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Administração de marketing ANA RAQUEL ROCHA ISABELLA ROCHA 1ª Edição Brasília/DF - 2018 Autores Ana Raquel Rocha Isabella Rocha Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração Sumário Organização do Livro Didático........................................................................................................................................4 Introdução ..............................................................................................................................................................................6 Capítulo 1 Conceitos Fundamentais à Administração de Marketing .................................................................................7 Capítulo 2 Aplicabilidade de Marketing e a Satisfação do Consumidor ........................................................................ 18 Capítulo 3 Marketing de Relacionamento ................................................................................................................................ 29 Capítulo 4 Marketing Direto .......................................................................................................................................................... 44 Capítulo 5 Vendas ............................................................................................................................................................................ 51 Capítulo 6 Planejamento Estratégico de Marketing ............................................................................................................. 64 Referências .......................................................................................................................................................................... 77 4 Organização do Livro Didático Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares. A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização do Livro Didático. Atenção Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a síntese/conclusão do assunto abordado. Cuidado Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado. Importante Indicado para ressaltar trechos importantes do texto. Observe a Lei Conjunto de normas que dispõem sobre determinada matéria, ou seja, ela é origem, a fonte primária sobre um determinado assunto. Para refletir Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões. 5 ORgAnIzAçãO DO LIVRO DIDátICO Provocação Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor conteudista. Saiba mais Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões sobre o assunto abordado. Sintetizando Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos. Sugestão de estudo complementar Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso. Posicionamento do autor Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado. 6 Introdução Este caderno destina-se a tratar de tópicos relevantes à Administração de Marketing. Você conhecerá conceitos e ferramentas que lhe permitirão refletir e agir diante do que precisa ser feito nesta área. Os seis capítulos que se seguem abordam questões que vão desde o conceito de marketing até o seu planejamento estratégico. Leituras adicionais são sugeridas ao longo dos capítulos e, também, algumas curiosidades e termos pertinentes ao tema em questão são apresentados. Aproveite! Objetivos Este caderno de estudos tem como objetivos: » Apresentar conceitos fundamentais à Administração de Marketing. » Tratar de sua aplicabilidade em direção à satisfação do consumidor. » Tratar de temas específicos como marketing de relacionamento, marketing direto e vendas. » Abordar questões relativas ao planejamento estratégico de marketing. 7 Apresentação Marketing é um termo que tem sido usado pelas pessoas, por vezes, com o sentido deturpado. Não raro, diz-se que alguém conseguiu o que queria no trabalho, por exemplo, porque é “muito marketeiro”. Neste sentido, o termo carrega sentido negativo, como se o intuito dos profissionais de marketing fosse enganar ou tirar proveito das pessoas. Ao contrário, a disciplina destina-se a identificar e propor maneiras de promover a satisfação dos consumidores por meio da entrega de produtos e serviços adequados às suas expectativas. Este capítulo destina-se a apresentar o marketing para o aluno e, além disso, conceitos e ferramentas necessários à sua administração. Espera-se, com isto, contribuir para promover uma reflexão sobre a complexidade que envolve o tema “Administração de Marketing” e o desafio que enfrentam os profissionais da área neste processo. Objetivos Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta capítulo, você seja capaz de: » Refletir sobre a complexidade envolvida nas atividades de marketing. » Fazer uso de alguns conceitos e ferramentas fundamentais à administração de marketing. » Refletir sobre o papel da gerência de marketing no processo de administração de marketing. Introdução Inicio este capítulo dividindo com você uma frase que certa vez escutei de um profissional de Marketing: “Marketing é igual à piscina Tone, todo mundo acha que dá pé.” 1 AULA COnCEItOS FUnDAMEntAIS À ADMInIStRAçãO DE MARKETING 8 CAPÍTULO 1 • COnCEItOS FUnDAMEntAIS À ADMInIStRAçãO DE MARKETING Tratava-se de uma queixa. Ele se referia a três características da piscina para explicar a analogia: a piscina era rasa, não representando perigo para quem dela se utilizava; barata, o que a tornava acessível a uma parcela significativa do mercado; e popular, de forma que todos a conheciam, ainda que não tivessem feito uso de uma. A afirmação chama a atenção, pertinentemente, para o fato de muitas pessoas acharem que entendem de marketing só porque o termo se popularizou e alguns conceitos ligados à atividade se tornaram conhecidos do público em geral. Para ele, era como se essas pessoas se apropriassem do conhecimento de práticas “rasas e baratas” – ainda que amplamente difundidas – acreditando que tais práticas, por si só, garantiriam o sucesso das empresas. Será que é simples assim? Fica a pergunta. Ao longo deste capítulo, você terá a oportunidade de conhecer o Marketing e algumas ferramentas e conceitos nos quais se baseiam algumas práticas adotadas pelas empresas. Por ora, sugiro a leitura do texto de Rocha e Christensen (1987, p. 39) para iniciar uma reflexão acerca do assunto. Marketing tem sido definido de formas bastante diferentes. Para Peter Drucker, é um processo social; para Levitt, um processo de troca; para Philip Kotler, um instrumento gerencial. O marketing parte da ideia de que a demanda e a oferta são heterogêneas, isto é, de que a demanda provém de um conjunto de consumidores cujas preferências são distintas entre si, e de que a oferta é composta por um conjunto de fabricantes cujos produtos apresentam certo grau de dissimilaridade. O marketing procura obter o melhor acoplamentopossível entre segmentos de oferta e de demanda. Existem apenas duas formas pelas quais o marketing ajuda a produzir o ajustamento entre oferta e demanda: oferecendo maior satisfação ao consumidor ou oferecendo a mesma satisfação por menor custo. Qualquer que seja a forma utilizada, cada organização busca o segmento da demanda que está mais bem aparelhada para atender. Para isto, precisa desfrutar de alguma vantagem competitiva diferencial. (Fonte: Marketing: teoria e prática no Brasil. Rocha e Christensen, cap. 1, sumário, 1987). O que é marketing? É possível encontrar na literatura algumas definições para Marketing. Aliás, Boone e Kurtz (2002) arriscam dizer que você consegue chegar a tantas respostas diferentes que quiser, quantas forem as pessoas a quem você pedir que definam Marketing. Eles alegam que muitos associam Marketing à propaganda, que promove a exposição contínua de produtos e serviços, e à venda, em função da experiência pessoal de consumo. 9 COnCEItOS FUnDAMEntAIS À ADMInIStRAçãO DE MARKETING • CAPÍTULO 1 Vejamos as seguintes definições: » Marketing é um processo administrativo e social pelo qual indivíduos e grupos obtêm o que necessitam e desejam, por meio da criação, oferta e troca de produtos e valor com os outros (KOTLER; ARMSTRONG, 2003, p. 3); » Marketing é a atividade, conjunto de instituições e processos para criar, comunicar, distribuir e efetuar a troca de ofertas que tenham valor para consumidores, clientes, parceiros e a sociedade como um todo (AMA – AMERICAN MARKETING ASSOCIATION, 2007); » Marketing é o processo de planejamento e execução da concepção, preço, promoção e distribuição de ideias, bens, serviços, organizações e eventos, para criar e manter relacionamentos que irão satisfazer objetivos individuais e organizacionais (BOONE; KURTZ, 2002, p. 9). Como você pode notar, Marketing não é só venda e propaganda. Conforme as definições apresentadas, a atividade exige que o profissional da área considere: » A perspectiva do cliente (individual ou coletivamente) que, ao consumir produtos e serviços, busca, ao menos, saciar suas necessidades; » O papel das instituições que sustentam as relações em Marketing (fornecedores, universidades, entidades públicas e privadas e ajudam a formar uma rede) (KOTLER; ARMSTRONG, 2003, p. 3); » A importância do planejamento e dos processos como meios para garantir satisfação na perspectiva do indivíduo e da organização. Conceitos fundamentais de marketing Para começar a entender de marketing, Kotler e Armstrong (2003, p. 4) sugerem familiaridade com alguns conceitos fundamentais à atividade e, para isto, propõem um esquema em que os conceitos são construídos, progressivamente, com base naquele que o antecede. Veja a figura a seguir: 10 CAPÍTULO 1 • COnCEItOS FUnDAMEntAIS À ADMInIStRAçãO DE MARKETING Os autores conceituam cada termo como segue: » Necessidades humanas: aquelas que resultam