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BIO L O G I A P r á t i c a V I P r o f a . M s A d e l i n a M a r i a S a l l e s B i z a r r o 2a edição | Nead - UPE 2013 Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP) Núcleo de Educação à Distância - Universidade de Pernambuco - Recife Bizarro, Adelina Maria Salles Biologia: Prática VI/ Adelina Maria Salles Bizarro. – Recife: UPE/NEAD, 2011. 44 p. 1. Prática de Ensino 2. Biologia 3. Licenciatura 4. Educação à Distância I. Universidade de Pernambuco, Núcleo de Educação à Distância II. Título CDD – 17ed. – 370.733 Claudia Henriques – CRB4/1600 BFOP-092/2011 B625b UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO - UPE Reitor Prof. Carlos Fernando de Araújo Calado Vice-Reitor Prof. Rivaldo Mendes de Albuquerque Pró-Reitor Administrativo Prof. Maria Rozangela Ferreira Silva Pró-Reitor de Planejamento Prof. Béda Barkokébas Jr. Pró-Reitor de Graduação Profa. Izabel Christina de Avelar Silva Pró-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa Profa. Viviane Colares Soares de Andrade Amorim Pró-Reitor de Desenvolvimento Institucional e Extensão Prof. Rivaldo Mendes de Albuquerque NEAD - NÚCLEO DE ESTUDO EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Coordenador Geral Prof. Renato Medeiros de Moraes Coordenador Adjunto Prof. Walmir Soares da Silva Júnior Assessora da Coordenação Geral Profa. Waldete Arantes Coordenação de Curso Prof. José Souza Barros Coordenação Pedagógica Profa. Maria Vitória Ribas de Oliveira Lima Coordenação de Revisão Gramatical Profa. Angela Maria Borges Cavalcanti Profa. Eveline Mendes Costa Lopes Profa. Geruza Viana da Silva Gerente de Projetos Profa. Patrícia Lídia do Couto Soares Lopes Administração do Ambiente José Alexandro Viana Fonseca Coordenação de Design e Produção Prof. Marcos Leite Equipe de Design Anita Sousa/ Gabriela Castro/Renata Moraes/ Rodrigo Sotero Coordenação de Suporte Afonso Bione/ Wilma Sali Prof. José Lopes Ferreira Júnior/ Valquíria de Oliveira Leal Edição 2013 Impresso no Brasil Av. Agamenon Magalhães, s/n - Santo Amaro Recife / PE - CEP. 50103-010 Fone: (81) 3183.3691 - Fax: (81) 3183.3664 c a p ít u lo 1 5 Prática Vi Profa. Ms. Adelina Maria Salles Bizarro Carga Horária 60 H aPrESENtaÇÃO O fato de o estudante fazer opção por um curso universitário, principalmente de licen- ciatura, deve significar a iniciação à investi- gação sistemática e produtiva de conheci- mentos. Nesse sentido, este capítulo apresenta uma discussão sobre a pesquisa em duas áreas: ciências naturais e ciências humanas. A si- tuação a ser discutida não é fácil nem linear, uma vez que o campo científico, apesar de sua normatividade, é permeado por con- flitos e contradições. Uma das nomeadas controvérsias é o embate, ainda existente, sobre a cientificidade das ciências huma- nas comparadas às ciências naturais ou às da natureza. O impacto é causado, porque uma parcela dos pesquisadores busca a homogeneidade dos procedimentos para compreender o natural e o social como condição para legitimar o estatuto de “ci- ência” ao campo social. Por outro lado, há outra parcela de estudiosos que defende a total diferença e especificidade do campo humano. O intuito desta temática é possibilitar ao es- tudante uma reflexão, a fim de que possa compreender o que vem a ser a pesquisa em ciências nas duas áreas em destaque e a sua importância para a docência na área das Ciências Biológicas. c a p ít u lo 1 6 Nessa perspectiva, o primeiro capítulo trará como eixos temáticos: o que é pesquisa, o que é ciência, o que são ciências naturais e humanas e a importância da pesquisa para o professor/a professora de Ciências Biológicas. c a p ít u lo 1 7 Profa. Ms. Adelina Maria Salles Bizarro Carga Horária I 15 H a PESquiSa Em ciêNciaS NaturaiS E HumaNaS OBJEtiVO GEraL Diferenciar a pesquisa em ciências natu- rais e humanas, a partir da formulação de elementos conceituais de cada uma dessas ciências. OBJEtiVOS ESPEcÍFicOS • Conceituar pesquisa e ciência; • Caracterizar a pesquisa em ciências na- turais e humanas, respeitando suas pe- culiaridades; • Reconhecer a importância da pesquisa em ciências naturais e humanas, ten- do como eixo norteador a contribuição para a docência na área das Ciências Biológicas e para a vida prática na área das Ciências Biológicas. iNtrODuÇÃO O ser humano na pré-história elaborava seu saber através de sua experiência e de suas observações, enquanto pessoa. Para uma melhor compreensão sobre este tipo de saber, recorreremos ao exemplo dado pelos teóricos Laville e Dionne (1999) acer- ca deste sujeito. Quando constatou que o choque de dois síli- ces1, ou da rápida fricção de duas hastes secas, c a p ít u lo 1 8 podia provocar uma faísca ou uma pequena chama capaz de queimar folhas secas, havia construído um novo saber: como acender o fogo. Esse saber podia ser reutilizado para facilitar sua vida. Pois aqui está o objetivo principal da pesquisa do saber: conhecer o funcionamento das coisas para melhor controlá-las e fazer previsões melhores a partir daí (p. 17). A evolução sobre a compreensão do saber le- va-o ao saber teórico, enquanto conhecimen- to. Ele é abordado por Barros e Lehfeld (2005), quando as referidas teóricas apresentam a se- guinte idéia acerca da temática: Sem a pretensão de polemizar todas as composições reflexivas sobre a temática, pode-se definir o conhe- cimento como sendo um processo de reflexão crítica e que poderá conduzir ao desvelamento de um ob- jeto. O conhecimento é a tomada de consciência de um mundo vivido pelo homem e que solicita uma atitude crítico-prática, envolvendo o mundo sensí- vel, perceptível e intelectivo do ser pensante. É uma atividade que, por natureza, é transformadora da realidade [...] (p. 11) O quE é PESquiSa? É difícil imaginar qualquer ação humana que não seja precedida de algum tipo de investi- gação. Pense em alugar ou comprar uma casa. O que você faz? Abre a página de classifica- dos do jornal ou acessa a internet e destaca os anúncios interessantes. Pense em presentear um amigo que vai se casar. O que você faz? Liga para ele e pergunta o que gostaria de ga- nhar ou se há uma lista de presentes, a fim de comprar algo que seja útil ao casal. Como são conhecidas estas ações? P E S Q U I S A. A pesquisa faz parte da vida de todas as pes- soas. Em outras palavras, ela faz parte da vida cotidiana dos seres humanos. A rápida consul- ta ao relógio para saber a hora ou a olhada para fora da janela, a fim de observar como está o tempo são sinais de elementos iniciais de pesquisa. Eles são rudimentos de pesquisa, mas que não serão destacados neste estudo. Este termo contempla muitas acepções e, para iniciar esta discussão, a palavra pesquisa, con- forme trazem diversos dicionários, é um subs- 1O mesmo que sílex (cs), s. m. Miner. Mistura irregular de sílica cristalizada com sílica hidratada (opala) (MICHAELIS-UOL, 2002). Pedra composta de sílica cristalizada com certa proporção de sílica hidratada; pederneiro. Forma paral.: sílice (BUENO, 1999, p. 856). tantivo feminino que significa ação ou efeito de pesquisar ou, ainda, busca, indagação, in- quirição, investigação. Pesquisa é uma palavra que nos veio do espanhol. Este por sua vez herdou-a do latim. Havia em latim o verbo perquiro, que significava “procurar; buscar com cuidado; procurar por toda parte; informar- -se; inquirir; perguntar; indagar bem, aprofundar na busca”. O particípio passado desse verbo latino era perquisitum. Por alguma lei da fonética histórica, o primeiro R se transformou em S na passagem do la- tim para o espanhol, dando o verbo pesquisar que conhecemos hoje [...]. (BAGNO, 2000, p. 17). Após a explicação do autor sobre a etimologia da palavra pesquisa, vamos nos ater ao que inte- ressa no momento, que é a pesquisa científica. PESquiSa ciENtÍFica Vamos iniciar a discussão sobrepesquisa cien- tífica, destacando uma reflexão de Bagno (2000), quando argumenta que a pesquisa científica é “a investigação feita com o objetivo expresso de obter conhecimento específico e estruturado sobre um assunto preciso” (p. 18). Nessa perspectiva, este tipo de pesquisa fun- damenta toda e qualquer ciência. Outra reflexão importante sobre pesquisa atre- lada à ciência é a realizada por Minayo (2002), quando a referida teórica lembra a pesquisa como incremento à atividade de ensino e a en- fatiza como uma questão da vida cotidiana, isto é, como um recorte da realidade. Entendemos por pesquisa a atividade básica da Ci- ência na sua indagação e construção da realidade. É a pesquisa que alimenta a atividade de ensino e a atualiza frente à realidade do mundo. Portanto, embora seja uma prática teórica, a pesquisa vincula pensamento e ação. Ou seja, nada pode ser intelectu- almente um problema, se não tiver sido, em primeiro lugar, um problema da vida prática. As questões da investigação estão, portanto, relacionadas a interes- ses e circunstâncias socialmente condicionadas. São frutos de determinada inserção no real, nele encon- trando suas razões e seus objetivos (pp. 17-18). Uma outra questão vem a ser atrelada e, por que não dizer, vem complementar a idéia ci- c a p ít u lo 1 9 tada anteriormente. “Para que a pesquisa seja possível, é necessário que o pesquisador esteja suficientemente formado e informado, pois, para realizá-la a contento, não se pode per- mitir tomar o sentido comum dos termos, mas utilizá-los com discernimento” (INÁCIO FILHO, 2004, p. 10). O quE é ciêNcia? Recordemos alguns tipos de saberes conside- rados espontâneos, segundo a visão de Laville e Dionne (1999). Os saberes espontâneos são pautados e adqui- ridos a partir da experiência pessoal, isto é, a partir das explicações do “senso comum”, do saber empírico, do saber originário da realida- de. Alguns deles são: • a intuição: a construção desse saber é aca- tada a partir