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CONTROLADORIA 
AULA 3 
Profª Edenise Aparecida dos Anjos 
 
 
2 
SISTEMA DE PLANEJAMENTO E EXECUÇÃO OPERACIONAL 
CONVERSA INICIAL 
Em aula anterior, estudamos o papel e a importância da controladoria 
estratégica na elaboração do planejamento estratégico. Nesta aula, vamos 
estudar os sistemas de planejamento e execução operacional, por meio da 
estrutura e análise de capital da empresa, reconhecendo a importância da 
controladoria na elaboração e execução de planos orçamentários. 
CONTEXTUALIZANDO 
O sistema de planejamento e execução operacional consiste na 
adequação dos recursos exigidos para executar as atividades operacionais e os 
investimentos da empresa. Nesse contexto, Hoji (2014) defende que é 
fundamental analisar, entre outras providências, a estrutura de capital da 
empresa, bem como sua capacidade de gerar resultados nas atividades 
operacionais e na obtenção de fontes de financiamentos dos ativos. Nesse 
entendimento, a empresa, sob o enfoque sistêmico, busca maximizar os 
recursos investidos. 
Isso posto, a controladoria assume um papel relevante nos processos 
decisórios, no planejamento estratégico e operacional. Veremos que, entre suas 
principais funções, está o planejamento e execução operacional. 
Bons estudos! 
TEMA 1 – ATUAÇÃO DA CONTROLADORIA NA DETERMINAÇÃO DA 
ESTRUTURA DO ATIVO 
A controladoria, em conjunto com a alta administração, atua no apoio à 
tomada de decisão, na formulação e implementação de estratégias, cabendo-lhe 
a tarefa de traduzir o plano estratégico em medidas operacionais e 
administrativas (Garrison; Noreen; Brewer, 2012). Sob esse enfoque, o processo 
de planejamento operacional caracteriza-se como um conjunto de decisões, 
traduzidas em diversos planos de ações menores, com a finalidade de estruturar 
os sistemas físico-operacional necessários, para que as unidades de negócio 
entrem em operação (Padoveze, 2012). 
 
 
3 
Portanto, o nível de lucro da empresa depende do sucesso que ela 
consegue alcançar com o uso de seus ativos. Desse modo, a lucratividade futura 
da empresa depende de dois fatores: primeiro, manter e ampliar a estrutura de 
ativos; e segundo, desenvolver uma estratégia de sucesso para essa estrutura 
(Figueiredo; Caggiano, 2017). Nesse contexto, o fator que mais afeta a 
lucratividade de uma empresa é a qualidade das decisões gerenciais, quanto ao 
nível de comprometimento dos recursos em novos investimentos. 
1.1 Decisão de investimentos em ativos 
Para desenvolver atividades, as empresas necessitam de uma variedade 
infindável de ativos. Esses ativos são decorrentes da tomada de decisões de 
investimentos, quando as empresas adquirem ativos, com a expectativa de que 
resultem em benefícios econômicos futuros, ou seja, que sejam conversíveis em 
fluxos de caixa, tanto no curto como no longo prazo (Brealey; Myers; Allen, 
2018). 
Nesse sentido, Padoveze (2012) reconhece os investimentos, analisando-
os com o conceito de fluxos de caixa, quando a decisão deve ser tomada com 
base no valor do dinheiro no tempo, com retornos e riscos esperados. Portanto, 
as decisões de investimentos, também denominada investimentos de 
capital, determinam, além do rendimento, a combinação e o tipo de ativo 
constantes no balanço patrimonial. Sob esta ótica, as ativos são classificadas 
em ativos reais e ativos de financiamento. 
Os ativos reais, ou ativos fixos, são utilizados na produção de bens e 
serviços. São investimentos associados a atividades de longo prazo. São 
responsáveis pela criação da riqueza material, gerados pela capacidade 
produtiva da economia, e decorrentes da produção de bens ou serviços (Brealey; 
Myers; Allen, 2018). Por exemplo: os terrenos, os prédios, os equipamentos e os 
conhecimentos que podem ser utilizados para produzir bens e serviços. 
Por outro lado, os ativos financeiros são reinvindicações sobre os ativos 
reais ou a renda gerada por eles, e não contribuem diretamente para a 
capacidade produtiva. Por exemplo, ações, títulos de renda fixa, derivativos, 
entre outros (Brealey; Myers; Allen, 2018). Em síntese, enquanto os ativos reais 
geram renda líquida, os ativos financeiros definem a alocação de renda ou 
riqueza entre os investidores. 
 
 
4 
Assim, no balanço patrimonial, os investimentos são agrupados em duas 
classes, capital de giro e ativos fixos, conforme apresentado na Tabela 1. 
Tabela 1 – Estrutura de ativos 
ATIVOS R$ Em % 
Capital giro 
 Estoques; Fornecedores; Clientes 119.000 47,41% 
Ativo Fixo 
 Imóveis; Equipamentos; (-) depreciação 
132.0000 52,59% 
TOTAL DO ATIVO 251.000 100% 
 Investimentos em capital de giro: São investimentos de curto prazo. 
Representam a dinâmica do ciclo operacional da empresa, 
correspondendo aos ativos de funcionamento, representado por ativos 
circulantes menos passivos circulantes. Por exemplo: contas de estoques, 
clientes e fornecedores, na Tabela 1, correspondem a 47,41% dos ativos 
totais da empresa. 
 Investimentos em ativo fixo: São associados a atividades de 
financiamento. Caracterizam-se como investimentos de longo prazo. 
Apresentam um forte grau de imutabilidade, ou fixidez, sendo 
representados por imóveis, equipamentos, utensílios, intangíveis 
(depreciação, amortização ou exaustão), No exempla da Tabela 1, 
representam 52,59% dos ativos totais da empresa. 
A tomada de decisão de investimento de capital, além da determinação 
da composição e estrutura do ativo, é importante para a definição das fontes de 
financiamento. Assim, na análise das possibilidades de investimentos e 
financiamentos, a empresa deve considerar os aspectos da lucratividade de 
longo prazo e o cálculo do total das saídas de caixa necessárias para efetivar o 
investimento e as taxas de retorno. Neste entendimento, Figueiredo e Caggiano 
(2017, p. 80) listam os tipos de investimentos mais comuns nas atividades 
empresariais: 
1. Aquisição de ativos de longa duração, como imóveis ou maquinários; 
2. Investimento em outros fundos, dos quais as receitas serão derivadas; 
3. Um projeto especial, que afetará a capacidade futura de ganho da firma, 
com projetos de pesquisa ou uma campanha promocional; 
4. Ampliação do leque de atividades da firma, que envolva saídas de capital, 
como uma nova linha de produção ou mesmo um novo produto; 
 
 
5 
5. Desenvolvimento de projetos de capacitação de pessoal de alto nível para 
as empresas prestadoras de serviço, como universidades, empresas de 
pesquisa, consultorias, alta tecnologia de gestão etc. 
Vejamos um exemplo proposto por Figueiredo e Caggiano (2017). A Cia. 
SP Ltda. tem a oportunidade de selecionar entre dois investimentos. Cada um 
deles trará um retorno anual de $ 500.000: 
 O investimento “A” requer um total de investimento de caixa de 
$5.000.000. Assim, promete um nível de retorno de 10%. 
 O investimento “B” requer um total de investimento de caixa de 
$50.000.000 e oferece um nível de retorno de 1% ao ano apenas. 
Nesse caso, verifique que, ao analisar o nível de retorno, a empresa 
deverá dar preferência ao investimento A, com taxa de retorno de 10%. 
Entretanto, se a firma tem um nível mínimo de retorno aceitável de 15%, 
nenhum dos projetos será aceitável. 
Ressalta-se, portanto, que independentemente do tipo de investimento, 
na análise de viabilidade devem ser considerados: as taxas internas de retorno 
(TIR), valor presente líquido (VPL) e os períodos e quantidade de fluxos de caixa, 
para análise da viabilidade do investimento. Na visão de Assaf e Lima (2016, p. 
173) “o valor de um bem não deve estar vinculado à forma como ele é 
financiado”; o seu valor econômico depende da capacidade futura de 
geração de resultados operacionais esperados. 
Nesse entendimento, a determinação da estrutura do ativo nos leva a 
identificar a quantidade e a qualidade do investimento. Para Padoveze (2012, p. 
148) a determinação da estrutura do ativo pode ser definida“como a decisão 
de investimento que é tomada na obtenção da combinação ideal de ativos em 
relação ao negócio proposto, objetivando a menor estrutura de capital.” Ou seja, 
busca-se o equilíbrio ideal entre ativos fixos e capital de giro do negócio ou 
empresa a ser constituída. 
Por fim, no processo de tomada de decisão de investimentos de capital, 
cabe à empresa tomar duas importantes decisões. Primeiro: que investimento 
deve fazer? Segundo, como deve financiar esse investimento? Ou seja, a 
tomada de decisão de investimentos é atrelada à tomada de decisão de 
financiamentos. 
 