de situações de privação, sejam elas necessidades básicas (fisiológicas e de segurança), sociais (de relacionamento e estima) ou individuais (de realização pessoal). Saciar a sede, fazer parte de grupos de lazer e viajar para a cidade dos sonhos são, respectivamente, exemplos de cada um dos grupos de necessidades apresentados. » Desejos: são necessidades humanas influenciadas pela cultura e personalidade do indivíduo. Diante da necessidade de comer, indivíduos podem desejar comidas diferentes, de acordo com sua cultura e personalidade. Isto explica, por exemplo, o desejo específico de comer feijoada para um carioca. » Demandas: são o resultado do investimento de recurso do indivíduo na compra de produtos, cujo valor e satisfação atendam a seus desejos. Considerando-se que os desejos são infinitos, mas os recursos não, no exemplo da comida, a demanda por um restaurante chique, tradicional ou popular, dependerá dos recursos de que dispõe cada pessoa. » Produtos: são bens oferecidos a um mercado para satisfazer uma necessidade ou um desejo dos consumidores. Roupas, carros e comida são produtos que temos facilidade em reconhecer. » Serviços: são “produtos” intangíveis, que agregam valor à venda, ou atividades específicas que não resultam na posse de nada tangível. O serviço de entregas em domicílio (ou delivery, se preferir) é uma modalidade que confere diferencial à venda de produtos tangíveis, e o resultado do trabalho de consultoria exemplificam a “posse de nada tangível” a que se referem os autores. Atenção Fique atento: como apontam Kotler e Armstrong (2003:5), a experiência que o cliente vive é fundamental para ele, influindo nas suas escolhas de compras. Por exemplo, o consumo de produtos e serviços ligados às festas juninas nordestinas traduz muito da experiência vivida no evento. Mais do que isto, confere diferencial aos produtos e serviços oferecidos. 11 COnCEItOS FUnDAMEntAIS À ADMInIStRAçãO DE MARKETING • CAPÍTULO 1 » Valor para o cliente: diferença percebida pelo cliente ao comparar o valor pago e os benefícios encontrados, após adquirir e experimentar um produto ou serviço. É importante considerar que existe um caráter subjetivo envolvido neste julgamento, já que, muitas vezes, o consumidor não está capacitado tecnicamente para avaliar o potencial de uso de um produto ou serviço. » Satisfação do cliente: sensação de correspondência entre a percepção do cliente e sua expectativa, acerca do desempenho de determinado produto ou serviço. A insatisfação, portanto, é resultado de não haver a correspondência esperada. » Qualidade: condição de satisfação do cliente que as empresas devem buscar permanentemente, para além da “simples” ausência de defeitos. » Troca: “ato de obter de alguém um objeto desejado, oferecendo alguma coisa em troca”. » Transações: trocas de valores entre duas partes, podendo ser financeiras, se ao adquirir um produto envolvem dinheiro (compra de uma geladeira por R$800,00), ou de permuta, se há simples troca de produtos ou serviços (troca de discos de vinil por CDs). » Relacionamentos: em Marketing, dizem respeito ao esforço em estabelecer um relacionamento de longo prazo, não só com os clientes, mas, também, com distribuidores e fornecedores. » Mercado: conjunto de compradores atuais e potenciais de um produto. O tamanho de determinado mercado depende das necessidades ou desejos compartilhados por estes indivíduos, dos recursos de que dispõem para efetuar trocas e de sua disposição em oferecer tais recursos em troca dos produtos ou serviços oferecidos. Agora que você conhece alguns conceitos importantes de Marketing, gostaria de propor um exercício. Vamos lá? Para refletir Os autores enfatizam que a “qualidade começa com as necessidades do cliente e termina com sua satisfação”. Neste contexto, uma orientação tem contribuído para o sucesso de ações de marketing: é importante atender ou, melhor, superar as expectativas dos clientes. Para refletir Mais uma orientação de Marketing surge a partir destes conceitos: o ganho inerente a transações e relacionamentos de longo prazo. O que valia no passado já não vale mais. Valorizar o lucro nas transações de curto prazo é desprezar o impacto e os benefícios inerentes à criação de relacionamentos duradouros. Assim, um vendedor que adota uma postura de criar vínculos de longo prazo com seus clientes pode até vender um só produto hoje, mas, no longo prazo, estimula a que seus clientes voltem e comprem com ele com certa regularidade. 12 CAPÍTULO 1 • COnCEItOS FUnDAMEntAIS À ADMInIStRAçãO DE MARKETING Composto de marketing Dos conceitos ligados a Marketing, o composto de marketing figura entre os mais disseminados por acadêmicos e profissionais da área. Há outras terminologias, comumente usadas, para designar o composto de marketing. São elas: marketing mix, mix de marketing e 4 Ps. Kotler (1998:97) define composto de marketing como: Um conjunto de ferramentas que a empresa usa para atingir seus objetivos de marketing no mercadoalvo. O autor lembra McCarthy, que popularizou a classificação dessas ferramentas como 4 Ps, referindo-se às variáveis produto, preço, praça e produção. Rocha e Christensen (1987, p. 37) enfatizam o aspecto de controle que os gerentes de marketing podem exercer sobre cada uma destas variáveis, a fim de melhor ajustar a oferta de produtos e serviços de uma empresa e a demanda existente. Vejamos, a seguir, do que trata cada uma delas: » Produto: bem e/ou serviço oferecido a um mercado, que atenda às necessidades dos consumidores. Cobra (1985, p. 31) destaca que um produto deve possuir características que atendam a tais necessidades, tais como qualidade e padronização (em termos de desempenho e acabamento), modelos e tamanhos de acordo com a expectativa do consumidor e apresentação física (estendida à embalagem e à marca) condizentes com o esperado. » Preço: valor monetário cobrado para a aquisição de um produto ou serviço. Reflete as decisões estratégicas da empresa, no sentido de garantir saúde financeira e de posicionar o produto no mercado. Em relação a esta variável, devem-se considerar as condições a ela relacionadas, como proposto no esquema de Kotler, mas, também, sob que perspectiva deve ser estabelecido e avaliado (da fábrica, do ponto de venda, do atacadista), como sugere Cobra (1985, p. 32). » Praça: locais ou meios pelos quais os produtos são disponibilizados para os consumidores. Está estritamente relacionada aos canais de distribuição, no que diz respeito não só ao canal em si (atacado, varejo ou distribuidor) e suas condições específicas (horário e dia de funcionamento, prazo de entrega), como, também, às condições de transporte e armazenagem (COBRA, 1985, p. 32). Pontos de vendas estrategicamente localizados (físicos ou virtuais) auxiliam o processo de venda, aproximam os consumidores dos produtos e devem promover-lhes comodidade. » Promoção: envolve as atividades que comunicam e conscientizam o cliente sobre o produto, ou serviço, e o estimulam a comprá-lo. Promoções de vendas, pontos de 13 COnCEItOS FUnDAMEntAIS À ADMInIStRAçãO DE MARKETING • CAPÍTULO 1 venda e merchandising, venda pessoal, marketing direto, publicidade e propaganda, relações públicas, patrocínios, mala direta, comunicação na internet, mídias impressas e eletrônicas, feiras, entre outros, são exemplos de ações promocionais. » Mercado-alvo: parte do mercado para o qual a empresa direciona seus produtos e serviços. A definição do mercado-alvo deriva dos objetivos estratégicos da empresa. Figura 1 – Os 4 Ps do composto de marketing. Fonte: Kotler (1998, p. 97) Complementando a descrição apresentada, a Figura 1 mostra o esquema de Kotler, apresentando variáveis específicas de cada um dos Ps do composto de Marketing. SERVIçO Kotler (1998, p. 28) destaca o serviço como um dos três componentes do produto. O autor sugere o entendimento do produto como uma combinação do bem físico, do serviço e das ideias a ele associados. Kotler confere aos bens físicos o status de “veículos que nos prestam serviço”, na medida em que, ao comprar uma geladeira, o consumidor está comprando um bem que 14 CAPÍTULO 1 • COnCEItOS FUnDAMEntAIS À ADMInIStRAçãO DE MARKETING propicia o serviço de armazenamento adequado de alimentos, além da entrega e instalação envolvidas. A ideia, neste caso, está associada ao não desperdício de alimentos, à saúde, entre outras possibilidades. A American Marketing Association (2011) amplia o conceito de serviço afirmando que são “atividades, benefícios ou satisfações que são colocados à venda ou proporcionados em conexão com a venda de bens”. Algumas características de serviço: » é intangível; » não é estocável; » não pode ser transportado; » é perecível; » é inseparável do produto; » sua produção é limitada; » simultaneamente existe a produção e o consumo; » não permite transferência de propriedade; » a interação pessoal faz com que a prestação de serviços seja única; » outras. Composto promocional Você já deve ter notado que compramos bens que nos atendem além do benefício principal que deveria suprir nossas necessidades, não é mesmo? Basta pensar no que significa comprar uma Ferrari em vez de um Fusca, afinal, os dois são carros. Cabe às empresas estabelecer de que maneira irão se comunicar com seus clientes atuais e potenciais, parceiros comerciais, stakeholders e outros, de forma a estabelecer a distinção de seus produtos. O composto promocional serve a este propósito. Segundo Kotler (1998, p. 526), “o composto de marketing consiste em cinco importantes modos de comunicação”: propaganda, promoção de vendas, relações públicas e publicidade, venda pessoal e marketing direto. Vejamos: » Propaganda: um modo de apresentar informação sobre um produto ou serviço de forma a influenciar a atitude do espectador. Kotler chama a atenção para características da Para refletir Curiosidade: Philip Kotler é reconhecidamente um dos principais autores em Marketing e suas ideias seguem influenciando pesquisadores e profissionais da área até hoje. Professor de Marketing Internacional na Kellog University Northwestern Graduate School of Management, em Chicago, é considerado pelo Management Centre Europe como “o maior especialista do mundo sobre a prática estratégica de marketing”. Fonte: Kotler Marketing Group. 