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OSMO, Alan; SCHRAIBER, Lilia Blima. O campo da Saúde Coletiva no Brasil: definições e debates em sua constituição. Saúde e Sociedade, São Paulo, v. 24, n. supl. 1, p. 205-218, 2015. 
Resenha sobre o artigo “O campo de saúde coletiva no Brasil: definições e debates em sua constituição”
No artigo “O campo de saúde coletiva no Brasil: definições e debates em sua constituição”, os autores, Alan Osmo e Lilia B. Schraiber, chamam a atenção para a questão da Saúde Coletiva como campo social, vinculada à luta pela democracia e ao movimento da Reforma Sanitária. Os autores ressaltam principalmente a problemática a qual muitos outros autores se encontram em reconhecer a identidade, definir e conceituar a Saúde Coletiva. Divididos em duas partes, o artigo faz uma análise na primeira parte sobre a constituição da Saúde Coletiva desde o início até a sua consolidação, na segunda, explorará contrastes entre diferente tentativas de definição da Saúde Coletiva. 
O primeiro impasse da temática é a consideração da sua origem, alguns autores, consideram que a Saúde Coletiva elevou-se na década de 1950, para outros, como Vieira, Paim e Schraiber, isso só foi possível no final da década de 1970, com o surgimento do termo no Brasil e com a criação da Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (Abrasco). 
A Saúde Coletiva passou por três fases, as quais marcaram o que ela é hoje, a primeira foi a fase da pré-Saúde Coletiva em 1995, marcada pelo projeto preventista, a segunda foi a fase da medicina social e a terceira é vai dos anos 1970 até 1994. Vale salientar que o preventivismo e medicina social foram abordagens que podem ser reconhecidas como as originadoras da proposta de Saúde Coletiva no Brasil.
O preventivismo sucedeu-se através de crises de medicinas que estavam fragmentadas e gerando custos relacionados às práticas médicas nos Estados Unidos, então como resposta aos problemas, surgiu a proposta de ideia de prevenção, a qual possibilitou uma reforma estrutural nos currículos do curso de medicina em algumas das universidades norte-americanas em 1950. Foi através do desenvolvimento desta proposta que os organismos internacionais da saúde aderiram à nova doutrina, a Medicina Preventiva.
A princípio essa proposta apresentou mudanças significativas para o campo da saúde, contudo, houveram várias outras preocupações, a primeira foi quanto ao ensino, a precaução quanto ao estilhaçamento da educação, a segunda, foi quanto ao objetivo da reforma da prática médica, onde o médico atuaria como principal meio transformador para conceder assistência a população. 
Em consequência disto desencadeou-se um novo tipo medicina, a Medicina Comunitária, a qual alavancou-se devido à baixa assistência médica aos mais pobres, como imigrantes, baixa rendas e idosos, com o objetivo de reduzir as tensões sociais. O outro movimento desencadeador da Saúde Coletiva, Medicina Social, surgiu na América Latina no final da década de 1960 e no início da de 1970, com foco na valorização social como o principal intermédio para a prevenção de doenças e promoção da saúde. 
Neste momento faz-se uma análise quanto a questões centrais na Europa em meados do século XIX, visto que o cenário político da mesma objetiva primeiramente o aumento do poder e da riqueza nacional, por meio da indústria, colocando em pauta o trabalho como o principal gerador de riqueza e consequentemente qualquer perca da produtividade, como doença ou morte, implicaria em um problema econômico significativo. 
Essas questões geraram nesta época abordagens necessárias quanto ao fomento à saúde, Rosen (1983), pontua que o contato com as novas condições de vida decorrente do processo de industrialização fez emergir novas ideias no campo da saúde, o que germinou a Medicina Social. Logo, a ciência médica é intrinsicamente uma ciência social, porém, para que possa desfrutar dos benefícios da mesma quando isto for reconhecido na prática.
Para os autores, no Brasil, onde o contexto social era marcado pelo recrudescimento das forças repressivas por parte de um Estado autoritário e pelo aumento das desigualdades sociais e piora das condições de vida de boa parte da população, foi-se tentando construir um campo de saber e de práticas inovadoras na área da saúde, uma delas é a reforma sanitária. 
O movimento da reforma sanitária brasileira surgiu em meados da década de 1970, com o objetivo de lutar pela democratização da saúde, a qual corresponderia a uma reforma social. Essa proposta teve o apoio de duas instituições importantes, o Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes) e a Associação Brasileira de Programas de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (Abrasco), a qual hoje é a Associação Brasileira de Saúde Coletiva, que tinham como objetivo reconstruir o pensamento em saúde. 
O cenário da saúde na década de 1970 não contribuiu 100% para a reforma social proposta, pois as medidas adotadas foram limitadas, contribuindo para a geração de movimentos sociais contra as políticas autoritárias. Paim (1992), ressalta que a Saúde Coletiva apareceu no Brasil como uma ruptura, a partir das críticas aos movimentos da medicina preventiva, comunitária e ao sanitarismo institucional. O fundamento teórico da reforma sanitária respaldou-se sobre dois fatores, a determinação social das doenças e o processo de trabalho em saúde, essas duas ideias não poderiam ser tratadas e aplicadas de formas separadas, pois, assim não permitiria uma perspectiva real da sociedade.
Os autores trazem dois marcos importantes na Reforma Sanitária brasileira, o primeiro foi a VIII Conferência Nacional de Saúde (1986), a qual trouxe para o cerne da discussão a relação entre direito e saúde, com o eixo denominado de “saúde como direito inerente à cidadania, aos direitos sociais e ao Estado”. O segundo foi o I Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva (1986), o qual trouxe para o debate a reforma sanitária, como garantia do direito universal à saúde.
Esses marcos colocaram em pauta uma discussão importante no que diz respeito ao direito à saúde. Direto este, que dois anos depois com a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 consolidou-se de fato como um direito social previsto no art. 6º da CF/88 “ São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição” e no art. 196 “a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”. 
Por fim, os autores apresentam que há muitas questões quanto ao campo epistemológico da Saúde Coletiva, pois ainda há uma dificuldade em conceituar e definir este campo, visto que para alguns autores esta dificuldade está associada aos limites disciplinares desta área, porém, para outros, há questionamentos de qual seria a identidade e as rupturas da Saúde Coletiva. Mas apesar das divergentes opiniões, eles consideram várias coisas em comum, primeiro, o fato da Saúde Coletiva ser um campo interdisciplinar de vasto conhecimento e segundo o reconhecimento do papel das Ciências Humanas como medida de resgatar o social na saúde. 
A Saúde Coletiva deve ser analisada pelo ponto de vista, horizontal que comporta os saberes e práticas sociais, e um plano vertical, na qual consistiria em uma área específica de intervenção, para que assim pudesse produzir saberes mais avançados para intervir em situações complexas. 
Osmo e Schraiber ressaltam ao longo do artigo, a importância do aspecto social na saúde para que a ligação de ambos possa investigar os determinantes da produção social das doenças com o fito de planejar a organização dos serviços de saúde e assim poder contribuir com um sistema de saúde de qualidade com base da realidade dos fatos, contribuindo para a ampliação da saúde possa alcançar todos os meios sociais.Referências
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado, 1988.
PAIM, J.S. La salud colectiva y los desafios de la practíca. In: OPS – Organización Panamericana de La Salud. Las crisis de la salud pública: reflexiones para el debate. Washington, DC, 1992. 
ROSEN, G. A evolução da medicina social. In: NUNES, E. (Org.). Medicina Social: aspectos teóricos e históricos. São Paulo: Global, 1983.

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