 
 
6 
1.2 Modelo de decisão para definição da estrutura do ativo 
A elaboração do modelo de decisão, mensuração e informação ligados à 
determinação da estrutura de ativos e passivos de uma empresa é de 
responsabilidade da controladoria (Padoveze, 2018). 
Para definir a estrutura do ativo, é necessária antes a definição de uma 
série de outras variáveis, processo que se inicia pela definição do produto ou 
produtos a serem fornecidos dentro do negócio que vai ser explorado, 
considerando cadeia produtiva e tecnologias. Ou seja, é um Modelo de Decisão. 
De acordo com Padoveze (2012), um modelo de decisão para determinar a 
estrutura dos ativos, requer cinco etapas: 
1. Etapa: Definição do negócio e missão da empresa: Um negócio é 
caracterizado por produtos similares que são oferecidos ao mercado 
consumidor. Por exemplo: Uma indústria de café é caracterizada por 
diversos produtos ofertados aos consumidores: torrado, em grãos, em pó, 
solúvel, a granel etc. 
2. Etapa: Definição do(s) produto(s) ou serviço(s), mercado, volume e 
preço(s) de venda. 
3. Etapa: Definição do segmento da cadeia produtiva e tecnologia do 
produto. 
4. Etapa: Definição ou criação das tecnologias essenciais da empresa. 
5. Etapa: Detalhamento e definição das variáveis básicas das tecnologias 
essenciais da empresa e eficiência de recursos. 
Em síntese, o modelo de decisão de investimento de capital, para a 
determinação da estrutura do ativo, contempla determinados elementos, como a 
estrutura de capital da empresa e suas referidas fontes de financiamento. 
Também orienta as decisões de investimentos e financiamentos, com vistas a 
propor uma estrutura ótima de capital. 
TEMA 2 – ATUAÇÃO DA CONTROLADORIA NA DETERMINAÇÃO DA 
ESTRUTURA DO PASSIVO 
No tema anterior, estudamos sobre a estrutura do ativo, que envolve 
principalmente atividades de investimentos. Agora, vamos aprender um pouco 
mais sobre como o passivo é estruturado, sob a perspectiva das decisões de 
 
 
7 
financiamento, com vistas a compreender como a estrutura de capital é 
composta. 
2.1 Decisões de financiamento e estrutura do passivo 
As decisões de financiamentos decorrem naturalmente dos processos de 
investimentos. Ou seja, se a empresa vai investir, quais são as fontes de 
financiamentos? Assim define-se a estrutura do passivo, com a participação 
relativa aos diversos tipos de fontes de capital remuneradas que estão sendo 
utilizadas para financiar os investimentos do ativo da empresa. Essa estrutura 
também é chamada de estrutura de capital. 
Importante ressaltar que, na composição da estrutura do passivo, não são 
considerados os passivos circulantes ou de funcionamento, decorrentes 
das atividades do ciclo operacional (estoques, fornecedores e clientes, 
salários, impostos a recolher), pois elas fazem parte do que se denomina como 
capital de giro. Portanto, para a estrutura dos passivos, são considerados os 
passivos remunerados por juros, ou seja, os passivos de financiamento. 
Na determinação da estrutura do passivo, há maior grau de liberdade dos 
gestores para a determinação da dívida, com relação a prazos e taxas de juros. 
Padoveze (2012) considera-se como parâmetros norteadores da estrutura dos 
passivos: 
 Grau de aversão ao risco: Indica como a empresa vê o risco financeiro 
que é evidenciado na sua estrutura de passivo. Por exemplo: quanto mais 
uma empresa utiliza fontes de capital de terceiros, menos aversão ao risco 
ela tem. 
 Dilema liquidez versus rentabilidade: As fontes externas (capital de 
terceiros) são remuneradas por juros ou outro tipo de remuneração pagos 
aos fornecedores. Assim, entende-se que, quanto menores os custos das 
fontes de capital, mais lucro a empresa pode conseguir. Nesse contexto, 
se a empresa utiliza fontes externas muito intensamente, pode 
comprometer a liquidez e não vai obter a rentabilidade desejada. 
 Mensuração do endividamento: Indica o grau de endividamento: quanto 
maior o grau, maior o risco financeiro da empresa. 
A estrutura de capital de uma empresa refere-se à composição de suas 
fontes de financiamento, oriundas de capitais de terceiros (exigível) e de capitais 
 
 
8 
próprios (patrimônio líquido), sendo fundamental para as decisões financeiras 
(Assaf Neto; Lima, 2014). 
2.2 Custo de capital próprio e capital de terceiros 
A empresa, na busca de maximizar suas riquezas, deve selecionar uma 
composição das fontes de financiamento que apresente o menor custo médio 
possível. Desse modo, no estudo do custo de capital, é necessário inicialmente 
conhecer o custo de cada fonte de recursos (própria e de terceiros), e então 
mensurar-se a partir desses valores a taxa de retorno desejada para as decisões 
de investimentos (Assaf Neto; Lima, 2014). 
O capital de terceiros é definido como os passivos onerosos identificados 
nos empréstimos e financiamentos. O custo de capital de terceiros é a 
remuneração exigida pelos credores de dívidas da empresa. Já para sua 
mensuração, deve ser observada a relação capital de terceiros (dividas) e capital 
próprio (patrimônio líquido), que compõe a estrutura de capital da empresa 
(Assaf Neto; Lima, 2014). 
Assim, Ki (capital de terceiros), diante da dedutibilidade fiscal permitida 
aos encargos financeiros (juros, IOF, etc.), pode também ser apurado após a 
respectiva provisão para Imposto de Renda, reduzindo seu custo final. Veja a 
fórmula: 
Ki (após IR) = Ki (antes IR) × (1 – IR) 
Vejamos um exemplo adaptado de Assaf Neto e Lima (2014). Uma 
empresa considera a proposta de um novo financiamento, no qual serão 
utilizados recursos de capital de terceiros, no valor de $100.000,00, com uma 
taxa de juros simples de 12% ao ano. Considere, para o cálculo do custo do 
capital de terceiros, como 34% a alíquota de Imposto de Renda. 
Para o cálculo, considere: 
 Custos do Capital (Juros) = $ 100.000,00 x 12%= $ 12.000,00 
 Imposto de renda = 12.000,00 x 34% =$ 4.080,00 
 Despesas financeira líquidas (12.000,00 – 4.080,00) =$ 7.920,00 
Aplicando a fórmula: 
Ki = 12% × (1 – 0,34) = 7,92% a.a. 
 
 
9 
Logo, o custo do capital de terceiros do investimento após o IR 
corresponde a 7,92% ao ano. Veja-se uma redução dos juros de 12% para 
7,92%, determinada pelo benefício fiscal promovido pelos encargos financeiros. 
Por outro lado, o capital próprio é representado pelos recursos próprios 
da empresa, disponibilizados por sócios, proprietários e/ou acionistas. Já o custo 
do capital próprio é o retorno mínimo que os acionistas exigem do capital 
investido na empresa. Equivale ao rendimento mínimo que a empresa deve obter 
para remunerar seus acionistas e manter o preço de mercado de suas ações 
(Assaf Neto; Lima, 2014). 
O cálculo do custo do capital próprio pode ser obtido por meio dos 
métodos de fluxos de caixa descontados o modelo de precificação dos ativos, 
CAPM (Capital Asset Pricing Model). O método mais utilizado é o modelo CAPM. 
que prevê, em sua fórmula, a taxa de retorno requerida pelo investidor, a taxa 
livre de risco da economia, mais um prêmio que remunere o risco sistemático 
apresentado pelo ativo em avaliação, e representado pelo coeficiente beta 
(Assaf Neto; Lima, 2014). Vejamos a fórmula: 
Ke = RF + β(RM – RF) 
 Ke = taxa mínima de retorno requerida pelos acionistas: custo de capital 
próprio; RF = taxa de retorno de ativos livres de risco; 
 β = coeficiente beta: medida do risco sistemático; 
 RM = rentabilidade da carteira de mercado (índice do mercado de ações); 
 (RM – RF) = prêmio pelo risco de mercado. 
Considere o exemplo. Uma empresa apresenta um beta de 1,2, refletindo 
um risco sistemático acima de todo o mercado, seus investidores devem exigir, 
admitindo um RF = 7% e RM = 16%, calcule o custo do capital próprio. 
Aplicando a fórmula: 
Ke = RF + β(RM – RF) 
Ke = 7% + 1,2 ×(16% – 7%) 
Ke = 7% + 10,8% 
Ke = 17,8% 
 