15 COnCEItOS FUnDAMEntAIS À ADMInIStRAçãO DE MARKETING • CAPÍTULO 1 propaganda como uma modalidade paga, um meio de promoção de ideias ou serviços e cujo patrocinador é identificado. » Promoção de vendas: incentivos diversos que ajudam a acelerar a venda de um produto ou serviço. Deve estimular a experimentação, em última instância, a compra em si. » Relações públicas e publicidade: segundo Kotler, uma variedade de programas preparados para promover e/ou proteger a imagem de uma empresa ou de seus produtos individuais. » Venda pessoal: um processo de interação pessoal em que é possível para o vendedor prospectar clientes, apresentar produtos ou serviços, esclarecer dúvidas, entender necessidades específicas e concretizar uma venda, efetivamente. » Marketing direto: conjunto de ferramentas de contato informal, tais como correio, telefone, e-mail, que servem para promover interação com clientes, atuais ou potenciais. Kotler destaca as ferramentas de marketing direto como meio para comunicar ou obter respostas dos clientes. » Stakeholder: termo utilizado para designar as partes interessadas (fornecedores, clientes, acionistas, colaboradores, organizações ambientais, entre outros) nas realizações e práticas adotadas por determinada empresa. gerência de marketing Rocha e Christensen (1987, p. 37) sugerem o entendimento da gerência de marketing não como uma área definida, mas como o ato de gerir ações de marketing. Esta perspectiva permite que se reflita sobre marketing como não sendo uma prerrogativa exclusiva do gerente de marketing, o que habitualmente se admite. Para eles, a gerência de marketing é “um conjunto de atividades de marketing dirigidas para o atendimento das necessidades do cliente em longo prazo, tendo em vista seu bem-estar e o sucesso da organização”. Tais atividades consideram: » avaliação de oportunidades de mercado e de capacidade e recursos da empresa; » posicionamento do produto; » determinação do marketing mix; » implementação e controle dos programas de marketing. 16 CAPÍTULO 1 • COnCEItOS FUnDAMEntAIS À ADMInIStRAçãO DE MARKETING OS 4 As DE RICHERS Richers (1994, pp. 20-25) propõe um modelo que, segundo o autor, serve de base para o planejamento das ações de marketing e decisões futuras. O modelo trata de quatro funções que consideram não só a empresa como sua interação como ambiente e, também, permite avaliar os resultados operacionais de acordo com o objetivo da empresa. Os 4 As referem-se a: » Análise: análise do ambiente e identificação das forças de mercado que impactam na empresa, por meio do levantamento e da interpretação de informaçõesde mercado (pesquisas de mercado, sistema de informação mercadológica). » Adaptação: adequação das ofertas (produtos e serviços) à demanda, considerando o resultado da análise do ambiente. Richers chama de composto de apresentação ao conjunto de atributos associados à oferta (design, marca, embalagem, preço e assistência ao cliente). » Ativação: no sentido de fazer com que o produto chegue até o consumidor, de acordo com sua expectativa, inclusive de frequência. Tem na logística, na distribuição e no composto de comunicação, elementos-chave, aos quais o autor se refere como composto de comunicação. » Avaliação: controle e interpretação dos resultados das ações de marketing, de forma que sirvam de base para a tomada de decisões futuras. Além das informações da empresa, Richers afirma que, assim como na análise, a avaliação pode se utilizar de pesquisas ou sistema de informações mercadológicas para sua execução. Veja o que diz Richers (1994, p. 24) sobre o gerenciamento do composto de marketing: Administrar este composto, dentro do objetivo geral de otimizar os recursos à sua disposição, é responsabilidade máxima do principal executivo de marketing numa empresa. Para atingir esse objetivo, cabe ao setor comercial da empresa dosar e combinar cada um dos instrumentos à sua disposição de tal forma que o composto de marketing torne-se “irresistível” para o mercado, ou seja, que a oferta do conjunto de bens e serviços da empresa condiga plenamente com os desejos do seu mercado em potencial (...). Para que isto possa acontecer, incontáveis possibilidades de combinação entre os elementos do composto de marketing são imagináveis, mas certamente algumas dessas combinações são muito mais adequadas do que a maioria das outras. A essência do talento do homem de marketing consiste em encontrar combinações racionais e adequadas à relação produto/mercado sob seu controle. Atenção composto de apresentação + composto de comunicação = composto de marketing Richers (1994, p. 23). 17 COnCEItOS FUnDAMEntAIS À ADMInIStRAçãO DE MARKETING • CAPÍTULO 1 Dizem muitos livros que isto é uma arte. Certamente não é uma ciência, porque nos faltam os elementos para criar modelos de investigação e aplicação que praticamente assegurassem o sucesso da ação mercadológica por antecipação. Cada situação é substancialmente diferente de todas as outras situações e requer a sua própria “mixagem” de instrumentos. Resumo Vimos até agora: » Questões relativas à complexidade envolvida nas atividades marketing, como meio de atingir os objetivos da empresa. » Aspectos que caracterizam o marketing. » Conceitos e ferramentas fundamentais à administração de marketing. » O que se espera da gerência de marketing neste processo. 18 Apresentação Neste capítulo, você conhecerá as aplicabilidades de marketing e entenderá como a administração de marketing pode contribuir para promover a satisfação do consumidor. Neste contexto, a orientação de mercado seguida pela empresa complementa o tópico, já que contribui para dar direção às ações de marketing que ajudam a criar valor para os consumidores. Serão apresentadas ferramentas utilizadas pelas empresas para medir e entender o que mobiliza o consumidor em direção à sua satisfação e, finalmente, entendendo-se que marketing não atua sozinho na empresa, estimula-se, por meio do conceito de cadeia de valor, que o aluno adquira uma visão holística da atuação de marketing para a geração de valor para o consumidor. Objetivos Esperamos que, após o estudo do conteúdo deste capítulo, você seja capaz de: » Compreender as aplicabilidades de marketing. » Refletir sobre o papel da administração de marketing na criação de valor para o consumidor. » Identificar aspectos que contribuem para a criação de valor para o consumidor. » Perceber o papel de marketing em uma perspectiva holística dentro da empresa. Introdução Tão importante quanto conhecer conceitos de marketing é entender sua aplicabilidade. Usualmente, associamos marketing a um departamento, dentro de uma empresa, e à equipe responsável por determinar de que maneira se comunicar com o consumidor final. Também a ideia de que marketing é responsável por comunicar produtos e serviços, a fim de estimular sua compra, é relativamente comum entre os alunos. 2 AULA APLICABILIDADE DE MARKETING E A SAtISFAçãO DO COnSUMIDOR 19 APLICABILIDADE DE MARKETING E A SAtISFAçãO DO COnSUMIDOR • CAPÍTULO 2 Não é errado afirmar isto, no entanto, como propõem alguns autores, é possível conferir aplicabilidade a marketing para além dos produtos e serviços, como vocês poderão verificar em seguida. Some-se a isto que, em última instância, o que as empresas desejam não é só vender seus produtos e serviços, mas estabelecer relações de longo prazo com os consumidores. Isto marketing não faz sozinho. A administração de marketing, em sentido mais amplo, pode levar à satisfação desses consumidores. Cliente satisfeito confere valor àquilo que adquiriu. A aplicabilidade de marketing se estende um pouco mais além do que sua capacidade em comunicar-se com o consumidor. Espera-se que os profissionais da área sejam capazes de se articular não só externamente (com agências de publicidade, mídias diversas), como, também, internamente (com outras áreas da empresa), de forma a “captar, manter e fidelizar os consumidores”. Assim, toda a cadeia de valor da empresa, conceito sobre o qual falaremos no capítulo, servirá de meio para “criar, entregar e comunicar valor para o cliente”. Aplicabilidade de marketing A aplicabilidade de marketing nas empresas aparece não só no processo de comercialização de bens e serviços, como facilmente se associa, mas, também, a outras categorias específicas, como sinalizam Kotler e Keller (2006). Os autores citam também a aplicabilidade do marketing aos eventos, às experiências, às pessoas, aos lugares, às organizações, às informações e às ideias. Vejamos como cada uma destas categorias confere aplicabilidade ao marketing: » Eventos: frequentemente, as empresas fazem uso de eventos para promover uma marca, um produto, um serviço. Seja participando deles, como em uma feira ou congresso de 20 CAPÍTULO 2 • APLICABILIDADE DE MARKETING E A SAtISFAçãO DO COnSUMIDOR determinado segmento, seja promovendo-o integralmente. A Nike, por exemplo, promove, periodicamente, uma série de corridas, em várias cidades do mundo. Pela internet é possível saber mais: <http://nikerunning.nike.com/nikeos/p/nikeplus/pt_BR/>. » Lugares: estabelecendo uma ligação com o item anterior, os eventos podem divulgar países, estados, cidades e seus pontos turísticos, além de estimular ações de desenvolvimento para melhor