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Caso Concreto 06

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Disciplina: Direito Administrativo II
Professor: Isidoro
Acadêmico: Paulo Roberto Aguiar
CASO CONCRETO 06
O Estado “Y”, mediante decreto, declarou como de utilidade pública, para fins de instituição de servidão administrativa, em favor da concessionária de serviço público “W”, imóveis rurais necessários à construção de dutos subterrâneos para passagem de fios de transmissão de energia.A concessionária “W”, de forma extrajudicial, conseguiu fazer acordo com diversos proprietários das áreas declaradas de utilidade pública, dentre eles, Caio, pagando o valor da indenização pela instituição da servidão por meio de contrato privado.Entretanto, após o pagamento da indenização a Caio, este não permitiu a entrada da concessionária “W” no imóvel para construção do duto subterrâneo, descumprindo o contrato firmado, o que levou a concessionária “W” a ingressar judicialmente com ação de instituição de servidão administrativa em face de Caio.Levando em consideração a hipótese apresentada, responda, de forma justificada, aos itens a seguir.
A) É possível a instituição de servidão administrativa pela via judicial? 
B) Um concessionário de serviço público pode declarar um bem como de utilidade pública e executar os atos materiais necessários à instituição da servidão?
RESPOSTAS
A) A servidão administrativa é uma espécie de intervenção do estado na prioridade privada, a qual se caracteriza por permitir a utilização do imóvel privado para fins de interesse publico. Dentre as variadas formas de instituição da servidão, é possível que o poder público proponha ação judicial para constitui-la, nesse caso será observado o regramento da desapropriação nos termos do decreto-lei n° 3.365/41.
B) O art. 29, VII da lei 8.987/95, cabe ao poder concedente declarar a utilidade pública para fins de instituição de servidão administrativa. Sendo assim, não é possível que um concessionário, toda via de acordo com o mesmo dispositivo legal, e possível que a concessionaria promova os atos materiais necessários a instituição da servidão.
C) EMENTA
D) ENUNCIADO ADMINISTRATIVO 3/STJ. INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PROPRIEDADE. DESAPROPRIAÇÃO POR UTILIDADE PÚBLICA. CONSTITUIÇÃO DE SERVIDÃO ADMINISTRATIVA. ARBITRAMENTO DE INDENIZAÇÃO. LAUDO PERICIAL. VIOLAÇÃO A NORMATIVO FEDERAL. REVISÃO DOS CRITÉRIOS E DA METODOLOGIA DO LAUDO PERICIAL. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 07/STJ. 1. Não é cognoscível o recurso especial para o exame da justeza da indenização arbitrada em ação de desapropriação e de constituição de servidão administrativa, quando a verificação disso exigir a revisão e a reinterpretação dos critérios e da metodologia utilizados nos laudos do assistente técnico e do perito judicial. Inteligência da Súmula 07/STJ. 2. Agravo conhecido para não conhecer do recurso especial.
E) DOUTRINA
F) Di Pietro afirma que o conceito de servidão pertence à teoria geral do direito, embora tenha se originado no âmbito do direito privado. Em outras palavras, vale dizer, a servidão não é comprometida especificamente com o direito civil e nem com o direito administrativo, mostrando-se como uma categoria jurídica, isto é, uma noção genérica, que se desdobra em noções específicas e próprias de cada um desses ramos jurídicos. É comum, portanto, a qualquer tipo de servidão: a) a natureza de direito real sobre a coisa alheia; b) a situação de sujeição em que se encontra a coisa serviente em relação à coisa dominante e c) o conteúdo da servidão que é sempre uma utilidade inerente à coisa serviente[8].
G) Nesse aspecto, ainda que a servidão administrativa tenha derivado da servidão civil, é diferente desta porque nela incide regime jurídico administrativo[9], além do fato da sua instituição, que é de interesse da coletividade, ao contrário da servidão civil que se dá em razão de interesses privados. Basta imaginar, por exemplo, a demanda pelos serviços de energia elétrica. Do local em que ela é gerada aos pontos os quais é transmitida, seria inconcebível e desnecessário que o Poder Público desapropriasse os imóveis ao longo dos trechos por onde passa a respectiva fiação elétrica, sendo que é mais eficiente e menos oneroso ao Estado instituir a servidão administrativa na linha que liga a rede de transmissão, cabendo indenização aos proprietários caso sofram danos ou prejuízos[10].
H) No Código Civil, tendo como partícipes da relação jurídica pessoas de iniciativa privada, a servidão civil se dá sobre um prédio em favor de outro, pertencente a dono diverso, em que o dono do prédio sujeito à servidão é obrigado a tolerar o uso pelo dono do prédio favorecido, destinado a certo fim[11]. A diferença quanto à servidão administrativa reside, então, no polo passivo da relação jurídica, que é o próprio serviço público. A Administração Pública agirá em função do interesse público, limitando o uso de parte da propriedade privada necessária à execução dos serviços públicos, mediante seu poder de império, devendo sempre respeitar as restrições impostas em lei, sem ultrapassar o necessário e suficiente para o que se almeja no exercício disso, as servidões civis não podem gravar bens do domínio público, ao contrário das servidões administrativas[13].
I)

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