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UMA PARCERIA ENTRE A SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DE SANTA CATARINA E O INSTITUTO AYRTON SENNA CIÊNCIAS DA NATUREZA EDUCAÇÃO INTEGRAL NO ENSINO MÉDIO 8 UMA PARCERIA ENTRE A SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DE SANTA CATARINA E O INSTITUTO AYRTON SENNA CIÊNCIAS DA NATUREZA EDUCAÇÃO INTEGRAL NO ENSINO MÉDIO 8 INSTITUTO AYRTON SENNA PRESIDENTE Viviane Senna DIRETORA DA ÁREA DE EDUCAÇÃO Ana Maia GERENTE EXECUTIVA Simone André GERENTES DE PROJETO Cynthia Sanches Helton Lima Maria Carolina Paseto Maria Cláudia Leme Lopes da Silva Rita Leite Carmona ANALISTA DE PROJETO Carolina Miranda ESTAGIÁRIO Vinícius de Souza SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DE SANTA CATARINA (SED) GOVERNADOR DO ESTADO João Raimundo Colombo VICE-GOVERNADOR DO ESTADO Eduardo Pinho Moreira SECRETÁRIO DE ESTADO DA EDUCAÇÃO Eduardo Deschamps SECRETÁRIA ADJUNTA DA EDUCAÇÃO Elza Marina da Silva Moretto EQUIPE DE ESPECIALISTAS: CONCEPÇÃO DE CONTEÚDO E ELABORAÇÃO DE TEXTOS ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS Conceição Cabrini Paulo Jorge Storace Rota (coordenação) Paulo Crispim Paulo Edson de Oliveira Pedro Ferreira ÁREA DE LINGUAGENS Cristina Meaney Eduardo Moura Isabel Filgueiras Maria Lívia de Castro Andrade Marisa Balthasar (coordenação) Shirley Goulart Jurado (coordenação) ÁREA DE CIÊNCIAS DA NATUREZA Ana Maria Souza Érika Carneiro Riqueza Heliete Meira Aragão Pedro Henrique Arruda Aragão Sônia Regina Giancoli Barreto Maria Ignez Diniz (coordenação) DIRETORA DE GESTÃO DA REDE ESTADUAL Marilene da Silva Pacheco DIRETOR DE POLÍTICAS E PLANEJAMENTO EDUCACIONAL Gilberto Luiz Agnolin DIRETOR DE GESTÃO DE PESSOAS Valdenir Kruger ÁREA DE MATEMÁTICA Kátia Stocco Smole (coordenação) Maria Ignez Diniz (coordenação) NÚCLEO ARTICULADOR Cynthia Sanches Paulo Emílio de Castro Andrade (coordenação) Samuel Andrade REDAÇÃO E EDIÇÃO DE TEXTOS Cynthia Sanches (coordenação) Juliana Leonel Karla Damiani Rafaela Lima Simone André Thaiane Rezende REVISÃO Ieda Lebensztayn EDITORAÇÃO AMI Comunicação & Design APOIO Instituto Natura DIRETOR DE ARTICULAÇÃO COM OS MUNICÍPIOS Osmar Matiola DIRETOR DE TECNOLOGIA E INOVAÇÃO Diego Calegari Feldhaus DIRETORA DE INFRAESTRUTURA Karen Lippi de Oliveira DIRETOR DE ADMINISTRAÇÃO E FINANÇAS Djalma de Souza Coutinho 7 apresentação Esta publicação, destinada à área de Ciências da Natureza, apresenta as concepções e práticas metodológicas da área tendo em vista o trabalho integrado entre seus três componentes – Biologia, Física e Química –, além dos fatores de integração com as demais áreas de conhecimento do currículo. As formulações que compõem este caderno foram organizadas a partir do conhecimento sistematizado pelo Instituto Ayrton Senna, das reflexões e práticas de professores e dos especialistas que participam da concepção desta iniciativa desde o início de sua implantação. Esta publicação não se configura como um guia ou uma receita. Nossa expectativa é provocar reflexões que articulem teorias e práticas, inspirando e apontando possíveis caminhos para que esta política de educação integral se concretize e possibilite a integra- ção curricular, contribuindo, assim, para uma aprendizagem mais significativa e dotada de sentido para os jovens. Boa leitura! PROPOSTA CURRICULAR INTEGRADA E FLEXÍVEL: Áreas de Conhecimento e Núcleo Articulador A INTEGRAÇÃO NAS AULAS A integração da área de Ciências da Natureza com outras áreas de conhecimento FATORES DE INTEGRAÇÃO CIÊNCIAS DA NATUREZA BIOLOGIA FÍSICA A OPA POR DENTRO QUÍMICA SUMÁRIO 10 12 14 30 39 48 70 88 106 44 ÁREAS DE CONHECIMENTO NÚCLEO ARTICULADOR A proposta curricular integrada e flexível é composta por dois macrocomponentes Avaliação na área de Ciências da Natureza PROPOSTA CURRICULAR INTEGRADA E FLEXÍVEL: Áreas de Conhecimento e Núcleo Articulador A INTEGRAÇÃO NAS AULAS A integração da área de Ciências da Natureza com outras áreas de conhecimento FATORES DE INTEGRAÇÃO CIÊNCIAS DA NATUREZA BIOLOGIA FÍSICA A OPA POR DENTRO QUÍMICA SUMÁRIO 10 12 14 30 39 48 70 88 106 44 ÁREAS DE CONHECIMENTO NÚCLEO ARTICULADOR A proposta curricular integrada e flexível é composta por dois macrocomponentes Avaliação na área de Ciências da Natureza 10 | VOLTAR AO SUMÁRIO PROPOSTA CURRICULAR INTEGRADA E FLEXÍVEL: ÁREAS DE CONHECIMENTO E NÚCLEO ARTICULADOR para apoiar a concretização desta proposta de educação integral para o ensino Médio, conferindo trataMento integrado e integrador aos projetos político-pe- dagógicos de diferentes escolas, propõe-se uMa estrutura curricular flexível, considerando a coexistência das diversas configurações escolares, Matrizes cur- riculares, contextos socioeconôMicos e trajetórias juvenis. assiM, o currículo se articula eM dois MacrocoMponentes: áreas de conheciMento e núcleo articulador. Aformação integral dos jovens deve considerar os desafios contemporâneos, num cenário de rápidas transformações e inúmeras contradições. Cenário que demanda o desenvolvimento de competências para compreender e enfrentar problemas de qualquer natureza, simples ou complexos, que na maioria dos casos dificilmente podem ser classificados como pertencentes a um único componente curricular. Afinal, o universo do trabalho ou o da participação social são naturalmente multidisciplinares ou transdisciplinares: necessitam de enfoques que vão além das disciplinas. A prática de olhar para os fatos e fenômenos sociais e naturais cultivando o pen- samento estritamente especializado afeta a compreensão do todo, pois é justamente a conjunção de saberes que permite o desenvolvimento de uma visão de mundo ampla, crítica e flexível a reformulações. Essa visão torna o aprendizado mais relevante para os estudantes e seus diferentes contextos de vida, uma vez que a integração reduz o caráter abstrato e estéril que os alunos atribuem a alguns conteúdos, quando trata- dos redutoramente sob o olhar exclusivo de um componente curricular. Por isso, um trabalho escolar que integre componentes a partir de áreas de conhecimento ajuda a superar a fragmentação dos conhecimentos. No entanto, sua efetivação é um desafio e requer investimento, de professores e gestores, na avaliação, discussão e ressigni- ficação das práticas escolares. Nesse sentido, na estrutura curricular desta proposta de educação integral, os componentes são organizados em Áreas de Conhecimento e Núcleo Articulador. As Áreas trabalham os conteúdos previstos nos documentos orientadores do currículo, se integram de diferentes modos, favorecendo aprendizagens significativas. Já o Núcleo 11 Articulador introduz na matriz curricular componentes inovadores que oferecem aos estudantes oportunidades educativas transformadoras, ligadas à construção de seus projetos de vida e à atuação em