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Resenha Crítica Direito Coletivo do Trabalho Estácio

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO E PROCESSO DO TRABALHO E DIREITO PREVIDENCIÁRIO
Resenha Crítica de Caso/Artigo
Gabriel Taborda Dorigoni
Trabalho da disciplina Direito e Processo Coletivo do Trabalho
Tutora: Profª Cláudia Abbass Correa Dias
Porto Alegre - RS
2020
SEM ACORDO, ÔNIBUS VOLTAM A PARAR NESTA TERÇA FEIRA
Referências: O. PÂMELA. Sem acordo, ônibus voltam a parar nesta terça feira. Disponível em <https://veja.abril.com.br/brasil/sem-acordo-onibus-voltam-a-parar-nesta-terca-feira/> Acesso em 03 de Abril de 2020.
De plano, destaca-se o objeto da presente análise, qual seja, notícia publicada de forma digital na rede mundial de computadores, ao final da tarde de segunda-feira, 12 de maio de 2014, por Pâmela Oliveira, do Rio de Janeiro. Não obstante tratar-se de matéria extremamente resumida, esta apresenta ótimo contexto e pontos para a elaboração de considerações.
Por oportuno, destaca-se que será utilizado o tempo verbal aplicado à matéria, mesmo que já tenha se passado, aproximadamente, 6 (seis) anos da sua publicação até a atualidade. Isso pois, seria de desnecessária complexidade, de difícil compreensão para o presente leitor, a excessiva alternância dos tempos verbais, quando o objetivo é esclarecer pontos e considerações sobre o assunto em tela.
Sem mais delongas, a autora Pâmela, em seu informativo, que a população do Rio de Janeiro irá enfrentar graves problemas relacionados ao transporte público da cidade, a partir das 0h de terça-feira, 13/05/2014. Tal fato decorre do anúncio feito por representantes de motoristas e cobradores atuantes no referido serviço, qual seja, a deflagração de greve de 48 (quarenta e oito) horas a partir de então.
Ademais, destaca-se que o Município em comento já havia passado por delicada situação, pois já ocorrera paralisação semelhante no dia 08 de maio, ou seja, meramente a semana anterior, o que fomenta ainda mais as dificuldades pertinentes. Curiosamente, sendo aqui o primeiro ponto relevante destacado pela autora, a paralisação anterior não fora organizada pelo sindicato da categoria envolvida, qual seja, o Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus do município do Rio - Sintraturb, mas à revelia desta, sem sua chancela.
Acontece que o Sindicato supracitado efetivamente negociou dissídio coletivo em nome dos trabalhadores, com resultados considerados aquém do esperado por uma parcela destes. Sendo assim, formou-se um grupo dissidente do Sintraturb, grupo este que conseguiu promover a paralisação dos motoristas e cobradores do município do Rio de Janeiro no dia 08 de maio de 2014, bem como é o responsável por organizar a nova paralisação de 48h, objeto de preocupação da autora do artigo e, evidentemente, da população que será afetada.
Insta salientar que, conforme se percebe, a movimentação, bem como a representatividade inerente ao novo grupo formado, tomou proporções grandes demais para ser meramente descartada. Desta forma, dito grupo conseguiu participar como “representante” da categoria em audiência para tratativas de acordo/dissídio coletivo, no âmbito do Tribunal do Trabalho da 1ª Região – TRT1.
No entanto, a supracitada audiência, presidida pela ilustre vice-presidente do TRT-RJ, desembargadora Maria das Graças Paranhos, terminou infrutífera. Isto pois, os representantes da Rio Ônibus, sindicato patronal pertinente, o qual engloba as empresas de transporte público do Município do Rio de Janeiro, sequer aceitaram negociar com a comissão formada, sustentando sua ilegitimidade para tanto.
Importante destacar que o sindicato da categoria obreira, o já apontado Sintraturb, estava ativo e efetivamente negociou um dissídio coletivo por seus representados, o que justifica o comportamento irredutível adotado pelo sindicato patronal. A título de esclarecimento, narra-se o interesse da comissão de dissidentes, termo adotado por mera questão prática, pleiteava reajuste salarial na ordem de 40% (quarenta por cento), bem como aumento no valor da cesta básica fornecida à categoria, para o montante total de R$ 400,00 (quatrocentos reais).
Diante do imbróglio narrado, com uma deflagração de greve de 48h iminente, o sindicato patronal, Rio Ônibus, impetrou demanda com pedido de dissídio coletivo de greve, em face do Sintraturb, sindicato obreiro. Tal pleito incluiu um pedido liminar contra o movimento dos rodoviários, provavelmente alegando a ilegalidade da greve, ponto infelizmente não abordado na matéria.
