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CONTROLADORIA AULA 3 Profª Edenise Aparecida dos Anjos 2 SISTEMA DE PLANEJAMENTO E EXECUÇÃO OPERACIONAL CONVERSA INICIAL Em aula anterior, estudamos o papel e a importância da controladoria estratégica na elaboração do planejamento estratégico. Nesta aula, vamos estudar os sistemas de planejamento e execução operacional, por meio da estrutura e análise de capital da empresa, reconhecendo a importância da controladoria na elaboração e execução de planos orçamentários. CONTEXTUALIZANDO O sistema de planejamento e execução operacional consiste na adequação dos recursos exigidos para executar as atividades operacionais e os investimentos da empresa. Nesse contexto, Hoji (2014) defende que é fundamental analisar, entre outras providências, a estrutura de capital da empresa, bem como sua capacidade de gerar resultados nas atividades operacionais e na obtenção de fontes de financiamentos dos ativos. Nesse entendimento, a empresa, sob o enfoque sistêmico, busca maximizar os recursos investidos. Isso posto, a controladoria assume um papel relevante nos processos decisórios, no planejamento estratégico e operacional. Veremos que, entre suas principais funções, está o planejamento e execução operacional. Bons estudos! TEMA 1 – ATUAÇÃO DA CONTROLADORIA NA DETERMINAÇÃO DA ESTRUTURA DO ATIVO A controladoria, em conjunto com a alta administração, atua no apoio à tomada de decisão, na formulação e implementação de estratégias, cabendo-lhe a tarefa de traduzir o plano estratégico em medidas operacionais e administrativas (Garrison; Noreen; Brewer, 2012). Sob esse enfoque, o processo de planejamento operacional caracteriza-se como um conjunto de decisões, traduzidas em diversos planos de ações menores, com a finalidade de estruturar os sistemas físico-operacional necessários, para que as unidades de negócio entrem em operação (Padoveze, 2012). 3 Portanto, o nível de lucro da empresa depende do sucesso que ela consegue alcançar com o uso de seus ativos. Desse modo, a lucratividade futura da empresa depende de dois fatores: primeiro, manter e ampliar a estrutura de ativos; e segundo, desenvolver uma estratégia de sucesso para essa estrutura (Figueiredo; Caggiano, 2017). Nesse contexto, o fator que mais afeta a lucratividade de uma empresa é a qualidade das decisões gerenciais, quanto ao nível de comprometimento dos recursos em novos investimentos. 1.1 Decisão de investimentos em ativos Para desenvolver atividades, as empresas necessitam de uma variedade infindável de ativos. Esses ativos são decorrentes da tomada de decisões de investimentos, quando as empresas adquirem ativos, com a expectativa de que resultem em benefícios econômicos futuros, ou seja, que sejam conversíveis em fluxos de caixa, tanto no curto como no longo prazo (Brealey; Myers; Allen, 2018). Nesse sentido, Padoveze (2012) reconhece os investimentos, analisando- os com o conceito de fluxos de caixa, quando a decisão deve ser tomada com base no valor do dinheiro no tempo, com retornos e riscos esperados. Portanto, as decisões de investimentos, também denominada investimentos de capital, determinam, além do rendimento, a combinação e o tipo de ativo constantes no balanço patrimonial. Sob esta ótica, as ativos são classificadas em ativos reais e ativos de financiamento. Os ativos reais, ou ativos fixos, são utilizados na produção de bens e serviços. São investimentos associados a atividades de longo prazo. São responsáveis pela criação da riqueza material, gerados pela capacidade produtiva da economia, e decorrentes da produção de bens ou serviços (Brealey; Myers; Allen, 2018). Por exemplo: os terrenos, os prédios, os equipamentos e os conhecimentos que podem ser utilizados para produzir bens e serviços. Por outro lado, os ativos financeiros são reinvindicações sobre os ativos reais ou a renda gerada por eles, e não contribuem diretamente para a capacidade produtiva. Por exemplo, ações, títulos de renda fixa, derivativos, entre outros (Brealey; Myers; Allen, 2018). Em síntese, enquanto os ativos reais geram renda líquida, os ativos financeiros definem a alocação de renda ou riqueza entre os investidores. 4 Assim, no balanço patrimonial, os investimentos são agrupados em duas classes, capital de giro e ativos fixos, conforme apresentado na Tabela 1. Tabela 1 – Estrutura de ativos ATIVOS R$ Em % Capital giro Estoques; Fornecedores; Clientes 119.000 47,41% Ativo Fixo Imóveis; Equipamentos; (-) depreciação 132.0000 52,59% TOTAL DO ATIVO 251.000 100% Investimentos em capital de giro: São investimentos de curto prazo. Representam a dinâmica do ciclo operacional da empresa, correspondendo aos ativos de funcionamento, representado por ativos circulantes menos passivos circulantes. Por exemplo: contas de estoques, clientes e fornecedores, na Tabela 1, correspondem a 47,41% dos ativos totais da empresa. Investimentos em ativo fixo: São associados a atividades de financiamento. Caracterizam-se como investimentos de longo prazo. Apresentam um forte grau de imutabilidade, ou fixidez, sendo representados por imóveis, equipamentos, utensílios, intangíveis (depreciação, amortização ou exaustão), No exempla da Tabela 1, representam 52,59% dos ativos totais da empresa. A tomada de decisão de investimento de capital, além da determinação da composição e estrutura do ativo, é importante para a definição das fontes de financiamento. Assim, na análise das possibilidades de investimentos e financiamentos, a empresa deve considerar os aspectos da lucratividade de longo prazo e o cálculo do total das saídas de caixa necessárias para efetivar o investimento e as taxas de retorno. Neste entendimento, Figueiredo e Caggiano (2017, p. 80) listam os tipos de investimentos mais comuns nas atividades empresariais: 1. Aquisição de ativos de longa duração, como imóveis ou maquinários; 2. Investimento em outros fundos, dos quais as receitas serão derivadas; 3. Um projeto especial, que afetará a capacidade futura de ganho da firma, com projetos de pesquisa ou uma campanha promocional; 4. Ampliação do leque de atividades da firma, que envolva saídas de capital, como uma nova linha de produção ou mesmo um novo produto; 5 5. Desenvolvimento de projetos de capacitação de pessoal de alto nível para as empresas prestadoras de serviço, como universidades, empresas de pesquisa, consultorias, alta tecnologia de gestão etc. Vejamos um exemplo proposto por Figueiredo e Caggiano (2017). A Cia. SP Ltda. tem a oportunidade de selecionar entre dois investimentos. Cada um deles trará um retorno anual de $ 500.000: O investimento “A” requer um total de investimento de caixa de $5.000.000. Assim, promete um nível de retorno de 10%. O investimento “B” requer um total de investimento de caixa de $50.000.000 e oferece um nível de retorno de 1% ao ano apenas. Nesse caso, verifique que, ao analisar o nível de retorno, a empresa deverá dar preferência ao investimento A, com taxa de retorno de 10%. Entretanto, se a firma tem um nível mínimo de retorno aceitável de 15%, nenhum dos projetos será aceitável. Ressalta-se, portanto, que independentemente do tipo de investimento, na análise de viabilidade devem ser considerados: as taxas internas de retorno (TIR), valor presente líquido (VPL) e os períodos e quantidade de fluxos de caixa, para análise da viabilidade do investimento. Na visão de Assaf e Lima (2016, p. 173) “o valor de um bem não deve estar vinculado à forma como ele é financiado”; o seu valor econômico depende da capacidade futura de geração de resultados operacionais esperados. Nesse entendimento, a determinação da estrutura do ativo nos leva a identificar a quantidade e a qualidade do investimento. Para Padoveze (2012, p. 148) a determinação da estrutura do ativo pode ser definida“como a decisão de investimento que é tomada na obtenção da combinação ideal de ativos em relação ao negócio proposto, objetivando a menor estrutura de capital.” Ou seja, busca-se o equilíbrio ideal entre ativos fixos e capital de giro do negócio ou empresa a ser constituída. Por fim, no processo de tomada de decisão de investimentos de capital, cabe à empresa tomar duas importantes decisões. Primeiro: que investimento deve fazer? Segundo, como deve financiar esse investimento? Ou seja, a tomada de decisão de investimentos é atrelada à tomada de decisão de financiamentos. 