iniciativas protagonistas, em projetos de intervenção e de pesquisa, propícias à construção e/ou recontextualização de conhecimentos em projetos. Vale reforçar que ambos possuem o compromisso com o desenvolvimento das competências cognitivas e socioemocionais importantes para viver no século 21. Nas Áreas, como preveem os documentos orientadores do currículo, os componentes curriculares se integram de diferentes modos, favorecendo aprendizagens significativas. É voltado ao desenvolvimento de projetos pelos alunos, sempre orientados por professores. CURRÍCULO ESTRUTURADO ATRAVÉS DE DOIS MACROCOMPONENTES NÚCLEO ARTICULADOR ÁREAS DE CONHECIMENTO No macrocomponente Áreas de Conhecimento, os componentes, como se prevê nos documentos orientadores, não se diluem, mas são aproximados pelo que podem ter em comum quanto a objetos, abordagens e competências: incluindo Língua Portuguesa e Literatura, Arte, Educação Física e Língua Estrangeira Moderna LINGUAGENS MATEMÁTICA incluindo Biologia, Física e Química Matemática CIÊNCIAS DA NATUREZA incluindo História, Geografia, Sociologiae Filosofia CIÊNCIAS HUMANAS 12 A INTEGRAÇÃO NAS AULAS é nas aulas coM seus teMpos definidos e organizados que a escola se diferencia de outros espaços de vivência do estudante, coMo sendo aquele de acesso ao conheciMento socialMente vali- dado. nesta proposta curricular, as aulas cuMpreM, então, papel decisivo para que a integração aconteça de fato. A s aulas, cuidadosamente planejadas pelo professor, em diferentes componentes curriculares, tornam-se o espaço de concretização das metodologias de ensino que favorecem o desenvolvimento das competências cognitivas e socioemocionais – como a comunicação e a colaboração –, pelos alunos enquanto aprendem os con- teúdos específicos. Cada aula é um momento único de encontro, com um percurso bem definido pelo professor, para que o estudante saiba o que vai aprender e o que se espera dele naquele tempo determinado. Ao final da aula é importante que cada jovem saiba o que aprendeu, como aprendeu e se não o fez qual foi o motivo, responsabilizando-se também por avaliar a aula e sua participação. O trabalho de grupo ou em times é um recurso importante nas aulas e exige que os alunos sejam capazes de se expor, de respeitar e ouvir os outros. A abordagem colaborativa e problematizadora, nesse momento, deve garantir oportunidades de diálogo entre todos os participantes e favorecer a organização das aprendizagens, a explicitação das dúvidas, a convivência entre os diferentes. Na aula, que se caracteriza como espaço de compartilhar e construir conhecimento, há lugar para errar, tentar, voltar atrás, confrontar ideias, aprender por aproximações. Os professores trabalham para que haja um envolvimento consciente e assumido do estudante na realização das tarefas. A vivência de experiências de aprendizagem só ocorre com essa participação intensa. Daí a importância de se propor aos alunos situ- ações fora da rotina e com algum grau de complexidade, ajudando-os a desenvolver competências socioemocionais como a determinação, a resiliência e a responsabilidade. Com essa direção, cada aula e as sequentes vão construir um contexto com os sen- tidos do conteúdo e, também, com o desenvolvimento de habilidades e competências. 12 | VOLTAR AO SUMÁRIO 13 Juntos, eles preparam o jovem para a superação das dificuldades que eventualmente possam surgir, sempre orientados pela meta principal desta proposta, que é a autonomia. A integração nesta proposta curricular, ainda que contemple a aproximação dos componentes pelos conhecimentos específicos, tem como foco o trabalho colaborativo em todas as oportunida- des educativas, o desenvolvimento da autogestão dos alunos e a elaboração de seus projetos de vida, por meio de metodologias integradoras diferenciadas, que têm como meta levar o jovem ao desenvolvimento pleno dos potenciais expressos na Matriz de Competências para o Século 21. Integrar áreas e componentes tem ainda uma consequência muito importante: encoraja os professores ao trabalho coletivo e colaborativo. Ao compartilharem conteúdos, informações sobre seus interesses e talentos comuns, bem como sobre objetivos, temas, conceitos organizacionais do ensino em suas áreas, eles favorecem que os estudantes atuem juntos, e que eles próprios conquistem outro patamar de profissionalização e novas compe- tências profissionais como educadores. neste docuMento, a fiM de facilitar a coMunicação, chaMareMos de “aula” o conjunto de interações educativas, sejaM elas aulas, orientações de projetos, estudos orientados, atividades culturais ou esportivas etc. Nos cadernos desta coleção dedicados às Áreas de Conhecimento, os princípios concei- tuais e o modo de integração dos componentes são aprofundados. 14 FATORES DE INTEGRAÇÃO a integração dos coMponentes das áreas de conheciMento pode ser alcançada por uM conjunto de fatores, trabalhados conjuntaMente: Os fazeres em comum (métodos de pesquisa, procedimentos de análise de dados, formas de comunicação de resultados, entre outros). A construção da compreensão de fenômenos a partir de abordagens complementares. A promoção do aprendizado de tópicos comuns aos componentes curriculares, que se interconectam e se completam. O desenvolvimento intencional de competências cognitivas e socioemocionais. A concretização, nas aulas, dos princípios educativos e das metodologias integradoras comuns que colaboram para um fazer docente integrado. As concepções e processos de avaliação. As formas de pensar sobre os objetos de conhecimento de cada área. 14 | VOLTAR AO SUMÁRIO 15 INTEGRAÇÃO PELOS PRINCÍPIOS EDUCATIVOS E AS METODOLOGIAS INTEGRADORAS COMUNS Esta proposta de educação integral tem como um dos princípios essenciais a concep-ção de estudante como sujeito central no processo de aprendizagem, o que desafia a comunidade escolar a ver o jovem por trás do aluno e a dialogar efetivamente com a juventude múltipla que habita a escola – e não com imagens abstratas, idealizadas ou carregadas de estereótipos sobre a condição juvenil. Essa percepção singular de educação e de educando investe fortemente na partici- pação de cada jovem, permitindo a personalização de seu percurso formativo, a partir de seu modo particular de estar no mundo e de aprender. Nesse contexto, o papel de mediação do professor assume especial relevo. A perspectiva do protagonismo juvenil é integradora: toda a escola se agrega em torno dela. O currículo também se integra por meio da ação protagonista dos alunos na gestão de sua aprendizagem. O objetivo é que, em todo o itinerário formativo, os jovens tenham oportunidades de participação nas decisões e na condução de seu processo educativo, bem como de expressão de seus pontos de vista e de concretização de seus interesses. Reconhecendo a necessidade de