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5 ORGANIZA+ç+òES CRIMINOSAS

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LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL 
ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS (Lei 12.850/13 e Lei 
12.694/12) 
 
Por Fernanda Evlaine 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
SUMÁRIO 
 
1. INTRODUÇÃO E ASPECTOS GERAIS ......................................................................................................... 3 
1.1. ASPECTO HISTÓRICO E CONCEITO DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA ........................................................ 3 
1.2. OUTRAS POSSIBILIDADES DE APLICAÇÃO DA LEI Nº 12.850/13 ............................................................. 6 
1.3.1. Obstrução ou embaraço de investigação de Organização Criminosa .............................................. 9 
1.3.2. Majorante pelo emprego de arma de fogo .................................................................................... 9 
1.3.3. Agravante pelo comando da Organização ....................................................................................10 
1.3.4. Demais causas de aumento de pena ............................................................................................10 
1.3.5. Afastamento cautelar de servidor público envolvido ....................................................................11 
1.3.6. Perda do cargo e interdição para o exercício de cargo ou função pública ......................................11 
2. INVESTIGAÇÃO E MEIOS DE OBTENÇÃO DE PROVA ................................................................................12 
2.1. COLABORAÇÃO PREMIADA ................................................................................................................14 
2.1.1. Outras questões importantes sobre a colaboração premiada .......................................................26 
3. CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA TIPIFICADOS NA LEI Nº 12.850/13 ..............................45 
4. ART. 288, CP – ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA ...............................................................................................47 
5. 10 COISAS QUE VOCÊ NÃO PODE ESQUECER..........................................................................................49 
6. DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO .........................................................................................50 
7. BIBLIOGRAFIA UTILIZADA .....................................................................................................................50 
 
 
3 
ATUALIZADO EM 21/01/20201 
 
ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS 
 
1. INTRODUÇÃO E ASPECTOS GERAIS 
 
1.1. ASPECTO HISTÓRICO E CONCEITO DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA 
 
Antes de se discorrer diretamente sobre o conceito de organização criminosa é necessário fazer alguns 
esclarecimentos. Ocorre que até o advento da Lei nº 12.694/2012, o Brasil não possuía qualquer tipo penal que 
tipificasse como crime as ações de organizações criminosas (A Lei nº 9.034/95 falava do tema, mas não previa 
como crime). 
 
Por conta disso, antes do advento das Leis nºs 12.694/12 e 12.850/13, doutrina e jurisprudência se dividiam sobre 
a (não) violação do princípio da reserva legal, na sua vertente taxatividade, pela Lei nº 9.034/95, tendo em vista 
que, apesar de fazer menção à organização criminosa, deixou de conceituá-la. 
 
Assim, passaram-se muitos anos sem que o legislador definisse o conceito de organização criminosa, fato que 
poderia comprometer todos os dispositivos da Lei nº 9.034/95 no tocante à aplicação dos mesmos às organizações 
criminosas. 
 
Para o STJ, o conceito de organização criminosa estava positivado no art. 2º da Convenção das Nações Unidas 
contra o Crime Organizado Transnacional, adotada em Nova York, em 15 de novembro de 2000, chamada de 
Convenção de Palermo, promulgada pelo Decreto nº 5.015, de 12 de março de 2004. O referido decreto apontava 
como elementos da Organização Criminosa: 1. Grupo estruturado de três ou mais pessoas; 2. Existente há algum 
tempo; 3. Propósito de cometer uma ou mais infrações graves ou enunciadas na Convenção de Palermo; 4. 
Intenção de obter, direta ou indiretamente, um benefício econômico ou outro benefício material. 
 
O STF, entretanto, em julgamento emblemático ocorrido no ano de 2012, referente aos bispos da Igreja Renascer 
(HC 96.007/SP), relatado pelo Ministro Marco Aurélio, acatando a tese que vinha sendo sustentada por alguns 
estudiosos do tema, entendeu que não havia no sistema jurídico brasileiro uma lei nacional válida, que definisse 
o que se deveria considerar por organização criminosa, fato que inviabilizaria a aplicação do conceito dado pela 
 
1 As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de diálogo 
(setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos, porventura 
identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do material e o 
número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas jurídicas acerca 
do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos eventos 
anteriormente citados. 
4 
Convenção de Palermo, para a promoção de responsabilização de acusados das práticas de crimes em organização 
criminosa. 
 
Visando superar essa “ausência” de definição do que seria organização criminosa, primeiramente foi editada a Lei 
nº 12.694/12 a qual, dispondo sobre o processo e o julgamento colegiado2 em primeiro grau de crimes 
praticados por organizações criminosas, trouxe, em seu art. 2º, o conceito contendo as seguintes características: 
1. Associação de três ou mais pessoas; 2. Estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda 
que informalmente; 3. Objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza e 4. Prática 
de crimes cuja pena máxima seja igual ou superior a 4 (quatro anos) ou que sejam de caráter transnacional. 
 
Vale lembrar mais uma vez que apesar da definição do que seria organização criminosa, a Lei nº 12.694/12 não 
previa o crime organizado como crime. Por conta disso, posteriormente, surgiu a Lei nº 12.850/13, a qual trouxe, 
no §1º do seu art. 1º, a seguinte definição: 
 
Art. 1º Esta Lei define organização criminosa e dispõe sobre a investigação criminal, os meios de obtenção da 
prova, infrações penais correlatas e o procedimento criminal a ser aplicado. 
§ 1º Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais pessoas estruturalmente ordenada 
e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou 
indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas 
sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional.3 
 
OBS: A aplicação da Lei nº 12.850/13 restringe-se aos fatos que tenham dado início após a sua vigência. Não se 
aplica a Súmula 711 justamente porque antes não existia a definição de crime. 
 
E como fica essa sucessão de leis no tempo? A Lei nº 12.694/12 foi totalmente revogada? Existem dispositivos 
dela que ainda se aplicam?4 
 
Parte minoritária da doutrina sustenta que há dois conceitos distintos de organizações criminosas no 
ordenamento pátrio: um para fins de formação do juízo colegiado, nos termos da Lei nº 12.694/12, outro para 
fins de aplicação das técnicas especiais de investigação regulamentadas pela nova Lei das Organizações 
Criminosas, cuja definição consta do art. 1°, § 1°, da Lei n° 12.850/13. Há também entendimento no sentido de 
que a Lei nº 12.694/12 foi completamente revogada. 
 
 
2 O julgamento colegiado poderá ser utilizado em qualquer ato processual (art. 1º), tendo em vista a necessidade de proteção 
da identidade do juiz. 
3 O referido artigo DESPENCA em provas. O PC/AC – Delegado (2017) cobrou o seu entendimento. 
4 É obrigatória a leitura integral do texto de ambas as Leis. Em especial da 12.850/13. 
5 
O entendimento dominantena Doutrina (Renato Brasileiro, Rogério Sanches e Baltazar) é que a Lei nº 12.850/13 
revogou tacitamente o art. 2º da Lei nº 12.694/12 que trazia a definição do que seriam as organizações criminosas. 
Os demais artigos permanecem em vigor, pois ambas possuem objetos distintos. A lei nº 12.694/12 trata da 
formação dos juízos colegiados para julgamento de crimes praticados por organizações criminosas5, enquanto 
que a Lei nº 12.850/13 traz o conceito e os meios de investigação de tais infrações penais. Assim, cada uma 
continua a regular os temas que são de sua competência. 
 
Segue ainda quadro diferenciador entre a definição utilizada por ambas as Leis: 
 
Organização Criminosa 
Art. 2º da Lei nº 12.694/12 
Organização Criminosa 
Art. 1º, §1º, c/c art. 2º, caput, ambos da Lei nº 
12.850/13 
Número de integrantes: associação estável e 
permanente de 3 (três) ou mais pessoas; 
Número de integrantes: associação estável e 
permanente de 4 (quatro) ou mais pessoas; 
Finalidade: obtenção de vantagem de qualquer 
natureza mediante a prática de crimes cuja pena 
máxima seja igual ou superior a 4 (quatro) anos, ou 
de caráter transnacional; 
Finalidade: obtenção de vantagem de qualquer 
natureza mediante a prática de infrações penais 
(crimes ou contravenções penais) cujas penas 
máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou de 
caráter transnacional6; 
Natureza jurídica: não era um tipo penal incriminador, 
já que sequer havia cominação de pena. Funcionava 
apenas como uma forma de se praticar crimes, 
sujeitando o agente a certos gravames (v.g. regime 
disciplinar diferenciado, formação do juízo colegiado. 
Natureza jurídica: trata-se de tipo penal incriminador, 
previsto no art. 2º, caput, da Lei nº 12.850/13, ao qual 
é cominada pena de reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) 
anos, e multa. 
 
*#NOVIDADELEGISLATIVA #PACOTEANTICRIME 
 
 
5 (MPE-SC – Promotor de Justiça/2016): Julgue a seguinte assertiva: Na forma da Lei n. 12.694/12, em processos ou 
procedimentos que tenham por objeto crimes praticados por organizações criminosas, o juiz poderá decidir pela formação 
de colegiado para a prática de qualquer ato processual, especialmente, a inclusão do preso no regime disciplinar diferenciado, 
a prolação da sentença, a progressão ou regressão de regime de cumprimento de pena, a concessão de liberdade condicional, 
a transferência de preso para estabelecimento prisional de segurança máxima, entre outros. 
Gabarito: Correto. 
6 (MPE-SC – Promotor de Justiça/2016): Julgue a seguinte assertiva: Nos termos da Lei n. 12.850/13 (Organizações 
Criminosas), considera-se organização criminosa a associação de três ou mais pessoas estruturalmente ordenada e 
caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem 
de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam iguais ou superiores a quatro anos, 
ou que sejam de caráter transnacional. 
Gabarito: Errado. 
6 
A lei nº 13.964/2019 trouxe a inclusão do artigo 1-A na lei nº 12.694/2012, o que configura estímulo aos Tribunais 
para criação de Varas Criminais Colegiadas para julgamento de crimes que envolverem Organizações Criminosas. 
 
