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EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO NA NORUEGA: UM ESTUDO SOBRE O DESENVOLVIMENTO DO PAÍS SOB A ÓTICA DO PETRÓLEO POR MEIO DO REGIME DE CONTRATOS DE CONCESSÃO.

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA 
ARTHUR CORRÊA DE SOUZA 
EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO NA NORUEGA: UM ESTUDO SOBRE O 
DESENVOLVIMENTO DO PAÍS SOB A ÓTICA DO PETRÓLEO POR MEIO DO 
REGIME DE CONTRATOS DE CONCESSÃO. 
FLORIANÓPOLIS 
2015 
 
 
ARTHUR CORRÊA DE SOUZA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO NA NORUEGA: UM ESTUDO SOBRE O 
DESENVOLVIMENTO DO PAÍS SOB A ÓTICA DO PETRÓLEO POR MEIO DO 
REGIME DE CONTRATOS DE CONCESSÃO. 
 
 
Trabalho de conclusão de curso 
apresentado ao Curso de Relações 
Internacionais em 2015 da Universidade 
do Sul de Santa Catarina, como requisito 
parcial para obtenção do título de 
Bacharel. 
 
 
 
PROFESSOR ORIENTADOR 
KÁTIA REGINA DE MACEDO, MSC. 
 
 
 
 
 
FLORIANÓPOLIS 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 Considerando este trabalho resultado de uma caminhada, a qual eu não 
participei sozinho, agradeço em primeiro lugar à meus pais, Valdir e Sandra. Devo 
tudo que sou a eles, agradeço pelo amor, educação, oportunidades, conhecimento, 
incentivo, força e apoio que me foram concedidos desde sempre. Superados os 
momentos de dificuldades e incertezas, tenho que agradecer por ter sido abençoado 
com os melhores pais que eu poderia ter. 
 Agradeço aos meus irmãos, Aline e Adriano, que sempre se mostraram 
compreensivos em todos os momentos de frustração e desânimo me incentivando a 
seguir em frente e não desistir. 
 À minha professora e orientadora Kátia, que se mostrou prestativa e paciente 
na elaboração deste trabalho, compartilhando seu conhecimento e dedicando parte 
do seu tempo para que a realização do mesmo ocorresse da melhor forma. Mesmo 
com todas as dificuldades, agradeço por me incentivar a me dedicar e sempre dar o 
melhor de mim. 
 Agradeço ao meu amigo Alexandre, que ao iniciar a vida acadêmica comigo, 
mostrou que a universidade é muito mais que um ambiente de aprendizado. Mesmo 
que tenhamos seguido direções opostas, compartilhamos nossas conquistas. 
 Agradeço à minha amiga Pâmela, que compartilhou comigo não apenas o 
conhecimento de sala de aula, mas o conhecimento da vida, da humildade, da 
verdadeira amizade e do perdão. 
 Agradeço ao meu amigo Orlando, que procurou estar presente em diversas 
fases da elaboração deste trabalho, demonstrando interesse no meu progresso e 
amadurecimento como ser humano e profissional. Agradeço por todo o incentivo, 
companheirismo e até mesmo pela pressão em ser o melhor e sempre confiar no 
meu potencial. 
Por fim, todos os meus amigos e familiares, que de alguma forma 
acompanharam os últimos quatro anos de estudos e o processo de elaboração 
deste trabalho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Quanto mais aumenta nosso conhecimento, mais evidente fica nossa ignorância”. 
(John F. Kennedy). 
 
 
RESUMO 
 
 
Este trabalho tem como objeto de pesquisa identificar como a exploração de 
petróleo influenciou os principais indicadores econômicos e sociais da Noruega a 
partir da década de 1970. O tema é relevante para a comunidade internacional, pois 
aborda um sistema que pode vir a servir de exemplo a outras nações que não 
decidiram qual é a melhor maneira de administrar suas reservas de petróleo. Por 
meio de pesquisa exploratória e bibliográfica, é descrito o funcionamento do modelo 
norueguês de exploração de petróleo, apresentando as estratégias utilizadas pelo 
governo para desenvolver um modelo bem sucedido. Apresenta o papel e a 
participação do Estado na economia e indústria do petróleo, analisando os principais 
modelos de exploração de petróleo no mundo. Relata a criação e o desenvolvimento 
da indústria petrolífera da Noruega, desde o seu descobrimento até se tornar um dos 
maiores exportadores de petróleo do mundo. Apresenta os principais indicadores 
econômicos e sociais da Noruega a partir do início da exploração de petróleo até a 
atualidade, demonstrando o crescimento progressivo da economia do país sob a 
ótica do petróleo. Por fim, conclui que a exploração de petróleo trouxe benefícios 
não somente para a economia da Noruega, mas também para a sociedade. 
 
Palavras-chave: Petróleo. Exploração. Estado. Desenvolvimento. Economia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
 
This project has as object of research to identify how oil exploration influenced 
economic and social indicators in Norway from the 1970s. The theme is relevant to 
the international community as it exposes a system that may ultimately serve as an 
example to other nations that have not decided which is the best way to manage their 
oil reserves. Through exploratory and bibliographic research, it describes the 
functioning of the Norwegian model of oil exploration, presenting the strategies used 
by the government to develop a successful model. It presents the role and 
participation of the State in the economy and the oil industry, analyzing the major oil 
exploration models in the world. It reports the creation and development of the oil 
industry in Norway, from its discovery to become one of the largest oil exporters in 
the world. It presents the major economic and social indicators of Norway from the 
beginning of oil exploration to these days, demonstrating the progressive growth of 
the economy from the perspective of oil. Finally, it concludes that oil exploration has 
brought benefits not only to the economy of Norway, but also for its society. 
 
Keywords: Oil. Exploration. State. Development. Economy. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Lista de Tabelas 
 
Tabela 1 – Produto Interno Bruto (PIB) da Noruega................................................ 56 
Tabela 2 – Renda per Capita da Noruega e Países Vizinhos.................................. 57 
Tabela 3 – Valor Acrescentado da Indústria da Noruega......................................... 57 
Tabela 4 – Valor Acrescentado da Indústria da Noruega e Países Vizinhos.......... 58 
Tabela 5 – Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da Noruega......................... 60 
Tabela 6 – Investimentos Brutos da Noruega........................................................... 64 
Tabela 7 – Investimentos Brutos da Noruega e Países Vizinhos............................. 64 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sumário 
 
1. Introdução.............................................................................................................11 
1.1. Exposição do Tema e Problema......................................................................13 
1.2. Objetivos............................................................................................................15 
1.2.1. Objetivo Geral..................................................................................................15 
1.2.2. Objetivos Específicos.......................................................................................16 
1.3. Justificativa........................................................................................................16 
1.4. Procedimentos Metodológicos........................................................................17 
2. Fundamentação Teórica......................................................................................19 
2.1 O Papel do Estado na Economia......................................................................19 
2.1.1 As Funções e os Objetivos do Setor Público....................................................23 
2.1.1.1 A Política Fiscal..............................................................................................25 
2.1.1.2 Os Programas de Obras Públicas..................................................................27 
2.1.1.3 O Déficit e Seu Financiamento.......................................................................29 
2.2 O Papel do Estado na Exploração de Petróleo................................................30 
2.3A Indústria do Petróleo no Mundo....................................................................31 
2.4 Modelos de Exploração de Petróleo.................................................................33 
2.4.1 Regime Privado de Propriedade dos Recursos Naturais..................................34 
2.4.2 Regime de Concessão......................................................................................36 
2.4.3 Regime de Exploração Monopolística Estatal...................................................37 
2.4.4 Regime de Partilha da Produção.......................................................................38 
2.4.5 Regime Associativo ou de Joint Ventures.........................................................40 
2.4.6 Individualização da Produção............................................................................41 
3. A Indústria de Petróleo na Noruega...................................................................42 
3.1 Histórico..............................................................................................................42 
3.1.1 A Estratégia Norueguesa para o Controle da Riqueza do Petróleo..................44 
3.1.2 A Política de Governança Nacional, Controle e Conteúdo Local.....................46 
3.1.3 Um Modelo de Desenvolvimento......................................................................47 
3.2 Primeiros Anos da Statoil..................................................................................48 
3.2.1 Campo Ekofisk e a Participação do Capital Estrangeiro...................................50 
3.2.2 A “Norueganização” da Riqueza do Petróleo....................................................51 
3.3 Regime de Contratos de Concessão (Modelo Norueguês)............................52 
 
 
3.4 Evolução dos Indicadores Socioeconômicos da Noruega............................55 
3.4.1 Indicador de PIB e Renda per Capita................................................................57 
3.4.2 Indicador de IDH................................................................................................60 
3.4.3 Investimentos da Indústria do Petróleo.............................................................64 
4 Conclusão..............................................................................................................68 
4.1 Considerações Finais........................................................................................70 
5 Referências Bibliográficas...................................................................................71 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
 
1. Introdução 
 
 O presente trabalho, que é requisito para a conclusão do curso de Relações 
Internacionais da Universidade do Sul de Santa Catarina, tem como objetivo realizar 
um estudo a respeito da exploração de petróleo na Noruega sob o regime de 
contratos de concessão. Apresentando a partir do seu descobrimento em meados da 
década de 1970, a evolução dos indicadores econômicos e sociais do país. 
 De acordo com Popp (1984, p. 248), entende-se por petróleo: 
 
 “(...) uma substância oleosa menos densa que a água, constituída 
essencialmente pela mistura de milhares de compostos orgânicos formados 
pela combinação de moléculas de carbono e hidrogênio, constituindo longas 
cadeias parafínicas abertas e cicloparafinas ou anéis aromáticos ligados por 
complexos orgânicos variados. Sua cor varia de acordo com a origem, 
oscilando de negro a âmbar”. 
 