da primeira idéia que vem à mente. Intuição é “percepção imediata sem necessidade de intervenção do racio- cínio (Aurélio). É, por excelência, o tipo do saber espontâneo” (p. 18). • a tradição: o princípio da transmissão do saber intuitivo caracteriza a tradição, pro- movendo sua divulgação e compartilhan- do com a comunidade o saber legado que parece ser útil a todos para a condução de suas vidas. “A tradição dita que o que se deve conhecer, compreender, e indica, por conseqüência, como se comportar” (Idem, p. 19). • a autoridade: autoridades e instituições se encarregam da transmissão da tradi- ção, embora não tenham provas metodi- camente formuladas. No caso da religião, por exemplo, a Igreja Católica decidiu re- gras para o matrimônio, a fim de coibir in- cestos e outros tipos de uniões proibidas. A imposição é feita por meio de preceitos ensinados pelo clero aos fiéis. Nessa perspectiva, continua Laville e Dionne (1999), declarando que “o valor do saber im- posto repousa, portanto, em nosso consen- timento em recebê-lo, e esse consentimento repousa, por sua vez, na confiança que temos naqueles que o veiculam” (p. 22). Esta recordação se faz necessária para se en- tender melhor a questão sobre uma maneira de acompanhar o progresso de alguma ciên- cia. Uma dessas maneiras é procurar saber so- bre os avanços científicos relacionados a ela. Caso não tenha havido avanços, é porque não existiu pesquisa, e, se não houve pesquisa, é porque não existiu ciência. O tratamento das doenças graves, como câncer, tuberculose e outras, que, até há alguns anos, eram incipien- tes e, hoje, com as incessantes pesquisas, há novas possibilidades para cura, é um exemplo prático do avanço da ciência. Ciência, de acordo com diversos dicionários, é um substantivo feminino, que significa Co- nhecimento exato e racional de coisa determi- nada: C. do bem; Sistema de conhecimentos com um objeto determinado e um método próprio: A lingüística é uma c. S. f. pl. Con- junto de disciplinas visando à mesma ordem de conhecimentos: C. naturais (MICHAELIS- -UOL, 2002). Zilles (2005), na sua obra Teoria do Conheci- mento e Teoria da Ciência, no item conceito antigo de ciência do capítulo Teoria da Ciên- cia ou Epistemologia, declara que “A ciência moderna tem suas raízes na Antiga Grécia” (p. 139) e afirma que “Aristóteles abordou a questão da ciência sob dois aspectos: a) inda- ga pela especificidade da ciência em vista de seu modo epistêmico, ou seja, distingue o sa- ber científico da crença; b) indaga pela espe- cificidade da ciência como agir e define meta e sentido do fazer científico, diferenciando-o, por exemplo, da atividade rotineira do operá- rio” (idem). Para Aristóteles, a ciência na acep- ção própria é teoria. Ainda, segundo sua idéia, o que valida o saber científico é caracterizado por partir e ser tal conhecimento do universal e do conceito, das causas e dos princípios de alguma coisa, não pode ser diferente do que é e pode ensinar-se, por ser demonstrável e fun- damentado com lógica. “Os antigos gregos usavam o termo epistéme para todo o saber criticamente fundamenta- do” (ZILLES, 2005, p. 139). O que chamamos de ciência começou com os primei- ros filósofos do século VI a.C., que estavam em bus- ca de um elemento primordial para a compreensão unitária do mundo sensível. Coube a Platão e, sobre- c a p ít u lo 1 10 tudo, a Aristóteles um papel fundamental para toda a cultura e civilização ocidentais. Mas esse conceito passou por profundas mudanças através da evolução histórica (ZILLES, 2005, p. 139). Ademais, é fundamental lembrar que a época contemporânea convoca as pessoas a desen- volverem pesquisa, porque, atualmente, nada se faz sem o auxílio da pesquisa, que trans- cende os meios acadêmicos. “A ampliação do seu uso em outras áreas aumentou no grau de significância a valorização do estudo dos méto- dos e técnicas da pesquisa científica” (BARROS e LEHFELD, 2005, p. 9). Este saber foi sendo constituído a partir das descobertas empíricas observadas, vivencia- das, espontaneamente, no cotidiano da vida humana, desde a pré-história até chegar aos dias de hoje, o que se considera como o mais eficaz do saber através da pesquisa científica. No entanto, os meios remotos de conhecer “[...] não desapareceram e ainda coexistem como o método científico [...] no contexto do advento da ciência moderna, mais precisamen- te, das ciências humanas modernas” (Idem). ciêNciaS NaturaiS E ciêNciaS HumaNaS: uma BrEVE ViSÃO PaNOrâmica Falar em ciências naturais e ciências humanas é sempre difícil, uma vez que “não há uma concordância completa entre os filósofos da ciência acerca das características do método científico” (ALVES-MAZZOTTI e GEWANDSZ- NAJDER, 2001, p. 3). Outro ponto relevante na dificuldade de abordar o tema ciência é que em ciência, muitas vezes, se constrói um paradigma simplificado de objeto e, aos pou- cos, este paradigma pode vir a ser mais com- plexo a partir da consideração de um número maior de variáveis e da adoção da estratégia de pesquisa. Chizzotti (1991) argumenta, na citação abai- xo, sobre o conceito de paradigma e as duas tendências mais conflitantes em pesquisa. O conceito paradigma, apesar da ambigüidade do termo, tem sido usado para caracterizar o estado da investigação e duas tendências conflitantes em pesquisa [...]: um paradigma que se caracteriza pela adoção de uma estratégia de pesquisa modelada nas ciências naturais e baseada em observações empíricas para explicar fatos e fazer previsões, e outro, que ad- voga uma lógica própria para o estudo dos fenôme- nos humanos e sociais, procurando as significações dos fatos no contexto concreto em que ocorrem. Outros teóricos fazem alusão, também, às re- feridas ciências, radicalizando a distância entre os objetos de estudo. As ciências naturais e as ciências humanas tratam de objetos que não se parecem nem de longe. Com efei- to, seus objetos são muito diferentespor seu grau de complexidade e por sua facilidade de serem identifi- cados e observados com precisão. Isso se percebeu com certa rapidez (LAVILLE e DIONNE, 1999, p. 32). imPOrtâNcia Da PESquiSa Para a DOcêNcia Na árEa DaS ciêNciaS BiOLÓGicaS A lei da sobrevivência e a existência do ser hu- mano se confrontaram e se confrontam “[...] permanentemente com a necessidade de dis- por do saber, inclusive de construí-lo [...]” (LA- VILLE e DIONNE, 1999, p. 17). Na verdade, os docentes-pesquisadores trazem para o seu contexto de trabalho de formação (a docência) e de produção científica (pesquisa) formas de conce- ber o mundo e valores culturais e sociais. Assim, até há pouco tempo, o estímulo à iniciação científica [...] era dado somente em algumas áreas do conhecimen- to. Áreas como biológicas e exatas, nas quais o traba- lho de laboratório favorecia a inclusão de alunos [...] como auxiliares do processo investigativo (BARROS e LEHFELD, 2005, p. 21). Nesse sentido, o processo educacional, em sentido amplo, e o processo ensino-aprendiza- gem nas escolas e nas instituições de educação superior, em sentido mais restrito, são impul- sionados ao desenvolvimento de pesquisa. O desenvolvimento da pesquisa para o docen- te e o discente instiga a curiosidade científi- ca, visto que a construção do conhecimento acontece na busca, na descoberta e não, na transmissão de conteúdos, que já se tornaram, muitas vezes, obsoletos e estáticos nos livros. c a p ít u lo 1 11 Pesquisar é preciso e, em especial, para docen- tes, que querem ser professores com vasta for- mação intelectual e investigativa. cONSiDEraÇõES FiNaiS A pesquisa científica tem a pretensão de ser o aperfeiçoamento de alguma questão que sur- giu antes, porém ela não está isenta de dificul- dades. Podemos lembrar um velho provérbio citado na obra de Chalmers (2000) “[...] nós começamos confusos e terminamos confusos num nível mais elevado” (p. 22). Em outras palavras, este provérbio nos revela que o conhecimento científico proveniente da pesquisa é provisório e que é incessante às inquietações na produção de tal conheci- mento, bem como às novas dúvidas surgidas a cada resposta obtida com os problemas in- vestigados. Nessa perspectiva, o trabalho do professor- -investigador, neste caso, na área das Ciências Biológicas, deve ser uma constante, uma vez que esta área é rica na busca de respostas aos problemas levantados na relação com os(as) estudantes na prática pedagógica. Vamos consolidar os conhecimentos (re)cons- truídos, antes de continuar os estudos? As questões e as reflexões posteriores fazem retomar os temas/os conteúdos abordados neste capítulo. atiViDaDE 1 1. “É difícil imaginar qualquer ação humana que não seja precedida por algum tipo de investigação” (p. X). “A pesquisa faz parte da vida de todas as pessoas” (p. Y). Estas e outras afirmações nos remetem a refle- xões sobre investigação, estudo, pesqui- sa. Faça, agora, a sua reflexão e registre, por escrito, suas considerações sobre as frases destacadas. 2. Após algumas conceituações sobre pesqui- sa apresentadas no texto, apresente seu conceito sobre pesquisa, escrevendo-o de forma clara e objetiva, respaldando-se nos autores citados ou em outros teóricos. 3. Como surge Ciência na vida humana? 4. O que é Ciência, para você, a partir das lei- turas realizadas neste material ou em ou- tros textos? 5. O texto apresenta as Ciências Naturais e as Ciências Humanas. Agora, com suas pala- vras, mostre que compreendeu as seme- lhanças e as peculiaridades de cada uma, dissertando sobre as duas Ciências aborda- das neste capítulo. 