Antes da Lei nº 13.964/2019 Depois da Lei nº 13.964/2019 
Sem correspondente “Art. 1º-A. Os Tribunais de Justiça e os Tribunais 
Regionais Federais poderão instalar, nas comarcas sedes de 
Circunscrição ou Seção Judiciária, mediante resolução, 
Varas Criminais Colegiadas com competência para o 
processo e julgamento: 
 I - de crimes de pertinência a organizações criminosas 
armadas ou que tenham armas à disposição; 
 II - do crime do art. 288-A do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 
de dezembro de 1940 (Código Penal); e 
 III - das infrações penais conexas aos crimes a que se 
referem os incisos I e II do caput deste artigo. 
 § 1º As Varas Criminais Colegiadas terão competência 
para todos os atos jurisdicionais no decorrer da 
investigação, da ação penal e da execução da pena, 
inclusive a transferência do preso para estabelecimento 
prisional de segurança máxima ou para regime disciplinar 
diferenciado. 
 § 2º Ao receber, segundo as regras normais de 
distribuição, processos ou procedimentos que tenham por 
objeto os crimes mencionados no caput deste artigo, o juiz 
deverá declinar da competência e remeter os autos, em 
qualquer fase em que se encontrem, à Vara Criminal 
Colegiada de sua Circunscrição ou Seção Judiciária. 
 § 3º Feita a remessa mencionada no § 2º deste artigo, a 
Vara Criminal Colegiada terá competência para todos os 
atos processuais posteriores, incluindo os da fase de 
execução.” 
 
*#IMPORTANTE: Ademais, a Lei nº 12.850/13 também manteve no ordenamento jurídico, com alterações, o 
tipo do art. 288 do CP, que tratava da quadrilha ou bando, agora sob o nome de Associação Criminosa. O critério 
distintivo essencial entre os tipos de associação criminosa (CP, art. 288) e organização criminosa (LOC, arts. 1º e 
2º) não é o número de agentes ou fato de visar a crimes graves, mas sim o fato de ser a organização 
estruturalmente ordenada e contar com divisão de tarefas. Sendo assim, é possível que um grupo que tenha 
mais de três agentes e tenha por finalidade a prática de crimes com pena superior a quatro anos seja tratado 
como associação criminosa (CP, 288), desde que não seja estruturalmente ordenado e não conte com divisão de 
tarefas. 
 
1.2. OUTRAS POSSIBILIDADES DE APLICAÇÃO DA LEI Nº 12.850/13 
 
a) § 2º Esta Lei se aplica também: 
I - às infrações penais previstas em tratado ou convenção internacional quando, iniciada a execução no País, o 
resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente; 
7 
 
O simples fato de a infração ser prevista em tratado ou convenção internacional não é suficiente. É necessário 
também que se trate de crime à distância. 
 
*NEVER FORGET: #OLHAOGANCHO 
Crimes à distância: Constituem as infrações em que a ação ou omissão se dá em um país e o resultado ocorre em 
outro. Como por exemplo, um estelionato praticado no Brasil e consumado na Argentina (ou vice-versa). 
 
b) II - às organizações terroristas, entendidas como aquelas voltadas para a prática dos atos de terrorismo 
legalmente definidos. (Redação dada pela lei nº 13.260, de 2016) Novidade legislativa que será cobrada nas 
próximas provas!!! 
 
- Requisitos para a caracterização de uma organização criminosa 
 
§ 1º Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais pessoas estruturalmente ordenada 
e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou 
indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas 
sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional. 
 
a) Associação de 4 ou mais pessoas: Requer estabilidade e permanência. 
 
OBS: Eventual agente infiltrado não pode ser levado em consideração para completar o número mínimo de 4 
integrantes. 
 
b) Estrutura ordenada que se caracteriza pela divisão de tarefas, ainda que informalmente: Diz respeito à 
hierarquia estrutural, planejamento empresarial, uso de meios tecnológicos avançados, recrutamento de pessoas, 
divisão funcional das atividades, conexão estrutural ou funcional com o poder público. 
 
c) Finalidade de obtenção de vantagem de qualquer natureza mediante a prática de infrações penais cujas 
penas máximas sejam superiores a quatro (quatro) anos, ou de caráter transnacional: No caso de prática de 
delito transnacional, pouco importa a pena do delito. 
 
1.3. ANÁLISE DO TIPO PENAL 
 
Crime organizado por natureza e Crime organizado por extensão 
Conforme Renato Brasileiro, a expressão crime organizado por natureza refere-se à punição, de per si, pelo crime 
de organização criminosa, ou seja, pelo tipo penal do art. 2°, caput, da Lei n° 12.850/13, ou pelosdelitos de 
8 
associação criminosa (CP, art. 288; Lei n° 11.34 3/06, art. 35). Noutro giro, a expressão crime organizado por 
extensão refere-se às infrações penais praticadas pela organização criminosa ou pelas associações criminosas. 
Exemplo: Verificada a existência de organização criminosa especializada em crimes de peculato, os agentes 
deverão ser denunciados pelo crime de organização criminosa (Lei n° 12.8 50/13, art. 2°, caput) - crime organizado 
por natureza - em concurso material com os delitos de peculato (CP, art. 312) - crime organizado por extensão. 
 
Art. 2o Promover, constituir, financiar ou integrar, pessoalmente ou por interposta pessoa, organização 
criminosa: 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa, sem prejuízo das penas correspondentes às demais infrações 
penais praticadas. 
 
1. Bem jurídico tutelado: Paz pública. 
 
2. Tipo Penal: Tipo misto alternativo7. Basta a realização de uma das 04 condutas incriminadas pelo art. 2º dentro 
da definição de organização criminosa do art. 1º, §1. 
 
a) promover: consiste em gerar, dar origem a algo, fomentar; 
b) constituir: formar, organizar, compor; 
c) financiar: sustentar os gastos, custear, bancar, prover o capital necessário para o desenvolvimento de 
determinada atividade; e 
d) integrar: tomar parte juntar-se, completar. 
 
Vale lembrar que se trata de norma penal em branco homogênea, pois o conceito primário é incompleto e o 
complemento é proveniente da mesma fonte legislativa. 
 
3. Sujeitos do Crime: Crime comum. Também é crime plurissubjetivo, pois, é necessária a reunião de pelo menos 
04 agentes. É crime de conduta paralela. 
 
4. Consumação e tentativa: É crime formal. Se consuma com a reunião dos agentes com o intuito de praticar 
crimes, sendo desnecessária a prática de crimes por parte dos agentes. 
 
OBS: A partir disso pode-se inferir importante diferença entre o simples concurso de pessoas e a organização 
criminosa. No concurso é necessário que as infrações as quais se queiram praticar sejam ao menos tentadas (art. 
31, CP), já na Organização Criminosa não. 
 
7 No tipo misto alternativo mesmo que o agente pratique, em um mesmo contexto, mais de uma ação típica, responde por 
crime único. 
9 
 
5. Concurso de Crimes: Se os membros da organização criminosa praticarem as infrações penais para as quais se 
associarem, deverão responder pelo art. 2º da Lei n.º 12.850/13 em concurso material com os demais ilícitos 
perpetrados. 
 
1.3.1. Obstrução ou embaraço de investigação de Organização Criminosa 
 
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem impede ou, de qualquer forma, embaraça a investigação de infração penal 
que envolva organização criminosa. 
 
a) Impedir: Significa obstruir, obstar, tolher. 
b) Embaraçar: Perturbar, complicar. 
 
O crime consuma-se com qualquer ação ou omissão que cause alguma perturbação em investigação alheia. 
Diferentemente do caput, este artigo tem como bem jurídico a administração da Justiça. 
 
*E se o agente embaraçar o processo judicial? Renato Brasileiro entende que não se aplica, sob pena de analogia 
in malam partem. 
 
CUIDADO! Esse entendimento encontra-se superado, em razão do seguinte julgado proferido pelo STJ: 
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ: A Lei das organizações criminosas (Lei nº 12.850/2013) prevê o 
seguinte crime: Art. 2º (...) § 1º Nas mesmas penas incorre quem impede ou, de qualquer forma, embaraça a 
investigação de infração penal que envolva organização criminosa. Quando o art. 2º, § 1º fala em “investigação”, 
ele está se limitando à fase pré-processual ou abrange também a ação penal? Se o agente embaraça o processo 
penal, ele também comete este delito? SIM. A tese de que a investigação criminal descrita no art. 2º, § 1º, da Lei 
nº 12.850/2013 limita-se à fase do inquérito não foi aceita pelo STJ. Isso porque as investigações se prolongam 
durante toda a persecução criminal, que abarca tanto o inquérito policial quanto a ação penal deflagrada pelo 
recebimento da denúncia. Assim, como o legislador não inseriu uma expressão estrita como “inquérito policial”, 
compreende-se ter conferido à investigação de infração penal o sentido de “persecução penal”, até porque carece 
de razoabilidade punir mais severamente a obstrução das investigações do inquérito do que a obstrução da ação 
penal. Ademais, sabe-se que muitas diligências realizadas no âmbito policial possuem o contraditório diferido, de 
tal sorte que não é possível tratar inquérito e ação penal como dois momentos absolutamente independentes da 
persecução penal. O tipo penal previsto pelo art. 2º, §1º, da Lei nº 12.850/2013 define conduta delituosa que 
abrange o inquérito policial e a ação penal. STJ. 5ª Turma. HC 487.962-SC, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 
28/05/2019 (Info 650). 
 
1.3.2. Majorante pelo emprego de arma de fogo 
10 
 
§ 2º As penas aumentam-se até a metade se na atuação da organização criminosa houver emprego de arma de 
fogo. 
 
A majorante em questão incide tanto para a figura do caput quanto para o §1º. 
 
Você sabia? 
 
