Prévia do material em texto
Com base nas discussões acadêmicas realizadas em classe acerca dos temas “Fato Social, Solidariedade Mecânica e Solidariedade Orgânica”; descreva como podemos relacionar o processo de invisibilidade social com os conceitos de Solidariedade Mecânica e Solidariedade Orgânica desenvolvidos por Emille Durkheim? De que maneira podemos relacionar o evento descrito no vídeo “Ônibus 174” com a máxima de Durkheim “O homem é fruto do meio social”? Produzido com base em um sequestro real coletivo da cidade do Rio de Janeiro, que ocorreu no dia 12 de junho de 2020, o vídeo “Ônibus 174” traz reflexões de extrema importância no que tange questões sociais. A invisibilidade social, a falta de políticas públicas para aqueles que vivem à margem da sociedade, a atuação do Estado na segurança pública somada ao despreparo dos aplicadores deste processo, são alguns dos vários pontos relevantes que recebem destaque durante este longa-metragem. De uma forma muito incisiva, o vídeo, para além de retratar todas as etapas, adversidades e circunstâncias desse sequestro, que se tornou no dia um evento cinematográfico, aborda tudo que está por trás da figura do protagonista principal: Sandro Barbosa do Nascimento, o sequestrador. Sobrevivente da “Chacina da Candelária", ocorrida em julho de 1993, onde oito jovens ( companheiros de rua de Sandro ) foram assassinados brutalmente por policiais militares, Sandro que já vivia marcado por uma trajetória de vida nada estável e animalizado pela própria sociedade, foi visto neste episódio ( como se já não tivesse sido por toda a vida), como um ser brutal sem história pronto para sacrificar pessoas visíveis (e nem tanto assim) socialmente. Filho de mãe solteira, sem familiares, vivendo em condições de extrema pobreza e, posteriormente, assistindo a sua genitora ser degolada à sua frente, Sandro cresceu em um meio de total desequilíbrio, que o transportou de um drama familiar para uma gangue de meninos de rua, onde foi obrigado a “virar adulto rápido”, como o mesmo e seus companheiros de rua afirmaram. Diante dessa trajetória de vida e, já correlacionando com a teoria de Durkheim, que defende que o homem é fruto do meio social, fica nítido que Sandro foi enquadrado em estado de condições sociais, que de forma direta ou indireta incidiram na sua formação como homem. Não a dúvida de que às vivências adquiridas desde o seu nascimento até o momento do roubo interrompido que culminou em um sequestro, foram fatores decisivos nas mais variadas atitudes tomadas por este. Isso é um fato perceptível, inclusive, na fala de um dos companheiros de Sandro no início do vídeo, Luciano de 19 anos, que com essas exatas palavras disse: “a gente já cresce revoltado”, evidenciando que esse papel de invisibilidade na sociedade é uma realidade imposta a esses meninos, que tentam se fazer presentes em carne e espírito onde vivem, e não serem (como sempre) menosprezados e calados. Imersos em uma sociedade que prioriza cada vez mais a individualidade e, onde constantemente desviamos os nossos olhares de situações que nos causam incômodo, como a pobreza, o preconceito e a discriminação, Sandro, vítima dessa diluição da trama urbana, ganhou a partir deste episódio uma visibilidade que nunca tivera na vida, proporcionada pela exploração dos veículos midiáticos que determina o visível e o invisível para nós. Ele, era só mais um dentre os vários “Sandros" que habitam esse vasto Brasil, famintos de existência social, de reconhecimento, de uma imagem com vitalidade, cansados de transitar na vida sem serem notados, enxergados apenas sob a ótica da caricatura que o nosso preconceito reflete. Retomando a evento da Candelária, do qual Sandro por pouco não somou ao número de vítimas assassinados, foi feita uma pesquisa na qual a maioria da população acreditou ter sido o certo a se fazer, por assim estar se “limpando a cidade”, refletindo o que foi dito acima, de vivermos numa constante seletividade da forma e do que queremos enxergar. Aluna: Charlene D Aquino da Silva dos Santos Matrícula: 202003466931