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2 Camila Medeiros | Biomedicina | 3º período Via Glicolítica INTRODUÇÃO A glicose ocupa uma posição importante no metabolismo de plantas, animais e muitos microrganismos. Sua forma armazenada, como amido (plantas) e glicogênio (seres humanos e animais), pode ser estocada em grandes quantidades de unidades de hexoses. Quando a demanda de energia aumenta, a glicose pode ser liberada desses polímeros (amido e glicogênio) de seu armazenamento intracelulares e utilizada para produzir ATP. Em animais e em vegetais vasculares, a glicose tem quatro destinos principais: 1) usada na síntese de polissacarídeos complexos direcionados ao espaço extracelular. 2) armazenada nas células (como polissacarídeo ou como sacarose) 3) oxigenada a compostos de três átomos de carbonos (piruvato) por meio da glicólise, parar fornecer ATP e intermediários metabólicos. 4) oxidada pela via das pentoses-fosfato (fosfogliconato) produzindo ribose- 5-fosfato para a síntese de ácidos nucleicos e NADPH para processos biossintéticos redutores. GLICÓLISE Uma molécula de glicose gera duas moléculas de um composto de três átomos de carbono, o piruvato. Durante as reações sequencias da glicólise, parte da energia livre da glicose é conservada na forma de ATP e NADH. A glicólise é uma via central do catabolismo da glicose, a via com o maior fluxo de carbono na maioria das células. Fermentação: é um termo geral para degradação anaeróbica da glicose, ou de outros nutrientes orgânicos para obtenção de energia, conservada como ATP. VIA GLICÓLITICA A quebra da glicose em duas moléculas de piruvato, cada uma com três carbonos, ocorre em 10 etapas, sendo que as primeiras 5 constituem a fase preparatória ou de investimento. Na fase preparatória da glicólise, a energia do ATP é consumida, aumentando o conteúdo de energia livre dos intermediários, e as cadeias de todas as OBS: a quebra glicolítica da glicose é a única fonte de energia metabólica em alguns tecidos e células de mamíferos. exemplos: eritrócitos, medula renal, encéfalo e esperma. 3 Camila Medeiros | Biomedicina | 3º período hexoses metabolizadas são convertidas em um produto comum, o gliceraldeído-3- fosfato. O ganho de energia provém da fase de pagamento da glicólise. O rendimento líquido são duas moléculas de ATP por molécula de glicose utilizada, já que duas moléculas de ATP foram consumidas na fase preparatória. FASE PREPARATÓRIA 1ª ETAPA: FOSFORILAÇÃO DA GLICOSE Na primeira etapa da glicólise, ocorre uma fosforilação no carbono 6, formando glicose-6-fosfato, com ATP como doador de grupo fosforila. É uma reação irreversível, catalisada pela hexocinase. 2ª ETAPA: CONVERSÃO DE GLICOSE- 6-FOSFATO EM FRUTOSE-6-FOSFATO É uma isomerização reversível da glicose-6- fosfato (aldose) a frutose-6-fosfato (cetose), catalisada pela enzima fosfo-hexose- isomerase (fosfoglicose-isomerase). 3ª ETAPA: FOSFORILAÇÃO DA FRUTOSE-6-FOSFATO A FRUTOSE- 1,6-BIFOSFATO É uma reação irreversível, semelhante a primeira fase da via glicolítica, onde a enzima fosfofrutocinase 1 (PFK-1) catalisa a transferência de um grupo fosforila do ATP para a frutose-6-fosfato, formando frutose- 1,6-bisfosfato. HEXOCINASE: é uma cinase, ou seja, é uma enzima que catalisa a transferência do grupo fosforila terminal do ATP a um aceptor nucleofílico. Requer Mg2+ para sua atividade, visto que o verdadeiro substrato é MgATP2-. O Mg2+ protege as cargas negativas dos grupos fosforila do ATP, tornando o átomo de fósforo terminal um alvo mais fácil para o ataque nucleofílico por um grupo –OH da glicose. ISOMERIZAÇÃO: é a transformação de uma substância em isômero. ISÔMEROS: são moléculas com fórmulas idênticas, mas com estruturas distintas. 4 Camila Medeiros | Biomedicina | 3º período Essa reação é essencialmente irreversível em condições células, é a primeira etapa “comprometida” da via glicolítica; a glicose6-fosfato e a frutose-6-fosfato têm outros destinos possíveis, mas a frutose-1,6- bisfosfato é direcionada para a glicólise. 4ª ETAPA: CLIVAGEM DA FRUTOSE- 1,6-BISFOSFATO É uma reação reversível, catalisada pela frutose-1,6-bisfosfato-aldolase (aldolase). A frutose-1,6-bisfosfato é clivada para a formação de duas trioses-fosfato diferentes; a aldose gliceraldeído-3-fosfato e a cetose di-hidroxiacetona-fosfato. 