6. Ao final deste estudo, qual seu parecer no que se refere à importância da pesquisa científica para a docência na área das Ci- ências Biológicas? Sites para busca de textos complementares para outras leituras de aprofundamento sobre os temas abordados O trabalho do pesquisador, segundo Barros e Lehfeld (2005), poderá ser facilitado, acessan- do alguns web sites de busca mais comuns e, ao mesmo tempo, importantes, para esse mo- mento, que serão relacionados a seguir: a) de buscas genéricas (uma palavra ou um conjunto delas): www.yahoo.com.br www.cade.com.br www.zeek.com.br www.aonde.com.br www.msn.com.br www.lycos.com.br www.hotbot.com.br www.altavista.com.br www.radaruol.com.br www.go.com b) de buscas em diversos mecanismos ao mesmo tempo: www.altaseck.com www.metaminer.com.br www.webcrawler.com c a p ít u lo 1 12 c) outros bancos de dados importantes para pesquisa: www.ibge.gov.br www.mit.edu www.prossiga.cnpq.br www.eb.com www.usp.br www.unicamp.br www.unesp.br rEFErêNciaS BAGNO, Marcos. Pesquisa na escola: o que é, como se faz. 4. ed., São Paulo: Loyola, 2000. BUENO, Silveira. Dicionário da língua portu- guesa. São Paulo: Didática Paulista, 1999. INÁCIO FILHO, Geraldo. A monografia na uni- versidade. 7. ed., Campinas-SP: Papirus, 2004. LAVILLE, Christian; DIONNE, Jean. A cons- trução do saber: manual de metodologia da pesquisa em ciências humanas. Tradução de Heloísa Monteiro e Francisco Settineri. Porto Alegre: Artes Médicas; Belo Horizonte: UFMG, 1999. MINAYO, Maria Cecília de Souza (org). A pes- quisa social: teoria, método e criatividade. 20. ed., Petrópolis-RJ: Vozes, 2002. MINAYO, Maria Cecília de Souza. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saú- de. 7. ed., São Paulo: Hucitec; Rio de Janeiro: Abrasco, 2000. RICHARDSON, Roberto Jarry e colaboradores. Pesquisa social: métodos e técnicas. 3. ed. Re- vista e Ampliada. São Paulo: Atlas, 1999. ZILLES, Urbano. Teoria do conhecimento e teo- ria da ciência. São Paulo: Paulus, 2005. BiBLiOGraFia cOmENtaDa 1. ALVES-MAZZOTTI, Alda Judith; GEWANDSZ- NAJDER, Fernando. O método nas ciências na- turais e sociais: pesquisa quantitativa e qualita- tiva. São Paulo: Thomson Pioneira, 1998. Esta obra aborda os fundamentos necessários à compreensão da natureza do método cientí- fico, nas ciências naturais e sociais, estimulan- do a visão crítica e a discussão teórica destes fundamentos. 2. ANDRADE, Maria Margarida de. Introdução à metodologia do trabalho científico. 6. ed., São Paulo: Atlas, 2003. O avanço tecnológico observado na área de comunicações ainda é fundamentalmente rea- lizado a partir da leitura. A autora mostra, nes- te livro, como os/as estudantes de graduação podem prestar atenção, entender e analisar o que lêem. O texto enfatiza a importância da leitura e das técnicas para elaboração dos tra- balhos de graduação. O livro apresenta as fa- ses da pesquisa bibliográfica, as normas para a redação dos trabalhos, para a elaboração de seminários e discute sobre a inserção à pesqui- sa científica, pesquisa de campo e relatório de pesquisa. 3. BARROS, Aidil de Jesus Paes de; LEHFELD, Neide Aparecida de Souza. Fundamentos da metodologia científica. 2. ed., São Paulo: Makron Books do Brasil, 2000. Este texto contém os elementos fundamentais e necessários à compreensão da metodologia científica e de suas implicações para a elabora- ção e execução de projetos de pesquisa. Além do enfoque teórico, a obra apresenta questões referentes à dinâmica do conhecimento, assim como aspectos relacionados com o atual con- texto da pesquisa científica. O livro é indicado a estudantes, não só graduandos como tam- bém pós-graduandos que necessitam de refe- rencial para a organização de seus estudos e a realização de pesquisas científicas. 4. BARROS, Aidil de Jesus Paes de; LEHFELD, Neide Aparecida de Souza. Projeto de pesqui- sa: propostas metodológicas. 16. ed., Petrópo- lis-RJ: Vozes, 2005. Neste livro, a pesquisa é definida como uma forma de estudo de um objeto. Esse estudo é sistemático e realizado com a finalidade de c a p ít u lo 1 13 incorporar os estudos obtidos em expressões comunicáveis e comprovadas aos níveis do co- nhecimento obtido. 5. CARRAHER, David William. Senso crítico: do dia-a-dia às ciências humanas. São Paulo: Pio- neira, 1998.O livro traz uma grande variedade de proble- mas práticos, centrados na realidade brasileira, alguns já resolvidos. Este livro constitui-se em leitura obrigatória para professores e estudan- tes dos cursos de Ciências Sociais e Humanas, para profissionais das diversas áreas e todos os interessados em desenvolver sua capacidade de raciocínio e habilidades analíticas. A obra está voltada às áreas de Metodologia Científi- ca e pesquisas, em geral. 6. CARVALHO, Maria Cecília M. de. Construin- do o saber: metodologia científica - funda- mentos e técnicas. 7. ed., Campinas-SP: Papi- rus, 1998. Este livro foi organizado, com alguns colabora- dores, com o intuito de apresentar as técnicas de metodologia científica, buscando aproxi- mar o iniciante em algumas questões funda- mentais na área de metodologia e oferecer um instrumento que possa viabilizar sua inserção no universo da produção científica. 7. CHALMERS. A. F. O que é ciência, afinal? São Paulo: Brasiliense, 2000. Este livro é considerado uma das melhores in- troduções à filosofia da ciência. Chalmers, um físico com doutorado em história e filosofia da ciência, explica, de forma acessível, os méto- dos e os conceitos que caracterizam a ciência e a distinguem de outras atividades humanas. Mais do que isso, Chalmers aborda a evolução desses conceitos, mostrando que o método científico não é uma entidade estática e fixa, mas sim, evolui, à medida que falhas e limita- ções são identificadas. 8. CHIZZOTTI, Antônio. Pesquisa em ciências humanas e sociais. 2. ed., São Paulo: Cortez, 1995. O autor propõe neste livro um conjunto de referências permitindo, ao leitor, posicionar- -se nos debates, compreender os fundamen- tos epistemológicos, morfológicos e técnicos da pesquisa e definir o alcance e os limites de cada tipo de investigação. 9. GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 3. ed., São Paulo: Atlas, 1991. O autor foi guiado, ao escrever este livro, por dupla preocupação: a) apresentar aos inician- tes, de maneira simples e acessível, os elemen- tos necessários à elaboração de projetos de pesquisa nos diversos campos do conhecimen- to; b) garantir ao profissional de pesquisa bem como aos estudantes dos níveis mais avança- dos, inclusive dos cursos de pós-graduação, condições para a organização de conhecimen- tos, obtidos ao longo da vida acadêmica ou do contato direto com a prática de pesquisa. 10. LAVILLE, Christian; DIONNE, Jean. A cons- trução do saber: manual de metodologia da pesquisa em ciências humanas. Tradução de Heloísa Monteiro e Francisco Settineri. Porto Alegre: Artes Médicas; Belo Horizonte: UFMG, 1999. Neste texto, professores e universitários encon- trarão as bases epistemológicas das diferentes formas de produção do conhecimento; as ope- rações mentais e as práticas constitutivas do processo de produção de um conhecimento novo ou original e os elementos básicos de análise estatística. 11. QUIVY, Raymond; CAMPENHOUDT, Luc Van. Manual de investigação em ciências so- ciais. Tradução de João Minhoto Marques, Ma- ria Amália Mendes e Maria Carvalho. Lisboa: Gradiva, 1998. Este livro responde a várias perguntas e, com o auxílio de exemplos concretos, irá orientá- -lo eficazmente, na decomposição das etapas da sua investigação, fornecendo um panora- ma completo das técnicas e dos métodos dis- poníveis, propondo numerosos trabalhos de aplicação e descrevendo uma investigação na totalidade. 12. SANTOS, Raimundo Antônio dos Santos. Metodologia científica: a construção do conhe- cimento. 4. ed., Rio de Janeiro: DP&A, 2001. c a p ít u lo 1 14 Este texto fornece as condições necessárias à produção de conhecimentos e à elaboração de documentos acadêmicos e científicos. Apre- senta um roteiro detalhado para a realização de pesquisas com rigor científico. É um livro básico para estudantes de graduação ou pós- -graduação desenvolverem pesquisas científi- cas e apresentarem seus textos, de acordo com normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). 13. SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 22. ed., São Paulo: Cor- tez, 2002. Este livro é indicado para a sistematização do trabalho científico, enfocando as diretrizes para a criação de trabalhos de graduação e pós-graduação nas diversas áreas do conhe- cimento humano. Apresenta, também, dire- trizes para a criação de hábitos de estudo e aprofundamento da visão crítica científica e oferece, através destas diretrizes metodológi- cas, ferramentas para que desenvolvam, satis- fatoriamente, com eficácia e competência, a sua aprendizagem. 14. THIOLLENT, Michel. Metodologia de pes- quisa-ação. 15. ed., São Paulo: Cortez, 2007. Este livro apresenta os principais temas meto- dológicos da pesquisa-ação, enquanto alter- nativa aplicável em diferentes áreas de conhe- cimento e de atuação, discutindo os princípios gerais da metodologia e contendo um roteiro prático para conceber e organizar uma pesqui- sa e indaga as condições de aplicação em cada área específica. Nesta 15ª edição, no intuito de iniciar a atualização da metodologia de pesquisa-ação, foi acrescentado um posfácio no qual o autor sugere novas questões e indica referências bibliográficas mais recentes. 