Arma de fogo pode ser conceituada como a arma que arremessa projéteis empregando a força expansiva dos 
gases gerados pela combustão de um propelente confinado em uma câmara que, normalmente, está solidária a 
um cano que tem a função de propiciar continuidade à combustão do propelente, além de direção e estabilidade 
ao projétil. (Decreto n° 3.665/2000, Anexo, art. 3°, XIII). 
 
1.3.3. Agravante pelo comando da Organização 
 
§ 3o A pena é agravada para quem exerce o comando, individual ou coletivo, da organização criminosa, ainda que 
não pratique pessoalmente atos de execução. 
 
A aplicação desta agravante8 não pode ser feita de maneira concomitante àquela do art. 62, I, do CP, sob pena de 
indesejado bis in idem. 
 
1.3.4. Demais causas de aumento de pena 
 
§ 4o A pena é aumentada de 1/6 (um sexto) a 2/3 (dois terços): 
I - se há participação de criança ou adolescente; 
 
De acordo com o art. 2º do ECA, considera-se criança a pessoa com até 12 (doze) anos de idade incompletos, e 
adolescente aquela entre 12 (doze) e 18 (dezoito) anos de idade; 
 
II - se há concurso de funcionário público, valendo-se a organização criminosa dessa condição para a prática de 
infração penal; 
 
 
8 (MPE-SC – Promotor de Justiça/2016) A seguinte assertiva foi considerada incorreta: “Segundo a Lei n. 12.850/13 
(Organizações Criminosas), em seu art. 2°, § 3°, encontra-se expressamente prevista circunstância de especial aumento de 
pena para quem exerce o comando, individual ou coletivo, da organização criminosa, ainda que não pratique pessoalmente 
atos de execução.”. OBS.: Trata-se de agravante e não de causa especial de aumento de pena. 
11 
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem 
remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública. 
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem 
trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da 
Administração Pública. 
 
Nesse caso, não basta só que haja funcionário público, deve haver o proveito das funções públicas para a prática 
da infração. 
 
III - se o produto ou proveito da infração penal destinar-se, no todo ou em parte, ao exterior; 
 
Produto é o resultado imediato da infração penal. Proveito o resultado final. 
 
IV - se a organização criminosa mantém conexão com outras organizações criminosas independentes; 
 
Tem como objetivo combater a macrocriminalidade. 
 
V - se as circunstâncias do fato evidenciarem a transnacionalidade da organização. 
 
Renato Brasileiro e Bittencourt entendem que a aplicação da referida causa de aumento de pena constitui bis in 
idem, pois, a transnacionalidade já é uma elementar do conceito de organização criminosa no art. 1º, §1º. 
 
1.3.5. Afastamentocautelar de servidor público envolvido 
 
§ 5o Se houver indícios suficientes de que o funcionário público integra organização criminosa, poderá o juiz 
determinar seu afastamento cautelar do cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração, quando a 
medida se fizer necessária à investigação ou instrução processual. 
 
A referida medida é passível de decretação em qualquer fase da persecução penal. Necessita de determinação 
judicial. Além disso, a decretação da medida está condicionada ao fumus comissi delicti e ao periculum libertatis. 
 
1.3.6. Perda do cargo e interdição para o exercício de cargo ou função pública 
 
§ 6o A condenação com trânsito em julgado acarretará ao funcionário público a perda do cargo, função, emprego 
ou mandato eletivo e a interdição para o exercício de função ou cargo público pelo prazo de 8 (oito) anos 
subsequentes ao cumprimento da pena. 
 
12 
Independentemente da pena cominada, a condenação com trânsito em julgado produz os efeitos oriundos do 
artigo. 
 
*#NOVIDADELEGISLATIVA#PACOTEANTICRIME 
Antes da Lei nº 13.964/2019 Depois da Lei nº 13.964/2019 
 
Art. 2º, §§8º e 9º: sem correspondente. 
 
 
“Art. 2º 
............................................................................................... 
§ 8º As lideranças de organizações criminosas armadas ou 
que tenham armas à disposição deverão iniciar o 
cumprimento da pena em estabelecimentos penais de 
segurança máxima. 
 
§ 9º O condenado expressamente em sentença por 
integrar organização criminosa ou por crime praticado por 
meio de organização criminosa não poderá progredir de 
regime de cumprimento de pena ou obter livramento 
condicional ou outros benefícios prisionais se houver 
elementos probatórios que indiquem a manutenção do 
vínculo associativo.” (NR) 
 
Uma das primeiras mudanças ocorridas na Lei das Organizações Criminosas foi a inclusão de dois novos parágrafos 
na sequência do tipo penal de organização criminosa. 
Conforme demonstrado, o § 8º prevê a obrigatoriedade do início de cumprimento da pena em estabelecimento 
penal de segurança máxima para lideranças de organizações criminosas armadas ou que tenham armas à 
disposição. 
Já o § 9º prevê que qualquer condenado por integrar organização criminosa não poderá progredir de regime ou 
obter livramento condicional se houver elementos probatórios que indiquem a manutenção do vínculo 
associativo. 
 
2. INVESTIGAÇÃO E MEIOS DE OBTENÇÃO DE PROVA9 
 
De acordo com o art. 3º da LOC, em qualquer fase da persecução penal, serão permitidos, sem prejuízo de outros 
já previstos em lei, os seguintes meios de obtenção da prova: 
 
Art. 3º Em qualquer fase da persecução penal, serão permitidos, sem prejuízo de outros já previstos em lei, os 
seguintes meios de obtenção da prova: 
I - colaboração premiada; 
II - captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos; 
III - ação controlada; 
IV - acesso a registros de ligações telefônicas e telemáticas, a dados cadastrais constantes de bancos de dados 
 
9 Tema cobrado na primeira fase do MPMG (2016). 
13 
públicos ou privados e a informações eleitorais ou comerciais; 
V - interceptação de comunicações telefônicas e telemáticas, nos termos da legislação específica; 
VI - afastamento dos sigilos financeiro, bancário e fiscal, nos termos da legislação específica; 
VII - infiltração, por policiais, em atividade de investigação, na forma do art. 11; 
VIII - cooperação entre instituições e órgãos federais, distritais, estaduais e municipais na busca de provas e 
informações de interesse da investigação ou da instrução criminal. 
§ 1o Havendo necessidade justificada de manter sigilo sobre a capacidade investigatória, poderá ser dispensada 
licitação para contratação de serviços técnicos especializados, aquisição ou locação de equipamentos 
destinados à polícia judiciária para o rastreamento e obtenção de provas previstas nos incisos II e V. (Incluído 
pela Lei nº 13.097, de 2015) 
§ 2o No caso do § 1o, fica dispensada a publicação de que trata o parágrafo único do art. 61 da Lei nº 8.666, de 21 
de junho de 1993, devendo ser comunicado o órgão de controle interno da realização da contratação. (Incluído 
pela Lei nº 13.097, de 2015) 
 
Os §1º e §2º trazem interessante nova hipótese de dispensa de licitação. 
 
E o que é meio de obtenção de prova? 
 
Meios de obtenção de prova Meios de prova 
- Em regra, são executados na fase preliminar de 
investigações, o que não afasta a possibilidade de 
execução durante o curso do processo, de modo a 
permitir a descoberta de fontes de prova diversas das 
que serviram para a formação da opinio delicti; 
- Em regra, são realizados na fase processual da 
persecução penal; excepcionalmente, na fase 
investigatória, observado o contraditório, ainda que 
diferido (ex.: provas antecipadas); 
- São atividades extraprocessuais; - São atividades endoprocessuais; 
- São executados, em regra, por policiais aos quais seja 
outorgada a atribuição de investigação de infrações 
penais, geralmente com prévia autorização e 
concomitante fiscalização judiciais; 
- Consistem em atividades desenvolvidas perante o 
juiz competente, valendo lembrar que o juiz que 
presidir a instrução deverá, pelo menos em regra, 
julgar o feito (CPP, art. 399, §2º); 
- São praticados com fundamento na surpresa, com 
desconhecimento do(s) investigado(s); 
- São produzidos sob o crivo do contraditório, com 
prévio conhecimento e participação das partes; 
- Se praticados em desconformidades com o modelo 
típico, há de ser reconhecida sua ilicitude, com o 
consequente desentranhamento dos autos do 
processo. 
- Se praticados em desconformidade com o modelo 
típico, são sancionados, em regra, com a nulidade 
absoluta ou relativa. 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13097.htm#art158
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13097.htm#art158
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8666cons.htm#art61
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8666cons.htm#art61
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13097.htm#art158
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13097.htm#art158
14 
2.1. COLABORAÇÃO PREMIADA10 
 
Art. 3º Em qualquer fase da persecução penal, serão permitidos, sem prejuízo de outros já previstos em lei, os 
seguintes meios de obtenção da prova: 
I - colaboração premiada; 
 
1. Conceito: De forma genérica, o instituto da colaboração premiada consiste na troca de algum benefício do 
Estado por informações prestadas, úteis à elucidação dos delitos e dos autores, à recuperação de produtos do 
crime ou à localização da vítima. 
 
A colaboração premiada possui natureza jurídica de "meio de obtenção de prova" (art. 3º, I, da Lei nº 
12.850/2013). Atenção: Conforme explanado no quadro anterior, a colaboração premiada não é um meio de 
prova propriamente dito. A colaboração premiada não prova nada (ela não é uma prova). A colaboração premiada 
é um meio, uma técnica, um instrumento para se obter as provas. 
 
Vale dizer que a colaboração premiada está prevista em diversas leis, porém, segundo Baltazar, é possível concluir 
pela coexistência das previsões normativas, devendo-se aplicar a lei conforme o princípio da especialidade. 
 