atender a seus visitantes. As obras da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos que aconteceram no Brasil são exemplo disto. Espera-se que o legado dos jogos amplie o turismo no País, a exemplo do que aconteceu em edições anteriores destes eventos. Assista ao vídeo “Rio 2016 – A paixão nos une”, em <http://www.youtube.com/watch? v=24Kd5E0tDb0&feature=related>. » Experiências: a atenção à experiência que o cliente vive, quando adquire um bem ou serviço, tem mobilizado os profissionais de marketing, no sentido de criar ações diferenciadas que tornem o momento vivido inesquecível. Para aqueles que foram ao Rock in Rio 2011, por exemplo, a experiência de assistir aos shows principais foi complementada por uma série de atividades que aconteciam paralelamente e que justificavam que você saísse de casa no início da tarde e só voltasse no dia seguinte. Só a rua inspirada em Nova Orleans já é um bom exemplo; no entanto, falar da experiência no evento sem citar a roda-gigante e a tirolesa é quase uma injustiça com o Rock in Rio. O vídeo sugerido traz uma retrospectiva do evento, além do projeto 2011, veja em: <http://www.youtube.com/watch?v=nOBGuPZ-hbc>. » Pessoas: já notou que é possível saber de uma celebridade, por vezes, até mais do que se deseja? Por trás de tantadivulgação pode haver um profissional de marketing atento a mantê-la em voga, para que não caia no esquecimento das pessoas ou para contribuir para a manutenção de determinada imagem junto a seus fãs ou a outros profissionais de seu interesse. É importante dizer que o marketing não serve somente às celebridades, mas, também, a empresários, profissionais de destaque. As notícias sobre Steve Jobs, CEO da Apple, é um exemplo recente de marketing aplicado a pessoas. Sua biografia, recém-lançada, é mais uma ação de marketing que contribui para a manutenção de sua imagem, após o seu falecimento. » Curiosidade: CEO (Chief Executive Officer) é a sigla que designa, em algumas empresas, o seu principal executivo. Outras empresas adotam para esta posição termos em português, como Presidente, Diretor-Geral, entre outras. » Organizações: de forma similar às pessoas, marketing aplica-se às organizações no sentido de mantê-las na lembrança do consumidor e de construir e manter sua reputação positiva. Por exemplo, as ações de responsabilidade social e ambiental têm se mostrado eficazes para criar e manter a imagem positiva das empresas. Veja o caso da Petrobras: em 21 APLICABILIDADE DE MARKETING E A SAtISFAçãO DO COnSUMIDOR • CAPÍTULO 2 seu site oficial há uma divisão, “Meio Ambiente e Sociedade”, que se destina a divulgar projetos desta natureza. » Curiosidade: marketing de experiência: termo utilizado para designar um conjunto de ações de marketing que permitam aos consumidores experimentar sensações de prazer relacionadas ao bem ou serviço, diferentes do que aconteceria sem elas. Por exemplo, quando se visita o parque da Disney, a disposição dos brinquedos, o convívio com os personagens, a música que toca, a ambientação, conferem ao momento de diversão diferenciais que tornam a experiência inesquecível. » Informações: livros, revistas, jornais e internet são meios usuais pelos quais as informações podem ser comercializadas. Kotler e Kelly lembram que o conteúdo transmitido em sala de aula, em escolas e universidades, também, são informações comercializadas como produto. Paga-se para ter acesso a elas. » Ideias: “produtos e serviços são plataformas para a entrega de algum conceito ou benefício”. Neste contexto, marketing aplica-se à disseminação da ideia por trás dos produtos e serviços. Uma moto Harley-Davidson, mais do que uma moto, pode significar “liberdade sobre rodas” para muitos. Quem passa no teste do bafômetro durante uma blitz da lei seca, da mesma forma, pode sublimar o fato de tratar-se de uma lei e desfrutar da sensação de demonstrar compromisso com sua segurança, e a dos demais, nas rodovias. Aspectos como estes devem ser valorizados em ações de marketing. Marketing e a satisfação dos consumidores O marketing das empresas, para além das competências direcionadas ao desenvolvimento de produto, comunicação de seus atributos, determinação dos canais de distribuição, formulação de preços, busca, por meio da oferta de produtos e serviços, atender os consumidores em suas necessidades. Mais do que isto (que não é pouco), cabe aos profissionais da área desenvolver maneiras de estabelecer relações de longo prazo com estes clientes. A administração de marketing tem por finalidade garantir que os processos envolvidos na relação de troca empresa x consumidor, promovam, para este último, a percepção de que algo de valor foi adquirido por ele. Kotler e Keller (2006:4) definem a administração de marketing como: “a arte e a ciência da escolha de mercados-alvo e da captação, manutenção e fidelização de clientes por meio da criação, da entrega e da comunicação de um valor superior para o cliente”. 22 CAPÍTULO 2 • APLICABILIDADE DE MARKETING E A SAtISFAçãO DO COnSUMIDOR Boone e Kurtz (2002, p. 13) definem orientação para o consumidor como uma filosofia de negócios incorporando o conceito de marketing que enfatiza, primeiro, a determinação das necessidades não satisfeitas dos consumidores e, em seguida, a projeção de um sistema para satisfazê-las. Diferentes orientações das empresas para o mercado É importante que as empresas determinem sua orientação de mercado com vistas a planejar e executar ações em consonância com tal orientação. Diante de tantas opções que o cliente tem a seu dispor, sua escolha de um produto ou serviço pode ser consequência, inclusive, da orientação de mercado de determinada empresa. Basta pensar em dois ou três supermercados (ou qualquer outro tipo de empresa) que existam em sua cidade. Eles são iguais em termos de ofertas e serviços? Se não, provavelmente possuem orientações de mercado distintas. No tópico anterior, vimos a definição de Boone e Kurtz para orientação ao consumidor. Há outras classificações, segundo Kotler e Keller (2006), veja: » Orientação para o produto: a empresa privilegia a produção de bens e serviço de qualidade e desempenho superior, acreditando que esta seja a preferência do consumidor. Percebe-se, em empresas que adotam este tipo de orientação, um esforço permanente em inovar ou aperfeiçoar seus produtos. Pode-se citar a Apple como um exemplo de empresa orientada para produto. » Orientação para produção ou custo: consiste em que a empresa produza bens de “baixo custo e fáceis de encontrar”. O enfoque, neste caso, é a combinação de eficiência na produção, nos custos baixos e na distribuição do produto. Uma empresa que trabalha sob esta orientação é a Haier – principal empresa chinesa produtora de artigos de linha branca (geladeira, máquinas de lavar) – que tem se beneficiado, entre outras coisas, do uso mão de obra barata. » Orientação para vendas: exige da empresa um esforço maior em despertar no comprador o desejo de adquirir o produto que vende. “O objetivo é vender aquilo que fabrica e não o que o mercado quer”. Por exemplo, é razoável pensar que jazigos funerários não constem na lista dos itens de maior desejo dos consumidores. Por isso, talvez, a Sinaf Seguros tenha se esforçado em sua divulgação para chamar a atenção das pessoas. Por meio de peças publicitárias “especialmente” bem-humoradas, a empresa tornou o assunto mais leve e, quem sabe, tenha se tornado uma referência de seguro para muitos consumidores. » Orientação para marketing: é o que Boone e Kurtz chamam de orientação para o consumidor. “O que se precisa não é mais encontrar os clientes certos para seu produto, mas sim os produtos certos para seus clientes”. 23 APLICABILIDADE DE MARKETING E A SAtISFAçãO DO COnSUMIDOR • CAPÍTULO 2 Aspectos que contribuem para criar valor para o consumidor Você já deve ter escutado dizer que o importante é fazer entregas de valor para o consumidor e promover sua satisfação. Mas, o que é valor para o consumidor? Segundo Kotler (1998, p. 50): Valor entregue ao consumidor é a diferença entre o valor total esperado e o custo total do consumidor. Valor total para o consumidor é o conjunto de benefícios esperados por determinados produtos ou serviços. Custo total do consumidor é o conjunto de custos esperados na avaliação, obtenção e uso do produto ou serviço. Como representado na figura a seguir: Figura 2 – Determinantes do valor entregue ao consumidor. Valor do produto Valor dos serviços Valor dos funcionários Valor total para o consumidor Valor entregue ao consumidor Custo Total do consumidor Valor da imagem Custo Monetário (preço) Custo de tempo Custo de energia física Custo de energia psíquica Fonte: Phillip Kotler, Administração de marketing. 5ª ed., São Paulo: Atlas, 1998. Observe que, na perspectiva do cliente, somente a entrega de um produto de qualidade não caracteriza um valor de entrega positivo, visto que é isto que, em última instância, pretendem as empresas. Somam-se ao produto a qualidade dos serviços a ele associados, o atendimento dos funcionários envolvidos na compra (direta ou indiretamente) e a imagem que o cliente faz da empresa. 