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Aula 06 Curso: Direito Constitucional – Curso regular Professor: Jonathas de Oliveira Curso: Direito Constitucional – Curso regular Teoria, Jurisprudência e Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 06 Prof. Jonathas de Oliveira 2 de 148 www.exponencialconcursos.com.br Sumário 1- Poder Legislativo ............................................................................. 3 1.1 – Panorama geral .............................................................................. 3 1.2 – Atribuições do Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados e do Senado Federal ...................................................................................... 9 1.3 – Deputados Federais e Senadores: imunidades e vedações ................. 27 1.4 – As reuniões e comissões ................................................................ 36 1.5 – A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial .......................................................................................... 44 2- Processo Legislativo ...................................................................... 54 2.1 – Emendas à Constituição ................................................................ 57 2.2 – Leis Complementares e Ordinárias .................................................. 65 2.3 – Leis Delegadas ............................................................................. 78 2.4 – Medidas Provisórias ...................................................................... 80 2.5 – Decretos Legislativos .................................................................... 90 2.6 – Resoluções .................................................................................. 91 3- Questões comentadas ................................................................... 92 4- Lista de Exercícios ....................................................................... 115 5- Gabarito ...................................................................................... 147 6- Referencial Bibliográfico.............................................................. 148 Amigos e amigas, destacamos ser oportuno um bom número de revisões dos tópicos desta aula, uma vez que há certo número de detalhes que demandam trabalho para serem amadurecidos. Aqui, pedimos vênia para sugerir que seja feita uma breve releitura dos conceitos básicos já estudados. Isso tende a facilitar a compreensão do tema e a reforçar as conexões cognitivas que estamos criando. Destacamos ser oportuno um bom número de revisões deste tema, uma vez que há certo número de detalhes que demandam trabalho para serem amadurecidos. Hora de mais uma batalha! Já vencemos tantas outras e, aqui, não será diferente. Aula 06 – Poder Legislativo. Processo Legislativo. Curso: Direito Constitucional – Curso regular Teoria, Jurisprudência e Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 06 Prof. Jonathas de Oliveira 3 de 148 www.exponencialconcursos.com.br Vimos que no Brasil impera a teoria (abrandada) de Montesquieu: teoria da tripartição de Poderes – identificados como Poder Legislativo, Poder Executivo e Poder Judiciário. Nessa linha, o Título IV da nossa CF/88 apresenta este arranjo no âmbito da União. Por simetria das formas jurídicas, muitas das características são replicadas no nível dos entes subnacionais (Estados-membros, Distrito Federal e Municípios), porém, existem algumas especificidades. Assim, antes de passarmos à análise do texto constitucional, cumpre destacar as principais: União Estados e DF Municípios Legislativo Bicameral: o Congresso Nacional é composto do Senado Federal + Câmara dos Deputados Unicameral: Assembleia Legislativa (Deputados Estaduais) ou Câmara Legislativa (Deputados Distritais) Unicameral: Câmara Municipal (Vereadores Municipais) Executivo Chefiado pelo Presidente da República Chefiado pelo Governador do Estado ou do DF Chefiado pelo Prefeito Municipal Judiciário Órgãos de convergência e superposição* constitucional (STF) e infraconstitucional (STJ) + Justiça comum federal + Justiça especial (Trabalho, Eleitoral e Militar) * Decisões do STF se sobrepõem a todas as Justiças e Tribunais. Decisões do STJ superam as da Justiça Federal comum, da Estadual e do DF e Territórios. Tribunais de Justiça e juízes estaduais – Justiça comum – e Tribunais de Justiça Militar e juízes militares – Justiça especial – (organizados e mantidos pelos Estados) ou Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (organizado e mantido pela União) Não há. A função jurisdicional fica a cargo dos TJ estaduais. 1.1 – Panorama geral 1- Poder Legislativo Curso: Direito Constitucional – Curso regular Teoria, Jurisprudência e Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 06 Prof. Jonathas de Oliveira 4 de 148 www.exponencialconcursos.com.br Por ora, nos interessa dissecar o Poder Legislativo, com ênfase na esfera da União, nível em que, historicamente, é reproduzido o modelo bicameral. A partir dos ensinamentos de José Afonso da Silva, podemos delinear o seguinte ponto de partida: Sendo a emanação da soberania do povo, nos termos do art. 1º, parágrafo único da Constituição Federal, o Poder Legislativo tem a função típica de produzir as leis que devem dirigir o Estado. Além disso, também tem como função típica fiscalizar o Poder Executivo, conforme veremos mais adiante. Nesta tarefa, é auxiliado pelo Tribunal de Contas da União, órgão autônomo que não integra diretamente nenhum dos Poderes. No mais, importante ressaltar desde já, que, a rigor, não há primazia de uma Casa legislativa sobre a outra. Tanto a Câmara dos Deputados como o Senado Federal possuem determinadas atribuições e competências privativas de acordo com o disposto na CF/88. Mas antes de vermos as respectivas competências, analisemos o desenho geral do Legislativo (federal). TÍTULO IV Da Organização dos Poderes CAPÍTULO I DO PODER LEGISLATIVO Seção I DO CONGRESSO NACIONAL Bicameralismo (Congresso Nacional compõe-se de) Câmara dos Deputados Representantes do povo Senado Federal Representantes dos Estados-membros e do DF Curso: Direito Constitucional – Curso regular Teoria, Jurisprudência e Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 06 Prof. Jonathas de Oliveira 5 de 148 www.exponencialconcursos.com.br Art. 44. O Poder Legislativo é exercido pelo Congresso Nacional, que se compõe da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. Parágrafo único. Cada legislatura terá a duração de quatro anos. (1) Não confundam os termos “legislatura” e “sessão legislativa”, alvos comuns de pegadinhas. 1- (CESPE/ Técnico Judiciário do STF / 2013) Julgue o item a seguir. Uma legislatura compreende quatro sessões legislativas ordinárias. Resolução: Correto! Atualmente, estamos na 55ª legislatura (2015-2019). Art. 45. A Câmara dos Deputados compõe-se de representantes do povo, eleitos, pelo sistema proporcional, em cada Estado, em cada Território e no Distrito Federal. (1) A literalidade deste artigo é o que costuma incidir nas provas. No entanto, para aperfeiçoar o entendimento, vejamos um exemplo hipotético de como é operacionalizado o sistema proporcional. Etapa 1: Cálculo do quociente eleitoral Exemplo: Arredondando, o Brasil tem hoje 60milhões de eleitores e 513 cadeiras na Câmara dos Deputados. Quociente eleitoral = 60.000.000 / 513 ≈ 116.959 Etapa 2: Cálculo das vagas por partido Legislatura • Período de 4 anos que se inicia com a posse dos Deputados e Senadores Federais (estes, quando recém eleitos) Sessão legislativa • Período de 1 ano, nos intervalos: - 2 fevereiro a 17 julho - 1 agosto a 22 dezembro Curso: Direito Constitucional – Curso regular Teoria, Jurisprudência e Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 06 Prof. Jonathas de Oliveira 6 de 148 www.exponencialconcursos.com.br Total de votos (válidos) / Quociente eleitoral Suponha-se que o Partido dos Concurseiros recebeu 1.000.000 de votos por todo o País, para os seus candidatos à Câmara dos Deputados. Vagas do partido = 1.000.000 / 116.959 ≈ 8,33. (Simplificando) Desprezamos as frações. Assim, o Partido dos Concurseiros terá 8 vagas na Câmara dos Deputados. § 1º - O número total de Deputados, bem como a representação por Estado e pelo Distrito Federal, será estabelecido por lei complementar, proporcionalmente à população, procedendo-se aos ajustes necessários, no ano anterior às eleições, para que nenhuma daquelas unidades da Federação tenha menos de oito ou mais de setenta Deputados. § 2º - Cada Território elegerá quatro Deputados. (1) O §1º é forte alvo de críticas, uma vez que, na prática, é impossível manter a proporção em muitos casos. Um Estado-membro como São Paulo (~46.660.000 habitantes), por exemplo, terá 1 Deputado Federal para cada ~666.571 habitantes. Já um Estado-membro como Roraima (~488.072 habitantes) terá 