Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
FUNDO DE GARANTIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO - FGTS Indenização por tempo de serviço: conceito, fundamentos jurídicos e evolução histórica. O sistema do FGTS: evolução histórica, opção com caráter retroativo e hipóteses de movimentação. INDENIZAÇÃO POR TEMPO DE SERVIÇO – ASPECTOS DA EVOLUÇÃO HISTÓRICA – ANTES DA CRFB/88 A CLT estipulava um sistema de proteção ao tempo de serviço e ao contrato de trabalho que combinava dois insitutos: a indenização por tempo de serviço e, em seguida, a estabilidade no emprego, com vistas a assegurar o princípio da continuidade da realação de emprego. A referida indenização era inerente aos contratos de duração indeterminada, regulando-se pelos arts. 477 (antiga redação – Lei 5562/68) e 478 da CLT. Art. 477 da CLT (antiga redação): “É assegurado a todo empregado, não existindo prazo estipulado para a terminação do respectivo contrato, e quando não haja ele dado motivo para a cessação da relação de trabalho, o direito de haver do empregador uma indenização paga na base da maior remuneração que tenha percebido na mesma empresa.” Art. 478 da CLT: “A indenização devida pela rescisão de contrato por prazo indeterminado será de 1 (um) mês de remuneração por ano de serviço efetivo, ou por ano e fração igual ou superior a 6 (seis) meses.” INDENIZAÇÃO POR TEMPO DE SERVIÇO – ASPECTOS DA EVOLUÇÃO HISTÓRICA – ANTES DA CRFB/88 ESTABILIDADE DECENAL: Considerava-se estável o empregado que contasse com mais de 10 (dez) anos de serviço na mesma empresa, não podendo ser dispensado, salvo por motivo de falta grave ou circunstância de força maior devidamente comprovadas (art. 492 da CLT). INDENIZAÇÃO EM DOBRO DO EMPREGADO ESTÁVEL: INDENIZAÇÃO EM DOBRO Reintegração desconselhável (art.496 da CLT) Fechamento do estabecimento sem motivo de força maior (art. 498 da CLT) Dispensa obstativa (art. 499, § 3º da CLT) EVOLUÇÃO HISTÓRICA – ADVENTO DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 A Constituição Federal de 1988 não recepcionou a indenização por tempo de serviço, assim como o conexo instituto da estabilidade no emprego. Art. 7º, III, da CRFB/88: “São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: fundo de garantia por tempo de serviço – FGTS.” OBS: Direito adquirido – art. 5º, XXXVI, da CRFB/88. Para os que ingressaram antes da CRFB/88 e não optaram pelo FGTS à época continuam sendo aplicados os referidos artigos relativamente ao período anterior à Constituição da República. INDENIZAÇÃO POR TEMPO DE SERVIÇO - NATUREZA JURÍDICA e OUTRAS INDENIZAÇÕES RECISÓRIAS NATUREZA JURÍDICA: A natureza salarial da verba estiuplada pelo caput dos arts. 477 (antiga redação) e 478 da CLT é de difícil acolhimento. Corrente majoritária da doutrina entende que a indenização-antiguidade era efetiva parcela indenizatória. OUTRAS INDENIZAÇÕES RESCISÓRIAS: 1 – Indenizações Rescisórias em Contrato a Termos: arts. 479, 480 e 481 da CLT. - Art. 479 da CLT: Sem cláusula assecuratória do direito recíproco de rescisão antecipada. Além das verbas rescisórias pertinentes, será devida a indenização correpondente à metade dos salários que seriam devidos pelo período restante do contrato. - Art. 481 da CLT: Com cláusula assecuratória do direito recíproco de rescisão antecipada. Seguirá as regras próprias do contrato de trabalho por tempo indeterminado. 