24 CAPÍTULO 2 • APLICABILIDADE DE MARKETING E A SAtISFAçãO DO COnSUMIDOR Pense naquelecarro popular que você tanto deseja comprar. Você pode comprá-lo da marca X ou Y. Suponha que ambos cabem no seu orçamento e que atenderão suas às necessidades imediatas. Após ser apresentado às marcas, em momentos diferentes, você conclui que a marca X lhe oferece uma série de facilidades e serviços (garantia e manutenção diferenciadas, por exemplo), o que leva você a avaliá-la como aquela que oferece o melhor pacote de serviços. Além disso, a receptividade do funcionário da marca X não só é boa, como reforça a imagem positiva que você já tinha da marca. Perfeito. O somatório destes atributos é que leva à percepção de maior valor total para o consumidor. Você só não comprará o carro da marca X se o custo total do consumidor for maior que o valor total para o consumidor. Por exemplo, assumindo que você tenha dinheiro para comprar o carro (custo monetário), qualquer que seja a marca, se o da marca X exigir de você maior dispêndio de tempo (no processo de compra) ou energia física ou psíquica (a influência de terceiros, por exemplo) na compra. Custo monetário, custo de tempo, custo de energia física e psíquica são formadores do custo total do consumidor. Volte à Figura 2. Concluindo e reforçando o que foi dito anteriormente, você comprará o carro da marca que lhe entregar o maior valor ao consumidor. Na perspectiva da empresa, a marca X pode melhorar sua oferta: 1) melhorando a qualidade do produto, treinando seus funcionários para garantir um atendimento de qualidade e aumentando os benefícios ligados ao produto (por exemplo, os serviços), e 2) diminuindo o custo monetário do produto, melhorando seus processos (de modo a diminuir os custos de tempo, energia física e psíquica envolvidos na venda). Meios para promover a satisfação do consumidor Dando continuidade ao tópico anterior, é hora de falar sobre a satisfação do consumidor. Tendo efetuado a compra do carro da marca X, espera-se que a compra tenha despertado o sentimento de prazer no consumidor. No entanto, não raro, é possível constatar certo desapontamento por parte de consumidores no pós-compra. Satisfação (KOTLER, 1998, p. 53) é “o sentimento de prazer ou de desapontamento resultante da comparação do desempenho esperado pelo produto (ou resultado) em relação às expectativas da pessoa”. O autor salienta que as experiências anteriores de compra, recomendações de terceiros, informações disponíveis e promessas das empresas contribuem para a formação de expectativa do consumidor. Daí em diante, fica fácil entender que: » se a compra atender às expectativas do consumidor, ele ficará satisfeito; 25 APLICABILIDADE DE MARKETING E A SAtISFAçãO DO COnSUMIDOR • CAPÍTULO 2 » se excedê-las, isto propiciará que o cliente fique encantado com sua compra; » por outro lado, se não atingir tais expectativas, a insatisfação se dará e é isto que as empresas devem evitar. Vejamos o que acontece quando vamos a um restaurante. Se pedirmos um bife com batatas fritas, teremos uma ideia de quanto tempo ele leva para ficar pronto, não é mesmo? Afinal, com algumas exceções, muitos de nós já experimentamos um bife com batatas fritas. Sendo assim, leia a figura a seguir: Figura 3– Simulação da satisfação do cliente, tendo como critério o tempo para a entrega de determinado prato à mesa do consumidor. A tabela simula o tempo de entrega do bife com batatas fritas à mesa do consumidor. Imaginando que para ele 25 minutos sejam suficientes, entre o pedido e a entrega do prato à mesa, uma vez atingido este tempo, pode-se considerá-lo satisfeito com o tempo de espera. Por outro lado, 40 minutos para esta mesma entrega deve levá-lo à insatisfação. O encantamento só ocorrerá se ele for surpreendido, como sugere o exemplo, com a entrega do prato em menos tempo que o esperado. No caso, em 15 minutos. Fica claro que a experiência prévia de se ter uma ideia de quanto tempo leva para um bife com batatas fritas ficar pronto foi crucial para a formação da expectativa do consumidor. No entanto, se quiséssemos estender o exemplo, a recomendação de um amigo quanto à rapidez com que os pratos são servidos ou a propaganda do estabelecimento enfocando o tempo como atributo de diferenciação afetariam a expectativa do cliente da mesma maneira. Conheça algumas ferramentas utilizadas pelas empresas para acompanhamento e mensuração da satisfação do consumidor, relacionadas na Quadro 1: Quadro 1 – Adaptado de “Ferramentas para rastrear e mensurar a satisfação do consumidor”,. Ferramenta Descrição Sistema de reclamações e sugestões Formulário para comentários sobre experiência vivida na empresa, caixa de sugestões, linhas 0800 para uso dos consumidores, ombudsman etc. Mais do que um registro do que pode não estar funcionando bem, um sistema de reclamações e sugestões bem utilizado pelas empresas pode levar a ações concretas de melhorias nos processos, treinamento, estrutura etc. 26 CAPÍTULO 2 • APLICABILIDADE DE MARKETING E A SAtISFAçãO DO COnSUMIDOR Ferramenta Descrição Levantamento dos níveis de satisfação dos consumidores Envio de questionários ou ligações para os consumidores são um meio usual de levantar seus níveis de satisfação em relação a um produto ou serviço. também pesquisas encomendadas a terceiros servem ao mesmo propósito. O importante neste tipo de monitoramento é identificar o que deixa o cliente satisfeito e evitar que troque a empresa por uma de suas concorrentes. Atenção: Kotler ressalta que neste tipo de investigação também é possível fazer perguntas para mensurar a intenção de compra e a disposição do consumidor em recomendar a empresa. Cliente secreto Pessoa, ou empresa especializada, contratada para simular uma compra e, depois, por meio de um relatório, relatar como foi a experiência vivida (aspectos positivos e negativos). trata-se de alguém desconhecido para os vendedores, que o têm como um cliente potencial. Algumas vezes é solicitado pela contratante que o cliente secreto arme alguma “pegadinha” para testar a capacidade dos vendedores de resolver situações imprevistas. Análise dos consumidores perdidos Perder clientes é tudo que uma empresa deve evitar. no entanto, uma vez que isto aconteça, é importante descobrir o porquê. A análise dos consumidores perdidos tem como objetivo identificar o que os fez trocar de fornecedor. Telefonemas diretamente para os consumidores, formação de grupos de foco ou pesquisas contratadas para este fim, devem servir ao propósito de descobrir em que a empresa falhou ou o que é possível fazer para tê-los de volta. Fonte: KOtLER, Philip. Administração de marketing. 5ª ed., São Paulo: Atlas, 1998. Boone e Kurtz (2002, p. 211) falam de programas de medição de satisfação dos clientes ao longo do tempo. O intuito, neste caso, é mais do que refletir um momento específico da empresa na percepção de seus consumidores, mas acompanhar suas mudanças de atitudes e aquilo que afeta sua satisfação, de modo a promover ações de melhoria. Trata-se de um procedimento contínuo para “medir o feedback dos clientes em relação às metas de satisfação do consumidor e desenvolver um plano de ação para melhoria”. Os autores ressaltam que algumas podem se utilizar de sistemas sofisticados, necessitando, por vezes, da ajuda de consultores na sua implantação e monitoramento. Grupos de foco: técnica de discussão sobre determinado tema, realizada em grupo, normalmente de oito a 12 pessoas, coordenadas por um moderador experiente. As discussões costumam durar de uma hora e meia a duas. Cadeia de valor Cadeia de valor é uma ferramenta proposta por Michael Porter, em 1985, como um meio de “identificar maneiras de criar mais valor para o consumidor” (KOTLER, 1998, p. 55). Representa um conjunto de atividades estrategicamente executadas pelas empresas, que vão desde o planejamento até a entrega final do produto (pós-venda, inclusive). Para refletir Ombudsman: é um profissional da empresa que recebe as críticas, sugestões e reclamações dos consumidorese as encaminha aos respectivos responsáveis. Espera-se que seja dado retorno ao cliente em tempo adequado e que a resposta atenda às suas expectativas. Algumas empresas adotam o termo Ouvidor para esta posição. 27 APLICABILIDADE DE MARKETING E A SAtISFAçãO DO COnSUMIDOR • CAPÍTULO 2 Porter considera nove atividades relevantes, desempenhadas pela organização, e as divide em cinco atividades primárias (logística interna, produção, logística externa, marketing e vendas e serviços) e quatro de apoio (infraestrutura da empresa, administração de recursos humanos, desenvolvimento tecnológico e aquisição). Como mostra a figura a seguir: Figura 4 – Reprodução da cadeia de valor. Fonte: Michael Porter, Competitive advantage: creating and sustaining superior performance, em Kotler (1998, p. 56). Note que as atividades primárias relacionam-se à produção da empresa, desde o recebimento de mercadorias, estocagem, produção, depósito e distribuição, marketing, até vendas e assistência técnica. As atividades de apoio, como destaca Porter, perpassam toda a organização, não se limitando aos departamentos responsáveis por cada uma das atividades relacionadas. Dessa maneira, como exemplificam Kotler e Keller (2006, p. 36): Outros departamentos podem ter de realizar algumas atividades de aquisição e contratação de pessoal, por exemplo. A infraestrutura da empresa abrange os custos de administração geral, planejamento, finanças, contabilidade e assuntos jurídicos e governamentais. O conceito de cadeia de valor extrapola as fronteiras da empresa. Além das vantagens competitivas da empresa, Kotler recomenda que se observem as vantagens competitivas daqueles que contribuem para o seu sucesso (fornecedores, distribuidores e consumidores) de forma a se constituir uma rede de entrega de valor superior. 28 CAPÍTULO 2 • APLICABILIDADE DE MARKETING E A SAtISFAçãO DO COnSUMIDOR Resumo Vimos até agora: » A aplicabilidade de marketing em diferentes contextos. » O papel da administração de marketing na criação de valor para o consumidor. » O desenvolvimento de ações que criem valor para o consumidor. » O papel de marketing em uma perspectiva holística dentro da empresa. 