1 Deputado Federal para cada ~61.009 habitantes. Art. 46. O Senado Federal compõe-se de representantes dos Estados e do Distrito Federal, eleitos segundo o princípio majoritário. (1) O sistema majoritário aqui é simples em todos os sentidos. O candidato que obtiver a maioria simples dos votos válidos (desconsiderando-se os brancos e nulos) conquista a vaga ao Senado. § 1º - Cada Estado e o Distrito Federal elegerão três Senadores, com mandato de oito anos. § 2º - A representação de cada Estado e do Distrito Federal será renovada de quatro em quatro anos, alternadamente, por um e dois terços. (1) Um primeiro ponto a se notar é que os Territórios (que, um dia, podem voltar a existir) não elegem Senadores, apenas Deputados Federais nos termos do art. 45, §2º. Curso: Direito Constitucional – Curso regular Teoria, Jurisprudência e Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 06 Prof. Jonathas de Oliveira 7 de 148 www.exponencialconcursos.com.br (2) Em segundo lugar, o segundo parágrafo significa meramente o seguinte: § 3º - Cada Senador será eleito com dois suplentes. (1) Os suplentes são potenciais substitutos do Senador (eleitos automaticamente com ele), convocados nos casos de vaga do cargo, de afastamento do titular para exercício da mandato em outros cargos, ou de licença deste por prazo superior a cento e vinte dias. (2) Agora que vimos a estrutura básica das duas Casas tracemos um desenho geral. Eleições de 2010 Eleições de 2014 2018 2022 Congresso Nacional Câmara dos Deputados Representantes do Povo Eleição pelo Sistema Proporcional Mandato de 4 anos Em cada Estado ou DF Mín. 8 Deputados Máx. 70 Deputados Territórios terão 4 deputados Senado Federal Representantes dos Estados e DF Eleição pelo Sistema Majoritário Mandato de 8 anos renovando a cada 4 anos por 1/3 e 2/3 3 Senadores por Estado ou DF Cada Senador terá 2 Suplentes Cada Estado e o DF elegem 2 Senadores Federais Cada Estado e o DF elegem 1 Senador Federal Fim do mandato dos Senadores eleitos em 2010 e novas eleições para aquela Casa com 2 vagas Fim do mandato do Senador eleito em 2014 e novas eleições para aquela Casa com 1 vaga Curso: Direito Constitucional – Curso regular Teoria, Jurisprudência e Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 06 Prof. Jonathas de Oliveira 8 de 148 www.exponencialconcursos.com.br 2- (FCC / Técnico Judiciário do TRT da 3ª Região / 2015) Deputado Federal pretende apresentar projeto de lei complementar estabelecendo que: I. Os Estados e o Distrito Federal elegerão seus Senadores em número proporcional à sua população, devendo cada unidade da Federação ter ao menos três e no máximo cinco Senadores. II. Os Estados e o Distrito Federal elegerão seus Deputados em número proporcional à sua população, devendo cada unidade da Federação ter ao menos oito e no máximo setenta Deputados. III. O mandato dos Senadores será de quatro anos, assim como o mandato dos Deputados. É compatível com a Constituição Federal o que consta em: a) I e II, apenas. b) I e III, apenas. c) I, II e III. d) II, apenas. e) III, apenas. Resolução: Alternativa D. I. Os Estados e o Distrito Federal elegerão seus Senadores em número proporcional à sua população, devendo cada unidade da Federação ter ao menos três e no máximo cinco Senadores. Os Estado e o DF elegem seus Senadores de acordo com o princípio majoritário. Cada Estado e o DF terão exatamente três Senadores. III. O mandato dos Senadores será de quatro oito anos, assim como o e de quatro anos o mandato dos Deputados. Art. 47. Salvo disposição constitucional em contrário, as deliberações de cada Casa e de suas Comissões serão tomadas por maioria dos votos, presente a maioria absoluta de seus membros. (1) No Congresso Nacional, a regra são as deliberações tomadas por maioria simples dos votos. Um exemplo disso são as deliberações para aprovação de leis ordinárias, como veremos adiante. Os quóruns qualificados são medida de exceção. Curso: Direito Constitucional – Curso regular Teoria, Jurisprudência e Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 06 Prof. Jonathas de Oliveira 9 de 148 www.exponencialconcursos.com.br Seção II DAS ATRIBUIÇÕES DO CONGRESSO NACIONAL Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, não exigida esta para o especificado nos arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as matérias de competência da União, especialmente sobre: (1) Uma vez que ao Poder Legislativo compete legislar, todo o trato legislativo das competências exclusivas, privativas, concorrentes e comuns sobre as quais a União tenha parte, invariavelmente recaem sobre o Congresso Nacional. I - sistema tributário, arrecadação e distribuição de rendas; II - plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento anual, operações de crédito, dívida pública e emissões de curso forçado; III - fixação e modificação do efetivo das Forças Armadas; (1) Apesar do caput do art. 47 falar que cabe ao Congresso Nacional dispor sobre as matérias nele descritas, é válido ressaltar que nem sempre é do Congresso Nacional a iniciativa de lei que sobre elas versem. Exemplos: Art. 61. [...] § 1º - São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que: I - fixem ou modifiquem os efetivos das Forças Armadas; [...] e Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: I - o plano plurianual; II - as diretrizes orçamentárias; III - os orçamentos anuais. Ver sessão referente ao processo legislativo. IV - planos e programas nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento; 1.2 – Atribuições do Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados e do SenadoFederal Curso: Direito Constitucional – Curso regular Teoria, Jurisprudência e Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 06 Prof. Jonathas de Oliveira 10 de 148 www.exponencialconcursos.com.br V - limites do território nacional, espaço aéreo e marítimo e bens do domínio da União; VI - incorporação, subdivisão ou desmembramento de áreas de Territórios ou Estados, ouvidas as respectivas Assembleias Legislativas; (1) Vamos revisar o esquema do processo de reorganização territorial dos Estados? VII - transferência temporária da sede do Governo Federal; VIII - concessão de anistia; IX - organização administrativa, judiciária, do Ministério Público e da Defensoria Pública da União e dos Territórios e organização judiciária e do Ministério Público do Distrito Federal; (1) Aqui também cabe uma importante revisão: União organiza e mantém No Distrito Federal Nos Territórios Poder Judiciário Poder Judiciário Ministério Público Ministério Público - Defensoria Pública X – criação, transformação e extinção de cargos, empregos e funções públicas, observado o que estabelece o art. 84, VI, b; Plebiscito Condição indispensável à fase seguinte Proposição do projeto de LC a qualquer Casa do Congresso Nacional Audiência das Assembleias Legislativas Não vincula o andamento da LC, mesmo havendo parecer desfavorável Aprovação da LC pelo Congresso Nacional É decisão discricionária, o CN não está obrigado a aprová-lo e nem o Presidente a sancioná-lo Curso: Direito Constitucional – Curso regular Teoria, Jurisprudência e Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 06 Prof. Jonathas de Oliveira 11 de 148 www.exponencialconcursos.com.br (1) O artigo 84, VI, trata dos denominados “decretos autônomos”, espécie que estudaremos com mais detalhes ao analisarmos o Poder Executivo. Por ora, antecipemos a previsão constitucional: Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: [...] VI – dispor, mediante decreto, sobre: a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos; b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos; [...] XI – criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública; (1) Novamente sublinhando: Art. 61. [...] § 1º - São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que: [...] II - disponham sobre: [...] e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública, observado o disposto no art. 84, VI; [...] XII - telecomunicações e radiodifusão; XIII - matéria financeira, cambial e monetária, instituições financeiras e suas operações; XIV - moeda, seus limites de emissão, e montante da dívida mobiliária federal. XV - fixação do subsídio dos Ministros do Supremo Tribunal Federal [...]. Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional: I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional; (1) No caso de tratados e outras convenções internacionais, temos o seguinte rito de internalização geral, que é a forma como o ato ingressa no ordenamento jurídico pátrio: Curso: Direito Constitucional – Curso regular Teoria, Jurisprudência e Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 06 Prof. Jonathas de Oliveira 12 de 148 www.exponencialconcursos.com.br O Congresso Nacional, assim, tem competência exclusiva para resolver (aprovar) sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional. II - autorizar o Presidente da República a declarar guerra, a celebrar a paz, a permitir que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente, ressalvados os casos previstos em lei complementar; III - autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da República a se ausentarem do País, quando a ausência exceder a quinze dias; (1) Por uma questão de lógica, a referida autorização é desnecessária caso a ausência seja por prazo inferior. Ver art. 83. IV - aprovar o estado de defesa e a intervenção federal, autorizar o estado de sítio, ou suspender qualquer uma dessas medidas; (1) Além da intervenção federal, a CF/88 prevê outros dois mecanismos de restabelecimento da ordem democrática interna, quais sejam, o estado de defesa e o estado de sítio. No momento, o importante é que o candidato conserve a distinção a seguir em mente: 1. Fase de celebração O Presidente da República negocia e assina ou se compromete a posterior adesão 2. Fase de aprovação Depende da discricionariedade do Congresso Nacional (CD e SF), por meio de Decreto Legislativo 3. Fase de troca (ou depósito, se não houve assinatura) do O Presidente da República ratifica a adesão do Brasil, "entregando" ao país depositário o Decreto Legislativo de aprovação 4. Fase de promulgação e publicação O Presidente da República promulga o tratado ou convenção por meio de Decreto Presidencial. A partir de sua publicação e, salvo disposição em contrário, aquele passa a viger no território nacional Curso: Direito Constitucional – Curso regular Teoria, Jurisprudência e Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 06 Prof. Jonathas de Oliveira 13 de 148 www.exponencialconcursos.com.br V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa; (1) Este inciso trata das leis delegadas (delegação legislativa ou receptícia). Veremos tal espécie ao tratarmos do processo legislativo. Por ora, podemos adiantar que os referidos instrumentos normativos são elaborados pelo Presidente da República, que deverá solicitar a delegação ao Congresso Nacional, observados limites em relação a determinadas matérias. Após, o Congresso Nacional, mediante resolução (que especificará o conteúdo e os termos de exercício), pode autorizar o Presidente da República a exercer essa função legislativa atípica. Porém, caso o Presidente exceda o que foi autorizado, o Congresso Nacional pode sustar (este é o termo exato a ser memorizado) as leis delegadas no que exorbitar (ultrapassar) os limites da delegação. VI - mudar temporariamente sua sede; VII - fixar idêntico subsídio para os Deputados Federais e os Senadores, observado o [... teto constitucional, a modalidade de remuneração subsídio dentre outros microdetalhes, estes nunca exigidos]; VIII - fixar os subsídios do Presidente e do Vice-Presidente da República e dos Ministros de Estado, observado o [... teto constitucional, a modalidade de remuneração subsídio dentre outros microdetalhes, estes nunca exigidos]; IX - julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da República e apreciar os relatórios sobre a execução dos planos de governo; Congresso Nacional Aprova (a posteriori) Estado de defesa Intervenção federal Autoriza (a priori) Estado de sítio O Congresso Nacional pode suspender a execução das três medidas Curso: Direito Constitucional – Curso regular Teoria, Jurisprudência e Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 06 Prof. Jonathas de Oliveira 14 de 148 www.exponencialconcursos.com.br (1) Sabemos que o Poder Legislativo brasileiro, ao contrário dos demais Poderes, detém duas funções típicas: legislar e fiscalizar.Nessa tarefa, conforme veremos mais adiante, contam com o auxílio dos Tribunais de Contas. Julgamento das contas – Controle externo Presidente da República Pelo Congresso Nacional (art. 49, IX, CF/88) Governador de Estado Pela Assembleia Legislativa Governador do DF Pela Câmara Legislativa do DF Prefeito Pela Câmara Municipal Nos termos do art. 71, I, o Tribunal de Contas da União aprecia as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República, emitindo parecer não vinculativo. Esse parecer é analisado pelo Congresso Nacional, que julga as contas do Presidente da República. 3- (FCC / Técnico Judiciário do TRE – SE / 2015) Considere as seguintes competências atribuídas ao Poder Legislativo federal: I. Dispor sobre limites globais e condições para as operações de crédito externo e interno de Estados e do Distrito Federal. II. Estabelecer limites globais e condições para o montante da dívida mobiliária dos Estados e do Distrito Federal. III. Avaliar periodicamente o desempenho das Administrações tributárias da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. IV. Julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da República. À luz da Constituição da República, referidas competências são exercidas, respectivamente, por: a) I Senado Federal II Senado Federal III Congresso Nacional IV Câmara dos Deputados b) I Congresso Nacional * TRIBUNAIS DE CONTAS 1 - Apoio técnico 2 - Apreciação prévia Curso: Direito Constitucional – Curso regular Teoria, Jurisprudência e Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 06 Prof. Jonathas de Oliveira 15 de 148 www.exponencialconcursos.com.br II Congresso Nacional III Senado Federal IV Congresso Nacional c) I Congresso Nacional II Senado Federal III Congresso Nacional IV Câmara dos Deputados d) I Senado Federal II Senado Federal III Senado Federal IV Congresso Nacional e) I Câmara dos Deputados II Câmara dos Deputados III Senado Federal IV Congresso Nacional Resolução: Alternativa D. As competências do Senado Federal são marcadas principalmente pelo trato de questões de índole financeira, como vimos previamente. X - fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas Casas, os atos do Poder Executivo, incluídos os da administração indireta; (1) Inciso complementar ao anterior. Destaque-se que a iniciativa pode ser tanto do Senado Federal, como da Câmara dos Deputados ou mesmo de ambas Casas. XI - zelar pela preservação de sua competência legislativa em face da atribuição normativa dos outros Poderes; XII - apreciar os atos de concessão e renovação de concessão de emissoras de rádio e televisão; XIII - escolher dois terços dos membros do Tribunal de Contas da União; XIV - aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a atividades nucleares; XV - autorizar referendo e convocar plebiscito; Curso: Direito Constitucional – Curso regular Teoria, Jurisprudência e Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 06 Prof. Jonathas de Oliveira 16 de 148 www.exponencialconcursos.com.br (1) Vamos apenas relembrar que o referendo é uma consulta posterior ao ato legislativo ou administrativo e, o plebiscito, anterior. 4- (CESPE / Analista Legislativo da Câmara dos Deputados / 2014) A respeito da organização do Estado e dos poderes, julgue o próximo item. Caso o Congresso Nacional edite uma lei prevendo a liberação do uso de certas substâncias entorpecentes e estabeleça que ela só terá eficácia após aprovação em referendo popular, a competência para deflagrar a realização do citado referendo será do próprio Congresso Nacional. Resolução: Errado! Cabe à justiça eleitoral deflagrar o referendo, conforme art. 8.º da Lei 9.709/98. XVI - autorizar, em terras indígenas, a exploração e o aproveitamento de recursos hídricos e a pesquisa e lavra de riquezas minerais; XVII - aprovar, previamente, a alienação ou concessão de terras públicas com área superior a dois mil e quinhentos hectares. Art. 50. A Câmara dos Deputados e o Senado Federal, ou qualquer de suas Comissões, poderão convocar Ministro de Estado ou quaisquer titulares de órgãos diretamente subordinados à Presidência da República para prestarem, pessoalmente, informações sobre assunto previamente determinado, importando crime de responsabilidade a ausência sem justificação adequada. § 1º - Os Ministros de Estado poderão comparecer ao Senado Federal, à Câmara dos Deputados, ou a qualquer de suas Comissões, por sua iniciativa e mediante entendimentos com a Mesa respectiva, para expor assunto de relevância de seu Ministério. § 2º - As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal poderão encaminhar pedidos escritos de informações a Ministros de Estado ou a qualquer das pessoas referidas no caput deste artigo, importando em crime de responsabilidade a recusa, ou o não - atendimento, no prazo de trinta dias, bem como a prestação de informações falsas. (1) O Congresso Nacional e suas duas Casas (individualmente consideradas), podem constituir comissões temporárias ou permanentes. Curso: Direito Constitucional – Curso regular Teoria, Jurisprudência e Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 06 Prof. Jonathas de Oliveira 17 de 148 www.exponencialconcursos.com.br As comissões são subconjuntos compostos por um número delimitado de parlamentares oriundos de vários partidos (tenta-se manter a representação proporcional de membros) e atuam, sobretudo (mas não apenas, como veremos adiante) no exame das propostas legislativas em tramitação. No art. 50, o ponto de atenção é que o texto fala em “Ministro de Estado ou quaisquer titulares de órgãos diretamente subordinados à Presidência da República”. Foi nesse sentido que o STF já declarou inconstitucional (ADI 2.911/ES) lei estadual que estendia a possibilidade de convocação, nos termos do art. 50, a presidente do Tribunal de Justiça. (2) As Mesas Diretoras da Câmara dos Deputados, do Senado Federal e do Congresso Nacional são órgãos responsáveis pela direção dos trabalhos legislativos e dos serviços administrativos da Casa, além de outras competências constitucionais e regimentais específicas, e compõem-se de membros de cada Casa legislativa (tendo composição mista no caso da Mesa do Congresso Nacional). 