6 1.2 Modelo de decisão para definição da estrutura do ativo A elaboração do modelo de decisão, mensuração e informação ligados à determinação da estrutura de ativos e passivos de uma empresa é de responsabilidade da controladoria (Padoveze, 2018). Para definir a estrutura do ativo, é necessária antes a definição de uma série de outras variáveis, processo que se inicia pela definição do produto ou produtos a serem fornecidos dentro do negócio que vai ser explorado, considerando cadeia produtiva e tecnologias. Ou seja, é um Modelo de Decisão. De acordo com Padoveze (2012), um modelo de decisão para determinar a estrutura dos ativos, requer cinco etapas: 1. Etapa: Definição do negócio e missão da empresa: Um negócio é caracterizado por produtos similares que são oferecidos ao mercado consumidor. Por exemplo: Uma indústria de café é caracterizada por diversos produtos ofertados aos consumidores: torrado, em grãos, em pó, solúvel, a granel etc. 2. Etapa: Definição do(s) produto(s) ou serviço(s), mercado, volume e preço(s) de venda. 3. Etapa: Definição do segmento da cadeia produtiva e tecnologia do produto. 4. Etapa: Definição ou criação das tecnologias essenciais da empresa. 5. Etapa: Detalhamento e definição das variáveis básicas das tecnologias essenciais da empresa e eficiência de recursos. Em síntese, o modelo de decisão de investimento de capital, para a determinação da estrutura do ativo, contempla determinados elementos, como a estrutura de capital da empresa e suas referidas fontes de financiamento. Também orienta as decisões de investimentos e financiamentos, com vistas a propor uma estrutura ótima de capital. TEMA 2 – ATUAÇÃO DA CONTROLADORIA NA DETERMINAÇÃO DA ESTRUTURA DO PASSIVO No tema anterior, estudamos sobre a estrutura do ativo, que envolve principalmente atividades de investimentos. Agora, vamos aprender um pouco mais sobre como o passivo é estruturado, sob a perspectiva das decisões de 7 financiamento, com vistas a compreender como a estrutura de capital é composta. 2.1 Decisões de financiamento e estrutura do passivo As decisões de financiamentos decorrem naturalmente dos processos de investimentos. Ou seja, se a empresa vai investir, quais são as fontes de financiamentos? Assim define-se a estrutura do passivo, com a participação relativa aos diversos tipos de fontes de capital remuneradas que estão sendo utilizadas para financiar os investimentos do ativo da empresa. Essa estrutura também é chamada de estrutura de capital. Importante ressaltar que, na composição da estrutura do passivo, não são considerados os passivos circulantes ou de funcionamento, decorrentes das atividades do ciclo operacional (estoques, fornecedores e clientes, salários, impostos a recolher), pois elas fazem parte do que se denomina como capital de giro. Portanto, para a estrutura dos passivos, são considerados os passivos remunerados por juros, ou seja, os passivos de financiamento. Na determinação da estrutura do passivo, há maior grau de liberdade dos gestores para a determinação da dívida, com relação a prazos e taxas de juros. Padoveze (2012) considera-se como parâmetros norteadores da estrutura dos passivos: Grau de aversão ao risco: Indica como a empresa vê o risco financeiro que é evidenciado na sua estrutura de passivo. Por exemplo: quanto mais uma empresa utiliza fontes de capital de terceiros, menos aversão ao risco ela tem. Dilema liquidez versus rentabilidade: As fontes externas (capital de terceiros) são remuneradas por juros ou outro tipo de remuneração pagos aos fornecedores. Assim, entende-se que, quanto menores os custos das fontes de capital, mais lucro a empresa pode conseguir. Nesse contexto, se a empresa utiliza fontes externas muito intensamente, pode comprometer a liquidez e não vai obter a rentabilidade desejada. Mensuração do endividamento: Indica o grau de endividamento: quanto maior o grau, maior o risco financeiro da empresa. A estrutura de capital de uma empresa refere-se à composição de suas fontes de financiamento, oriundas de capitais de terceiros (exigível) e de capitais 8 próprios (patrimônio líquido), sendo fundamental para as decisões financeiras (Assaf Neto; Lima, 2014). 2.2 Custo de capital próprio e capital de terceiros A empresa, na busca de maximizar suas riquezas, deve selecionar uma composição das fontes de financiamento que apresente o menor custo médio possível. Desse modo, no estudo do custo de capital, é necessário inicialmente conhecer o custo de cada fonte de recursos (própria e de terceiros), e então mensurar-se a partir desses valores a taxa de retorno desejada para as decisões de investimentos (Assaf Neto; Lima, 2014). O capital de terceiros é definido como os passivos onerosos identificados nos empréstimos e financiamentos. O custo de capital de terceiros é a remuneração exigida pelos credores de dívidas da empresa. Já para sua mensuração, deve ser observada a relação capital de terceiros (dividas) e capital próprio (patrimônio líquido), que compõe a estrutura de capital da empresa (Assaf Neto; Lima, 2014). Assim, Ki (capital de terceiros), diante da dedutibilidade fiscal permitida aos encargos financeiros (juros, IOF, etc.), pode também ser apurado após a respectiva provisão para Imposto de Renda, reduzindo seu custo final. Veja a fórmula: Ki (após IR) = Ki (antes IR) × (1 – IR) Vejamos um exemplo adaptado de Assaf Neto e Lima (2014). Uma empresa considera a proposta de um novo financiamento, no qual serão utilizados recursos de capital de terceiros, no valor de $100.000,00, com uma taxa de juros simples de 12% ao ano. Considere, para o cálculo do custo do capital de terceiros, como 34% a alíquota de Imposto de Renda. Para o cálculo, considere: Custos do Capital (Juros) = $ 100.000,00 x 12%= $ 12.000,00 Imposto de renda = 12.000,00 x 34% =$ 4.080,00 Despesas financeira líquidas (12.000,00 – 4.080,00) =$ 7.920,00 Aplicando a fórmula: Ki = 12% × (1 – 0,34) = 7,92% a.a. 9 Logo, o custo do capital de terceiros do investimento após o IR corresponde a 7,92% ao ano. Veja-se uma redução dos juros de 12% para 7,92%, determinada pelo benefício fiscal promovido pelos encargos financeiros. Por outro lado, o capital próprio é representado pelos recursos próprios da empresa, disponibilizados por sócios, proprietários e/ou acionistas. Já o custo do capital próprio é o retorno mínimo que os acionistas exigem do capital investido na empresa. Equivale ao rendimento mínimo que a empresa deve obter para remunerar seus acionistas e manter o preço de mercado de suas ações (Assaf Neto; Lima, 2014). O cálculo do custo do capital próprio pode ser obtido por meio dos métodos de fluxos de caixa descontados o modelo de precificação dos ativos, CAPM (Capital Asset Pricing Model). O método mais utilizado é o modelo