 
10 
Essa é a taxa de retorno que deve ser requerida, diante do nível de risco 
do ativo (ação) em avaliação, por seus investidores, constituindo o custo de 
capital próprio da empresa. 
Determinadas as fontes de capital, a empresa trabalha para identificar o 
custo médio ponderado das suas fontes de recursos, denominado Custo Total 
de Capital (WACC – Weighted Average Capital Cost). O custo total representa a 
taxa de atratividade da empresa, ou seja, o quanto a empresa deve exigir de 
retorno de seus investimentos visando maximizar seu valor de mercado. 
𝑊𝐴𝐶𝐶 = ∑ 𝑊𝑖 𝑥 𝐾𝑖
𝑛
𝑖−1
 
 WACC = custo médio ponderado de capital. 
 Ki = custo específico de cada fonte de financiamento (capital próprio e 
capital de terceiros); 
 Wi = participação relativa (proporção) de cada fonte de capital no 
financiamento total. 
Por exemplo, considere a estrutura de capital da tabela abaixo. 
Tabela 2 – Estrutura de capital 
Fonte de capital Montante 
Proporção de 
cada fonte 
Custo 
após o IR 
Remuneração 
exigida 
Ações 800.000,00 80% 22,5 % a.a. 180.000,00 
Financiamentos 200.000,00 20% 16 % a.a. 32.000,00 
Total 1.000.000,00 100% 212.000,00 
Aplicando a fórmula, teremos: 
𝑊𝐴𝐶𝐶 = ∑ 𝑊𝑖 𝑥 𝐾𝑖
𝑛
𝑖−1
 
WACC = (22,5% X 0,80) + (16% X 0,20) 
WACC = 18 + 3,2 
WACC = 21,2% ao ano 
A remuneração mínima exigida do capital representa 21,2% do volume 
total de recursos colocados à disposição da empresa: 
𝑊𝐴𝐶𝐶 =
212.000,00
1.000.000,00
= 21,2% 
 
 
11 
 
Nota-se que o desempenho operacional de uma empresa deve ser 
observado por meio de sua estrutura de capital e de sua capacidade de criar 
valor por meios das suas atividades de investimentos e financiamentos, 
analisando as taxas de atratividade do negócio e a remuneração adequada do 
capital investido. 
2.3 Alavancagem financeira 
Quando uma empresa faz uso de recursos de terceiros em sua estrutura 
de capital, promete fazer uma série de pagamento de juros como remuneração 
do capital financiado. A tendência é de que seus lucros aumentem, e os credores 
recebam pagamentos regulares, de modo que todos os ganhos vão para os 
acionistas. 
No entanto, o inverso também pode ocorrer, como uma queda nos lucros. 
Nesse caso, os acionistas suportam a maior parte da carga. Se os tempos são 
suficientemente difíceis, uma organização que tenha se endividado muito talvez 
não seja capaz de pagar suas dívidas; ela então vai à falência, e os acionistas 
perdem a maior parte ou todo o seu investimento (Brealey; Myers; Allen, 2018). 
A alavancagem financeira parte do pressuposto de que os juros são 
custos fixos; portanto, permitem o fenômeno da alavancagem. De acordo com 
Padoveze (2012), o fato de os juros serem considerados como custos fixos 
permite duas possibilidades de alavancagem. A primeira decorre do fato de a 
obtenção de custos de financiamentos de capital de terceiros apresentar 
percentual inferior à rentabilidade oferecida pelos ativos; a segunda decorre da 
possibilidade de a empresa aumentar o nível das atividades de vendas e lucros 
operacionais, alavancando a rentabilidade dos acionistas, por manterem fixos os 
valores pagos ao capital de terceiros. 
A alavancagem é medida pelo Grau de Alavancagem Financeira (GAF): 
𝐺𝐴𝐹 =
𝑅𝑂𝐸 − 𝑟𝑒𝑛𝑡𝑎𝑏𝑖𝑙𝑑𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑜 𝑃𝑎𝑡𝑟𝑖𝑚𝑜𝑛𝑖𝑜. 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜
𝑅𝑂𝐴 − 𝑟𝑒𝑛𝑡𝑎𝑏𝑖𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑜 𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜
 
Vejamos um exemplo de alavancagem financeira, adaptado de Assaf 
Neto e Lima (2012). Os acionistas de uma empresa decidem promover algumas 
simulações para financiar seu negócio, considerando a hipótese de 70% do 
 
 
12 
capital investido através de recursos de terceiros. A estrutura patrimonial 
simulada é apresentada da seguinte forma, 
Tabela 3 – Estrutura patrimonial 
ATIVO $ (EM MIL) PASSIVO $ (EM MIL) 
Ativo Circulante 20.000 Financiamentos 35.000 
Ativo Imobilizados 30.000 Patrimônio Líquido 15.000 
Total dos Ativos 50.000 Total do Passivo 50.000 
O resultado operacional líquido (após as despesas financeiras) é 
apresentado como segue. 
Tabela 4 – Demonstração de resultados 
DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS $ 
Lucro Operacional gerados pelos Ativos 8.000 
Despesas financeiras, considerando um 
custo de capital de terceiros Ki= 12% 
4.200 
Lucro após as despesas financeiras 3.800 
Aplicando as fórmulas, temos: 
 Calculando a rentabilidade dos ativos 
𝑅𝑂A =
𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝑂𝑝𝑒𝑟𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙
𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙
 𝑅𝑂A =
8.000
50.000
= 16% 𝑎. 𝑎. 
 
 Calculando a rentabilidade do Capital próprio 
𝑅𝑂𝐸 =
𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 𝑎𝑝ó𝑠 𝑎𝑠 𝑑𝑒𝑠𝑝𝑒𝑠𝑎𝑠 𝑓𝑖𝑛𝑎𝑛𝑐𝑒𝑖𝑟𝑎𝑠
𝑃𝑎𝑡𝑟𝑖𝑚ô𝑛𝑖𝑜 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜
 𝑅𝑂𝐸 =
3.800
15.000
= 25,33 𝑎. 𝑎. 
 Calculando o grau de alavancagem financeira 
𝐺𝐴𝐹 =
𝑅𝑂𝐸
𝑅𝑂𝐴
 𝐺𝐴𝐹 =
25,33%
16%
= 1,583 
Nesse exemplo, observe que os ativos da empresa produzem um retorno de 
16%, mas as acionistas estão ganhando 25,33%. Entende-se, nesse caso, que 
a empresa tem um alto grau de alavancagem financeira, pois se a empresa 
fosse financiada apenas por capital próprio, os acionistas seriam remunerados 
em 16%. 
Explicando de outra forma, para cada $1,00 de recursos de terceiros, os 
acionistas ganharam $1,583 pela taxa de aplicação, ou um incremento de 58,3% 
pela participação do capital de terceiros. 
 
 
13 
TEMA 3 – CICLOS OPERACIONAL, ECONÔMICO E FINANCEIRO 
Tendo entendido como funciona a estrutura de capital da empresa, nas 
atividades de investimentos e financiamentos, vamos estudar agora sobre a 
gestão operacional ou gestão do capital de giro das empresas. 
3.1 Gestão operacional 
A gestão operacional, ou capital de giro, é considerada como uma 
atividade de extrema importância no contexto organizacional. A responsabilidade 
da controladoria na gestão operacional está no apoio aos gestores em busca da 
eficiência e eficácia da aplicação dos recursos operacionais em todos os seus 
aspectos (Padoveze, 2012). Tem como função apoiar, coordenar e monitorar o 
desempenho e os fluxos resultantes dessas atividades, constantes no modelo 
de decisão. 
Para entender como funcionam os ciclos da gestão operacional, vamos 
tomar como exemplo uma empresa fabril ou de transformação. Considere que, 
em suas atividades de funcionamento, compra insumos, produz ou transforma 
os insumos no processo produtivo; ao finalizá-los, faz a transferência para os 
estoques de produtos acabados, vende, e o processo se repete sucessivamente. 
No entanto, se essa empresa investir excessivamente em ativos, ela terá 
uma grande demanda de capital para financiá-los, o que pode acarretar impactos 
negativos para a gestão. Em contrapartida, se ela mantiver poucos recursos 
disponíveis em ativos, como por exemplo estoques reduzidos de insumos ou 
produtos acabados, poderá ver prejudicado o processo produtivo, e 
consequentemente ver prejudicadas as vendas. Ou seja, pode perder vendas 
por falta de insumos ou por falta de produtos, comprometendo entradas de caixa. 
Nesse contexto, a gestão do capital de giro constitui um processo de 
planejamento e controle dos recursos financeiros aplicados no ativo circulante 
das organizações (Borinelli; Pimentel, 2017). Assim, para estudar a gestão 
operacional ou do capital de giro, precisamos entender como funcionam as 
políticas e prazos médiosde compras, estocagem, vendas, recebimentos das 
vendas e pagamentos de fornecedores, por meio dos índices de gestão e 
prazos médio, para então estabelecer qual o ciclo operacional, econômico e 
financeiro de uma empresa. 
 