Previsão normativa #DIZERODIREITO: 
 
Podemos encontrar algumas previsões embrionárias de colaboração premiada em diversos dispositivos legais 
esparsos. Confira a relação: 
 
• Código Penal (arts. 15, 16, 65, III, 159, § 4º); 
• Crimes contra o Sistema Financeiro – Lei 7.492/86 (art. 25, § 2º); 
• Crimes contra a Ordem Tributária – Lei 8.137/90 (art. 16, parágrafo único); 
• Lei dos Crimes Hediondos – Lei 8.072/90 (art. 8º, parágrafo único); 
• Convenção de Palermo – Decreto 5.015/2004 (art. 26); 
• Lei de Lavagem de Dinheiro – Lei 9.613/98 (art. 1º, § 5º); 
• Lei de Proteção às Testemunhas – Lei 9.807/99 (arts. 13 a 15); 
• Leide Drogas – Lei 11.343/2006 (art. 41); 
• Lei Antitruste – Lei 12.529/2011 (art. 87, parágrafo único). 
 
O instituto, no entanto, foi tratado com maior riqueza de detalhes pela Lei nº 12.850/2013 (Lei do Crime 
 
10 De todos os assuntos dessa Lei, a colaboração premiada é um dos mais importantes, senão o mais importante. Atenção 
total! 
15 
Organizado), em seus arts. 4º a 7º. Este é, atualmente, o diploma que rege, de forma geral, a colaboração 
premiada em nosso país, razão pela qual a explicação abaixo será feita com base nesta Lei. 
 
A Lei 12.850/2013, no entanto, utilizou a expressão “colaboração premiada”. Existe alguma diferença? 
SIM. Para parcela da doutrina, a nomenclatura "colaboração premiada" é mais ampla, devendo ser considerada 
como um gênero, do qual uma das suas espécies é a delação premiada. A delação premiada ocorre quando o 
investigado ou acusado colabora com as autoridades delatando os comparsas, ou seja, apontando as outras 
pessoas que também praticaram as infrações penais, também é denominada de “chamamento de corréu”. Assim, 
toda delação premiada é uma forma de colaboração premiada, mas nem sempre a colaboração premiada será 
feita por meio de uma delação premiada. 
 
*#OUSESABER #SELIGANOSINÔNIMO: Chamamento de corréu é expressão sinônima a delação premiada. Trata-
se, portanto, de uma das espécies de colaboração premiada. Pressupõe que o delator confesse a prática criminosa 
e incrimine os comparsas. 
 
*#NÃOCONFUNDIR: Não se confunde, todavia, com a colaboração premiada, tendo em vista que esta se trata 
de gênero em que o investigado não apenas identifica os comparsas, mas também presta outras informações. Ex: 
localização da vítima com sua integridade física preservada, sem necessariamente delatar comparsas. 
 
2. Requisitos 
 
A Lei exige efetividade da colaboração, consubstanciada na obtenção de pelo menos um dos seguintes resultados: 
1) Identificar os demais coautores e partícipes da organização criminosa e as infrações penais por eles praticadas. 
2) Revelar a estrutura hierárquica e a divisão de tarefas da organização criminosa. 
3) Prevenir as infrações penais decorrentes das atividades da organização criminosa. 
4) Recuperar total ou parcialmente o produto ou o proveito das infrações penais praticadas pela organização 
criminosa. 
5) Localizar o paradeiro da vítima com a sua integridade física preservada. 
 
OBS: A colaboração precisa ser voluntária, ou seja, é aceita mesmo que a ideia não tenha partido do acusado. 
Nesse caso, diz-se que não precisa ser espontânea. É possível que o agente colaborador traga informações a 
respeito de pessoas que não tenham relação alguma com aqueles que, primariamente, sejam alvo da 
investigação. 
 
*#OUSESABER: O que se entende por “causalidade hipotética às avessas?” Um dos pressupostos para a 
incidência dos prêmios da Lei do Crime Organizado é que da colaboração resulte a prevenção de infrações penais 
decorrentes das atividades da organização criminosa (veja que se trata de um dos requisitos – item “03” acima). 
16 
Neste cenário, Vinicius Marçal e Cleber Masson (em menção à obra de Bitencourt e Busato), destacam que: "A 
fim de viabilizar a aferição dessa necessária relação de causa (colaboração) e efeito (prevenção), o ideal é que se 
realize um juízo de causalidade hipotética, nos mesmos padrões que se faz com as imputações de crimes 
omissivos, porém às avessas. Ou seja, a verificação de que caso não houvesse determinada intervenção derivada 
da colaboração, um resultado delitivo teria sido produzido" (Masson, Cleber; Marçal, Vinicius. Crime Organizado. 
2 ed. São Paulo: Método, 2016, p.164). 
 
*#NOVIDADELEGISLATIVA#PACOTEANTICRIME 
Antes da Lei nº 13.964/2019 Depois da Lei nº 13.964/2019 
Art. 3º-A, 3º-B e 3º-C: sem correspondente. 
 
‘Art. 3º-A. O acordo de colaboração premiada é negócio 
jurídico processual e meio de obtenção de prova, que 
pressupõe utilidade e interesse públicos.’ 
 
‘Art. 3º-B. O recebimento da proposta para formalização 
de acordo de colaboração demarca o início das 
negociações e constitui também marco de 
confidencialidade, configurando violação de sigilo e 
quebra da confiança e da boa-fé a divulgação de tais 
tratativas iniciais ou de documento que as formalize, até 
o levantamento de sigilo por decisão judicial. 
§ 1º A proposta de acordo de colaboração premiada 
poderá ser sumariamente indeferida, com a devida 
justificativa, cientificando-se o interessado. 
§ 2º Caso não haja indeferimento sumário, as partes 
deverão firmar Termo de Confidencialidade para 
prosseguimento das tratativas, o que vinculará os órgãos 
envolvidos na negociação e impedirá o indeferimento 
posterior sem justa causa. 
§ 3º O recebimento de proposta de colaboração para 
análise ou o Termo de Confidencialidade não implica, por 
si só, a suspensão da investigação, ressalvado acordo em 
contrário quanto à propositura de medidas processuais 
penais cautelares e assecuratórias, bem como medidas 
processuais cíveis admitidas pela legislação processual 
civil em vigor. 
§ 4º O acordo de colaboração premiada poderá ser 
precedido de instrução, quando houver necessidade de 
identificação ou complementação de seu objeto, dos 
fatos narrados, sua definição jurídica, relevância, 
utilidade e interesse público. 
§ 5º Os termos de recebimento de proposta de 
colaboração e de confidencialidade serão elaborados pelo 
celebrante e assinados por ele, pelo colaborador e pelo 
advogado ou defensor público com poderes específicos. 
§ 6º Na hipótese de não ser celebrado o acordo por 
iniciativa do celebrante, esse não poderá se valer de 
nenhuma das informações ou provas apresentadas pelo 
colaborador, de boa-fé, para qualquer outra finalidade.’ 
 
‘Art. 3º-C. A proposta de colaboração premiada deve 
estar instruída com procuração do interessado com 
17 
poderes específicos para iniciar o procedimento de 
colaboração e suas tratativas, ou firmada pessoalmente 
pela parte que pretende a colaboração e seu advogado 
ou defensor público. 
§ 1º Nenhuma tratativa sobre colaboração premiada deve 
ser realizada sem a presença de advogado constituído ou 
defensor público. 
§ 2º Em caso de eventual conflito de interesses, ou de 
colaborador hipossuficiente, o celebrante deverá solicitar 
a presença de outro advogado ou a participação de 
defensor público. 
§ 3º No acordo de colaboração premiada, o colaborador 
deve narrar todos os fatos ilícitos para os quais concorreu 
e que tenham relação direta com os fatos investigados. 
§ 4º Incumbe à defesa instruir a proposta de colaboração 
e os anexos com os fatos adequadamente descritos, com 
todas as suas circunstâncias, indicando as provas e os 
elementos de corroboração.’ 
 
O art. 3º-A apenas sedimentou um entendimento que já era defendido pela doutrina (acordo de colaboração 
premiada como meio de obtenção de prova). O artigo 3º-B destaca que o recebimento da proposta para 
formalização de acordo de colaboração demarca o início das negociações e constitui também marco de 
confidencialidade. 
O artigo 3º-C traz importante novidade, pois passa a restringir a colaboração ao objeto da investigação. Além 
disso, em seu §3º, dispõe que o colaborar deve narrar todos os ilícitos para os quais concorreu e que tenham 
relação DIRETA com os fatos investigados. 
 
3. Benefícios 
 
Poderão ser concedidos ao colaborador os seguintes benefícios (prêmios): 
 
1) Não oferecimento da denúncia 
 
Se o acordo de colaboração for firmado ainda na fase de investigação, sendo ele homologado pelo juiz, o 
Ministério Público poderá deixar de oferecer a denúncia contra o colaborador: trata-se de uma exceção ao 
princípio da obrigatoriedade, segundo o qual, havendo justa causa, o MP é obrigado a oferecer a denúncia. 
 
Para que o MP deixe de oferecer a denúncia contra o colaborador é necessário o preenchimento dos seguintes 
requisitos: 
a) *Infração de cuja existência o colaborador não tenha prévio conhecimento;b) A colaboração deve ser efetiva e voluntária; 
18 
c) O colaborador não pode ser o líder da organização criminosa11; 
d) O colaborador deve ter sido o primeiro a prestar efetiva colaboração. 
 
2) Perdão judicial 
 
Se a colaboração prestada for muito relevante, o Ministério Público ou o Delegado de Polícia poderão se 
manifestar pedindo que o juiz conceda perdão judicial ao colaborador, o que acarreta a extinção da punibilidade 
(art. 107, IX, do CP). Veja a redação do art. 4º, § 2º da Lei nº 12.850/2013: 
 
§ 2º Considerando a relevância da colaboração prestada, o Ministério Público, a qualquer tempo, e o delegado de 
polícia, nos autos do inquérito policial, com a manifestação do Ministério Público, poderão requerer ou 
representar ao juiz pela concessão de perdão judicial ao colaborador, ainda que esse benefício não tenha sido 
previsto na proposta inicial, aplicando-se, no que couber, o art. 28 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 
1941 (Código de Processo Penal). 
 