5ª ETAPA: INTERCONVERSÃO DAS TRIOSES-FOSFATO Somente a di-hidroxiacetona-fosfato participará dessa etapa, visto que o objetivo é formar dois gliceraldeído-3-fosfato. A di- hidroxiacetona-fosfato, é rápida e reversivelmente convertida em gliceraldeído-3-fosfato pela enzima triose- fosfato-isomerase. O mecanismo de reação é semelhante ao da reação promovida pela fosfo-hexose- isomerase na etapa 2 da glicólise. PFK-1: é chamada assim, para distingui-la de uma segunda enzima (PFK-2), que catalisa a formação de frutose-2,6- bifosfato a partir de frutose-6-fosfato em uma via distinta. Convenção-chave: compostos com dois grupos fosfato ou fosforila ligados em diferentes posições de moléculas são chamados de bisfosfatos (ou compostos bisfofo). Existem duas classes de aldolases • Aldolases da classe I: encontradas em animais e vegetais. • Aldolases da classe II: encontradas em fungos e bactérias. OBS: A reação da aldolase tem uma variação da energia padrão fortemente positiva no sentido de clivar a frutose- 1,6-bisfosfato. No entanto, nas baixas concentrações dos reagentes presentes na célula a variação real da energia livre é pequena e a reação da aldolase é prontamente reversível. processo onde a aldolase age no sentindo reverso durante o processo de gliconeogênese. 5 Camila Medeiros | Biomedicina | 3º período FASE DE PAGAMENTO A fase de pagamento da glicólise inclui as etapas de fosforilação que conservam energia, nas quais parte da energia química da molécula da glicose é conservada na forma de ATP e NADH. 6ª ETAPA: OXIDAÇÃO DO GLICERALDEÍDO-3-FOSFATO A 1,3- BISFOSFOGLICERATO É uma reação reversível, onde ocorre a oxidação do gliceraldeído-3-fosfato a 1,3- bifosfoglicerato, catalisada pela enzima gliceraldeído-3-fosfato-desidrogenase. Note que o H do carbono 1 e o H do fosfato inorgânico sai da reação para se ligar ao NAD+, formando o NAD + H+. 7ª ETAPA: TRANSFERÊNCIA DE UMA FOSFORILA DO 1,3- BISFOSFOGLIGERATO PARA O ADP É uma reação reversível, onde a enzima fosfoglicerato-cinase transfere o grupo Essa reação completa a fase preparatória da glicólise. A molécula de hexose foi fosforilada no C-1 e no C-6 e, então, clivada para formar duas moléculas de gliceraldeído-3-fosfato. OBS: A conversão das duas moléculas de gliceraldeído-3-fosfato em duas de piruvato é acompanhada pela formação de quatro moléculas de ATP a partir de ADP. No entanto, o rendimento líquido é de apenas dois, já que gastamos dois ATP na fase preparatória. OBS: O grupo aldeído do gliceraldeído-3- fosfato é oxidado a um anidrido de ácido carboxílico com ácido fosfórico e não a um grupo carboxila livre como eventualmente acontece. Esse tipo de anidrido, chama-se acil- fosfato. OBS: O gliceraldeído-3-fosfato é covalentemente ligado à desidrogenase durante a reação. O grupo aldeído do gliceraldeído-3-fosfato reage com o grupo -SH de um resíduo de Cys essencial no sítio ativo, em reação análoga à formação de um hemiacetal, nesse caso produzindo um tio- hemiacetal 6 Camila Medeiros | Biomedicina | 3º período fosforila de alta energia do grupo carboxila do 1,3-bifosfoglicerato para o ADP, formando ATP e 3-fosfoglicerato. 8ª ETAPA: CONVERSÃO DE 3- FOSFOGLICERATO EM 2- FOSFOGLICERATO A enzima fosfoglicerato-mutase catalisa o deslocamento reversível do grupo fosforila entre o carbono 2 para o carbono 3 do glicerato; o Mg2+ é essencialpara essa reação. Essa reação ocorre em duas etapas: O grupo fosforila acoplado a um resíduo de His da mutase é transferido a um grupo hidroxila em carbono 2 do 3-fosfoglicerato, formando então o 2,3-bisfosfoglicerato (2,3- BPG). O grupo fosforila no carbono 3, do 2, 3-BPG é, então, transferido para o mesmo resíduo de His, produzindo 2-fosfoglicerato e regenerando a enzima fosforilada. Segue o sequência das reações. 1. 3-fosfoglicerato 2. 2,3-bifosfoglicerato 3. 2-fosfoglicerato 9ª ETAPA: DESIDRATAÇÃO DO 2- FOSFOGLICERATO PRODUZIDO FOSFOENOLPIRUVATO A enzima enolase promove a remoção reversível de uma molécula de água, ou seja, desidratação, do 2-fosfoglicerato para gerar fosfoenolpiruvato (PEP): 10ª ETAPA: TRANSFERÊNCIA DO GRUPO FOSFORILA DO FOSFOENOLPIRUVATO PARA O ADP Essa é última etapa da via glicolítica. Irá ocorrer a transferência do grupo fosforila do fosfoenolpiruvato para o ADP, catalisada OBS: a fosfoglicerato-cinase tem esse nome devido à reação inversa, na qual ocorre a transferência de grupo fosforila do ATP para o 3-fosfoglicerato. 7 Camila Medeiros | Biomedicina | 3º período pela piruvato-cinase, que exige K+ e Mg2+ ou Mn2+: OBS: Nesta fosforilação no nível do substrato, o piruvato resultante aparece incialmente em sua forma enólica, depois tautomeriza de modo rápido e não enzimático à sua forma cetônica.
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