CAPM. que prevê, em sua fórmula, a taxa de retorno requerida pelo investidor, a taxa livre de risco da economia, mais um prêmio que remunere o risco sistemático apresentado pelo ativo em avaliação, e representado pelo coeficiente beta (Assaf Neto; Lima, 2014). Vejamos a fórmula: Ke = RF + β(RM – RF) Ke = taxa mínima de retorno requerida pelos acionistas: custo de capital próprio; RF = taxa de retorno de ativos livres de risco; β = coeficiente beta: medida do risco sistemático; RM = rentabilidade da carteira de mercado (índice do mercado de ações); (RM – RF) = prêmio pelo risco de mercado. Considere o exemplo. Uma empresa apresenta um beta de 1,2, refletindo um risco sistemático acima de todo o mercado, seus investidores devem exigir, admitindo um RF = 7% e RM = 16%, calcule o custo do capital próprio. Aplicando a fórmula: Ke = RF + β(RM – RF) Ke = 7% + 1,2 ×(16% – 7%) Ke = 7% + 10,8% Ke = 17,8% 10 Essa é a taxa de retorno que deve ser requerida, diante do nível de risco do ativo (ação) em avaliação, por seus investidores, constituindo o custo de capital próprio da empresa. Determinadas as fontes de capital, a empresa trabalha para identificar o custo médio ponderado das suas fontes de recursos, denominado Custo Total de Capital (WACC – Weighted Average Capital Cost). O custo total representa a taxa de atratividade da empresa, ou seja, o quanto a empresa deve exigir de retorno de seus investimentos visando maximizar seu valor de mercado. 𝑊𝐴𝐶𝐶 = ∑ 𝑊𝑖 𝑥 𝐾𝑖 𝑛 𝑖−1 WACC = custo médio ponderado de capital. Ki = custo específico de cada fonte de financiamento (capital próprio e capital de terceiros); Wi = participação relativa (proporção) de cada fonte de capital no financiamento total. Por exemplo, considere a estrutura de capital da tabela abaixo. Tabela 2 – Estrutura de capital Fonte de capital Montante Proporção de cada fonte Custo após o IR Remuneração exigida Ações 800.000,00 80% 22,5 % a.a. 180.000,00 Financiamentos 200.000,00 20% 16 % a.a. 32.000,00 Total 1.000.000,00 100% 212.000,00 Aplicando a fórmula, teremos: 𝑊𝐴𝐶𝐶 = ∑ 𝑊𝑖 𝑥 𝐾𝑖 𝑛 𝑖−1 WACC = (22,5% X 0,80) + (16% X 0,20) WACC = 18 + 3,2 WACC = 21,2% ao ano A remuneração mínima exigida do capital representa 21,2% do volume total de recursos colocados à disposição da empresa: 𝑊𝐴𝐶𝐶 = 212.000,00 1.000.000,00 = 21,2% 11 Nota-se que o desempenho operacional de uma empresa deve ser observado por meio de sua estrutura de capital e de sua capacidade de criar valor por meios das suas atividades de investimentos e financiamentos, analisando as taxas de atratividade do negócio e a remuneração adequada do capital investido. 2.3 Alavancagem financeira Quando uma empresa faz uso de recursos de terceiros em sua estrutura de capital, promete fazer uma série de pagamento de juros como remuneração do capital financiado. A tendência é de que seus lucros aumentem, e os credores recebam pagamentos regulares, de modo que todos os ganhos vão para os acionistas. No entanto, o inverso também pode ocorrer, como uma queda nos lucros. Nesse caso, os acionistas suportam a maior parte da carga. Se os tempos são suficientemente difíceis, uma organização que tenha se endividado muito talvez não seja capaz de pagar suas dívidas; ela então vai à falência, e os acionistas perdem a maior parte ou todo o seu investimento (Brealey; Myers; Allen, 2018). A alavancagem financeira parte do pressuposto de que os juros são custos fixos; portanto, permitem o fenômeno da alavancagem. De acordo com Padoveze (2012), o fato de os juros serem considerados como custos fixos permite duas possibilidades de alavancagem. A primeira decorre do fato de a obtenção de custos de financiamentos de capital de terceiros apresentar percentual inferior à rentabilidade oferecida pelos ativos; a segunda decorre da possibilidade de a empresa aumentar o nível das atividades de vendas e lucros operacionais, alavancando a rentabilidade dos acionistas, por manterem fixos os valores pagos ao capital de terceiros. A alavancagem é medida pelo Grau de Alavancagem Financeira (GAF): 𝐺𝐴𝐹 = 𝑅𝑂𝐸 − 𝑟𝑒𝑛𝑡𝑎𝑏𝑖𝑙𝑑𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑜 𝑃𝑎𝑡𝑟𝑖𝑚𝑜𝑛𝑖𝑜. 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 𝑅𝑂𝐴 − 𝑟𝑒𝑛𝑡𝑎𝑏𝑖𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑜 𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 Vejamos um exemplo de alavancagem financeira, adaptado de Assaf Neto e Lima (2012). Os acionistas de uma empresa decidem promover algumas simulações para financiar seu negócio, considerando a hipótese de 70% do 12 capital investido através de recursos de terceiros. A estrutura patrimonial simulada é apresentada da seguinte forma, Tabela 3 – Estrutura patrimonial ATIVO $ (EM MIL) PASSIVO $ (EM MIL) Ativo Circulante 20.000 Financiamentos 35.000 Ativo Imobilizados 30.000 Patrimônio Líquido 15.000 Total dos Ativos 50.000 Total do Passivo 50.000 O resultado operacional líquido (após as despesas financeiras) é apresentado como segue. Tabela 4 – Demonstração de resultados DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS $ Lucro Operacional gerados pelos Ativos 8.000 Despesas financeiras, considerando um custo de capital de terceiros Ki= 12% 4.200 Lucro após as despesas financeiras 3.800 Aplicando as fórmulas, temos: Calculando a rentabilidade dos ativos 𝑅𝑂A = 𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝑂𝑝𝑒𝑟𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙 𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑅𝑂A = 8.000 50.000 = 16% 𝑎. 𝑎. Calculando a rentabilidade do Capital próprio 𝑅𝑂𝐸 = 𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 𝑎𝑝ó𝑠 𝑎𝑠 𝑑𝑒𝑠𝑝𝑒𝑠𝑎𝑠 𝑓𝑖𝑛𝑎𝑛𝑐𝑒𝑖𝑟𝑎𝑠 𝑃𝑎𝑡𝑟𝑖𝑚ô𝑛𝑖𝑜 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 𝑅𝑂𝐸 = 3.800 15.000 = 25,33 𝑎. 𝑎. Calculando o grau de alavancagem financeira 𝐺𝐴𝐹 = 𝑅𝑂𝐸 𝑅𝑂𝐴 𝐺𝐴𝐹 = 25,33% 16% = 1,583 Nesse exemplo, observe que os ativos da empresa produzem um retorno de 16%, mas as acionistas estão ganhando 25,33%. Entende-se, nesse caso, que a empresa tem um alto grau de alavancagem financeira, pois se a empresa fosse financiada apenas por capital próprio, os acionistas seriam remunerados em 16%. Explicando de outra forma, para cada $1,00 de recursos de terceiros, os acionistas ganharam $1,583 pela taxa de aplicação, ou um incremento de 58,3% pela participação do capital de terceiros. 13 TEMA 3 – CICLOS OPERACIONAL, ECONÔMICO E FINANCEIRO Tendo entendido como funciona a estrutura de capital da empresa, nas atividades de investimentos e financiamentos, vamos estudar agora sobre a gestão operacional ou gestão do capital de giro das empresas. 3.1 Gestão operacional A gestão operacional, ou capital de giro, é considerada como uma atividade de extrema importância no contexto organizacional. A responsabilidade da controladoria na gestão operacional está no apoio aos gestores em busca da eficiência e eficácia da aplicação dos recursos operacionais em todos os seus aspectos (Padoveze, 2012). Tem como função apoiar, coordenar e monitorar o desempenho e os fluxos resultantes dessas atividades, constantes no modelo de decisão. Para entender como funcionam os ciclos da gestão operacional, vamos tomar como exemplo uma empresa fabril ou de transformação. Considere que, em suas atividades de funcionamento, compra insumos, produz ou transforma os insumos no processo produtivo; ao finalizá-los, faz a transferência para os estoques de produtos acabados, vende, e o processo se repete sucessivamente. No entanto, se essa empresa investir excessivamente em ativos, ela terá uma grande demanda de capital para financiá-los, o que pode acarretar impactos negativos para a gestão. Em contrapartida, se ela mantiver poucos recursos disponíveis em ativos, como por exemplo estoques reduzidos de insumos ou produtos acabados, poderá ver prejudicado o processo produtivo, e consequentemente ver prejudicadas as vendas. Ou seja, pode perder vendas por falta de insumos ou por falta de produtos, comprometendo entradas de caixa. Nesse contexto, a gestão do capital de giro constitui um processo de planejamento e controle dos recursos financeiros aplicados no ativo circulante das organizações (Borinelli; Pimentel, 2017). Assim, para estudar a gestão operacional ou do capital de giro, precisamos entender como funcionam as políticas e prazos médiosde compras, estocagem, vendas, recebimentos das vendas e pagamentos de fornecedores, por meio dos índices de gestão e prazos médio, para então estabelecer qual o ciclo operacional, econômico e financeiro de uma empresa. 