 
14 
3.2 Índices de gestão e prazos médios 
Os índices de gestão, também conhecidos como índices operacionais, 
medem a eficiência da organização em administrar seus ativos e passivos de 
curto prazo. “Esses indicadores mostram se o montante alocado de recursos em 
cada ativo (ou passivo) está razoável com os níveis de produção e vendas, bem 
como em relação aos prazos médios de pagamentos e recebimentos” (Borinelli; 
Pimentel, 2017, p. 433). 
Assim, para uma gestão adequada do capital de giro, as informações são 
extraídas das demonstrações contábeis, para estabelecer a partir desses os 
prazos médios de cada atividade. 
 Prazo Médio de Renovação dos Estoques: O prazo médio de 
renovação dos estoques (PMRE) expressa a velocidade com que os 
estoques se renovam. É uma medida do número de dias que, em média, 
os produtos e mercadorias ficam em estoque até serem vendidos 
(Borinelli; Pimentel, 2017). 
 Prazo Médio de Recebimento das Vendas: Deve-se utilizar, como valor 
de vendas realizadas, o montante de vendas brutas, descontando-se 
devoluções e abatimentos que, em algumas entidades, são montantes 
relevantes (Borinelli; Pimentel, 2017). 
 Prazo Médio de Pagamento das Compras: O valor de compras de 
mercadorias ou materiais (inclui apenas as compras de mercadorias para 
estoques ou de materiais para transformação) não é evidenciado nos 
demonstrativos contábeis; assim, uma forma arbitrária seria calcular o 
valor de compras com base em custo das mercadorias vendidas ou custo 
dos produtos vendidos, nos estoques iniciais e finais (Borinelli; Pimentel, 
2017). 
Nesse entendimento, os prazos médios indicam o tempo que uma 
empresa leva, em dias, para comprar, renovar, manter e vender seus estoques. 
Incluem os prazos médios concedidos aos clientes para recebimento das vendas 
a prazo e os prazos médios recebido dos fornecedores para pagamento das 
compras. O quadro abaixo apresenta as fórmulas e o modo que devem ser 
interpretados os índices. 
 
 
15 
Quadro 1 – Fórmulas de prazos médios 
ÍNDICE FÓRMULA INDICA INTERPRETAÇÃO 
Prazo Médio de 
Renovação dos 
Estoques 
𝑃𝑀𝑅𝐸
𝐸𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒𝑠 𝑥 360
Custo das Vendas
 
 
Quantos dias, em 
média, a entidade 
leva para vender os 
seus estoques. 
Quanto menor, 
melhor. 
Prazo Médio de 
Recebimento das 
Vendas 
𝑃𝑀𝑅𝑉
=
Clientes X 360
 Vendas Realizadas
 
 
Quantos dias, em 
média, a entidade 
espera para 
receber dos seus 
clientes. 
Quanto menor, 
melhor. 
Prazo Médio de 
Pagamento das 
Compras 
𝑃𝑀𝑃𝐶
=
𝐹𝑜𝑟𝑛𝑒𝑐𝑒𝑑𝑜𝑟𝑒𝑠 𝑋 360
𝐶𝑜𝑚𝑝𝑟𝑎𝑠
 
Quantos dias, em 
média, a entidade 
leva para pagar 
seus fornecedores. 
Quanto maior, 
melhor. 
Fonte: Borinelli; Pimentel, 2017. 
* Vendas realizadas são as vendas brutas menos devoluções e abatimentos (pode-se utilizar 
venda bruta como proxy). 
** Para facilitar cálculos, considerar custo das mercadorias vendidas como proxy para compras, 
ou utilizar: CMV = estoque inicial + compras – estoque final. 
Conhecendo os prazos médios operacionais, vamos agora estudar e 
mensurar os ciclos operacionais, econômicos e financeiros, para entender 
melhor a gestão e a necessidade do capital de giro das empresas. 
3.3 Ciclo operacional, econômico e financeiro 
A gestão do capital de giro de uma empresa é de fundamental importância 
para a sua manutenção. Evidencia a capacidade de manter-se financeiramente 
ou a necessidade de investimentos de curto prazo. Pode ser expressa em três 
importante ciclos: 
 Ciclo operacional: Corresponde a todas as ações necessárias e 
exercidas para o desempenho de cada atividade. É o processo de gestão 
de cada atividade, e inclui planejamento, execução e controle (Padoveze, 
2012). 
 Ciclo econômico: evidencia os eventos econômicos no momento em 
que eles acontecem, bem como a sua mensuração econômica. 
Corresponde fundamentalmente a toda base de produção da empresa, ou 
seja, estocagem de matéria-prima, fabricação e venda. É o período 
verificado entre as entradas de insumos adquiridos e a venda do produto 
final (Assaf Neto; Lima, 2014). 
 Ciclo financeiro: Corresponde ao processo de efetivação financeira de 
cada evento econômico em termos de fluxo de caixa, compreende os 
prazos de pagamentos e recebimentos (Padoveze, 2012). 
 
 
16 
Figura 1 – Gestão do Capital de giro 
 
Nesses termos, na mensuração contábil, as informações são extraídas 
dos demonstrativos, para composição dos indicadores, considerando o inter-
relacionamento com os índices de gestão. As fórmulas e o modo de interpretação 
são apresentados no quadro 2. 
Quadro 2 – Fórmulas de ciclo operacional e financeiro 
Índice Fórmula Indica Interpretação 
Ciclo 
Operacional 
CO= PMRE + 
PMRV 
Quantos dias, em média, a entidade 
leva para vender seu estoque e 
receber de seus clientes. 
Quanto 
menor, 
melhor. 
Ciclo 
Financeiro 
CF= CO - PMPC 
Quantos dias, em média, a entidade 
precisa para arrumar financiamento 
para suas operações. 
Quanto 
menor, 
melhor. 
Fonte: Borinelli; Pimentel, 2017. 
Vamos a um exemplo adaptado de Borinelli e Pimental (2017). 
Determinada empresa apresentou os seguintes prazos médios em dias em X6 e 
X7. Leva-se em conta que em X5 não ocorreram transações a movimentar as 
contas de resultado. Assim, para o cálculo, considera-se: 
 Do custo das vendas considerou-se o valor total do custo dos serviços 
prestados e das mercadorias vendidas; 
 Das vendas realizadas considerou-se o valor das receitas brutas, uma vez 
que não ocorreram devoluções ou abatimentos; 
 Das compras considerou-se a fórmula: custo das mercadorias vendidas e 
dos serviços prestados = estoque inicial + compras – estoque final. 
Os índices são apresentados foram os seguintes. 
Tabela 5 – Índices 
ÍNDICE 31-12-X6 31-12-X7 
Prazo Médio de Renovação dos Estoques (PMRE) 28 24 
 
 
17 
Prazo Médio de Recebimento das Vendas (PMRV) 68 96 
Prazo Médio de Pagamento das Compras (PMPC) 0 63 
Ciclo Operacional (CO) 96 120 
Ciclo de Caixa (CC) ou Ciclo Financeiro (CF) 96 57 
 Na análise da gestão operacional dessa empresa, pode-se observar que 
a empresa tem um ciclo operacional de 96 dias em X6, e de 120 dias 
em X7, ou seja, o período de giro dos estoques é baixo (porém a margem 
de lucratividade é alta). 
 Como a empresa não utilizou financiamento com fornecedores em X6 
(PMPC=0), o ciclo de caixa é exatamente o mesmo que o ciclo 
operacional. Porém, em X7, mesmo tendo aumentado de 68 para 96 
dias, o prazo médio de recebimento dos clientes conseguiu reduzir o 
ciclo financeiro de 96 para 57 dias, uma vez que se utilizou de 
financiamento de fornecedores, conseguindo, em média, 63 dias para 
pagar suas contas. 
Em síntese, a gestão operacional do capital de giro da empresa 
corresponde ao ativo circulante da empresa, representando o valor total dos 
recursos demandados pela empresa para financiar seu ciclo operacional, que 
engloba, por exemplo, para uma empresa industrial, as necessidades circulantes 
identificadas desde a aquisição de matérias-primas até ́a venda e o recebimento 
dos produtos elaborados. 
Desse modo, destaca-se a importância de controles e estratégias 
organizacionais que possibilitem aos gestores observar e ajustar a manutenção 
dos objetivos de curto prazo da empresa, como políticas e prazos para a 
manutenção dos fluxos de caixa decorrentes das atividades normais da 
empresa, principalmente com referência ao giro dos ativos. 
TEMA 4 – ANÁLISE DE INVESTIMENTOS DE CAPITAL 
 Caro aluno, já estudamos como as empresas compõem sua estrutura de 
capital, por meio das atividades de investimentos, de curto prazo (capital de giro) 
e de longo prazo (ativo fixo) e suas referidas fontes de financiamentos,capital 
próprio e capital de terceiros. Agora vamos estudar como esses investimentos 
são analisados nas organizações e quais são os métodos que se utilizam para 
avaliar as diferentes possibilidades de investimentos. 
 
