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Seja bem Vindo! Curso Recursos ídricosH CursosOnlineSP.com.br Carga horári 60 a: hs 3 Conteúdo: Gestão Ambiental ................................................................................................. Pág. 8 O que é gestão ambiental? .................................................................................. Pág. 8 Visão Geral .......................................................................................................... Pág. 11 Políticas ambientais ............................................................................................. Pág. 13 Setores e estratégias ........................................................................................... Pág. 17 Recursos Hídricos ................................................................................................ Pág. 26 O que são recursos hídricos? .............................................................................. Pág. 27 Situação Atual ...................................................................................................... Pág. 33 Monitoramento das águas brasileiras .................................................................. Pág. 34 A água .................................................................................................................. Pág. 50 Educação Ambiental ............................................................................................ Pág. 69 Educação e o meio ambiente ............................................................................... Pág. 70 Políticas de Meio Ambiente .................................................................................. Pág. 71 O que são aqüíferos? ........................................................................................... Pág. 79 Bibliografia........................................................................................................... Pág. 88 8 Unidade 1 – Gestão Ambiental 1.1 - O que é gestão ambiental? A Comissão Mundial do Ambiente e Desenvolvimento iniciou uma "campanha" de importância da proteção do meio ambiente, em 1987. A sustentabilidade começou a ter atenção a partir desse momento. Para ter essa responsabilidade como algo a ser seguido, foi criada a Carta Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável. É composta de 16 princípios relativos à gestão do ambiente, ressaltando os aspectos de importância vital para a sustentabilidade e gestão do meio-ambiente. A divulgação dessa Carta foi em 1991 por ocasião da Segunda Conferência Mundial da Indústria sobre a Gestão do Ambiente. De acordo com a Carta Empresarial, as organizações precisam distinguir claramente o que é a necessidade de um objetivo comum. Como resultado imediato fica o entendimento de que proteção ambiental não é obstáculo e nem representa antagonismo com o desenvolvimento econômico. No livro Gestão Ambiental: enfoque estratégico aplicado ao desenvolvimento sustentável está explícito como funciona o esquema de gestão ambiental. Fazer atuar as forças de mercado para proteger e melhorar a qualidade do ambiente, com a ajuda de padrões com base no desempenho e no uso judicial de instrumentos econômicos, em um contexto harmonioso de regulamentação é um dos maiores desafios que o mundo enfrentará na próxima década. O relatório publicado em 1987, expressa o mesmo desafio e apela para a cooperação das organizações para enfrentá-lo. 9 Prioridade na organização A prioridade na organização é reconhecer a gestão do ambiente como uma das principais prioridades na organização e como fator determinante do desenvolvimento sustentável; estabelecer políticas, programas e procedimentos para conduzir as atividades de modo ambientalmente seguro. Gestão integrada A gestão ambiental visa integrar plenamente, em cada empresa, essas políticas, programas e procedimentos como elemento essencial de gestão, em todos os seus domínios. Processo de aperfeiçoamento Este processo objetiva aperfeiçoar continuamente as políticas, os programas e o desempenho ambiental das empresas, levando em conta o desenvolvimento técnico, o conhecimento científico, os requisitos dos consumidores e as expectativas da comunidade, tendo como ponto de partida a regulamentação em vigor; e aplicar os mesmos critérios ambientais no plano internacional. Formação de pessoal A formação de pessoal tem por finalidade formar, treinar e motivar os recursos humanos para desempenhar suas atividades de maneira responsável diante do ambiente. Avaliação prévia Esta avaliação analisa os impactos ambientais antes de iniciar nova atividade ou projeto e antes de desativar uma instalação ou abandonar um local. Produtos e serviços Este tópico estabelece procedimentos para desenvolver e fornecer produtos ou serviços que não produzam impacto sobre o ambiente e que sejam seguros em sua utilização prevista, que apresentem o melhor rendimento em termos de consumo de energia e recursos naturais, que possam ser reciclados, reutilizados ou cuja disposição (deposição) final não seja perigosa. 10 Conselho de consumidores Tais instituições visam aconselhar e, em casos relevantes, propiciar a necessária formação aos consumidores, aos distribuidores e ao público quanto aos aspectos de segurança a considerar na utilização, no transporte, na armazenagem e na disposição (eliminação) dos produtos fornecidos; e aplicar considerações análogas à prestação de serviços. Instalações e atividades Este tópico determina procedimentos para desenvolver, projetar e operar instalações tendo em vista a eficiência no consumo de energia e materiais, a utilização sustentável dos recursos renováveis, a minimização dos impactos ambientais adversos e da produção de rejeitos (resíduos), assim como o tratamento ou disposição (deposição) final desses resíduos de forma segura e responsável. Investigações (pesquisas) Este processo visa realizar ou patrocinar investigações (pesquisas) sobre os impactos ambientais das matérias-primas, dos produtos, dos processos, das emissões e dos resíduos associados às atividades da empresa e sobre os meios de minimizar tais impactos adversos. Medidas preventivas As medidas preventivas procuram adequar a fabricação, a comercialização, a utilização de produtos ou serviços ou a condução de atividades em harmonia com os conhecimentos científicos e técnicos, a fim de evitar a degradação grave ou irreversível do ambiente. Empreiteiros e fornecedores Este tópico determina a forma para promover a adoção desses princípios pelos empreiteiros contratados pela empresa, encorajando e, em casos apropriados, exigindo a melhoria de seus procedimentos de modo compatível com aqueles em vigor na empresa; e encorajar a mais ampla adição desses princípios pelos fornecedores. Planos de emergência Planos de emergência procuram estabelecer procedimentos para desenvolver e manter, nos casos em que haja risco significativo, planos de ação para situações de emergência, em coordenação com os serviços 11 especializados, as principais autoridades e a comunidade local, tendo em conta os possíveis impactos significativos. Transferência de tecnologia Este tópico estabelece formas para contribuir para a transparência de tecnologia e métodos de gestão que respeitem o ambiente, tanto nos setores industriais como nos de administração pública. Contribuição para o esforço comum A contribuição para o esforço comum procura estabelecer procedimentos para o desenvolvimento de políticas, de programas empresariais, governamentais e intergovernamentais, assim como de iniciativas educacionais que valorizem a consciência e a proteção ambiental. Abertura ao diálogo Este tópico procura definir a forma de promover a abertura ao diálogo com o pessoal daempresa e com o público, em antecipação e respostas às respectivas preocupações quanto ao risco e aos impactos potenciais das atividades, de produtos de rejeitos (resíduos) e serviços, incluindo aqueles de significado relevante ou global. Cumprimento de regulamentos e informações Neste item procura-se definir procedimentos para aferir o desempenho das ações sobre o ambiente, proceder regularmente a auditorias ambientais e avaliar o cumprimento das exigências internas da empresa, dos requisitos legais e desses princípios; e periodicamente fornecer as informações pertinentes ao conselho de administração, aos acionistas, ao pessoal, às autoridades e ao público. 