5- (FCC / Analista Judiciário do TRF da 4ª Região / Área de Apoio Especializado / 2010 / Adaptada) Sobre o Congresso Nacional, é correto afirmar: a) O número total de Deputados, bem como a representação por Estado e pelo Distrito Federal, será estabelecido por lei complementar, proporcionalmente à população, procedendo-se aos ajustes necessários, no ano anterior às eleições, para que nenhuma daquelas unidades da Federação tenha menos de oito ou mais de setenta Deputados. b) A ele compete, mediante sanção do Presidente da República, sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar, ou dos limites de delegação legislativa, e fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas Casas, os atos do Poder Executivo, incluídos os da administração indireta. c) Em regra, lhe compete, dispensável a sanção do Presidente da República, dispor sobre todas as matérias de competência da União, especialmente sobre sistema tributário, arrecadação e distribuição de rendas, plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento anual, operações de crédito, dívida pública e emissões de curso forçado. d) A ele compete, mediante a sançãodo Presidente da República, resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional e zelar pela preservação de sua competência legislativa em face da atribuição normativa dos outros Poderes. Curso: Direito Constitucional – Curso regular Teoria, Jurisprudência e Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 06 Prof. Jonathas de Oliveira 18 de 148 www.exponencialconcursos.com.br Resolução: Alternativa A. Questãozinha extensa, contudo não muito difícil. b) A ele compete, mediante sanção do Presidente da República, sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar, ou dos limites de delegação legislativa, e fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas Casas, os atos do Poder Executivo, incluídos os da administração indireta. c) Em regra, lhe compete, dispensável com a sanção do Presidente da República, dispor sobre todas as matérias de competência da União, especialmente sobre sistema tributário, arrecadação e distribuição de rendas, plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento anual, operações de crédito, dívida pública e emissões de curso forçado. d) A ele compete, mediante independente da sanção do Presidente da República, resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional e zelar pela preservação de sua competência legislativa em face da atribuição normativa dos outros Poderes. Seção III DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Art. 51. Compete privativamente à Câmara dos Deputados: I - autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de processo contra o Presidente e o Vice-Presidente da República e os Ministros de Estado; (1) O inciso acima trata do denominado juízo de admissibilidade, forma de controle político prévio que se aplica tanto no caso dos crimes de responsabilidade do Presidente da República e seus subordinados quanto nos crimes comuns. Curso: Direito Constitucional – Curso regular Teoria, Jurisprudência e Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 06 Prof. Jonathas de Oliveira 19 de 148 www.exponencialconcursos.com.br (2) Vale lembrar que todo o disposto nos art. 49, 51 e 52 dispensa qualquer sanção do Presidente da República. Neste caso em particular, por razões auto evidentes. II - proceder à tomada de contas do Presidente da República, quando não apresentadas ao Congresso Nacional dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa; III - elaborar seu regimento interno; IV – dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias; (1) Digno de maior atenção é o inciso II. Cumpre observar que, apesar de ambas as Casas poderem fiscalizar e controlar os atos do Poder Executivo (art. 49, X), somente a Câmara dos Deputados pode proceder à tomada de contas do Presidente da República. A tomada de contas é um processo administrativo devidamente formalizado, com rito próprio, para apurar responsabilidade por ocorrência de dano à administração pública. V - eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII. Câmara dos Deputados (representantes do povo) Crime de responsabilidade Julgamento pelo Senado Federal (Presidido pelo Presidente do STF) Crime comum Julgamento pelo STF Juízo de admissibilidade da acusação ofertada contra o Presidente da República ou demais agentes Infrações de índole político- administrativa Podem sujeitar o autor a impeachment Infrações de índole penal e eleitoral Podem sujeitar o autor à prisão Curso: Direito Constitucional – Curso regular Teoria, Jurisprudência e Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 06 Prof. Jonathas de Oliveira 20 de 148 www.exponencialconcursos.com.br (1) O Conselho é um órgão superior de consulta do Presidente da República para determinadas situações críticas (o abordaremos no exame do Poder Executivo). A Constituição Federal define que, dentre outros membros, dele participarão 6 cidadãos brasileiros natos, sendo escolhidos: 2 pelo Presidente da República, 2 pelo Senado Federal e 2 pela Câmara dos Deputados. Seção IV DO SENADO FEDERAL Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal: I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de responsabilidade, bem como os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles; (1) Caso o crime não seja conexo com crimes de responsabilidade do Presidente ou do Vice-Presidente, a competência para julgamento caberá ao Supremo Tribunal Federal, conforme veremos ao estudar o Poder Judiciário. II – processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da União nos crimes de responsabilidade; (1) Observe-se que a competência é claramente definida no caso dos crimes de responsabilidade. E nos demais crimes? Bom, aí ela pode variar. Agente Quem julga? Presidente e Vice- Presidente da República a) infração penal comum STF (art. 102, I, “b”); b) crime de responsabilidade Senado Federal (art. 52, I). Curso: Direito Constitucional – Curso regular Teoria, Jurisprudência e Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 06 Prof. Jonathas de Oliveira 21 de 148 www.exponencialconcursos.com.br Ministro de Estado a) infração penal comum e responsabilidade STF (art. 102, I, "c”); b) crime de responsabilidade conexo com o praticado pelo Presidente da República ou seu Vice Senado Federal (art. 52, I); se não conexo, STF. Comandantes da Marinha do Exército e da Aeronáutica a) infração penal comum e responsabilidade STF (art. 102, I, "c”); b) crime de responsabilidade conexo com o praticado pelo Presidente da República ou seu Vice Senado Federal (art. 52, I); se não conexo, STF. Ministro do STF a) infração penal comum STF (art. 102, I, “b”); b) crime de responsabilidade Senado Federal (art. 52, II). Membros do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público a) infração penal comum competência de julgamento será fixada individualmente; b) crime de responsabilidade Senado Federal (art. 52, II). Procurador-Geral da República a) infração penal comum STF (art. 102, I, “b”); b) crime de responsabilidade Senado Federal (art. 52, II). Advogado-Geral da União a) infração penal comum STF (art. 102, I, “c”); b) crime de responsabilidade Senado Federal (art. 52, II). III - aprovar previamente, por voto secreto, após arguição pública, a escolha de: [...] IV - aprovar previamente, por voto secreto, após arguição em sessão secreta, a escolha [...] (1) Vamos esquematizar o disposto nos incisos III e IV. Nos casos destacados, quase sempre o que temos é uma interpenetração no agir dos Poderes Executivo (quem indica e nomeia) e Legislativo (quem aprova a indicação e possibilita ou não a nomeação), verdadeiro exemplo do sistema de freios e contrapesos. Curso: Direito Constitucional– Curso regular Teoria, Jurisprudência e Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 