14 3.2 Índices de gestão e prazos médios Os índices de gestão, também conhecidos como índices operacionais, medem a eficiência da organização em administrar seus ativos e passivos de curto prazo. “Esses indicadores mostram se o montante alocado de recursos em cada ativo (ou passivo) está razoável com os níveis de produção e vendas, bem como em relação aos prazos médios de pagamentos e recebimentos” (Borinelli; Pimentel, 2017, p. 433). Assim, para uma gestão adequada do capital de giro, as informações são extraídas das demonstrações contábeis, para estabelecer a partir desses os prazos médios de cada atividade. Prazo Médio de Renovação dos Estoques: O prazo médio de renovação dos estoques (PMRE) expressa a velocidade com que os estoques se renovam. É uma medida do número de dias que, em média, os produtos e mercadorias ficam em estoque até serem vendidos (Borinelli; Pimentel, 2017). Prazo Médio de Recebimento das Vendas: Deve-se utilizar, como valor de vendas realizadas, o montante de vendas brutas, descontando-se devoluções e abatimentos que, em algumas entidades, são montantes relevantes (Borinelli; Pimentel, 2017). Prazo Médio de Pagamento das Compras: O valor de compras de mercadorias ou materiais (inclui apenas as compras de mercadorias para estoques ou de materiais para transformação) não é evidenciado nos demonstrativos contábeis; assim, uma forma arbitrária seria calcular o valor de compras com base em custo das mercadorias vendidas ou custo dos produtos vendidos, nos estoques iniciais e finais (Borinelli; Pimentel, 2017). Nesse entendimento, os prazos médios indicam o tempo que uma empresa leva, em dias, para comprar, renovar, manter e vender seus estoques. Incluem os prazos médios concedidos aos clientes para recebimento das vendas a prazo e os prazos médios recebido dos fornecedores para pagamento das compras. O quadro abaixo apresenta as fórmulas e o modo que devem ser interpretados os índices. 15 Quadro 1 – Fórmulas de prazos médios ÍNDICE FÓRMULA INDICA INTERPRETAÇÃO Prazo Médio de Renovação dos Estoques 𝑃𝑀𝑅𝐸 𝐸𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒𝑠 𝑥 360 Custo das Vendas Quantos dias, em média, a entidade leva para vender os seus estoques. Quanto menor, melhor. Prazo Médio de Recebimento das Vendas 𝑃𝑀𝑅𝑉 = Clientes X 360 Vendas Realizadas Quantos dias, em média, a entidade espera para receber dos seus clientes. Quanto menor, melhor. Prazo Médio de Pagamento das Compras 𝑃𝑀𝑃𝐶 = 𝐹𝑜𝑟𝑛𝑒𝑐𝑒𝑑𝑜𝑟𝑒𝑠 𝑋 360 𝐶𝑜𝑚𝑝𝑟𝑎𝑠 Quantos dias, em média, a entidade leva para pagar seus fornecedores. Quanto maior, melhor. Fonte: Borinelli; Pimentel, 2017. * Vendas realizadas são as vendas brutas menos devoluções e abatimentos (pode-se utilizar venda bruta como proxy). ** Para facilitar cálculos, considerar custo das mercadorias vendidas como proxy para compras, ou utilizar: CMV = estoque inicial + compras – estoque final. Conhecendo os prazos médios operacionais, vamos agora estudar e mensurar os ciclos operacionais, econômicos e financeiros, para entender melhor a gestão e a necessidade do capital de giro das empresas. 3.3 Ciclo operacional, econômico e financeiro A gestão do capital de giro de uma empresa é de fundamental importância para a sua manutenção. Evidencia a capacidade de manter-se financeiramente ou a necessidade de investimentos de curto prazo. Pode ser expressa em três importante ciclos: Ciclo operacional: Corresponde a todas as ações necessárias e exercidas para o desempenho de cada atividade. É o processo de gestão de cada atividade, e inclui planejamento, execução e controle (Padoveze, 2012). Ciclo econômico: evidencia os eventos econômicos no momento em que eles acontecem, bem como a sua mensuração econômica. Corresponde fundamentalmente a toda base de produção da empresa, ou seja, estocagem de matéria-prima, fabricação e venda. É o período verificado entre as entradas de insumos adquiridos e a venda do produto final (Assaf Neto; Lima, 2014). Ciclo financeiro: Corresponde ao processo de efetivação financeira de cada evento econômico em termos de fluxo de caixa, compreende os prazos de pagamentos e recebimentos (Padoveze, 2012). 16 Figura 1 – Gestão do Capital de giro Nesses termos, na mensuração contábil, as informações são extraídas dos demonstrativos, para composição dos indicadores, considerando o inter- relacionamento com os índices de gestão. As fórmulas e o modo de interpretação são apresentados no quadro 2. Quadro 2 – Fórmulas de ciclo operacional e financeiro Índice Fórmula Indica Interpretação Ciclo Operacional CO= PMRE + PMRV Quantos dias, em média, a entidade leva para vender seu estoque e receber de seus clientes. Quanto menor, melhor. Ciclo Financeiro CF= CO - PMPC Quantos dias, em média, a entidade precisa para arrumar financiamento para suas operações. Quanto menor, melhor. Fonte: Borinelli; Pimentel, 2017. Vamos a um exemplo adaptado de Borinelli e Pimental (2017). Determinada empresa apresentou os seguintes prazos médios em dias em X6 e X7. Leva-se em conta que em X5 não ocorreram transações a movimentar as contas de resultado. Assim, para o cálculo, considera-se: Do custo das vendas considerou-se o valor total do custo dos serviços prestados e das mercadorias vendidas; Das vendas realizadas considerou-se o valor das receitas brutas, uma vez que não ocorreram devoluções ou abatimentos; Das compras considerou-se a fórmula: custo das mercadorias vendidas e dos serviços prestados = estoque inicial + compras – estoque final. Os índices são apresentados foram os seguintes. Tabela 5 – Índices ÍNDICE 31-12-X6 31-12-X7 Prazo Médio de Renovação dos Estoques (PMRE) 28 24 17 Prazo Médio de Recebimento das Vendas (PMRV) 68 96 Prazo Médio de Pagamento das Compras (PMPC) 0 63 Ciclo Operacional (CO) 96 120 Ciclo de Caixa (CC) ou Ciclo Financeiro (CF) 96 57 Na análise da gestão operacional dessa empresa, pode-se observar que a empresa tem um ciclo operacional de 96 dias em X6, e de 120 dias em X7, ou seja, o período de giro dos estoques é baixo (porém a margem de lucratividade é alta). Como a empresa não utilizou financiamento com fornecedores em X6 (PMPC=0), o ciclo de caixa é exatamente o mesmo que o ciclo operacional. Porém, em X7, mesmo tendo aumentado de 68 para 96 dias, o prazo médio de recebimento dos clientes conseguiu reduzir o ciclo financeiro de 96 para 57 dias, uma vez que se utilizou de financiamento de fornecedores, conseguindo, em média, 63 dias para pagar suas contas. Em síntese, a gestão operacional do capital de giro da empresa corresponde ao ativo circulante da empresa, representando o valor total dos recursos demandados pela empresa para financiar seu ciclo operacional, que engloba, por exemplo, para uma empresa industrial, as necessidades circulantes identificadas desde a aquisição de matérias-primas até ́a venda e o recebimento dos produtos elaborados. Desse modo, destaca-se a importância de controles e estratégias organizacionais que possibilitem aos gestores observar e ajustar a manutenção dos objetivos de curto prazo da empresa, como políticas e prazos para a manutenção dos fluxos de caixa decorrentes das atividades normais da empresa, principalmente com referência ao giro dos ativos. TEMA 4 – ANÁLISE DE INVESTIMENTOS DE CAPITAL Caro aluno, já estudamos como as empresas compõem sua estrutura de capital, por meio das atividades de investimentos, de curto prazo (capital de giro) e de longo prazo (ativo fixo) e suas referidas fontes de financiamentos,capital próprio e capital de terceiros. Agora vamos estudar como esses investimentos são analisados nas organizações e quais são os métodos que se utilizam para avaliar as diferentes possibilidades de investimentos. 