1.2 – Visão geral A visão geral que se tem da gestão ambiental é de que uma organização comercial é um organismo vivo. Ou seja, um agrupamento humano em interação, que tem o poder de fazer uma construção social da realidade. Isso propicia a sobrevivência como unidade. O ambiente em que o indivíduo se desenvolve, podendo se extinguir, caso não se adeque, ou 12 mantiver sua sobrevivência, se conseguir compreender o ambiente, é um dos fatores primordiais para o desenvolvimento do indivíduo. Para Rui Otávio Bernardes de Andrade, especialista em gestão ambiental, quando um grupo social e, por analogia uma organização empresarial, atinge esse nível de criação de uma interpretação própria de sua relação com o meio ambiente externo, que é introjetada com uma estruturação interna correspondente, passa a usufruir de uma identidade empresarial. Essa identidade própria como empresa tem como principal elemento de influência, portanto, o ambiente externo, inclusive o conhecido mercado, que atua de forma contingente às atividades de uma organização. Segundo Hall, um dos mais conceituados especialistas em gestão ambiental, uma organização é uma coletividade com fronteira relativamente identificável, uma ordem normativa, escalas de autoridade, sistemas de comunicações e sistemas de coordenação de afiliação: essa coletividade existe em uma base relativamente contínua em um ambiente e se engaja em atividades que estão relacionadas, usualmente, com um conjunto de objetivos. Ainda consoante, as organizações reivindicaram um domínio ou mercado, que se constitui em uma dimensão relativa ao grau em que essas reivindicações são reconhecidas ou questionadas por terceiros, como órgãos governamentais. Quando todas as partes interessadas concordam em que determinada organização tenha o direito e a obrigação de operar de uma dada maneira em uma área específica, há um consenso de domínio. Essa é a dimensão que indica as fronteiras ou o território organizacional. É evidente que a própria natureza da empresa privada envolve a divergência de opiniões ou de interesses quanto ao domínio. É patente, ainda, que muitas empresas buscam chegar ao consenso fazendo com que uma legislação ou regulamentação protetora seja aprovada em seu benefício. As cotas e as tarifas de importação são exemplos disso. Nas organizações do setor público há atritos por domínios à medida que novas entidades são criadas, tanto governamentais como privadas, resultado da desestatização, ameaçando a existência dos participantes mais antigos em determinado setor estatal. Explicitando de outra maneira, pode-se dizer que nenhuma organização existe no vácuo ou que seja uma ilha em si mesma. O ambiente externo é composto por forças e agentes controláveis e não controláveis que têm impacto nos mercados e na estratégia empresarial da organização. 13 Esse contexto externo pode ser distinguido em termos de microambiente e macroambiente da empresa. O microambiente consiste nos agentes do ambiente imediato da empresa que afetam sua capacidade de atender seus mercados. Ou seja, é o conjunto de agentes, entidades e relações que estão próximos, mas fora do âmbito interno da organização, cuja atuação influencia o meio ambiente, assim como é fortemente influenciada por ele, quais sejam: os fornecedores de recursos (humanos, financeiros, materiais e tecnológicos); os intermediários de mercado; os clientes; os concorrentes; e o público em geral. Conceitualmente, pode-se dizer que a empresa na busca do alcance de sua missão procura juntar-se a um conjunto de fornecedores e de intermediários a fim de alcançar seus mercados-alvo. Por mercado entende-se o conjunto de agentes com demanda por um grupo de produtos que são substitutos próximos entre si. A cadeia fornecedores/empresa/intermediários de mercado/clientes finais compõe a essência do ciclo de processos de agregação de valores na formação do(s) produto(s) da organização. A sobrevivência da empresa será afetada, ainda, por dois grupos adicionais, de concorrentes e de públicos. O microambiente constitui em essência o setor econômico ou indústria, que serve de base para a estruturação dos conceitos e conclusões. 1.3 – Políticas ambientais Assim que uma empresa se empenha para iniciar políticas ambientais, é preciso que as intenções e o planejamento com relação a isso sejam bastante claros. Takeshy Tachizawa, atualmente contribui para a Escola Superior de Sustentabilidade, afirma que se não houver uma clara definição do negócio em que a empresa se insere, com certeza não se poderá gerenciar efetivamente a organização, sob a observância dos princípios de gestão ambiental em seus diferentes níveis decisórios. Sem a orientação de uma estratégia empresarial clara e por decorrência de uma estratégia ambiental específica, não se pode ter certeza da adequada alocação de recursos, de gerenciamento dos processos críticos de negócios e de recompensa do desempenho esperado. 14 Dados recentes evidenciam que a tendência de preservação ambiental e ecológica por parte das organizações deve continuar de forma permanente e definitiva e os resultados econômicos passam a depender cada vez mais de decisões empresariais que levem em conta que: - Não há conflitos entre a lucratividade e a questão ambiental; - O movimento ambientalista cresce em escala mundial; - Clientes e comunidade em geral passam a valorizar cada vez mais a proteção do meio ambiente; - A demanda e, portanto, o faturamento das empresas passam a sofrer cada vez mais pressões e a depender diretamente do comportamento de consumidores que enfatizarão suas preferências por produtos e organizações ecologicamente corretas. No núcleo do desenvolvimento da estratégia empresarial, encontram- se quatro elementos: 1. Produtos a seres ofertados - "o quê"; 2. Clientes e mercados - "para quem"; 3. Vantagens sobre a concorrência - "por que" 4. Prioridades de produtos e mercados - "onde" Como elemento de implementação da estratégia corporativa, tem-se o conjunto integrado de estrutura, sistemas e recursos humanos. Quando se trata de empresa, sempre se pensa em uma organização social com objetivos próprios e motivação econômica deliberada. Isso significa que na maioria das empresas pode ser identificado um conjunto de objetivos ou propósitos, seja de forma explícita, como parte do plano de negócios da empresa, seja de forma implícita, por meio da análise de sua história e das motivações individuais das principais pessoas que nela trabalham. Tradicionalmente, a medida de sucesso em uma empresa tem sido o lucro; entretanto, qualquer que seja o modo de mensuração e por mais variável que ele seja, pode-se atribuir um conjunto de objetivos a cada empresa e esse é o principal marco de referência para o processo decisório. A segunda característica importante e essencial para a compreensão da tomada de decisões é a de que a empresa procura atingir seus objetivos por meio do lucro e, mais especificamente, por meio de conversão de seus recursos em produtos, daí obtendo um retorno sobre esses recursos com a sua venda aos clientes. Há três tipos básicos de recursos: físicos, monetários e humanos. Taisrecursos são consumidos no processo de conversão, no qual a sobrevivência da empresa depende do lucro, que, obtido e reaplicado para a geração de lucros futuros, assegura a reposição desses insumos produtivos. 15 É justamente no sentido de assegurar a sobrevivência da empresa que se define a estratégia interna de planejamento organizacional, alinhado às estratégias empresariais e ambientais, que é "quem" e "como" as decisões serão implementadas para a consecução da finalidade maior da empresa. Para esse efeito, a estratégia de planejamento organizacional deve contemplar a questão de gestão dos assuntos ambientais com a criação de órgãos próprios ou de programas que envolvam todas as áreas funcionais da organização e estar voltada para: - Estabelecer a configuração organizacional no sentido de identificar as tarefas que precisam ser desempenhadas, de agrupar as tarefas em funções que possam ser adequadamente desempenhadas e atribuir sua responsabilidade a pessoas/grupos; - Proporcionar informações para efeito de tomada de decisões, bem como medidas de desempenho que sejam compatíveis com objetivos e metas de qualidade; - Proporcionar os recursos humanos necessários ao desempenho e alcance dos objetivos corporativos e das metas de qualidade; - Implementar as tecnologias de gestão administrativa; - Definir os processos na dimensão horizontal da estrutura. A estratégia competitiva, na visão dos autores, se compõe de: elementos estratégicos genéricos e elementos estratégicos específicos a cada organização. Nesse sentido, o modelo de formação de estratégia competitiva separa os elementos estratégicos genéricos, possíveis de serem aplicados a todas as empresas de determinado setor econômico, daqueles elementos estratégicos específicos e singulares a cada organização. Elementos estratégicos genéricos (empresariais + ambientais) + Elementos estratégicos específicos = Estratégia singular a cada organização De fato, existem estratégias que são comuns a todas as empresas de determinado bloco ou conjunto de organizações pertencentes a um mesmo setor econômico. Por exemplo, o setor da economia composto pelo conjunto de empresas dos tipos: química e petroquímica; papel e celulose; telecomunicações; e cimento. É esse um setor que abrange poucas organizações e em que o comportamento e o desempenho de uma tem reflexo direto sobre as demais. 16 Dessa forma, há elementos estratégicos genéricos, normalmente identificáveis em todas as organizações desse mesmo setor, os quais são: - Produtos normalmente homogêneos cuja diferenciação se dá no nível da qualidade e das especificações técnicas; - Elevado grau de concentração, com poucas empresas responsáveis por grande parcela do mercado; - Altíssima exigência de capital e recursos financeiros para entrada no setor; - Empresas já instaladas detêm certo controle sobre a tecnologia empregada no setor e têm acesso direto às fontes de matérias-primas; - Competição via preços não é comum, pois certas empresas líderes do setor induzem as demais à fixação de preços. No entanto, há elementos estratégicos específicos, particulares / singulares, que variam em função de crenças, valores e estilo de gestão que são singulares a cada organização. A presente obra, portanto, procurou abordar apenas os elementos estratégicos genéricos e aquilo que diz às estratégias ambientais genéricas passíveis de serem adotadas pelas organizações em função do setor econômico que pertençam. As estratégias ambientais/ecológicas a serem adotadas pelas organizações devem estar voltadas ao desempenho empresarial em relação ao meio ambiente. A variável ambiental, gerada pelas transformações culturais ocorridas no passado, adquiriu extrema importância em direção à proteção e preservação ambiental como valor fundamental do novo ser humano e da organização dos novos tempos. As questões de desenvolvimento sustentável deixaram de ser um mero controle da poluição, passando a ser controle ambiental integrado às práticas e aos processos produtivos das organizações. No futuro, as questões relativas à preservação do meio ambiente deixarão de ser uma preocupação meramente legal, para evoluir para uma situação empresarial em que as decorrências ambientais e ecológicas passem a significar posições competitivas que ditarão a própria sobrevivência da organização em seu mercado de atuação. Quanto à análise das características do negócio da empresa, segundo Tachizawa e Scaico, que resultam nos elementos estratégicos genéricos, entre eles os ambientais e ecológicos e que se inserem na própria estratégia empresarial da organização. 