possibilitar na escola experiências de construção do conhecimento variadas e abrangentes (individual, em duplas, em times, com o uso de tecnologias variadas e realizando projetos) que atendam aos diferentes ritmos de aprendizagem dos estudantes, a personalização do ensino e da aprendizagem emerge como um caminho que une criatividade, interação, interesse e participação protagonista, possibilitando que os jovens construam uma relação própria, pessoal e intransferível com o conhecimento. A personalização envolve: • Que a comunidade escolar possa olhar para os jovens estudantes tendo em vista tanto as singularidades quanto a diversidade nos modos de ser, de se relacionar, de aprender e de produzir dentro e fora da escola. • Que sejam considerados os aspectos socioemocionais dos jovens na aprendizagem (quem são, como se relacionam, quais são seus obje- tivos e sonhos; como participam das decisões, que caminhos escolhem na vida). • Que o professor estabeleça uma relação com os jovens marcada pela escuta e pelo diálogo e seja cultivada a atenção aos diferentes ritmos e estilos de aprendizagem dos estudantes. • Que o trabalho em times e as experimentações sejam estimulados e os erros sejam acolhidos, problematizados e se tornem disparadores de novas aprendizagens. • Que a sala de aula, por exemplo, possa ser um espaço em que diferentes times de estudantes se dedicam a realizar tarefas diversas, uti- lizando múltiplos recursos, ao mesmo tempo. Isso exige dos alunos maior engajamento e responsabilidade, pois não são simples “espectadores” das aulas. É importante que os jovens possam ter a oportunidade de aprender e de ensinar uns aos outros de modo colaborativo. 16 RECURSOS TECNOLÓGICOS: AS PLATAFORMAS DIGITAIS DE APRENDIZAGEM As maneiras como nos comunicamos mudaram com o avanço das tecnologias da informação e da comunicação (TIC’s). A virtualização das redes sociais possibilitou novas formas de ligação entre pessoas. Para Dillenbourg et all (2009), as tecnologias não são utilizadas apenas para complementar o ensino presencial. Elas proporcionam aprendi- zagem colaborativa eoferecem conteúdo, abrindo a possibilidade de mediação fora da sala de aula. O trabalho de casa, por exemplo, pode se transformar em uma sala de aula. Esse tipo de abordagem recebe o nome de flipped classroom (sala de aula invertida). Este modelo de organização retira o professor do centro da atenção no processo educativo. São formados pequenos grupos e o professor medeia a produção desses grupos, atuando como facilitador. Nessa configuração de sala de aula, permite-se que os estudantes manipulem materiais em seus locais de estudo, ampliando a ação sobre os materiais e conteúdo e, também, sobre o tempo didático e de mediação, num novo engajamento. Outra estratégia de utilização de sala de aula invertida é quando o professor indica aos estudantes o estudo antecipado de parte do conteúdo previsto (assistir a uma vídeoaula, ler um texto, pesquisar em sites etc.) para, durante o momento da aula, utilizar o tempo para a problematização dos conceitos estudados, esclarecimento de dúvidas e trabalho em grupo. • Que os estudantes sejam orientados a estruturar e implementar plano de estudos, para que aprendam a se organizar com tarefas e tempos. • Explorar e interagir nos vários espaços da escola, para além da sala de aula. E até mesmo atuar no entorno, na cidade. • Promover diariamente o desenvolvimento da autonomia dos estudantes (levando em conta os interesses pessoais nas escolhas sobre o que fazer ou como estudar) e da curiosidade em investigar e aprender. • Que a tecnologia possa ser uma aliada, permitindo recursos aos professores para diversificar suas estratégias (como as oferecidas pelas plataformas digitais de aprendizagem). 17 A observação e a escuta ativa do professor permitem o entendimento sobre como cada estudante aprende e o seu nível de compreensão dos conhecimentos e competências que fazem parte do currículo. É o professor quem, intencionalmente e durante as ativi- dades, realiza paradas estratégicas para a autoavaliação dos alunos sobre os aspectos metacognitivos envolvidos no processo de aprendizagem, ou seja, quando o próprio estudante passa a tomar consciência sobre o que sabe e o que não sabe, identificando como aprende e assumindo um papel ativo na autorregulação de suas aprendizagens. Dessa forma, professores e gestores escolares se integram na formulação e imple- mentação de estratégias de fomento à participação do jovem: na rotina da sala de aula. o professor busca instaurar uMa dinâMica participativa no cotidiano das aulas, assuMindo o papel de Mediador do conheciMento, pela via da probleMatização perManente e pela convocação ao aluno, a assuMir a postura de investigador, de sujeito da construção de saberes. na rotina escolar. a escola se coloca eM MoviMento, integrando o trabalho de toda a equipe eM prol do eMpreendiMento de processos abertos à participação juvenil. assiM, o dia a dia torna-se Mais dinâMico, possibilitando a construção de novos arranjos até MesMo para os teMpos e espaços escolares. 18 Mesmo que não tenha equipamentos modernos, a sala de aula pode ser um espaço de personalização do ensino e da aprendizagem, a partir de um bom planejamento, ancorado numa proposta pedagógica clara, explícita e organizada. Ela pode ser um ambiente dinâmico e aconchegante, que abrigue processos diversificados, com os estudantes agrupados de formas variadas – por exemplo, em semicírculos ou em pequenos times, de acordo com a intenção de cada atividade proposta. Vários grupos podem trabalhar simultaneamente em atividades, com níveis de dificuldade diferentes, sobre o mesmo conteúdo. SALA DE AULA DINÂMICA PERSONALIZAÇÃO EM TODO O CURRÍCULO A autoavaliação estimula o desenvolvimento do autoconhecimento e da autogestão, bem como a construção da autonomia dos estudantes. Outras estratégias de avaliação formativa e continuada se estabelecem pelo diálogo e pela corresponsabilidade, valorizando a trajetória de cada jovem. AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM Projetos desenvolvidos pelos estudantes e orientados por professores solucionam problemas do cotidiano, promovem a convivência e as trocas de conhecimentos e experiências. EDUCAÇÃO POR PROJETOS Esforços para a diversificação de espaços e recursos didáticos e tecnológicos devem ser articulados para que os alunos se sintam motivados, responsáveis, curiosos e engajados. A diversidade de espaços disponíveis para serem explorados é importante. Bibliotecas, laboratórios de informática, espaços ao ar livre, a comunidade e a cidade podem ser ambientes muito propícios à aprendizagem. A personalização acontece em tempos previstos na estrutura curricular – nas aulas dos componentes das Áreas de Conhecimento e nos componentes do Núcleo Articulador. Olhar