Por fim, tem-se a decisão proferida pelo nobre Desembargador Nelson Tomaz Braga, do TRT1, em caráter liminar, indeferindo o pedido realizado pelo sindicato patronal, pois o mesmo ajuizou a demanda contra o sindicato Sintraturb, o qual não compactuou com os dias de greve organizados, quiçá com a nova negociação em discussão. Desta forma, o nobre julgador, corretamente, entendeu que a comissão formada por dissidentes do Sintraturb não se confunde com o sindicato demandado, abrindo prazo de 5 (cinco) dias para que o mesmo apresente defesa.
Outrossim, a autora do artigo conclui, bem apontando o principal problema, além do sindicato obreiro ser contra a greve desde o início da questão, é que este sequer possui poder de mediação em face dos rodoviários favoráveis à paralisação. Ditos rodoviários seguem a nova comissão de dissidentes do Sintraturb, estando em total desacordo com o dissídio coletivo anteriormente firmado por este, bem como sua capacidade de representá-los.
Pontualmente, torna-se importante traçar algumas considerações acerca dos acontecimentos supracitados. Em um primeiro momento, constata-se um verdadeiro amadorismo jurídico pelo sindicato patronal, Rio Ônibus. Isso pois, se o grupo dissidente do sindicato da categoria obreira, com considerável apoio desta, de forma até mesmo violenta (ponto exposto ao final da notícia), obteve sucesso em ser reconhecido a ponto de participar de audiência de negociação no Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região, era óbvio que apegar-se à letra fria da lei, alegando não se tratar de grupo legitimado pra tanto, por existir um sindicato representante, claramente contestado, acabaria por configurar um verdadeiro “tiro pela culatra”.
Em um segundo momento, mesmo diante da tática adotada, de sequer reconhecer a legitimidade da comissão de negociação formada pelos dissidentes do Sintraturb, proceder no ajuizamento de demanda com pedido de dissídio coletivo de greve em face do próprio Sintraturb, é simplesmente inaceitável. O referido sindicato já havia negociado dissídio coletivo com o qual o sindicato patronal estava de acordo, bem como não tomou parte de qualquer paralisação, sendo de greve ou não. Assim, impetrar dita demanda contra o Sintraturb é de uma falha técnica enorme, pois certamente geraria ilegitimidade deste como representante dos trabalhadores da categoria insatisfeitos.
Não obstante, especificamente no que se refere à legitimidade da comissão formada pelos trabalhadores, à revelia do sindicato profissional pertinente, a mesma se revela latente, sendo imperioso seu reconhecimento. Para tanto, inicialmente, colaciona-se o conceito legal de greve, enquanto direito social alçado a garantia fundamental, extraído do art. 9º, caput, da Constituição Federal, in verbis:
“Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender.”
Percebe-se do trecho colacionado que, o direito de greve, maior e mais faticamente efetivo direito social relacionado aos trabalhadores de categorias diversas, garantido pela Carta Magna brasileira, não exige a existência de um sindicato. Este exige, tão somente, o intuito de defesa de interesses dos trabalhadores, concedendo-lhes a prerrogativa de exercê-lo.
Desta forma, de plano, é facilmente constatável a total legitimidade das paralisações anteriormente narradas, incluindo a greve de 48h, organizadas por comissão de representantes da categoria dissidentes do sindicato obreiro “oficial”. Tem-se aqui, a mais genuína prerrogativa de proteçãoaos interesses dos trabalhadores, adotada diante da contundente insatisfação da categoria em face do sindicato que deveria os representar adequadamente.
Neste ponto, chega-se à questão da existência do sindicato da categoria em questão, o qual já havia se posicionado e promovido dissídio coletivo acerca de reajustes e vantagens a serem pagas aos trabalhadores. Inclusive, esta é a principal questão, a qual gerou toda a revolta e esta peculiar situação abordada. Os trabalhadores representados, incluindo membros do próprio sindicato, conforme alhures exposto, basicamente não concordaram com dissídio firmado por seu próprio sindicato.
Desta forma, tem-se o rompimento com a questão fático-jurídica aplicável, uma vez que não existe razão para se reconhecer a legitimidade de um sindicato de categoria quando este não busca e defende os direitos dos seus representados a contento. Conforme anteriormente referido, quem possui o direito de greve, maior e mais efetivo direito social conferido aos trabalhadores, são os próprios, não havendo que se impedir tal questão através da não concordância do próprio sindicato. Seguindo nesta mesma toada, quem possui o direito inerente de defender seus interesses é o próprio trabalhador, caso o sindicato pertinente não logre assim proceder, cabe ao próprio titular do interesse de seus direitos buscar a solução.
