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Obrigações 4 Semestre

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DIREITO CIVIL 
1º SEMESTRE DE 2020 
 
 
Pagamento  
Pagamento é o ato formal do devedor 
Solves é o que pratica o ato de pagar, pode ser o devedor como outra pessoa, quem                                 
recebe é o racipiens. 
Credor putativo é o que parece credor mas não é. 
Compensação é uma forma de extinguir a obrigação que deve ser estimulada pois                         
representa a eli do menor esforço. 
 
EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES 
Uma obrigação é um fenômeno jurídico que ocorre a todo momento, que nasce e se                             
extingue a todo instante.  
Enquanto estamos aqui conversando, existem inúmeras obrigações, contratos, atos ilícitos,                   
etc., sendo realizados/ocorrendo lá fora na rua.  
Vocês hoje, por exemplo, celebraram algum contrato, assumiram alguma obrigação,                   
compraram alguma coisa, tomaram algo emprestado, usaram o telefone?  
Acredito que sim, então vocês hoje fizeram acontecer uma obrigação jurídica.  
Veremos nesta 2ª unidade do curso de Direito Civil os vários modos pelos quais as                             
obrigações se extinguem, e o primeiro e principal desses modos é o pagamento. 
MODOS DE EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES 
 
1 
 
 
 
1 - PAGAMENTO 
É a principal forma de extinção das obrigações.  
O pagamento é muito comum e ocorre com grande freqüência na sociedade, pois toda                           
obrigação nasce para ser satisfeita. A imensa maioria das obrigações são cumpridas/pagas,                       
de modo que o devedor fica liberado. Só uma minoria das obrigações é que não são                               
satisfeitas, pelo que o devedor poderá ser judicialmente processado pelo credor.  
Conceito: num conceito mais simples, pagamento é a morte natural da obrigação, ou a                           
realização real da obrigação, mas nem sempre em dinheiro (ex: A paga a B para pintar um                                 
quadro, de modo que a obrigação de B será fazer o quadro, o pagamento de B será                                 
realizar o serviço).  
O leigo tende a achar que todo pagamento é em dinheiro, mas nem sempre, pois em                               
linguagem jurídica pagar é executar a obrigação, seja essa obrigação de dar uma coisa, de                             
fazer um serviço ou de se abster de alguma conduta (não-fazer). 
Num conceito mais completo, pagamento é o ato jurídico formal, unilateral, que                       
corresponde à execução voluntária e exata por parte do devedor da prestação devida ao                           
credor, no tempo, modo e lugar previstos no título constitutivo.  
a) formal: o pagamento é formal pois a prova do pagamento é o recibo; tal recibo em                               
direito é chamado de quitação, e deve atender às formalidade do art. 320. Muitas                           
vezes, em pequenos contratos, nós não pedimos recibo pra não perder tempo, é                         
um hábito que nós temos e vocês sabem que o costume é também uma fonte do                               
direito. Falaremos mais da quitação adiante. 
b) unilateral: pois é de iniciativa do devedor, que é o sujeito passivo da obrigação. 
c) voluntário e exato: lembrem-se sempre disso, pagamento é voluntário e exato; se o                         
devedor só paga após ser judicialmente executado, tecnicamente isto não é                     
pagamento pois foi feito sob intervenção judicial, ao penhorar/tomar bens do                     
devedor; além de voluntário, o pagamento deve ser exato, então se A deve                         
cinqüenta a B e paga com um livro, tecnicamente isto não foi pagamento. De                           
qualquer modo, em ambos os casos, mesmo pagando sob força judicial, ou                       
pagando coisa diferente da devida, se o credor aceitou e se satisfez, isto é o que                               
 
2 
 
 
 
importa. Mas tecnicamente, em linguagem jurídica, pagamento é aquele voluntário                   
e exato.  
d) Prestação: é o objeto da obrigação, e vocês já sabem que tal prestação é uma                             
conduta humana, pode ser um dar, um fazer ou um omitir-se (não-fazer). Pagar é                           
cumprir esta prestação. 
e) Tempo, modo e lugar: o pagamento precisa atender a estas regras previstas no                         
contrato na lei ou na sentença que fez nascer a obrigação, respeitando a data, o                             
lugar e a maneira de pagar.  
 ​Regras do pagamento:  
a) satisfação voluntária e rigorosa da prestação (dar uma coisa, fazer um serviço, ou                         
abster-se de uma conduta) porque o pagamento é exato; 
b) o credor não pode ser obrigado a receber prestação diferente, ainda que mais                         
valiosa (art. 313); o credor pode aceitar receber prestação diferente, mas não pode                         
ser forçado a aceitar (356);  
c) O credor não pode ser obrigado a receber por partes uma dívida que deve ser paga                               
por inteiro (314); esta regra tem duas exceções, no art. 962, que dispõe sobre o                             
concurso de credores, assunto do final do semestre, e no art. 1.997, que dispõe                           
sobre pagamento pelos herdeiros de dívida do falecido. 
Quem deve pagar?  
O devedor, mas nada impede que um terceiro pague, afinal o credor quer receber.                           
Se o devedor quer impedir que um terceiro pague sua dívida deve se antecipar e pagar                               
logo ao credor.  
Em geral para o credor não importa quem seja o solvens, quem esteja pagando.                           
Solvens é o pagador, seja ele o devedor ou não, e o accipiens é quem recebe o pagamento,                                   
seja ele o credor ou não. Se a obrigação for personalíssima (ex: A contrata o cantor B para                                   
fazer um show), o solvens só pode ser o devedor.  
Mas se a obrigação não for personalíssima, o credor vai aceitar o pagamento de                           
qualquer pessoa. Para evitar especulações ou constrangimentos, a lei trata diferente o                       
terceiro que paga por interesse jurídico do terceiro que paga sem interesse jurídico,                         
apenas por pena ou para humilhar. Assim, o terceiro que paga com interesse jurídico (ex:                             
 