15. TRIVIÑOS, Augusto N. S. Introdução à pes- quisa em ciências sociais: a pesquisa qualitati- va em educação. São Paulo: Atlas, 1987. Uma caracterização simples do Positivismo, da Fenomenologia e do Marxismo auxilia o leitor a compreender as variações metodológicas entre essas tendências.Sumário: Questões Pre- liminares Básicas, Três Enfoques na Pesquisa em Ciências Sociais: o Positivismo, a Fenome- nologia e o Marxismo, Outros Enfoques Teóri- cos na Pesquisa Educacional, Alguns Temas no Desenvolvimento de uma Pesquisa, Pesquisa Qualitativa. c a p ít u lo 2 15 Prática Vi aPrESENtaÇÃO Este capítulo apresenta uma discussão so- bre abordagens alternativas de pesquisa e aspectos éticos da pesquisa nas diversas áreas das ciências. O propósito desta temática é possibilitar ao estudante uma reflexão acerca do tema, a fim de que possa compreender o que vem a ser as linhas de pensamento da pesquisa em ciências e a sua importância para a do- cência na área das Ciências Biológicas. Nessa perspectiva, o segundo capítulo tra- rá como eixos temáticos as principais abor- dagens alternativas de pesquisa e os aspec- tos éticos da pesquisa. Profa. Ms. Adelina Maria Salles Bizarro Carga Horária I 15 H c a p ít u lo 2 17 Profa. Ms. Adelina Maria Salles Bizarro Carga Horária I 15H aBOrDaGENS aLtErNatiVaS DE PESquiSa aSPEctOS éticOS Da PESquiSa OBJEtiVO GEraL Compreender as abordagens alternativas de pesquisa científica e seus aspectos éticos. OBJEtiVOS ESPEcÍFicOS • Caracterizar as diversas abordagens da pesquisa científica; • Discutir os aspectos éticos da pes- quisa. iNtrODuÇÃO Os métodos de pesquisa foram difundi- dos no meio acadêmico, tendo contribu- ído, para isso, as inovações trazidas pelas pesquisas humanas e sociais e a tradição de alguns pesquisadores naturalistas ce- derem aos seus modelos em prol de uma abordagem mais ampla da ciência. As abordagens alternativas e os aspectos éticos da pesquisa científica dão oportu- nidade aos licenciandos de se familiariza- rem com as correntes principais da filoso- fia das ciências, para esclarecer e embasar as diferentes temáticas de uma pesquisa científica. Nesse sentido, faz-se necessário tentar superar os falsos dualismos meto- dológicos, tendo em vista a aceitação de c a p ít u lo 2 18 várias abordagens, cabendo a tolerância e o pluralismo epistemológico. LiNHaS DE PENSamENtO Ou aBOrDaGENS aLtErNatiVaS Da PESquiSa As Linhas de Pensamento ou as Abordagens da Pesquisa Científica são explicitadas nos di- ferentes níveis de abordagem da realidade. Es- sas linhas ou abordagens estão vinculadas às posições metodológicas. Tais posições propor- cionamas bases de todo e qualquer trabalho científico, fazendo com que o pesquisador te- nha propensão para ver e interpretar o mundo numa determinada perspectiva, ou seja, fa- zendo com que o pesquisador identifique uma perspectiva epistemológica para ser utilizada no desenvolvimento de seu trabalho investiga- tivo. Richardson e seus colaboradores (1999) defendem que “[...] essa perspectiva orientará a escolha do método, metodologia e técnicas a utilizar em uma pesquisa” (p. 32). Outro teórico que argumenta sobre a orien- tação para optar acerca do método, fazendo uma distinção entre método e metodologia é Inácio Filho (2004). Antes, ele reflete que a quantidade de estudos referentes à metodolo- gia não garante a qualidade. O autor apresen- ta a seguinte idéia: Se temos uma grande quantidade de estudos rela- tivos à metodologia, isso não é, contudo, indício de qualidade, uma vez que há muita redundância, repe- tição e falta de seriedade em muitos deles. Há, por exemplo, quem confunda metodologia com método, possivelmente porque esconde, sob sua aparência, a concepção positivista de método, cuja influência é notória no Brasil, não apenas em nível político, mas também científico. Enquanto metodologia deve ser entendida como ex- posição ou estudo de métodos e técnicas de pesqui- sa, método (meta + odós) é uma trajetória teórica do conhecimento e tem um caráter explicativo, em que o potencial de explicação varia conforme o método, vale dizer, tomando-se como referência um mesmo objeto, há métodos que explicam mais, outros me- nos. A discussão acerca do método, é uma discussão acerca da teoria do conhecimento. O que o método pode oferecer no sentido de fazer avançar o conheci- mento (pp. 107-108). Nesse sentido, a discussão é fundamental, a fim de esclarecer as bases filosóficas existentes na preferência por determinada abordagem de pesquisa, sendo a metodologia adotada cru- cial para a garantia da coerência teórico-meto- dológica e deixando evidente ao pesquisador e seu leitor as possibilidades e os limites de sua abordagem de pesquisa. Desse modo, pode-se distribuir, numa primei- ra classificação mais ampla, em abordagem metodológica de “paradigmas quantitativos” (SANTOS FILHO e GAMBOA, 2000, p. 8) e abordagem metodológica de “paradigmas qualitativos” (Idem). Os referidos autores analisam, a partir de ou- tros teóricos, as duas tendências mais conheci- das e discutidas, que são: 1. tendência que defende “a existência de um único método científico que se afirma na concepção da unidade da ciência e do mé- todo e na possibilidade da elaboração de um único conhecimento válido, o científi- co” (p. 91); 2. tendência que aceita “a existência de dois métodos científicos, um apropriado para as ciências exatas e naturais, e outro válido para as ciências humanas e sociais” (Idem). Com efeito, a primeira tendência faz com que os pesquisadores adotem métodos científi- cos mais rigorosos, apoiados na objetividade, pelos princípios e preceitos “das ciências em- pírico-analíticas tanto naturais como sociais” (SANTOS FILHO e GAMBOA, 2000, p. 91 apud KAPLAN, 1964; KERLINGER, 1980; LUNA, 1991). A referida classificação é explicitada, também, por Richardson e seus colaboradores (1999), quando ele aborda que [...] Adotando uma classificação bastante ampla, po- demos dizer que há dois grandes métodos: o quan- titativo e o qualitativo. Esses métodos se diferenciam não só pela sistemática pertinente a cada um deles, mas, sobretudo pela forma de abordagem do proble- ma. Com isso, faz-se necessário enfatizar que o mé- todo precisa estar apropriado ao tipo de estudo que se deseja realizar, mas é a natureza do problema ou seu nível de aprofundamento que, de fato, determina a escolha do método [...] (p. 70). c a p ít u lo 2 19 Isso equivale dizer que a escolha do método é fundamental para qualquer pesquisa a ser de- senvolvida. Por isso, é mister o conhecimento de cada um dos métodos supracitados a partir de sua caracterização. Os autores discorrem sobre o método quanti- tativo e declaram que [...] O método quantitativo, como o próprio nome indica, caracteriza-se pelo emprego da quantificação tanto nas modalidades de coleta de informações, quanto no tratamento delas por meio de técnicas estatísticas, desde as mais simples como percentual, média, desvio-padrão, às mais complexas, como coe- ficiente de correlação, análise de regressão etc (p. 70). Eles, ainda, afirmam que [...] o método quantitativo representa, em princípio, a intenção de garantir a precisão dos resultados, evi- tar distorções de análise e interpretação, possibilitan- do, conseqüentemente, uma margem de segurança quanto às inferências. Em outras palavras, a questão do quantitativo está subordinada ao tema da objetividade, ou seja, os instrumentos padronizados dão obje- tividade aos dados, eliminando qualquer pos- sibilidade de linguagem neutra, uma vez que a linguagem das variáveis expressaria generaliza- ções com precisão e objetividade. critériOS ciENtÍFicOS a SErEm cumPriDOS PELaS DuaS aBOrDaGENS mEtODOLÓGicaS Na ViSÃO DE ricHarDSON E DE SEuS cOLaBOraDOrES (1999) Confiabilidade – “Esse critério indica a capaci- dade que devem ter os instrumentos utilizados de produzir medições constantes quando apli- cados a um mesmo fenômeno” (p. 87). Existe a confiabilidade externa (quando outros pes- quisadores usam instrumentos semelhantes para observação de fatos idênticos) e a confia- bilidade interna (quando outros pesquisadores fazem as mesmas relações entre os conceitos e os dados coletados com instrumentos iguais). A manifestação da confiabilidade externa, no método qualitativo, se revela pelas informa- ções detalhadas, pormenorizando o concreto com o uso do gravador, caso seja permitido para registro de entrevistas e observações a se- rem analisadas em momento posterior. Isso é possível devido à proximidade entre pesquisa- dor e informante. Por outro lado, a manifestação da confiabilida- de externa, no método quantitativo, acontece por formulação de perguntas no questionário, de forma detalhada e clara, mantendo o sujei- to pesquisado no anonimato, para evitar dis- torção nas respostas. Validade – “Esse critério indica a capacidade de um instrumento produzir medições adequadas e precisas para chegar a conclusões corretas assim como a possibilidade de aplicar as desco- bertas a grupos semelhantes não incluídos em determinada pesquisa” (Idem). Outra classificação de abordagem para pesqui- sa científica seria mais voltada para as ques- tões teórico-metodológicas de cunho epis- temológico. Faz-se necessário identificar os pressupostos do pesquisador em relação ao ser humano, à sociedade e à visão de mundo, a fim de estabelecer a perspectiva epistemoló- gica a ser utilizada pelo pesquisador. Nesse sentido, será apresentada a descrição das principais correntes, abordagens alternati- vas, linhas de pensamento ou quadros de refe- rência, que diferenciam ou comparam o modo de pensar dos sujeitos e que têm marcado as pesquisas a partir do século XX: positivismo, estruturalismo, fenomenologia e materialismo dialético, tendo como respaldo teórico dessa discussão conteúdo da parte introdutória do livro de Minayo (2000), intitulado o desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde, do terceiro capítulo do livro pesquisa social: métodos e técnicas, de autoria de Richardson e de seus colaboradores (1999), do primeiro capítulo do texto Pesquisa educacional: quan- tidade-qualidade, de Santos Filho e Gamboa (2000), de parte do conteúdo do capítulo cin- co da obra A monografia na universidade, de Inácio Filho (2004) e de trechos do livro Pes- quisa em educação: abordagens qualitativas de Lüdke e André (1986). c a p ít u lo 2 20 POSitiViSmO A idéia de que todos os problemas das ciên- cias e da sociedade podiam ser solucionados, exclusivamente, por métodos empíricos atraiu os cientistas dos séculos