Destaca-se, oportunamente, que existe regramento específico, transcrito na Constituição Pátria, acerca da necessidade de dos sindicatos estarem presentes em negociações coletivas de trabalho. Tal regramento encontra-se especificamente disposto no art. 8º, inciso IV, da CF, onde se lê:
“Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte:
[...]
VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho”
Tal ponto poderia colocar em cheque a legitimidade da comissão formada no caso em tela, ao buscar negociar com o sindicato patronal, como representante verdadeiramente “substituto” de categoria que já possuía um sindicato representativo. Acontece que, o artigo 8º, bem como seus incisos, em especial a obrigatoriedade de participação dos sindicatos em negociações coletivas de trabalho anteriormente abordada, busca proteger o trabalhador, estabelecer regras para que o mesmo não seja prejudicado e/ou usurpado por aqueles que literalmente controlam sua vida através de dinheiro, interesses e poder de barganha.
Como conclusão lógica dos termos postos, quem detém o poder de decidir e pleitear sobre o que é melhor para os trabalhadores, bem como faz jus à proteção constitucional garantida em face dos empregadores, são os próprios trabalhadores. Por óbvio, a partir do momento em que o sindicato representante da categoria não mais se faz reconhecido por esta, ante sua visível ineficácia na busca dos interesses coletivos cabíveis, tem-se claríssima desconsideração da sua efetiva representatividade.
Por conseguinte, sequer seria plausível argumentar a inconstitucionalidade ou ilegalidade da representação da comissão formada por dissidentes do sindicato e/ou demais trabalhadores da categoria, ao buscarem negociar suas relações de trabalho no âmbito coletivo, conforme ocorreu no presente caso. Em caso contrário, o princípio social da proteção ao trabalhador seria plenamente violado, utilizando-se da própria Carta Magna, algo plenamente errôneo, uma vez que tal princípio é o responsável pela letra fria da lei, devendo adequá-la ao caso concreto.
Por fim, mas não menos pertinente, tem-se o art. 4º, da Lei nº 7.763/89, a famosa “Lei de Greve”, onde, em seu § 2º, encontra-se a previsão legal para constituir-se uma comissão de negociação, muito semelhante à comissão envolvendo a notícia em análise. Dita comissão deve ser constituída através de uma assembléia geral dos trabalhadores interessados, quando inexiste a entidade sindical. Para melhor elucidar, colaciona-se dito regramento legal:
“Art. 4º Caberá à entidade sindical correspondente convocar, na forma do seu estatuto, assembléia geral que definirá as reivindicações da categoria e deliberará sobre a paralisação coletiva da prestação de serviços.
[...]
§ 2º Na falta de entidade sindical, a assembléia geral dos trabalhadores interessados deliberará para os fins previstos no "caput", constituindo comissão de negociação.”
Feitas tais considerações, conclui-se que o trabalhador é o verdadeiro titular dos seus próprios interesses, conforme lhe é conferido através de garantia fundamental, além de ter estes protegidos pela Carta Magna. Ainda, conclui-se que a obrigatoriedade de participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho decorre desta garantia e princípio, não sendo cabível sua aplicabilidade em desfavor do trabalhador.
Também, conclui-se que o não reconhecimento da representatividade de um sindicato por sua classe trabalhadora, em decorrência de incapacidade de buscar e defender os interesses dos trabalhadores, faz com que este seja praticamente inexistente, sem poderes de argumento ou barganha entre entidades patronais e os próprios trabalhadores. Tal situação, onde a insuficiência e incapacidade do sindicato o deslegitima, abre espaço para que sejam criadas novas formas de reivindicar interesses dos trabalhadores envolvidos, como a criação de comissão de negociação, nos moldes do art. 4º, § 2º, da Lei nº 7.763/89, aplicável mesmo que por analogia, respeitando os princípios e fundamentos alhures expostos.
A legitimidade do grupo de representantes dos trabalhadores, como uma comissão de negociação, bem como convocando greves, a exemplo do que faria o verdadeiro sindicato, é plenamente plausível e deve ser reconhecida. As negociações coletivas possuem regras, mas estas não podem ser utilizadas com o intuito de prejudicarem os trabalhadores, uma vez que possuem sua origem nas próprias garantias e princípios constitucionais a este conferidos.
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