intencional para o jovem, que considere sua inteireza, contemplando os aspectos socioemocionais e cognitivos. ESTUDANTE COMO ATOR CENTRAL Cada jovem tem uma história singular, traz referências culturais, experiências, demandas e anseios. A escola precisa estar aberta a essa diversidade e pluralidade, buscando sempre acolher e respeitar a todos, oferecendo condições adequadas de aprendizagem. ESCOLA COMO ESPAÇO DE COMPARTILHAMENTO, PRODUÇÃO DE SENTIDO E APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA É importante o diálogo entre membros da comunidade escolar, combinando olhares que se complementam – professores atentos às especificidades de cada estudante e gestão escolar sensível a demandas geradas para viabilizar a personalização. CULTURA ESCOLAR E RELAÇÕES POSITIVAS ESPAÇOS INTEGRADORES E RECURSOS VARIADOS Para personalizar o processo de ensino e aprendizagem, professores e demais sujeitos da escola precisam estar atentos a quem o aluno é: com quem e como ele estabelece relacionamentos, como define e persegue objetivos e sonhos, como participa das decisões e faz escolhas nos contextos em que convive e atua. É preciso, ainda, sensibilidade aos variados ritmos e estilos de aprendizagem, de modo a entender e trabalhar as facilidades e as dificuldades de cada estudante. CONHECER QUEM SÃO OS ESTUDANTES 19 Mesmo que não tenha equipamentos modernos, a sala de aula pode ser um espaço de personalização do ensino e da aprendizagem, a partir de um bom planejamento, ancorado numa proposta pedagógica clara, explícita e organizada. Ela pode ser um ambiente dinâmico e aconchegante, que abrigue processos diversificados, com os estudantes agrupados de formas variadas – por exemplo, em semicírculos ou em pequenos times, de acordo com a intenção de cada atividade proposta. Vários grupos podem trabalhar simultaneamente em atividades, com níveis de dificuldade diferentes, sobre o mesmo conteúdo. SALA DE AULA DINÂMICA PERSONALIZAÇÃO EM TODO O CURRÍCULO A autoavaliação estimula o desenvolvimento do autoconhecimento e da autogestão, bem como a construção da autonomia dos estudantes. Outras estratégias de avaliação formativa e continuada se estabelecem pelo diálogo e pela corresponsabilidade, valorizando a trajetória de cada jovem. AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM Projetos desenvolvidos pelos estudantes e orientados por professores solucionam problemas do cotidiano, promovem a convivência e as trocas de conhecimentos e experiências. EDUCAÇÃO POR PROJETOS Esforços para a diversificação de espaços e recursos didáticos e tecnológicos devem ser articulados para que os alunos se sintam motivados, responsáveis, curiosos e engajados. A diversidade de espaços disponíveis para serem explorados é importante. Bibliotecas, laboratórios de informática, espaços ao ar livre, a comunidade e a cidade podem ser ambientes muito propícios à aprendizagem. A personalização acontece em tempos previstos na estrutura curricular – nas aulas dos componentes das Áreas de Conhecimento e nos componentes do Núcleo Articulador. Olhar intencional para o jovem, que considere sua inteireza, contemplando os aspectos socioemocionais e cognitivos. ESTUDANTE COMO ATOR CENTRAL Cadajovem tem uma história singular, traz referências culturais, experiências, demandas e anseios. A escola precisa estar aberta a essa diversidade e pluralidade, buscando sempre acolher e respeitar a todos, oferecendo condições adequadas de aprendizagem. ESCOLA COMO ESPAÇO DE COMPARTILHAMENTO, PRODUÇÃO DE SENTIDO E APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA É importante o diálogo entre membros da comunidade escolar, combinando olhares que se complementam – professores atentos às especificidades de cada estudante e gestão escolar sensível a demandas geradas para viabilizar a personalização. CULTURA ESCOLAR E RELAÇÕES POSITIVAS ESPAÇOS INTEGRADORES E RECURSOS VARIADOS Para personalizar o processo de ensino e aprendizagem, professores e demais sujeitos da escola precisam estar atentos a quem o aluno é: com quem e como ele estabelece relacionamentos, como define e persegue objetivos e sonhos, como participa das decisões e faz escolhas nos contextos em que convive e atua. É preciso, ainda, sensibilidade aos variados ritmos e estilos de aprendizagem, de modo a entender e trabalhar as facilidades e as dificuldades de cada estudante. CONHECER QUEM SÃO OS ESTUDANTES 20 Outro elemento de integração é o uso de cinco metodologias comuns que traduzem e integram os princípios conceituais desta proposta educativa e orientam as práticas pedagógicas dos professores para uma abordagem coesa, estruturada, intencional, compromissada, colaborativa e problematizadora, alicerçando a promoção do protagonismo dos estudantes e o desenvolvimento das competências cognitivas e socioemocionais. São elas: presença pedagógica, aprendizagem colaborativa, problematização, formação de leitores e produtores de textos na perspectiva dos multiletramentos e educação por projetos. A prática integrada dessas metodologias contribui para o fortalecimento de uma comunidade de sentido e de prática na escola, dá unidade ao ensino e permite que os professores tenham caminhos intencionais e estruturados para nortear as aprendizagens específicas de seus conteúdos e o desenvolvimento das competências cognitivas e socioemocionais explicitadas na Matriz de Competências para o Século 21. Para conhecer mais sobre os princípios conceituais e as metodologias integradoras, consulte os cadernos Princípios de Educação Integral e Metodologias Integradoras desta coleção. Exigem dos estudantes um papel ativo. Exigem que os professores estabeleçam com os estudantes uma relação de confiança e de abertura para o erro. São aplicadas em situações colaborativas envolvendo o trabalho em equipe. São trabalhadas em situações de aprendizagem complexas – como os projetos –, envolvendo a necessidade de problematização. Exigem como base sequências de atividades estruturadas, intencionais e com a duração adequada para o desenvolvimento de competências cognitivas e socioemocionais. QUANDO PRATICADAS PARA DESENVOLVER COMPETÊNCIAS, AS METODOLOGIAS INTEGRADORAS REQUEREM CONDIÇÕES INDISSOCIÁVEIS: A presença pedagógica é o exercício de interação, abertura, confiança e compromisso com o estudante, fortalecendo o vínculo interpessoal e a mediação de conflitos e da aprendizagem. A educação por projetos possibilita que os jovens vivenciem concretamente a construção do conhecimento, experimentando, em times e com a orientação do professor, o desenvolvimento de projetos que conectam saberes e competências. A problematização convida o estudante a “aprender a aprender”. O professor lança desafios e questões para reflexão, faz boas perguntas e demanda que os jovens elaborem, de forma própria, o conhecimento. A formação de leitores e produtores de textos na perspectiva dos multiletramentos envolve o compromisso em ação de todos os componentes curriculares desenvolverem habilidades e capacidades de leitura e a produção textual dos estudantes, em diversos gêneros, linguagens e valores culturais. A aprendizagem colaborativa trata essencialmente da promoção do trabalho colaborativo entre os estudantes nas situações de aprendizagem e convívio, realizado em duplas, pequenos times e em outras situações de ação coletiva. 