XVIII e XIX pelos mé- todos da investigaçãoempírica. Desse modo, “as técnicas das ciências naturais deveriam ser aplicadas às ciências sociais” (RICHARDSON et al., 1999, p. 32). O positivismo foi fundado por Augusto Comte, embora não tenha nascido espontaneamente, no século XIX. Teve suas raízes no empiricismo, na Antigüidade, com bases concretas e siste- matizadas nos séculos XVI, XVII e XVIII, espe- cialmente com Bacon, Hobbes e Humme. “A filosofia positivista de Comte representa uma poderosa defesa da unidade de todas as ciências e da aceitação da abordagem científica na realidade social humana” (SANTOS FILHO e GAMBOA, 2000, p. 15 apud SMITH, 1983a). Minayo (2000), fazendo referência a Hughes (1983), argumenta que “a principal influência do positivismo nas ciências sociais foi a utili- zação dos termos de tipo matemático para a compreensão da realidade e a linguagem de variáveis para especificar atributos e qualida- des do objeto de investigação” (p.30). O surgimento da referida abordagem científica se deu no sucesso das ciências exatas e natu- rais, mostrando o poder da investigação expe- rimental, baseada no método indutivo. Este método “[parte de premissas dos fatos obser- vados para chegar a uma conclusão que con- tém informações sobre fatos ou situações não observadas]” (Richardson etal,1999, p. 36). Outro teórico que aborda o positivismo é Tri- viños (1987). As principais características sobre esta linha de pensamento são: a) Considerar a realidade como formada por partes isoladas, isto é, o mundo como um amontoado de coisas separadas, fixas. b) Aceitar a realidade como, apenas, fatos que possam ser observados, ou seja, fatos passíveis de serem conhecidos, realizados e observados. c) Estabelecer como se produzem as relações entre os fatos, isto é, descobrir as relações entre as coisas. d) Exprimir a realidade sem julgá-la e sem in- teresse, ou seja, levantar como bandeira verdadeira a neutralidade da ciência. e) Rejeitar o conhecimento metafísico, ou seja, negar a metafísica. f) Demonstrar a verdade pelo princípio de ve- rificação (verdadeiro é aquilo que é empiri- camente verificável, isto é, toda afirmação sobre o mundo deve ser confrontada com o dado), ou seja, demonstrar o conheci- mento científico limitando-se à experiência sensorial. g) Ter unidade metodológica para investiga- ção dos dados e reger tanto os fenômenos de natureza como os da sociedade por leis invariáveis. h) Quantificar os fatos sociais pelo emprego da variável, ou seja, medir as relações entre os fenômenos, testar hipóteses e estabele- cer generalizações através da variável, que devia ser operacionalizada, isto é, ter um significado específico, verificável, com a in- tenção de formular as teorias. i) Buscar uma linguagem única, de comum a toda ciência, a partir da idéia do fisicalis- mo, que consistia em traduzir todo postu- lado científico à linguagem da física, para expressar suas verdades e comprovar o que era científico. j) Determinar na existência de qualquer tipo de conhecimento elaborado a priori, reba- tendo a tese kantiana de que a consciência era capaz de conhecer antes e indepen- dente da experiência e aceitando como fi- dedigno o conhecimento a posteriori, ob- tido pela percepção sensorial. k) Distinguir valores e fatos. Os fatos eram objeto da ciência. Os valores eram, apenas, expressões culturais e não, “dados brutos”, portanto não se constituíam como conhe- cimento científico. c a p ít u lo 2 21 l) Reconhecer, apenas, dois tipos de co- nhecimentos verdadeiros, autênticos e legítimos, ou seja, científicos; o empírico (representado pelos achados das ciências naturais) e o lógico (constituído da lógica e da matemática). Após relacionarmos as principais caracterís- ticas do positivismo, vamos conhecer uma curiosidade sobre a limitação do positivismo? Conforme Triviños (1997), “é curioso que uma das principais limitações ao positivismo lógico tenha sido levantada por um dos que integra- vam, talvez de modo circunstancial, os coló- quios que se realizavam no Círculo de Viena: Karl Popper [...]” (p. 39). Conforme precisa Richardson e seus colabora- dores (1999), [...] Em termos das ciências sociais, porém, o posi- tivismo tem sido objeto de críticas fundamentais: 1. A concepção de ciência é idealista (império das idéias), a-histórica (o indivíduo não é um ser histó- rico) e empirista (preocupa-se fundamentalmente com as manifestações imediatas e concretas dos fe- nômenos). 2. Não é possível aplicar modelos das ciências exatas e da natureza aos fenômenos sociais. 3. Contenta-se com o estudo das aparências de um fe- nômeno, sem descer à essência. 4. Ao insistir no estudo das aparências de fatos ou da- dos isolados, esquece a relação que existe entre os elementos de um fenômeno e entre fenômenos. 5. Não se preocupa com os processos de conhecimen- to, interessam-lhe os resultados (p. 37). Apesar das críticas ao positivismo, não se pode negar a importância e a influência deste nas diversas ciências. EStruturaLiSmO O estruturalismo é oriundo do campo da Lin- güística com os trabalhos de Ferdinand Saus- sure. A lingüística estruturalista tem como princípios fundantes aplicáveis às ciências: • os fenômenos lingüísticos têm como base infra-estruturas inconscientes que devem ser pesquisadas e compreendidas; • o objeto da Lingüística não está constitu- ído dos termos que formam uma língua, senão pelas relações entre os termos (RI- CHARDSON et al, 1999, p. 39). Nesse sentido, “o estruturalismo considera como objeto do conhecimento o texto, que seria um sistema estruturado de signos e inde- pendente do seu autor [...]. Nesse privilégio do texto, afirma-se que este está acima e além do sujeito do texto” (INÁCIO FILHO, 2004, p. 110). Conjuntura e estrutura são categorias básicas do estruturalismo. A primeira vincula-se aos fatos singulares e desorganizados. A segunda é construída pelo pesquisador, é a organização dos fatos da primeira. Para melhor compreensão do estruturalismo, devemos fazer referência a dois conceitos fun- damentais: • modelo sincrônico (ocorre ao mesmo tem- po) ou modelo das simultaneidades – so- cial explica-se por um conjunto de estrutu- ras – concepção estruturalista. • modelo diacrônico (ocorre através do tem- po) ou modelo da sucessão temporal – so- cial explica-se por uma sucessão de acon- tecimentos – concepção historicista. Podemos considerar três tipos de estrutura- lismo: um estruturalismo fenomenológico (Merleau-Ponty), um estruturalismo genético (Piaget) e um estruturalismo de modelos (Lévi- -Strauss, que aplicou à Antropologia; Althus- ser, que aplicou à Sociologia; Bourdieu e Pas- seron, que aplicou à educação). O estruturalismo é mais complexo que o positi- vismo, porque, além da descrição, isto é, além de descrever, promove uma reconstrução para obtenção da explicação. “Ao descrever o obje- to, o pesquisador pretende organizar a conjun- tura, que é o ponto de partida, enquanto a es- trutura é o ponto de chegada da investigação” (INÁCIO FILHO, 2004, p. 110). O ser humano não pode viver sem uma repre- sentação do mundo, ou seja, sem uma repre- sentação ideológica, que se encontra na base do estruturalismo. c a p ít u lo 2 22 FENOmENOLOGia Algumas idéias básicas sobre esta abordagem com fundamentação em Triviños (1997) e Fer- reira (1998) 1. Edmund Husserl (1859-1938) foi consi- derado o formulador da fenomenologia, representando uma tendência endóge- na do idealismo filosófico e, no interior, deste, ao denominado idealismo subjeti- vo, que reconhece “o princípio espiritual, como primeiro, e a matéria como aspecto secundário” (TRIVIÑOS, 1987, p.19). In- fluenciou boa parte da filosofia do século XX, ou seja, na filosofia contemporânea, no tocante a quase todas as disciplinas das ciências sociais. 2. Correntes populares após segunada Guer- ra Mundial, como o existencialismo, se nutriram da fonte fenomenológica. Estu- diosos,como Heidegger, Sartre, Merleau- -Ponty, são representantes do existencialis- mo ateísta e Van Breda, Marcel e Jaspers cultivaram uma linha de crença em Deus, considerando, segundo o filósofo dina- marquês Kierkegaard (1813-55), o ser humano como “existência”, como um ser intimamente pessoal. 3. A compreensão do projeto fenomenológi- co de Hurssel pressupõe entendimento de sua concepção de consciência enquanto intencionalidade, isto é, a consciência não como uma substância, mas, como uma atividade construída a partir dos atos – percepção, especulação, vontade, paixão, dentre outros – a partir dos quais pretende alcançar um determinado fim. 4. A fenomenologia é o estudo das essên- cias dadas intuitivamente, mas também é uma filosofia que substitui as essências na existência. Para compreender o ser hu- mano e o mundo, a forma é partir de sua “facticidade”. Descreve, mas não explica nem analisa. Ela é oriunda de uma psi- cologia descritiva ”[...] Todo o universo da ciência é edificado sobre o mundo vivido e, se quisermos pensar na própria ciência com rigor, apreciar exatamente seu senti- do e seu alcance, convém despertarmos primeiramente esta experiência do mundo da qual ela é a expressão segunda” (TRI- VIÑOS, 1987, p. 43). 5. A análise dos conceitos fenomenológicos, nesta corrente, em nenhum momento, interessou-se em colocar em relevância a historicidade dos fenômenos. A busca da essência (o que o fenômeno é verdadeira- mente) carece de toda referência que não seja a de sua pureza como fenômeno. Esta dimensão a-histórica tem servido, muitas vezes, de ataques dos adversários da feno- menologia. 6. O isolamento do fenômeno, na corrente fenomenológica, é uma mostra muita cla- ra da conseqüência da segregação dos ele- mentos históricos e sociais amplos. 