 
18 
 Periodicamente, as empresas precisam destinar parte de seus recursos 
para os investimentos de capital. São decisões estratégicas; é necessário 
sacrificar o bem-estar do presente para tornar a empresa mais competitiva no 
futuro, com comprometimento de capital, para fazer investimentos de modo 
durável, visando manter ou melhorar a sua situação econômica e financeira 
(Oliveira; Perez; Silva, 2015) 
De acordo com Oliveira, Perez e Silva (2015), isso acontece devido à 
necessidade de as empresas expandirem seus negócios, conquistar novos 
mercados e inovar. Portanto, as empresas precisam administrar os recursos 
disponíveis para acompanhar os novos desafios mercadológicos, com vistas à 
maximização dos lucros, e gerar novas oportunidades de sobrevivência e 
crescimento. 
Nesse contexto, o planejamento e o controle são instrumentos vitais para 
a manutenção dos negócios, destacando-se assim para análise de investimento 
de capital (o orçamento de capital). 
4.1 Orçamentos de capital 
Os investimentos de capital são expressos habitualmente no Orçamento 
de Capital, apresentado no plano orçamentário da empresa, que normalmente 
está sob a responsabilidade da controladoria. Esse instrumento de controle 
operacional permite à empresa avaliar e comparar os resultados planejados com 
os realizados. Além da função de controle, permite a correção dos planos, 
estratégico e operacional, objetivando o alcance das metas pré-estabelecidas no 
planejamento geral. 
O orçamento de capital é o processo de planejar investimentos 
significativos em projetos que têm implicações de longo prazo, como a compra 
de novos equipamentos ou a introdução de um novo produto. São decisões 
típicas de orçamento de capital (Garrison; Noreen; Brewer, 2012 p. 599): 
 Decisões de redução de custos. Novos equipamentos devem ser 
comprados para reduzir custos? 
 Decisões de expansão. Uma nova fábrica, um novo armazém ou outras 
instalações devem ser adquiridos para aumentar a capacidade e as 
vendas? 
 
 
19 
 Decisões de seleção de equipamentos. Quais das várias máquinas 
disponíveis devem ser compradas? 
 Decisões de alugar ou comprar. Novos equipamentos devem ser 
alugados ou comprados? 
 Decisões de substituição de equipamentos. Equipamentos antigos 
devem ser substituídos agora ou mais tarde? 
As decisões de investimento de capital são classificadas em duas 
categorias: decisões de seleção e decisões de preferência. As decisões de 
preferência são relacionadas a uma escolha dentre várias alternativas 
aceitáveis, ao passo que as decisões de seleção estão relacionadas à aceitação 
ou não de um projeto mediante análise das taxas de retorno exigidas e do fluxo 
de caixa descontado. Por exemplo, se o custo médio do capital for de 20%, essa 
passa a ser a taxa de retorno mínima exigida para a aprovação do projeto. Na 
sequência, vamos estudar os métodos para análise de investimentos de capital. 
4.2 Métodos para análise de investimentos 
Os métodos para análise econômica de investimentos podem ser 
classificados em dois grandes grupos: os que não levam em conta o valor do 
dinheiro no tempo; os que consideram essa variação por meio do critério de fluxo 
de caixa descontado. 
Em razão do maior rigor conceitual e da importância para as decisões de 
longo prazo, dá-se atenção preferencial para os métodos que compõem o 
segundo grupo: taxa interna de retorno (IRR) e valor presente líquido (VPL). 
(Assaf Neto; Lima, 2014). 
Quando tratamos do valor do dinheiro no tempo, considera-se que 
investimentos de capital, na maior parte das vezes, geram retornos que se 
estendem por períodos de tempo razoavelmente longos. Como consequência, é 
importante reconhecer o valor do dinheiro no tempo ao avaliar propostas de 
investimento (Garrison; Noreen; Brewer, 2012). As técnicas de orçamento de 
capital que reconhecem o valor do dinheiro no tempo envolvem descontar fluxos 
de caixa, pelo cálculo do Valor Presente Líquido. 
O Valor Presente Líquido significa descontar o valor dos fluxos futuros a 
uma determinada taxa de juros, de tal forma que esse fluxo futuro apresente-se 
 
 
20 
a valores de hoje ou ao valor atual (Padoveze, 2018). Considera em sua 
formulação: 
𝑽𝑷𝑳 = 
𝑭𝑪𝒕
(𝟏+𝒊)𝒕
− 𝑭𝑪𝒐 
 FCt= fluxo (benefício) de caixa de cada período 
 i = taxa de desconto do projeto, representada pela rentabilidade mínima 
requerida 
 t = tempo 
 FC0= Investimento Inicial 
Ou seja, o valor atual dos fluxos futuros, confrontado com o valor atual do 
investimento a ser feito, indica a decisão a ser tomada. 
Quadro 3 – Decisão 
Se o valor 
presente líquido é 
Então o projeto é 
Positivo Aceitável, porque seu retorno é maior do que a taxa de retorno exigida 
Zero Aceitável, porque seu retorno é igual à taxa de retorno exigida. 
Negativo Não aceitável, porque seu retorno é menor do que a taxa de retorno 
exigida. 
Tabela 6 – Exemplo 
Investimento a ser feito (Ano 0 ou T0) $ 1.000.000 
Rentabilidade mínima exigida (taxa de juros) 12% 
Fluxo futuro de benefícios 
Ano 1 (T1) $ 500.000 
Ano 2 (T2) $ 500.000 
Ano 3 (T3) $ 500.000 
Total $ 1.500.000 
Fonte: Padoveze, 2018. 
Considere para o Cálculo do valor presente líquido – VPL a Tabela 7. 
 
 
 
21 
Tabela 7 – Cálculo do VPL 
 Fluxo Futuro ($) Taxa de desconto Valor atual do fluxo de caixa ($) 
 A B C = (A/B) 
Ano 1 500.000 *1,12 446.429 
Ano 2 500.000 1,2544 398.597 
Ano 3 500.000 1,404928 355.890 
Total 1.500.000 1.200,916 
Taxa de desconto: 
∗ 𝑓ó𝑟𝑚𝑢𝑙𝑎 𝑑𝑎 𝑡𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑑𝑒𝑠𝑐𝑜𝑛𝑡𝑜 = (1 + 𝑖)𝑛 
𝑡𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑑𝑒𝑠𝑐𝑜𝑛𝑡𝑜 = 𝑖 
𝑃𝑒𝑟í𝑜𝑑𝑜 (𝑎𝑛𝑜𝑠) = 𝑛 
𝑡𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑑𝑒𝑠𝑐𝑜𝑛𝑡𝑜 𝑖 = (1 + 0,12) = 1,12 
Período (anos) Fórmula Usando calculadora simples Taxa de desconto 
Ano 1 (1 + 0,12)1 1,12 1,12 
Ano 2 (1 + 0,12)2 (1,12 x 1,12) 1,2544 
Ano 3 (1 + 0,12)3 (1,12 x 1,12 x 1,12) 1,404928 
Fonte: Padoveze, 2018. 
Assim, temos: 
VPL = Valor atual dos fluxos de caixa – Investimento inicial 
VPL = $ 1.200.916 – $1.000.000 
VPL = $ 200.916. 
Logo, o investimento deverá ser aceito, uma vez que a soma do valor atual 
dos fluxos dos próximos três anos, descontados à taxa de 12% a.a., é de R$ 
1.200.916,00, superior ao valor de R$ 1.000.000,00 a ser investido. 
A Taxa Interna de Retorno – TIR representa a taxa de desconto que 
iguala, em determinado momento (geralmente usa-se a data de início do 
investimento – momento zero), as entradas com as saídas previstas de caixa. 
Nesse modelo, em vez de se buscar o VPL do fluxo futuro, busca-se a taxa de 
juros que iguala o total dos fluxos futuros, descontado o valor do investimento 
inicial (Padoveze, 2018). A fórmula é a seguinte: 
 
𝐼 (0) =
1
(1 + 𝑖)
+
2
(1 + 𝑖)
+ ⋯ +
𝑛
(1 + 𝑖)
 
 I (0) = Investimento inicial no período 0 
 FF = Fluxos futuros dos períodos 1 a n 
 i = taxa de juros que iguala a equação 
FF (n) FF (2) FF (1) 
 
