete uma postura inovadora devido às constantes mudanças no cenário mundial”. Os autores também chamam a atenção para as perspectivas de curto, médio e longo prazo para o alcance da visão e, assim, sugerem a elaboração de um “sequenciamento lógico de atividades e tarefas que permitam atingir o ponto desejado”. Valores da organização Conjunto de princípios que servem como regra de conduta, por meio dos quais os colaboradores guiam seu comportamento na organização. Objetivos estratégicos São os resultados que a organização deseja alcançar. São desdobramentos da visão da empresa e, normalmente, estão associados a algum indicador de desempenho que permita apurar o quão próximo se está do alcance do resultado esperado. Recomenda-se precisão na sua descrição, evitando ambiguidades, e utilização de critérios quantificáveis (percentual de fatia de mercado, de diminuição de custos), de forma a facilitar a medição. Há uma série de exemplos de organizações de sucesso duradouro, cujos valores e propósitos fundamentais refletem a base de seu sucesso. No artigo Construindo a visão da empresa, Collins e Porras (1996) apresentam exemplos de Missão e Visão de algumas empresas. Vejamos: A Missão revela a razão de ser das empresas. 3M: Resolver problemas não solucionados de forma inovadora. Cargill: Melhorar o padrão de vida pelo mundo. Fannie Mae: Fortalecer o tecido social, por meio da democratização contínua da posse da casa própria. Hewlett-Packard: Contribuir tecnicamente para o avanço e bem-estar da humanidade. Lost Arrow Corporation: Ser um modelo e um instrumento de mudança social. Cosméticos Mary Kay: Dar oportunidade ilimitada para as mulheres. 70 CAPÍTULO 6 • PLAnEJAMEntO EStRAtÉgICO DE MARKETING McKinsey & Company: Ajudar as empresas líderes e os governos a serem mais bem-sucedidos. Merck: Preservar e melhorar a vida humana. Nike: Experimentar a emoção da competição, vencendo os concorrentes. Sony: Experimentar a alegria de avançar e aplicar tecnologia para o benefício do público. Wal-Mart: Dar às pessoas comuns a chance de comprar as mesmas coisas que as pessoas ricas. Walt Disney: Fazer as pessoas felizes. Os Valores, afirmam os autores, são princípios essenciais de uma sociedade. São exemplos de valores: Merck » responsabilidade social corporativa; » excelência inequívoca em todos os aspectos da empresa; » inovação baseada em ciência; » honestidade e integridade; » lucro, mas o lucro do trabalho que beneficia a humanidade. Nordstrom » serviço ao cliente acima de tudo; » trabalho duro e produtividade individual; » nunca estar satisfeito; » excelência em reputação, sendo parte do algo especial. Philip Morris » o direito à liberdade de escolha; » vitória – vencendo os outros em uma boa luta » incentivo à iniciativa individual; » oportunidade com base no mérito; » trabalho duro e autoaperfeiçoamento contínuo. Sony » elevação da cultura japonesa e status nacional; » pioneirismo – não seguir os outros, fazendo o impossível; » incentivo à capacidade individual e à criatividade. Saiba Mais No site Missionstatements.com, você encontrará muitos textos de missões, alguns deles das empresas citadas nesta aula. Eles dividem as missões em categorias: empresa, família, pessoal, sem fins lucrativos, igreja, recursos humanos, localidade, escola e equipe. O intuito, segundo o próprio site, é que a informação sirva de inspiração para que você escreva o texto da missão da sua empresa. 71 PLAnEJAMEntO EStRAtÉgICO DE MARKETING • CAPÍTULO 6 Walt Disney » nada de cinismo; » nutrir e promulgar de “saudáveis valores americanos“; » criatividade, sonhos, imaginação; » atenção fanática à consistência e detalhe; » preservação e controle da magia Disney. A determinação de diretrizes estratégicas como missão, visão, valores e objetivos estratégicos por si só não garantem o empenho das áreas rumo ao que é necessário realizar. O pensamento estratégico contribui neste movimento. Está em jogo a capacidade das organizações em atuar internamente de forma integrada, identificar permanentemente meios para criar vantagem competitiva para a organização e entregar para os clientes os produtos e serviços que demandam, de