29 Apresentação Em um mundo globalizado com referências tão distintas e competitividade acirrada, torna-se necessário um entendimento aprofundado dos mercados e dos consumidores, em suas necessidades e desejos, entre outras variáveis. Este conhecimento não para em si mesmo, mais do que isto, se bem aplicado, serve ao fortalecimento das relações envolvidas na operação de distintos ou, até mesmo, complementares negócios. Neste contexto, pode-se dizer que é imprescindível que as organizações se utilizem dos conceitos e ferramentas de marketing na administração do seu negócio, para estabelecer uma relação de longo prazo com seus clientes e demais stakeholders. As práticas de Marketing de Relacionamento, um subtema de marketing, serão o tópico deste capítulo e, por meio dela, espera-se apresentar ao aluno aspectos que contribuam para o seu entendimento do que é necessário às empresas em seu esforço de estabelecer, com os consumidores, relacionamentos consistentes e duradouros. Objetivos Esperamos que, após o estudo do conteúdo deste capítulo, você seja capaz de: » Refletir sobre a importância da utilização do marketing de relacionamento. » Fazer uso de conceitos e ferramentas fundamentais à administração do marketing de relacionamento. » Reconhecer a importância de cultivar os clientes e aproximá-los das empresas. » Refletir sobre a importância de manter uma relação de longo prazo com os clientes e demais stakeholders, como um meio para contribuir para a sustentabilidade das empresas. 3AULAMARKETING DE RELACIOnAMEntO 30 CAPÍTULO 3 • MARKETING DE RELACIOnAMEntO Introdução Foi-se o tempo em que os clientes eram tratados pelos prestadores de serviço como “descartáveis”, no sentido de que o momento de uma compra definia o relacionamento do cliente com a empresa. Quem de vocês já não viveu, em uma situação de troca de produtos em determinada loja, a sensação de que o vendedor estava sorrindo ao recebê-lo, até que você falou a “expressão mágica”: “só vim fazer uma troca”. O que aconteceu depois? Posso adivinhar: o vendedor fechou a cara, como quem pensa “que droga, perdi minha vez na venda”. Em tempos em que manter clientes não é fácil, face à concorrência acirrada (e, aposta-se, manter um cliente é mais barato que fazer um novo), um dos segredos reside na capacidade das organizações em estabelecer relacionamentos de longo prazo com seus clientes. Mas só com eles? Não. O bom desempenho de uma empresa é de interesse de muitos atores do mercado, os stakeholders. Assim, clientes, fornecedores, investidores e acionistas, comunidade, concorrentes, governo, entre outros, todos têm interesse e participação, direta ou indireta, no sucesso das operações da empresa. Desta forma, também para eles vale a intenção da empresa em estabelecer um relacionamento consistente e de longo prazo. Dito isto, neste capítulo discutiremos a importância do marketing de relacionamento e a sua relevância para o sucesso das organizações. Serão apresentados conceitos e ferramentas aplicados pelas organizações para mensurar e compreender o que deve influenciar na atração e manutenção dos clientes, bem como no relacionamento com os demais stakeholders. Marketing de relacionamento Como podemos definir o Marketing de Relacionamento? Segundo Kotler e Keller (2006), é um conjunto de esforços de Marketing, instrumentalizados para construir um relacionamento sólido e longevo com o mercado, a fim de conquistar ou conservar negócios e clientes, e manter boas relações com os stakeholders. Esta tática tem por objetivo estabelecer pró-ativamente trocas consistentes, para o alcance de resultados sustentáveis das organizações. Resultando em relacionamentos sociais, econômicos e técnicos, perenes e satisfatórios com os stakeholders. E como se inicia o marketing de relacionamento? O que deve ser feito para que a empresa estabeleça boas relações com o mercado? A construção do marketing de relacionamento Sugestão de estudo Sugiro a leitura do texto “O papel dos stakeholders na sustentabilidade da empresa: contribuições para construção de um modelo de análise”, de 2009, dos autores Gomes, Jacovine e Lyra, disponível em: <http://www.anpad.org.br/periodicos/ arq_pdf/a_866.pdf>. 31 MARKETING DE RELACIOnAMEntO • CAPÍTULO 3 inicia-se com a identificação do cliente-alvo, aquele para quem se destina o negócio. Em seguida, cabe o reconhecimento das necessidades e desejos destes clientes, a escolha dos serviços que podem lhes ser prestados, a identificação de parceiros que contribuam para esta relação e a definição da melhor relação “custo x benefício”, dentro deste contexto. Ações de marketing de relacionamento bem desenvolvidas promovem vantagem competitiva à organização e destaque em relação aos concorrentes diretos e indiretos. O objetivo primordial é o de sustentar o cliente pela confiança e a credibilidade apresentadas pela empresa, por meio de seus produtos e serviços. Vale lembrar que: » o relacionamento com o cliente é basicamente de responsabilidade da empresa, cabendo a ela atendê-lo adequadamente, mantê-lo satisfeito e fidelizado; » o marketing de relacionamento não contribui apenas para fechar uma venda pontual, única, mas construir e sustentar um relacionamento perene que resulte em novas vendas, em recomendação a outros clientes e, em última instância, na criação de reputação positiva para a empresa. Kotler e Armstrong (2003:475) afirmam que “é imprescindível, para o estabelecimento de relacionamentos duradouros, a criação de valor e satisfação extraordinários para o cliente. O cliente satisfeito tende a tornar-se fidelizado.” Tal afirmação reforça a importância de se estabelecer um relacionamento saudável entre os clientes e as organizações, para que estas possam sobreviver.Algumas questões devem ser discutidas mais aprofundadamente quando o assunto é a formação de relacionamentos consistentes e duradouros com os clientes. Vejamos algumas delas (KOTLER; ARMSTRONG, 2003:475-476): Valor para o cliente: é a diferença entre a avaliação que o cliente faz dos benefícios e custos relativos de um produto ou de um serviço. Os clientes adquirem bens e serviços de determinada marca ou empresa porque acreditam firmemente que lhes proporcionam o maior valor apresentado, ou seja, que aquela aquisição é vantajosa. As escolhas feitas pelos clientes são impulsionadas pela oferta que lhes apresenta o maior valor, dentro das limitações de custos, de conhecimento, de mobilidade e renda. O que concluímos, então, é que um mix de variáveis compõe o que definimos valor para o cliente, inclusive a força do relacionamento estabelecido com determinada empresa. Para refletir As empresas que não têm como foco um relacionamento ético com o mercado perdem em competitividade. A criação de produtos desenvolvidos com apuro tecnológico, preços diferenciados e distribuição precisa não é suficiente. As transações comerciais devem estar pautadas na integridade das relações. Mensagens enganosas e produtos com desempenhos duvidosos não encontram mais espaço para perpetuação, no dinamismo do mundo globalizado. 32 CAPÍTULO 3 • MARKETING DE RELACIOnAMEntO Valor total para o cliente: valor monetário de um conjunto de benefícios econômicos, funcionais, sociais e psicológicos. O cliente considera se o valor cobrado merece ser pago pelo que ele receberá. Tomemos como exemplo o carro italiano Maserati, cujo valor pode alcançar R$ 2.800.000. Certamente a aquisição deste carro não está ligada só ao meio de transporte que ele é, mas, também, ao símbolo de status que ele representa. Ações de marketing de relacionamento podem ajudar a reforçar o sentimento de exclusividade para o cliente que adquire um bem desta natureza. Proposta de valor: consiste em um conjunto de benefícios entregues aos clientes pela empresa. Os benefícios são entendidos por valor da marca, garantias, durabilidade, formas de pagamento, desempenho, entre outros. Marketing de relacionamento, neste caso, deve estabelecer meios de garantir que tais benefícios sejam cumpridos conforme contratados. Sistema de entrega de valor: envolve as experiências que o cliente experimentará durante o período de obtenção e uso da oferta. Pensemos nas experiências vividas pelo fã de determinado cantor, quando ele vai ao show e experimenta a sensação de ficar próximo do seu ídolo. É da natureza do marketing de relacionamento contribuir para que as experiências de consumo dos clientes sejam satisfatórias. Custo total para o cliente: segundo Adam Smith (apud KOTLER; ARMSTRONG; 2003, p. 475), “O preço real de qualquer coisa é o trabalho e o transtorno de comprá-la”. O custo para o cliente envolve os custos esperados para a efetivação da compra, como tempo, esforço, empenhos psicológicos e emocionais. É o conjunto de custos em que os consumidores esperam suceder para avaliar, obter, utilizar e descartar um produto. Satisfação do cliente: está diretamente ligada à performance do bem ou serviço, em relação ao que o comprador espera do seu uso. Podem-se considerar as variadas modalidades de satisfação: se o desempenho esperado não for alcançado, o cliente ficará insatisfeito; caso as expectativas sejam atendidas, ele ficará satisfeito; e se o produto, enfim, superar suas expectativas, ele ficará fascinado. A repetição da compra está diretamente ligada ao fato de a oferta atender, ou não, aos anseios da clientela. Marketing de relacionamento deve ajudar a descobrir o grau de satisfação do cliente em relação à compra, sua intenção de comprar novamente e de indicar a empresa (seus produtos e serviços) a outros clientes. 