17 1.4 – Setores e estratégias A essência da formulação de uma estratégia empresarial é relacionar uma empresa a seu meio ambiente, identificando assim, seus elementos estratégicos genéricos. Embora o meio ambiente relevante seja muito amplo, abrangendo tanto forças sociais como econômicas e ambientais, o aspecto principal do meio ambiente da empresa é a indústria ou as indústrias com que ela compete. A estrutura industrial tem uma forte influência potencialmente disponível para a empresa. Forças externas à indústria são significativas principalmente em sentido relativo, uma vez que tais forças, em geral, afetam todas as empresas na indústria, cujo ponto básico se encontra nas diferentes habilidades das empresas em lidar com elas. Por exemplo, o rápido desenvolvimento tecnológico, que tornou inviável modernizar a organização em todos os elos da cadeia produtiva, o requisito qualidade e a necessidade cada vez maior de certificação por meio das normas favoreceram enormemente a terceirização. A estratégia competitiva sinaliza o desenvolvimento da configuração organizacional, dos sistemas de informação e dos recursos humanos necessários para atingir os objetivos empresariais. Sinaliza, ainda, o tipo de estratégia ambiental a ser adotada pela organização. A estratégia competitiva de cada empresa se compõe de: - Elementos estratégicos genéricos; - Elementos estratégicos contingenciais, que são função direta da conjuntura particular de cada empresa. Os elementos estratégicos genéricos, na forma proposta nesta obra, constituem o fator fundamental para a identificação dos processos-chave de uma organização. Tais elementos estratégicos genéricos, entre eles os relativos a impactos ambientais (classificados em extremo, forte, regular e fraco impacto), poder ser delineados de acordo com o agrupamento das empresas por setor econômico ou ramo de negócios. Estratégias empresariais; ambientais relativas às organizações pertencentes ao setor econômico concentrado 18 No setor econômico relativo à indústria altamente concentrada são encontradas empresas (cimento, química/petroquímica, ferroviário, construção pesada, papel e celulose, fertilizantes, hidrelétricas entre outras) que, em face de características inerentes a seu processo produtivo, estão sujeitas a produzir impactos ambientais de extrema intensidade. Essas organizações, de acordo com a estrutura de mercado no qual se inserem, podem se posicionar em função dos seguintes elementos estratégicos intrínsecos (e não contingenciais): - Integração vertical com os fornecedores, em busca de posse de fontes de matérias-primas ou integração com o cliente, via canais de comercialização próprios, com significativa otimização de seus custos, viável de se obter em ambos os processos; - Ampliação da capacidade produtiva, aumentando sua base instalada e antecipando potenciais crescimentos de mercado (capacidade ociosa pré- planejada que oferece obstáculos à entrada de potenciais concorrentes); - Melhoria da qualidade do produto, pesquisas e desenvolvimento de produtos, assim como aperfeiçoamento dos processos produtivos e de sua base tecnológica instalada; - Aperfeiçoamentode seu processo produtivo de modo a torná-lo ambientalmente favorável; - Concessão de prazos e condições propícias de vendas, financiamentos diretos ou por meio de instituições específicas; - Acordos sobre encomendas com outras empresas congêneres da indústria podem significar volumes financeiros expressivos, evitando a degradação dos preços, coordenados e induzidos pela empresa-líder e consensualmente fixados no setor; - Ênfase na redução dos custos de produção, cujos elementos fixos representam parcela significativa na estrutura dos custos totais da organização; - Automação industrial compatível com a exigência ambiental interna de eliminação de atividades insalubres e de alta periculosidade a ser empregados. As organizações pertencentes a esse setor econômico devem estabelecer suas estratégias ambientais visando à: - Minimização de impactos danosos ao meio ambiente, tanto presente como futuros; 19 - Eliminação de questões legais com o governo em suas diferentes esferas, adotando estratégia ambiental, portanto, de estrita observância à legislação vigente; - Redução de dispêndios com insumos produtivos (matérias-primas, consumo de energia, serviços contratados) por meio da racionalização de seus métodos operacionais aplicados às fontes de suprimento; - Eliminação de efeitos ambientais indesejáveis provocados pela geração de resíduos e sucatas, por meio de adoção de instalações e equipamentos de tratamento e eliminação desses elementos no ambiente; - Maior interação com a comunidade, visando preservar a imagem da organização em bom conceito, em face das crescentes preocupações preservacionistas por parte dos membros da sociedade. Estratégias Empresariais / Ambientais relativas às organizações pertencentes ao setor econômico semiconcentrado O setor de baixo grau de concentração ou de indústria semiconcentrada de empresas com produtos relativamente homogêneos, na forma de bens de consumo não duráveis (alimentos, têxtil, confecções, metalurgia, plásticos e borracha, madeira e móveis), se caracteriza pela existência de impactos ao meio ambiente em caráter elevado. Pode induzir um posicionamento estratégico genérico, efetivado por meio de estratégias empresariais como um todo e estratégias ambientais em particular como: - Modernização dos canais de distribuição, incluindo rede de revendedores próprios ou exclusivos; - Implementação de sistemas de franquias, estabelecendo parcerias com clientes intermediários; - Integração vertical com clientes intermediários e clientes finais; - Ênfase na competição via preços, que nestes ramos de negócios assumem maior importância comparativamente a outras estruturas de mercado; - Automação industrial compatível com a exigência ambiental interna de eliminação de atividades insalubres e de alta periculosidade a seus empregados. As organizações pertencentes a esse setor econômico devem estabelecer suas estratégias ambientais visando à: 20 - Eliminação de questões legais com o governo em suas diferentes esferas, adotando estratégia ambiental, portanto, de estrita observância à legislação vigente; - Redução de dispêndios com insumos produtivos (matérias-primas, consumo de energia, serviços contratados) mediante racionalização por meio de seus métodos operacionais aplicados às fontes de suprimentos; - Criação e aprimoramento de seus processos produtivos, com a eliminação/redução de perdas e geração de resíduos ao longo da cadeia de agregação de valores; - Eliminação, criação e/ou aperfeiçoamento de produtos a serem ofertados ao mercado, dentro do contexto das questões ambientais e ecológicas, que criam uma demanda cada vez mais exigente; - Redução ou eliminação de riscos ambientais, no plano intraorganizacional, para preservação de um ambiente de higiene e segurança no trabalho e consequente redução de despesas operacionais com acidentes e doenças profissionais das mais diferentes situações. Estratégias empresariais / ambientais relativas às organizações pertencentes ao setor econômico misto Já no setor de bens de consumo duráveis ou da indústria de empresas mistas (do tipo automobilístico, eletroeletrônico), podem ser delineados determinados elementos estratégicos a serem adotados no posicionamento das organizações do setor, conforme discriminados a seguir: - Diferenciação de produtos por meio de grande número de modelos, bem como adoção de constantes modificações nos desenhos e características físicas dos modelos; - Alteração no mix de produtos a ser ofertado a seus clientes, visando apresentá-los à comunidade como produtos / serviços ambientalmente/ecologicamente favoráveis; - Segmentação de mercado, com adoção de modelos diferenciados por classes econômicas; - Financiamento aos clientes por meio de estrutura própria ou de entidades financeiras especiais; - Ênfase na prestação de serviços aos clientes, que implica controle direto ou indireto sobre a rede de distribuição, revenda e assistência técnica; 21 - Inovação tecnológica constante com expressivos investimentos em pesquisa e desenvolvimento, amortizando-os em amplos mercados. As organizações pertencentes a esse setor econômico devem estabelecer suas estratégias ambientais visando à: - Eliminação de questões legais com o governo em suas diferentes esferas adotando estratégia