18 Periodicamente, as empresas precisam destinar parte de seus recursos para os investimentos de capital. São decisões estratégicas; é necessário sacrificar o bem-estar do presente para tornar a empresa mais competitiva no futuro, com comprometimento de capital, para fazer investimentos de modo durável, visando manter ou melhorar a sua situação econômica e financeira (Oliveira; Perez; Silva, 2015) De acordo com Oliveira, Perez e Silva (2015), isso acontece devido à necessidade de as empresas expandirem seus negócios, conquistar novos mercados e inovar. Portanto, as empresas precisam administrar os recursos disponíveis para acompanhar os novos desafios mercadológicos, com vistas à maximização dos lucros, e gerar novas oportunidades de sobrevivência e crescimento. Nesse contexto, o planejamento e o controle são instrumentos vitais para a manutenção dos negócios, destacando-se assim para análise de investimento de capital (o orçamento de capital). 4.1 Orçamentos de capital Os investimentos de capital são expressos habitualmente no Orçamento de Capital, apresentado no plano orçamentário da empresa, que normalmente está sob a responsabilidade da controladoria. Esse instrumento de controle operacional permite à empresa avaliar e comparar os resultados planejados com os realizados. Além da função de controle, permite a correção dos planos, estratégico e operacional, objetivando o alcance das metas pré-estabelecidas no planejamento geral. O orçamento de capital é o processo de planejar investimentos significativos em projetos que têm implicações de longo prazo, como a compra de novos equipamentos ou a introdução de um novo produto. São decisões típicas de orçamento de capital (Garrison; Noreen; Brewer, 2012 p. 599): Decisões de redução de custos. Novos equipamentos devem ser comprados para reduzir custos? Decisões de expansão. Uma nova fábrica, um novo armazém ou outras instalações devem ser adquiridos para aumentar a capacidade e as vendas? 19 Decisões de seleção de equipamentos. Quais das várias máquinas disponíveis devem ser compradas? Decisões de alugar ou comprar. Novos equipamentos devem ser alugados ou comprados? Decisões de substituição de equipamentos. Equipamentos antigos devem ser substituídos agora ou mais tarde? As decisões de investimento de capital são classificadas em duas categorias: decisões de seleção e decisões de preferência. As decisões de preferência são relacionadas a uma escolha dentre várias alternativas aceitáveis, ao passo que as decisões de seleção estão relacionadas à aceitação ou não de um projeto mediante análise das taxas de retorno exigidas e do fluxo de caixa descontado. Por exemplo, se o custo médio do capital for de 20%, essa passa a ser a taxa de retorno mínima exigida para a aprovação do projeto. Na sequência, vamos estudar os métodos para análise de investimentos de capital. 4.2 Métodos para análise de investimentos Os métodos para análise econômica de investimentos podem ser classificados em dois grandes grupos: os que não levam em conta o valor do dinheiro no tempo; os que consideram essa variação por meio do critério de fluxo de caixa descontado. Em razão do maior rigor conceitual e da importância para as decisões de longo prazo, dá-se atenção preferencial para os métodos que compõem o segundo grupo: taxa interna de retorno (IRR) e valor presente líquido (VPL). (Assaf Neto; Lima, 2014). Quando tratamos do valor do dinheiro no tempo, considera-se que investimentos de capital, na maior parte das vezes, geram retornos que se estendem por períodos de tempo razoavelmente longos. Como consequência, é importante reconhecer o valor do dinheiro no tempo ao avaliar propostas de investimento (Garrison; Noreen; Brewer, 2012). As técnicas de orçamento de capital que reconhecem o valor do dinheiro no tempo envolvem descontar fluxos de caixa, pelo cálculo do Valor Presente Líquido. O Valor Presente Líquido significa descontar o valor dos fluxos futuros a uma determinada taxa de juros, de tal forma que esse fluxo futuro apresente-se 20 a valores de hoje ou ao valor atual (Padoveze, 2018). Considera em sua formulação: 𝑽𝑷𝑳 = 𝑭𝑪𝒕 (𝟏+𝒊)𝒕 − 𝑭𝑪𝒐 FCt= fluxo (benefício) de caixa de cada período i = taxa de desconto do projeto, representada pela rentabilidade mínima requerida t = tempo FC0= Investimento Inicial Ou seja, o valor atual dos fluxos futuros, confrontado com o valor atual do investimento a ser feito, indica a decisão a ser tomada. Quadro 3 – Decisão Se o valor presente líquido é Então o projeto é Positivo Aceitável, porque seu retorno é maior do que a taxa de retorno exigida Zero Aceitável, porque seu retorno é igual à taxa de retorno exigida. Negativo Não aceitável, porque seu retorno é menor do que a taxa de retorno exigida. Tabela 6 – Exemplo Investimento a ser feito (Ano 0 ou T0) $ 1.000.000 Rentabilidade mínima exigida (taxa de juros) 12% Fluxo futuro de benefícios Ano 1 (T1) $ 500.000 Ano 2 (T2) $ 500.000 Ano 3 (T3) $ 500.000 Total $ 1.500.000 Fonte: Padoveze, 2018. Considere para o Cálculo do valor presente líquido – VPL a Tabela 7. 21 Tabela 7 – Cálculo do VPL Fluxo Futuro ($) Taxa de desconto Valor atual do fluxo de caixa ($) A B C = (A/B) Ano 1 500.000 *1,12 446.429 Ano 2 500.000 1,2544 398.597 Ano 3 500.000 1,404928 355.890 Total 1.500.000 1.200,916 Taxa de desconto: ∗ 𝑓ó𝑟𝑚𝑢𝑙𝑎 𝑑𝑎 𝑡𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑑𝑒𝑠𝑐𝑜𝑛𝑡𝑜 = (1 + 𝑖)𝑛 𝑡𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑑𝑒𝑠𝑐𝑜𝑛𝑡𝑜 = 𝑖 𝑃𝑒𝑟í𝑜𝑑𝑜 (𝑎𝑛𝑜𝑠) = 𝑛 𝑡𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑑𝑒𝑠𝑐𝑜𝑛𝑡𝑜 𝑖 = (1 + 0,12) = 1,12 Período (anos) Fórmula Usando calculadora simples Taxa de desconto Ano 1 (1 + 0,12)1 1,12 1,12 Ano 2 (1 + 0,12)2 (1,12 x 1,12) 1,2544 Ano 3 (1 + 0,12)3 (1,12 x 1,12 x 1,12) 1,404928 Fonte: Padoveze, 2018. Assim, temos: VPL = Valor atual dos fluxos de caixa – Investimento inicial VPL = $ 1.200.916 – $1.000.000 VPL = $ 200.916. Logo, o investimento deverá ser aceito, uma vez que a soma do valor atual dos fluxos dos próximos três anos, descontados à taxa de 12% a.a., é de R$ 1.200.916,00, superior ao valor de R$ 1.000.000,00 a ser investido. A Taxa Interna de Retorno – TIR representa a taxa de desconto que iguala, em determinado momento (geralmente usa-se a data de início do investimento – momento zero), as entradas com as saídas previstas de caixa. Nesse modelo, em vez de se buscar o VPL do fluxo futuro, busca-se a taxa de juros que iguala o total dos fluxos futuros, descontado o valor do investimento inicial (Padoveze, 2018). A fórmula é a seguinte: 𝐼 (0) = 1 (1 + 𝑖) + 2 (1 + 𝑖) + ⋯ + 𝑛 (1 + 𝑖) I (0) = Investimento inicial no período 0 FF = Fluxos futuros dos períodos 1 a n i = taxa de juros que iguala a equação FF (n) FF (2) FF (1) 22 Usando o mesmo exemplo do VPL, teremos como resultado a tabela abaixo. Tabela 8 – Resultada da TIR - Excel A B 1 Taxa Interna de Retorno 2 Investimento a ser feito (Ano 0 ou T0) – $ (1.000.000) 3 Fluxo futuro de benefícios 4 Ano 1 (T1) 500.000 5 Ano 2 (T2) 500.000 6 Ano 3 (T3) 500.000 7 Total 1.500.000 8 TIR = (B2:B6) 23,3752% Fonte: Padoveze, 2018. Para o cálculo da TIR, utilizou-se a planilha do Excel. O Excel exige que o investimento inicial esteja com sinal negativo. Esse valor está́ na célula B2, enquanto os três fluxos futuros estão nas células B4, B5 e B6. A fórmula exigida pelo Excel para calcular a TIR com essas células é = TIR (B2:B6). O resultado é imediato, 23%; aumentando casas decimaispara até quatro casas tem se: 23,7352%, que é a taxa anual. Utilizando essa taxa para descontar os fluxos futuros, aplicados no modelo de VPL, temos que o valor atual dos fluxos futuros, descontados 23,752% ao ano, é de R$ 1.000.000,00, comprovando a TIR. Tabela 9 – Valor Presente Líquido dos fluxos futuros com taxa de 23,3752% Fluxo Futuro Taxa de desconto Valor atual do fluxo de caixa A B C= (A/B) Ano 1 500.000 1,233752 405.268 Ano 2 500.000 1,5221438 328.484 Ano 3 500.000 1,8779479 266.248 TOTAL 1.500.000 1.000.000 Taxa de desconto: 𝑓ó𝑟𝑚𝑢𝑙𝑎 𝑑𝑎 𝑡𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑑𝑒𝑠𝑐𝑜𝑛𝑡𝑜 = (1 + 𝑖)𝑛 𝑡𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑑𝑒𝑠𝑐𝑜𝑛𝑡𝑜 = 𝑖 𝑃𝑒𝑟í𝑜𝑑𝑜 (𝑎𝑛𝑜𝑠) = 𝑛 𝑡𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑑𝑒𝑠𝑐𝑜𝑛𝑡𝑜 𝑖 = (1 + 0,23372) = 1,233752 Período (anos) Fórmula Usando calculadora simples Taxa de desconto Ano 1 (1 + 0,233752)1 1,233752 1,233752 Ano 2 (1 + 0,233752)2 (1,233752 x 1,233752) 1,522143998 Ano 3 (1 + 0,233752)3 (1,233752 x 1,233752 x 1,233752) 1,877948201 Fonte: Elaborado com base em Padoveze, 2018. 23 Para avaliação de propostas de investimento, o cálculo TIR requer, basicamente, o conhecimento dos montantes de dispêndio de capital (ou dispêndios, se o investimento prevê mais de um desembolso de caixa) e dos fluxos de caixa líquidos incrementais gerados pela decisão. Já os períodos de payback consistem na determinação do tempo necessário para que o investimento inicial seja recuperado pelas entradas de caixa promovidas pelo investimento. Indica às empresas que aceitam projetos de alto risco quando podem recuperar seu investimento. Além disso, informa àquelas com recursos limitados com que rapidez os fundos investidos em dado projeto estarão disponíveis para projetos futuros. É uma informação complementar ao processo decisório e eventualmente significativa quando, além do retorno do investimento, o tempo de recuperação é importante (Padoveze, 2018). Vamos manter o mesmo exemplo para aplicação do payback, conforme expresso na tabela. Tabela 10 – Cálculo do payback Fluxo Futuro ($) Taxa de desconto Valor atual do fluxo de caixa ($) Investimento inicial $ 1.000.000 A B C = (A/B) Saldo a recuperar Ano 1 500.000 1,12 446.429 553.571 Ano 2 500.000 1,2544 398.597 154.974 Ano 3 500.000 1,404928 355.890 - Total 1.500.000 1.200.916 - Ao analisar a tabela, verificamos no ano 1 o saldo do investimento de R$ 1.000.000,00 – R$ 446.429; teremos um saldo a recuperar no ano 2 de R$ 553.571, descontando 398.597 do valor presente atual; o saldo de R$ 154.974,00 será liquidado só no ano 3. O saldo de R$ 154.974,00 equivale a 43,55% do fluxo do terceiro ano, que representa 5,2 meses (R$ 154.974,00/355.890 × 12 meses = 5,2 meses). Somando esse período aos dois primeiros anos, (2 anos + 5,2 meses) teremos um payback de 2 anos e 5,2 meses. Logo, considerando a taxa de 12% a.a., o payback médio é de 2,43 anos Em síntese, as decisões de capital levam em conta o custo do capital com suas referidas taxas de juros. Entende-se que essas decisões devem ser baseadas nos modelos decisórios para avaliação de investimentos, e concomitantemente financiamentos. Logo, as decisões de investimentos de 24 capital devem estar previstas nos planos estratégicos, desdobrados nos planos operacionais, mais especificamente no plano de orçamento de capital, investimento e financiamento do planejamento operacional. TEMA 5 – CONTROLE ORÇAMENTÁRIO E FINANCEIRO A controladoria utiliza-se de diversas ferramentas desenvolvidas pela contabilidade gerencial, para o pleno êxito em sua missão de colaborar efetivamente na gestão das organizações. Nesse contexto, o orçamento apresenta-se como ferramenta de controle e gestão operacional. A implantação de um processo de controle orçamentário e financeiro facilita sobremaneira a administração empresarial. Desse modo, o controller precisa dominar, além das funções tradicionais inerentes da sua função, conhecimentos teóricos e práticos dos conceitos e metodologias utilizados na montagem, implantação e posterior acompanhamento do sistema orçamentário. (Oliveira; Perez; Silva, 2015). 5.1 Plano orçamentário Orçar significa processar todos os dados constantes do sistema de informação contábil de hoje, introduzindo os dados previstos para o próximo exercício, considerando as alterações já definidas para o próximo exercício Padoveze (2012). Segundo Oliveira, Perez e Silva (2015), o orçamento empresarial pode ser definido como sendo a quantificação do planejamento estratégico da empesa. É a tradução quantitativa das metas de receitas, ganhos, despesas e perdas, bem como os fluxos futuros de caixa e patrimônio da empresa. A elaboração de orçamentos envolve muito tempo e esforço; os resultados do processo orçamentário devem ser úteis para orientar a condução das operações reais e fazer parte do processo de avaliação de desempenho (Garrison; Noreen; Brewer, 2012). As dotações orçamentárias são previstas no planejamento estratégico da empresa, sendo criadas no início do período orçamentário, que é válido somente para o nível de atividade planejado. Assim, um plano orçamentário: É uma ferramenta para controle e planejamento de curto prazo nas empresas; 25 Abrange pelo menos um exercício social, um ano, e determina as receitas e despesas planejadas para aquele ano. A preparação de um orçamento operacional, conforme Padoveze (2012), tem quatro objetivos principais: 1. Ajustar o planejamento estratégico; 2. Ajudar a coordenar as diversas partes da organização; 3. Designar responsabilidade aos gerentes, autorizar as quantias permitidas para gastar, e informá-los do desempenho que esperado deles; 4. Obter comprometimento, que é a base para avaliar o desempenho atual de um gerente. 5.2 Organização e processo de elaboração O sistema orçamentário compreende um conjunto de pessoas, tecnologias administrativas, sistemas de informação, recursos materiais disponibilizados e administração do sistema para execução dos planos orçamentários. Na organização do processo orçamentário, o comitê orçamentário, formado por gestores da alta cúpula administrativa, é responsável pela aprovação do plano anual, pela definição das premissas e pelas regras que norteiam o processo e execução do plano, além do modelo do processo orçamentário (Padoveze, 2012). A elaboração, organização e execução do planejamento orçamentário é considerada, na maioria das organizações, como uma das principais atribuições do controller, responsável por: Estruturar e monitorar o sistema de informação contábil; Definir as tecnologias de informação; Definir os sistemas de apoio para execução de cálculos e lançamentos orçamentários; Preparar e emitir relatórios para acompanhamento e controle; Estabelecer um cronograma para execução do orçamento em todas as suas fases; Acompanhar o processo de elaboração previsão, re-projeção e controle. O período e o processo de elaboração do orçamento dependem de cada empresa, do seu tamanho, da sua estrutura organizacional, se é empresa única, 26 ou se é um grupo corporativo nacional, grupo corporativo multinacional etc. Normalmente, as empresas começam a elaborar seus orçamentos nos meses de julho e agosto do ano anterior ao exercício a ser orçado (Padoveze, 2012). No entanto, não se trata de uma regra geral, pois o tipo de atividade, porte e/ou sazonalidade. Por exemplo, podem influenciar o período em que a empresa começa a planejar. Desse modo, algumas empresas podem elaborar mais de um orçamento para determinado exercício, como é o caso das indústrias têxtil, que elaboram um plano orçamentário para a moda verão e outro para a moda inverno. 