 O petróleo é matéria-prima de diversos outros produtos e rapidamente se 
tornou um elemento atrelado à economia global, constituindo uma forte indústria que 
cresce diariamente em ritmo acelerado. Serve como abastecimento dos principais 
veículos automotores, (gás natural, gás residual, GLP, gasolina, nafta, querosene, 
lubrificantes, resíduos pesados e outros destilados) sendo essencial para o 
funcionamento da sociedade. (SHAH, 2007). 
O regime de progresso e influência do setor petrolífero nas economias mais 
industrializadas iniciou-se ao longo da segunda Revolução Industrial, onde Lins 
(2004) afirma que o referido recurso natural começou a competir diretamente com o 
carvão. Dessa forma, converteu-se na principal fonte de energia destas economias 
mais desenvolvidas. Durante este mesmo período, a indústria do petróleo passou a 
adquirir importância, sendo considerado o maior suporte para o surgimento da 
indústria automobilística. 
Lins (2004, p. 10) complementa afirmando que: 
 
A economia mundial passou por profundas transformações políticas e 
econômicas, desde que o petróleo passou a ser utilizado como matéria 
prima fundamental para os mais diversos segmentos industriais. E sofreu 
ainda mais com as crises do petróleo de 1973 e 1979, onde as muitas 
mudanças que aconteceram prejudicaram, principalmente, os países 
dependentes deste bem, que continuavam sendo obrigados a importar o 
petróleo a preços elevados. 
 
12 
 
 
 
 Ao descobrirem jazidas de petróleo, diversas nações (sobretudo pela 
importância que o petróleo adquiriu na economia internacional) perderam-se em 
meio a conflitos internos e externos. Demonstrando a falta de capacidade da 
administração pública em gerenciar uma exploração e produção eficiente. 
(MARINHO, 1970). 
 Ao contrário da maioria dos países produtores de petróleo, a Noruega 
conseguiu explorar e produzir petróleo em seu território (mais especificamente no 
Mar do Norte) com muita eficiência, cuidados com o meio ambiente, com visão de 
futuro e sem corrupção, priorizando arrecadar fundos para desenvolver a economia, 
progredir em avanços tecnológicos e fazer bom uso dos seus recursos naturais. 
(RYGGVIK, 2014). 
O mesmo autor (2014, p. 86) afirma que: “(...) o país além de possuir uma 
burocracia bem elaborada e políticos altamente qualificados, adotou o modelo de 
contratos de concessão”. Segundo Camargo (2008), a Noruega (sendo o país 
anfitrião) é compensada ao ceder o direito de exploração do seu recurso natural 
para diversas empresas por meio de taxas sobre a produção de petróleo. 
De acordo com Setti (2010), em 1990 o país estabeleceu por meio da 
produção de petróleo, um fundo de investimentos, soberano, que já arrecadou mais 
de US$ 800 bilhões, possibilitando a compra de 1% de ações em bolsas de todo o 
mundo pelo governo norueguês. O mesmo fundo possui requisitos conservadores 
para trabalhar com investimentos estrangeiros, vetando o acesso de empresas 
poluidoras. 
O presente trabalho aborda fundamentos teóricos da economia, apontando 
conceitos sobre o papel do estado na economia e exploração de petróleo, 
analisando os aspectos mais importantes da intervenção do Estado na economia, 
assim como o desenvolvimento. 
Esta pesquisa apresenta a formação e o desenvolvimento da indústria 
petrolífera da Noruega, conceituando os principais modelos de exploração de 
petróleo no mundo. Irá demonstrar como a administração pública eficiente associada 
a um regime de exploração de petróleo bem sucedido, contribuiu de maneira 
significativa para o desenvolvimento econômico do país. Regime este, que, na 
atualidade é apontado como modelo para diversos outros países que buscam 
melhorar a administração dos seus recursos naturais. 
13 
 
 
 
A Noruega é, sendo assim, uma nação que além de se tornar um grande 
exportador de petróleo, preocupou-se em tornar possível elevar o crescimento 
econômico e oferecer prosperidade a toda sua população e às gerações futuras. 
(RYGGVIK, 2014). 
Por fim, o trabalho apresentará uma relação com os principais indicadores 
econômicos e sociais do país que irão refletir o ambiente econômico, social e político 
que a Noruega conquistou após a exploração e comercialização de petróleo a partir 
da década de 1970 até a atualidade. 
 
1.1 Exposição do Tema e do Problema 
 
Para melhor compreender a questão da exploração e produção de petróleo, é 
importante comentar o seusurgimento. De acordo com Shah (2007, p. 13): “A 
história do petróleo é escrita em uma escala de tempo muito vasta para os padrões 
humanos, mas inicia-se como algo inócuo e aparentemente periférico: depósitos 
viscosos no fundo do mar”. 
O Petróleo é a mais importante fonte energética do mundo, já que é por meio 
dele que se permite a realização de diversas atividades. Shah (2007, p. 20) observa: 
“(...) estima-se que a Terra tenha gerado 2 trilhões de barris de petróleo, em um 
trabalho que parece improvável, mas cuja escala é surpreendente”. De qualquer 
maneira, diversos estudos apontam que o petróleo é um recurso escasso e deve 
acabar em pouco tempo, 40 ou 50 anos, caso os padrões de exploração e consumo 
não sejam reduzidos. Como consequência, vários países estão buscando 
investimentos em tecnologias para a produção de outros combustíveis. 
Utiliza-se o petróleo, sobretudo na forma de combustíveis automotivos 
(gasolina, óleo diesel, querosene, etc.), ademais, no funcionamento de usinas 
termoelétricas. Além disso, o petróleo é uma matéria prima utilizada na fabricação 
de outros produtos (plásticos, tintas, borrachas sintéticas, etc.). (BARBOSA, 2004). 
A primeira perfuração de um poço de petróleo aconteceu em 1859, nos 
Estados Unidos, garantindo ao país o status de importante localização geográfica 
que, automaticamente, alterou as relações econômicas e geopolíticas do país, ao 
mesmo tempo em que o petróleo conquistava o lugar da matriz energética mundial. 
A descoberta do petróleo acarretou em uma procura descontrolada pelo recurso, 
14 
 
 
 
promovendo uma busca desordenada pela sua exploração e produção, convertendo-
se em um empreendimento de altíssima rentabilidade. (SOUZA, 2006). 
As mudanças econômicas e políticas geradas pela exploração, e comércio do 
petróleo, muitas vezes terminaram em crises e formaram novos instrumentos no 
cenário econômico e político no mundo, tendo que se submeter à criação de 
estratégias por parte de países produtores e exportadores, como a consolidação de 
uma estrutura de governança OPEP (Organização dos Países Exportadores de 
Petróleo). Estabelecida em 1960, é constituída pelos países que detém as maiores 
reservas petrolíferas do mundo, com o objetivo de uniformizar a política do petróleo, 
gerenciando o controle de preços e de volumes produzidos. (SHAH, 2007). 
Mesmo com a criação de novas tecnologias e o desenvolvimento de novos 
recursos e alternativas, o petróleo ainda é considerado o recurso básico da 
sociedade industrial contemporânea. É responsável por aproximadamente 35% do 
total de consumo de energia no planeta, o que lhe fornece o papel de mais 
importante fonte de energia em relação às outras. (WATT, 2014) 
“A longa batalha sustentada pelas nações para conquistar o domínio das suas 
riquezas naturais marcou o início de uma nova ordem jurídica internacional, que 
encontra na legislação do petróleo uma das suas mais relevantes manifestações.” 
(BARBOSA, 2004, p. 85). Porém, uma boa gestão e administração pública desse 
recurso natural pode impulsionar o desenvolvimento econômico e social de um país. 
Na experiência norueguesa, grandes reservas de petróleo foram descobertas 
em 1969, no Mar do Norte. O país era considerado um dos mais pobres do 
continente europeu, e após 4 décadas do início da exploração e produção de 
petróleo, o país se tornou um dos maiores exportadores do produto no mundo com 
uma renda gerada pelo petróleo de US$ 40 bilhões por ano ao Estado. (RYGGVIK, 
2014). 
Segundo o mesmo autor, o governo norueguês soube transformar a 
descoberta do petróleo em prosperidade e desenvolvimento. Condições 
demonstradas em todas as regiões do país, onde o Estado busca garantir que as 
receitas da exploração do petróleo, sejam aplicadas conforme as necessidades 
específicas de cada região, proporcionando bem estar e qualidade de vida para a 
população. 
15 
 
 
 
Por meio do regime de contratos de concessão, o país adotou estratégias 
para promover uma indústria promissora. No início, cedeu (devido à falta de 
recursos e tecnologia) espaço para que companhias estrangeiras pudessem 
explorar petróleo no Mar do Norte. A Noruega buscou avançar tecnologicamente na 
corrida pelo petróleo até conquistar autonomia para produzir os instrumentos 
necessários que garantissem que o petróleo explorado fosse prioridade dos 
noruegueses, construindo uma indústria e política bem sucedidas. (HANISCH, 
1982). 
O petróleo foi determinante para o desenvolvimento econômico e social dos 
noruegueses, servindo de base para que a Noruega construísse uma indústria que 
permitisse ao país conquistar o maior índice de IDH no mundo. De acordo com 
dados do Centro de Pesquisa Ivan Kushnir’s (2012), a Noruega foi a primeira nação 
do mundo a ter um PIB per capita acima de US$ 100 mil. Entre outros dados, salário 
mínimo de EUR 4,8 mil e taxa de desemprego de 2%, conquistando um dos 
melhores níveis de desenvolvimento humano do mundo. 
Diante desta situação, considerando a importância do recurso natural em 
questão. O petróleo, além de servir como base energética e fator determinante para 
o desenvolvimento econômico e social da Noruega, representa um importante 
conjunto de elementos econômicos, tecnológicos e estratégicos. Portanto, essa 
questão nos leva ao seguinte problema de pesquisa: Como a exploração de petróleo 
sob o regime de contratos de concessão influenciou os indicadores econômicos e 
sociais da Noruega a partir da década de 1970? 
 