ambiental, portanto, de estrita observância à legislação vigente; - Redução de dispêndios com insumos produtivos (matérias-primas, consumo de energia, serviços contratados) por meio da racionalização de seus métodos operacionais aplicados às fontes de suprimentos; - Criação e aprimoramento de seus processos produtivos, com a eliminação/redução de perdas e gerações de resíduos ao longo da cadeia de agregação de valores; - Eliminação, criação e/ou aperfeiçoamento de produtos a serem ofertados ao mercado, dentro do contexto das questões ambientais e ecológicas, que criam uma demanda cada vez mais exigente; - Redução ou eliminação de riscos ambientais, no plano intraorganizacional, para preservação de um ambiente de higiene e segurança no trabalho e consequente redução de despesas operacionais com tais eventos. Estratégias empresariais / ambientais relativas às organizações pertencentes ao setor econômico de empresas diferenciadas O setor econômico de empresas diferenciadas tem para suas organizações (do gênero farmacêutico, de bebidas e fumo, de higiene e limpeza), as quais se caracterizam por gerar impactos ambientais moderados, certos elementos estratégicos que podem ser adotados em sua postura diante do mercado, os quais são: - Investimentos em publicidade e propaganda, em face da necessidade de prolongar o ciclo de vida relativamente curto de seus produtos; de preservar a lealdade que é devida à diferenciação não sustentada por base objetiva e apoiada em maciça publicidade, promoção e propaganda; - Lançamento de novos produtos, obtidos por meio de investimentos em pesquisa e desenvolvimento, tendo em vista fazer frente à concorrência, inclusive para a preparação de novos produtos a serem lançados quando a conjuntura assim o permitir ou em função de mudanças ocorridas no mercado; 22 - Introdução de várias marcas, que competem dentro do próprio composto de produtos da empresa; - Aceleração do lançamento de novos produtos quando a capacidade de produção instalada ou potencial for maior que a demanda, assim como redução dos gastos com pesquisa e desenvolvimento, e de lançamento de produtos quando a demanda for maior que a capacidade de produção; - Alteração no composto de produtos a serem ofertados a seus clientes, que visa apresentá-los à comunidade como produtos/serviços ambientalmente/ecologicamente favoráveis; - Segmentação do mercado com faixas diferenciadas, bem como ajustes entre oferta e demanda, pormeio da administração dos estoques e dos prazos dos pedidos em carteira; - Permanente monitoramento do mercado em face da possibilidade de novos ingressantes em potencial, assim como tentativa de evitar eventuais motivações de novos concorrentes por meio de políticas de preços. As organizações pertencentes a esse setor econômico devem estabelecer suas estratégias ambientais visando à: - Eliminação, criação e/ou aperfeiçoamento de produtos a serem ofertados ao mercado, dentro do contexto das questões ambientais e ecológicas, que criam uma demanda cada vez mais exigente; - Redução ou eliminação de riscos ambientais, no plano intraorganizacional, para preservação de um ambiente de higiene e segurança no trabalho e consequente redução de despesas operacionais com tais eventos; - Criação e aprimoramento de seus produtos, com a eliminação/redução de perdas e geração de resíduos ao longo da cadeia de agregação de valores; - Preservação de sua planta fabril, para minimização de dispêndios com prêmios de seguros patrimoniais de suas instalações e equipamentos, que variam em função direta da maior ou menor exposição a riscos ambientais; - Redução no uso de insumos e materiais aplicados em suas atividades produtivas (redução no consumo de embalagens, por exemplo). Estratégias empresariais/ambientais relativas às organizações pertencentes ao setor econômico de empresas competitivas 23 O setor econômico de empresas competitivas é composto por organizações que produzem baixos impactos ambientais. Por isso, a questão de definir estratégias ambientais/ecológicas é de moderada importância nessa área. Esse setor possibilita que as empresas com maior produtividade ganhem participação em detrimento daquelas menos eficazes. As empresas pertencentes à categoria de indústria competitiva e que se caracterizam por alguns segmentos de alta densidade de conhecimento e de capital, como a indústria de autopeças têm a possibilidade de adoção de medidas estratégicas, como: - Competição básica, via preços, com certeza de ampliação de sua participação no market share; - Associação com capitais de entidades nacional e do exterior e abertura de capital em direção à efetivação de saltos tecnológicos; - Aquisição de tecnologias como meio de obtenção de posicionamento competitivo. As organizações pertencentes a esse setor econômico devem estabelecer suas estratégias ambientais visando à: - Eliminação, criação e/ou aperfeiçoamento de produtos a serem ofertados ao mercado, dentro do contexto das questões ambientais e ecológicas que criam uma demanda cada vez mais exigente; - Redução ou eliminação de riscos ambientais, no plano intraorganizacional, para preservação de um ambiente de higiene e segurança no trabalho e consequente redução de despesas operacionais com tais eventos; - Criação e aprimoramento de sues processos produtivos, com a eliminação/redução de perdas e gerações de resíduos ao longo da cadeia de agregação de valores; - Preservação de sua planta fabril, para a minimização de dispêndios com prêmios de seguros patrimoniais de suas instalações e equipamentos, os quais variam em função direta da maior ou menor exposição a riscos ambientais; - Redução no uso de insumos e materiais aplicados em suas atividades produtivas (redução no consumo de embalagens, por exemplo); - Identificação e exploração de novos nichos de mercado, composto de clientes verdes, ecologicamente preocupados em adquirir produtos/serviços ambientalmente corretos, atendendo-os de forma 24 diferenciada dos concorrentes (por exemplo, mediante gerenciamento e descarte de resíduos, implementação de reciclagem de produtos e programas ambientais afins). Estratégias empresariais/ambientais relativas às organizações pertencentes ao setor de serviços financeiros O setor econômico de empresas de serviços financeiros é formado por organizações que produzem baixos impactos ambientais. Por isso, definir estratégias ambientais/ecológicas representa moderada importância. No setor de instituições financeiras, que congrega empresas como bancos e seguradoras têm-se a possibilidade de adoção de estratégias voltadas: - Ao deslocamento da prestação de serviços do ambiente intraorganizacional para o ambiente externo, em direção ao aceleramento da massificação dos serviços eletrônicos para esvaziar as agências bancárias; - À diversificação se serviços financeiros prestados aos clientes atuais e em potencial como diferencial competitivo; - À maior eficiência no armazenamento e recuperação de grande volume de documentos operacionais, como elemento de racionalização e agilização na prestação de serviços aos clientes. As organizações pertencentes a esse setor econômico devem estabelecer suas estratégias ambientais visando à: - Redução ou eliminação de riscos ambientais, no plano intraorganizacional, para preservação de um ambiente de higiene e segurança no trabalho e consequente redução de despesas operacionais com tais eventos; - Redução no uso de insumos e materiais aplicados em suas atividades produtivas (redução no consumo de papéis, relatórios e materiais de expediente burocrático, por meio de sua substituição pela mídia digital); - Dotar seus escritórios de equipamentos de segurança em larga escala; - Preservação de sua área de escritórios, para minimização de dispêndios com prêmios de seguros patrimoniais de suas instalações e equipamentos, que variam em função direta da maior ou menor exposição a riscos ambientais (incêndios e sinistros correlatos). 25 Estratégias empresariais/ambientais relativas às organizações pertencentes ao setor de serviços especializados Sendo composto por organizações que produzem baixos impactos ambientais, o setor econômico de empresas de serviços especializados encara a questão de definir estratégias ambientais/ecológicas como de moderada importância. O setor de serviços especializados, constituído por empresas como agências de publicidade e propaganda, firmas de consultoria e auditoria independentes, e escritórios de engenharia consultiva e de projetos, induz à intensa ênfase estratégica na formação e especialização de sua mão de obra. Seu produto, de altíssimo conteúdo tecnológico e de elevado grau de agregação de conhecimentos especializados, sinaliza a adoção de verdadeiro banco de talentos. Organizacionalmente, acompanha sua estratégia corporativa, que exige uma postura pró-ativa e de gerenciamento interno por projetos ou de configuração matricial. - Como estratégia ambiental tem-se a redução no uso de insumos e materiais aplicados em suas atividades produtivas (redução no consumo de papéis, relatórios e materiais de expediente burocrático por meio de sua substituição pela mídia digital). Além disso, as organizações pertencentes a esse setor econômico devem estabelecer outras estratégias ambientais visando à: - Redução ou eliminação de riscos ambientais, no plano intraorganizacional, para preservação de um ambiente de higiene e segurança no trabalho e consequente redução de despesas operacionais com tais eventos; - Preservação de sua área de escritórios, para minimização