5.3 Antecedentes à montagem do orçamento A elaboração do orçamento segue a sequência do planejamento estratégico, que permite focar num horizontemenor de um exercício social, nas ações mais importantes. Assim, os antecedentes à montagem do orçamento são: Diretrizes: Correspondem ao briefing (instrução ou informação essencial) da alta administração, direcionando as ações para os vários segmentos; Cenários: O cenário deve abranger, dentre outros elementos, os aspectos ambientais externos que possam afetar o negócio da organização, como o cenário político, econômico, mercadológico (clientes, fornecedores, concorrência, etc.), entre outros. A técnica da construção dos cenários procura traduzir as variáveis macroeconômicas com pelo menos três cenários prováveis para simulação do orçamento: otimista, moderado e pessimista. Premissas (ou pressupostos): São definidas antes do processo de planejamento a ser iniciado, e resultam de decisões da alta cúpula administrativa. Levam em consideração dados históricos e perspectivas futuras. Podem ser classificadas em operacionais (como programas de produção e vendas, números de funcionários) de estruturação (como moeda, taxas de câmbio) e econômico-financeiras (como inflação, juros, variação cambial e variação dos preços de insumos, mão de obra). Pré-Planejamento: Consiste em um exercício que permite antever as principais tendências esperadas. Fundamenta-se na projeção dos demonstrativos contábeis, para análise de provável desempenho. 27 Um orçamento deve ser elaborado levando-se em conta a seguinte sequência de etapas: Lição de casa preparatória para o orçamento: princípios gerais de planejamento, diretrizes dos cenários, premissas e pré-planejamento; Plano de marketing; Plano de suprimentos, produção e estocagem (PSPE); Plano de investimentos nos ativos de longo prazo; Plano de recursos humanos; Plano financeiro. Nesse entendimento, o orçamento é uma extensão do planejamento estratégico; ou seja, compõe os planos de ação das empresas com vistas à cumprir os objetivos e metas organizacionais. 5.4 Estrutura do plano orçamentário O plano orçamentário contempla três grandes segmentos: (1) O orçamento operacional; (2) O orçamento de investimentos e financiamentos; e (3) A projeção dos demonstrativos contábeis (Padoveze, 2012). É o planejamento que contém mais peças orçamentárias, pois engloba todos os orçamentos específicos da estrutura hierárquica da empresa, como áreas administrativa, comercial e de produção. O orçamento operacional compreende peças orçamentárias: orçamento de vendas (marketing); orçamento de produção; orçamento de compras de materiais e estoques; e orçamento de despesas departamentais. O orçamento de vendas é ponto chave do orçamento operacional, pois corresponde ao ponto de partida de todo o processo de elaboração das peças orçamentárias. Na maioria das empresas, é fator limitante (Padoveze, 2012). Compreende as etapas de: Previsão de vendas em quantidade para cada produto; Previsão dos preços para os produtos e seus mercados; Identificação dos impostos sobre vendas; Orçamento de vendas em moeda corrente do país Projeção do saldo final de contas a receber. 28 Vejamos agora exemplos para a elaboração do orçamento anual. Todas as tabelas a seguir levam em consideração um ano de 360 dias para cálculos dos prazos médios. Tabela 11 – Exemplo de orçamento de vendas PRODUTO A Quantidade vendidas 6.000 Preço de venda unitário $ 21,00 Receita Líquida de Vendas (6.000 unidades x $ 21,00) = 126.000,00 Imposto sobre vendas 18% Imposto sobre vendas (126.000 x18%) = 22.680,00 Receita bruta de vendas (126.000,00 + 22.680) = 148.680,00 Prazo médio de recebimento de vendas 28 dias Saldo da conta Clientes (Receita Bruta/360dias X28 dias) $ 148.680 360 𝑑𝑖𝑎𝑠 𝑥28 𝑑𝑖𝑎𝑠 = *11.564,00 *Calculando o saldo final da conta clientes: fórmula: (Receita Bruta/360X28 dias) Fonte: Elaborado com base em Padoveze, 2012. O orçamento de produção decorre dos dados projetados no orçamento de vendas. Considera, além da demanda produtiva para atender a vendas, a política de estoques da empresa, estoques iniciais de produtos acabados, e o orçamento de produção em unidades. Na Tabela 12, entende-se por exemplo que, para vender 6.000 unidades, a empresa deve considerar que já tem em estoques 1.000 unidades de produtos acabados, e espera deixar como estoque final do mês e inicial do próximo mês um estoque de mínimo 583 unidades (informação obtida pelos prazos médios de giro do estoque, obtido da seguinte forma: 6000 unidades x 360 dias do anos x 35 dias). Assim, para atender a essa demanda, a empresa precisa produzir 5.583 unidades nesse período. Tabela 12 – Exemplo de orçamento de produção PRODUÇÃO (em unidades) Dados Produto A Vendas Orçadas Tabela 6 Unid. 6.000 Estoque Inicial – Produtos acabados Saldo do início do exercício - Balanço Unid. 1.000 Estoque Final - Produtos acabados Prazo médio de estocagem em dias do produto Dias 35 Estoque Final – Produtos acabados Saldo final desejado para início do próximo período 𝐸𝐹𝑃𝐴 = 6.000 360 𝑥 35 Unid. 583 29 Produção Orçada em unidades (6.000 – 1.000 + 583) = Unid. 5.583 Fórmula: 𝐸𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒 𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 𝑜𝑟ç𝑎𝑑𝑜 = 𝑣𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠 𝑜𝑟ç𝑎𝑑𝑜𝑠 360 𝑑𝑖𝑎𝑠 𝑥 𝑃𝑟𝑎𝑧𝑜 𝑚é𝑑𝑖𝑜 𝑑𝑒 𝑒𝑠𝑡𝑜𝑐𝑎𝑔𝑒𝑚 𝑒𝑚 𝑑𝑖𝑎𝑠 𝐸𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒 𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 𝑜𝑟ç𝑎𝑑𝑜 = 6.000 360 𝑥 35 = 583, 33 𝑜𝑢 583 𝑢𝑛𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑠 Fonte: Elaborado com base em Padoveze, 2012. Na sequência, temos o orçamento de compras e estoques de materiais. Tendo elaborado o orçamento de produção em unidades, podemos elaborar o orçamento de compras e estoques de materiais. Essa peça orçamentária demanda conhecimento da estrutura dos produtos, como tipos de materiais e componentes que serão utilizados para produzir cada unidade de produto acabado, e também as alíquotas de impostos. Essa peça orçamentaria comporta, conforme apresentado na Tabela 13, orçamento de estrutura do produto, consumo de materiais, compra de materiais, orçamento de impostos e o saldo da conta de fornecedores a pagar. Tabela 13 – Orçamento de estoques e consumo de materiais Ano/Mês 1 Produto A A. Orçamento de Estrutura do Produto Custo dos Materiais por Produto – Atual $10,00 Estima de Aumento de Custo (anual) 5% Orçamento de Custo dos Materiais Orçado por unidade. ($ 10,00 + ($ 10,00 x 5%) $ 10,50 B. Consumo de Materiais Quantidade de Produção Orçada Unidades 5.583 Custo de Materiais Orçado $ 10,50 Consumo de Materiais Orçado (5.583 *10,50) = $ 58. 