21 Para que o desenvolvimento de competências cogniti-vas e socioemocionais norteie e apoie a integração do currículo, foi formulada uma Matriz de Competências para o Século 21, desenvolvida pelo Instituto Ayrton Senna a partir de um conjunto de evidências de base científicas e daquelas oriundas do campo da práxis. O objetivo maior é ressignificar os propósitos da educação, favorecendo o desenvolvimento da autonomia dos jovens, entendida em seus âmbitos pessoal, intelectual, social e político, sendo que a Matriz de Competências para o Século 21 concretiza e norteia o conjunto de competências desejadas para o desenvolvimento intencional em aulas e projetos das Áreas de Conhecimento e do Núcleo Articulador. A Matriz é composta por oito macrocompetências basilares: autoconhecimento, responsabilidade, colaboração, comunicação, criatividade, pensamento crítico, resolução de problemas e abertura para o novo. Essas macrocompetências foram eleitas justamente por sintetizarem importantes aprendiza- dos a serem desenvolvidos, como a habilidade de traçar metas e ser persistente no alcance delas, de construir interações colaborativas, de ser capaz de valorizar e aprender com as diferenças e de crescer em situações adversas, para os jovens construírem sua autonomia para viver, interagir socialmente e trabalhar na contemporaneidade. ÁREAS DE CONHECIMENTO NÚCLEO ARTICULADOR MATRIZ DE COMPETÊNCIAS PARA O SÉCULO 21 INTEGRAÇÃO A PARTIR DO DESENVOLVIMENTO INTENCIONAL DE COMPETÊNCIAS COGNITIVAS E SOCIEOMOCIONAIS as orientações para planos de aulas (opas) propostas para o desenvolviMento do currículo enfatizaM e relacionaM o desenvolviMento das coMpetências expressas na Matriz coM os conteúdos previstos, de Modo intencional e explícito. 22 AUTOCONHECIMENTO Capacidade de usar o conhecimento de si, a estabilidade emocional e a habilidade de interagir nas tomadas de decisão, especialmente em situações de estresse, críticas ou provocações. COLABORAÇÃO Capacidade de atuar em sinergia e responsabilidade compartilhada, respeitando diferenças e decisões comuns, adaptando-se a situações sociais variadas. COMUNICAÇÃO CRIATIVIDADE Capacidade de fazer novas conexões a partir de conhecimentos prévios; de buscar soluções novas, gerenciando variáveis aparentemente desconexas; de dar saltos conceituais. ABERTURA PARA O NOVO Disposição para novas experiências estéticas, culturais e intelectuais; atitude curiosa, inventiva e questionadora em relação à vida. PENSAMENTO CRÍTICO Capacidade de analisar ideias e fatos em profundidade, investigando os elementos que os constituem e as conexões entre eles, utilizando conhecimentos prévios e formulando sínteses. RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS RESPONSABILIDADE Capacidade de agir de forma organizada, perseverante e eficiente na busca de objetivos, mesmo em situações adversas. Capacidade de compreender e se fazer compreender em situações diversas, respeitando os valores e atitudes dos envolvidos nas interações, utilizando criticamente as capacida- des de leitura e de produção textual. Capacidade de identificar problemas, desenvolver e lançar mão de conhecimentos e estratégias diversas para resolvê-los, bem como de aprender com o processo, aplicando as soluções em outros contextos. Macrocompetências voltadas à construção da autonomia AUTONOMIA Saber fazer escolhas e tomar decisões acerca de questões pessoais e coletivas, fundamentadas no autoconhecimento e no projeto de vida. não é novidade para os educadores a ideia de que estudantes Mais organizados, focados e confiantes aprendeM Mais, da MesMa Maneira que alunos Mais persistentes e resilientes tendeM a se coMproMeter coM objetivos de longo prazo e a lidar Melhor coM frustrações e conflitos. sabe-se, por exeMplo, que o ato de aprender osconteúdos curriculares não envolve apenas coMpetências ligadas à velocidade de raciocínio e à MeMória, Mas exige taMbéM Motivação e capacidade de controlar a ansiedade e as eMoções. a criatividade, por sua vez, envolve a capacidade de tecer novas conexões entre conheciMentos e requer boa dose de autoestiMa e confiança. por isso, a iMportância de que as situações de aprendizageM sejaM interativas e significativas, para que os estudantes possaM exercer essas coMpetências na relação coM os outros e coM o conheciMento. 23 Cada macrocompetência pode ser desdobrada em competências e habilidades. Esse detalhamento dos aprendizados implicados no desenvolvimento de cada macrocompetência instaura um entendimento compartilhado sobre elas. Isso é importante para que as práticas de ensino e de aprendizagem possam ser implementadas com maior intencionalidade e assertividade, além de tornar as práticas de avaliação formativa mais estruturadas, dialógicas e aptas a propiciar a tomada de consciência dos jovens sobre os aprendizados que articulam escola e vida. Dessa forma, cada macrocompetência diz respeito à: Essas macrocompetências constituem um forte fator de integração entre todos os componentes do currículo, cuja meta comum e essencial é proporcionar aos jovens oportunidades diferenciadas para se desenvolverem nas competências estabelecidas. • RELAÇÃO CONSIGO MESMO • RELAÇÃO COM O OUTRO • RELAÇÃO COM A LINGUAGEM • RELAÇÃO COM COMPROMISSOS, PROJETOS E TAREFAS • RELAÇÃO COM NOVAS EXPERIÊNCIAS E COM SITUAÇÕES DE INCERTEZAS E MUDANÇAS • RELAÇÃO COM SITUAÇÕES COMPLEXAS E A TOMADA DE DECISÃO • RELAÇÃO COM O CONHECIMENTO E FAZER CIENTÍFICO • RELAÇÃO COM A CRIAÇÃO O desenvolvimento das competências para o século 21, que articulam aspectos cognitivos e socioemocionais, requer condições indissociáveis: • Que os estudantes assumam um papel ativo, como protagonistas. • Que os professores estabeleçam com os estudantes uma relação de confiança e de abertura para o erro. • Que os professores, por meio de situações de aprendizagem complexas e desa- fiantes, pratiquem metodologias como a problematização e a aprendizagem colaborativa. • Que as sequências de atividades sejam estruturadas e tenham intencionalidade e duração adequada para o desenvolvimento de competências. • Que o currículo e a gestão escolar se consolidem a favor de um projeto de escola e de educação integral voltado para o desenvolvimento de competências. 