33 MARKETING DE RELACIOnAMEntO • CAPÍTULO 3 Fidelidade à empresa e suas ofertas Como falamos, as empresas devem desenvolver relacionamentos estáveis com os atores do mercado. Elas devem criar laços que garantam sua permanência onde a mudança e a alternância de gostos, tendências, preferências e tecnologia são as bases de funcionamento. No entanto, o caminho para o estabelecimento de relacionamentos sólidos não é fácil e, ainda, deve estar alinhado às estratégias, desenvolvidas com acuidade, para que sejam atingidos os objetivos organizacionais. Segundo Kotler e Keller (2006, p. 141), “os consumidores têm variados níveis de envolvimento com produtos, serviços e marcas.” O que nos leva a crer que é de fundamental importância, para a permanência e competitividade das organizações, que desenvolvam meios de estimular o envolvimento dos consumidores com suas ofertas. Tais esforços, espera-se, despertarão nos clientes um compromisso em consumir repetidamente determinados produtos ou serviços, e, até mesmo, recomendá-los a outros consumidores potenciais. Pode-se considerar, ainda, a análise de Michael J. Lanning quando afirma que “uma empresa deve desenvolver uma proposta de valor competitivamente superior, dirigida a um segmento de mercado específico, com o suporte de um sistema de entrega de valor superior” (apud KOTLER; KELLER, 2006, p. 141). Ações de marketing de relacionamento servem a este fim, de modo que o cliente se sinta confortável em manter-se fiel à empresa, mesmo diante dos esforços da concorrência em demovê-lo desta ideia. Construindo fidelidade O que você deve estar se perguntando é como construir um relacionamento fidelizado entre uma organização e o seu mercado se para o consumidor há tantas ofertas, tantas possibilidades de consumo. O que pode a empresa oferecer de tão diferente e atraente que seja difícil de outras empresas copiarem? Na verdade, isto não se resume a apenas uma oferta, mas, sim, ao conjunto de propostas e benefícios oferecidos sucessivamente. Atenção: este é um ciclo que não tem fim. Kotler e Keller (2006, pp. 155-156) afirmam que o investimento na instituição e sustentação dos relacionamentos entre as organizações e seus stakeholders estão estabelecidos em bases diversificadas, categorizadas como apresentado a seguir: a. Marketing básico: relacionado ao momento em que o profissional de vendas realiza a venda, por Sugestão de estudo Para que você entenda a importância da fidelidade na condução de um negócio, sugiro a leitura do texto “Um estudo sobre os níveis de fidelidade do consumidor em serviços de naturezas”, disponível em: <http://www.inf.puc- rio.br/~francis/2004-ENANPAD.pdf>. 34 CAPÍTULO 3 • MARKETING DE RELACIOnAMEntO meio de técnicas de apresentação, exposição do produto, formas de pagamento, entre outras ações. b. Marketing reativo: o vendedor vende o produto e estimula o cliente a contatar a empresa caso haja dúvida, comentário ou queixa. c. Marketing responsável: o vendedor procura o cliente após a realização da venda, abordando-o acerca da performance do produto, confirmando, assim, se as suas expectativas foram atendidas. No marketing responsável, acolhem-se sugestões para melhoria do produto ou serviço vendido. d. Marketing proativo: o profissional de vendas contata seu cliente periodicamente para abordá-lo sobre o desempenho e uso do bem ou o do serviço e discutir maneiras mais eficientes de usá-lo. Este contato é feito por contatos telefônicos, sites ou visitas. A empresa acompanha “de perto” o desempenho do produto e mensura a satisfação do cliente. e. Marketing de parceria: a organização opera continuamente em parceria com o cliente para alcançar formas de atingir melhor performance. Alguns laboratórios farmacêuticos, ao lançarem seus produtos, monitoram, junto aos clientes específicos, o desempenho do medicamento e quais os efeitos colaterais por eles gerados. CRM – Customer Relationship Management O desenvolvimento do marketing de relacionamento deve estar amparado por instrumentais que viabilizam um relacionamento sólido entre os consumidores e as organizações. O comportamentodo consumidor, conhecido por seus hábitos, gostos e preferências, deve ser identificado para que seja devidamente atendido. Entre os instrumentos utilizados para registro das suas particularidades, podemos citar o CRM – Customer Relationship Management, amplamente utilizado para conhecer-se melhor os hábitos de consumo dos clientes. Vejamos o que é o CRM e como ele funciona. Para refletir Clientes criteriosamente atendidos são menos sensíveis aos preços e tendem a divulgar a empresa, seus produtos e serviços. À medida que o cliente se sente mais satisfeito, a duração do relacionamento com a organização se intensifica. Vale lembrar que custa mais barato para a organização manter um cliente fidelizado do que conquistar novos clientes. Para refletir As empresas que conhecem e reconhecem o seu público-alvo, que identificam seus perfis socioeconômicos, demográficos, psicográficos entre outros, podem criar produtos e serviços personalizados, atendendo ou até mesmo antecipando-se às suas necessidades e desejos. 35 MARKETING DE RELACIOnAMEntO • CAPÍTULO 3 Customer Relationship Management (CRM) é uma expressão em inglês que pode ser explicada como gestão de relacionamento com o cliente. Trata-se de uma combinação de sistemas, processos e pessoal qualificado que, por meio do registro de informações sobre os hábitos de consumo dos clientes, criam e intensificam o relacionamento com eles. Essa ferramenta consolida informações que possibilitam a realização de inúmeras ações, que servem como um meio para ajudar as organizações a instituírem e manterem um relacionamento fortalecido com o mercado consumidor. O CRM identifica os clientes fiéis (que compram regularmente) e também aqueles potenciais na atmosfera do negócio, identificando suas necessidades e desejos, e, assim, procurando satisfazê-los. Trata-se de uma ferramenta estratégica para qualquer negócio, viabilizada pela utilização da tecnologia específica. Os softwares que são utilizados para dar suporte a esta gestão são qualificados como sistemas de CRM. Ticket médio: é o valor médio que cada cliente compra. Este valor é determinado pela média entre o montante das vendas da empresa e o número de clientes que geraram esse volume de compras (PORTAL SEBRAE, 2011). Assim, pode-se dizer que o CRM envolve: Um pouco mais sobre CRM: CRM operacional: é a aplicação da tecnologia de informação para aprimorar a eficiência do relacionamento entre os clientes e a empresa. Propõe a união de todos os aparatos tecnológicos para gerar um melhor atendimento ao cliente. CRM colaborativo: é a utilização da tecnologia de informação que permite a automação e a integração entre o consumidor e a organização. O CRM é utilizado na tentativa da empresa em interagir com o cliente e instrumentalizar, na busca de um relacionamento fortalecido com o mercado, os dados conseguidos pelos sistemas operacionais. Saiba Mais Ticket médio: é o valor médio que cada cliente compra. Este valor é determinado pela média entre o montante das vendas da empresa e o número de clientes que geraram esse volume de compras (PORTAL SEBRAE, 2011). 36 CAPÍTULO 3 • MARKETING DE RELACIOnAMEntO CRM analítico: parte do CRM que possibilita reconhecer e seguir todos os tipos de clientes da organização e, com estas informações, definir a estratégia utilizada para atender às variadas necessidades dos clientes. SERVIçOS O conceito de serviços é bastante amplo e hoje não podemos pensar no atendimento satisfatório do consumidor sem a sua presença. Eles estão em todos os setores da economia. Sua aplicação não só movimenta a economia dos países como emprega milhares de pessoas em todo o mundo. Portanto, é de fundamental importância conhecê-los. Eles estão diretamente ligados ao relacionamento com o cliente, então, vamos entendê-los um pouco melhor. Comecemos por algumas definições do que são serviços: “Atividades, benefícios ou satisfações que são colocados à venda ou proporcionados em conexão com a venda de bens”. (American Marketing Association, 1981) “Qualquer atividade ou benefício que uma parte possa oferecer a uma outra, que seja essencialmente intangível e que não resulte propriedade de alguma coisa. Sua produção pode ou não estar ligada a um produto físico”. (KOTLER; KELLER, 2006, p. 397) Para que o serviço seja produzido nos níveis de excelência que o mercado espera, é fundamental que quem o produza seja adequadamente treinado nas suas especificidades. Chama-se a atenção para as características inerentes a serviço: » é intangível; » é imaterial; » não é estocável; » é perecível; » é inseparável; Para refletir Os processos e sistemas de gestão de relacionamento com o mercado possibilitam o controle e o conhecimento das informações sobre os clientes de maneira associada. O acompanhamento e registro de todos os momentos vividos com o cliente devem ser comunicados a todos os setores da organização, de modo a orientar as tomadas de decisões. Por meio da correta utilização das ferramentas de CRM, torna-se mais consistente a determinação de ações que visem ao estabelecimento de relações duradouras com os clientes. O intuito é mantê-los fiéis à empresa que, conhecedora de seus gostos e preferências, podem atendê-los em suas expectativas. 