1.2 Objetivos 
 
1.2.1 Objetivo Geral 
 
Identificar como a exploração e produção de petróleo influenciaram os 
principais indicadores econômicos e sociais da Noruega a partir da década de 1970. 
 
1.2.2 Objetivos Específicos 
 
- Descrever a indústria do petróleo na Noruega. 
16 
 
 
 
 
- Apresentar o funcionamento do modelo de contratos de concessão na 
exploração de petróleo na Noruega (Modelo Norueguês). 
 
- Exibir os principais indicadores econômicos e sociais da Noruega que 
refletem o seu desenvolvimento a partir da década de 1970. 
 
1.3 Justificativa 
 
Atualmente, em uma sociedade quase que majoritariamente capitalista, o 
petróleo representa um símbolo de poder e riqueza. Desde a sua descoberta, o 
petróleo passou de apenas uma fonte de energia que gera dinheiro, para se tornar 
um bem precioso e essencial para a sociedade, já que é fundamental para o bem 
estar da população. Ao longo do tempo, o petróleo tornou-se a base para gerar 
diversos outros produtos (diesel, gasolina, querosene, parafina, etc.). 
No caso da Noruega, a indústria petrolífera tem servido como modelo de 
exploração e produção de petróleo para diversos outros países que não souberam 
administrar de maneira eficaz suas reservas de petróleo. O modelo norueguês, que 
divide a exploração e produção entre Estado e iniciativa privada, demonstra ao resto 
do mundo que se o trabalho entre governo e empresas for gerenciado com 
competência e responsabilidade, o país conquista resultados satisfatórios (aumento 
do PIB, IDH, renda per capita, etc.). 
O Brasil é um país com grande expectativa de crescimento nessa indústria, 
mas ainda tem muito que aprender com a experiência norueguesa. A Noruega 
demonstra que a intervenção ativa do Estado na exploração de petróleo pode se 
tornar uma experiência positiva se for trabalhada com transparência, profissionais 
qualificados e planejamento estratégico. O modelo norueguês serve de base para 
que outras nações compreendam a importância de pensar no bem estar não 
somente da população, mas também das gerações futuras, considerando que as 
mesmas possam vir a usufruir dos benefícios gerados por esse recurso tão 
importante. 
O tema é relevante para a sociedade por apresentar a importância do petróleo 
como fonte de energia essencial para o funcionamento e bem estar da população 
17 
 
 
 
mundial, considerando que o recurso é um bem escasso, é importante adotarmedidas visando o futuro da sociedade com o término da exploração do petróleo. 
Para os internacionalistas, o trabalho é de extrema importância, pois fornece 
conhecimento a respeito de um tema globalizado, ao mesmo tempo em que possui 
uma gama de profissionais que atuam nesta área, promovendo acordos 
internacionais. Para a Universidade do Sul de Santa Catarina e demais fins 
acadêmicos, o trabalho é importante para que sirva como fonte de pesquisa e 
consulta para outros trabalhos. 
 
1.4 Procedimentos Metodológicos 
 
Para a realização de um projeto ou trabalho, o método de pesquisa mais 
apropriado deve ser escolhido buscando analisar a natureza do problema e o grau de 
aprofundamento do tema a ser estudado. (RICHARDSON; OUTROS, 1999). 
Os procedimentos metodológicos devem ser escolhidos com cuidado, pois 
irão conduzir e facilitar a elaboração da pesquisa, uma vez que apresentarão 
instrumentos importantes para a construção da mesma. Com o intuito de ressaltar a 
importância que os procedimentos metodológicos possuem em uma pesquisa: 
 
No entanto, não basta seguir um método e aplicar técnicas para se 
completar o entendimento do procedimento geral da ciência. Esse 
procedimento precisa ainda referir-se a um fundamento epistemológico que 
sustenta e justifica a própria metodologia praticada. É que a ciência é 
sempre o enlace de uma malha teórica com dados empíricos, é sempre 
uma articulação do lógico com o real, do teórico com o empírico, do ideal 
com o real. Toda modalidade de conhecimento realizado por nós implica 
uma condição prévia, um pressuposto relacionado a nossa concepção da 
relação sujeito/objeto. (SEVERINO, 2007, p. 100). 
 
Segundo Marconi e Lakatos (2007, p.15): “Pesquisa é um procedimento 
formal, com método do pensamento reflexivo, que requer um tratamento científico, e 
se constitui para conhecer a realidade ou descobrir verdades parciais”. 
O presente trabalho, que tem como objeto de pesquisa a exploração e 
produção de petróleo por meio do regime de contratos de concessão na Noruega, 
adotará o método de pesquisa explicativa. 
18 
 
 
 
Segundo Gil (2007, p.42): “A pesquisa explicativa preocupa-se em identificar 
os fatores que determinam ou que contribuem para a ocorrência dos fenômenos, a 
mesma aprofunda-se no conhecimento da realidade e o porquê das coisas”. 
 
A investigação explicativa tem como principal objetivo tornar algo inteligível 
justificar-lhe os motivos. Visa, portanto esclarecer quais fatores contribui de 
alguma forma, para a ocorrência de determinado fenômeno. Por exemplo: 
as razões do sucesso de determinado empreendimento. (VERGARA, 2000, 
p.47). 
 
Tendo em vista os aspectos do trabalho, serão utilizados os métodos de 
pesquisa qualitativa e quantitativa para a coleta de informações. 
 
A abordagem quantitativa quando não exclusiva, serve de fundamento ao 
conhecimento produzido pela pesquisa qualitativa. Para muitos autores a 
pesquisa quantitativa não deve ser oposta à pesquisa qualitativa, mas 
ambas devem sinergicamente convergir na complementaridade mútua, sem 
confinar os processos e questões metodológicas a limites que contribuam 
os métodos quantitativos exclusivamente ao positivismo ou os métodos 
qualitativos ao pensamento interpretativo, ou seja, a fenomenologia, a 
dialética e a hermenêutica. (MARTINELLI, 1994, p. 34). 
 
 No que diz respeito aos procedimentos técnicos, o presente trabalho será 
desenvolvido com uma pesquisa bibliográfica e documental. 
De acordo com Gil (2007, p. 44) “Pesquisa bibliográfica é desenvolvida a 
partir de material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos 
científicos”. Apesar de que na maior parte dos estudos seja exigido algum tipo de 
trabalho desta categoria, existem trabalhos desenvolvidos exclusivamente por meio 
de fontes bibliográficas. 
Gil (2007, p. 45) acrescenta: “A principal vantagem da pesquisa bibliográfica 
reside no fato de permitir ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos 
muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente”. Essa 
vantagem é extremamente importante para essa pesquisa porque exige dados muito 
dispersos (PIB, renda per capita, IDH, expectativa de vida, etc.). 
 
 
 
 
 
19 
 
 
 
2. Fundamentação Teórica 
 
2.1 O Papel do Estado na Economia 
 
O que hoje consideramos Estado Nacional teve seu surgimento no fim do 
século XVIII e início do século XIX, desenvolvendo-se a partir de políticas que 
refletiam a realidade das sociedades no passado. 
Segundo Campos (2009), a criação do comércio e das cidades requisitava a 
construção de pontes, estradas, portos e a unificação da moeda. Essas 
necessidades seriam supridas de maneira mais eficaz e rápida se cada povo tivesse 
um soberano próprio para representá-los. Dessa forma, a Formação dos Estados 
teve início no decorrer da Idade Média com o capitalismo mercantil, naquele período 
a autoridade monárquica passou a estender-se por todo um território marcado por 
limites, idioma e aspectos culturais (características em comum entre os povos), 
criando Estados Absolutistas. 
 
De um ponto de vista descritivo, podemos partir da definição de absolutismo 
como aquela forma de governo em que o detentor do poder exerce esse 
último sem dependência ou controle de outros poderes, superiores ou 
inferiores. (BOBBIO, 2004, p. 2). 
 
Para obter mais poder, os reis passaram a buscar controle sobre questões 
fiscais, jurídicas e militares. Em outras palavras, a autoridade monárquica deveria 
possuir autoridade suficiente para elaborar leis e instituir impostos, condições 
conquistadas com o apoio da burguesia comerciante. Dessa maneira, o rei 
aumentava seus poderes para implementar tributos que, por sua vez viriam a 
sustentar o Estado, ao mesmo tempo que, instituía impostos no seu território. 
(CAMPOS, 2009). 
A visão de Estado Absolutista estabelecida desde o século XIX, é composta por uma 
perspectiva política onde um soberano detém um poder ilimitado, acima de qualquer 
coisa. Sendo assim, poderes inconstitucionais juntamente com um sistema político 
em que o executivo e legislativo permaneciam como autoridades de um só indivíduo. 
(BOBBIO, 2004). 
No término do século XIX e início do XX, notou-se um processo de formação 
de grandes monopólios, que por sua vez, começaram a restringir a oferta e a 
20 
 
 
 
aumentar os preços. No ano de 1890, nos Estados Unidos, a Lei Sherman entrou 
em vigor contra os trustes, declarando ilegal o monopólio da indústria e do comércio. 
(VASCONCELLOS; GARCIA, 2004). 
 Segundo o mesmo autor, no início do século XX, a atividade econômica 
começou a ser regularizada, colocando em dúvida o papel da “mão invisível”, de 
Adam Smith, para conduzir os mercados e responder satisfatoriamente aos 
problemas da economia: o que produzir, como e para quem. 
 
No espaço globalizado contemporâneo, emergem novas potências 
econômicas e se reorganizam as relações entre os focos tradicionais de 
poder. Ao mesmo tempo, sob o impacto de uma revolução tecnocientífica, 
todo o processo produtivo se transforma. As repercussões dessas 
mudanças nas regiões industriais, nas economias urbanas e nas estruturas 
de emprego configuram verdadeiros cataclismas. (MAGNOLI, 2004, p. 9). 
 