de dispêndios com prêmios de seguros patrimoniais de suas instalações. Estratégias empresariais/ambientais relativas às organizações pertencentes ao setor de serviços públicos Já o setor econômico de empresas de serviço público é composto por organizações que produzem baixos impactos ambientais. Por isso, a questão de definir estratégias ambientais/ecológicas é de moderada importância nessa área. 26 O setor de serviços públicos, dado seu extraordinário crescimento, influenciou a estagnação da capacidade do Estado em fazer frente a suas tradicionais atividades-fim, como saúde, segurança, saneamento básico, educação, transporte entre outras.O crescimento das estatais ocorreu de forma pouco articulada e planejada, o que limitou as possibilidades de realizações de estratégias conjuntas, não só entre as diferentes esferas federal, estadual e municipal como entre órgãos da administração direta e indireta, reduzindo, com isso, a eficácia das políticas macroeconômicas. Tal constatação sinaliza que qualquer intervenção voltada à modernização do Estado, como, por exemplo, a informatização, deve ser precedida da implementação de uma reconfiguração institucional na forma de reestruturação direta e indireta. Como estratégia ambiental tem-se a redução no uso de insumos e materiais aplicados em suas atividades produtivas (redução no consumo de papéis, relatórios e materiais de expediente burocrático por meio de sua substituição pela mídia digital). As organizações pertencentes a esse setor econômico devem estabelecer outras estratégias ambientais visando à: - Redução ou eliminação de riscos ambientais, no plano intraorganizacional, para preservação de um ambiente de higiene e segurança no trabalho e consequente redução de despesas operacionais com tais eventos; - Preservação de sua área de escritórios, para minimização de dispêndios com prêmios de seguros patrimoniais de suas instalações e equipamentos. A caracterização da empresa por tipo de atividade ou setor econômico pode propiciar elementos para a formulação das estratégias, dos sistemas de informações e do planejamento dos recursos humanos no contexto da organização. 27 Unidade 2 – Recursos Hídricos 2.1 – O que são recursos hídricos? Recursos hídricos são as águas que se encontram na superfície terrestre ou no subterrâneo e que podem ser usadas para diversas ações. O objetivo principal desses recursos é usar a água com responsabilidade, de maneira que essa riqueza não desapareça e que todos possam usufruir de seus benefícios. Confira agora como os recursos hídricos são compreendidos pela Associação Brasileira de Engenharia de Produção. Recursos Hídricos: a importância de sua preservação A água é um recurso fundamental para a sobrevivência do homem e demais seres que habitam o planeta. “A água doce é elemento essencial ao abastecimento do consumo humano, ao desenvolvimento de suas atividades industriais e agrícolas, e de importância vital aos ecossistemas – tanto vegetal como animal – das terras emersas.” (Rebouças, 1999, p. 01) Observa-se, então, que por ser um recurso de grande importância para a sobrevivência de todos os seres vivos, o homem sempre demonstrou interesse em manter o domínio sobre a água. Para isso, basta observar as origens de poder sobre seu uso. Desde os primórdios das civilizações antigas, a posse da água representava um instrumento político de poder, por exemplo, o controle dos rios, como forma de dominação dos povos foi praticado pelas civilizações da Mesopotâmia, aproximadamente quatro mil anos antes de Cristo. (op. cit., p. 17). No entanto, o homem vem utilizando as reservas hídricas de forma desordenada poluindo com práticas agrícolas perniciosas com o uso de 28 insumos químicos que alteram a composição da água, como os “neurotóxicos, carcinogênicos, mutagênicos e teratogênicos,” os projetos de irrigação, atividades extrativistas agressivas, desmatamentos, queimadas, lançamentos de esgotos e outros resíduos industriais e domésticos que, se não forem tomadas medidas para atuações de uso da água de forma harmônica com a natureza, a qualidade deste recurso poderá ficar cada vez mais escassa, podendo afetar a saúde do próprio ser humano. (op. cit., p. 26) Entre as ações que podem melhorar a qualidade e a quantidade dos recursos hídricos e também observá-lo como um fator limitante, segundo Salati et al. (1999, p. 40-41), destacam-se: - Estudos científicos e tecnológicos; - Amplo programa de educação ambiental; aprimoramento contínuo e constante da legislação (gestão da demanda e da oferta); - Aprimorar a estrutura institucional no manejo, utilização e fiscalização dos recursos hídricos; - Projetos que envolvam o manejo de recursos hídricos, como: construção de represas, saneamento básico, fornecimento de água e navegação fluvial, devem levar em conta as influências e interações com o meio ambiente e sociedade; - Evitar a contaminação das águas; - Formar recursos humanos; - Aumentar a cooperação internacional. Ainda, segundo Tundisi et al. (1999, p. 208) para haver a exploração dos recursos hídricos deve “haver articulação entre a base de pesquisa e conhecimento científico acumulado”, bem como, também, as ações de gerenciamento, levando em conta além dos recursos hídricos a “unidade-bacia-hidrigráfica-rio-lago ou reservatório.” Pois segundo o autor somente assim poderá haver um gerenciamento efetivo sobre a questão dos recursos hídricos. 29 A educação ambiental para os recursos hídricos A consciência ambiental é fundamentalmente importante para todo e qualquer tipo de desenvolvimento que se queira alcançar, pois ela poderá significar um mundo melhor por ser uma das formas mais amplas da relação harmônica do homem com o seu meio. Neste sentido, a educação ambiental pode ser vista como um compromisso com todas as esferas da sociedade de forma geral. Poderá significar a construção de um futuro mais humano, mais igualitário pelas decisões tomadas no presente, dada a sua importância na transformação das questões mundiais. Por meio da educação ambiental, pode acontecer a legitimação dos valores éticos, bem como a mudança dos padrões de comportamento na sociedade, pois acredita-se que, somente com a mudança de mentalidade surgirá a transformação da consciência, (Dias, 1994). Dessa forma, a relação ética do homem com o ambiente é realizada por meio da interação e harmonia, proporcionando, assim, o seu próprio bem-estar. Nesse sentido, diante da necessidade de ensinar, na busca por um futuro melhor, lembra-se a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92) onde foram destacadas várias 30 recomendações para a Educação Ambiental, eis algumas questões que necessitam ser mais exploradas, (op. cit., p. XV): - Reorientar a educação para o desenvolvimento sustentável; - Aumentar/incrementar a conscientização popular; - Considerar o analfabetismo ambiental; - Promover treinamento. Dias (1994) chama a atenção para a importância do treinamento sobre a questão ambiental e argumenta que em todos os encontros promovidos em prol da Educação ambiental, este assunto deve ser sempre enfocado nas discussões em busca de melhorias. Ainda, sobre as formulações feitas no Fórum Global, o tratado de “Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global.”. Segundo o autor (op. cit.), destaque-se que a Educação Ambiental deve: - Ser direito de todos; - Ter como base o pensamento crítico, fomentando a transformação e a construção da sociedade; 31 - Ter o propósito de formar cidadãos com consciência local e planetária; - Ser considerada como um ato político, baseado em valores para a transformação social; - Envolver uma perspectiva holística; - Desenvolver a solidariedade com estratégias democráticas; - Abordar as questões globais críticas, como: população, saúde, paz, direitos humanos, democracia, fome, e degradação da flora e fauna, numa perspectiva sistêmica; - Facilitar a cooperação mútua e equitativa nos processos de decisão; - Capacitar as pessoas a trabalharem conflitos de maneira justa e humana; - Promover a cooperação e o diálogo entre indivíduos e instituições; - Ajudar a desenvolver uma consciência ética sobre todas as formas de vida. 32 Por outro lado, Morim (2000) chama a atençãona questão do desenvolvimento, pois este entra em conflito com as complexidades existentes no mundo de hoje, já que os atores que compõem a sociedade são “biológicos, psíquicos, sociais, afetivos e racionais.” Expõe ainda que, “(...) a educação deve promover a “inteligência geral” apta a referir-se ao complexo, ao contexto, de modo multidimensional e dentro da concepção global.” O conhecimento não deve permear somente uma esfera do conhecimento isolado, mas deve atingir as diversas partes que compõem a sociedade dentro da estrutura global. A educação do futuro deve propor o conhecimento de cada estrutura, suas partes, mas deve sempre procurar observar o todo. Deve reconhecer de forma consciente a importância da condição humana situada no universo, (op. cit.). Deve proporcionar o desenvolvimento da compreensão para que realmente seja manifestada a mudança de consciência em todas as sociedades. Dessa forma, é necessário concordar que, através da educação ambiental pode-se desenvolver, por meio da compreensão, mudança de atividades, valores e mentalidades em prol de soluções sustentáveis em todas os níveis, locais e globais. 