forma e no tempo adequados. Estratégia Muitos são os conceitos atribuídos ao termo estratégia. Camargos e Dias (2003) enfatizam o fato de que, ainda que seja amplamente utilizado nos ambientes acadêmico e empresarial, o conceito de estratégia “apresenta um paradoxo, pois exige a integração de uma série de teorias e enfoques, o que impede o completo registro de seus conceitos e abordagens”. Vejamos alguns dos conceitos de estratégia, apresentados pelos autores: Conjunto de mudanças competitivas e abordagens comerciais que os gerentes executam para atingir o melhor desempenho da empresa. (...) é o planejamento do jogo de gerência para reforçar a posição da organização no mercado, promover a satisfação dos clientes e atingir os objetivos de desempenho. (THOMPSON JR.; STRICKLAND III, 2000 apud CAMARGOS; DIAS, 2003). É um modelo ou plano que integra os objetivos, as políticas e as ações sequenciais de uma organização, em um todo coeso. (MINTZBERG; QUINN, 1991 apud CAMARGOS; DIAS, 2003). Planos da alta administração para alcançar resultados consistentes com a missão e os objetivos gerais da organização. (WRIGHT, KROLL; PARNELL, 2000 apud CAMARGOS; DIAS, 2003). Atenção um caso isolado não caracteriza os profissionais de uma organização como que dispondo de pensamento estratégico, mas suas práticas cotidianas e seus efeitos. Assim, o pensamento estratégico transparece nas organizações que estimulam que suas áreas operacionais: 1) se reconheçam como prestadoras de serviço interno umas das outras, caminhando rumo aos objetivos comuns; 2) que, atentas ao que acontece no ambiente externo das organizações, sejam capazes de identificar tendências de mercado, adaptando-se a mudanças e criando diferenciais competitivos de difícil imitação; 3) que se antecipem às necessidades de seus clientes. 72 CAPÍTULO 6 • PLAnEJAMEntO EStRAtÉgICO DE MARKETING Planejamento estratégico de marketing Planejamento é o processo de “antecipar condições e eventos futuros e determinar o curso das ações necessárias para atingir os objetivos da empresa”. Implica a determinação de objetivos, a análise das condições e recursos disponíveis, e a determinação de ações cuja execução leve aos objetivos desejados. Trata-se de um processo contínuo, já que, no cenário dinâmico em que as empresas estão inseridas, ajustes ao longo do caminho poderão ser necessários (BOONE; KURTZ, 2002). Planejamento de marketing, nesta mesma linha, é o processo de antecipar condições e eventos futuros e determinar o curso das ações necessárias para atingir os objetivos de marketing. Boone e Kurtz (2002, p. 182) lembram que alguns tópicos relevantes em marketing, como a determinação da linha de produtos, as políticas de preços, a seleção de canais de distribuição e as campanhas de promoção (componentes do mix de marketing), dependem do planejamento de marketing. Planejamento estratégico: processo de determinação dos objetivos primários da organização, alocação de fundos e, em seguida, execução de ações desenhadas para atingir tais objetivos. Planejamento tático: processo de definição de atividades passíveis de execução que a empresa necessita para atingir seus objetivos. Etapas do processo de planejamento estratégico Este tópico destina-se a apresentar o caminho sugerido por Boone e Kurtz (2002:186) como aquele que contempla os passos que o profissional de marketing deve considerar ao longo do processo de planejamento estratégico. Segundo os autores, são eles: 73 PLAnEJAMEntO EStRAtÉgICO DE MARKETING • CAPÍTULO 6 Defina missão da organização Como visto no início deste capítulo, a missão deve refletir o principal propósito da empresa. Os autores destacam quea missão serve, inclusive, como diferencial em relação a outras empresas. No entanto, em alguns casos, isto não tem sido aplicado como recomendam os autores em administração. É possível observar textos similares de missão de empresas diferentes e, por vezes, missão parecida com visão da empresa. Atenção: como já falado, cada diretriz serve a um propósito. O texto da missão pode mudar. Duas recomendações serão feitas, no entanto: 1) evite mudanças no texto da missão a cada mudança de diretoria