06 Prof. Jonathas de Oliveira 22 de 148 www.exponencialconcursos.com.br 6- (FCC / Técnico de Controle Externo do TCE – AP / 2012 / Adaptada) Julgue o item a seguir: O Senado Federal tem competência privativa para nomear os Ministros do Supremo Tribunal Federal, o Procurador-Geral da República, o Presidente e os Diretores do Banco Central, após aprovação pelo Presidente da República. Resolução: Errado. A Constituição Federal prevê justamente o oposto: (o Presidente indica) o Senado aprova e o Presidente nomeia. V - autorizar operações externas de natureza financeira, de interesse da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios; VI - fixar, por proposta do Presidente da República, limites globais para o montante da dívida consolidada da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; VII - dispor sobre limites globais e condições para as operações de crédito externo e interno da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de suas autarquias e demais entidades controladas pelo Poder Público federal; VIII - dispor sobre limites e condições para a concessão de garantia da União em operações de crédito externo e interno; Senado Federal aprova (ou não) a escolha de Magistrados, nos casos estabelecidos na Constituição (ex.: Ministros do STF, STJ, TST, STM e TCU, indicados pelo Presidente da República) Ministros do Tribunal de Contas da União indicados pelo Presidente da República Governador de Território (indicado pelo Presidente da República) Presidente e diretores do banco central (indicados pelo Presidente da República) Procurador-Geral da República (indicado pelo Presidente da República) Titulares de outros cargos que a lei determinar (ex.: membros do Conselho Nacional do Ministério Público e do Conselho Nacional de Justiça, indicados pelo Presidente da República) Chefes de missão diplomática de caráter permanente Curso: Direito Constitucional – Curso regular Teoria, Jurisprudência e Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 06 Prof. Jonathas de Oliveira 23 de 148 www.exponencialconcursos.com.br IX - estabelecer limites globais e condições para o montante da dívida mobiliária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; (1) “Professor, o que é dívida consolidada ou dívida mobiliária?” Em Direito Constitucional, não se preocupe com isso. No caso dos incisos acima o que o concurseiro deve fixar é que, diferentemente da Câmara dos Deputados, as competências privativas do Senado Federal englobam um rol extensivo de ações voltadas ao controle e à normatização financeiras do Estado brasileiro (perceba-se também que as diversas formas de controle abraçam os entes subnacionais, vale dizer, Estados membros, DF e Municípios). 7- (FCC / Analista Judiciário do TRF da 2ª Região / Área Judiciária / 2012 / Adaptado) Julgue o item a seguir. Compete privativamente à Câmara dos Deputados fixar, por proposta do Presidente da República, limites globais para o montante da dívida consolidada da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e dispor sobre limites globais e condições para as operações de crédito externo e interno da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Resolução: Errado. Note-se que o conceito financeiro passa longe de ser exigido. Basta reconhecer que o trato de tal questão compete ao Senado Federal. X - suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal; (1) Em sede de controle difuso de constitucionalidade, caso determinada questão seja levada ao STF e declarada (in)constitucional, os efeitos da decisão são, em regra, inter partes (vincula apenas as partes do processo). No entanto, existe uma exceção que é justamente o que trata o inciso acima: havendo intervenção do Senado Federal, os efeitos poderão ser erga omnes (produzem efeitos contra todos). XI - aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a exoneração, de ofício, do Procurador-Geral da República antes do término de seu mandato; Curso: Direito Constitucional – Curso regular Teoria, Jurisprudência e Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 06 Prof. Jonathas de Oliveira 24 de 148 www.exponencialconcursos.com.br (1) O Procurador-Geral da República é chefe do Ministério Público da União, nomeado pelo Presidente da República dentre integrantes da carreira da entidade, maiores de trinta e cinco anos, após a aprovação de seu nome pela maioria absoluta dos membros do Senado Federal, para mandato de dois anos, permitidas diversas reconduções. Caso haja iniciativa do Presidente da República em destituí-lo, esta deverá passar pelo crivo do Senado Federal. XII - elaborar seu regimento interno; XIII - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias; XIV - eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII. XV - avaliar periodicamente a funcionalidade do Sistema Tributário Nacional, em sua estrutura e seus componentes, e o desempenho das administrações tributárias da União, dos Estados e do Distrito Federal e dos Municípios. (1) Para os incisos XII, XIII e XIV valem as mesmas observações que aquelas feitas para os Deputados Federais. A respeito do inciso XV, cumpre relembrar que os Senadores Federais são representantes dos Estados-membros e do Distrito Federal. Parágrafo único. Nos casos previstos nos incisos I e II [crimes de responsabilidade], funcionará como Presidente o do Supremo Tribunal Federal, limitando-se a condenação, que somente será proferida por dois terços dos votos do Senado Federal, à perda do cargo, com inabilitação, por oito anos, para o exercício de função pública, sem prejuízo das demais sanções judiciais cabíveis. (1) Aqui temos mais alguns detalhes do processamento por crime de responsabilidade (impeachment) a que estão sujeitos os indivíduos elencados nos incisos I e II. Curso: Direito Constitucional – Curso regular Teoria, Jurisprudência e Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 06 Prof. Jonathas de Oliveira 25 de 148 www.exponencialconcursos.com.br Dada a relevância do tema, tracemos um panorama geral com base na jurisprudência do STF e nas disposições da Lei nº 1.079/1950. Tomemos como exemplo uma denúncia apresentada contra o Presidente da República. De acordo com o STF (MS 21.564), a Câmara dos Deputados profere juízo político, verificando se a acusação é consistente, se tem ela base em alegações e fundamentos plausíveis, ou se a notícia do fato reprovável tem razoável procedência, não sendo a acusação simplesmente fruto de quizílias ou desavenças políticas. Autorizado o processo, este segue para o Senado Federal, podendo desdobrar-se em 3 fases: A denúncia pode ser apresentada por qualquer cidadão. O Presidente da Câmara dos Deputados pode realizar um exame preliminar da denúncia, inclusive rejeitando-a. Mantida a denúncia, a CD constitui uma comissão especial para elaborar um parecer sobre a denúncia. O parecer é votado (voto aberto) pelo Plenário da CD, que pode autorizar ou não a instauração de processo de impeachment contra o Presidente da República. A autorizaçãodepende do quórum de 2/3 dos Deputados Federais (CF/88, art. 51, I). Curso: Direito Constitucional – Curso regular Teoria, Jurisprudência e Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 06 Prof. Jonathas de Oliveira 26 de 148 www.exponencialconcursos.com.br 8- (FCC / Auditor Conselheiro Substituto do TCM – GO / 2015) Considere as seguintes atribuições dos órgãos legislativos da esfera federal: I. Estabelecimento de limites globais e condições para o montante da dívida mobiliária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. II. Julgamento anual das contas prestadas pelo Presidente da República e apreciação dos relatórios sobre a execução dos planos de governo. III. Tomada de contas do Presidente da República, quando não apresentadas dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa. À luz da disciplina constitucional da matéria, referidas atribuições competem, respectivamente, a: a) Senado Federal; Câmara dos Deputados; Congresso Nacional. b) Senado Federal; Congresso Nacional; Câmara dos Deputados. c) Congresso Nacional; Câmara dos Deputados; Senado Federal. d) Congresso Nacional; Senado Federal; Câmara dos Deputados. e) Câmara dos Deputados; Senado Federal; Congresso Nacional. Resolução: Alternativa B. Trata-se, respectivamente, do art. 52, IX, art. 49, IX e art. 51, II. 1 ª F a s e A denúncia é despachada a uma comissão especial, eleita para sobre ela emitir parecer. O parecer será submetido a uma só discussão, e à votação nominal pelo plenário do Senado, considerando-se aprovado se reunir a maioria simples de votos. Se o plenário do Senado resolver que a denúncia não deve constituir objeto de deliberação, será arquivada. 