3) Redução da pena 
 
Outro benefício previsto ao colaborador é a redução da pena que lhe for imposta. 
• Se a colaboração ocorrer antes da sentença, ou seja, se a pessoa decidir colaborar antes de ser julgada: sua 
pena poderá ser reduzida em até 2/3. 
• Se a colaboração ocorrer após a sentença, ou seja, se a pessoa decidir colaborar apenas depois de ser 
condenada: sua pena poderá ser reduzida em até metade (1/2). 
 
4) Substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos 
 
O juiz poderá substituir a pena privativa de liberdade do colaborador por pena restritiva de direitos mesmo que 
não estejam presentes os requisitos do art. 44 do CP12. 
 
11 (CESPE – Delegado de Polícia/2016): Sebastião, Júlia, Caio e Marcela foram indiciados por, supostamente, terem se 
organizado para cometer crimes contra o Sistema Financeiro Nacional. No curso do inquérito, Sebastião e Júlia, 
sucessivamente com intervalo de quinze dias, fizeram acordo de colaboração premiada. 
Nessa situação hipotética, no que se refere à colaboração premiada, 
a) nos depoimentos que prestarem, Sebastião e Júlia terão direito ao silêncio e à presença de seus defensores. 
b) o MP poderá não oferecer denúncia contra Sebastião, caso ele não seja o líder da organização criminosa. 
c) o MP poderá não oferecer denúncia contra Júlia, ainda que a delação de Sebastião tenha sido a primeira a prestar efetiva 
colaboração. 
d) Sebastião e Júlia poderão ter o benefício do perdão judicial, independentemente do fato de as colaborações terem 
ocorrido depois de sentença judicial. 
e) o prazo para o oferecimento da denúncia em relação aos delatores poderá ser suspenso pelo período, improrrogável, de 
até seis meses. 
Gabarito: B 
12 (TRT 3ª Região - Juiz Federal Substituto/2016): Pode-se dizer que a Lei 12.850/13 quebrou paradigmas; dentre os 
fundamentos para tal afirmação, encontra-se: 
19 
 
5) Progressão de regime 
 
Para que ocorra a progressão de regime, o réu deverá ter cumprido determinado tempo de pena. A isso 
chamamos de requisito objetivo da progressão. 
 
Para crimes comuns: o requisito objetivo consiste no cumprimento de 1/6 da pena aplicada. 
Para crimes hediondos ou equiparados, o requisito objetivo representa o cumprimento de: 
 
*#NOVIDADELEGISLATIVA#PACOTEANTICRIME 
CRIME COMETIDO ANTES DA LEI 
Nº 11.464/07 
CRIME COMETIDO DEPOIS DA 
LEI Nº 11.464/07 
*CRIME COMETIDO DEPOIS DA LEI 
Nº 13.964/2019 
Cumprimento de 1/6 (art. 112 da 
LEP) 
 
Cumprimento de 2/5 (primário) 
Cumprimento de 3/5 
(reincidente) 
OBS: a Lei nova não pode 
retroagir. 
40% Primário + Crime 
Hediondo/Equiparado 
 
50% Primário + Crime 
Hediondo/Equiparado, com 
resultado morte, VEDADO O 
LIVRAMENTO CONDICIONAL. 
 
50% Exercer o comando, 
individual ou coletivo, de organização 
criminosa estruturada para a prática 
de crime hediondo ou equiparado 
 
50% Crime de constituição de 
milícia privada 
 
60% Reincidente + crime 
hediondo/equiparado 
 
70% Reincidente + crime 
hediondo/equiparado, com resultado 
morte, VEDADO O LIVRAMENTO 
CONDICIONAL. 
 
Se o réu já estiver condenado e cumprindo pena e decidir colaborar, ele poderá receber como "prêmio" a 
progressão de regime ainda que não tenha atingido o requisito objetivo (§ 5º do art. 4º). 
 
O STF entende que, caso a colaboração seja efetiva e produza os resultados almejados, o colaborador tem direito 
 
a) O fato de tal diploma legal ter definido o que sejam organizações terroristas internacionais; 
b) O fato de tal diploma legal ter possibilitado a quebra dos sigilos fiscal e telefônico de maneira irrestrita; 
c) O fato de tal diploma legal ter conferido ao magistrado poder para aplicar a pena, em desconformidade com o previsto 
nos artigos 33 e 44 do Código Penal; 
d) O fato de a colaboração premiada não mais poder beneficiar pessoas definitivamente condenadas; 
Gabarito: C. Vale ressaltar que à época da questão ainda não existia a alteração legislativa provocada pela Lei 13.260/16. 
20 
subjetivo à aplicação das sanções premiais estabelecidas no acordo, inclusive de natureza patrimonial (HC 
127483/PR). 
 
4. Critérios utilizados para a escolha do benefício 
 
A Lei aponta os seguintes critérios para que o juiz escolha quais benefícios serão aplicados ao colaborador (§ 1º 
do art. 4º): 
 
a) Personalidade do colaborador; 
b) Natureza, circunstâncias, gravidade e repercussão social do fato criminoso; 
c) Eficácia da colaboração. 
 
5. Direitos do colaborador 
 
O art. 5º da Lei 12.850/2013 prevê os seguintes direitos ao colaborador: 
 
I - usufruir das medidas de proteção previstas na legislação específica (Lei nº 9.807/99); 
II - ter nome, qualificação, imagem e demais informações pessoais preservados; 
III - ser conduzido, em juízo, separadamente dos demais coautores e partícipes; 
IV - participar das audiências sem contato visual com os outros acusados; 
V - não ter sua identidade revelada pelos meios de comunicação, nem ser fotografado ou filmado, sem sua prévia 
autorização por escrito; 
* VI - cumprir pena ou prisão cautelar em estabelecimento penal diverso dos demais corréus ou condenados.’ 
(NR) – redação em conformidade com a Lei nº 13.964/2019. 
 
Como visto, o inciso IV do art. 5º teve sua redação alterada e passou a prever que, além do cumprimento da 
pena, a prisão cautelar do colaborador também será em estabelecimento penal diverso dos demais corréus ou 
condenados. 
 
6. Procedimento até a assinatura do acordo de colaboração 
 
1) Negociação do acordo 
 
O investigado (ou acusado), assistido por advogado, negocia o acordo de colaboração premiada com o Delegado 
de Polícia ou com o Ministério Público. 
 
21 
O juiz não participará, em hipótese alguma, das negociações realizadas entre as partes para a formalização do 
acordo de colaboração (§ 6º do art. 4º). Caso o magistrado interagisse nas negociações, haveria uma grave 
violação do sistema acusatório e um seriíssimo risco de contaminação da sua imparcialidade, considerando que 
as informações enunciadas pelo eventual colaborador iriam incutir no julgador preconcepções sobre o próprio 
delator e seus comparsas. Se as negociações não culminassem com um acordo, a opinião do julgador a respeito 
do investigado/denunciado já estaria construída em seu psicológico considerando que teria ouvido confissões 
sobre os fatos criminosos. 
 
Ademais, a simples presença do juiz da causa na tentativa de acordo poderia exercer uma indevida coerção velada 
para que o investigado/acusado aceitasse eventual proposta, o que contraria a natureza do instituto já que a 
colaboração deve ser voluntária. 
 
2) Formalização do acordo e envio à Justiça 
 
Caso as negociações tenham êxito, as declarações do colaborador serão registradas (em meio escrito ou 
audiovisual) e será elaborado um termo de acordo de colaboração premiada, a ser assinado por todas as partes 
e, então, remetido ao juiz para homologação. 
 
O Delegado de Polícia pode negociare assinar acordo de colaboração premiada com o colaborador (assistido 
por seu defensor), enviando depois esse termo para ser homologado pelo juiz? A autoridade policial tem 
legitimidade para celebrar o acordo de colaboração premiada? 
 
Redação literal da Lei 12.850/2013: SIM 
 
A redação da Lei nº 12.850/2013 dá a entender que, 
se fosse feito durante o inquérito policial, o acordo 
de colaboração premiada poderia ser celebrado 
entre o Delegado de Polícia e o investigado, ou seja, 
a autoridade policial teria legitimidade para celebrar 
acordo de colaboração premiada, bastando que 
houvesse uma manifestação (parecer) do MP. Veja: 
 
Art. 4º (...) 
§ 2º Considerando a relevância da colaboração 
prestada, o Ministério Público, a qualquer tempo, e o 
delegado de polícia, nos autos do inquérito policial, 
 
Posição da doutrina majoritária: NÃO 
 
A doutrina majoritária sustenta que a legitimidade para 
celebrar o acordo de colaboração premiada é exclusiva 
do Ministério Público. O Delegado de Polícia até poderia 
sugerir o acordo, mas quem decide sobre a sua 
celebração e condições seria o membro do MP. Os 
argumentos, em síntese, para essa conclusão são os 
seguintes: 
 
a) O acordo precisará ser homologado pelo magistrado e 
o Delegado de Polícia não teria capacidade postulatória 
para peticionar em juízo pedindo a homologação; 
 
22 
com a manifestação do Ministério Público, poderão 
requerer ou representar ao juiz pela concessão de 
perdão judicial ao colaborador, ainda que esse 
benefício não tenha sido previsto na proposta inicial, 
aplicando-se, no que couber, o art. 28 do Decreto-Lei 
nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de 
Processo Penal). 
(...) 
§ 6º O juiz não participará das negociações realizadas 
entre as partes para a formalização do acordo de 
colaboração, que ocorrerá entre o delegado de 
polícia, o investigado e o defensor, com a 
manifestação do Ministério Público, ou, conforme o 
caso, entre o Ministério Público e o investigado ou 
acusado e seu defensor. 
 
b) A CF/88, em seu art. 129, I, conferiu ao MP, a 
titularidade da ação penal pública e, com isso, também 
garantiu a esse órgão a decisão sobre a viabilidade ou 
não da persecução penal. Alguns benefícios (prêmios) 
previstos ao colaborador implicam o não-exercício da 
ação penal (como o não-oferecimento de denúncia), 
decisão essa que só poderia ser tomada pelo MP, já que 
ele é o titular da ação penal. 
 