3 
 
 
 
fiador, avalista, herdeiro) vai se sub-rogar nos direitos do credor (349, veremos                       
sub-rogação em breve). O terceiro que paga sem interesse jurídico (ex: o pai, o inimigo, etc)                               
vai poder cobrar do devedor original, mas sem eventuais privilégios ou vantagens (ex:                         
hipoteca, penhor, 305). Em suma, o terceiro interessado tem reembolso e sub-rogação nos                         
eventuais privilégios, já o terceiro juridicamente desinteressado só tem direito ao                     
reembolso.  
A quem se deve pagar?  
Ao credor, ou a seu representante, sob pena do pagamento ser feito outra vez, pois                             
quem paga mal paga duas vezes (308). Se o credor é menor ou louco, pague a seu pai ou                                     
curador, sob pena de anulabilidade (310). Credor putativo: é aquele que parece o credor                           
mas não o é (ex: A deve a B, mas B morre e deixa um testamento nomeando C seu                                     
herdeiro, então A paga a C, mas depois o Juiz anula o testamento, A não vai precisar pagar                                   
novamente pois pagou a um credor putativo; C é que vai ter que devolver o dinheiro ao                                 
verdadeiro herdeiro de B, 309). Idem no caso do 311, pois se considera um representante                             
do credor aquele que está com o recibo,embora depois se prove que tal accipiens furtou o                                 
recibo do credor; neste caso o devedor não vai pagar outra vez, o credor deverá buscar o                                 
pagamento do accipiens falso.  
Como se prova o pagamento?  
Com o recibo/quitação. Quitação vem do latim - quietare- , que significa aquietar,                         
acalmar, tranqüilizar. Quitação é o documento escrito em que o credor reconhece ter                         
recebido o pagamento e exonera o devedor da obrigação. A quitação tem vários requisitos                           
no art. 320, mas em muitos casos da vida prática a quitação é informal/verbal e decorre                               
dos costumes (ex: compra e venda em banca de revista/bombom). Se o credor não quiser                             
fazer a quitação, o devedor poderá não pagar (319). Mas pagar não é só uma obrigação do                                 
devedor, pagar é também um direito, pois o devedor tem o direito de ficar livre das suas                                 
obrigações, é até um alívio para muita gente pagar seus débitos. Assim, o devedor pode                             
consignar/depositar o pagamento se o credor não quiser dar a quitação, e o Juiz fará a                               
quitação no lugar do credor. Veremos em breve pagamento em consignação.  
Espécies de quitação: 
a) Pela entrega do recibo, é a mais comum;  
 
4 
 
 
 
b) Pela devolução do título de crédito (324), assunto que vocês vão estudar em Direito                           
Empresarial/Comercial.  
Ônus da prova: quem deve provar que houve pagamento?  
Se a obrigação é positiva, ou seja, de dar e de fazer, o ônus da prova é do devedor,                                     
assim se você é devedor, guarde bem seu recibo. Se a obrigação é negativa o ônus da                                 
prova é do credor, cabe ao credor provar que o devedor descumpriu o dever de abstenção,                               
pois não é razoável exigir que o devedor prove que se omitiu, e mais fácil exigir que o                                   
credor prove que o devedor deixou de se omitir, fazendo o que não podia, descumprindo                             
aquela obrigação negativa.  
Lugar: onde o pagamento deve ser feito?  
No local de livre escolha das partes, afinal no Direito Civil predomina a autonomia                           
da vontade (art. 78). Se o contrato/sentença for omisso, o lugar do pagamento será no                             
domicílio do devedor (327 e parágrafo único). Tratando-se de imóvel, o local da coisa                           
determina o lugar do pagamento (328). A doutrina classifica as dívidas em quesível                         
(querable) e portável (portable): nesta, cabe ao devedor ir pagar no domicílio do credor,                           
sob pena de juros e multa ( = mora, assunto do final do semestre, 395).  
 