33 Acredita-se que, através da disseminação da educação ambiental, o enfoque de planejamento participativo e ações que sejam adaptadas à contextos socioculturais e ambientais específicos, podem levar uma gestão ambiental adequada que tenha como meta atingir os problemas ambientais numa busca de soluções sustentáveis. Ainda, para Vieira (1995, p. 72) um dos desafios mais importantes que devem ser abordados pelas comunidades científicas é a “criação de sistemas de planejamento melhor articulados ao mundo acadêmico”, bem como promover a criação de meios adequados às mudanças comportamentais. São questões de “regulação política que possam introduzir mudanças de percepção, atitudes e comportamento” de acordo com a compreensão dos fatores que levam o ser humano a degradação ambiental e através de atitudes que os levem a uma vida harmônica com o meio ambiente. Com isso, surge o aprendizado de uma nova relação com o meio ambiente. Neste aprendizado, por meio de atitudes concretas, os atores podem, com hábitos, políticas e comportamentos, proporcionarem uma melhor qualidade de vida para todos. 2.2 - Situação Atual O Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, uma das maiores unidades de conservação do sul do Brasil, e de grande importância para a manutenção da biodiversidade. Foi criado em novembro de 1975, com 87.405 hectares de área, representando quase 1% da área total do Estado de Santa Catarina. E abrange nove municípios: Águas Mornas, Florianópolis, Garopaba, Imaruí, Palhoça, Paulo Lopes, Santo Amaro da Imperatriz, São Bonifácio e São Martinho. Fazendo parte desta Unidade de Conservação, a bacia hidrográfica do rio Vargem do Braço (a qual é objeto de estudo) encontra-se localizada na comunidade de mesmo nome no município de Santo Amaro da Imperatriz, na região da Grande Florianópolis. 34 A região é um ponto estratégico pela riqueza de fontes de água potável que formam a bacia. Conforme estudo de caso realizado em 2000, na região de Vargem do Braço onde está localizada a bacia hidrográfica, constatou-se que existe a prática agrícola e, assim, vários tipos de proprietários, como pode ser observados na tabela abaixo. Ainda, segundo dados fornecidos pelo IBGE todo o vale, do qual a comunidade faz parte consta de 220 domicílios com uma população de 839 pessoas. Tabela 1 – Caracterização dos proprietários de terras na região de Vargem do Braço Tipificação dos proprietários Agricultores que trabalham com o modelo orgânico de produção Agricultores que trabalham com o uso de agrotóxicos e residem na comunidade Agricultores que trabalham com o uso de agrotóxicos e não residem na comunidade Sitiantes de finais de semana 2.3 – Monitoramento das águas brasileiras De acordo com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente dos Recursos Naturais e Renováveis, o IBAMA, um dos responsáveis pelos recursos hídricos do país, o monitoramento das águas brasileiras precisa ser cauteloso, principalmente quando falamos das bacias e dos rios. O Brasil é um dos poucos países que tem em abundância água, apesar da contradição sobre o nordeste ser extremamente seco, e, por isso, precisa de uma regulamentação de como essas águas são cuidadas e utilizadas. Observe com atenção as seguintes páginas, pois contêm como é feito esse monitoramento. 35 Ações no monitoramento da qualidade da água no país Em 1998, o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA e a Secretaria de Recursos Hídricos - SRH/MMA celebraram o Convênio 477/98 com o objetivo inicial de instrumentalizar técnica e operacionalidade ao Instituto para exercer as ações de controle, de fiscalização e de monitoramento da qualidade ambiental das águas de domínio da União, bem como apoiar a SRH/MMA na implantação da Política Nacional de Recursos Hídricos - PNRH. Dentre as ações propostas, no Plano de Trabalho do Convênio, figurava o apoio à implantação do Sistema Nacional de Informações de Recursos Hídricos - SNIRH. Para cumprir esta tarefa o IBAMA vem realizando um levantamento, junto a todas as instituições do país, que possuem rede de monitoramento de qualidade de água e junto aos laboratórios de análise ambiental. Esse levantamento está sendo feito por meio do Formulário - FC02- Cadastramento da Rede de Monitoramento da Qualidade da Água, desenvolvido por técnicos da Coordenação de Recursos Hídricos do IBAMA e aplicado pelos técnicos das representações estaduais do IBAMA, previamente orientados para este fim. Como as análises laboratoriais são um dos suportes à eficiência das redes de monitoramento, foram levantados os laboratórios que realizam análises ambientais, com ênfase em qualidade de água. Essa ação, também foi executada pelos técnicos das representações do IBAMA treinados, aplicando o Formulário FC01 - Cadastro dos Laboratórios de Análises Ambientais. As instituições que tiverem interesse de estar nos cadastros do IBAMA poderão enviar os formulários, acima preenchidos, para os endereços: SAIN L4 norte Edifício Sede do IBAMA Bloco C CEP. 70.800- 200 Brasília - DF Resultados: Sistema de Monitoramento da Qualidade da Água - SISAGUA: sistema desenvolvido em Delphi, que acessa banco de dados Oracle, elaborado com a finalidade de armazenar as informações obtidas no levantamento. Esse sistema constitui-se de três cadastros: http://www.ibama.gov.br/recursoshidricos/Divs/Form%20FC%2002.doc http://www.ibama.gov.br/recursoshidricos/Divs/Form%20FC%2002.doc http://www.ibama.gov.br/recursoshidricos/Divs/Form%20FC%2001.doc http://www.ibama.gov.br/recursoshidricos/Divs/Form%20FC%2001.doc 36 - Cadastro de Corpo d'água: abrange informações sobre os corpos d´água federais e estaduais, incluindo o código e nome do curso d´água, outros códigos e nomes que se referem ao mesmo curso d'água, bacia e sub-bacia a que ele pertence, enquadramento, descrição dos trechos enquadrados, dominialidade e listagem das estações de monitoramento localizadas no corpo d'água. - Cadastro de Estações de Monitoramento: contém informações sobre cada estação de amostragem, sua localização, o órgão e a unidade responsável pela estação, o órgão responsável pela coleta e pela análise das amostras de água, o órgão responsável pela disponibilização das informações e quem são os usuários da informação, bem como a data de início e fim da operação da estação. As estações são classificadas de acordo com os parâmetros coletados, a saber, estações que medem descarga líquida, estações telemétricas, estações para observação do nível d'água, estações com linígrafo, estações que medem descarga sólida e as de qualidade de água.- Cadastro de Laboratórios: este cadastro contém as mais diversas informações acerca de laboratórios públicos e privados existentes no país, destacando entre elas, a identificação com nome, endereço e material que o laboratório analisa, a formação do corpo técnico, bem como informações sobre o controle de qualidade analítica, as metodologias de coleta, os equipamentos e os parâmetros analisados. Recursos do Sistema: O sistema permite realizar consultas, cruzando todas as informações, como por exemplo: o usuário poderá selecionar um curso d'água e determinar uma consulta sobre quais e quantas são as estações localizadas neste curso d´água, quais analisam parâmetros de qualidade, assim como consultar a frequência em que são realizadas as coletas etc. De um modo geral o usuário poderá fazer consultas diversas, em relação a todas as informações contidas no cadastro, de acordo com a necessidade de informação que pretende obter. Situação Atual: No momento, o banco possui 3100 rios e 7539 estações cadastradas, das quais, 1985 são estações que realizam monitoramento de qualidade de água. Consultando a data de início e fim de operação das estações, constatou-se que das 1985 estações de qualidade de água, 1241 estações continuam operando, isto é, são estações ativas, neste caso, levando em conta a rede básica da Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL. 37 As estações de qualidade de água ativas, cadastradas no banco de dados, estão distribuídas entre as bacias hidrográficas da seguinte maneira: Bacia Estações Rio Amazonas 69 Rio Tocantins 17 Atlântico Sul - trecho Norte/ Nordeste 95 Rio São Francisco 179 Atlântico Sul - trecho Leste 277 Rio Paraná 432 Rio Uruguai 42 Atlântico Sul - trecho Sudeste 130 O cadastro de laboratórios de análises ambientais, até o presente momento, contém 147 laboratórios, distribuídos em 23 estados (Acre, Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, Roraima, Santa Catarina, São Paulo e Sergipe), conforme tabela. Cadastro de laboratórios de análises ambientais Unidade da Federação - UF Laboratórios por UF Realiza Controle de qualidade Realiza Coleta de amostra Laboratórios com ensaios credenciados pelo INMETRO Acre 1 Alagoas 6 3 6 Amazonas 8 3 6 Bahia 5 2 4 2 Ceará 4 1 4 Distrito Federal 7 5 5 Espírito Santo 10 7 9 Goiás 3 3 3 Mato Grosso 5 3 5 Mato Grosso do Sul 3 1 2 Minas Gerais 5 4 5 Pará 8 7 8 Paraná 3 3 3 Pernambuco 6 2 5 Piauí 4 4 4 Rio de Janeiro 6 6 5 Rio Grande do Norte 4 3 4 38 Rio Grande do Sul 6 6 4 Rondônia 1 1 1 Roraima 3 2 Santa Catarina 27 17 17 1 São Paulo 20 12 12 2 Sergipe 3 2 3 Total de laboratórios cadastrados 147 94 117 Diagnóstico: As informações contidas no banco de dados, até o presente momento, permitem fazer um diagnóstico preliminar do monitoramento de qualidade e quantidade de água, realizado em 22 (vinte e dois) estados do país: - Acre - Alagoas - Amazonas - Bahia - Ceará - Distrito Federal - Espírito Santo - Goiás - Mato Grosso - Mato Grosso do Sul - Minas Gerais - Pará - Paraná - Pernambuco - Piauí - Rio de Janeiro - Rio Grande do Norte - Rio Grande do Sul - Roraima - Santa Catarina - São Paulo - Sergipe O levantamento, até o momento, mostrou que o monitoramento, em sua grande parte está sob a gerência da Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL auxiliada por instituições estaduais que também executam esse monitoramento 39 Bacia do Rio Amazonas Gráfico 3 - Estações de Monitoramento de Qualidade de Água (ativas). Bacia do Rio Tocantins Gráfico 4 - Estações de Monitoramento de Qualidade de Água (ativas). 