ou período curto de tempo (menos de cinco anos); 2) ainda que o texto seja modificado, que o propósito da empresa seja mantido. Tomando como exemplo o caso da Walt Disney, citado anteriormente, temos a seguinte missão: “fazer as pessoas felizes”. Segundo o site Missionstatements.com, o texto que reflete a missão da referida empresa é: A missão da Walt Disney Company é ser uma das líderes como produtora e provedora de entretenimento e informação. Por meio de um portifólio de marcas que nos diferencia em conteúdo, serviços e produtos, buscamos desenvolver as experiências mais criativas, inovadoras e rentáveis do mundo. O que você achou? Mudou muito? Pode ser; afinal, há quantos anos a empresa existe? No entanto, se reparar bem, o aspecto de liderança no que eles fazem de melhor é notório e o portfólio de produtos e serviços que oferecem (sejam os parques, brinquedos, produtos diversos) é diferenciado e memorável, deixando uma marca afetiva naqueles que os consomem. Tudo isto serve ao propósito de garantir aos clientes experiências diferenciadas e inovadoras. Assim, é possível afirmar que o propósito de fazer as pessoas felizes se mantém. Determine os objetivos organizacionais Você já sabe que os objetivos organizacionais decorrem da missão e servem à definição dos objetivos de marketing e à elaboração de seu planejamento específico. Boone e Kurtz (2002, p. 187) ressaltam que os objetivos organizacionais devem especificar a intenção da empresa e o tempo que se espera para que cada um deles seja alcançado. Por exemplo, “aumentar a receita este ano em 15%, em relação ao ano anterior”. Avaliar os recursos organizacionais, os riscos ambientais e as oportunidades Determinada a missão da empresa e os objetivos que pretende atingir, espera-se que a organização tenha condições de realizar o que deseja, no prazo determinado. Muitas empresas se utilizam de uma ferramenta de planejamento estratégico, conhecida como análise SWOT, que ajuda a 74 CAPÍTULO 6 • PLAnEJAMEntO EStRAtÉgICO DE MARKETING identificar suas potencialidades e fraquezas diante de oportunidades e ameaças do ambiente externo. O intuito é tomar a análise SWOT como um método de estudo das capacidades organizacionais face ao ambiente externo, e identificar oportunidades e ameaças que afetem o negócio (BOONE; KURTZ, 2002, p. 187). A análise proposta propicia que os gestores identifiquem condições reais, internas e externas, para atingir seus objetivos. SWOT é um acrônimo das palavras inglesas Strengths (forças), Weaknesses (fraquezas), Opportunities (oportunidades) e Threats (ameaças). A categoria forças diz respeito a aspectos que confiram diferencial positivo à organização, desde aquelas relativas à sua estrutura interna (departamentos, tecnologia, recursos financeiros) como as que refletem competências de que disponha (capital intelectual, network, reputação de mercado). As fraquezas dirão destes mesmos aspectos, aquilo que precisa melhorar, por exemplo, reputação negativa da marca no mercado, pessoal desqualificado, tecnologia obsoleta, dentre outros. As oportunidades refletem possibilidades potenciais para promover crescimento, garantir ou conferir diferencial competitivo à empresa. Participação em eventos que promovam visibilidade, características favoráveis do mercado, aumento do número de clientes potenciais podem representar oportunidades para a empresa. As ameaças representam aspectos que podem comprometer as vantagens competitivas da empresa, como questões relativas ao câmbio, entrada de concorrentes fortes no mercado de atuação da empresa, políticas governamentais adversas à expansão do negócio. Figura 6 – Representação da análise SWOt: um exemplo. 