Já na dívida querable cabe ao credor ir exigir o pagamento no domicílio do devedor, a                               
iniciativa é do credor, sob pena de mora do credor (394, 400, bom, veremos mora mais                               
adiante). 
Tempo: quando deve ser feito o pagamento? 
No vencimento previsto no título, e se não houver vencimento é porque o credor                           
pode exigir o pagamento imediatamente. É a chamada satisfação imediata do art. 331.                         
Mas deve-se sempre tolerar um prazo moral, que é aquele prazo razoável, do bom-senso,                           
para dar ao devedor um tempo mínimo de se organizar, sacar o dinheiro no banco,                             
esperar a mercadoria chegar do exterior, etc. O vencimento é uma data que favorece o                             
devedor, então o devedor pode pagar antes do vencimento, mas o credor só pode exigir a                               
partir do vencimento, sob as penas do 939. A lei todavia permite, excepcionalmente,                         
 
5 
 
 
 
cobrança antes do vencimento caso o devedor esteja em dificuldade financeira, nos casos                         
do art. 333.  
Enriquecimento sem causa e pagamento indevido: 
Enriquecer sem causa é enriquecer repentinamente sem motivo justo, sem                   
trabalhar, sem herdar. Uma das hipóteses de enriquecimento sem causa é através do                         
pagamento indevido, por isso estes dois assuntos devem ser estudados em conjunto.                       
Ocorre pagamento indevido quando o devedor paga a alguém que não é o credor, ou seja,                               
o accipiens não é o credor, e o devedor agiu por engano. Quem recebe pagamento                             
indevido enriquece sem causa (ex: A deve a José da Silva, mas paga a outro José da Silva,                                   
homônimo do verdadeiro credor; A efetuou pagamento indevido e vai ter que pagar de                           
novo ao verdadeiro credor, pois quem paga mal paga duas vezes; A obviamente vai exigir                             
o dinheiro de volta do outro José da Silva que enriqueceu sem causa, mas o verdadeiro                               
credor não precisa esperar, ele não tem nada a ver com isso).  
Ocorre enriquecimento sem causa quando alguém aufere um aumento patrimonial,                   
em prejuízo de outrém, sem justa causa. Há outros casos de enriquecimento sem causa                           
além das hipóteses de pagamento indevido, ex: 578, 1255, pú do 1817, etc.  
Dois efeitos do pagamento indevido:  
I. Aquele que enriqueceu sem causa fica obrigado a devolver o indevidamente                     
auferido, não só por uma questão moral (= direito natural), mas também por uma                           
questão de ordem civil (876, 884) e tributária, afinal como explicar à Receita Federal                           
um súbito aumento de patrimônio? O objetivo dessa devolução é reequilibrar os                       
patrimônios do devedor e do falso credor, alterados sem fundamento jurídico, sem                       
causa justa.  
II. Se o falso credor não quiser voluntariamente devolver o pagamento, surge o                       
segundo efeito que é o direito do devedor de propor ação de repetição do indébito                             
(repetitio indebiti) contra tal accipiens. Esta ação tem este nome pois, em                       
linguagem jurídica, -repetir- significa –devolver- e –indébito- é aquilo que não é                       
devido.Então a ação é para o falso credor devolver aquilo que não lhe era devido.                             
Tal ação prescreve em três anos (206, § 3º, IV). 
 
6 
 
 
 
Também se aplicam as regras do pagamento indevido quando se paga mais do que                           
se deve. Porém não cabe a repetição quando o –solvens- agiu por liberalidade (ex: doação,                             
877) ou em cumprimento de obrigação natural (ex: gorjeta, dívida de jogo, dívida prescrita,                           
882, 814) ou quando o –solvens- deu alguma coisa para obter fim ilícito, afinal ninguém                             
pode se beneficiar da própria torpeza (ex: pagou ao pistoleiro errado para cometer um                           
homicídio, não cabe devolução, 883).  
E se o objeto do pagamento indevido já tiver sido alienado pelo falso credor a um                               
terceiro? Bem, se tal objeto era coisa móvel, tal alienação vale por uma questão de                             
segurança das relações jurídicas e porque em geral os móveis são menos valiosos do que                             
os imóveis. De qualquer modo o falso credor vai responder pelo equivalente em dinheiro.                           
Mas se o objeto do pagamento indevido for um imóvel que o falso credor já tenha alienado                                 
a um terceiro, tal alienação só valeráse feita onerosamente (venda sim, doação não) e o                               
terceiro estiver de boa-fé. 
Caso contrário o solvens poderá perseguir o imóvel e recuperá-lo do terceiro (879). 
2 - IMPUTAÇÃO DE PAGAMENTO 
O normal é entre duas pessoas haver apenas uma obrigação, mas pode acontecer                         
de alguém ter mais de uma dívida com o mesmo credor. Assim, se A deve a B cem reais                                     
decorrentes de um empréstimo e outros cem reais decorrentes de um ato ilícito (ex: A                             
bateu no carro de B), quando A vai pagar apenas uma destas dívidas precisa dizer a B qual                                   
está quitando. Imputar o pagamento é determinar em qual dívida o pagamento está                         
incidindo. Num conceito mais técnico, imputação de pagamento é a operação pela qual o                           
devedor de mais de uma dívida vencida da mesma natureza a um só credor, indica qual                               
das dívidas está pagando por ser tal pagamento inferior ao total das dívidas (352).  
É preciso que haja mais de uma dívida, todas vencidas, da mesma natureza (ex:                           
obrigação de dar dinheiro) e o pagamento ser menor do que a soma das dívidas.  
Cabe ao devedor fazer a imputação, dizer qual dívida está quitando, e o devedor                           
deve ser orientado por seu advogado para quitar logo a dívida de juro maior e a dívida com                                   
garantia (ex: hipoteca, penhor, fiança, porque aí o devedor libera a coisa dada em                           
garantia/o devedor libera o fiador). Se o devedor não imputar, o credor poderá fazê-lo                           
 