2 – Indenização por Dispensa Injusa no Trintídio Anterior à Data-base: art. 9º da Lei 6.708/79. Súmula 182 do TST – cômputo da projeção do aviso prévio. FGTS – CONCEITO e EVOLUÇÃO HISTÓRICA CONCEITO: Consiste em recolhimentos pecuniários mensais, em conta bancária vinculada em nome do trabalhador, podendo ser sacado pelo obreiro em situações tipificadas pela ordem jurídica. EVOLUÇÃO HISTÓRICA: - Foi criado pela Lei 5107/66, inicialmente como sistema alternativo ao indenizatório e estabilitário da CLT. O FGTS submetia-se a uma opção escrita por parte do trabalhador, no início do contrato de trabalho. A referida norma facultava também a realização de opção retroativa ao longo do contrato ainda não inserido no sistema do Fundo de Garantia. - A Consitituição Federal de 1988 eliminou a necessidade da opção formal pelo FGTS, generalizando o sistema para o mercado empregatício do pais, quer urbano, quer rural (art. 7º, III, da CF/88). Manteve apenas o empregado doméstico afastado do sistema. - A Lei 5017/66 foi revogada pela Lei 7839/89. Contudo, foi substituída por novo diploma, a hoje vigorante Lei 8036/90 que regulamente o FGTS. - A EC 72/2013 equiparou os empregados domésticos aos empregados urbanos e rurais. A LC 150/2015 regulamanta os direitos dos empregados domésticos. FGTS – CARACTERÍSTICAS PREVISTAS NA LEI 8036/90 1 – RECOLHIMENTO DO FGTS: Em regra, os recolhimentos são imperativos, salvo com relação aos diretores não empregados. Art. 15 da Lei 8036/90: “ Para os fins previstos nesta lei, todos os empregadores ficam obrigados a depositar, até o dia 7 (sete) de cada mês, em conta bancária vinculada, a importância correspondente a 8 (oito) por cento da remuneração paga ou devida, no mês anterior, a cada trabalhador, incluídas na remuneração as parcelas de que tratam os arts. 457 e 458 da CLT e a gratificação de Natal a que se refere a Lei nº 4.090, de 13 de julho de 1962, com as modificações da Lei nº 4.749, de 12 de agosto de 1965.” Art. 16 da Lei 8036/90: “Para efeito desta lei, as empresas sujeitas ao regime da legislação trabalhista poderão equiparar seus diretores não empregados aos demais trabalhadores sujeitos ao regime do FGTS. Considera-se diretor aquele que exerça cargo de administração previsto em lei, estatuto ou contrato social, independente da denominação do cargo.” FGTS – CARACTERÍSTICAS – LEI 8038/90 2 – ACRÉSCIMO RESCISÓRIO – INDENIZAÇÃO DE 40% SOBRE O FGTS - O acréscimo rescisório do FGTS, quando pertinente, também será depositado na conta vinculada do trabalhor, em vez de pago. Art. 18, § 1º, da Lei 8036/90: “Na hipótese de despedida pelo empregador sem justa causa, depositará este, na conta vinculada do trabalhador no FGTS, importância igual a quarenta por cento do montante de todos os depósitos realizados na conta vinculada durante a vigência do contrato de trabalho, atualizados monetariamente e acrescidos dos respectivos juros.” - Reforma Trabalhista – art. 484-A da CLT. FGTS – CARACTERÍSTICAS 3 - SAQUE DO FGTS: - O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço pode ser sacado por seu titular em inúmeras hipóteses legalmente tipificadas (art. 20 da Lei 8036/90). DESTACAM-SE AS QUE MAIS SÃO MENCIONADAS EM PROVAS: I - despedida sem justa causa, inclusive a indireta, de culpa recíproca e de força maior; I-A - extinção do contrato de trabalho prevista no art. 484-A da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT);–*Reforma Trabalhista - rescisão do contrato de trabalho por acordo entre as partes II - extinção total da empresa, fechamento de quaisquer de seus estabelecimentos, filiais ou agências, supressão de parte de suas atividades, declaração de nulidade do contrato de trabalho nas condições do art. 19-A, ou ainda falecimento do empregador individual sempre que qualquer dessas ocorrências implique rescisão de contrato de trabalho, comprovada por declaração escrita da empresa, suprida, quando for o caso, por decisão judicial transitada em julgado; III - aposentadoria concedida pela Previdência Social; IV - falecimento do trabalhador, sendo o saldo pago