"(...) por mais que a autoridade policial possa sugerir ao 
investigado a possibilidade de celebração do acordo de 
colaboração premiada, daí não se pode concluir que o 
Delegado de Polícia tenha legitimação ativa para firmar 
tais acordos com uma simples manifestação do 
Ministério Público. 
(...) 
Por consequência, se a autoridade policial é desprovida 
de capacidade postulatória e legitimação ativa, não se 
pode admitir que um acordo por ela celebrado com o 
acusado venha a impedir o regular exercício da ação 
penal pública pelo Ministério Público, sob pena de se 
admitir que um dispositivo inserido na legislação 
ordinária possa se sobrepor ao disposto no art. 129, I, da 
Constituição Federal." (LIMA, Renato Brasileiro 
de. Legislação criminal especial comentada. Salvador: 
Juspodivm, 2015, p. 554-555). 
 
*#ATENÇÃO13 #DEOLHONAJURIS: O STF em seu informativo 907, por maioria, julgou improcedente pedido 
formulado em ação direta para assentar a CONSTITUCIONALIDADE dos §§ 2º e 6º do art. 4º (1) da Lei 
12.850/2013, a qual define organização criminosa e dispõe sobre a investigação criminal, os meios de obtenção 
da prova, infrações penais correlatas e o procedimento criminal. A ação impugnava as expressões “e o delegado 
de polícia, nos autos do inquérito policial, com a manifestação do Ministério Público” e “entre o delegado de 
polícia, o investigado e o defensor, com a manifestação do Ministério Público, ou, conforme o caso”, contidas nos 
referidos dispositivos, que conferem legitimidade ao delegado de polícia para conduzir e firmar acordos de 
 
13 https://guilhermedesouzanucci.jusbrasil.com.br/noticias/597598576/resumo-do-informativo-n-907-do-stf?ref=serp 
 
https://guilhermedesouzanucci.jusbrasil.com.br/noticias/597598576/resumo-do-informativo-n-907-do-stf?ref=serp
23 
colaboração premiada (Informativo 888). Prevaleceu o voto do ministro Marco Aurélio (relator), no sentido de 
que o delegado de polícia pode formalizar acordos de colaboração premiada, na fase de inquérito policial, 
respeitadas as prerrogativas do Ministério Público, o qual deverá se manifestar, sem caráter vinculante, 
previamente à decisão judicial. 
3) Requisitos formais do acordo 
 
Segundo o art. 6º, o termo de acordo da colaboração premiada deverá ser feito por escrito e conter os seguintes 
requisitos formais: 
 
I - o relato da colaboração e seus possíveis resultados; 
II - as condições da proposta do Ministério Público ou do delegado de polícia; 
III - a declaração de aceitação do colaborador e de seu defensor; 
IV - as assinaturas do representante do Ministério Público ou do delegado de polícia, do colaborador e de seu 
defensor; 
V - a especificação das medidas de proteção ao colaborador e à sua família, quando necessário. 
 
Na proposta encaminhada ao Judiciário já deverá ser especificado o benefício que deverá ser concedido ao 
colaborador (ex: redução de 2/3 da pena). Deve-se esclarecer, contudo, que o magistrado não está vinculado aos 
termos da proposta, *podendo enviar às partes para que essas fazem as adequações necessárias (§ 8º do art. 4º). 
 
*#OUSESABER: Package deals: existindo muitos envolvidos, em vez de negociar individualmente, a promotoria 
oferece proposta única, global, cujo implemento depende da aquiescência geral. NÃO é aceito. Fere a 
individualização. 
 
4) O pedido de homologação do acordo é autuado como processo sigiloso 
 
O pedido de homologação do acordo será sigilosamente distribuído, contendo apenas informações que não 
possam identificar o colaborador e o seu objeto. 
 
As informações pormenorizadas da colaboração serão dirigidas diretamente ao juiz a que recair a distribuição, 
que decidirá no prazo de 48 horas. OBS: se já houver um juízo que estiver funcionando no caso (ex: tiver deferido 
interceptação telefônica, recebido a ação penal, etc.), este será o competente para apreciar o acordo, sendo 
distribuído a ele por prevenção. 
 
O acesso aos autos será restrito ao juiz, ao Ministério Público e ao Delegado de Polícia, como forma de garantir o 
êxito das investigações, assegurando-se ao defensor, no interesse do representado, amplo acesso aos elementos 
24 
de prova que digam respeito ao exercício do direito de defesa, devidamente precedido de autorização judicial, 
ressalvados os referentes às diligências em andamento. 
 
O acordo de colaboração premiada deixa de ser sigiloso assim que recebida a denúncia (§ 3º do art. 7º). 
 
5) Análise da homologação pelo juiz 
 
As negociações do acordo de colaboração premiada ocorrem em âmbito extrajudicial, sendo vedada a 
participação do magistrado. 
 
Ocorre que, após celebrado, o pacto somente terá eficácia processual se for homologado pelo juiz. 
 
Na análise da homologação do acordo, o juiz deverá examinar os seguintes aspectos: 
a) Regularidade: se os aspectos formais e procedimentais foram atendidos; 
b) Legalidade: se a pactuação celebrada ofende algum dispositivo legal; 
c) Voluntariedade: se o investigado/acusado não foi coagido a assinar o acordo. 
 
*Art. 4º (...) § 8º O juiz poderá recusar a homologação da proposta que não atender aos requisitos legais, 
devolvendo-a às partes para as adequações necessárias. 
 
*#NOVIDADELEGISLATIVA#PACOTEANTICRIME: Conforme já demonstrado anteriormente, deve-se ter MUITA 
atenção para o § 8º, que teve sua redação alterada para retirar do juiz a possibilidade de adequar a proposta de 
acordo ao caso concreto diante do não atendimento dos requisitos legais. A partirde agora, o juiz deve devolver 
às partes para que essas façam as adequações necessárias. 
 
Destaca-se, ainda, que "A homologação não representa juízo de valor sobre as declarações eventualmente já 
prestadas pelo colaborador à autoridade judicial ou ao Ministério Público." (Min. Dias Toffoli, no HC 127483/PR). 
Ou seja, quando o juiz homologa o acordo de colaboração premiada, não significa que esteja concordando ou 
afirmando que as declarações prestadas pelo colaborador são verdadeiras. Tais declarações ainda serão objeto 
de apuração. 
 
6) Audiência sigilosa para confirmar a voluntariedade do acordo 
 
Se houver dúvida do juiz acerca da voluntariedade do acordo, ou seja, se houver suspeita de que tenha havido 
coação para que a pessoa colaborasse, o juiz poderá designar uma audiência sigilosa para ouvir o colaborador, 
que deverá estar acompanhado de seu defensor. 
 
25 
O Ministério Público não será intimado e não participará desta audiência. 
 
7) Recusa à homologação 
 
*O juiz poderá recusar homologação à proposta que não atender aos requisitos legais, mas não mais poderá 
adequá-la ao caso concreto (deve enviar às partes para que essas façam as adequações necessárias). 
 
Na análise da homologação, o juiz deverá se ater ao exame da regularidade, legalidade e voluntariedade do 
acordo. Assim, não pode o magistrado imiscuir-se em questões de discricionariedade investigatória ou fazer 
incursões sobre a conveniência e oportunidade da colaboração premiada. Esta não é sua competência. 
 
Recurso contra a decisão do juiz que recusa a homologação do acordo: a lei não prevê. Diante desse silêncio, a 
doutrina afirma que cabe, por analogia, recurso em sentido estrito (art. 581, I, do CPP). Nesse sentido: Pacelli. 
 
8) O que acontece após ser homologado o acordo 
 
• Se as declarações do investigado/acusado já forem suficientes para se obter um dos resultados previstos nos 
incisos do art. 4º: aplica-se a ele o benefício penal. 
• Se, além das declarações do investigado/acusado, for necessária a realização de medidas de colaboração: o 
prazo para oferecimento da denúncia ou o processo (caso já exista ação penal) ficarão suspensos por até 6 meses, 
prorrogáveis por igual período, até que sejam cumpridas as medidas, suspendendo-se o respectivo prazo 
prescricional. Veja o que diz a Lei: 
 
Art. 4º (...) 
§ 3º O prazo para oferecimento de denúncia ou o processo, relativos ao colaborador, poderá ser suspenso por 
até 6 (seis) meses, prorrogáveis por igual período, até que sejam cumpridas as medidas de colaboração, 
suspendendo-se o respectivo prazo prescricional. 
 
O acordo de colaboração premiada é um "negócio jurídico processual personalíssimo e meio de obtenção de 
prova, que não pode ser impugnado por terceiros, ainda que venham a ser mencionados." O que poderá atingir 
eventual corréu delatado são as imputações posteriores, constantes do depoimento do colaborador. (Min. Dias 
Toffoli, no HC 127483/PR). 
 
9) Oitiva do colaborador 
 
Depois de homologado o acordo, o colaborador *DEVERÁ, sempre acompanhado pelo seu defensor, ser ouvido 
pelo membro do Ministério Público ou pelo Delegado de Polícia responsável pelas investigações. 
26 
 
Ainda que beneficiado por perdão judicial ou não denunciado, o colaborador poderá ser ouvido em juízo a 
requerimento das partes ou por iniciativa da autoridade judicial. 
 
Sempre que possível, o registro dos atos de colaboração será feito pelos meios ou recursos de gravação 
magnética, estenotipia, digital ou técnica similar, inclusive audiovisual, destinados a obter maior fidelidade das 
informações. 
 
10) Se após as diligências for constatada a relevância da colaboração prestada 
 
Considerando a relevância da colaboração prestada, o Ministério Público, a qualquer tempo, e o Delegado de 
Polícia, nos autos do inquérito policial, com a manifestação do Ministério Público, poderão requerer ou 
representar ao juiz pela concessão de perdão judicial ao colaborador. 
 
Caso o juiz discorde, ele poderá invocar o procedimento previsto no art. 28 do CPP remetendo a manifestação do 
Promotor de Justiça ao Procurador Geral de Justiça (ou no caso de Procurador da República, encaminhando a 
circunstância à Câmara de Coordenação e Revisão do MPF). 
 