 Para Troster (2002, p.5): “A economia estuda a forma pela qual os indivíduos 
e a sociedade fazem suas escolhas”. Para que desse modo, os recursos 
disponíveis, sempre escassos, sejam aproveitados da melhor maneira, satisfazendo 
as necessidades individuais e coletivas da sociedade. 
 A economia se limita a preocupar-se com as necessidades que são atendidas 
por bens econômicos, ou seja, por elementos naturais escassos ou por produtos 
desenvolvidos pelo homem. Dessa maneira, a intervenção do Estado na economia 
vem crescendo por diversas razões. (SANDOVAL, 2000). 
Uma dessas razões pode ser caracterizada pelo aumento do nível de 
desemprego: “Os elevados níveis de desemprego (milhõesde pessoas 
desempregadas) ao início dos anos 1930 conduziram o governo à realização de 
obras de infraestrutura que absorvessem contingentes elevados de mão de obra”. 
(VASCONCELLOS; GARCIA, 2004, p. 390). 
Outra razão seria o crescimento da renda per capita: “o aumento da renda per 
capita gera um aumento da demanda de bens e serviços públicos (lazer, educação 
superior, medicina etc.)”. (SANDOVAL, 2000, p. 391). 
 
Mudanças tecnológicas: a invenção do motor de combustão significou maior 
demanda por rodovias e infraestrutura, que passou a ser ofertada pelo 
Estado, porque de um lado, a iniciativa privada, via de regra, não dispunha 
de capitais suficientes e, de outro, era uma forma de proteger e encorajar o 
crescimento de diversos setores econômicos. (VASCONCELLOS; GARCIA, 
2004, p. 391). 
 
21 
 
 
 
Mudanças populacionais: alterações na taxa de crescimento populacional 
obrigam o Estado a elevar sua despesa em alguns setores, como educação, saúde 
etc. (SANDOVAL, 2000). 
Efeitos da guerra: “participação do Estado na economia aumenta (aumento do 
gasto público). O interessante é que, quando o conflito bélico cessa, o gasto público 
se reduz, mas não a ponto de voltar ao nível existente antes da guerra”. 
(VASCONCELLOS; GARCIA, 2004, p. 392). 
Fatores políticos e sociais: novos grupos sociais começaram a adquirir uma 
presença política mais significativa, exigindo assim empreendimentos públicos 
novos. (SANDOVAL, 2000). 
Alterações da previdência social: Originalmente, a previdência social foi 
desenvolvida como uma alternativa do individuo autofinanciar sua aposentadoria. Ao 
longo dos anos, esse meio converteu-se em um instrumento de distribuição de 
renda. O que veio a gerar uma maior participação do Estado (elevando o gasto 
público) no mecanismo previdenciário. (VASCONCELLOS; GARCIA, 2004). 
O Estado de Bem Estar Social surgiu nas décadas de 1940 a 1960, sendo 
considerado um período de grande desenvolvimento econômico, com foco em 
questões sociais e criação de empregos para a maioria da população nos países 
mais ricos. Este momento histórico estabeleceu uma aliança entre distintas classes 
da sociedade: os empresários e os trabalhadores. Ao mesmo tempo em que a 
produção industrial aumentava, o mesmo acontecia com o desenvolvimento de 
políticas sociais, uma vez que o consumo da população também crescia 
progressivamente. (CLARK, 1967). 
De acordo com Arretche (1995, p. 15): “Os serviços sociais emergem para dar 
respostas às dificuldades individuais, visando garantir a sobrevivência das 
sociedades”. Dessa forma, o Estado de Bem Estar Social pode ser classificado 
como um Estado que deliberadamente investe em três principais aspectos: primeiro, 
fornece aos cidadãos uma renda mínima; segundo, diminui a exposição à 
insegurança, fornecendo aos cidadãos recursos para lidar com eventuais 
dificuldades que possam vir a surgir; e terceiro, assegurando a toda população um 
padrão de políticas e serviços sociais, sem distinção de classes. (BRIGGS, 2006). 
Portanto, Wilenski (1975) enfatiza que, o Estado de Bem Estar Social nada 
mais é do que promover a existência de um padrão mínimo (fornecido pelo Estado) 
22 
 
 
 
por meio de saúde, alimentação, renda mínima e etc. garantido ao cidadão através 
de um direito político e não caridade. 
Em relação ao desenvolvimento econômico, o mesmo está relacionado ao 
meio social. É considerado um processo de mudança social, sendo este o processo 
ligado ao aumento progressivo de necessidades humanas, geradas pela própria 
mudança. Essas necessidades são satisfeitas por meio de uma distinção no sistema 
produtivo proveniente da apresentação de inovações no setor tecnológico. 
(FURTADO, 1964). 
Estritamente falando, o termo “crescimento econômico” de acordo com 
Stigum (1973, p. 496): “(...) refere-se a qualquer situação em que o produto nacional 
aumenta”. Contudo, como o desenvolvimento econômico baseia-se nas 
possibilidades que oferece para aumentar os padrões de vida da população, muitas 
vezes os economistas referem-se a esse termo por meio da renda per capita. 
 Segundo Gall (1989, p. 1): “Desde 1973, o crescimento econômico mundial 
decaiu repentinamente. O Período entre 1950 e 1973 foi chamado Idade de Ouro. A 
economia mundial cresceu numa taxa anual de quase 5%”. 
Nessa época, notaram-se muitos avanços em investimentos, produtividade e 
aumento no volume de comércio internacional. Stigum (1973, p. 496) acrescenta 
que: 
 
Atualmente, em quase todos os países – ricos ou pobres, capitalistas ou 
comunistas – o crescimento situa-se entre os principais objetivos da política 
governamental. Não é surpreendente verificar que os países pobres do 
mundo deem prioridade máxima ao objetivo de crescimento, pois a única 
maneira de elevarem o padrão de vida de suas populações é aumentando 
seu produto per capita. Mas e quanto aos países ricos e desenvolvidos, 
como os Estados Unidos e quase todos os países da Europa Ocidental? Por 
que estão tão preocupados com o crescimento, sempre ansiosos para 
acelerarem suas taxas de crescimento e certificarem-se de que, pelo 
menos, acompanham o ritmo dos outros países desenvolvidos? 
 
 Quanto ao petróleo, no caso brasileiro, a primeira crise petrolífera em 1973 
conduziu o país ao Segundo Plano Nacional de Desenvolvimento no final de 1974, 
como estratégia de ajuste de longo prazo atrelada ao desenvolvimento econômico. 
LARRANADA (2002). O mesmo autor observa que: “Houve alteração nas 
prioridades da industrialização nacional, que passou de bens de consumo duráveis 
para a produção de bens de capital”. 
 
23 
 
 
 
Ao longo da história, a intervenção do Estado na economia tem variado, 
alternando-se épocas de liberalismo com outras de maior intervenção. Essa 
situação muda a partir da crise de 1929. Neste ano iniciou a Grande 
Depressão e, na maioria dos países ocidentais, aconteceu uma enorme 
recessão, caracterizada por um grande aumento no desemprego e na 
quebra de muitas empresas. Em vários países, o medo de novas recessões 
levou-os a aumentar de forma apreciável a intervenção do Estado na 
atividade econômica. (TROSTER, 2002, p. 215). 
 
 Para que o desenvolvimento econômico se concretize, existem algumas 
condições a serem adotadas, uma vez satisfeitas essas condições, o país obtém 
progresso na área. De acordo com Stigum (1973, p. 497), as principais condições a 
serem satisfeitas para contribuir com o desenvolvimento econômico são 
estabelecidas como: 
 
Aumento da quantidade de matérias-primas disponíveis: Uma das maneiras 
pelas quais os recursos produtivos de uma economia podem aumentar 
consiste no crescimento do estoque disponível de recursos naturais. 
Algumas vezes isso ocorre, graças a descoberta de novos recursos 
(petróleo, etc.). Aumento da oferta de mão de obra: Aumentos de população 
e, portanto, da força de trabalho. Aumento do estoque de bens de capital: 
(...) se a oferta de mão de obra estiver crescendo, seu estoque de capital 
deverá elevar-se ainda mais rápido. Progresso tecnológico: (...) introdução 
de novos produtos, aperfeiçoamento de produtos já existentes e alterações 
da relação entre fatores utilizados e produção obtida. 
 
Em todo caso, um dos motivos que geram mais preocupação para as nações 
a respeito do desenvolvimento econômico, é caracterizado pelo fato de que uma 
grande parcela da população em diversos países ainda vive em extrema condições 
de pobreza. E como foi citado, o aumento da renda é um aspecto que deve 
contribuir consideravelmente para combater essa situação. (STIGUM, 1973). 
No tópico a seguir, serão apresentadas as diferentes funções e objetivos 
agregados ao setor público, especificando e dando ênfase às mais importantes. 
 
2.1.1 As Funções e os Objetivos do Setor Público 
 
Desde a época de Platão, filósofos e pensadores políticos que têm dialogado 
acerca do papel do Estado têm apresentado distintas abordagens da maneira de 
governar. Na atualidade,a economia criou uma nova área constituída por “escolha 
pública” que é o estudo da maneira como os governos tomam decisões e gerenciam 
economia. (SAMUELSON; NORDHAUS, 1993). 
 
24 
 
 
 
Atualmente, correspondem a entidades vinculadas ao setor público tanto as 
funções básicas na programação econômica como o papel dominante nas 
atividades de caráter social. Paralelamente, produziu-se um aumento 
paulatino dos poderes atribuídos ao setor público para que ele estabeleça 
normas de caráter econômico. (TROSTER, 2002, p. 216). 
 
 Segundo o mesmo autor, em muitos países: “O setor público tem atuado 
como promotor direto de grandes empresas industriais e se responsabilizando 
igualmente pela criação de organizações financeiras importantes”. 
 A necessidade da intervenção econômica por parte do setor público 
demonstra que o sistema de preços não consegue cumprir e realizar 
adequadamente algumas tarefas e objetivos, necessitando atuação do Estado. 
(VASCONCELLOS; GARCIA, 2004). Na versão de Mochón (2002), essa atuação 
possui um caráter em comum por parte dos governos. Os Estados que intervém na 
economia, buscam o mesmo objetivo, que se resume em impulsionar o progresso 
econômico e social do país. 
 “Existem alguns bens que o mercado não consegue fornecer (bens públicos) 
e, por outro lado, existem externalidades associadas ao consumo ou produção de 
alguns bens e serviços”. (SANDOVAL, 2000, p. 392). 
 