621,50 C. Estoque Final de Materiais Prazo Médio de Estocagem de Materiais Dias 30 Estoque Inicial – Real Estoques (dados do balanço) $10.000,00 Estoque Final Orçado de Materiais (Consumo orçado/360*30) ($ 58.621,50 /360 x30) = $ 4.885.13 Orçamento de Consumo de Materiais ($ 58.621,50 -10,000+ 4885,13) ) = $ 53.506,63 Fonte: Elaborado com base em Padoveze, 2012. Tendo elaborado o orçamento de consumo e estoque final de materiais, elabora-se o orçamento de compras de materiais. Nesse exemplo, parte-se do pressuposto de que o preço dos materiais está livres de impostos; logo, na 30 simulação o orçamento de compras parte das compras líquidas, conforme apresentado na Tabela 14. Tabela 14 – Orçamento de compras de materiais D. Orçamento de Compras D. Orçamento de Compras – Líquido $ 53.506,63 (+) Impostos sobre Compras 18% $ 9.631,19 Orçamento de Compras – Bruto ($53.506,63 + $ 9.631,19) = $ 63.137,82 Orçamento de Fornecedores Prazo Médio de Pagamento 14 Saldo Final de Duplicatas a Pagar (Compras brutas/360x14) ($ 63.137,82 /360 x14) 2,455,36 Fonte: Elaborado com base em Padoveze, 2012. Na sequência, temos o orçamento de estoque de produtos acabados e custos dos produtos vendidos. Após a elaboração do orçamento de compras e consumo, elabora-se oorçamento de produtos acabados e dos custos dos produtos vendidos, conforme exposto na Tabela 15. Tabela 15 – Orçamento de custos dos produtos vendidos Ano/Mês 1 Dados Produto A Estoque Inicial – Produtos Acabados Dados do balanço unid. 1.000 Estoque Inicial – Produtos Acabados Dados do balanço $ 10.000 Orçamento de Custos de Produção Consumo de Materiais $ 53.506,63 Produção Orçada unid. 5.583 Total – Estoque Inicial + Produção ($10.000 + $ 53.506,63) = $ 63.506,63 Total – Estoque Inicial + Produção (1.000 unidades + 5.583 unidades) = 6.583 Custo Médio Ponderado Orçado ($ 63.506,63 / 6.583 unidades) 9,65 Quantidade Vendida Orçamento de vendas em unidades 6.000 Do Estoque Final Estoque final em unidades. 583 Custo dos Produtos Vendidos (Unidades vendidas x Custo médio ponderado) 6.000 x 9,65 = $ 57.900 Do Estoque Final (Estoque final em unidade x custo médio ponderado) 583 x 9,65 = $ 5.625,95 Fonte: Elaborado com base em Padoveze, 2012. Para finalizar, seguimos com os últimos três. Temos o orçamento de imposto a recolher. Após elaborado os orçamentos de vendas com impostos a 31 recolher e o orçamento de compras com impostos a recuperar, elabora -se o orçamento de apuração de impostos a pagar. Então, o orçamento de despesas gerais. Uma das peças orçamentárias mais demoradas para elaboração, e mais extensas, é o orçamento de despesas gerais. Segundo Padoveze (2012), deve-se elaborar uma peça orçamentária para cada setor e departamento, seguindo a hierarquia da empresa. E por fim, o orçamento de investimentos e financiamentos. Esse segmento do plano orçamentário tem por finalidade fazer a orçamentação dos demais componentes do balanço patrimonial e da demonstração do resultado que não foram contemplados no orçamento operacional. Essa peça orçamentária se liga ao planejamento de longo prazo da empresa, decorrente das decisões de investimentos e financiamentos. 5.5 Projeção das demonstrações contábeis Elaborado o plano orçamentário operacional e de investimentos e financiamentos, elabora-se a projeção das demonstrações contábeis a partir das informações coletadas no orçamento operacional e de financiamentos. Seu objetivo é o controle e a análise de desempenho. São projetados os seguintes relatórios contábeis: Demonstração projetado do fluxo de caixa: Determina o nível de caixa previsto da empresa para o período orçado. Balanço patrimonial projetado: Especifica os recursos empregados e as fontes de financiamentos. Demonstração projetada de resultados: Mostra o nível de vendas e custos e as despesas projetadas para o período, para projeção do lucro desejado. Em síntese, o planejamento e o controle financeiro consistem em adequar os recursos exigidos para executar as atividades operacionais e de investimentos da empresa, avaliando as possíveis fontes de recursos e o impacto sobre o lucro (Hoji, 2014). O orçamento tem como objetivo controlar e assegurar que as metas e objetivos previamente traçados no planejamento estratégico da empresa sejam alcançados e mensurados, por meio da avaliação de desempenho das atividades operacionais e financeiras. 32 TROCANDO IDEIAS Estudamos nesta aula as principais atividades do sistema de planejamento e execução operacional em uma empresa. Considerando o exposto, investigue, no âmbito organizacional da cúpula administrativa, como os controllers ou gestores executam o orçamento operacional. Tome como base para discussão, a empresa em trabalha ou outra empresa que conheça e que tenha na sua cultura organizacional ferramentas de planejamento e controle para tomada de decisão. NA PRÁTICA Com base no conteúdo estudado, responda as seguintes questões: 1. Qual o papel da controladoria na estrutura de capital de uma organização empresarial? 2. Quais os principais métodos de análise de investimentos de capital? 3. Qual a função do controle orçamentário e financeiro no sistema de planejamento e execução operacional? FINALIZANDO Nesta aula, estudamos de forma ordenada o papel da controladoria no sistema de planejamento e execução operacional. Figura 2 – Finalizando Tema 1 – Atuação da controladoria na determinação da estrutura do Ativo. Estudamos as decisões de investimentos de capital de giro e ativo fixo e as decisões de investimentos. Tema 2 – Atuação da controladoria na determinação da estrutura do Passivo. Foram abordadas as decisões de financiamentos e custo de capital da empresa. Tema 3 – Ciclos operacional, econômico e financeiro. Neste tema, estudamos como se dão as atividades de gestão operacional, com prazos e índices de giro sob o enfoque dos ciclos de funcionamento do capital de giro. Tema 4 – Análise de investimentos de capital sob a importância do orçamento de capital e os métodos de avaliação do capital. Tema 5 – Controle orçamentário e financeiro. Por fim, estudamos a operacionalização do planejamento e o controle operacional por meio do orçamento e projeções das demonstrações contábeis. 33 REFERÊNCIAS ANTHONY, R. N.; GOVINDARAJAN, V. Sistemas de controle gerencial. Porto Alegre: AMGH, 2008. ASSAF NETO, A.; LIMA, F. G. Curso de administração financeira. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2014. _____. Fundamentos de administração financeira. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2016. BORINELLI, M. L.; PIMENTEL, R. C. Contabilidade para gestores, analistas e outros profissionais. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2017. BREALEY, R. A.; MYERS, S. C.; ALLEN, F. Princípios de finanças corporativas. Porto Alegre: AMGH, 2018. FIGUEIREDO, S.; CAGGIANO, P. C. Controladoria: teoria e prática. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2017. GARRISON, R. H.; NOREEN, E. W.; BREWER, P. C. Contabilidade Gerencial. 14. ed. Porto Alegre: AMGH, 2012. HOJI, M. Administração financeira na prática. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2014. OLIVEIRA, L.; PEREZ JR., J. H.; SILVA, C. A. S. Controladoria estratégica: Textos e Casos Práticos com Solução. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2015. PADOVEZE, C. L. Controladoria estratégica aplicada: conceitos, estrutura e sistema de informações. São Paulo: Cengage Learning, 2018. _____. Planejamento orçamentário. São Paulo: Cengage Learning, 2012.
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