a seus dependentes, para esse fim habilitados perante a Previdência Social, segundo o critério adotado para a concessão de pensões por morte. Na falta de dependentes, farão jus ao recebimento do saldo da conta vinculada os seus sucessores previstos na lei civil, indicados em alvará judicial, expedido a requerimento do interessado, independente de inventário ou arrolamento; FGTS - CARACTERÍSTICAS 3 – SAQUE DO FGTS: V - pagamento de parte das prestações decorrentes de financiamento habitacional concedido no âmbito do Sistema Financeiro da Habitação (SFH); IX -extinção normal do contrato a termo, inclusive o dos trabalhadores temporários regidos pela Lei nº 6.019, de 3 de janeiro de 1974; X - suspensão total do trabalho avulso por período igual ou superior a 90 (noventa) dias, comprovada por declaração do sindicato representativo da categoria profissional; XI - quando o trabalhador ou qualquer de seus dependentes for acometido de neoplasia maligna; XVI - necessidade pessoal, cuja urgência e gravidade decorra de desastre natural; XVIII - quando o trabalhador com deficiência, por prescrição, necessite adquirir órtese ou prótese para promoção de acessibilidade e de inclusão social. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) LEI 7064/82 – PECULIARIDADE COM RELAÇÃO AO FGTS Art. 2º - Para os efeitos desta Lei, considera-se transferido: I - o empregado removido para o exterior, cujo contrato estava sendo executado no território brasileiro; II - o empregado cedido à empresa sediada no estrangeiro, para trabalhar no exterior, desde que mantido o vínculo trabalhista com o empregador brasileiro; III - o empregado contratado por empresa sediada no Brasil para trabalhar a seu serviço no exterior. Art. 3º - A empresa responsável pelo contrato de trabalho do empregado transferido assegurar-lhe-á, independentemente da observância da legislação do local da execução dos serviços: I - os direitos previstos nesta Lei; II - a aplicação da legislação brasileira de proteção ao trabalho, naquilo que não for incompatível com o disposto nesta Lei, quando mais favorável do que a legislação territorial, no conjunto de normas e em relação a cada matéria. (cancelamento da súmula 207 do TST) Parágrafo único. Respeitadas as disposições especiais desta Lei, aplicar-se-á a legislação brasileira sobre Previdência Social, Fundo de Garantia por Tempo de Serviço - FGTS e Programa de Integração Social - PIS/PASEP. NATUREZA JURÍDICA E PRESCRIÇÃO STF - REPERCUSSÃO GERAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO 709.212 DISTRITO FEDERAL O art. 7º, III, da nova Carta expressamente arrolou o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço como um direito dos trabalhadores urbanos e rurais, colocando termo à celeuma doutrinária acerca de sua natureza jurídica. Desde então, tornaram-se desarrazoadas as teses anteriormente sustentadas, segundo as quais o FGTS teria natureza híbrida, tributária, previdenciária, de salário diferido, de indenização, etc. Ante o exposto, foi fixada a tese, à luz da diretriz constitucional encartada no inciso XXIX do art. 7º da CF, de que o prazo prescricional aplicável à cobrança de valores não depositados no Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) é quinquenal. Por conseguinte, foi reconhecida a inconstitucionalidade dos artigos 23, § 5º, da Lei 8.036/1990 e 55 do Regulamento do FGTS aprovado pelo Decreto 99.684/1990, na parte em que ressalvam o “privilégio do FGTS à prescrição trintenária”, haja vista violarem o disposto no art. 7º, XXIX, da Carta de 1988. Ver súmula 362 do TST com redação já alterada. BIBLIOGRAFIA Volia Bomfim Cassar – Curso do Direito do Trabalho; Mauricio Godinho Delgado – Curso de Direito do Trabalho;
Compartilhar