Para conseguir esses objetivos, os governos buscam objetivos econômicos 
que, se realizam nos seguintes pontos: Maior nível possível de emprego; A 
estabilidade de preços; e O crescimento econômico. Ao longo prazo, o 
Estado também persegue outros objetivos, por exemplo, uma distribuição 
de renda equitativa e o equilíbrio dos intercâmbios comerciais com o resto 
do mundo. (MOCHÓN, 2002, p. 218). 
 
 As principais funções do setor público permitem que o Estado adquira 
autonomia ao intervir na economia. Sandoval (2000, p. 392) afirma que: “A função 
alocativa está associada ao fornecimento de bens e serviços não oferecidos 
adequadamente pelo sistema de mercado”. Essa função também está relacionada à 
correção de externalidades (positivas ou negativas) na produção ou consumo de 
bens e serviços. 
 Tais bens, definidos como bens públicos, possuem como característica mais 
marcante a impossibilidade de excluir certos indivíduos de seu consumo, dado 
delimitado volume de produção. (VASCONCELLOS; GARCIA, 2004). 
 De acordo com o mesmo autor, a renda familiar é caracterizada pela soma da 
propriedade e das rendas de trabalho, sendo a última dependente da produtividade 
25 
 
 
 
da mão de obra. O que depende também da utilização de outros artifícios de 
produção do mercado. 
 Então, se deixarmos o mercado funcionar livremente, Sandoval (200, p. 394) 
observa: “(...) teremos uma distribuição de renda que dependerá da produtividade de 
cada indivíduo no mercado, mas que sofrerá a influência das diferentes doações de 
patrimônio”. 
 No que diz respeito à distribuição setorial ou regional, o mesmo autor 
acrescenta que, uma política de gastos públicos e subsídios conduzidos para as 
áreas mais deficientes seria o instrumentos governamental mais correto. 
 A função estabilizadora está totalmente relacionada com a participação do 
Estado na economia. Essa intervenção ocorre para modificar o comportamento dos 
níveis de preços e empregos, uma vez que o pleno emprego e a estabilidade de 
preços não acontecem de forma automática. Essa intervenção acontece através de 
mecanismos de política fiscal, monetária, cambial, comercial e de rendas. 
(VASCONCELLOS; GARCIA, 2004). 
 No seguinte tópico, serão apresentados diferentes instrumentos políticos 
utilizados pelo Estado para procurar manter a economia estável. 
 
2.1.1.1 A Política Fiscal 
 
A economia de um país pode ser influenciada de diversas maneiras. Quando 
um Estado ajusta seus níveis de gastos, ele intervém na economia por meio da 
política fiscal. 
De acordo com Troster (2002, p. 219): “Integram a política fiscal os programas 
de governo relacionados com a compra de bens e serviços, o gasto de 
transferências e a quantidade e o tipo de impostos”. Segundo Wessels (2003, p.147) 
“O governo adiciona gastos, mas retira dinheiro da economia por meio dos impostos 
que arrecada”. 
 
Refere-se a todos os instrumentos de que o governo dispõe para a 
arrecadação de tributos e controle de suas despesas. Além da questão do 
nível de tributação, a política tributária, por meio da manipulação da 
estrutura e alíquotas de impostos, é utilizada para estimular (ou inibir) os 
gastos do setor privado em consumo e em investimento. (SANDOVAL, 
2000, p. 394). 
 
26 
 
 
 
 Caso o indicador de atividade econômica se mostrar baixo juntamente com 
um nível considerável de desemprego, o Estado pode diminuir os impostos com a 
expectativa de impulsionar a demanda de consumo. Em contrapartida, caso a 
demanda agregada se mostre superior à capacidade de produção do país, efetuar 
um aumento dos impostos é uma considerável estratégia. (MOCHÓN, 2002). 
 Troster (2002, p. 221) acrescenta que: “A visão da política fiscal como um 
instrumento estabilizador da atividade econômica pode dar a ideia de que ela só 
ajuda a controlar a economia se se adotarem políticas discricionárias”. 
 Deve-se prestar muita atenção na utilização desses instrumentos, justamente 
para que eles sejam acionados para garantir o benefício dos grupos menos 
favorecidos, visando melhorar a distribuição de renda. (SANDOVAL, 2000). 
 Segundo Mochón (2002, p. 224): “Ainda que as políticas fiscais discricionárias 
sejam importantes, o sistema impositivo tem alguns efeitos automáticos sobre a 
evolução da atividade econômica, isto é, sobre as depressões e expansões, que 
convém analisar”. 
 De acordo com o mesmo autor, no mundo real pode acontecer de os 
impostos variarem de acordo com o produto nacional. Sobretudo, é frequente que os 
impostos possuam uma natureza proporcional. Ou seja, produzam receitas que 
presumem uma porcentagem do produto nacional. 
 “É importante observar o enfoque microeconômico da tributação, que ressalta 
a questão da incidência do tributo, ou seja, é sabido que quem recolhe a totalidade 
do tributo é a empresa, mas isso não quer dizer que é ela quem efetivamente paga”. 
(VASCONCELLOS; GARCIA, 2004, p. 394). 
 
Quando os impostos são proporcionais, isso resulta numa alteração 
automática da forma de arrecadação, aumentando à medida que se 
aumenta o produto nacional. O aumento dos impostos à medida que se 
aumenta o produto nacional reduzirá a força de expansão e ocorrerá o 
contrário, dando lugar à recessão. Portanto, os impostos proporcionais 
cumprem o papel de um “estabilizador automático” da atividade econômica. 
(TROSTER, 2002, p. 221). 
 
 Ao longo da recessão, o desemprego se eleva e juntamente com ele os 
subsídios aos desempregados. Já nos períodos de grande crescimento, com a baixa 
do desemprego, esses pagamentos diminuem, elevando paralelamente os fundos de 
arrecadação do Seguro Social dos trabalhadores, assim como das empresas. 
(MOCHÓN, 2002). 
27 
 
 
 
 
Dessa forma, o seguro desemprego exerce uma pressão estabilizadora, 
contribuindo para a redução da demanda quando ela é excessiva, ou 
colaborando para manter o nível de consumo, se a atividade está 
descendente. Outros programas assistenciais, tais como pensões para os 
aposentados, também mostram um comportamento anticíclico, portanto, 
como estabilizadores automáticos. (TROSTER, 2002, p. 223). 
 
 O governo atua na elaboração de preços de mercado, quando fixa impostos, 
oferece subsídios, forma critérios de reajuste do salário mínimo e estabelece preços 
mínimo em produtos do setor agrícola. (VASCONCELLOS E GARCIA, 2004). 
 
De qualquer modo, deve-se dizer que nem todos os estabilizadores 
originam-se pela atuação do setor público. As poupanças das sociedades 
anônimas e das famílias também podemcumprir um papel estabilizador. O 
mesmo pode ser dito das sociedades que pagam dividendos estáveis, 
mesmo quando seus benefícios variam a curto prazo, e também do 
comportamento das famílias, ao procurarem manter um nível de vida 
dependente não só da renda de cada ano, mas também da renda média ou 
“permanente”. (MOCHÓN, 2002, p. 223). 
 
 De acordo com Troster (2002, p. 222): “Ainda que o papel desempenhado 
pelos estabilizadores automáticos seja importante, eles não são suficientes para 
estabilizar a atividade econômica”. Isso que dizer que, os estabilizadores 
automáticos diminuem parte da flutuação na economia, entretanto não a eliminam 
completamente. 
 
2.1.1.2 Os Programas de Obras Públicas 
 
De acordo com o Ministério Público (MPSC, 2015): “Obra pública é 
considerada toda construção, reforma, fabricação, recuperação ou ampliação de 
bem público”. Essa operação pode acontecer de maneira direta, situação em que a 
obra é executada pelo próprio órgão ou entidade responsável, por seus próprios 
meios, ou de maneira indireta, situação em que a obra é contratada com terceiros 
através de licitação. Quando a obra se dá neste caso, são considerados alguns 
regimes de contratação. Tais regimes são classificados pelo Ministério Público 
(MPSC, 2015) como: 
 
Empreitada por preço global: quando se contrata a execução da obra ou do 
serviço por preço certo e total; Empreitada por preço unitário: quando se 
contrata a execução da obra ou do serviço por preço certo de unidades 
28 
 
 
 
determinadas; Tarefa: quando se ajusta mão-de-obra para pequenos 
trabalhos por preço certo, com ou sem fornecimento de materiais; 
Empreitada integral: quando se contrata um empreendimento em sua 
integralidade, compreendendo todas as etapas das obras, serviços e 
instalações necessárias. 
 
Segundo Altounian (2014): “Uma obra pública é aquela que desenvolve o 
Estado e que tem um fim social. Essas obras são financiadas com fundos públicos 
(impostos e taxas) e não têm fins lucrativos”. Ou seja, tem como finalidade oferecer 
um serviço de utilidade à população. 
Outro autor acrescenta também a relação com utilidade pública, segundo 
Pietro Virga (1994) “(...) inexistência de definição pacífica na doutrina sobre serviço 
público, apontando, porém, que o mesmo se caracteriza por uma atividade 
prevalentemente direcionada a fornecer ao cidadão uma utilidade pública”. 
 
Os projetos de investimento público tinham como objetivo fundamental dar 
trabalho aos desempregados, porém em muitas ocasiões o estudo prévio 
era insuficiente e, em outras, estas obras eram de escassa utilidade pública, 
já que se concebiam basicamente para criar emprego e não como 
instrumento de luta anticíclica. (MOCHÓN, 2002, p. 224). 
 