7 
 
 
 
(353), devendo o credor ser orientado por seu advogado para pedir a quitação na dívida de                               
juro menor e na dívida quirografária ( = dívida sem garantia).   
Importante, pelo art. 314 o credor não está obrigado a receber pagamento parcial,                         
mas na prática pode ser melhor o credor aceitar alguma coisa e depois brigar pelo                             
restante.   
Se o devedor e o credor não fizerem a imputação, a lei fará na dívida de maior valor,                                   
conforme art. 355 ( = imputação legal).   
3 - PAGAMENTO POR CONSIGNAÇÃO (DEPÓSITO) 
Este é o terceiro dos modos de extinção das obrigações que nós estamos                         
estudando. É através da consignação que o devedor vai exercer o seu direito de pagar,                             
afinal já dissemos que pagar não é só um dever, é um direito também, concordam?                             
Imaginem que o locador morreu e o inquilino desconhece seu herdeiro, deve então                         
consignar o aluguel para evitar a mora e o despejo. Consignar onde? Em Juízo, e o Juiz vai                                   
procurar o sucessor do credor.  
A parte operacional da consignação em pagamento vocês vão estudar em processo                       
civil, mas conhecendo o direito, o processo fica fácil de aprender (335, III - credor                             
desconhecido). Outro exemplo, imaginem que alguém morre e deixa a mulher como                       
beneficiária do seguro de vida, só que o falecido tinha uma esposa e uma companheira,                             
então a seguradora vai pagar a qual das duas? Paga em Juízo, numa conta a disposição do                                 
Juiz, o Juiz dá uma sentença à seguradora, que servirá de quitação, enquanto as duas                             
mulheres seguem no processo disputando o dinheiro (793, 335, IV). É prudente a                         
seguradora fazer isso até para não correr risco de pagar à mulher errada e efetuar                             
pagamento indevido. 
Conceito​: pagamento por consignação consiste no depósito judicial da coisa devida,                     
realizada pelo devedor nas hipóteses do art. 335 do CC. Este artigo é taxativo (= exaustivo),                               
não é exemplificativo, de modo que não há outras possibilidades de consignação. Outro                         
detalhe importante: só existe consignação nas obrigações de dar, pois não se pode                         
depositar um serviço (obrigação de fazer) ou uma omissão (obrigação de não-fazer), mas                         
apenas coisas, em geral dinheiro. 
 
8 
 
 
 
Admite-se também depósito de imóveis, gado, colheita, etc. (341), e o Juiz vai ter que                             
arranjar um depositário para cuidar dessas coisas até o credor aparecer (343). Quando o                           
depósito é de pecúnia (dinheiro) coloca-se em banco oficial: Banco do Brasil ou Caixa                           
Econômica Federal, em conta à disposição do Juiz. 
Percebam que na ação de consignação o autor é o devedor, o credor é o réu e a                                   
quitação vem com a sentença. 
A sentença dirá se a consignação equivale ao pagamento, se o devedor teve razão                           
ao consignar e se a obrigação está extinta. Excepcionalmente admite-se o credor como                         
autor da ação quando mais de uma pessoa se diz credor, então qualquer deles pede ao                               
devedor que consigne o pagamento, enquanto os credores discutem em Juízo (345). Em                         
algumas consignações o credor está certo de não querer receber pois o devedor quer                           
pagar menos do que deve, e vocês sabem que o credor não está obrigado a receber por                                 
partes. Então o devedor consigna com base no inc. I do 335, alegando que o credor se                                 
recusa a receber, mas existe uma - justa causa - para isso no 314. Isso acontece na prática                                   
quando o devedor usa o cheque especial, atrasa o cartão de crédito, etc. e depois quer                               
pagar sem incluir os juros contratados. Ora, quando o devedor precisou de crédito o banco                             
emprestou, então na hora de pagar é preciso cumprir o contrato, concordam? No Código                           
de Processo existe uma consignação extrajudicial, para dívidas em dinheiro, que podem                       
ser feitas diretamente no banco, sem precisar de advogado ou Juiz. Vocês verão isso lá em                               
Processo Civil. 
Efeitos do pagamento por consignação:  
a) Liberatório: libera/exonera o devedor da obrigação;  
b) Extintivo: a consignação extingue a obrigação (334). 
17 de abril de 2020 
4 - Pagamento por sub-rogação  
Sub-rogar é substituir o credor​, de modo que o pagamento por sub-rogação                       
assemelha-se à cessão de crédito por se tratar da substituição da pessoa do credor (348;                             
veremos cessão de crédito mais adiante). 
 