2.1.1. Outras questões importantes sobre a colaboração premiada 
 
1. Retratação da proposta 
 
Mesmo após a proposta ter sido aceita, alguma das partes pode voltar atrás e se retratar? 
 
SIM. Segundo o § 10 do art. 4º, as partes podem retratar-se da proposta, caso em que as provas 
autoincriminatórias produzidas pelo colaborador não poderão ser utilizadas exclusivamente em seu desfavor. 
 
*Além disso, segundo o novo artigo 10-A, “em todas as fases do processo, deve-se garantir ao réu delatado a 
oportunidade de manifestar-se após o decurso do prazo concedido ao réu que o delatou”. 
 
2. Renúncia ao direito ao silêncio e compromisso de dizer a verdade (#MUITOIMPORTANTE#VAICAIR) 
 
Nos depoimentos que prestar, o colaborador renunciará, na presença de seu defensor, ao direito ao silêncio e 
estará sujeito ao compromisso legal de dizer a verdade (§ 14 do art. 4º). 
 
3. Colaborador deverá ser sempre assistido por defensor 
 
27 
Em todos os atos de negociação, confirmação e execução da colaboração, o colaborador deverá estar assistido 
por defensor (§ 15 do art. 4º). 
 
4. Valor probatório da colaboração: declarações do colaborador devem ser corroboradas com outras provas 
 
Segundo o § 16 do art. 4º da Lei, nenhuma *medida cautelar real ou pessoal, recebimento de denúncia ou 
queixa-crime e sentença condenatória serão proferidas com fundamento apenas nas declarações de agente 
colaborador. Assim, as declarações do colaborador deverão ser corroboradas por outros elementos de prova. 
 
Em verdade, mesmo que não houvesse tal previsão, é certo que, para a jurisprudência, a simples delação do 
corréu não é suficiente para uma condenação. 
 
"Daí a importância daquilo que a doutrina chama de regra da corroboração, ou seja, que o colaborador traga 
elementos de informação e de prova capazes de confirmar suas declarações (v.g., indicação do produto do crime, 
de contas bancárias, localização do produto direto ou indireto da infração penal, auxílio para identificação de 
números de telefone a serem grampeados ou na realização de interceptação ambiental etc.)." (LIMA, Renato 
Brasileiro de. Legislação criminal especial comentada. Salvador: Juspodivm, 2015, p. 545). 
 
Caso concreto julgado pelo STF: HC Impetrado contra decisão que homologou o acordo de colaboração 
premiada. 
"EMF", um dos réus na operação Lava-Jato, impetrou no STF habeas corpus contra ato do Min. Teori Zavascki, que 
homologou o acordo de delação premiada de Alberto Youssef. No HC, a defesa do réu alegou, dentre outras teses, 
que o colaborador não teria idoneidade para firmar o acordo e que, por isso, as informações por ele repassadas 
não seriam confiáveis. Afirmou-se, ainda, que ele já descumpriu um outro acordo de colaboração premiada, 
demonstrando, assim, não ter compromisso com a verdade. Em razão disso, o acordo seria ilícito e todas as provas 
obtidas a partir dele também seriam ilícitas por derivação, devendo ser anuladas. 
 
O STF concordou com a tese? NÃO. O STF indeferiu o habeas corpus. STF. Plenário. HC 127483/PR, Rel. Min. Dias 
Toffoli, julgado em 26 e 27/8/2015 (Info 796). 
 
Quais os argumentos utilizados? 
O STF entendeu que o acordo não pode ser impugnado por terceiro, mesmo que seja uma pessoa citada na 
delação. Assim, eventual coautor ou partícipe dos crimes praticados pelo colaborador não pode impugnar o 
acordo de colaboração. Isso porque o acordo é personalíssimo e, por si só, não vincula o delatado nem afeta 
diretamente sua situação jurídica. O que poderá atingir eventual corréu delatado são as imputações posteriores, 
constantes do depoimento do colaborador. 
 
28 
Negar ao delatado a possibilidade de impugnaracordo de colaboração premiada assinado por outro acusado 
não significa negar-lhe direito ao contraditório, pois a lei estabelece que nenhuma sentença condenatória será 
proferida com fundamento apenas nas declarações de agente colaborador. O que deve ser assegurado ao 
delatado é o direito de defesa e de contraditar as informações do acordo, inclusive com a possibilidade de efetuar 
perguntas ao colaborador. 
 
O STF decidiu ainda que não importa a idoneidade do colaborador, mas sim a idoneidade das informações que 
ele fornecer e isso ainda será apurado no decorrer do processo. Segundo a Lei nº 12.850/2013, a personalidade 
do colaborador irá influenciar apenas na escolha do benefício que será concedido a ele (art. 4º, § 1º), mas não 
interfere na validade do acordo de colaboração. 
 
*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: 
Não viola o entendimento da SV 14-STF a decisão do juiz que nega a réu denunciado com base em um acordo de 
colaboração premiada o acesso a outros termos de declarações que não digam respeito aos fatos pelos quais ele 
está sendo acusado, especialmente se tais declarações ainda estão sendo investigadas, situação na qual existe 
previsão de sigilo, nos termos do art. 7º da Lei nº 12.850/2013. STF. 2ª Turma. Rcl 22009 AgR/PR, rel. Min. Teori 
Zavascki, julgado em 16/2/2016 (Info 814). 
 
*Natureza jurídica do acordo de colaboração premiada. A colaboração premiada é um negócio jurídico 
processual entre o Ministério Público e o colaborador, sendo vedada a participação do magistrado na celebração 
do ajuste entre as partes. Papel do Poder Judiciário no acordo de colaboração premiada. A colaboração é um 
meio de obtenção de prova cuja iniciativa não se submete à reserva de jurisdição (não exige autorização judicial), 
diferentemente do que ocorre nas interceptações telefônicas ou na quebra de sigilo bancário ou fiscal. Nesse 
sentido, as tratativas e a celebração da avença são mantidas exclusivamente entre o Ministério Público e o 
pretenso colaborador. O Poder Judiciário é convocado ao final dos atos negociais apenas para aferir os requisitos 
legais de existência e validade, com a indispensável homologação. Natureza da decisão que homologa o acordo 
de colaboração premiada. A decisão do magistrado que homologa o acordo de colaboração premiada não julga 
o mérito da pretensão acusatória, mas apenas resolve uma questão incidente. Por isso, esta decisão tem natureza 
meramente homologatória, limitando-se ao pronunciamento sobre a regularidade, legalidade e voluntariedade 
do acordo (art. 4º, § 7º, da Lei nº 12.850/2013). O juiz, ao homologar o acordo de colaboração, não emite juízo 
de valor a respeito das declarações eventualmente prestadas pelo colaborador à autoridade policial ou ao 
Ministério Público, nem confere o signo da idoneidade a seus depoimentos posteriores. A análise se as 
declarações do colaborador são verdadeiras ou se elas se confirmaram com as provas produzidas será feita apenas 
no momento do julgamento do processo, ou seja, na sentença (ou acórdão), conforme previsto no § 11 do art. 4º 
da Lei. Na decisão homologatória, magistrado examina se as cláusulas contratuais ofendem manifestamente o 
ordenamento jurídico. No ato de homologação da colaboração premiada, não cabe ao magistrado, de forma 
antecipada e extemporânea, tecer juízo de valor sobre o conteúdo das cláusulas avençadas, exceto nos casos de 
29 
flagrante ofensa ao ordenamento jurídico vigente. Ex: o Relator poderá excluir ao acordo a cláusula que limite o 
acesso à justiça, por violar o art. 5º, XXXV, da CF/88. Neste momento, o Relator não realiza qualquer controle de 
mérito, limitando-se aos aspectos formais e legais do acordo. Em caso de colaboração premiada envolvendo 
investigados ou réus com foro no Tribunal, qual é o papel do Relator? É atribuição do Relator homologar, 
monocraticamente, o acordo de colaboração premiada, analisando apenas a sua regularidade, legalidade e 
voluntariedade, nos termos do art. 4º, § 7º da Lei nº 12.850/2013: § 7º Realizado o acordo na forma do § 6º, o 
respectivo termo, acompanhado das declarações do colaborador e de cópia da investigação, será remetido ao juiz 
para homologação, o qual deverá verificar sua regularidade, legalidade e voluntariedade, podendo para este fim, 
sigilosamente, ouvir o colaborador, na presença de seu defensor. Não há qualquer óbice à homologação do 
respectivo acordo mediante decisão monocrática. O art. 21, I e II, do RISTF confere ao Ministro Relator no STF 
poderes instrutórios para ordenar, de forma singular, a realização de quaisquer meios de obtenção de provas. Em 
caso colaboração premiada envolvendo investigados ou réus com foro no Tribunal, qual é o papel do órgão 
colegiado? Compete ao órgão colegiado, em decisão final de mérito, avaliar o cumprimento dos termos do acordo 
homologado e a sua eficácia, conforme previsto no art. 4º, § 11 da Lei nº 12.850/2013: § 11. A sentença apreciará 
os termos do acordo homologado e sua eficácia. Assim, é possível que o órgão julgador, no momento da sentença 
ou acórdão, ou seja, após a conclusão da instrução probatória, avalie se os termos da colaboração foram 
cumpridos e se os resultados concretos foram atingidos, o que definirá a sua eficácia. Acordo de colaboração 
homologado pelo Relator deve, em regra, produzir seus efeitos, salvo se presente hipótese de anulabilidade O 
acordo de colaboração devidamente homologado individualmente pelo relator deve, em regra, produzir seus 
efeitos diante do cumprimento dos deveres assumidos pelo colaborador. Vale ressaltar, no entanto, que o órgão 
colegiado detém a possibilidade de analisar fatos supervenientes ou de conhecimento posterior que firam a 
legalidade do acordo, nos termos do § 4º do art. 966do CPC/2015: § 4º Os atos de disposição de direitos, 
praticados pelas partes ou por outros participantes do processo e homologados pelo juízo, bem como os atos 
homologatórios praticados no curso da execução, estão sujeitos à anulação, nos termos da lei. Direitos do 
colaborador somente serão assegurados se ele cumprir seus deveres. O direito subjetivo do colaborador nasce e 
se perfectibiliza na exata medida em que ele cumpre seus deveres. Assim, o cumprimento dos deveres pelo 
colaborador é condição sine qua non para que ele possa gozar dos direitos decorrentes do acordo. Por isso diz-se 
que o acordo homologado como regular, voluntário e legal gera vinculação condicionada ao cumprimento dos 
deveres assumidos pela colaboração, salvo ilegalidade superveniente apta a justificar nulidade ou anulação do 
negócio jurídico. STF. Plenário. Pet 7074/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 21, 22, 28 e 29/6/2017 (Info 870). 
 