2 ª F a s e Admitida a denúncia, o Presidente fica suspenso de suas funções por até 180 dias (CF/88, art. 86, §1º, II). Após diligências, e findo o prazo para a resposta do denunciado, a comissão dará parecer sobre a procedência ou improcedência da acusação. O parecer terá uma só discussão e considerar-se-á aprovado se, em votação nominal, reunir a maioria simples dos votos. 3 ª F a s e O julgamento final do Presidente da República é feito pelo plenário do Senado Federal, sob a presidência do Presidente do Supremo Tribunal Federal (CF/88, art. 52, parágrafo único), e a condenação somente será proferida por dois terços dos votos do Senadores. Curso: Direito Constitucional – Curso regular Teoria, Jurisprudência e Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 06 Prof. Jonathas de Oliveira 27 de 148 www.exponencialconcursos.com.br 9- (FCC / Técnico Judiciário do TRT da 16ª Região / Área Administrativa / 2014) Considere as seguintes atribuições: I. Suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal. II. Fixar os subsídios dos Ministros de Estado, observadas as demais normas constitucionais. III. Escolher dois terços dos membros do Tribunal de Contas da União. IV. Autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de processo contra o Presidente e o Vice-Presidente da República e os Ministros de Estado. De acordo com o disposto na Constituição Federal, é competência exclusiva do Congresso Nacional, dentre outras, as atribuições indicadas apenas em: a) I, II e III. b) II e III. c) II, III e IV. d) I e IV. e) II e IV. Resolução: Alternativa B. Literalidade do art. 49, VIII e XIII. As competências elencadas nos itens I e IV são, respectivamente, privativa da Câmara dos Deputados (art. 51, I) e privativa do Senado Federal (art. 52, X). A função parlamentar detém determinadas prerrogativas que possibilitam aos ocupantes de tais cargos públicos o pleno exercício da sua missão. Prerrogativas funcionais não devem ser confundidas com privilégios pessoais. Elas são conferidas não à pessoa do parlamentar, mas sim à função por eles exercida. Em última análise, as prerrogativas parlamentares são elemento necessário para a independência do próprio Poder Legislativo. São instrumentos para que os parlamentares possam desempenhar a representatividade e fiscalização que lhes é típica, de forma livre de embaraços. 1.3 – Deputados Federais e Senadores: imunidades e vedações Curso: Direito Constitucional – Curso regular Teoria, Jurisprudência e Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 06 Prof. Jonathas de Oliveira 28 de 148 www.exponencialconcursos.com.br Atenção! Algumas dessas prerrogativas são aplicáveis a todos os membros do Legislativo, em todos os níveis (União, Estados, DF e Municípios). Outras dirigem-se apenas aos parlamentares federais. Aqui, focamos nossa análise apenas quanto a estes últimos. Pois bem. Duas dessas prerrogativas se traduzem nas imunidades material e formal, dispostas no art. 53 da nossa Constituição Federal. Seção V DOS DEPUTADOS E DOS SENADORES Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos. § 1º Os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma, serão submetidos a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal. § 2º Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão. § 3º Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido após a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação. § 4º O pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva no prazo improrrogável de quarenta e cinco dias do seu recebimento pela Mesa Diretora. § 5º A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar o mandato. Curso: Direito Constitucional – Curso regular Teoria, Jurisprudência e Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 06 Prof. Jonathas de Oliveira 29 de 148 www.exponencialconcursos.com.br 10- (CESPE / Juiz de Direito Substituto / 2015 / Adaptada) Situação hipotética: Durante entrevista veiculada pela televisão, um senador da República criticou severamente determinada política de governo, a qual, à época, estava em discussão no Senado Federal. Assertiva: Como o parlamentar emitiu sua opinião fora do âmbito do Congresso Nacional, Imunidades dos parlamentares federais Material Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos (não inclui agressões físicas), desde que proferidas no exercício constitucional da função, independente da circunscrição (art. 53, caput) Formal Os Deputados e Senadores dispõem de determinadas prerrogativas relativas a sua eventual prisão e às regras processuais pertinentes (art. 53, §§ 1º a 5º) Imunidade formal Crime inafiançável (art. 53, §§ 2º) Exceção à prisão do parlamentar após sua diplomação No entanto, ainda assim haverá interferência da respectiva Casa: Votação aberta como condição indispensável para manutenção da prisão Outros crimes (art. 53, §§ 3º a 5º) O STF pode processar o parlamentar federal, após sua diplomação, sem anuência prévia da Casa No entanto, estapoderá se manifestar e sustar o prosseguimento da ação enquanto durar o mandato * Regra não absoluta. A imunidade só é verificada quando os pronunciamentos têm relação com o exercício do mandato. Para as opiniões proferidas no interior das Casas Legislativas presume-se esta conexão. Já os pronunciamentos em demais ambientes são passíveis de exame (Inq 1.958/AC). O manto protetor da imunidade alcança quaisquer meios (inclusive manifestações por WhatsApp, Facebook e outras redes e aplicativos sociais) que venham a ser empregados para propagar palavras e opiniões dos parlamentares (AO 2.002). Curso: Direito Constitucional – Curso regular Teoria, Jurisprudência e Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 06 Prof. Jonathas de Oliveira 30 de 148 www.exponencialconcursos.com.br ele poderá ser responsabilizado nas esferas civil e penal, embora tenha havido vinculação entre seus comentários e o desempenho de seu mandato. Resolução: Errado. Para o STF garantia constitucional da imunidade parlamentar em sentido material protege o membro do Congresso Nacional, qualquer que seja o âmbito espacial (“locus”) em que este exerça a liberdade de opinião (ainda que fora do recinto da própria Casa legislativa), nas hipóteses específicas em que as suas manifestações guardem conexão com o desempenho da função legislativa (prática “in officio”) ou tenham sido proferidas em razão dela (prática “propter officium”). 11- (FCC / Analista Judiciário do TRT da 2ª Região / Área Administrativa / 2008) A prerrogativa constitucional que protege o Deputado Federal em todas as suas manifestações que guardem relação com o exercício do mandato, exteriorizadas no âmbito do Congresso Nacional, é classificada como imunidade: a) relativa. b) formal. c) residual. d) material. e) obstativa. Resolução: Alternativa D. Às vezes as bancas resolvem facilitar nossas vidas. Questão básica para aquecimento! rs 12- (FGV / Analista de Controle Interno – RJ / 2011) Um determinado deputado federal foi flagrado cometendo delito considerado inafiançável, sendo preso pelos agentes policiais estatais. Consoante as normas constitucionais, os autos da prisão devem ser remetidos para exame do ato: a) ao Senado da República. b) ao Governador. c) ao Presidente da República. d) ao Congresso Nacional. e) à Câmara Federal. Resolução: Alternativa E. No caso em comento, os autos devem ser remetidos à respectiva Casa (Deputado Federal Câmara dos Deputados). E nos casos de crimes ocorridos antes da diplomação? E após o término do mandato? Curso: Direito Constitucional – Curso regular Teoria, Jurisprudência e Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 06 Prof. Jonathas de Oliveira 31 de 148 www.exponencialconcursos.com.br Diversas são as possibilidades e, embora dificilmente sejam cobradas, elencamos os casos mais diretos que auxiliam na compreensão do tema. Nossa jurisprudência sobre o assunto está em latente evolução. Assim, destacamos ao candidato que não se ocupe em demasia com os pontos abaixo. O macete aqui é observar que a imunidade processual é da função parlamentar e não do sujeito que, temporariamente, a exerce. Crimes praticados antes da diplomação Não há imunidade formal. O STF não precisa dar ciência à Casa respectiva e esta não pode sustar o andamento do processo. Crimes praticados após o término do mandato Não há imunidade formal. A imunidade não é do agente público e sim da função parlamentar. 