9 
 
 
 
Conceito: ​ocorre a sub-rogação quando a dívida de alguém é paga por um terceiro                           
que adquire o crédito e satisfaz o credor, mas não extingue a dívida e nem libera o                                 
devedor, que passa a dever a esse terceiro​. Ex: A deve cem a B, mas C resolve pagar essa                                     
dívida, então B vai se satisfazer e A vai passar a dever a C. Via de regra não há prejuízo para                                         
o devedor que passa a dever a outrem. 
A lei permite que qualquer pessoa pague a dívida dos outros, então se o devedor                             
quer evitar isso, deve se antecipar e cumprir logo suas obrigações. O terceiro que paga                             
essa dívida pode ou não ter interesse jurídico. 
Se o terceiro solvens tem interesse jurídico vai se sub-rogar nos direitos do credor                           
primitivo, ou seja, vai adquirir todasas eventuais vantagens, privilégios, garantias e                       
preferências do credor primitivo, além de, é óbvio, exigir o reembolso. Ex: A deve cem a B                                 
com uma garantia de fiança ou hipoteca; se C pagar essa dívida terá direito a cobrar os                                 
cem de A, mas só terá direito à garantia da fiança ou da hipoteca caso C possua interesse                                   
jurídico (346, III). 
Veremos fiança e hipoteca, respectivamente, em Civil Contratos e Civil Direitos                     
Reais sobre Coisa Alheia. Caso C não possua interesse jurídico só terá direito ao reembolso                             
(305). A lei trata diferente para evitar especulações e constrangimentos, depois revisem a                         
aula 11. 
Efeitos da sub-rogação:  
1) satisfativo em relação ao credor primitivo. O credor primitivo vai se satisfazer com o                           
pagamento feito pelo terceiro, mas a obrigação permanece para o devedor; a                       
sub-rogação não extingue a dívida;  
2) translativo: o novo credor vai receber todas as vantagens e direitos do credor                         
primitivo, desde que o pagamento tenha sido feito por sub-rogação (349).  
Espécies de sub-rogação:  
1) legal​: decorrente da lei, nas hipóteses do art. 346; a lei determina independente da                           
vontade das partes;  
 
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2) convencional: ​depende de acordo escrito entre as partes, quando o terceiro                     
solvens faz acordo com o credor primitivo e fica com o direito de sub-rogação                           
mesmo sem interesse jurídico e mesmo sem a anuência do devedor. Através de                         
acordo escrito se transferem todas as vantagens do credor primitivo para o solvens,                         
igual a uma cessão de crédito (347 e 348).  
5 - Dação em pagamento 
É dar alguma coisa em pagamento, diferente da coisa devida. Os romanos                       
chamavam de datio in solutum. Dação vem assim do verbo dar. Por favor, não é da ação                                 
em pagamento, mas - dação - mesmo, do verbo dar.  
Conceito: ​é o acordo liberatório em que o credor concorda em receber do devedor                           
prestação diversa da ajustada (356). Não pode haver imposição do devedor em pagar algo                           
diferente do devido (313), afinal quem deve dinheiro só paga com um objeto se o credor                               
aceitar. Ex: devo dinheiro e pago com uma TV, um livro, uma casa, etc. 
Requisitos da dação:  
1) Consentimento, concordância, anuência do credor; 
2) Prestação diversa da ajustada, então não se trata de obrigação alternativa, pois                       
nesta a obrigação nasce com duas opções de pagamento; na dação é só depois que                             
as partes trocam o objeto do pagamento.  
Efeitos da dação:  
1) Satisfatório em relação ao credor, mesmo recebendo outra coisa, pois o credor                       
pode preferir receber coisa diversa do que receber com atraso ou nada receber; 
2) liberatório em relação ao devedor, pois a dívida se extingue e o devedor se exonera                             
da obrigação. Estes dois efeitos são os mesmos do pagamento natural.  
Evicção: imaginem que A deve 100 e paga com um objeto furtado, que não era dele, então                                 
o verdadeiro dono vai exigir a devolução da coisa e a obrigação vai renascer (359).  
Ser – evicto - é ser afastado da coisa recebida em pagamento.   
 