24 AUTONOMIA COLA BOR AÇÃO Autoria Compreender e analisar Pesqu isar e aplic ar Rac iocí nio lógi co Av ali ar e g ere nc iar Va lo riz aç ão da d ife re nç a Cu rio sid ad e Ap re ci aç ão e st ét ic a Fl ex ib ili da de Responsabilidade Autogestão Determinação Uso da linguagem Expressão corporal Desenvoltura Argumentação Entusiasmo Trabalho em redes Lider ar e s er lid erado Pert enc ime ntoE mp ati a Metacognição Estabelecer conexões Investigação Experimentação Inovação Im aginação Insight Re si liê nc ia Au to pr op os iç ão Au to co nfi an ça Au to ac eit aç ão AU TO CO NH EC IM EN TO COMUNICAÇÃO RESO LUÇÃ O DE PRO BLEM AS AB ER TU RA P AR A O NO VO PENSAMENTO CRÍTICO CRIATIVIDADE PROJETOS E TAREFAS D E INCE RTEZ AS E MU DAN ÇAS E A T OM AD A DE D EC IS ÃO CO NH EC IM EN TO E F AZ ER C IE NT ÍF IC O A RELAÇÃO COM OS COMPROMISSOS, EXPER IÊNC IAS E SI TUA ÇÕE S A R EL AÇ ÃO C OM S IT UA ÇÕ ES C OM PL EX AS A R EL AÇ ÃO C OM O A RE LAÇ ÃO COM A CR IAÇÃO A RELAÇÃO CONSIGO MESMO A RELAÇÃO COM O OUTRO A RELAÇÃO COM A LINGUAGEM A RELA ÇÃO COM NO VAS Ac eit aç ão do ou tro Trabalho em equi pe RESPONSABILIDADE Para conhecer mais sobre competências cognitivas e socioemocionais e a Matriz de Competências para o Século 21, consulte o caderno Princípios de Educação Integral desta coleção. 25 INTEGRAÇÃO A PARTIR DA PROMOÇÃO DO APRENDIZADO DE TÓPICOS COMUNS AOS COMPONENTES CURRICULARES, QUE SE INTERCONECTAM E SE COMPLETAM Muitas propostas pedagógicas trazem uma visão insuficiente de integração curricular, ao desconsiderarem que ela pressupõe um projeto educativo de fundo, com concepções e metodologias comuns. Em vez disto, são escolhidos, sem qualquer relação com o projeto educativo, temas e atividades, a partir dos quais são artificializadas conexões entre os componentes, geralmente na forma de “projetos interdisciplinares” ou “projetos transdisciplinares”. Essas são tentativas simplistas de se estabelecer uma integração à organização do currículo, que por serem externas ao projeto educativo, acabam por penalizar os estudantes, esperando que eles atribuam relações inexistentes ou artificiais entre conhecimentos. Em propostas assim, que muito foram difundidas e ainda se fazem presentes nas práticas escolares, no afã de se estabelecer elementos para a integração curricular a qualquer custo, corre-se o risco de “forçar” a identificação de elementos comuns para promover as conexões entre os componentes. O resultado é uma integração arti- ficial. Muitas vezes, ao forçar uma integração por temas, por exemplo, o ensino do componente é prejudicado naquilo que tem de essencial: a visão, o pensamento e os conhecimentos necessários para o desenvolvimento de competências complexas ficam em segundo plano em relação ao tema ou projeto a ser desenvolvido. Como consequência, o estudante não consegue dar significado, não vê sentido nas atividades propostas. Ou seja, o efeito é contrário ao que se busca. Por isso, nesta proposta de educação integral, só é reali- zada a integração dos componentes em função de um tema ou projeto quando ela é pertinente; quando otimiza – e não sobre- carrega – os objetivos e processos de ensino e aprendizagem. Os alunos são incentivados a utilizar nos desafios propostos, conhecimentos que já construíram em outros componentes. Assim, por exemplo, quando refletem sobre relações entre corpo e padrões de beleza, e se posicionam por meio de uma campanha publicitária, vão se valer do que aprendem sobre os gêneros da publicidade em Língua Estrangeira Moderna ou Língua Portuguesa, além de conceitos e conhecimentos da Arte e das Ciências Humanas. segundo hargreaves (2002), observa-se que as unidades integradas de ensino se estruturaM eM torno da relevância do teMa e Menos pelo conteúdo disciplinar envolvido. uM teMa integrador se justifica coMo relevante se está vinculado a questões reais dos estudantes e pessoas, ideias e eventos que extrapolaM os liMites da sala de aula. essa relevância pode ser relacionada ao desenvolviMento das coMpetências (os conheciMentos para ser uM Médico ou uM engenheiro, ou analisar o iMpacto da publicidade sobre consuMidores), ao desenvolviMento pessoal ou relacional (sobrevivência eM situação extreMa ou de perigo, a dinâMica faMiliar), ou ainda a uM contexto social ou político (debater questões relativas à diversidade cultural de seu entorno ou às eleições locais). 26 INTEGRAÇÃO PELA CONSTRUÇÃO DA COMPREENSÃO DE FENÔMENOS A PARTIR DE ABORDAGENS COMPLEMENTARES As diferentes áreas do saber associam-se e complementam-se em rica multiplicidade de saberes e habilidades. Dentre elas, ressaltamos a compreensãode fenômenos em diferentes contextos, tanto naturais como também aqueles que envolvem questões sociais, de comunicação, tecnológicas, econômicas, ambientais, artísticas, esportivas etc. É comum ao citar a palavra “fenômeno”, de imediato, lembrarmos daqueles que ocorrem na natureza, tais como os batimentos cardíacos, os raios elétricos, o movi- mento das ondas, a luz do sol ou o percurso da lua, dentre infinidades de outros que poderiam ser citados. No entanto, detendo mais o pensamento no significado do termo, reconhecemos fenômenos na totalidade das áreas de conhecimento. Citamos alguns exemplos para clarificar essa afirmativa e, em seguida, explicitar as correlações entre diferentes conhecimentos para a compreensão de um fenômeno. São eles: a migração de povos devido a fatores econômicos ou ambientais; os usos das diferentes linguagens nas interações entre dois ou mais sujeitos, marcados pela diversidade e pelas variações no tempo e no espaço, as manifestações artísticas que se evidenciam a cada tempo, as variações da moda de vestimentas, a influência de estilos musicais no comportamento dos jovens, a intervenção das tecnologias no direcionamento da economia do mundo, o atual e intenso uso das tecnologias de comunicação, a “ola” que se manifesta nas arquibancadas de campos esportivos, dentre outra multiplicidade de exemplos que poderiam ser citados. Portanto, genericamente a expressão “fenômeno” é delegada a fatos naturais ou sociais com características comuns e semelhantes, que merecem ser estudados em suas causas, seus efeitos que possibilitem uma explicação, ou compreensão / apreensão de determinado fenômeno, baseadas em certas teorias ou para o qual é possível ao menos a formulação de uma hipótese que possa justificá-lo. Quando a escola assume o compromisso de uma formação integral e ampla para o jovem do século 21, não se pode descuidar dos conhecimentos e habilidades que permitam identificar fenômenos e buscar compreendê-los de forma ampla e plural, considerando diferentes abordagens. Assim, esta proposta curricular integrada e flexível toma a com- preensão de fenômenos como fator de integração, criando espaço de conversa entre as diferentes áreas, ou nos contextos em que a abordagem de um fenômeno é explorada ou acessando conhecimentos de outras áreas para ampliar explicações ou justificar suas causas ou efeitos. Dessa forma, o estudante é estimulado a reconhecer a multiplicidade de aspectos envolvidos em um fenômeno para construir seu entendimento. 