*O sigilo sobre o conteúdo de colaboração premiada deve perdurar, no máximo, até o recebimento da denúncia 
(art. 7º, § 3º da Lei nº 12.850/2013). Esse dispositivo não traz uma regra de observância absoluta, mas sim um 
termo final máximo. Para que o sigilo seja mantido até o recebimento da denúncia, deve-se demonstrar a 
existência de uma necessidade concreta. Não havendo essa necessidade, deve-se garantir a publicidade do 
acordo. STF. 1ª Turma. Inq 4435 AgR/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 12/9/2017 (Info 877). 
 
30 
*O descumprimento de acordo de delação premiada ou a frustração na sua realização, isoladamente, não autoriza 
a imposição da segregação cautelar. Não se pode decretar a prisão preventiva do acusado pelo simples fato de 
ele ter descumprido acordo de colaboração premiada. Não há, sob o ponto de vista jurídico, relação direta entre 
a prisão preventiva e o acordo de colaboração premiada. Tampouco há previsão de que, em decorrência do 
descumprimento do acordo, seja restabelecida prisão preventiva anteriormente revogada. Por essa razão, o 
descumprimento do que foi acordado não justifica a decretação de nova custódia cautelar. É necessário verificar, 
no caso concreto, a presença dos requisitos da prisão preventiva, não podendo o decreto prisionalter como 
fundamento apenas a quebra do acordo. STJ. 6ª Turma. HC 396.658-SP, Rel. Min. Antônio Saldanha Palheiro, 
julgado em 27/6/2017 (Info 609). STF. 2ª Turma. HC 138207/PR, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 25/4/2017 
(Info 862) 
 
*#ALTERAÇÃOJURISPRUDENCIAL #DIZERODIREITO 
Competência para homologação do acordo de colaboração premiada se o delatado tiver foro por prerrogativa 
de função 
Se a delação do colaborador mencionar fatos criminosos que teriam sido praticados por autoridade (ex: 
Governador) e que teriam que ser julgados por foro privativo (ex: STJ), este acordo de colaboração deverá, 
obrigatoriamente, ser celebrado pelo Ministério Público respectivo (PGR), com homologação pelo Tribunal 
competente (STJ). 
Assim, se os fatos delatados tiverem que ser julgados originariamente por um Tribunal (foro por prerrogativa 
de função), o próprio acordo de colaboração premiada deverá ser homologado por este respectivo Tribunal, 
mesmo que o delator não tenha foro privilegiado. 
A delação de autoridade com prerrogativa de foro atrai a competência do respectivo Tribunal para a respectiva 
homologação e, em consequência, do órgão do Ministério Público que atua perante a Corte. 
Se o delator ou se o delatado tiverem foro por prerrogativa de função, a homologação da colaboração premiada 
será de competência do respectivo Tribunal. 
 
Análise da legitimidade do delatado para impugnar o acordo de colaboração premiada 
Em regra, o delatado não tem legitimidade para impugnar o acordo de colaboração premiada. Assim, em regra, 
a pessoa que foi delatada não poderá impetrar um habeas corpus alegando que esse acordo possui algum vício. 
Isso porque se trata de negócio jurídico personalíssimo. 
Esse entendimento, contudo, não se aplica em caso de homologação sem respeito à prerrogativa de foro. 
Desse modo, é possível que o delatado questione o acordo se a impugnação estiver relacionada com as regras 
constitucionais de prerrogativa de foro. Em outras palavras, se o delatado for uma autoridade com foro por 
prerrogativa de função e, apesar disso, o acordo tiver sido homologado em 1ª instância, será permitido que ele 
impugne essa homologação alegando usurpação de competência. 
STF. 2ª Turma. HC 151605/PR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 20/3/2018 (Info 895). 
 
31 
*Vejamos o resumo das principais mudanças no procedimento de colaboração premiada, trazidas com a Lei nº 
13.964/2019: 
 
*#NOVIDADELEGISLATIVA#PACOTEANTICRIME 
Antes da Lei nº 13.964/2019 Depois da Lei nº 13.964/2019 
Art. 4º 
(...) 
§ 4º Nas mesmas hipóteses do caput, 
o Ministério Público poderá deixar 
de oferecer denúncia se o 
colaborador: 
(...) 
 
§4º-A,: sem correspondente. 
 
§ 7º Realizado o acordo na forma do 
§ 6º , o respectivo termo, 
acompanhado das declarações do 
colaborador e de cópia da 
investigação, será remetido ao juiz 
para homologação, o qual deverá 
verificar sua regularidade, legalidade 
e voluntariedade, podendo para este 
fim, sigilosamente, ouvir o 
colaborador, na presença de seu 
defensor. 
Incisos I a IV: sem correspondente. 
 
§7º-A e §7º-B: sem correspondente. 
 
§ 8º O juiz poderá recusar 
homologação à proposta que não 
atender aos requisitos legais, ou 
adequá-la ao caso concreto. 
 
§10-A: sem correspondente. 
(...) 
 
§ 13. Sempre que possível, o registro 
dos atos de colaboração será feito 
pelos meios ou recursos de gravação 
magnética, estenotipia, digital ou 
técnica similar, inclusive audiovisual, 
destinados a obter maior fidelidade 
das informações. 
 
(...) 
 
§ 16. Nenhuma sentença 
condenatória será proferida com 
fundamento apenas nas declarações 
de agente colaborador. 
 
‘Art. 4º ................................................................................................ 
 
............................................................................................................ 
§ 4º Nas mesmas hipóteses do caput deste artigo, o Ministério 
Público poderá deixar de oferecer denúncia se a proposta de acordo 
de colaboração referir-se a infração de cuja existência não tenha 
prévio conhecimento e o colaborador: 
......................................................................................................... 
 
§ 4º-A. Considera-se existente o conhecimento prévio da infração 
quando o Ministério Público ou a autoridade policial competente 
tenha instaurado inquérito ou procedimento investigatório para 
apuração dos fatos apresentados pelo colaborador. 
...................................................................................................... 
 
 
§ 7º Realizado o acordo na forma do § 6º deste artigo, serão 
remetidos ao juiz, para análise, o respectivo termo, as declarações do 
colaborador e cópia da investigação, devendo o juiz ouvir 
sigilosamente o colaborador, acompanhado de seu defensor, 
oportunidade em que analisará os seguintes aspectos na 
homologação: 
I - regularidade e legalidade; 
II - adequação dos benefícios pactuados àqueles previstos no caput e 
nos §§ 4º e 5º deste artigo, sendo nulas as cláusulas que violem o 
critério de definição do regime inicial de cumprimento de pena do art. 
33 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código 
Penal), as regras de cada um dos regimes previstos no Código Penal e 
na Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984 (Lei de Execução Penal) e os 
requisitos de progressão de regime não abrangidos pelo § 5º deste 
artigo; 
III - adequação dos resultados da colaboração aos resultados mínimos 
exigidos nos incisos I, II, III, IV e V do caput deste artigo; 
IV - voluntariedade da manifestação de vontade, especialmente nos 
casos em que o colaborador está ou esteve sob efeito de medidas 
cautelares. 
 
§ 7º-A O juiz ou o tribunal deve proceder à análise fundamentada do 
mérito da denúncia, do perdão judicial e das primeiras etapas de 
aplicação da pena, nos termos do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de 
dezembro de 1940 (Código Penal) e do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de 
outubro de 1941 (Código de Processo Penal), antes de conceder os 
benefícios pactuados, exceto quando o acordo prever o não 
oferecimento da denúncia na forma dos §§ 4º e 4º-A deste artigo ou 
já tiver sido proferida sentença. 
 
§ 7º-B. São nulas de pleno direito as previsões de renúncia ao direito 
de impugnar a decisão homologatória. 
32 
§§17 e 18: sem correspondente. 
 
 
§ 8º O juiz poderá recusar a homologação da proposta que não 
atender aos requisitos legais, devolvendo-a às partes para as 
adequações necessárias. 
.......................................................................................................... 
 
§ 10-A Em todas as fases do processo, deve-se garantir ao réu 
delatado a oportunidade de manifestar-se após o decurso do prazo 
concedido ao réu que o delatou. 
....................................................................................................... 
 
§ 13. O registro das tratativas e dos atos de colaboração deverá ser 
feito pelos meios ou recursos de gravação magnética, estenotipia, 
digital ou técnica similar, inclusive audiovisual, destinados a obter 
maior fidelidade das informações, garantindo-se a disponibilização de 
cópia do material ao colaborador. 
................................................................................................................. 
 
§ 16. Nenhuma das seguintes medidas será decretada ou proferida 
com fundamento apenas nas declarações do colaborador: 
I - medidas cautelares reais ou pessoais; 
II - recebimento de denúncia ou queixa-crime; 
III - sentença condenatória. 
 
§ 17. O acordo homologado poderá ser rescindido em caso de 
omissão dolosa sobre os fatos objeto da colaboração. 
 
§ 18. O acordo de colaboração premiada pressupõe que o 
colaborador cesse o envolvimento em conduta ilícita relacionada ao 
objeto da colaboração, sob pena de rescisão.’ (NR). 
 
No artigo 4º, o legislador trouxe mais um requisito para que o Ministério Público deixe de oferecer denúncia. Para

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