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Ocorre a evicção quando alguém perde a propriedade da coisa em virtude de decisão                           
judicial que reconhece a outrem direito anterior sobre essa coisa.  
6 - Novação:  
Está em desuso e é rara, por isso não vamos estudá-la. Saibam apenas que se trata                               
da extinção de uma obrigação por outra diferente, destinada a substituí-la. Com a novação                           
se extingue uma dívida e se cria uma nova dívida entre as mesmas partes, enfim não se                                 
muda muita coisa, continua a existir uma obrigação entre as mesmas partes. É mais                           
prático fazer uma dação em pagamento ou uma cessão de crédito.  
7 - COMPENSAÇÃO 
É um modo de extinção das obrigações que deve ser estimulado pois representa a                           
lei do menor esforço, por uma questão de lógica e de simplicidade. 
Conceito: a compensação extingue as obrigações do mesmo gênero das pessoas que são,                         
reciprocamente, credoras e devedoras entre si, até onde as dívidas se compensem.  
Ex: A deve cem a B decorrente de um empréstimo e B deve cem a A porque bateu no carro                                       
de A, então um não vai cobrar do outro, a compensação vai extinguir as duas obrigações                               
mediante um pagamento fictício (art. 368). 
A compensação exige pluralidade de obrigações, não existindo compensação numa                   
obrigação única, como uma compra e venda, onde o comprador deve o preço e o vendedor                               
deve a coisa.  
A compensação pode ser parcial caso a outra dívida seja inferior, o que vai representar                             
mais uma exceção ao art. 314, afinal a compensação deve ser estimulada.  
Espécies:  
a) compensação legal: ocorre por força da lei, mesmo que uma das partes se oponha,                           
sempre que as dívidas forem líquidas ( = valor certo), vencidas e homogêneas (=                           
mesma espécie e qualidade, 369);  
 
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b) compensação judicial: determinada pelo Juiz no caso concreto, ao entender que                     
deve haver compensação por uma questão de economia processual, por uma                     
questão de praticidade, dando o Juiz seus motivos/fundamentos na sentença;  
c) compensação convencional: decorre do acordo de vontades, decorre da transação                   
entre as partes, e no direito civil a liberdade das partes é grande, as partes podem                               
dispor de seus bens com ampla liberdade, é a chamada autonomia privada. Dívidas                         
de qualquer tipo podem ser compensadas, sejam ilíquidas, heterogenias ou não                     
vencidas, ninguém tem nada a ver com isso, nem Promotor, nem Juiz, nem                         
Delegado, afinal cada um sabe o que faz com seu patrimônio. Mas, repito, depende                           
de acordo, não pode haver imposição de uma parte sobre outra. 
Vedações 
Algumas obrigações, pela sua natureza, não podem ser compensadas, pois elas                     
fogem ao direito patrimonial privado. São aquelas obrigações de caráter alimentar e                       
tributário. Então se meu filho bate com meu carro eu não posso deixar de sustentá-lo (ex:                               
deixar de pagar a faculdade alguns meses) para compensar o prejuízo, afinal os alimentos                           
são indispensáveis por uma questão de sobrevivência. Idem se meu carro cai num buraco                           
na rua, eu não posso deixar de pagar imposto de renda para compensar com o governo o                                 
prejuízo pela não conservação das ruas, afinal o interesse público do governo em receber                           
tributos é maior do que o interesse particular do cidadão que teve seu carro avariado. Por                               
isso já foi revogado o art. 374 do novo CC.   
Efeitos da compensação: os mesmos do pagamento: extingue a obrigação, satisfaz o                       
credor e libera o devedor. 
8 - CONFUSÃO:  
Esta confusão aqui, do direito das obrigações, é diferente da confusão dos direitos                         
reais, do art. 1.272, que corresponde à mistura de líquidos,e que estudaremos em                           
PROPRIEDADE. A confusão que nos interessa hoje é mais um modo de extinção das                           
obrigações semelhante ao pagamento por impossibilidade lógica de permanecer o vínculo.                     
Art 381, ex: A é inquilino de seu pai B, mas o pai morre e A herda o apartamento,                                     
extinguindo a obrigação de pagar aluguel face à confusão, pois B vai reunir as qualidades                             
de credor e devedor, afinal ninguém pode ser devedor ou credor de si mesmo. A confusão                               
 