27 INTEGRAÇÃO PELOS FAZERES EM COMUM (MÉTODOS DE PESQUISA, PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE DE DADOS, FORMAS DE COMUNICAÇÃO DE RESULTADOS, ENTRE OUTROS) As diferentes áreas do saber contribuem para o desenvolvimento dos estudantes não apenas por meio dos conteúdos e de conceitos específicos, mas também pelos seus métodos. A transposição para as práticas da sala de aula das singularidades de cada uma das áreas do conhecimento, de sua forma de pensar e seus fazeres na construção do conhecimento específico possibilita o desenvolvimento de competências e habilidades que propiciam ao jovem uma competente leitura de mundo para atuar de forma consciente e proativa na sociedade contemporânea. Na análise comparativa dos fazeres das diferentes áreas do conhecimento, é inte- ressante perceber que na pluralidade identificam-se procederes comuns que têm como base a investigação. No processo de investigar é possível identificar semelhanças nos procedimentos que evidenciam a integração. A primeira semelhança é estabelecida pela necessidade da curiosidade. A curiosidade é uma importante ferramenta para alavancar a aprendizagem. É ela que mobiliza o jovem na busca de conhecer ou experimentar algo que não se conhece. Essa é, portanto, uma importante tarefa do professor de todos os componentes curriculares: “despertar a curiosidade” do estudante. Outro fazer comum é identificado no levantamento bibliográfico de informações. Cada área do conhecimento tem métodos próprios de coleta e registro de dados para o estudo de um tema, fenômeno ou evento, para validar dados, reconhecer teorias, ampliar o conhecimento por contextos diferentes daquele investigado, dentre mui- tos outros objetivos que poderíamos enumerar. Sendo assim, de um modo geral, considerando todas as áreas do saber, os professores comumente irão se deparar, nos materiais desta proposta curricular, com orientações para o desenvolvimento de pesquisas bibliográficas. A esse fazer se somam as habilidades de leitura e intepre- tação de diferentes gêneros de textos, além das capacidades do saber fazer escolhas assertivas de bibliografias e seleção de informações condizentes aos objetivos do que se busca entender. Estas competências precisam ser valorizadas pelo profissional atento à formação ampla de seus estudantes. Uma terceira semelhança está no fato das áreas reconhecerem que seus conheci- mentos não se bastam sem estabelecer relações com outros conhecimentos. Assim, desempenha um papel importante nos fazeres das diferentes áreas estabelecer relações com outros conhecimentos, para que a análise de dados sobre o evento investigado tenha significado, sentido e relevância. Por fim, destacamos os registros ao longo do processo investigativo e a comu- nicação de resultados como outro fazer comum das áreas. O valor do registro se verifica pela retenção da memória do trabalho desenvolvido, da guarda de dados e informações essenciais para obter resultados e desenvolver análises confiáveis. A comunicação escrita ou falada envolve competências cognitivas e socioemocionais. A argumentação lógica e a capacidade de emitir julgamentos próprios, expressas na 28 fala e/ou na escrita, modeladas neste ou naquele gênero textual, afinado ao tipo de conhecimento a ser comunicado e ao contexto dessa comunicação, são ferramentas essenciais em um mundo globalizado. Outros procedimentos complementam esses quatro, no entanto, na essência, são eles que nos permitem ver as áreas trabalhando juntas, integradas na formação do jovem capaz de se posicionar de modo fundamentado frente aos desafios da apren- dizagem e da vida fora da escola. INTEGRAÇÃO A PARTIR DAS FORMAS DE PENSAR SOBRE OS OBJETOS DE CONHECIMENTO DE CADA ÁREA DE CONHECIMENTO INTEGRAÇÃO A PARTIR DA CONCEPÇÃO E DOS PROCESSOS DE AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM Esta proposta de integração parte da concepção de ciência como processo de conhecimento sócio--historicamente construído. O conhecimento científico é, portanto, resultante de um movimento do pensamento humano, de processos de construção de sentidos e compreensões sobre a realidade concreta e objetiva em que vivemos, levando em conta as marcas dessa realidade. Tão diversa como a realidade são as formas de pensar sobre ela. Cada uma das ciências possibilita um tipo de movimento do pensamento sobre essa realidade a ser compreendida, marcado por especificidades. Em outras palavras, a natureza do conhecimento é a mesma: implica sempre um processo de construção de compreensões sobre a realidade. Mas os modos de nos apropriarmos desse conhecimento podem ser diversos: por meio da experimentação, de processos criativos, de modelos explicativos, de ciclos men- tais (mais indutivos ou dedutivos) do pensar científico nas Ciências da Natureza e na Matemática, nas Linguagens, ou da investigação de documentos e do estudo do meio nas Ciências Humanas. Diante de um objeto de conhecimento (fenômenos físicos e/ou sociais), ser capaz de fazer uso ade- quado das diferentes formas de pensar esse objeto para compreendê-lo e apropriar-se dele, faz transcender o específico, sem perdê-lo, favorecendo um olhar e uma compreensão sobre esses objetos que abrange, de forma simultânea, suas partes e o todo, o que há de singular e de múltiplo. Um elemento-chave de integração é a criação de um projeto comum de avaliação da aprendizagem, em que os critérios e indicadores sejam acordadospelas equipes docente e discente, incluindo a autoavaliação por todos os envolvidos. Na construção de tal projeto, uma travessia se mostra fundamental: ressignificar, diversificar e apro- fundar os procedimentos avaliativos, muitas vezes reduzidos aos instrumentos prova, trabalho e nota. A avaliação, compreendida como uma prática educativa, é muito mais complexa do que a ideia de uma nota que mede o desempenho. Afinal, o que está em jogo não é a “assimilação de conteúdos”, mas a construção 29 da autonomia intelectual do jovem, por meio da investigação constante de sua relação com os conhecimentos e o seu próprio desenvolvimento no âmbito das competências cognitivas e socioemocionais. É preciso esclarecer que a nota, em si, não é o problema. Ela permanece sendo um parâmetro muito importante. O que se busca é a construção e a percepção da nota de forma contextualizada, considerando que a formação integral conjuga os aspectos cognitivos e socioemocionais do desenvolvimento dos jovens. Nessa perspectiva, faz-se essencial combinar o parâmetro “nota” com outros instrumentos e práticas, que permitam uma avaliação