 As obras públicas são estabelecidas por uma enorme variedade de projetos 
de construção. O desenvolvimento das infraestruturas de transporte (estradas, 
portos, aeroportos, etc.), hidráulicas ou urbanas (iluminação pública, parques, etc.) e 
a criação de estruturas de comum interesse (hospitais, escolas, etc.) integram as 
obras públicas. (ALTOUNIAN, 2014) 
 
A prestação de serviço público está voltada à satisfação de necessidades, o 
que envolve a utilização de bens e serviços, recursos escassos. Daí 
podermos afirmar que o serviço público é um tipo de atividade econômica. 
Serviço público – dir-se-á mais – é o tipo de atividade econômica cujo 
desenvolvimento compete, preferencialmente, ao setor público. Não 
exclusivamente, note-se, visto que o setor privado presta serviço público em 
regime de concessão ou permissão. Desde aí poderemos também afirmar 
que o serviço público está para o setor público assim como a atividade 
econômica está para o setor privado. (GRAU, 1999). 
 
Segundo Luders (2015): “Muito já se falou sobre como os tortuosos caminhos 
da burocracia e a dificuldade de encontrar dinheiro para investimentos atrapalham o 
andamento das obras públicas”. 
“No mundo inteiro, é comum que os grandes projetos sejam segmentados 
para que o dono da obra possa aumentar a concorrência e não ficar refém de 
http://conceito.de/obra-publica
29 
 
 
 
poucas construtoras”, diz Peter White (2015), professor do departamento de 
planejamento e transporte da Universidade de Westminster, em Londres. 
Ao decorrer dos anos, notou-se que é necessário muito tempo para, fazer 
funcionar uma escola ou construir uma rodovia. Desse modo, antes de dar início a 
qualquer obra pública é importante estabelecer um consenso político acerca de 
quais projetos são prioritários. Assim, depois de realizar um estudo sobre quais 
serão realizados, se faz necessária à execução de anteprojetos para analisar a 
viabilidade do investimento. (TROSTER, 2002). 
Finalizadas as fases anteriores, é possível dar início aos atos legais para 
expropriar e comprar os terrenos e, na próxima fase, começar a construção das 
estruturas e demais projetos. 
 
2.1.1.3 O Déficit e Seu Financiamento 
 
 O déficit público pode ser definido por uma simples comparação. O superávit 
das contas públicas acontece quando a arrecadação supera os gastos, já quando os 
gastos superam a arrecadação, acontece o déficit público. 
O déficit público traz inúmeras consequências negativas para o país, já que 
atinge diretamente a capacidade de investimento do setor privado. 
 
À margem das diferentes medidas de política fiscal, ao longo do atual 
século, na maioria dos países, o setor público aumentou sua participação na 
atividade econômica, o que o fez incorrer em custosos déficits; o que 
implica necessidades crescentes de financiamento. Para atender a essas 
necessidades, pode-se contar com três procedimentos: Impostos; Criação 
de Dinheiro; e Emissão de Dívida Pública. (TROSTER, 2002, p. 228). 
 
 Segundo Mochón (2002, p. 228): “Ainda que os impostos apareçam como 
forma natural de se financiarem os gastos públicos, eles apresentam uma série de 
limitações, já que, quando existe déficit, são insuficientes para atender aos gastos”. 
 
Quando o governo defronta uma situação de déficit, além das medidas 
tradicionais de política fiscal (aumento de impostos ou corte de gastos), 
surge o problema de como ele deverá financiar o déficit. Podendo realizar 
essa operação por meio de recursos extrafiscais: emitir moeda e venda de 
títulos da dívida pública ao setor privado. (VASCONCELLOS; GARCIA, 
2004, p. 396). 
 
30 
 
 
 
 Ainda que a intervenção do Estado na economia não seja algo novo, vem se 
intensificando muito nos últimos anos. Troster (2002, p. 228) observa que: “Seus 
objetivos podem ser o progresso econômico e social, ocorrendo em variáveis tais 
como o nível de emprego e inflação”. 
 Finalizando a analise a respeito da participação do Estado na economia, no 
próximo tópico será apresentada a intervenção do Estado na exploração de petróleo, 
demonstrando aspectos importantes de diplomacia e estratégias políticas. 
 
2.2 O Papel do Estado na Exploração de Petróleo 
 
O petróleo tem acompanhado a trajetória da humanidade desde os seus 
primórdios. Segundo Barbosa (2004, p. 9): “(...) trazendo consigo progresso e 
conforto, mas provocando, por outro lado, lutas e desavenças entre as nações, 
quase sempre decididas pela força das armas”. 
 
O petróleo constitui-se, não é de hoje, num recurso estratégico. Não são 
poucas nem triviais as razões para tanto. Tornou-se, há tempos, o principal 
combustível das forças armadas em geral; encontra-se ao centro da matriz 
de transporte de praticamente todo o mundo; e tem uso difundido e 
diversificado nas mais diferentes cadeias produtivas. Daí decorre uma 
consequência importante para as relações internacionais: o petróleo é 
amplamente utilizado no “jogo diplomático” como arma de pressão, 
retaliação, dissuasão, apoio ou sustentação, cujos cálculos, interesses e 
iniciativas respondem às disputas geopolíticas inerentes à competição 
interestatal. (METRI, 2013). 
 
O petróleo no ambiente da política e do Estado tem sido um aspectocada vez 
mais importante da diplomacia desde o surgimento da indústria do petróleo no 
Oriente Médio, no início do século XX. Como a concorrência cresce para um recurso 
cada vez mais escasso, mas vital, os cálculos estratégicos dos países maiores e 
menores igualmente procuram dar ênfase mais proeminente no bombeamento, 
refinação, transporte e utilização de produtos petrolíferos. (SHAH, 2007). 
O contexto econômico se converteu em um fator cada vez mais determinante 
para estabelecer o contorno legislativo da indústria petrolífera, especialmente depois 
da flexibilização do monopólio, o qual grande parte das atividades do setor foi sendo 
submetida à livre concorrência e a também conviver como variação da própria 
economia, necessitando uma resposta rápida e eficiente. (LEITE, 2009). 
 
31 
 
 
 
Quanto à participação do Estado nos assuntos de petróleo, pode-se dizer 
que ela nunca deixou de ser relevante. Nos países periféricos ela se dá 
principalmente na área econômica; nos países centrais, onde os interesses 
do sistema produtivo nacional estão fortemente ligados ao Estado, sua ação 
se dá, muitas vezes, através da capacidade desses países em projetar seu 
poder por vias diplomáticas, econômicas ou militares. (FANTINE; ALVIM, 
2011). 
 
O exemplo mais conhecido dessa categoria é do governo dos EUA, país 
classificado como protótipo da economia de mercado, procurando intervir 
diretamente, por todos os meios disponíveis, na geopolítica do petróleo. 
“Passadas as ondas estatizantes e privatizantes mais agudas, novas formas 
de encarar o segmento de petróleo se consolidam de forma a se manter o interesse 
do Estado como determinante”. (FANTINE; ALVIM, 2011). 
Contudo, o mercado se mostrou mais aberto a aceitar novas formas de 
conduzir a exploração desse recurso, aceitando a participação de parcerias que não 
reservem exclusivamente todo o poder somente para o Estado ou para o setor 
privado. 
 
2.3 A Indústria do Petróleo no Mundo 
 
A indústria do petróleo é caracterizada pelos processos globais de 
exploração, extração, refino, transporte (muitas vezes com navios petroleiros e 
oleodutos), e comercialização de produtos petrolíferos. Os maiores produtos de 
volume da indústria são o óleo combustível e gasolina. 
 
Nenhuma indústria se oferece tão vasta em ramificações, tão essencial à 
economia mundial e tão vinculada à política internacional quanto à indústria 
do petróleo, cuja expansão, sem confronto na história, não só conseguiu 
suportar a vertiginosa demanda de energia exigida pelos programas de 
reconstrução industrial pós-guerra, como também a que sucedeu ao seu 
subsequente crescimento. (MARINHO, 1970,p. 15). 
 
“No debate energético, as questões que cercam a indústria do petróleo 
ocupam um lugar de destaque por sua condição de principal fonte de energia 
primária e por sua desigual distribuição entre as regiões do mundo”. (PIQUET, 2011, 
p. 100). 
A partir de 1900, verifica-se que a indústria do petróleo se expandiu mais 
rapidamente. Segundo Marinho (1970, p. 15): “Espalhou-se a busca do óleo de 
32 
 
 
 
modo mais intenso em maiores áreas, à proporção que o consumo no mundo 
crescia numa taxa média de 50% ao ano”. 
A segurança ligada ao abastecimento do sistema energético, tanto no 
ambiente nacional, como no ambiente mundial, parou de ser um vista como um 
assunto restrito a especialistas para converter-se em um assunto que tem provocado 
o interesse de diversas categorias da sociedade. (PIQUET, 2011) 
 
O desenvolvimento econômico de um país, nos dias de hoje, depende 
essencialmente do seu sistema energético, e, dentro desse 
condicionamento, observasse que a indústria do petróleo, em decorrência 
de seu admirável papel como fonte de energia e sua incrível versatilidade 
no tocante e derivados, contribui em grau maior para a maximização do 
processo econômico. (MARINHO, 1970, p. 15). 
 
 A indústria do petróleo é uma das mais rentáveis no mundo, mas não é 
isenta de riscos. Os preços do petróleo variam diariamente e dependem de uma 
variedade de fatores sobre os quais os governos e indústria possuem um poder 
limitado ou nenhum controle, os quais incluem taxas mundiais de consumo e 
produção. (SHAH, 2007). 
Em muitos pontos de vista, as operações na indústria do petróleo se mostram 
como um desafio para uma explicação nacional. Essas operações são resultados de 
marcos históricos e acontecimentos ocorridos há muitos anos atrás, e que hoje 
ainda influenciam sua estrutura. (MARINHO, 1970). 
 