7. “A fenomenologia propõe um modelo de ciência social cujo objeto é o estudo das regras que segue a consciência para fazer com que as coisas pareçam reais [...] Os atores constroem a sociedade através de analogias e paralelismos e de uma varie- dade de técnicas, através das quais as coi- sas, separadas e desconhecidas, aparecem integradas e conhecidas [...]“ (FERREIRA, 1998, p. 52). Diante das idéias básicas expostas da Fenome- nologia expostas, pode-se, em síntese, refletir que ela representa “uma tendência filosófica que, entre outros méritos, parece-nos, tem o de haver questionado os conhecimentos do positivismo, elevando a importância do sujeito no processo de construção do conhecimento [...] (TRIVIÑOS, 1987, p. 48). Outra reflexão é que “os idealistas, subjetivos e objetivos, resolvem o problema da prioridade, afirmando que é o espírito, a idéia, o primeiro, e que o secundário é a matéria. Nesse sentido, os materialistas elevam a matéria a uma cate- goria de importância crucial, sendo o mundo objetivo aquele que originaria as idéias e os pensamentos. Dessa forma, vamos conhecer um pouco do materialismo”. c a p ít u lo 2 23 matEriaLiSmO DiaLéticO E matEriaLiSmO HiStÓricO O materialismo dialético traz como idéias fundantes: 1. Doutrina marxista fundada por Karl Marx (1818-1883), na década de 1840, que re- volucionou o pensamento filosófico. 2. Evolução do marxismo assinalou quatro fa- ses. A primeira, representada por Marx; a segunda, marcada pelo trabalho conjunto entre Marx e Engels; a terceira resume os contributos de Lênin e a quarta fase, co- nhecida como a contemporânea, apresen- ta várias tendências, principais a soviética e a chinesa. 3. Esclarecimento de temas com enfoques na prática da pesquisa educacional sem es- quecer algumas idéias com respeito à dia- lética, às categorias e às leis da dialética e sem fugir da característica do materialismo dialético e do materialismo histórico. 4. Compreensão do marxismo em três aspec- tos principais: o materialismo dialético, o materialismo histórico e a economia política. 5. Raízes da concepção do mundo de Marx unidas ao idealismo objetivo de Hegel (1770-1831), que acatava todos os fenô- menos da natureza e da sociedade bem como adotou várias idéias, por exemplo, do conceito de alienação e, de maneira essencial, da compreensão da realidade, desenvolvendo-as dentro da concepção materialista do mundo. 6. Fontes diretas reconhecidas do marxismo: idealismo clássico alemão, socialismo utó- pico e economia política inglesa. 7. Consideração da matéria como princípio primordial e o espírito como aspecto se- cundário. Consciência é um produto da matéria, permitindo ao mundo se refletir nela e assegurando a possibilidade de o homem conhecer o universo. A idéia ma- terialista do mundo é reconhecer que a realidade existe, independentemente da consciência. Em suma, tudo é desenvolvido, conforme a tríade dialética: tese (uma idéia, uma teoria), antítese (oposição à tese) e síntese (proposi- ção superior composta pela fusão da tese e da antítese). O quadro-síntese abaixo sobre abordagens metodológicas de pesquisa científica apresen- ta as principais características do positivismo, estruturalismo, fenomenologia e materialismo dialético, tendo como fonte Richardson e seus colaboradores (1999). CARACTERÍSTICA POSITIVISMO ESTRUTURALISMO FENOMENOLOGIA MATERIALISMO DIALÉTICO Visão de mundo Ordem do universo Leis naturais Ordem estrutural Fenômeno é examinado sob vários pontos de vista e criado pela consciência Tudo é matéria em movimento União dos contrários Visão do homem O indivíduo Importância sujeito Individualidade Não existe Existe estrutura Ser humano como “existên- cia”, como um ser intima- mente pessoal Homem Ser histórico e social Visão da sociedade Sistema social funcional Estrutura social Organização em um sistema de coordenadas do qual o indivíduo é o centro Classes antagônicas Visão da realidade Empirista A-histórica Subjetiva A-histórica Estruturada pela percepção e construída socialmente Objetiva Histórica Objetivo da pesquisa Testar teorias Procurar estrutura fenômenos Buscar a essência das coisas Procurar compreender a essência dos fenômenos Objeto de estudo Elementos Relações entre elementos Fenômeno em si mesmo, isto é, as coisas em si mesmas e não o que é dito sobre elas Elementos e relações entre eles Método científico Método induti- vo-dedutivo Método estruturalista Método fenomenológico Método dialético c a p ít u lo 2 24 aSPEctOS éticOS Da PESquiSa Um caminho possível para começar a aborda- gem acerca da ética é através da etimologia da palavra. Ela se origina do termo grego ethos, que significa, principalmente, uso, costume, hábito. A ética é a referência para princípios huma- nitários fundamentais comuns a todos os po- vos, nações, religiões etc. A ética não garante o progresso moral da humanidade, apesar de os seres humanos concordarem, de maneira tímida, entre si, sobre princípios, como igual- dade, liberdade, fraternidade, justiça, digni- dade da pessoa humana, cidadania plena, solidariedade, dentre outros. Existe a possibi- lidade para que esses princípios possam, vir a serem postos em prática, mas não se garante o seu cumprimento. As nações do mundo concordam com mui- tos desses princípios. A “Declaração Universal dos Direitos Humanos” pela ONU1 (1948) de- monstra o quanto a ética é fundamental e ne- cessária. Também não basta que as Constitui- ções dos países reproduzam esses princípios, como fez a Constituição Brasileira, em 1988. É necessário que cada cidadão e cidadã se apropriem e sejam convictos desses princípios como uma atitude prática diante da vida coti- diana, pautando por eles seu comportamento. Isso traz uma conseqüência inevitável: o exercí- cio pleno da cidadania fundamentado na ética entra em colisão com a moral vigente, uma vez que esta última vive sob pressão dos interesses econômicos e de mercado, ficando sujeita a freqüentes e graves degenerações. No Brasil, existem vários motivos para essa pre- ocupação com a ética, embora essa inquieta- ção não aconteça,apenas, no Brasil. O fato é que se assiste a uma degradação moral acele- rada, principalmente na política brasileira. E, na pesquisa, como se tem apresentado a ques- tão da ética? O tipo de desenvolvimento econômico vigen- te no Brasil gera situações práticas contrárias aos princípios éticos: consolida desigualdades crescentes, fortalece injustiças, corta laços de solidariedade, esquece direitos, deixa popula- ções inteiras em condições de vida indignas. Convive-se com situações escandalosas, como o enriquecimento ilícito de alguns, a impuni- dade de outros, a prosperidade de poucos. Afinal, o que falta é todos reagirem eticamen- te para fazer valer plenamente os direitos civis, políticos e sociais proclamados pela Constitui- ção do Brasil. No tocante à pesquisa, existem os Comitês Éti- cos de Pesquisa (CEP) dentro das Instituições de Educação Superior que têm tido dificulda- de de analisar pesquisas das áreas de Ciências Sociais e Humanas. Todos devem obedecer aos preceitos da Resolução nº 196/96. Outras questões éticas são ressaltadas por Lüdke e André (1986) na pesquisa. Dentre elas, estão as decorrentes: • da interação do pesquisador com os sujei- tos pesquisados (revelar a identidade do pesquisador no grupo pesquisado); • de invasão de privacidade dos sujeitos, quando o pesquisador não pede permissão; • de manipulação dos sujeitos, quando são usados sem autorização (esclarecer aos sujeitos pesquisados sobre objetivos da pesquisa); • da garantia de sigilo das informações (assegurar aos sujeitos pesquisados o anonimato). cONSiDEraÇõES FiNaiS No início deste capítulo 2, apresentamos a necessidade do futuro professor, que deverá ser um incansável pesquisador, posicionar-se, epistemologicamente, quanto a sua aborda- gem metodológica de pesquisa ou linha de pensamento ante o objeto a ser investigado bem como respeitar a ética nas pesquisas. 1Organização das Nações Unidas c a p ít u lo 2 25 Ao final do estudo deste capítulo, você deverá ter construído uma visão mais detalhada dos quadros referenciais, conhecidos, também, como linhas de pensamento ou abordagens al- ternativas da pesquisa científica. Fica esclareci- da a importância da escolha sobre abordagem epistemológica na qual se respaldará a pesqui- sa, que facilitará a construção de seu projeto de pesquisa, complementado pelos cuidados éticos que o pesquisador deverá ter, quando for desenvolver investigações científicas. Vamos consolidar os conhecimentos (re)cons- truídos antes de continuar os estudos? As questões e reflexões posteriores fazem re- tomar os temas/os conteúdos abordados neste capítulo. atiViDaDE 1 1. A classificação mais ampla difundida por Santos Filho e Gamboa (2000) sobre abor- dagem metodológica de “paradigmas quantitativos” (p. 8) e a abordagem me- todológica de “paradigmas qualitativos” (Idem) nos remetem a reflexões sobre al- ternativas de abordagem da pesquisa. Re- gistre, por escrito, agora, o resultado da sua reflexão, fazendo suas considerações sobre os dois paradigmas destacados. 2. Após suas considerações sobre as alterna- tivas de abordagem da pesquisa inseridas no texto, apresente seu comentário sobre a falsa dicotomia e o princípio do tercei- ro excluído, escrevendo-o de forma clara e objetiva, respaldando-se nos autores cita- dos ou em outros teóricos. 3. Caracterize as correntes epistemológicas destacadas neste capítulo. 4. O que é ética na pesquisa, para você, a partir das leituras realizadas neste material ou em outros textos? 5. Ao final deste estudo, teça um parecer so- bre a importância das diferentes aborda- gens alternativas da pesquisa científica e de seus aspectos éticos para a docência na área das Ciências Biológicas. rEFErêNciaS BUENO, Silveira. Dicionário da língua portu- guesa. São Paulo: Didática Paulista, 1999. FERREIRA, Rosilda Arruda. A pesquisa científica nas ciências sociais: caracterização e procedi- mentos. Recife: Universitária da UFPE, 1998. INÁCIO FILHO, Geraldo. A monografia na uni- versidade. 