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Caso Concreto 3 - D. Internacional I

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Caso Concreto 3 
 
O litígio se dá entre Portugal e Índia. O primeiro Estado aparelhou perante a Corte 
Internacional de Justiça procedimento judicial internacional contra o Estado indiano, 
relativo a certos direitos de passagem pelo território deste último Estado de súditos 
portugueses (militares e civis), assim como de estrangeiros autorizados por Portugal 
com a intenção de dirigir-se a pontos encravados situados perto de Damão, para acesso 
aos encraves de Dadra e Nagar-Aveli. O Estado português alega que havia um costume 
[internacional] local que concedia um direito de passagem pelo território indiano a seus 
nacionais e às forças armadas até Dadra e Nagar-Aveli. A alegação de fundo é a de que 
o Estado indiano quer anexar estes dois territórios portugueses, ferindo seus direitos 
soberanos sobre eles. Os indianos sustentam que, segundo o Tratado de Pooma, 
realizado em 1779 entre Portugal e o governante de Maratha e posteriores decretos 
exarados por este governante, os direitos portugueses não consistiam na soberania sobre 
os mencionados encraves, para os quais o direito de passagem é agora reclamado, mas 
apenas num "imposto sobre o rendimento". 
Quando o Reino Unido se tornou soberano naquele território em lugar de Maratha, 
encontraram os portugueses ocupando as vilas e exercendo um governo exclusivo. Os 
britânicos aceitaram tal posição, não reclamando qualquer tipo de soberania, como 
sucessores de Maratha, mas não fizeram um reconhecimento expresso de tal situação ao 
Estado português. Tal soberania foi aceita de forma tácita e subseqüentemente 
reconhecida pelo Estado indiano, portanto as vilas Dadra e Nagar-Aveli foram tidas 
como territórios encravados portugueses, em território indiano. A petição portuguesa 
coloca a questão que o direito de passagem foi largamente utilizado durante a soberania 
britânica sobre o Estado indiano, o mesmo ocorrendo no período pós-britânico. Os 
indianos alegam que mercadorias, com exceção de armas e munições, passavam 
livremente entre o Porto de Damão (território português) e ditos encraves, e que 
exerceram seu soberano poder de regulamentação impedindo qualquer tipo de 
passagem, desde a derrubada do governo português em ditos encraves. (Pereira, L. C. R. 
Costume Internacional: Gênese do Direito Internacional. Rio de Janeiro: Renova, 2002, 
p. 347 a 349 – Texto adaptado). 
Diante da situação acima e dos dados apresentados, responda: 
 
1) De acordo com entendimento da Corte Internacional de Justiça, qual a fonte de 
direito internacional Público é aplicável a fim de dar solução ao litígio? 
R= A fonte aplicável ao litígio apresentado entre Portugal e Índia, seguindo 
entendimento da Corte Internacional de Justiça é o costume regional. 
2) Como ela é definida? 
R- O costume internacional se substancia por uma prática por uma parcela da 
sociedade internacional, reiterada no tempo e reconhecida como obrigatória. 
 
3) Qual o elemento que a torna norma jurídica? 
R- Elemento subjetivo (opinio juris), que a torna norma efetivamente. (Esse é o 
elemento mais importante). 
 
Parte II 
Analise o texto abaixo retirado do voto de A.A. Cançado Trindade, proferido na Corte 
Interamericana de Direito Humanos no caso da Comunidade Indígena Sawhoyamaxa 
versus Paraguay: “ 
...No universo do Direito Internacional dos Direitos Humanos, é o indivíduo quem alega 
ter seus direitos violados, quem alega sofrer os danos, quem tem que cumprir com o 
requisito do prévio esgotamento dos recursos internos, quem participa ativamente da 
eventual solução amistosa, e quem é o beneficiário (ele ou seus familiares) de eventuais 
reparações e indenizações. 
Em nosso sistema regional de proteção, o espectro da persistente denegação da 
capacidade processual do indivíduo peticionário ante a Corte Interamericana (....) 
emanou de considerações dogmáticas próprias de outra época histórica tendentes a 
evitar seu acesso direto à instância judicial internacional, - considerações estas que, em 
nossos dias, ao meu modo de ver, carecem de sustentação e sentido, ainda mais 
tratando-se de um tribunal internacional de direito humanos. 
(...). No presente domínio de proteção, todo jusinternacionalista, fiel às origens 
históricas de sua disciplina, saberá contribuir para o resgate da posição do ser humano 
como sujeito de direito das gentes dotado de personalidade e plena capacidade jurídicas 
internacionais". 
Responda a pergunta abaixo: No que se refere ao trecho do voto de Antônio Augusto 
Cançado Trindade, responda: 
Com base no conceito de sujeito de direito internacional e no de uma sociedade 
internacional aberta, como defende Celso Mello, discorra sobre a posição do ser 
humano como sujeito de Direitos, refletindo sobre sua personalidade e sobre sua 
capacidade para agir no plano internacional. 
R- Para Mello, aquela pessoa ou ente que “cuja conduta está prevista direta e 
efetivamente pelo direito das gentes como conteúdo de um direito ou de uma 
obrigação", é reconhecido como sujeito de direito. Para Rezek (2015, p. 187), 
“pessoas jurídicas de Direito Internacional público são os estados soberanos (aos 
quais se equiparam por razões singulares a Santa Sé) e as organizações 
internacionais”. Rezek não reconhece que indivíduos ou empresas sejam p esso as 
de Direito Internacional público. 
 
QUESTÃO OBEJTIVA 
Segundo o Art. 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça, são fontes do direito 
internacional as convenções internacionais, 
a. o costume, os atos unilaterais e a doutrina e a jurisprudência, de forma auxiliar. 
b. o costume internacional, os princípios gerais de direito, os atos unilaterais e as 
resoluções das organizações internacionais. 
c. o costume, princípios gerais de direito, atos unilaterais, resoluções das organizações 
internacionais, decisões judiciárias e a doutrina. 
 
R- d. o costume internacional, os princípios gerais de direito, as decisões 
judiciárias e a doutrina, de forma auxiliar, admitindo, ainda a possibilidade de a 
Corte decidir ex aequo et bono, se as partes concordarem.

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