Como o petróleo é também um insumo essencial para a sustentação da 
atividade econômica-social mundial, cujas reservas são distribuídas, em 
quantidade e qualidade, de forma desigual no planeta, o que origina 
grandes diferenças nos custos de produção, a competição pela posse e 
acesso às suas reservas gera disputas geopolíticas cruciais. (PIQUET, 
2011, p. 120). 
 
 “O petróleo passou a ser considerada a fonte germinadora do 
desenvolvimento econômico e do progresso social, inter-relacionado ao esquema de 
segurança nacional imprescindível a cada país” (COSTA, 2009, p.17). 
 
O impacto do desenvolvimento da indústria do petróleo sobre o contexto 
econômico e social é perfeitamente perceptível através dos seus efeitos 
físicos diretos, como é, a título ilustrativo, o campo Bolivar, na Venezuela, 
localizado na praia leste do Lago Maracaibo, na cidade do mesmo nome. 
Quando se iniciava a produção de petróleo em 1918, era um vilarejo 
primitivo com área de 15.000m². (MARINHO, 1970, p. 46). 
33 
 
 
 
 
 Segundo o mesmo autor, no curto espaço de dez anos, Maracaibo tornou-se 
a segunda maior cidade da Venezuela, descrita por Preston James (1946, p. 150), 
como “uma pequena metrópole com ruas pavimentadas, serviços públicos 
modernos, altos edifícios de escritórios, clubes de golfe e suntuosas residências, 
com uma população de cerca de 150.000 habitantes”, hoje com mais de 550.000 
habitantes. 
 “Nesse competitivo mundo empresarial, o papel central é exercido pelas 
chamadas petroleiras, que constituem um poderoso, seleto e pequeno grupo de 
empresas, tais como a Shell, a Exxon e a Petrobras”. (PIQUET, 2011, p. 70). 
Mesmo a indústria de petróleo sendo tradicionalmente bastante lucrativa, é 
uma indústria que depende diretamente do mercado internacional e, sendo assim, 
sujeita a vários riscos e incertezas. 
 
2.4. Modelos de Exploração de Petróleo 
 
 Ao longo da história, a exploração do subsolo revelou um mundo fascinante 
para empreendedores, e de acordo com Barbosa (2004, p.11): “(...) exerceu um 
verdadeiro fascínio entre aventureiros, atraindo sempre a atenção e a cobiça de 
muitos”. 
 
Exploração é a atividade de busca de acumulações de petróleo, passível de 
serem extraídas e aproveitadas economicamente. Tal atividade é 
extremamente complexa e custosa, demandando avançados 
conhecimentos geológicos, geofísicos, paleontológicos e de engenharia, 
além de maciços investimentos em tecnologia, maquinário e manutenção de 
equipes humanas em locações remotas. (WATT, 2014, p. 37). 
 
O petróleo é composto por uma substância inflamável e oleosa. É menos 
denso que a água e possui um cheiro bastante característico. Sua coloração pode 
variar, geralmente, entre o castanho escuro e negro. (THOMAS, 2004). 
 Watt (2014, p. 37) observa que: “A exploração de petróleo é uma atividade 
que envolve altos riscos econômicos, pois grandes investimentos são feitos antes da 
descoberta de petróleo”. Em escala mundial, a taxa média de sucesso é de apenas 
10% e o investimento médio em casa poço perfurado é de US$ 15 milhões. 
 
34 
 
 
 
Significa que o investimento médio para encontrar uma jazida 
economicamente viável de petróleo é da ordem de cento e cinquenta 
milhões de dólares apenas com a perfuração de poços, fora gastos com 
métodos indiretos de avaliação do subsolo, pagamentos pelos direitos 
exploratórios etc. Esses custos são ainda mais elevados para exploração 
em condições adversascomo em locais inóspitos, águas profundas ou gelo. 
(WATT, 2014, p. 38). 
 
Veldman e Lagers (1997) apontam que: “O início da era do petróleo como 
exploração sustentada ficou marcada em 1859, EUA, com a descoberta do Coronel. 
Drake, de um poço de 21m de profundidade que produziu 2m cúbicos/dia de óleo”. 
 
Observa-se então, que a produção de petróleo é a atividade de efetivo 
aproveitamento econômico de tais acumulações através de sua efetiva 
extração para posterior comercialização. Apesar de complexa e ainda mais 
intensiva em capital, constitui-se no segmento mais lucrativo da atividade, 
pois o preço do petróleo, ao contrário de outros produtos, não é uma 
simples função do seu custo de produção acrescido de uma margem de 
lucro, pois reflete sua relativa escassez e sua natureza estratégica para a 
segurança energética das nações. (WATT, 2014, p. 38). 
 
 De acordo com o mesmo autor, deste modo, o incentivo para que estados e 
companhias transnacionais invistam recursos e esforços cada vez maiores na 
exploração de petróleo precisa vir dos substanciais lucros que, em caso de sucesso, 
advirão da subsequente produção do petróleo. Assim, a exploração e a produção de 
petróleo são consideradas duas fases da mesma atividade econômica. 
 
Ao longo dos anos, o petróleo impôs-se tanto como fonte de energia quanto 
como fornecedor de matérias-primas industriais, obtidas por processamento 
petroquímico, cujos compostos são utilizados diariamente em forma de 
plásticos, borrachas sintéticas, tintas corantes, adesivos, solventes, 
detergentes, explosivos, produtos farmacêuticos, cosméticos, etc. 
(VELDMAN; LAGERS, 1997). 
 
 Nos tópicos a seguir, serão apresentados os principais modelos e regimes de 
exploração de petróleo utilizados no mundo, identificando suas características, 
execução e funcionamento. 
 
2.4.1 Regime Privado de Propriedade dos Recursos Naturais 
 
 Os recursos naturais podem ser conceituados como o grupo de instrumentos 
de ordem natural que caracterizam o meio ambiente. Em outras palavras, é tudo 
aquilo que não foi criado pelo homem (água, ar, solo, etc.). (FIORILLO, 2003). 
35 
 
 
 
Segundo a Lei n. 6.938/81 (Política Nacional do Meio Ambiente): “São 
recursos ambientais a atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, o 
mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora”. 
“Os direitos sobre os recursos naturais estão incluídos no feixe de direitos que 
compõem a propriedade do solo. Deste modo, o detentor da propriedade plena de 
um terreno possui também a propriedade do petróleo que vier a ser produzido ali”. 
(WATT, 2014, p. 38). 
 
Assim, foram se desenvolvendo contratos complexos em que os direitos 
sobre o petróleo poderiam ser alienados a terceiros, se desvinculando da 
propriedade do solo, tudo isso dentro da mais absoluta liberdade negocial. 
Com o desenvolvimento desse mercado surgiram cláusulas como a de 
reserva de royalties, segundo a qual o adquirente dos direitos minerários ou 
quem lhe sucedesse deveria pagar ao alienante original um valor bruto 
sobre a produção alcançada, usualmente de um oitavo. (WATT, 2014, p.38). 
 
 Segundo o mesmo autor, tal sistema foi, por um lado, responsável pelo 
exponencial desenvolvimento da moderna indústria do petróleo, que teve seu berço 
nos Estados Unidos. Entretanto, sua execução de forma irresponsável pode causar 
competição exacerbada entre produtores particulares para a produção máxima dos 
recursos naturais, gerando um excesso de perfuração e até mesmo o desperdício 
dos recursos pela produção predatória. 
Goodman (1992, p.40), observa que: 
 
Muitas pessoas consideram os direitos de propriedade uma restrição à 
liberdade porque os donos dos direitos podem impedir a utilização dos 
recursos, de que são beneficiários, por terceiros que podem utilizá-los 
“gratuitamente”. Na verdade, os direitos de propriedade ampliam a liberdade 
de ação dando às pessoas oportunidades que elas não teriam de outra 
forma. Os direitos de propriedade dão poderes aos proprietários para 
proteger e defender seus recursos. Mas os direitos de propriedade criam 
oportunidades para todos. Todos aqueles que não são proprietários são, na 
verdade, proprietários em potencial, e a existência de direitos de 
propriedade faz com que todas as outras pessoas sejam compradores em 
potencial desses direitos. 
 
 De acordo com Watt (2014, p. 38): “(...) o regime tem uma importante 
conotação histórica, porém devido à importância do petróleo para a economia 
mundial, não é cogitado por qualquer país que pretenda desenvolver sua indústria 
petrolífera”. 
“Em praticamente todos os países do mundo, o petróleo, o gás natural e os 
demais recursos minerais pertencem ao Estado”. (BERCOVICI, 2015). A tendência por 
36 
 
 
 
todo o planeta são regimes nos quais a propriedade dos recursos naturais no 
subsolo é do Estado, diferindo apenas quanto à forma de participação da iniciativa 
privada, quando existente. 
 
2.4.2 Regime de Concessão 
 
“Por esse regime, o Estado autoriza a uma entidade particular o direito de 
explorar petróleo em uma determinada área sob sua própria conta e risco, 
geralmente mediante o pagamento antecipado de um valor em dinheiro”. (WATT, 
2014, p. 38). 
 
A contratação via concessão na indústria do petróleo e gás é aquela em que 
o Estado, na qualidade de titular das jazidas petrolíferas e representado por 
uma agência reguladora, no caso, a Agência Nacional do Petróleo, Gás 
Natural e Biocombustíveis, concede a uma empresa (ou mais), nacional ou 
estrangeira, o direito de exercício da exploração e da lavra de petróleo, por 
sua conta e risco, sendo de sua propriedade o óleo e o gás extraídos da 
reserva, podendo a mesma dispor livremente dos referidos recursos 
minerais, desde que o faça com observância às regras do contrato. 
(CORIOLANO; OUTROS, 2013). 
 