40 Bacia do Atlântico Sul - trecho Norte/ Nordeste Gráfico 5 - Estações de Monitoramento de Qualidade de Água (ativas). Bacia do Rio São Francisco. Gráfico 6 - Estações de Monitoramento de Qualidade de Água (ativas). 41 Bacia do Atlântico Sul - trecho Leste. Gráfico 7 - Estações de Monitoramento de Qualidade de Água (ativas). 42 Bacia do Rio Paraná. Gráfico 8 - Estações de Monitoramento de Qualidade de Água (ativas). 43 Bacia do Rio Uruguai. Gráfico 9 - Estações de Monitoramento de Qualidade de Água (ativas). 44 Bacia do Atlântico Sul - trecho Sudeste. Gráfico 10 - Estações de Monitoramento de Qualidade de Água (ativas). Hoje, no Brasil existem esforços por parte de alguns Estados para manterem uma rede de monitoramento, contudo esses esforços são independentes, não havendo integração entre as várias redes de qualidade e nem com a rede que mede a quantidade. Este fato faz com que haja problemas na distribuição espacial das estações de coleta, proporcionando o adensamento e superposição de estações em algumas regiões e em outros espaços vazios 45 Mapa 1 Estações de Monitoramento de Qualidade de Água. 46 Mapa 2 - Estações de Monitoramento da Quantidade de Água. A aplicação, por várias instituições, de diferentes metodologias de análise e de coleta dificulta a comparação dos resultados. Dados gerados sem comprometimento com a frequência de coleta, com a qualidade analítica, bem como a falta de hábito dos órgãos responsáveis pelo controle, dos órgãos gestores e da sociedade em geral, de utilizarem os dados levantados pelo monitoramento em suas ações, 47 levam à necessidade da elaboração de programas de integração, padronização, capacitação e divulgação dessas informações. Uma vez que este é um subsídio importante para a detecção da poluição e de seus efeitos, para proposição de ações de controle e para a definição dos métodos de contenção, como, por exemplo, o enquadramento do corpo hídrico, a outorga e a cobrança do direito de uso dos recursos hídricos, instrumentos fundamentais para o planejamento e gestão dos recursos hídricos, bem como para a gestão ambiental. Com as informações, obtidas dos laboratórios de análises ambientais cadastrados, podemos diagnosticar que os que realizam análise de água, na sua maioria, não utilizam os mesmos métodos analíticos, dificultando como já foi dito, a comparação dos dados, bem como poucos têm seus ensaios credenciados no INMETRO e ainda não existe um controle interlaboratorial que permita estabelecer a confiabilidade dos resultados analíticos. Com essa exposição, procuramos demonstrar a importância e a necessidade de se estruturar e implantar uma rede integrada de monitoramento da qualidade da água, para a efetiva gestão dos recursos hídricos e consequentemente dos recursos ambientais do país. NOME DA BACIA NOME DA SUB-BACIA BACIA DO AMAZONAS Rio Solimões, Javari e outros Rio Solimões, Jandiatuba e Içá Rio Solimões, Jurua,Japura, Baia Rio Solimões, Coari, Purus Rio Amazonas, Negro, Branco Rio Amazonas, Madeira, Jamari Rio Amazonas, Trombetas, e outros Rio Amazonas, Tapajós, Jurema Rio Amazonas, Xingu, Iriri, Paru Rio Amazonas, Jari, Para, outros BACIA DO RIO TOCANTINS Rio Tocantins, Maranhão, Almas Rio Tocantins, Paraná, Palmas Rio Tocantins, M. Alves, Sono Rio Tocantins, Manuel Alves Grande Rio Araguaia, Caiapó, Claro Rio Araguaia, Crixas - Açú, Peixe Rio Araguaia, Mortes, Javaés 48 Rio Araguaia, Coco, Pau d'arco Rio Araguaia, Muricizal, Lontra Rio Araguaia, Tocantins, Itacarunas BACIA DO ATLÂNTICO SUL,TRECHOS NORTE E NORDESTE Rio Oiapoque Rio Surubim Rio Gurupi, ItingáRios Mearim, Itapecuru e outros Rio Paranaiba Rio Acarau, Pirangi e outros Rio Jaguaribe Rios Apoti, Piranhas e outros Rio Paraiba, Potengi e outros Rio Capibaribe, Mundau e outros BACIA DO RIO SÃO FRANCISCO Rio São Francisco e Paraopeba Rio São Francisco, das Velhas Rio São Francisco, Paracatu Rio São Francisco, Urucuia Rio São Francisco, Verde Grande Rio São Francisco, Carinhanha Rio São Francisco, Grande Rio São Francisco, Jacaré Rio São Francisco, Pajeú Rio São Francisco, Moxotó BACIA DO ATLÂNTICO SUL, TRECHO LESTE Rio Vaza-Barris, Itapicuru e outros Rio Paraguaçu, Jequirica e outros Rio das Contas Rio Pardo, Cachoeira e outros Rio Jequitinhonha, Jequitinhonha Rio Mucuri, São Mateus Rio Doce Rio Itapemirim, Itabapoana 49 Rio Paraíba do Sul Rio Macaé, São João e outros BACIA DO RIO PARANÁ Rio Paranaíba Rio Grande Rio Paraná, Tiete e outros Rio Paraná e Pardo Rio Paraná e Parapanema Rio Paraná, Iguaçu e outros Rio Paraguai, São Lourenço e outros Rio Paraguai, Apa e outros Rio Paraná e Corrientes Rio Paraná, Tercero e outros BACIA DO RIO URUGUAI Rio Pelotas Rio Canoas Rio Uruguai, do Peixe e outros Rio Uruguai, Chapecó e outros Rio Uruguai, da Várzea e outros Rio Uruguai, Ijuí e outros Rio Uruguai, Ibicuí e outros Rio Uruguai, Quaraí e outros Rio Uruguai e outros Rio Uruguai, Negro e outros BACIA DO ATLÂNTICO SUL, TRECHO SUDESTE Rio Itapanhau, Itanhaem e outros Rio Ribeira do Iguape Rio Nhundiacoara, Itapocu e outros Rio Itajaí-Açú Rio Tubarão, Araranguá e outros Rio Jacuí Rio Taquari Lagoa dos Patos Lagoa Mirim 50 2.4 – A água O Portal Ambiente Brasil discorre sobre a água e como é seu comportamento em território brasileiro. A água pura (H2O) é um líquido formado por moléculas de hidrogênio e oxigênio. Na natureza, ela é composta por gases como oxigênio, dióxido de carbono e nitrogênio, dissolvidos entre as moléculas de água. Também fazem parte desta solução líquida sais, como nitratos, cloretos e carbonatos; elementos sólidos, poeira e areia podem ser carregados em suspensão. Outras substâncias químicas dão cor e gosto a água. Íons podem causar uma reação quimicamente alcalina ou ácida. As temperaturas apresentam variação de acordo com a profundidade e com o local onde a água é encontrada, constituindo-se em fatores que influenciam no comportamento químico. Subentende-se água como sendo um elemento da natureza, recurso renovável, encontrado em três estados físicos: sólido (gelo), gasoso (vapor) e líquido. As águas utilizadas para consumo humano e para as atividades sócio- econômicas são retiradas de rios, lagos, represas e aquíferos, também conhecidos como águas interiores. Classificação Mundial das Águas Água doce Apresenta o teor de sólidos totais dissolvidos (STD) inferior a 1.000 mg/L Salobras Apresenta o teor de sólidos totais dissolvidos (STD) entre 1.000 e 10.000 mg/L Salgadas Apresenta o teor de sólidos totais dissolvidos (STD) superior a 10.000 mg/L Origem geológica e biológica A vida surgiu no planeta há mais ou menos 3,5 bilhões de anos. Desde então, a biosfera modifica o ambiente para uma melhor adaptação. Em função das condições de temperatura e pressão que passaram a ocorrer na Terra, houve um acúmulo de água em sua superfície, nos estados líquido e sólido, formando-se assim o ciclo hidrológico. Os continentes representam a litosfera; a água existente na Terra forma a hidrosfera; cada um dos pólos (Ártico e Antártico) e os cumes das montanhas mais altas apresentam uma cobertura de gelo e neve 51 denominada criosfera; a massa de ar que cobre a Terra é chamada de atmosfera, e a vida existente no planeta forma a biosfera. O oxigênio tem por propriedade ser reativo, ou seja, unir-se a quase todos os outros tipos de átomos: o hidrogênio, o carbono e um grande número de metais e metalóides. Em consequência a este fato, quando a Terra se formou, não havia oxigênio livre na atmosfera primitiva, mas somente óxidos voláteis, como gás carbônico, água e outros compostos de hidrogênio, como metano e amoníaco. Volume de água A quantidade total de água na Terra é distribuída da seguinte maneira: 97,5% de oceanos e mares; 2,5 de água doce; 68,9% (da quantidade geral de água doce) formam as calotas polares, geleiras e neves eternas que cobrem os cumes das montanhas altas da Terra; 29,9% restantes de água doce constituem as águas subterrâneas 0,9% respondem pela umidade do solo e pela água dos pântanos Características da água A caracterização da água começa a se compor ainda em seu trajeto atmosférico. As partículas sólidas e os gases atmosféricos de várias origens são dissolvidos pelas águas que caem sobre a superfície da Terra em forma de chuva, neblina ou neve. Contudo, muitas destas características são alteradas mesmo que inconscientemente pelo homem. O uso intensivo de insumos químicos na agricultura, a poluição gerada pelas indústrias e pelos grandes centros urbanos concentram alguns gases na água das chuvas, resultando na chamada chuva ácida, causadora de danos ao ambiente natural e antrópico. Isso ocasiona também a escassez de água para consumo, fazendo com que os aspectos qualitativos da água sejam cada vez mais preocupantes nas regiões muito povoadas. As fontes hídricas são abundantes, porém mal distribuídas na superfície do planeta. Em algumas áreas, as retiradas são bem maiores que a oferta, causando um desequilíbrio nos recursos hídricos disponíveis. 