 
22 
Usando o mesmo exemplo do VPL, teremos como resultado a tabela 
abaixo. 
Tabela 8 – Resultada da TIR - Excel 
 A B 
1 Taxa Interna de Retorno 
2 Investimento a ser feito (Ano 0 ou T0) – $ (1.000.000) 
3 Fluxo futuro de benefícios 
4 Ano 1 (T1) 500.000 
5 Ano 2 (T2) 500.000 
6 Ano 3 (T3) 500.000 
7 Total 1.500.000 
8 TIR = (B2:B6) 23,3752% 
Fonte: Padoveze, 2018. 
Para o cálculo da TIR, utilizou-se a planilha do Excel. 
 O Excel exige que o investimento inicial esteja com sinal negativo. 
Esse valor está́ na célula B2, enquanto os três fluxos futuros estão nas 
células B4, B5 e B6. 
 A fórmula exigida pelo Excel para calcular a TIR com essas células é = 
TIR (B2:B6). 
 O resultado é imediato, 23%; aumentando casas decimaispara até quatro 
casas tem se: 23,7352%, que é a taxa anual. 
 Utilizando essa taxa para descontar os fluxos futuros, aplicados no 
modelo de VPL, temos que o valor atual dos fluxos futuros, descontados 
23,752% ao ano, é de R$ 1.000.000,00, comprovando a TIR. 
Tabela 9 – Valor Presente Líquido dos fluxos futuros com taxa de 23,3752% 
 Fluxo Futuro Taxa de desconto Valor atual do fluxo de caixa 
 A B C= (A/B) 
Ano 1 500.000 1,233752 405.268 
Ano 2 500.000 1,5221438 328.484 
Ano 3 500.000 1,8779479 266.248 
TOTAL 1.500.000 1.000.000 
Taxa de desconto: 
𝑓ó𝑟𝑚𝑢𝑙𝑎 𝑑𝑎 𝑡𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑑𝑒𝑠𝑐𝑜𝑛𝑡𝑜 = (1 + 𝑖)𝑛 
𝑡𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑑𝑒𝑠𝑐𝑜𝑛𝑡𝑜 = 𝑖 
𝑃𝑒𝑟í𝑜𝑑𝑜 (𝑎𝑛𝑜𝑠) = 𝑛 
𝑡𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑑𝑒𝑠𝑐𝑜𝑛𝑡𝑜 𝑖 = (1 + 0,23372) = 1,233752 
Período (anos) Fórmula Usando calculadora simples Taxa de desconto 
Ano 1 (1 + 0,233752)1 1,233752 1,233752 
Ano 2 (1 + 0,233752)2 (1,233752 x 1,233752) 1,522143998 
Ano 3 (1 + 0,233752)3 (1,233752 x 1,233752 x 1,233752) 1,877948201 
Fonte: Elaborado com base em Padoveze, 2018. 
 
 
23 
Para avaliação de propostas de investimento, o cálculo TIR requer, 
basicamente, o conhecimento dos montantes de dispêndio de capital (ou 
dispêndios, se o investimento prevê mais de um desembolso de caixa) e dos 
fluxos de caixa líquidos incrementais gerados pela decisão. 
Já os períodos de payback consistem na determinação do tempo 
necessário para que o investimento inicial seja recuperado pelas entradas de 
caixa promovidas pelo investimento. Indica às empresas que aceitam projetos 
de alto risco quando podem recuperar seu investimento. Além disso, informa 
àquelas com recursos limitados com que rapidez os fundos investidos em dado 
projeto estarão disponíveis para projetos futuros. É uma informação 
complementar ao processo decisório e eventualmente significativa quando, além 
do retorno do investimento, o tempo de recuperação é importante (Padoveze, 
2018). 
Vamos manter o mesmo exemplo para aplicação do payback, 
conforme expresso na tabela. 
Tabela 10 – Cálculo do payback 
 Fluxo Futuro 
($) 
Taxa de 
desconto 
Valor atual do fluxo 
de caixa ($) 
Investimento inicial $ 
1.000.000 
 A B C = (A/B) Saldo a recuperar 
Ano 1 500.000 1,12 446.429 553.571 
Ano 2 500.000 1,2544 398.597 154.974 
Ano 3 500.000 1,404928 355.890 - 
Total 1.500.000 1.200.916 - 
 Ao analisar a tabela, verificamos no ano 1 o saldo do investimento de R$ 
1.000.000,00 – R$ 446.429; teremos um saldo a recuperar no ano 2 de 
R$ 553.571, descontando 398.597 do valor presente atual; o saldo de R$ 
154.974,00 será liquidado só no ano 3. 
 O saldo de R$ 154.974,00 equivale a 43,55% do fluxo do terceiro ano, que 
representa 5,2 meses (R$ 154.974,00/355.890 × 12 meses = 5,2 meses). 
 Somando esse período aos dois primeiros anos, (2 anos + 5,2 meses) 
teremos um payback de 2 anos e 5,2 meses. 
 Logo, considerando a taxa de 12% a.a., o payback médio é de 2,43 anos 
Em síntese, as decisões de capital levam em conta o custo do capital com 
suas referidas taxas de juros. Entende-se que essas decisões devem ser 
baseadas nos modelos decisórios para avaliação de investimentos, e 
concomitantemente financiamentos. Logo, as decisões de investimentos de 
 
 
24 
capital devem estar previstas nos planos estratégicos, desdobrados nos planos 
operacionais, mais especificamente no plano de orçamento de capital, 
investimento e financiamento do planejamento operacional. 
TEMA 5 – CONTROLE ORÇAMENTÁRIO E FINANCEIRO 
A controladoria utiliza-se de diversas ferramentas desenvolvidas pela 
contabilidade gerencial, para o pleno êxito em sua missão de colaborar 
efetivamente na gestão das organizações. Nesse contexto, o orçamento 
apresenta-se como ferramenta de controle e gestão operacional. 
 A implantação de um processo de controle orçamentário e financeiro 
facilita sobremaneira a administração empresarial. Desse modo, o controller 
precisa dominar, além das funções tradicionais inerentes da sua função, 
conhecimentos teóricos e práticos dos conceitos e metodologias utilizados na 
montagem, implantação e posterior acompanhamento do sistema orçamentário. 
(Oliveira; Perez; Silva, 2015). 
5.1 Plano orçamentário 
Orçar significa processar todos os dados constantes do sistema de 
informação contábil de hoje, introduzindo os dados previstos para o próximo 
exercício, considerando as alterações já definidas para o próximo exercício 
Padoveze (2012). 
Segundo Oliveira, Perez e Silva (2015), o orçamento empresarial pode ser 
definido como sendo a quantificação do planejamento estratégico da empesa. É 
a tradução quantitativa das metas de receitas, ganhos, despesas e perdas, bem 
como os fluxos futuros de caixa e patrimônio da empresa. 
A elaboração de orçamentos envolve muito tempo e esforço; os 
resultados do processo orçamentário devem ser úteis para orientar a condução 
das operações reais e fazer parte do processo de avaliação de desempenho 
(Garrison; Noreen; Brewer, 2012). As dotações orçamentárias são previstas no 
planejamento estratégico da empresa, sendo criadas no início do período 
orçamentário, que é válido somente para o nível de atividade planejado. Assim, 
um plano orçamentário: 
 É uma ferramenta para controle e planejamento de curto prazo nas 
empresas; 
 
 
25 
 Abrange pelo menos um exercício social, um ano, e determina as receitas 
e despesas planejadas para aquele ano. 
A preparação de um orçamento operacional, conforme Padoveze (2012), 
tem quatro objetivos principais: 
1. Ajustar o planejamento estratégico; 
2. Ajudar a coordenar as diversas partes da organização; 
3. Designar responsabilidade aos gerentes, autorizar as quantias permitidas 
para gastar, e informá-los do desempenho que esperado deles; 
4. Obter comprometimento, que é a base para avaliar o desempenho atual 
de um gerente. 
 5.2 Organização e processo de elaboração 
O sistema orçamentário compreende um conjunto de pessoas, 
tecnologias administrativas, sistemas de informação, recursos materiais 
disponibilizados e administração do sistema para execução dos planos 
orçamentários. Na organização do processo orçamentário, o comitê 
orçamentário, formado por gestores da alta cúpula administrativa, é responsável 
pela aprovação do plano anual, pela definição das premissas e pelas regras que 
norteiam o processo e execução do plano, além do modelo do processo 
orçamentário (Padoveze, 2012). 
A elaboração, organização e execução do planejamento orçamentário é 
considerada, na maioria das organizações, como uma das principais atribuições 
do controller, responsável por: 
 Estruturar e monitorar o sistema de informação contábil; 
 Definir as tecnologias de informação; 
 Definir os sistemas de apoio para execução de cálculos e lançamentos 
orçamentários; 
 Preparar e emitir relatórios para acompanhamento e controle; 
 Estabelecer um cronograma para execução do orçamento em todas as 
suas fases; 
 Acompanhar o processo de elaboração previsão, re-projeção e controle. 
O período e o processo de elaboração do orçamento dependem de cada 
empresa, do seu tamanho, da sua estrutura organizacional, se é empresa única, 
 