Observa Watt (2014, p. 39), que: “Em caso de descoberta, o particular será 
recompensado pelo direito de produzir os recursos descobertos, que passarão a ser 
de sua propriedade!”. Ao longo da produção, existem os royalties, estabelecidos 
como pagamentos regulares ao Estado, os quais geralmente são definidos em 
valores fixos ou em um percentual do valor da produzido. 
 Segundo Springer (2011): “Mesmo reconhecendo a diversidade de arranjos 
institucionais entre os diferentes países, a característica comum entre os regimes de 
concessão é que o concessionário é o dono de todo o petróleo que produz”. 
 O regime de concessão foi o primeiro a ser adotado fora dos Estados Unidos, 
principalmente pelas companhias transnacionais de origem americana e inglesa em 
seus primeiros contratos monárquicos do Oriente Médio, como o Irã (1901), Arábia 
Saudita (1923), Iraque (1925), Barein (1925) e Kuwait (1934). (WATT, 2014). 
 “A diferença de titularidade entre os diferentes regimes leva à falsa impressão 
de que, na concessão, a empresa ganha mais, enquanto que na, partilha, é o Estado 
(e, consequentemente, a sociedade) quem sai ganhando”. (SPRINGER, 2011). 
 
37 
 
 
 
Na sua configuração mais tradicional, o regime de concessão envolvia 
características bastante favoráveis à livre-iniciativa privada, tais como: 
Extensas áreas, muitas vezes envolvendo grande parte do Estado 
concedente; Longos prazos de duração, como 40, 60 ou até 99 anos; 
Nenhuma participação do Estado na administração da atividade; Royalties 
pagos em valores fixos por volume de produção; Concessão de direitos 
exclusivos sobre todas as atividades da indústria do petróleo (exploração, 
produção, transporte, refino, comercialização etc); Manutenção das 
condições iniciais por toda a duração do contrato. (WATT, 2014, p. 39). 
 
 Segundo o mesmo autor, principalmente a partir dos anos 1960, ocorreu um 
movimento internacional de revisão dos acordos em vigor e de rejeição a novos 
contratos de concessão em sua forma tradicional, impulsionado pelo aumento da 
importância econômica e estratégicado petróleo para a economia de países 
produtores, aliado à ideologia nacionalista que se seguiu à independência de 
diversas ex-colônias europeias após a II Guerra Mundial. 
 Observa Springer (2011), que no caso da concessão, “(...) a empresa 
concessionária é, de fato, dona do petróleo”. Porém é obrigada a pagar diferentes 
participações governamentais. 
 
2.4.3 Regime de Exploração Monopolística Estatal 
 
Um dos modelos mais antigos na exploração de petróleo é caracterizado por 
um monopólio estratégico. Para Bastos e Martins (1990, p. 167) “(...) as jazidas 
petrolíferas compõem a dominialidade pública. São bens públicos que integram o 
patrimônio da União”. Como resposta à excessiva participação estrangeira na 
indústria do petróleo, muitos países buscaram exercer a exploração e produção de 
petróleo em seus territórios, elevando tal atividade a um monopólio estratégico 
nacional. 
De acordo com Wessels (2003, p. 318): “Os monopólios (e outros tipos de 
formadores de preço) existem em virtude das barreiras à entrada no mercado e das 
vantagens de custo”. 
A Constituição Federal, em seu artigo 20, inciso IX, observa que “São bens da 
União os recursos minerais, inclusive os do subsolo”. Já no artigo 176, que: 
 
As jazidas, em lavra ou não, e demais recursos minerais e os potenciais de 
energia hidráulica constituem propriedade distinta da do solo, para efeito de 
exploração ou aproveitamento, e pertencem à União, garantida ao 
concessionário a propriedade do produto da lavra. 
 
38 
 
 
 
Além disso, no artigo 177, inciso I, “Constituem monopólio da União a pesquisa e a 
lavra das jazidas de petróleo e gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos”. 
(BRASIL, 1988) 
Os monopólios são classificados em de dois tipos. Os naturais, considerados 
os que dependem da rede de distribuição dificilmente praticável de ser executada 
por várias empresas (oferta de água, energia, etc.). E os monopólios legais, que 
fornecem a uma só empresa o direito de explorar uma determinada atividade, 
criando uma total proteção da concorrência. Nessa situação, uma vez que a 
empresa não é forçada a competir, se torna difícil saber se a empresa é eficiente, 
abrindo espaço para o atraso tecnológico e a corrupção. (MARTINS, 2015). 
O mesmo autor observa que, no caso do Brasil: “O monopólio do petróleo foi 
um erro, resultante da aliança entre militares nacionalistas, intelectuais comunistas e 
políticos oportunistas, em uma mistura de fanatismo ideológico e ignorância 
econômica”. 
 
Devido ao caráter econômico dessa atividade, muitos deles optaram pela 
criação de companhias estatais de petróleo, as national oil companies em 
oposição às international oil companies que dominaram tais atividades até 
então. A estas companhias era outorgada, por lei ou até mesmo por 
disposição constitucional, a exclusividade das atividades de exploração e 
produção de petróleo no respectivo território nacional. (WATT, 2014, p. 40). 
 
 Segundo o mesmo autor: “No modelo puro de exploração monopolística 
através de empresas estatais, não há maiores indagações sobre as condições 
contratuais de divisão da renda petrolífera”. Em outras palavras, toda a receita que 
excede os custos operacionais e os investimentos acaba se transformando em lucro. 
Observa Watt (2014, p. 41): “Lucro que será direcionado ao tesouro nacional por ser 
o Estado seu único acionista”. 
 
2.4.4 Regime de Partilha da Produção 
 
 O regime de partilha de produção é um dos regimes mais utilizados no 
mundo. Segundo Watt (2014), o contrato de partilha de produção consiste numa 
modalidade de contrato entre o Estado e uma ou mais companhias de exploração e 
produção de petróleo, pelo qual o resultado da produção é compartilhado entre as 
partes segundo termos contratuais. 
39 
 
 
 
O mesmo autor observa que, esse tipo de contrato foi o primeiro introduzido 
na Indonésia no ano de 1966, com os seguintes princípios: Durante a assinatura do 
contrato, é acordado um percentual de divisão da produção entre Estado e 
Contratado, por exemplo, 65%/35%. É estabelecido também um limite de 
recuperação de custos, por exemplo, 40% da produção. 
No regime de partilha de produção, o Estado possui um papel mais marcante 
na execução das atividades de exploração e produção de petróleo, uma vez que o 
governo participa diretamente das operações, podendo ocorrer por meio de uma 
empresa estatal, ou da presença de membros do Estado no grupo responsável pelas 
decisões operacionais (LUCCHESI, 2011). 
 
Há no contrato de partilha uma cláusula referente a despesas qualificadas 
como pesquisa e desenvolvimento e inovação, onde as empresas de 
petróleo são obrigadas a destinar pelo menos 1% (um por cento) do valor 
bruto da produção anual, para atividades de pesquisa, desenvolvimento e 
inovação nas áreas relevantes para o setor de petróleo, gás natural e 
biocombustíveis. (ANP, 2013) 
 
O contratante se torna responsável por todos os custos e riscos, da mesma 
forma em que é o único operante da exploração, porém, não detém nenhum direito 
de indenização do Estado caso o campo não seja passível de comércio. Em outras 
palavras, os custos e riscos dessa exploração são assumidos pela parte contratante 
que em troca adquire uma partilha da produção resultante. (ABREU, 2010). 
 
Sob a ótica dos Estados, tal arranjo também se demonstrou vantajoso, não 
só por permitir a atração de investimentos de outro modo inviáveis, mas 
também por permitir um maior controle sobre suas reservas e lhes dar a 
posse direta de quantidades significativas de petróleo, muitas vezes 
utilizadas para vendas internas subsidiadas ou negociações de cunho 
geopolítico. (WATT, 2014, p. 42). 
 
 A parcela da produção que tem como responsabilidade o Estado é segurada 
e vendida ou armazenada pelo próprio Estado. Contudo, Abreu (2010) observa que: 
 
(...) o Estado poderá fazer o uso de uma empresa estatal para gerenciar a 
comercialização de seu petróleo ou até mesmo poderá se valer da 
contratação do próprio explorador do campo para administração e 
comercialização do petróleo pertencente ao Estado. 
 
Sendo assim, uma das principais razões de algumas nações trabalharem com 
o regime de partilha da produção, é buscar multinacionais do setor petrolífero com a 
40 
 
 
 
capacidade e tecnologia necessárias para investir capital na exploração das jazidas 
de petróleo do Estado anfitrião. 
 
2.4.5 Regime Associativo ou de Joint Ventures 
 
 Joint Venture é uma expressão originária da língua inglesa. O seu conceito 
baseia-se na união de duas ou mais companhias já existentes com o objetivo de 
executar uma atividade econômica comum, por um determinado período de tempo e 
buscando, dentre outras motivações, o lucro. (PACIEVITCH, 2010). 
 
Em suma, correspondem à maneira mais rápida de se adquirir 
competências, até mesmo com o concorrente, podendo alcançar um nível 
profissional que o deixe ainda mais fortalecido que o próprio concorrente ao 
final da parceria. Pois, normalmente, o que se quer com uma parceria é a 
corrida mais rápida ao aprendizado que ela pode oferecer. (CARVALHO, 
2003, p.35) 
 
 “São bastante comuns na indústria do petróleo, e podem ser divididas entre 
as modalidades não incorporadas, mediante contratos de consórcio, e modalidades 
incorporadas, quando são constituídas sociedades de proposito especifico”. (WATT, 
2014). 
Nesse ambiente, surgem as joint ventures como importantes estratégias 
comerciais com a capacidade de agregar e compartilhar diversas demandas, como 
tecnologia e capitais. Viri (2013) exemplifica essa parceria estratégica com o 
seguinte acordo: “A Petrobras firmou uma joint venture como BTG Pactual para 
explorar e produzir óleo e gás no continente africano. Cada uma das partes terá 
metade do negócio e o banco pagará US$ 1,525 bilhão por 50% da Petrobras Oil & 
Gás”. 
 
Na realidade, o regime de joint ventures nasceu na importação de tais 
conceitos de direito

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