13- (FGV / Advogado do Senado Federal / 2008) A imunidade parlamentar material prevista no art. 53, caput, da Constituição Federal assegura: a) que os Deputados e Senadores não sejam processados civil e criminalmente por opiniões, palavras e votos proferidos exclusivamente dentro do parlamento, desde que haja conexão entre a ofensa irrogada e o exercício do mandato. b) que os Deputados e Senadores não sejam processados civil e criminalmente por opiniões, palavras e votos proferidos dentro ou fora do parlamento, desde que haja conexão entre a ofensa irrogada e o exercício do mandato. c) que os Deputados e Senadores não sejam processados criminalmente por opiniões, palavras e votos proferidos dentro ou fora do parlamento, desde que haja conexão entre a ofensa irrogada e o exercício do mandato. A prerrogativa não impede que os parlamentares sejam civilmente processados pela vítima da ofensa. d) que os Deputados e Senadores sejam processados criminalmente apenas pelos crimes de injúria e difamação. A prerrogativa não impede processo criminal por calúnia, mesmo que a ofensa tenha sido irrogada dentro do parlamento e esteja relacionada com o exercício do mandato. e) que processos cíveis e criminais decorrentes de opiniões, palavras e votos proferidos pelos Deputados e Senadores dentro do parlamento fiquem automaticamente suspensos enquanto durar o mandato legislativo, ficando também suspenso o curso do prazo prescricional. Resolução: Alternativa B. A imunidade material é proteção ao processo civil e criminal por proferimentos do parlamentar que guardem conexão com o exercício do mandato. O entendimento jurisprudencial se dá no sentido de que tal proteção alcança tanto opiniões palavras e votos proferidos dentro da Curso: Direito Constitucional – Curso regular Teoria, Jurisprudência e Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 06 Prof. Jonathas de Oliveira 32 de 148 www.exponencialconcursos.com.br respectiva Casa do Senador ou Deputado Federal quanto em outros ambientes. § 6º Os Deputados e Senadores não serão obrigados a testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles receberam informações. § 7º A incorporação às Forças Armadas de Deputados e Senadores, embora militares e ainda que em tempo de guerra, dependerá de prévia licença da Casa respectiva. § 8º As imunidades de Deputados ou Senadores subsistirão durante o estado de sítio, só podendo ser suspensas mediante o voto de dois terços dos membros da Casa respectiva, nos casos de atos praticados fora do recinto do Congresso Nacional, que sejam incompatíveis com a execução da medida. (1) Na vigência do estado de defesa (mais brando) e do estado de sítio (mais severo), determinados direitos e garantias fundamentais podem ser temporariamente suprimidos. Os parlamentares não estão totalmente isentos de eventuais restrições às prerrogativas da função que exercem, em tempos de gravíssima de anormalidade institucional (estado de sítio). Já no estado de defesa (mais “brando”), por outro lado, inexiste possibilidade de qualquer supressão. Além de prerrogativas, noutra via, a atividade parlamentar também possui vedações que lhe são específicas. Vejamos. Art. 54. Os Deputados e Senadores não poderão: Curso: Direito Constitucional – Curso regular Teoria, Jurisprudência e Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 06 Prof. Jonathas de Oliveira 33 de 148 www.exponencialconcursos.com.br * Contratos de cláusulas uniformes são aqueles que contêm cláusulas padronizadas e estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou serviços, sem que o contratante possa discutir ou modificar substancialmente seu conteúdo. As condições dispostas neste tipo de contrato deverão ser gerais e invariáveis para todos os contratantes, não se admitindo qualquer distinção que altere as características do objeto contratado em relação ao que foi ofertado aosdemais contratantes. ** Um ato ad nutum é aquele manifestado ao livre arbítrio de determinado agente, a seu exclusivo juízo, sem maiores formalidades quanto a sua motivação. Art. 55. Perderá o mandato o Deputado ou Senador: Incompatibilidades e impedimentos Desde a expedição do diploma (inciso I) a) firmar ou manter contrato com pessoa jurídica de direito público, autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionária de serviço público, salvo quando o contrato obedecer a cláusulas uniformes* b) aceitar ou exercer cargo, função ou emprego remunerado, inclusive os de que sejam demissíveis "ad nutum"**, nas entidades constantes da alínea anterior Desde a posse (inciso II) a) ser proprietários, controladores ou diretores de empresa que goze de favor decorrente de contrato com pessoa jurídica de direito público, ou nela exercer função remunerada b) ocupar cargo ou função de que sejam demissíveis "ad nutum", nas entidades do inciso I, "a" c) patrocinar causa em que seja interessada qualquer das entidades do inciso I, "a" d) ser titulares de mais de um cargo ou mandato público eletivo Curso: Direito Constitucional – Curso regular Teoria, Jurisprudência e Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 06 Prof. Jonathas de Oliveira 34 de 148 www.exponencialconcursos.com.br 14- (FCC / Juiz Estadual do TJ – PE / 2013) Perderá o mandato o Deputado ou Senador, perda essa que será declarada pela Mesa da Casa respectiva, assegurada ampla defesa: a) que, desde a posse, patrocinar causa em que seja interessada empresa concessionária de serviço público. b) que, desde a posse, tornar-se titular de mais de um cargo ou mandato público eletivo. c) cujo procedimento for declarado incompatível com o decoro parlamentar. d) que deixar de comparecer, em cada sessão legislativa, à terça parte das sessões ordinárias da Casa a que pertencer, salvo licença ou missão por esta autorizada. e) que, desde a expedição do diploma, aceitar ou exercer cargo, função ou emprego remunerado, inclusive os de que sejam demissíveis ad nutum, em autarquia. Resolução: Alternativa D. Atente-se que o enunciado nos solicita qual a hipótese que enseja declaração da perda do mandato. Nas demais alternativas, o que ocorre é haverá decisão da respectiva Casa que pode ou não culminar com a cassação do mandato. Perda de mandato de Deputado ou Senador por infração a qualquer das proibições estabelecidas no artigo anterior por algum procedimento ser declarado incompatível com o decoro parlamentar por deixar de comparecer, em cada sessão legislativa, à terça parte das sessões ordinárias da Casa a que pertencer, salvo licença ou missão por esta autorizada por perder ou ter suspensos os direitos políticos por decreto da Justiça Eleitoral, nos casos previstos na Constituição por sofrer condenação criminal em sentença transitada em julgado Nestes casos, a perda do mandato será decidida pela Câmara dos Deputados ou pelo Senado Federal, por maioria absoluta, mediante provocação da respectiva Mesa ou de partido político representado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa (CF, art. 55, §2º) - CASSAÇÃO Nestes casos, a perda do mandato será declarada pela Mesa da Casa respectiva, de ofício ou mediante provocação de qualquer de seus membros, ou de partido político representado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa (CF, art. 55, §3º) - EXTINÇÃO Curso: Direito Constitucional – Curso regular Teoria, Jurisprudência e Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 06 Prof. Jonathas de Oliveira 35 de 148 www.exponencialconcursos.com.br § 1º - É incompatível com o decoro parlamentar, além dos casos definidos no regimento interno, o abuso das prerrogativas asseguradas a membro do Congresso Nacional ou a percepção de vantagens indevidas. [...] § 4º A renúncia de parlamentar submetido a processo que vise ou possa levar à perda do mandato, nos termos deste artigo, terá seus efeitos suspensos até as deliberações finais de que tratam os §§ 2º e 3º. (1) A renúncia de mandato de parlamentar submetido a processo que possa levar à perda do mandato é abuso de direito, ato legítimo, portanto. Nesse sentido, ainda que o parlamentar renuncie, os efeitos da renúncia ficam suspensos e subsiste a competência do STF para continuidade do julgamento (AP 396). 