 
26 
ou se é um grupo corporativo nacional, grupo corporativo multinacional etc. 
Normalmente, as empresas começam a elaborar seus orçamentos nos meses 
de julho e agosto do ano anterior ao exercício a ser orçado (Padoveze, 2012). 
No entanto, não se trata de uma regra geral, pois o tipo de atividade, porte 
e/ou sazonalidade. Por exemplo, podem influenciar o período em que a empresa 
começa a planejar. Desse modo, algumas empresas podem elaborar mais de 
um orçamento para determinado exercício, como é o caso das indústrias têxtil, 
que elaboram um plano orçamentário para a moda verão e outro para a moda 
inverno. 
5.3 Antecedentes à montagem do orçamento 
A elaboração do orçamento segue a sequência do planejamento 
estratégico, que permite focar num horizontemenor de um exercício social, nas 
ações mais importantes. Assim, os antecedentes à montagem do orçamento 
são: 
 Diretrizes: Correspondem ao briefing (instrução ou informação essencial) 
da alta administração, direcionando as ações para os vários segmentos; 
 Cenários: O cenário deve abranger, dentre outros elementos, os 
aspectos ambientais externos que possam afetar o negócio da 
organização, como o cenário político, econômico, mercadológico 
(clientes, fornecedores, concorrência, etc.), entre outros. A técnica da 
construção dos cenários procura traduzir as variáveis macroeconômicas 
com pelo menos três cenários prováveis para simulação do orçamento: 
otimista, moderado e pessimista. 
 Premissas (ou pressupostos): São definidas antes do processo de 
planejamento a ser iniciado, e resultam de decisões da alta cúpula 
administrativa. Levam em consideração dados históricos e perspectivas 
futuras. Podem ser classificadas em operacionais (como programas de 
produção e vendas, números de funcionários) de estruturação (como 
moeda, taxas de câmbio) e econômico-financeiras (como inflação, juros, 
variação cambial e variação dos preços de insumos, mão de obra). 
 Pré-Planejamento: Consiste em um exercício que permite antever as 
principais tendências esperadas. Fundamenta-se na projeção dos 
demonstrativos contábeis, para análise de provável desempenho. 
 
 
27 
Um orçamento deve ser elaborado levando-se em conta a seguinte 
sequência de etapas: 
 Lição de casa preparatória para o orçamento: princípios gerais de 
planejamento, diretrizes dos cenários, premissas e pré-planejamento; 
 Plano de marketing; 
 Plano de suprimentos, produção e estocagem (PSPE); 
 Plano de investimentos nos ativos de longo prazo; 
 Plano de recursos humanos; 
 Plano financeiro. 
 Nesse entendimento, o orçamento é uma extensão do planejamento 
estratégico; ou seja, compõe os planos de ação das empresas com vistas à 
cumprir os objetivos e metas organizacionais. 
5.4 Estrutura do plano orçamentário 
O plano orçamentário contempla três grandes segmentos: (1) O 
orçamento operacional; (2) O orçamento de investimentos e financiamentos; e 
(3) A projeção dos demonstrativos contábeis (Padoveze, 2012). É o 
planejamento que contém mais peças orçamentárias, pois engloba todos os 
orçamentos específicos da estrutura hierárquica da empresa, como áreas 
administrativa, comercial e de produção. 
O orçamento operacional compreende peças orçamentárias: 
orçamento de vendas (marketing); orçamento de produção; orçamento de 
compras de materiais e estoques; e orçamento de despesas departamentais. 
O orçamento de vendas é ponto chave do orçamento operacional, pois 
corresponde ao ponto de partida de todo o processo de elaboração das peças 
orçamentárias. Na maioria das empresas, é fator limitante (Padoveze, 2012). 
Compreende as etapas de: 
 Previsão de vendas em quantidade para cada produto; 
 Previsão dos preços para os produtos e seus mercados; 
 Identificação dos impostos sobre vendas; 
 Orçamento de vendas em moeda corrente do país 
 Projeção do saldo final de contas a receber. 
 
 
28 
Vejamos agora exemplos para a elaboração do orçamento anual. Todas 
as tabelas a seguir levam em consideração um ano de 360 dias para cálculos 
dos prazos médios. 
Tabela 11 – Exemplo de orçamento de vendas 
PRODUTO A 
Quantidade vendidas 6.000 
Preço de venda unitário $ 21,00 
Receita Líquida de Vendas (6.000 unidades x $ 21,00) = 126.000,00 
Imposto sobre vendas 18% 
Imposto sobre vendas (126.000 x18%) = 22.680,00 
Receita bruta de vendas (126.000,00 + 22.680) = 148.680,00 
Prazo médio de recebimento de 
vendas 
 28 dias 
Saldo da conta Clientes 
(Receita Bruta/360dias X28 dias) 
$ 148.680
360 𝑑𝑖𝑎𝑠 
𝑥28 𝑑𝑖𝑎𝑠 = *11.564,00 
*Calculando o saldo final da conta clientes: fórmula: (Receita Bruta/360X28 dias) 
Fonte: Elaborado com base em Padoveze, 2012. 
O orçamento de produção decorre dos dados projetados no orçamento 
de vendas. Considera, além da demanda produtiva para atender a vendas, a 
política de estoques da empresa, estoques iniciais de produtos acabados, e o 
orçamento de produção em unidades. Na Tabela 12, entende-se por exemplo 
que, para vender 6.000 unidades, a empresa deve considerar que já tem em 
estoques 1.000 unidades de produtos acabados, e espera deixar como estoque 
final do mês e inicial do próximo mês um estoque de mínimo 583 unidades 
(informação obtida pelos prazos médios de giro do estoque, obtido da seguinte 
forma: 6000 unidades x 360 dias do anos x 35 dias). Assim, para atender a essa 
demanda, a empresa precisa produzir 5.583 unidades nesse período. 
Tabela 12 – Exemplo de orçamento de produção 
PRODUÇÃO (em unidades) Dados Produto A 
Vendas Orçadas Tabela 6 Unid. 6.000 
Estoque Inicial – Produtos acabados 
Saldo do início do 
exercício - Balanço 
Unid. 1.000 
Estoque Final - Produtos acabados 
Prazo médio de 
estocagem em dias do 
produto 
Dias 35 
Estoque Final – Produtos acabados 
Saldo final desejado para início do 
próximo período 
𝐸𝐹𝑃𝐴 = 
6.000
360
𝑥 35 Unid. 583 
 
 
29 
Produção Orçada em unidades (6.000 – 1.000 + 583) = Unid. 5.583 
Fórmula: 
𝐸𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒 𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 𝑜𝑟ç𝑎𝑑𝑜 =
𝑣𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠 𝑜𝑟ç𝑎𝑑𝑜𝑠 
360 𝑑𝑖𝑎𝑠
𝑥 𝑃𝑟𝑎𝑧𝑜 𝑚é𝑑𝑖𝑜 𝑑𝑒 𝑒𝑠𝑡𝑜𝑐𝑎𝑔𝑒𝑚 𝑒𝑚 𝑑𝑖𝑎𝑠 
𝐸𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒 𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 𝑜𝑟ç𝑎𝑑𝑜 =
6.000
360
𝑥 35 = 583, 33 𝑜𝑢 583 𝑢𝑛𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑠 
Fonte: Elaborado com base em Padoveze, 2012. 
Na sequência, temos o orçamento de compras e estoques de 
materiais. Tendo elaborado o orçamento de produção em unidades, podemos 
elaborar o orçamento de compras e estoques de materiais. Essa peça 
orçamentária demanda conhecimento da estrutura dos produtos, como tipos de 
materiais e componentes que serão utilizados para produzir cada unidade de 
produto acabado, e também as alíquotas de impostos. Essa peça orçamentaria 
comporta, conforme apresentado na Tabela 13, orçamento de estrutura do 
produto, consumo de materiais, compra de materiais, orçamento de impostos e 
o saldo da conta de fornecedores a pagar. 
Tabela 13 – Orçamento de estoques e consumo de materiais 
Ano/Mês 1 Produto A 
A. Orçamento de Estrutura do 
Produto 
 
 
Custo dos Materiais por Produto – 
Atual 
 $10,00 
Estima de Aumento de Custo (anual) 5% 
Orçamento de Custo dos Materiais 
Orçado por unidade. 
($ 10,00 + ($ 10,00 x 5%) $ 10,50 
 