75 PLAnEJAMEntO EStRAtÉgICO DE MARKETING • CAPÍTULO 6 A Figura 6 traz um exemplo de representação que permite a análise SWOT. Na prática, analisam-se os itens que preenchem cada uma das categorias, identificando-se que aspectos devem ser valorizados (forças), mitigados ou controlados (fraquezas), explorados (oportunidades) e evitados (ameaças). Também a combinação das categorias contribui para o resuldado da análise, por exemplo, buscando entender se as forças ajudam a minimizar as fraquezas; se as fraquezas devem ser atacadas para que não se percam oportunidades, e assim por diante. Observe que as forças e fraquezas podem ser controladas pelas empresas, já que se referem a aspectos internos da organização. As oportunidades e as ameaças têm correspondência com o ambiente externo, por isso, em consonância com os objetivos da empresa, a análise serve para maximizar as oportunidades e entender de que modo evitar ou minimizar o efeito das ameaças. Espera-se que a análise SWOT contribua para a tomada de decisão das empresas rumo ao alcance de seus objetivos. Plano estratégico e tático de marketing Após as etapas descritas no tópico anterior, um plano de marketing deve ser elaborado tendo em vista o registro das decisões tomadas e a determinação dos meios pelos quais cumpri-las (ROCHA; CHRISTENSEN, 2008, p. 274). É como se a organização assumisse um compromisso coletivo. O plano de marketing é o instrumento que comunica, direciona e coordena os esforços de marketing. O plano estratégico de marketing destina-se a apresentar os parâmetros que definem a estratégia de marketing (público e mercados-alvo, diretrizes estratégicas, proposta de valor e resultado da análise SWOT) (KOTLER; KELLER, 2006, p. 41). O plano tático de marketing especifica as ações de marketing necessárias para atingir os objetivos determinados (determinação do composto de marketing), os responsáveis e os prazos previstos para sua realização. Rocha e Christensen (2008, pp. 274-279) lembram que o plano de marketing, embora elaborado com base em parâmetros consistentes, está sujeito a alterações ao longo do percurso. Está em jogo a capacidade da organização em adaptar-se e ajustar o plano, se necessário, face aos “imprevistos do real”. Os autores chamam a atenção, ainda, para os riscos associados ao processo de planejamento, que podem comprometer tanto a elaboração quanto a execução do plano de marketing. Leia: » fazer do planejamento um mero processo burocrático, em vez de uma prática estimulante e inovadora; Saiba Mais Curiosidade: embora no ambiente corporativo o termo utilizado seja SWOT, os profissionais costumam referir-se a cada uma de suas categorias em português. Assim, se alguém falar em forças e fraquezas, oportunidades e ameaças, saiba que estão se referindo à análise SWOT. 76 CAPÍTULO 6 • PLAnEJAMEntO EStRAtÉgICO DE MARKETING » não comprometer a alta gerência no planejamento quando ela é a responsável pela execução e controle do plano; » negligenciar a qualidade da execução e controle do plano, conferindo, equivocadamente, mais importância à fase de planejamento; » tornar o plano uma simples declaração de boas intenções, quando seu propósito é determinar, de forma objetiva, clara e precisa, o caminho para realizações significativas; » tornar o plano uma camisa de força, desconsiderando o dinamismo envolvido no processo de gerenciamento de marketing; » valorizar excessivamente o que é mensurável, negligenciando o aspecto intuitivo da gestão na tomada de decisão. Resumo Vimos até agora: » Questões relativas à elaboração do planejamento estratégico de marketing. » Conceitos necessários ao planejamento estratégico de marketing. » Ferramenta de análise utilizada para avaliação de cenário e elaboração doplano estratégico e tático de marketing. 77 Referências ABEMD – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE MARKETING DIRETO. Disponível em: <www.abemd.org.br>. AMA-AMERICAN ASSOCIATION OF MARKETING. Disponível em: <http://www.marketingpower.com/AboutAMA/ Pages/DefinitionofMarketing.aspx>. Acessado em: 10/7/2011. BOONE, Louis E.; KURTZ, David L. Contemporary marketing, South-Western Thomson Learning, 2002. BRESSAN, F.; TOLEDO, G. L. Pensamento estratégico e profissionais em formação em cursos de pós-graduação em marketing: uma abordagem introdutória. Seminários em Administração FEA-USP, 2004. COBRA, Marcos H. N. Marketing básico. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1997. ______. Marketing básico: uma perspectiva brasileira. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1985. COLLINS, J. 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