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exige identidade de pessoas e de patrimônios, de modo que o dono de uma pessoa                             
jurídica pode dever a sua empresa, e vice-versa. 
9 - REMISSÃO 
Escreve-se com dois “s”, ao contrário de remição, instituto da execução contra                       
devedor que vocês vão estudar em processo civil. A remissão (com dois “s”) é o popular                               
perdão da dívida​.  
Conceito: remissão é a liberação do devedor pela autoridade do credor que,                       
voluntariamente, dispensa o crédito, perdoa o débito e extingue a obrigação (385). Mas                         
como pagar é um direito do devedor, se ele não aceitar a remissão deve consignar o                               
pagamento. Mas em geral a remissão é aceita e se assemelha a uma doação. 
Espécies de remissão: ​pode ser ​total ou parcial (parte da dívida ou dispensa dos                           
juros); pode ser ​expressa ​(por escrito) ou tácita ​(ex: devolução do título de crédito); pode                             
ser ​gratuita ​(mais comum) ou onerosa (nesta remissão o credor perdoa a dívida mas                           
pede algo em troca, o que se assemelha a uma transação, veremos transação em breve). 
Ressalto que remissão é gesto nobre de pessoas solventes, ou seja, quem está em                           
dificuldades financeiras não pode perdoar seus devedores, afinal estará prejudicando seus                     
próprios credores (385, in fine). Assim se A é insolvente (tem muitos credores) não pode                             
perdoar seus devedores para não caracterizar uma fraude contra seus credores, como                       
prevê o art. 158. Trata-se inclusive de uma presunção absoluta de fraude a remissão de                             
dívida feita pelo insolvente, como vocês estudaram no semestre passado. 
10 - TRANSAÇÃO  
Trata-se na verdade de um ​contrato​, o Código Civil trata como contrato, mas para                           
alguns autores a transação é modo de extinção das obrigações. Eu entendo que é um                             
contrato, mas no próximo semestre vocês terão muito assunto para estudar, pois                       
Contratos é a cadeira mais extensa do curso de Direito Civil. Assim, vamos logo conhecer                             
aqui a transação que corresponde a um acordo, a uma conciliação para extinguir a                           
obrigação. O Juiz inclusive deve incentivar a transação entre as partes, conforme art. 125,                           
IV, do Código de Processo.  
 
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Conforme ditado popular, ​“é melhor acordo ruim do que briga boa”.  
Vocês conhecem a expressão “intransigente”?  
Pois intransigente é aquele que não faz transação, que não faz concessões. 
Conceito da doutrina:  
Transação é a solução contratual da lide;  
Conceito da lei:  
Transação é o contrato pelo qual as partes terminam ou previnem um litígio                         
mediante concessões mútuas, art. 840. É essencial que na transação existam concessões                       
mútuas, ou seja, cada uma das partes perde e ganha um pouco. As concessões podem ser                               
desproporcionais, ou seja, uma parte pode se quiser perder mais do que a outra, mas as                               
concessões têm que ser mútuas. Se uma das partes perde tudo e esta parte é o credor                                 
existe remissão da dívida (vide item 9), mas não transação. Igualmente, se o devedor perde                             
tudo existe pagamento, mas não transação.  
É curioso que se uma das cláusulas do contrato de transação for nula, o contrato                             
todo será anulado, pois a nulidade de uma cláusula quebra esse equilíbrio das concessões                           
que as partes buscaram (848). 
Diz-se que a transação é por isso indivisível.  
Aplicação: a transação não se aplica a todas as obrigações, mas apenas às obrigações de                             
caráter patrimonial privado (841), que são justamente estas obrigações que nós                     
encontramos aqui no Direito Civil.   
Todavia, tolera-se transação em outras áreas, como no Direito de Família, quando                       
as partes transacionam sobre pensão alimentícia; ou no Direito do Trabalho quando as                         
partes transacionam sobre salários atrasados; ou no Direito Penal quando o Ministério                       
Público transaciona com o réu, e o réu reconhece a culpa em troca de uma pena menor; ou                                   
no Direito Administrativo quando o Governo transaciona com o contribuinte para receber                       
impostos.  
 
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Enfim, a transação é típica do Direito Civil, mas pelas suas vantagens admite-se cada                           
vez mais em outras áreas.  
Falando de Direito Penal, devo dizer que a transação civil sobre fato que constitui                           
crime não extingue a ação penal. Ex: se A agride B e quebra seu braço, vai responder                                 
penalmente por lesão corporal e civilmente pelos danos causados a B com tratamento                         
médico, tempo que ficou sem trabalhar, danos morais se for o caso, etc. Se A e B fazem                                   
uma transação civil, não impede o Promotor de continuar processando A criminalmente                       
para receber uma pena de prisão (846).  
Vocês verão em responsabilidade civil a relação entre a Justiça Penal e a Civil                           
quando um mesmo fato interessa a ambas (935). 
Espécies:  
a) Preventiva: visa ​evitar uma ação judicial​, ou seja, as partes fazem um ​acordo antes                           
de submeter a lide ao Judiciário; pode ser feita por instrumento particular, ou seja,                           
por contrato escrito e assinado pelas partes, testemunhas e advogados, se houver;  
b) terminativa ou judicial: é a transação feita na Justiça, após iniciado o processo,                         
quando o acordo é homologado pelo Juiz. Vamos encontrar estas duas espécies no                         
art. 842.  
A vantagem da ​transação judicial é que ela ​não pode ser mais discutida​, pois foi                             
feita perante o Juiz, tornando-se coisa julgada.  
Já a transação preventiva, embora também segura, sempre pode ser questionada                     
em Juízo, alegando uma das partes que foi coagida, que se enganou, etc. (849)  
Eu repudio a banalização destes argumentos pois já disse a vocês que a transação é                             
um contrato, e contrato é para ser cumprido por uma questão de segurança na sociedade.   
País nenhum se desenvolveu sem respeitar dois institutos de Direito Civil: contratos                       
e propriedade.  
Efeito​: a transação extingue a obrigação decorrente daquela controvérsia entre as partes.  
11 - ARBITRAGEM  
 