37 MARKETING DE RELACIOnAMEntO • CAPÍTULO 3 » sua produção é limitada. » a interação pessoal faz com que a prestação de serviços seja única; » simultaneamente, existe a produção e o consumo do próprio serviço; » não existe transferência de propriedade. Mix de serviços Como você sabe, os serviços podem ser oferecidos ao mercado exclusivamente ou de forma combinada com algum produto. Kotler e Keller (2006, p. 397) contribuem para o esclarecimento do tópico oferecendo o que chamam de “categorias de ofertas ao mercado”. A saber: a. Bem tangível associado a serviços: trata-se da oferta do bem material associado aos serviços; por exemplo, a compra de um carro novo traz como benefício a possibilidade de utilização de assistência técnica em possíveis danos no veículo. b. Híbrida: oferta de produtos e serviços apresentados simultaneamente ao consumidor, como acontece em restaurantes – uma combinação de ambiente e comida. c. Serviço principal associado aos bens ou aos serviços secundários: ocorre como no exemplo em que passageiros de companhias aéreas compram o transporte, mas na viagem estão incluídos bens como comidas e bebidas. d. Serviço puro: consiste na venda exclusiva de serviços como massagem, consulta médica, corte de cabelo, entre outros. Aprendamos um pouco mais sobre este mix. A relação abaixo exemplifica o mix de serviços em um nível de distinção mais aprofundado. Leia: » serviços baseados em equipamentos: lava- jatos, máquinas de vendas; » serviços baseados em pessoas: especialistas, qualificados e os sem qualificação; » diferentes processos para fornecimento de serviço: cafeterias localizadas no interior das livrarias, ambiente à luz de velas, entre outros; » serviços que necessitam da presença do cliente: atendimento dentário; » serviços que não necessitam da presença do cliente: conserto de carro; » serviços que atendem a necessidades pessoais: serviço de atendimento de um massoterapeuta; » serviços que atendem a necessidades empresariais: serviço oferecido por uma empresa de segurança patrimonial; 38 CAPÍTULO 3 • MARKETING DE RELACIOnAMEntO » serviços que diferem em objetivo: serviços com ou sem fins lucrativos; » serviços que diferem em propriedade: serviços privados ou públicos. Elementos de diferenciação na prestação de serviços Os elementos de diferenciação na prestação de serviços estão diretamente ligados à forma como eles são prestados: » Facilidade de compra, ou seja, conveniência. » capacidade de entrega da empresa prestadora do serviço. » treinamento da equipe. » possibilidade de atender os clientes nas suas particularidades. » qualidade de desempenho. » credibilidade. » assistência técnica.Qualidade e os elementos que a definem “Qualidade é a habilidade de um produto satisfazer às necessidades ou às exigências de um consumidor”. (McCARTHY; PERREAULT, 1997, p. 383) “A palavra qualidade inclui o conjunto das características técnicas, comerciais e de serviços”. (COBRA, 1997, p. 223) Em mercados altamente disputados, em que o consumidor está cada vez mais informado e exigente, a qualidade não é mais diferencial de competitividade, mas condição básica e necessária para sobrevivência das organizações. É indispensável identificar qual é o sentido de qualidade para o cliente, o que ele espera e quanto está disposto a pagar por ela. Para que seja possível aprofundar a compreensão do que se entende por qualidade e qual a sua importância, é preciso conhecer determinados critérios que, como sugere Cobra (1997, pp. 223-225), conferem certa uniformidade ao tema: a. Utilização de terminologia técnica: › Norma: documento emitido pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que apresenta procedimentos e medidas-padrão; 39 MARKETING DE RELACIOnAMEntO • CAPÍTULO 3 › marca de conformidade: marca de concordância atribuída a um fabricante por uma autoridade, que certifica o alcance do nível mínimo de qualidade especificado por uma norma; › etiquetagem de informação: divulgação de informações que especificam a aptidão do produto para a função, dentro de parâmetros normalizados como, por exemplo, as etiquetas de informação apresentadas nos produtos, identificação do controle de qualidade etc. b. Segurança de emprego: parâmetros de segurança determinados por normas nacionais e internacionais que conferem, naturalmente, segurança no uso do serviço ou produto. c. Aptidão para a função: corresponde a um conjunto de variáveis, que são: › performance instantânea: o produto ou serviço corresponder, de fato, às expectativas de uso; › durabilidade: permanência de uso dos bens e serviços, dentro de parâmetros mínimos; › manutenção e reparação: aptidão para que sejam feitos reparos nos produtos ou serviços, mediante a necessidade. d. Aspectos perceptíveis da qualidade: entre as características que determinam a ideia que o consumidor tem sobre a qualidade do produto, apresentam-se: › peso; › textura; › cor; › embalagem; › aparência geral; › durabilidade; › publicidade e promoção. O autor descreve cada uma das categorias dentro do que se pode considerar como senso comum. Assim, se o tomate está esverdeado, pela cor, pode sugerir não estar adequado para consumo; ou se um carro zero quilômetro apresentar problemas no primeiro ano, sua durabilidade pode ser questionada; um restaurante cujo banheiro esteja permanentemente sujo deve comprometer a percepção de qualidade da comida oferecida, em função da aparência geral do estabelecimento; e assim por diante. a. Confiabilidade: é a percepção da qualidade em si, de determinado produto ou serviço, que pode ser estabelecida pela: 40 CAPÍTULO 3 • MARKETING DE RELACIOnAMEntO › qualidade do material apresentado; › metodologia utilizada pelas organizações para assegurar a performance dos produtos oferecidos ao mercado; › durabilidade do produto associada a condições adequadas de uso. Qualidade associada à marca Vivemos em um mundo repleto de diferentes marcas, que usamos, que simplesmente conhecemos, com as quais nos identificamos e que, por vezes, até rejeitamos. O uso das marcas está associado à satisfação de determinados desejos e necessidades, que podem ser sociais, emocionais e até físicos. O uso da marca está diretamente atrelado à ideia e ao julgamento do consumidor em relação aos seus atributos, ao equilíbrio entre as expectativas e performance do produto. No entanto, se as expectativas do consumidor não forem atendidas, a ideia de qualidade do produto de determinada marca ficará comprometida e ele poderá migrar para outras marcas concorrentes. As marcas indicam e estão relacionadas à percepção que temos sobre níveis de qualidade, comportamentos, valores culturais, status social e até posicionamento político. Em uma sociedade de consumo, elas são determinantes nas escolhas dos indivíduos por produtos, serviços e empresas. Marca é: “O nome, termo, sinal, símbolo ou desenho que identifica o fabricante ou vendedor do produto ou serviço. Tem a função essencial de identificação, diferenciando-o da concorrência, comunicando suas características e benefícios”. (KOTLER; KELLER, 2006, p. 269) Aspectos relacionados à marca: » Imagem: é o modo como o público vê a empresa e seus bens ou serviços; » Identidade: é o modo como a empresa se identifica ou posiciona seu bem ou serviço; » Classificação: descrita como nominal e logomarca. » Marca nominal: palavra que nomeia a marca. » Logomarca: representação gráfica da marca. Marcas associadas a produtos e serviços que atendem à busca dos clientes sugerem, para cada um deles, implícita ou explicitamente, alguns benefícios em função de sua aquisição. A escolha de uma marca conhecida ou de reputação positiva de mercado, por exemplo, reduz os riscos no momento da compra, como um sinônimo de oferta de garantia ao consumidor. Outra situação, 41 MARKETING DE RELACIOnAMEntO • CAPÍTULO 3 não menos importante, diz respeito ao uso da marca como fator de diferenciação entre os consumidores, de modo que as marcas que se adquire dizem um pouco sobre cada indivíduo. Também para as empresas, em seus esforços de segmentação e de planejamento, as marcas são ferramentas importantes. Pode-se afirmar que o uso da marca facilita a segmentação precisa do marketing, atraindo alguns clientes e repelindo outros. É fácil associar, por exemplo, a marca Ferrari a consumidores de alta renda, a ponto de destituir consumidores de baixa renda da ideia de adquiri-la. Assim, a marca é uma arma importante de planejamento. Quando bem trabalhada, traz vantagens competitivas à organização, pode-se citar, por meio da demonstração de fidelidade por parte do consumidor, criação de ligação afetiva forte a ponto de se ter no consumidor o maior defensor da empresa e, em muitos casos, percepção de melhor desempenho do produto ou serviço, se comparado à concorrência. Comportamento do consumidor e o marketing de relacionamento O entendimento, por parte das empresas, de como, por que e quando o indivíduo adquire e consome os produtos, é fundamental para a sobrevivência do negócio. Que níveis de envolvimento emocional, psicológico e físico estão envolvidos na decisão de compra? Entende-se que a compreensão destes fatores deve facilitar a aproximação entre a empresa e o consumidor. Os processos que interferem nas escolhas de cada indivíduo são fatores fundamentais de influência no momento da aquisição de produtos ou serviços. Eis algumas variáveis determinantes no processo de compra, segundo Kotler e Keller (2006, pp. 173-183): » Culturais: considera 1) a influência da família, da escola e de outras intituições na formação de valores, percepções e comportamentos ao longo da vida; 2) questões relacionadas à nacionalidade, regionalidade, religião ou qualquer outro fator que reflita subcultura; e 3) características específicas de classes sociais distintas. » Sociais: registra a influência 1) dos chamados grupos de referência, que são aqueles que exercem preponderância de opinião, orientando comportamento e atitudes; 2) da família, em seu núcleo primário (pai, mãe e irmãos) ou não (cônjuge, filhos, avós etc.); 3) papéis sociais, como a profissão que se exerce; e 4) associação do papel social com questões relativas a status (o que se espera, por exemplo, de um presidente de empresa, de um médico, de um gari). 42 CAPÍTULO 3 • MARKETING DE RELACIOnAMEntO » Pessoais: os clientes também são influenciados por suas características pessoais como idade, estágio no ciclo de vida, personalidade, autoimagem, ocupação profissional, momento econômico e estilo de vida. » Emocionais: as emoções têm interferência no que se consome e em quais
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