52 Essa situação tem acarretado uma limitação em termos de desenvolvimento para algumas regiões, restringindo o atendimento às necessidades humanas e degradando ecossistemas aquáticos. Os recursos hídricos são de fundamental importância no desenvolvimento de diversas atividades econômicas. A água pode representar até 90% da composição física das plantas; a falta de água pode destruir lavouras; na indústria as quantidades de água necessárias são superiores ao volume produzido. Na indústria, as quantidades de água necessárias são superiores ao volume produzido. A utilização de métodos para o tratamento da água é viável; porém, podem produzir problemas cujas soluções são difíceis, pois que afetam a qualidade do meio ambiente, a saúde pública e outros serviços. Por sua vez, as águas das bacias hidrográficas não são confiáveis e recomendáveis para o consumo da população por não possuírem as características padrões de qualidade ambiental. Já a revista Multiciência, especializada nos centros e nos núcleos de estudo da Universidade de Campinas, diz que a água é essencial à vida e todos os organismos vivos no planeta Terra dependem dela para sua sobrevivência. O planeta Terra é o único planeta do sistema solar que tem água nos três estados (sólido, líquido e gasoso), e as mudanças de estado físico da água no ciclo hidrológico são fundamentais e influenciam os processos biogeoquímicos nos ecossistemas terrestres e aquáticos. Somente 3% da água do planeta está disponível como água doce. Destes 3%, cerca de 75% estão congelados nas calotas polares, em estado sólido, 10% estão confinados nos aquíferos e, portanto, a disponibilidade dos recursos hídricos no estado líquido é de aproximadamente 15% destes 3%. A água, portanto, é um recurso extremamente reduzido. O suprimento de água doce de boa qualidade é essencial para o desenvolvimento econômico, para a qualidade de vida das populações humanas e para a sustentabilidade dos ciclos no planeta. A água nutre as florestas, mantêm a produção agrícola, mantêm a biodiversidade nos sistemas terrestres e aquáticos. Portanto, os recursos hídricossuperficiais e os recursos hídricos subterrâneos são recursos estratégicos para o homem e todas as plantas e animais. O ciclo hidrológico é o princípio unificador fundamental referente à água no planeta, sua disponibilidade e distribuição. O ciclo hidrológico opera em função da energia solar que produz evaporação dos oceanos 53 e dos efeitos dos ventos, que transportam vapor d’água acumulado para os continentes. A velocidade do ciclo hidrológico variou de uma era geológica a outra, bem como a proporção de águas doces e águas marinhas. As características do ciclo hidrológico não são homogêneas, daí a distribuição desigual da água no planeta. Há 26 países com escassez de água e pelo menos quatro países (Kuwait, Emirados Árabes Unidos, Ilhas Bahamas, Faixa de Gaza – território palestino) com extrema escassez de água (entre 10 e 66 m3/habitante). A Tabela I mostra os balanços hídricos por continente e a Tabela II o balanço hídrico das principais bacias hidrográficas do Brasil. Tabela I – Balanço Hídrico de águas superficiais por continente [1] Continente Precipitação (Km3/ano) Evaporação (Km3/ano) Drenagem (Km3/ano) Europa 8,290 5,320 2,970 Ásia 32,200 18,100 14,100 África 22,300 17,700 4,600 América do Norte 18,300 10,100 8,180 América do Sul 28,400 16,200 12,200 Austrália/Oceania 7,080 4,570 2,510 Antártica 2,310 0 2,310 Total 118,880 71,990 46,870 Tabela II - Balanço hídrico das principais bacias hidrográficas do Brasil [2] Bacia Hidrográfica Área (Km2) Média da Precipitação (m3/s) Média de descarga (m3/s) Evapotransp (m3/s) Descarga/ Precipitação (%) Amazônica 6.112.000 493.191 202.000 291.491 41 Tocantins 57.000 42.387 11.300 31.087 27 Atlântico Norte 242.000 16.388 6.000 10.388 37 Atlântico Nordeste 787.000 27.981 3.130 24.851 11 São Francisco 634.000 19.829 3.040 16.789 15 54 Atlântico Leste Norte 242.000 7.78 670 7.114 9 Atlântico Leste Sul 303.000 11.79 3.710 8.081 31 Paraná 877.000 39.935 11.200 28.735 28 Paraguai 368.000 16.326 1.340 14.986 8 Uruguai 178.000 9.589 4.040 5.549 42 Atlântico Sul 224.000 10.515 4.570 5.949 43 Brasil incluindo Bacia Amazônica 10.724.000 696.020 251.000 445.020 36 O Brasil tem aproximadamente 16% das águas doces do planeta, distribuídas desigualmente. A Figura 1 mostra a distribuição dos recursos hídricos superficiais do Brasil em relação à distribuição da população. 55 Figura 1 – Regiões hidrográficas do Brasil Fonte: http://www.portalsaofrancisco.com.br Água – desenvolvimento econômico e estimativas do uso dos recursos hídricos Sempre houve grande dependência dos recursos hídricos para o desenvolvimento econômico. A água funciona como fator de desenvolvimento, pois ela é utilizada para inúmeros usos diretamente relacionados com a economia (regional, nacional e internacional). Os usos mais comuns e frequentes dos recursos hídricos são: água para uso doméstico, irrigação, uso industrial e hidroeletricidade. De 1900 a 2000, o uso total da água no planeta aumentou dez vezes (de 500 km3/ano para aproximadamente 5.000 Km3/ano) (Figura 2). Os usos múltiplos da água aceleram-se em todas as regiões, continentes e países. Estes usos múltiplos aumentam à medida que as atividades econômicas se diversificam e as necessidades de água 56 aumentam para atingir níveis de sustentação compatíveis com as pressões da sociedade de consumo, a produção industrial e agrícola. Figura 2 – Tendências no consumo global de água, 1900-2000 [4] A Tabela III mostra a retirada de água “per capita” para diferentes continentes por atividade (para o ano 2000). Região Doméstico m3/ano Industrial m3/ano Agricultura m3/ano Perdas em reservatórios m3/ano Europa 150 400 185 10 União Soviética 120 500 1.310 70 Ásia 75 150 5.585 25 África 50 100 400 85 América do Norte 260 2.000 1.050 110 América do Sul 20 200 190 35 Oceania 110 700 750 150 57 A Tabela IV mostra as projeções para os usos múltiplos da água retirada para usos diversos até 2015. Setor 2015 (sem reuso industrial) km3/ano 2015 (com reuso industrial) km3/ano Doméstico 890 890 Industrial 4,100 1,145 Agricultura 5,850 5,850 Total 10,884 7,885 A urbanização acelerada em todo o planeta produz inúmeras alterações no ciclo hidrológico e aumenta enormemente as demandas para grandes volumes de água, aumentando também os custos do tratamento, a necessidade de mais energia para distribuição de água e a pressão sobre os mananciais. À medida que aumenta o desenvolvimento econômico e a renda per capita, aumenta a pressão sobre os recursos hídricos superficiais e subterrâneos. As estimativas e projeções sobre os usos futuros dos recursos hídricos variam bastante, em função de análises de tendências diversificadas, algumas baseadas em projeções dos usos atuais, outras em função de re-avaliações dos usos atuais e introdução de medidas de economia da água, tais como, re-uso e medidas legais para diminuir os usos e o consumo e evitar desperdício, ou a cobrança pelo uso da água e o princípio do poluidor- pagador. A Tabela V mostra algumas das estimativas dos usos da água para o futuro até o ano de 2025. Autor / ano Ano para o qual o cenário foi avaliado Uso global da água (Km3/ano) L’Vovich (uso convencional, 1974) [7] 2.000 12.270 De Mare (1976) [5] 2.000 5.605 Shiklomanov (1998) [8] 2.025 4.089 Shiklomanov (1998) [8] 2.025 4.867 Gleick (visão sustentável, 1997) [9] 2.025 4.270 58 Raskin et al. (com reformas legislativas e políticas no uso) (1997) [10] 2.050 3.899 Os impactos nos recursos hídricos Os impactos quantitativos nos recursos hídricos são crescentes e produzem grandes alterações nos estoques de águas superficiais e subterrâneas. Há casos muito evidentes de uso excessivo de recursos hídricos superficiais que resultaram na redução quantitativa acentuada e em desastres de grandes proporções. Além dos impactos quantitativos, há muitos outros impactos na qualidade da águas superficiais e subterrâneas que comprometem os usos múltiplos e aumentam as pressões econômicas regionais e locais sobre os recursos hídricos. Estes impactos estão descritos na Tabela VI. Tabela VI – Impactos das atividades humanas nos ecossistemas aquáticos e valores/serviços dos recursos hídricos em risco. Atividade Humana Impacto nos ecossistemas aquáticos Valores/serviços em risco Construção de represas Altera o fluxo dos rios e o transporte de nutrientes e sedimento e interfere na migração e reprodução de peixes - Altera habitats e a pesca comercial e esportiva - Altera os deltas e suas economias Construção de diques e canais - Destrói a conexão do rio com as áreas inundáveis - Danifica ecologicamente os rios - Modifica os fluxos dos rios - Afeta a fertilidade natural das várzeas e os controles das enchentes - Alteração do canal natural dos rios - Afeta os habitats e a pesca comercial e esportiva - Afeta a produção de hidroeletricidade e transporte Drenagem de áreas alagadas Elimina um componente- chave dos ecossistemas aquáticos - Perda de biodiversidade - Perda de funções naturais de filtragem e reciclagem de nutrientes - Perda de habitats para peixes e aves aquáticas 59 Desmatamento do solo Altera padrões de drenagem, inibe a recarga natural dos aquíferos, aumenta a sedimentação - Altera a qualidade e a quantidade da água, pesca comercial, biodiversidade e controle de enchentes Poluição não controlada Diminui a qualidade da água - Altera o suprimento de água - Aumenta os custos de tratamento - Altera a pesca comercial - Diminui a biodiversidade - Afeta a saúde humana Remoção excessiva de biomassa Diminui os recursos vivos
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