7. ed., Campinas-SP: Papirus, 2004. LÜDKE, Menga; ANDRÉ, Marli E. D. A. Pesqui- sa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986. MINAYO, Maria Cecília de Souza. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saú- de. 7. ed., São Paulo: Hucitec; Rio de Janeiro: Abrasco, 2000. RICHARDSON, Roberto Jarry e colaboradores. Pesquisa social: métodos e técnicas. 3. ed. Re- vista Ampliada. São Paulo: Atlas, 1999. SANTOS FILHO, José Camilo dos; GAMBOA, Sílvio Ancízar Sánchez (Orgs.). Pesquisa educa- cional: quantidade-qualidade. 3. ed., São Pau- lo: Cortez, 2000. (Coleção Questões da Nossa Época; v. 42). TRIVIÑOS, Augusto N. S. Introdução à pesqui- sa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1987. c a p ít u lo 3 27 Prática Vi aPrESENtaÇÃO O ensino-aprendizagem só tem validade quando está atrelado à aprendizagem dos estudantes. Nesse sentido, o caminho mais fértil é defender o ensino-aprendizagem indissociável com a pesquisa. O terceiro capítulo da Prática VI versará so- bre a construção dos temas na área das Ci- ências Biológicas atrelada à educação e ao ensino-aprendizagem, que ajudarão ao de- senvolvimento da prática docente no sen- tido de articular o ensino na produção do conhecimento da referida área, a partir da construção de temas no respectivo campo de conhecimento. Profa. Ms. Adelina Maria Salles Bizarro Carga Horária I 15H c a p ít u lo 3 29 OBJEtiVO GEraL Construir os temas para o projeto de pes- quisa na área das Ciências Biológicas. OBJEtiVOS ESPEcÍFicOS • Elaborar temas pertinentes à área das Ciências Biológicas no desenvolvimento de pesquisas; • Formular temas atuais e relevantes à área das Ciências Biológicas e relacio- nadas à educação, imbricados com os temas transversais trabalhados na edu- cação básica. iNtrODuÇÃO O estudante universitário, na trajetória de sua graduação, em especial, o licenciando, que se proponha à investigação científica, nos dias atuais, deve procurar temáticas in- teressantes que contribuam, fundamental- mente, levantando questionamentos sobre o cotidiano e os fatos que ocorrem no seu entorno, sensibilizando-o para a pesquisa. O que você pensa acerca dessa idéia? a cONStruÇÃO DE tEmaS Na árEa DaS ciêNciaS BiOLÓGicaS Profa. Ms. Adelina Maria Salles Bizarro Carga Horária I 15H c a p ít u lo 3 30 “[...] As aquisições do ser humano pertencem à humanidade [...]” (TRIVIÑOS,1987, p. 13). Nesse sentido, o pesquisador deve atrelar a apropriação de qualquer idéia à sua visão de mundo, de início, e, posteriormente, inserir essa visão a um quadro teórico específico, que servirá de respaldo para os estudos. Tal quadro irá nortear a escolha do tema, ajudando-o no planejamento da pesquisa, que será abordado com mais detalhamento, no próximo capítulo. Neste, tentaremos subsidiar a construção do tema voltado à área das Ciências Biológicas atrelada à educação e ao ensino-aprendizagem. O Curso de Licenciatura em Ciências Bioló- gicas, realizado a distância, forma, priorita- riamente, professores em Ciências Naturais e Biologia que podem atuar na docência do Ensino Fundamental (de 5ª a 8ª série ou 6º ao 9º ano) e Ensino Médio, respectivamente, e, desde que devidamente inscrito no CRBio - Conselho Regional de Biologia, estarão aptos a exercer outras atividades para as quais o biólo- go está habilitado ao seu exercício. Os licencia- dos, também, podem prosseguir sua formação acadêmica nos cursos de pós-graduação, lato e stricto sensu, tanto da área biológica quanto da educacional. imPOrtâNcia Da ViSÃO curricuLar PrOBLEmatiZaDOra NO ENSiNar E NO aPrENDEr A história da educação revela, desde os gre- gos até hoje, que existem diversas maneiras de aprender e, conseqüentemente, também exis- tem várias formas de ensinar. Algumas se consolidaram com a aceitação daprática docente unidirecional (transmissão de conhecimentos pela reprodução ou por cópias dos receptores, para memorização); outras mais atuais lançaram mão de recursos audiovisuais, debates, seminários, projetos de pesquisa. Nessa perspectiva, lembrar uma uma visão pa- norâmica de currículo é necessário, uma vez que a construção de temas envereda para o tipo de currículo vivenciado pela escola. No livro Currículo de ciências em debate, orga- nizado por Lopes e Macedo (2004), percebe-se a preocupação com a organização curricular em romper com a forma disciplinar, no capí- tulo 5, intitulado Os Roteiros em ação: mul- tiplicidade na produção de conhecimentos escolares, escrito por Amorim (2004), quando advoga que “[...] Há formas variadas de orga- nização disciplinar com as quais pode ser rom- pida a perspectiva de um ensino enciclopédico, passando a ser problematizador [...]” (p. 188). Tal idéia traz a possibilidade de se ensinar e aprender com situações problematizadoras, que nada mais é que uma organização curri- cular centrada na pesquisa. Portanto, os proje- tos de pesquisa devem ser explorados desde o início da escolarização. PrOJEtOS DE PESquiSa E cONStruÇÃO DOS tEmaS Os projetos de pesquisa, sendo uma das alter- nativas relevantes para subsidiar o processo de ensino-aprendizagem, devem se enquadrar em “situações concretas contextualizadas a fa- tos ligados à realidade vivida pelo aluno, para que sua aprendizagem se torne cada vez mais significativa [...]” (MARTINS, 2005, p. 31). Os projetos de pesquisa estimulam a motiva- ção do(a) estudante em aprender integralmen- te, porque se faz necessário “[...] trabalhar os conteúdos em projetos de pesquisa pelo mé- todo científico para que estes não fiquem iso- lados, mas sejam integrados a outros conheci- mentos” (Idem). Com base nessa perspectiva, pode-se afirmar que projeto, etimologicamente, vem “do latim projectu, ‘lançado para diante’” (NOGUEIRA, 2005, p. 30), que quer dizer arremessar, atirar para longe e, por extensão, delinear, planejar algo que se quer realizar. Em outras palavras, quando alguém tem a intenção ou toma a decisão de fazer alguma coisa, está elaborando, mentalmente, um pro- jeto. Essa proposta surge sempre de uma idéia, para alcançar determinada finalidade, que pode corresponder à deficiência de algo ou a situação-problema do assunto temático. Todo processo tem um tema. c a p ít u lo 3 31 Trata-se de ter um foco temático como objeto de conhecimento a ser trabalhado de forma investigativa para atingir um objetivo, isto é, “trata-se de atividades de aprendizagem pelo domínio do tema – seu objeto –, ou seja, da- quilo que se quer saber ou fazer, desenvolven- do ações de investigação e integrando diferen- tes áreas do saber” (MARTINS, 2005, p 31). Como alternativa, elas devem se enquadrar em “situações concretas contextualizadas a fatos ligados à realidade vivida pelo aluno, para que sua aprendizagem se torne cada vez mais sig- nificativa [...]” (Idem, p 31). Os projetos de pesquisa irão facilitar a vida pro- fissional dos professores de Ciências Biológicas bem como dos Biólogos, sendo estes referen- dados pelo Conselho Federal de Biologia (CFB), para que tenham competência legal e possam atuar nos seguintes campos de atuação: Ensino, extensão, divulgação, formação inicial e continuada; Pesquisa básica e aplicada; Es- tudos, inclusive de viabilidade, planejamento, projetos, análises, experimentações, ensaios e formulações; Assistência, assessoria, consul- toria, orientação, aconselhamento, recomen- dação e prescrição; Supervisão, organização e coordenação; Exames, vistorias, perícias, avaliações, arbitramentos, laudos e pareceres; Direção, gerenciamento, fiscalização; Manejo, conservação, erradicação, guarda e cataloga- ção; Provimento de cargos e funções técnicas. Ainda, nessa área, algumas das atividades de- vem acompanhar a Concessão de Termo de Responsabilidade Técnica (TRT) e Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) concedida pelo respectivo Conselho. Para maiores infor- mações, consulte o site www.cfbio.org.br. No tocante aos locais de atuação profissional do Professor de Ciências Naturais e/ou Biologia bem como o Biólogo, podemos apresentar: Instituições de Ensino Fundamental e Médio; Institutos de Pesquisa; Autônomos (Consul- torias, Perícias, Assessorias); Órgãos governa- mentais (Secretarias Estaduais e Municipais de Educação, de Saúde, de Agricultura, de Ciên- cia e Tecnologia, de Meio Ambiente e de Turis- mo ou similares); Empresas Públicas e Privadas; Indústrias (de Alimentos, de Bebidas, de Fertili- zantes, de Biocidas, de Laticínios, de Produtos Farmacêuticos); Hospitais; Laboratórios (Clíni- cos, Anátomo-Patológicos, Biotecnológicos, de Fertilização Humana etc.); Museus e Simi- lares; Jardins Zoológicos e Botânicos; Parques e Reservas Naturais; Estações Bio-Ecológicas e Áreas de Proteção Ambiental; Empresas de Turismo Ecológico; Imprensa (Assessoria Téc- nica para matérias científicas e de ambiente); Herbários; Biotérios; Criadouros (Minhocário, Sericicultura de animais silvestres, etc.); Esta- ções de cultivo (Piscicultura, Carcinocultura, Mitilicultura, Ostreicultura, etc.). Após alguns esclarecimentos, em relação aos encaminhamentos da profissão do docente com formação em Licenciatura em Ciências Biológicas e, até, o Biólogo, vamos continuar a focar este capítulo às sugestões para a constru- ção de possíveis temas coerentes à referida área. Desse modo, é relevante situarmos o que é tema. O que você pensa sobre isso? Na visão de Barros e Lehfeld (2005), “[...] o tema deve responder ao interesse do pesqui- sador bem como preocupar-se com a possibi- lidade de manejo de fontes de consulta biblio- gráfica” (p. 45). Isso equivale dizer que é fundamental, ao es- colher um tema, se ter a preocupação da dis- ponibilidade de literatura especializada, por- que a revisão bibliográfica se estende a todo o percurso da pesquisa. Nesse sentido, “[...] o tratamento de um tema de pesquisa impõe uma