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Nosso CC chama a arbitragem de compromisso e existe uma lei específica sobre                         
arbitragem de nº 9.307/96, conhecida como Lei Marco Maciel, pela influência deste político                         
pernambucano na sua aprovação. Esta lei 9.307 foi alvo de muitas controvérsias, até que oSupremo, em 2002, julgou sua constitucionalidade, e desde então a arbitragem vem                       
crescendo em todo o país e contribuindo para desafogar a Justiça. 
Conceito​: arbitragem é o acordo pela qual as partes, por não chegarem à                         
transação, concordam em ter sua lide submetida à decisão de um árbitro, de um “juiz                             
particular”, afastando tal lide da Justiça Estatal. Através da arbitragem as partes pedem a                           
um terceiro que aprecie a lide, e tal decisão deverá ser cumprida pelas partes, como se                               
fosse uma sentença judicial. Ressalto que na transação, através de mediação, as partes                         
escolhem a solução da lide, enquanto na arbitragem as partes escolhem o árbitro, mas não                             
escolhem a decisão. 
Vantagens da arbitragem: 
a) Celeridade​: maior rapidez na solução da lide, tendo em vista a conhecida                       
sobrecarga do Judiciário e os entraves da legislação processual;  
b) Custo menor​: quando se ganha tempo também se ganha dinheiro;  
c) Sigilo​: o processo arbitral não é público como o processo judicial, onde as decisões                           
são divulgadas na internet e no Diário Oficial, provocando desgaste emocional;  
d) Escolha do árbitro​: não se pode escolher o Juiz, pois depende sempre das regras                           
de competência e da distribuição no Fórum, porém se pode escolher o árbitro, que                           
deve ser uma pessoa idônea, preparada, conhecida das partes, especialista na área                       
do litígio (ex: engenheiro, médico, contador); isto é uma questão crucial pois o Juiz                           
não entende de medicina, engenharia, contabilidade, etc, e precisa sempre nomear                     
um perito para lhe ajudar a julgar processos nestas áreas;  
e) Impossibilidade de recurso​: a decisão do árbitro é irrecorrível, e se a parte                         
sucumbente não cumpri-la, a parte vencedora vai executá-la perante o Juiz; só aqui                         
é que o Juiz entra, para executar a decisão arbitral com a força do Estado, caso o                                 
sucumbente voluntariamente não acate; já na Justiça Estatal existem inúmeros                   
recursos (cerca de trinta), graus de jurisdição (cerca de oito), entraves burocráticos e                         
formalidades desnecessárias previstas no arcaico Código de Processo Civil; 
 
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f) Paz social: ​a solução rápida da arbitragem traz paz social e elimina as incertezas                           
entre particulares que atrapalhem a realização de negócios e a circulação de                       
dinheiro na sociedade;  
g) Alivia a Justiça​: a utilização da arbitragem deixa o Judiciário com mais tempo para                           
agir nas questões onde a presença do Estado é indispensável, como nas questões                         
penais, administrativas e tributárias.  
Desvantagens da arbitragem:  
Ela só faz sentido para casos sofisticados e de valor elevado; é preciso pagar os                             
honorários do árbitro e as despesas do Tribunal; tem que ser conduzida por árbitros com                             
conhecimento e tribunais com estrutura para fazer perícias e produzir provas; caso                       
contrário a solução será injusta com o agravante que não cabe apelação. 
Aplicação da arbitragem: 
No Direito Internacional, na solução de divergências obrigacionais entre empresas                   
multinacionais, ou na solução de disputas entre países soberanos (ex: dúvidas sobre a                         
fronteira entre dois países); no Direito Civil em matéria patrimonial (852, ex: direito de                           
vizinhança, contratos, direito da informática, direito autoral, responsabilidade civil, etc).   
Na Espanha inclusive, conforme publicado no Jornal do Magistrado da AMB, edição                       
de outubro de 2003, funciona uma corte arbitral com mais de mil anos, na cidade de                               
Valencia.  
É um tribunal privado que julga problemas com o uso de água entre os agricultores                             
numa região árida, e os árbitros são os próprios agricultores.  
Espécies:  
Cláusula compromissória (853): as partes celebram um contrato e dispõem numa                     
cláusula que, se houver algum litígio futuro entre elas, a lide será submetida à arbitragem e                               
não à Justiça; esta cláusula é mera precaução;  
Compromisso arbitral (851): já existe litígio entre as partes e elas resolvem                       
submeter a questão a um árbitro e não a um Juiz para solucionar a controvérsia. 
 
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