15- (FCC / Procurador Judicial – Recife / 2014 / Adaptada) Julgue a assertiva a seguir: A renúncia ao mandato comunicada formal e publicamente por Senador, após a instauração de processo disciplinar voltado à perda de mandato parlamentar em face de conduta incompatível com o decoro parlamentar tem seus efeitos suspensos até a deliberação final do Senado Federal sobre a perda do mandato. Resolução: Correta. Trata-se de texto incluído pela Emenda Constitucional de Revisão nº 6 de 1994. O objetivo é bastante claro: evitar que o expediente da renúncia seja utilizado para evitar a condenação seguida pela pena de perda do mandato (com a consequente inelegibilidade pelo prazo de oito anos). Art. 56. Não perderá o mandato o Deputado ou Senador: I - investido no cargo de Ministro de Estado, Governador de Território, Secretário de Estado, do Distrito Federal, de Território, de Prefeitura de Capital ou chefe de missão diplomática temporária; II - licenciado pela respectiva Casa por motivo de doença, ou para tratar, sem remuneração, de interesse particular, desde que, neste caso, o afastamento não ultrapasse cento e vinte dias por sessão legislativa. (1) Destacamos no inciso I que não é qualquer prefeitura que pode ter como Secretário um Deputado Federal ou Senador sem que este perca o Curso: Direito Constitucional – Curso regular Teoria, Jurisprudência e Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 06 Prof. Jonathas de Oliveira 36 de 148 www.exponencialconcursos.com.br mandato, como costumam assumir pegadinhas, mas apenas Prefeitura de Capital. § 1º - O suplente será convocado nos casos de vaga, de investidura em funções previstas neste artigo ou de licença superior a cento e vinte dias. § 2º - Ocorrendo vaga e não havendo suplente, far-se-á eleição para preenchê-la se faltarem mais de quinze meses para o término do mandato. § 3º - Na hipótese do inciso I, o Deputado ou Senador poderá optar pela remuneração do mandato. Seção VI DAS REUNIÕES Art. 57. O Congresso Nacional reunir-se-á, anualmente, na Capital Federal, de 2 de fevereiro a 17 de julho e de 1º de agosto a 22 de dezembro. § 1º - As reuniões marcadas para essas datas serão transferidas para o primeiro dia útil subseqüente, quando recaírem em sábados, domingos ou feriados. § 2º - A sessão legislativa não será interrompida sem a aprovação do projeto de lei de diretrizes orçamentárias. (1) O caput e o parágrafo primeiro do art. 57 são bastante literais e, este último, bastante intuitivo. Já a respeito do §2º, vale fazer uma observação. Resumidamente, o orçamento público é guiado por uma trinca de leis, cada qual com sua especificidade, sucintamente descritas como: Plano Plurinanual (PPA – viés estratégico), Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO – viés tático) e Lei Orçamentária Anual (LOA – viés operacional). A LDO, em particular, baliza o planejamento anual das finanças públicas e é fator de referência para a elaboração das propostas orçamentárias de toda a administração pública federal (em todos os Poderes), conformedescrito em diversos trechos da Constituição. Daí a vedação do §2º. A respeito da denominação formal das reuniões, podemos elaborar a seguinte esquema, enquanto simultaneamente passamos a leitura dos próximos parágrafos do art. 57. 1.4 – As reuniões e comissões Curso: Direito Constitucional – Curso regular Teoria, Jurisprudência e Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 06 Prof. Jonathas de Oliveira 37 de 148 www.exponencialconcursos.com.br * Para todos os fins, não custa lembrar que CN = Congresso Nacional, SF = Senado Federal e CD = Câmara dos Deputados. 16- (FCC / Procurador do MP junto ao TCE – SP / 2011 / Adaptada) Para julgar a questão a seguir, considere o caso hipotético relatado. Com base em lei municipal promulgada em 2004, a Câmara de Vereadores de um Município paulista efetua o pagamento de remuneração aos membros que Sessão ordinária (art. 57, caput) Sessão conjunta (art. 57, § 3º) Além de outros casos previstos na CF/88, a CD e o SF reunir-se-ão em sessão conjunta para: I - inaugurar a sessão legislativa; II - elaborar o regimento comum e regular a criação de serviços comuns às duas Casas; III - receber o compromisso do Presidente e do Vice- Presidente da República; IV - conhecer do veto e sobre ele deliberar. Sessão preparatória (art. 57, § 4º) Em cada uma das Casas, a partir de 1º de fevereiro, no primeiro ano da legislatura, para a posse de seus membros e eleição das respectivas Mesas, para mandato de 2 (dois) anos, vedada a recondução para o mesmo cargo na eleição imediatamente subseqüente. * § 5º - A Mesa do CN será presidida pelo Presidente do SF, e os demais cargos serão exercidos, alternadamente, pelos ocupantes de cargos equivalentes na CD e no SF. Sessão extraordinária (art. 57, § 6º) A convocação extraordinária do CN far-se- á: I - pelo Presidente do SF, em caso de decretação de estado de defesa ou de intervenção federal, de pedido de autorização para a decretação de estado de sítio e para o compromisso e a posse do Presidente e do Vice- Presidente da República; II - pelo Presidente da República, pelos Presidentes da CD e do SF ou a requerimento da maioria dos membros de ambas as Casas, em caso de urgência ou interesse público relevante, em todas as hipóteses deste inciso com a aprovação da maioria absoluta de cada uma das Casas do CN. * § 7º Na sessão legislativa extraordinária, o CN somente deliberará sobre a matéria para a qual foi convocado, ressalvada a hipótese do § 8º, vedado o pagamento de parcela indenizatória, em razão da convocação. § 8º Havendo medidas provisórias em vigor na data de convocação extraordinária do CN, serão elas automaticamente incluídas na pauta da convocação. Curso: Direito Constitucional – Curso regular Teoria, Jurisprudência e Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 06 Prof. Jonathas de Oliveira 38 de 148 www.exponencialconcursos.com.br compareceram a sessões extraordinárias do órgão legislativo no exercício de 2010. O pagamento efetuado a esse título pela Câmara de Vereadores é incompatível com a Constituição da República, que veda o pagamento de parcela indenizatória a membro de órgão legislativo, em razão de convocação extraordinária. Resolução: Correta. Olho vivo para as aplicações práticas da simetria jurídica (explícita ou implícita na CF/88). O enunciado trata do Poder Legislativo em âmbito municipal. Todavia, a vedação prevista para os parlamentares federais continua se fazendo presente, só que neste caso, por simetria (“equivalência”), para os Vereadores. Seção VII DAS COMISSÕES Art. 58. O Congresso Nacional e suas Casas terão comissões permanentes e temporárias, constituídas na forma e com as atribuições previstas no respectivo regimento ou no ato de que resultar sua criação. § 1º - Na constituição das Mesas e de cada Comissão, é assegurada, tanto quanto possível, a representação proporcional dos partidos ou dos blocos parlamentares que participam da respectiva Casa. (1) A melhor maneira de enxergarmos as Comissões do Congresso Nacional e de cada Casa, individualmente considerada, é como órgãos que aglutinam parlamentares com vistas a determinadas atribuições. Adotando a esquematização de Lenza (2012), podemos identificar na Constituição Federal de 1988, cinco tipos de subconjuntos sob essa denominação: Comissões Permanentes (em razão da matéria) (art. 58, §2º) Temporárias (especiais) (Regimentos da CD e do SF) Comissão Parlamentar de Inquérito (art. 58, §3º) Comissão mista (cf. sessão conjunta) Comissão representativa (recesso) (art. 58, §3º) Curso: Direito Constitucional – Curso regular Teoria, Jurisprudência e Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 06 Prof. Jonathas de Oliveira 39 de 148 www.exponencialconcursos.com.br Vamos nos ater àquelas mais diretamente abordadas no texto da nossa Carta Magna. § 2º - às comissões, em razão da matéria de sua competência, cabe: I - discutir e votar projeto de lei que dispensar, na forma do regimento, a competência do Plenário, salvo se houver recurso de um décimo dos membros da Casa; II - realizar audiências públicas com entidades da sociedade civil; III - convocar Ministros de Estado para prestar informações sobre assuntos inerentes a suas atribuições; IV - receber petições, reclamações, representações ou queixas de qualquer pessoa contra atos ou omissões das autoridades ou entidades públicas; V - solicitar depoimento de qualquer autoridade ou cidadão; VI - apreciar programas de obras, planos nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento e sobre eles emitir parecer. (1) Aqui temos a descrição genérica das comissões permanentes (também conhecidas como temáticas). O nome torna o conceito, em grande parte, autoexplicativo: trata-se de comissões fixas (cada Casa, de acordo com o seu Regimento Interno, apresenta um arranjo próprio) destinadas a apreciar, discutir e emitir pareceres ou mesmo (quando a votação em Plenário for dispensada) votar em definitivo determinadas matérias. Exemplos notórios são as Comissões de Constituição, Justiça e Cidadania (presentes tanto no Senado Federal quanto na Câmara dos Deputados). Regra geral, iniciado o processo legislativo, o projeto de lei passa à apreciação da comissão temática pertinente à matéria (por exemplo, se a lei versa sobre turismo, será apreciada pela Comissão de Turismo e Desporto da Câmara dos Deputados e pela Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo do Senado Federal). Em seguida, a apreciação se dá Comissão de Constituição e Justiça, que analisará, além dentre outros elementos, a sua constitucionalidade. Somente após o projeto é levado à Plenário. § 3º - As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um terço de seus membros, para a apuração de fato Curso: Direito Constitucional – Curso regular Teoria, Jurisprudência e Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 06 Prof. Jonathas de Oliveira 40 de 148 www.exponencialconcursos.com.br determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores. (1) Frequentemente as CPIs (ou CPMIs, caso sejam mistas – criadas em conjunto pelas
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