série de procedimen- tos para que sua delimitação seja facilitada e o seu tratamento, enquanto um objeto teó- rico (formal) e empírico seja viável. É preciso construí-lo, portanto, à luz de sua importância, originalidade e, principalmente, viabilidade” (Idem, p. 121). Outro ponto a abordar sobre o tema é que ele “[...] precisará ser inserido para não perder as articulações necessárias nas análises posterio- res [...], torna-se fundamental avaliar, até que ponto o tema já foi tratado e em que perspec- tivas [...]” (Idem, p. 127). c a p ít u lo 3 32 Ainda, “quanto à escolha do tema, pode-se ter como base algumas regras importantes. O tema deve responder ao interesse do pesquisa- dor bem como preocupar-se com a possibilida- de de manejo de fontes de consulta bibliográ- fica” (BARROS & LEHFELD, 2005, p. 45). Outro ponto importante é delimitar o quanto puder o tema, para que sua pesquisa seja ob- jetiva e conduza a respostas específicas. Deve- mos sempre pesquisar temas específicos. Por exemplo, caso você queira pesquisar o tema metodologia de ensino-aprendizagem, deve delimitá-lo a uma dimensão menor, tal como: A metodologia de ensino-aprendizagem dos professores de Biologia nas turmas do 3º ano do Ensino Médio. Nessa discussão, cabe uma reflexão sobre a “[...] diferenciação entre tema e temática de pesquisa. Tema é aquele escolhido pelo pes- quisador, isto é, não existem temas mais boni- tos e/ou melhores do que aquele definido por você, pesquisador. Ele é delimitado dentro de uma temática, a qual é mais geral e já abor- dada preliminarmente pelos estudiosos e, às vezes, pela sociedade, em geral” (p. 46). Nesse sentido, apresentaremos, aqui, alguns exemplos de temas amplos, para depois, num quadro posterior, destacarmos o tema mais delimitado. Mas, ressaltamos que o tema tem que ser uma inquietação de sua parte, uma preocupação que não sai de seu pensamen-to, uma pergunta, ainda, sem resposta e que seja de seu interesse. Os temas, a seguir, não devem ser copiados, devendo ser referenciais para sua elaboração. aLGumaS SuGEStõES DE tEmaS Para ELaBrOraÇÃO E DESENVOLVimENtO DE PrOJEtOS Na árEa DaS ciêNciaS BiOLÓGicaS Educação Ambiental, Educação Inclusiva, For- mação de Professores, Ética no Ensino, Infor- mática Educacional, Currículo, Ciência, Tec- nologia e Educação, Avaliação do Ensino de Ciências no Projeto X de Regularização do Flu- xo Escolar desenvolvido em escolas de X, Uso de recursos telemáticos no ensino de Biologia: formação e prática docente em escolas da rede pública estadual de X-PE, Formação docente em serviço: o papel do conhecimento prático na rejeição ou assimilação de novas teorias, Abordagens dos conteúdos de Botânica nos li- vros didáticos de Ciências, Formação Continua- da de professores em ações preventivas ao uso de drogas; Programa de Educação Continuada para professores de Biologia da região de X; Projeto Educar na diversidade; Universidade e o Ensino Médio e Fundamental: estreitando re- lações por meio de abordagens metodológicas na área das ciências naturais; Ciclo de Semi- nários em Ensino de Biologia; Uso prejudicial de animais no ensino superior; Efeito de extra- to arbóreo urbano na produção de cenoura; Causa “mortis” entre homens e mulheres de 18 a 30 anos em cascavel e outras região ; a importância da utilização de modelo didático do ciclo de vida do ascomycota para o ensino e a aprendizagem de botânica. O licenciado em Ciências Biológicas deverá articular sua formação científica com as suas funções no exercício do magistério; refletir, continuamente, sobre a relação da Biologia com a sociedade; organizar estratégias de en- sino baseadas na realidade sócio-cultural e nas capacidades de seus futuros alunos; estabe- lecer estratégias de controle e avaliação coe- rentes com os objetivos propostos e de acordo com a metodologia utilizada; ampliar constan- temente seus conhecimentos, a fim de exercer suas funções na docência como agente faci- litador e orientador da aprendizagem, além de desenvolver autonomia científica para uma produção continuada de novos conhecimen- tos frente às demandas dos avanços científicos e tecnológicos. Dentro da área educação e ensino, um tema oportuno é a avaliação sobre a condição dos la- boratórios de Biologia das escolas públicas per- nambucanas quanto aos materiais disponíveis. Eis, também, alguns temas pesquisados em sites de congressos que poderão ajudar nas escolhas de cada um de vocês. A opção foi mapear um panorama em áreas e respectivos títulos. Queremos lembrar, mais uma vez, que são, apenas, exemplos e não devem ser copia- dos, literalmente, pois o tema precisa ser um problema que inquieta você e não, uma xerox do tema de outra pessoa. c a p ít u lo 3 33 ÁREA TÍTULO Botânica Checklist das diatomáceas dulciaquícolas do oeste do estado do Paraná, Brasil Ecologia e Ambiente Avaliação da fauna do solo em diferentes sistemas de cultivo, milho orgânico e milho plan- tio direto Ecologia e Ambiente Perspectivas jurídicas de inserção da reserva legal em mata ciliar Educação e Ensino Unindo a criatividade e a reciclagem através de oficinas pedagógicas Educação e Ensino Avaliação da condição dos Laboratórios de Biologia dos colégios públicos paranaenses: quanto aos materiais existentes Educação e Ensino Existe interesse dos alunos por aulas práticas de Biologia? Educação e Ensino Freqüência da limpeza de caixas d’água em famílias de baixa renda Educação e Ensino Modelo didático de embriologia: fertilização e implantação Educação e Ensino Modelos didáticos: uma alternativa para o estudo de anatomia Educação e Ensino Perspectivas do processo ensino- aprendizagem em ciências: uma análise crítica do ensino em escolas do campo e urbanas Educação e Ensino Planejamento de aula: um instrumento para a ação docente Educação e Ensino Poluição da água influenciando a vida de uma comunidade carente Educação e Ensino O uso de analogias para o ensino de invertebrados no ensino fundamental Educação e Ensino Aquecimento global: as concepções dos acadêmicos de ciências biológicas de uma univer- sidade pública Educação e Ensino Uso (ou não) de animais vivos na pesquisa e na educação Educação e Ensino Reestruturação do laboratório de Ciências em um colégio da rede pública de Garanhuns-PE Fisiologia Diferentes dietas alimentares e suas relações com o desenvolvimento humano Fisiologia Efeito do aminoácido leucina sobre a secreção de insulina de ilhotas pancreáticas em ratos obesos Genética Análises preliminares da região promotora do gene dgat1 em caprinos leiteiros Microbiologia Análise microbiológica da água do rio Capibaribe em Recife-PE Microbiologia Análise microbiológica de xaropadas fitoterápicas produzidas no município de Lajedo-PE Microbiologia Fungos filamentosos degradadores de compostos fenólicos isolados de águas residuais de postos de combustíveis Paleontologia Morfologia dos braquídios do gênero Australospirifer sp. (Brachiopoda) do afloramento “égua perdida”, Jaguariaíva, Paraná, Brasil Parasitologia Ocorrência de giardíase em crianças de duas creches do município de Cascavel, Paraná, Brasil Zoologia Levantamento preliminar e aspectos ecológicos da anurofauna num trecho do lago de Itai- pu, em Santa Helena-PR Zoologia Taxa de predação a ninhos artificiais como indicador da capacidade da reserva legal do lago de Itaipu para manter uma fauna de vertebrados Educação Ambiental A Educação Ambiental como ferramenta na sensibilização de Alunos de 1ª Série em Santa Helena-PR Educação e Ciências A formação inicial e o projeto de trabalho com a utilização de plantas medicinais Educação e Ciências A Importância da utilização de modelo didático do ciclo de vida do ascomycota para o ensino e aprendizagem de botânica Educação e Ciências Alunos do EJA aprendem mitose com o uso de modelo didático Educação e Ciências Recursos didáticos no ensino do ciclo de vida do bicho-da-seda Educação e Ensino Tabuleiro Botânico - uma estratégia didática para o ensino de Botânica Educação e Ensino Concepções alternativas e ensino de Biologia: como utilizar estratégias diferenciadas na formação inicial de licenciados c a p ít u lo 3 34 Vamos consolidar os conhecimentos (re)cons- truídos, antes de darmos continuidade aos estudos? As questões e reflexões posteriores fazem re- tomar os temas/os conteúdos abordados neste capítulo. atiViDaDE 1 1. Como surge o tema para um projeto de pesquisa? 2. O texto apresenta a construção dos temas na área das Ciências Biológicas. Agora, com suas palavras, mostre que compreen- deu o assunto, dissertando sobre o que deve ser considerado para a construção do tema de um projeto de pesquisa. 3. Ao final deste estudo, qual o seu parecer sobre a importância da construção do tema para projeto de pesquisa na área das Ciências Biológicas? rEFErêNciaS AMORIM, Antonio Carlos Rodrigues de. Os Roteiros em ação: multiplicidade na produção de conhecimentos escolares. In: Lopes, Alice Casimiro e Macedo, Elizabeth (orgs). Currículo de ciências em debate. Campinas-SP: Papirus, 2004. (pp 153-192) BARROS, Aidil de Jesus Paes de & LEHFELD, Neide Aparecida de Souza. Projeto de pesqui- sa: propostas metodológicas. 16. ed., Petrópo- lis-RJ: Vozes, 2005. LAVILLE, Christian; DIONNE, Jean. A constru- ção do saber: manual de metodologia da pes- quisa em ciências humanas. Tradução de Heloí- sa Monteiro e Francisco Settineri. Porto Alegre: Artes Médicas; Belo Horizonte: UFMG, 1999. MARTINS, Jorge Santos. Projetos de pesquisa: estratégias de ensino e aprendizagem em sala de aula. Campinas-SP: Armazém do Ipê (Auto- res Associados), 2005. MINAYO, Maria Cecília de Souza (org). A pes- quisa social: teoria, método e criatividade. 20. ed., Petrópolis-RJ: Vozes, 2002. MINAYO, Maria Cecília de Souza. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saú- de. 7.
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