B. Consumo de Materiais 
 
Quantidade de Produção Orçada Unidades 5.583 
Custo de Materiais Orçado $ 10,50 
Consumo de Materiais Orçado (5.583 *10,50) = $ 58. 621,50 
 
C. Estoque Final de Materiais 
 
Prazo Médio de Estocagem de 
Materiais 
Dias 30 
Estoque Inicial – Real Estoques (dados do balanço) $10.000,00 
Estoque Final Orçado de Materiais (Consumo orçado/360*30) 
($ 58.621,50 /360 x30) = 
 $ 4.885.13 
Orçamento de Consumo de 
Materiais 
($ 58.621,50 -10,000+ 4885,13) ) = $ 53.506,63 
Fonte: Elaborado com base em Padoveze, 2012. 
Tendo elaborado o orçamento de consumo e estoque final de materiais, 
elabora-se o orçamento de compras de materiais. Nesse exemplo, parte-se do 
pressuposto de que o preço dos materiais está livres de impostos; logo, na 
 
 
30 
simulação o orçamento de compras parte das compras líquidas, conforme 
apresentado na Tabela 14. 
Tabela 14 – Orçamento de compras de materiais 
D. Orçamento de Compras 
D. Orçamento de Compras – Líquido $ 53.506,63 
(+) Impostos sobre Compras 18% $ 9.631,19 
Orçamento de Compras – Bruto ($53.506,63 + $ 9.631,19) = $ 63.137,82 
Orçamento de Fornecedores 
Prazo Médio de Pagamento 14 
Saldo Final de Duplicatas a Pagar 
(Compras brutas/360x14) 
($ 63.137,82 /360 x14) 2,455,36 
Fonte: Elaborado com base em Padoveze, 2012. 
Na sequência, temos o orçamento de estoque de produtos acabados 
e custos dos produtos vendidos. Após a elaboração do orçamento de compras 
e consumo, elabora-se oorçamento de produtos acabados e dos custos dos 
produtos vendidos, conforme exposto na Tabela 15. 
Tabela 15 – Orçamento de custos dos produtos vendidos 
Ano/Mês 1 Dados Produto A 
Estoque Inicial – Produtos Acabados Dados do balanço unid. 1.000 
Estoque Inicial – Produtos Acabados Dados do balanço $ 10.000 
Orçamento de Custos de Produção 
 Consumo de Materiais 
$ 
53.506,63 
 Produção Orçada unid. 5.583 
 
Total – Estoque Inicial + Produção ($10.000 + $ 53.506,63) = $ 63.506,63 
Total – Estoque Inicial + Produção (1.000 unidades + 5.583 unidades) = 6.583 
Custo Médio Ponderado Orçado ($ 63.506,63 / 6.583 unidades) 9,65 
 
Quantidade 
 
 
 Vendida Orçamento de vendas em unidades 6.000 
 Do Estoque Final Estoque final em unidades. 583 
Custo dos Produtos 
 Vendidos (Unidades vendidas x Custo médio ponderado) 
6.000 x 9,65 = 
$ 57.900 
 Do Estoque Final 
(Estoque final em unidade x custo médio 
ponderado) 
583 x 9,65 = 
$ 5.625,95 
Fonte: Elaborado com base em Padoveze, 2012. 
 Para finalizar, seguimos com os últimos três. Temos o orçamento de 
imposto a recolher. Após elaborado os orçamentos de vendas com impostos a 
 
 
31 
recolher e o orçamento de compras com impostos a recuperar, elabora -se o 
orçamento de apuração de impostos a pagar. 
Então, o orçamento de despesas gerais. Uma das peças orçamentárias 
mais demoradas para elaboração, e mais extensas, é o orçamento de despesas 
gerais. Segundo Padoveze (2012), deve-se elaborar uma peça orçamentária 
para cada setor e departamento, seguindo a hierarquia da empresa. 
E por fim, o orçamento de investimentos e financiamentos. Esse 
segmento do plano orçamentário tem por finalidade fazer a orçamentação dos 
demais componentes do balanço patrimonial e da demonstração do resultado 
que não foram contemplados no orçamento operacional. Essa peça 
orçamentária se liga ao planejamento de longo prazo da empresa, decorrente 
das decisões de investimentos e financiamentos. 
5.5 Projeção das demonstrações contábeis 
Elaborado o plano orçamentário operacional e de investimentos e 
financiamentos, elabora-se a projeção das demonstrações contábeis a partir das 
informações coletadas no orçamento operacional e de financiamentos. Seu 
objetivo é o controle e a análise de desempenho. São projetados os seguintes 
relatórios contábeis: 
 Demonstração projetado do fluxo de caixa: Determina o nível de caixa 
previsto da empresa para o período orçado. 
 Balanço patrimonial projetado: Especifica os recursos empregados e 
as fontes de financiamentos. 
 Demonstração projetada de resultados: Mostra o nível de vendas e 
custos e as despesas projetadas para o período, para projeção do lucro 
desejado. 
Em síntese, o planejamento e o controle financeiro consistem em adequar 
os recursos exigidos para executar as atividades operacionais e de 
investimentos da empresa, avaliando as possíveis fontes de recursos e o 
impacto sobre o lucro (Hoji, 2014). O orçamento tem como objetivo controlar e 
assegurar que as metas e objetivos previamente traçados no planejamento 
estratégico da empresa sejam alcançados e mensurados, por meio da avaliação 
de desempenho das atividades operacionais e financeiras. 
 
 
32 
TROCANDO IDEIAS 
Estudamos nesta aula as principais atividades do sistema de 
planejamento e execução operacional em uma empresa. Considerando o 
exposto, investigue, no âmbito organizacional da cúpula administrativa, como 
os controllers ou gestores executam o orçamento operacional. Tome como 
base para discussão, a empresa em trabalha ou outra empresa que conheça e 
que tenha na sua cultura organizacional ferramentas de planejamento e controle 
para tomada de decisão. 
NA PRÁTICA 
Com base no conteúdo estudado, responda as seguintes questões: 
1. Qual o papel da controladoria na estrutura de capital de uma organização 
empresarial? 
2. Quais os principais métodos de análise de investimentos de capital? 
3. Qual a função do controle orçamentário e financeiro no sistema de 
planejamento e execução operacional? 
FINALIZANDO 
 Nesta aula, estudamos de forma ordenada o papel da controladoria no 
sistema de planejamento e execução operacional. 
Figura 2 – Finalizando 
 
Tema 1 – Atuação da 
controladoria na determinação 
da estrutura do Ativo. 
Estudamos as decisões de 
investimentos de capital de giro 
e ativo fixo e as decisões de 
investimentos. 
Tema 2 – Atuação da 
controladoria na determinação 
da estrutura do Passivo. Foram 
abordadas as decisões de 
financiamentos e custo de 
capital da empresa. 
Tema 3 – Ciclos operacional, 
econômico e financeiro. Neste 
tema, estudamos como se dão 
as atividades de gestão 
operacional, com prazos e 
índices de giro sob o enfoque 
dos ciclos de funcionamento do 
capital de giro. 
Tema 4 – Análise de 
investimentos de capital sob a 
importância do orçamento de 
capital e os métodos de 
avaliação do capital. 
Tema 5 – Controle orçamentário e financeiro. Por 
fim, estudamos a operacionalização do 
planejamento e o controle operacional por meio 
do orçamento e projeções das demonstrações 
contábeis. 
 
 
33 
REFERÊNCIAS 
ANTHONY, R. N.; GOVINDARAJAN, V. Sistemas de controle gerencial. Porto 
Alegre: AMGH, 2008. 
ASSAF NETO, A.; LIMA, F. G. Curso de administração financeira. 3. ed. São 
Paulo: Atlas, 2014. 
_____. Fundamentos de administração financeira. 3. ed. São Paulo: Atlas, 
2016. 
BORINELLI, M. L.; PIMENTEL, R. C. Contabilidade para gestores, analistas 
e outros profissionais. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2017. 
BREALEY, R. A.; MYERS, S. C.; ALLEN, F. Princípios de finanças 
corporativas. Porto Alegre: AMGH, 2018. 
FIGUEIREDO, S.; CAGGIANO, P. C. Controladoria: teoria e prática. 5. ed. São 
Paulo: Atlas, 2017. 
GARRISON, R. H.; NOREEN, E. W.; BREWER, P. C. Contabilidade Gerencial. 
14. ed. Porto Alegre: AMGH, 2012. 
HOJI, M. Administração financeira na prática. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2014. 
OLIVEIRA, L.; PEREZ JR., J. H.; SILVA, C. A. S. Controladoria estratégica: 
Textos e Casos Práticos com Solução. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2015. 
PADOVEZE, C. L. Controladoria estratégica aplicada: conceitos, estrutura e 
sistema de informações. São Paulo: Cengage Learning, 2018. 
_____. Planejamento orçamentário. São Paulo: Cengage Learning, 2012.

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