formativa, que possibilite um olhar mais amplo em relação ao desenvolvimento dos estudantes. Um bom caminho para a construção de um novo sentido para a avaliação é, ao invés de perseguir a régua, que traz a ideia de uma métrica, adotar a perspectiva da avaliação como uma bússola: o professor pode usar um conjunto diverso de instrumentos de avaliação, entendendo que tais instrumentos são um poderoso recurso para orientá-lo ao longo do percurso, são uma bússola que o auxilia a ver se está ou não na direção do projeto pedagógico da escola. Afinal, mesmo que o processo de avaliação envolva uma nota, ela não é o único fator que traduz a aprendizagem do jovem. Ela não é nem o ponto de partida, nem o ponto de chegada. O ponto de partida é fazer boas perguntas: Que efeito essa escola quer causar na vida do seu estudante? Que competências ele precisa desenvolver para construir sua autonomia para articular conhecimento e vida? Neste sentido, cada recurso é entendido como um meio utilizado pelo professor para analisar se está atuando e conseguindo resultados que estejam na direção do projeto pedagógico da escola. É, ainda, um instrumento para que os jovens se apropriem de seus percursos de aprendizagem, contribuindo para o autoconhecimento. Para que a avaliação seja cotidiana, processual e formativa, três ações são fundamentais: a coleta de dados, o diagnóstico e a intervenção. De início, é preciso delinear os objetivos e planejar o percurso formativo da turma. Os passos seguintes são estabelecer indica- dores e empreender, no cotidiano das aulas, processos avaliativos múltiplos, com o uso de instrumen- tos diversificados, de modo a contemplar as diversas singulari- dades dos jovens. Exemplo: observação das atividades e produções dos alunos (individualmente/em times), com registros (anotações) dos aspectos observados. De posse dos dados analisados, o professor e a escola intervêm nos processos de ensino e de aprendizagem, de modo a aprimorá-los. Exemplo: de acordo com o que foi verificado, decidir se avança com as atividades ou retoma algo, programar aulas para resolver dúvidas, propor planos de estudo complementares (individuais ou em times). Tratar os dados coletados, identificando os avanços, as necessidades e reconhecendo as lacunas na aprendizagem. Exemplo: retomar os registros das observações e, a partir deles, refletir se os alunos demonstram que atingiram as metas de ensino e aprendizagem previstas para a próxima etapa. COLETA DE DADOS DIAGNÓSTICO INTERVENÇÃO 1 2 3 30 Biologia, Física e Química são os componentes da área de Ciências da Natureza que têm como objetivo formativo comum o desenvolvimento do pensamento científico, com seus procedimentos e métodos. Como área, esses compo- nentes têm em comum o estudo dos fenômenos naturais e a forma investigativa de buscar entender a natureza. Aprender a observar padrões e regularidades, a modelar e a resolver problemas são algumas das habilidades que essa área tem em sua essência e metas para o desenvol- vimento dos jovens alunos do Ensino Médio. Cabe à área de Ciências da Natureza apresentar aos estu- dantes seus conceitos básicos (abordados de modo menos fragmentado) e construir com eles a compreensão e a possibilidade de utilizar as formas de pensar específicas das ciências na escola e na vida. PRINCÍPIOS EDUCATIVOS MODELO PEDAGÓGICO PRINCÍPIOS EDUCATIVOS CIÊNCIAS DA NATUREZA 30 | VOLTAR AO SUMÁRIO 31 NA TU RE ZA CIÊNCIAS DA 32 Um dos traços característicos dos componentes da área das Ciências da Natureza é o caráter histórico da construção dos conhecimentos científicos e tecnológicos, hoje ou no passado. Apesar de cada componente das Ciências da Natureza ter suas especificidades, a história das ciências é compreendida como um todo, tornando real o entendimento mais amplo da cultura, da política, da economia, no cenário maior da vida humana. Essa área do conhecimento tem uma característica interessante, isto é, tem uma forma de pensar, ou seja, realiza um conjunto de ações organizadas que utilizadas de modo sistemático é conhecido por “fazer ciência”. O “fazer ciência” se expressa pela análise e interpretação de fatos e ideias científicas, a coleta e organização de informações, o estabelecimento de relações entre conceitos e a formulação de perguntas e hipóteses, de modo investigativo, e o conjunto desses fazeres é denominado “método científico”. Além de cada componente apresentar aos alunos seus conceitos básicos, eles também se associam em diferentes momentos ao estudarem um mesmo fenômeno natural sob o foco específico de cada um deles. Assim, os conceitos são abordados de modo menos fragmentado, bem como permitem estabelecer objetivos e metas educacionais comuns para habilidades como a do pensamento lógico-dedutivo que se desenvolve por meio da resolução de problemas, da experimentação, da observação e da investigação. Esses componentes se interligam não apenas pelo caráter integrador que o conhe- cimento possui ou pelos tênues limites delineados pelas habilidades a serem desenvol- vidas por todos os componentes. E, mais especialmente, porque o educando é único e, como tal, é um ser que reflete, memoriza, relaciona informações e se posiciona frente ao que aprende. de todas as áreas de conheciMento, que coMpõeM esta proposta curricular, espe- raM-se contribuições que ultrapasseM conteúdos, conceitos e procediMentos, para alcançar o desenvolviMento de coMpetências e habilidades que perMitaM ao joveM ler, intervir e elaborar julgaMentos próprios frente às situações que cercaM as atividades huManas nos âMbitos da construção do cidadão e do profissional. 32 | VOLTAR AO SUMÁRIO 33 PRINCÍPIOS E PRESSUPOSTOS Algumas questões determinam escolhas sobre o que ensinar e como ensinar, de modo a garantir aos jovens aprendizagens de fato valiosas para suas vidas. É o caso de como o ser humano aprende. Para tal indagação uma contribuição importante evidencia que, para aprender, o cérebro utiliza algumas ações mentais denominadas ações cognitivas. A primeira das ações cognitivas é a observação, fruto da curiosidade natural do ser humano. Ela nos faz olhar para tudo o que nos cerca e essa investigação ingênua pelos sentidos nos leva a ter ideias, que é a segunda ação cognitiva e envolve nossos conhecimentos anteriores e nossa capacidade de relacionar o novo ao já aprendido. Em nosso cérebro, as ideias se transformam em modelos ou representações mentais do que é real, e são adaptados por nosso conhecimento e percepções. Somam-se a essas ações o analisar e sintetizar ou resumir, quando nosso cérebro investiga, separa em partes, para entender ou agir e resume aquilo que está tentando aprender em uma nova ideia, ação, nova representação. Finalmente, o cérebro memo- riza o que foi aprendidopara que esse conteúdo se torne conhecimento disponível. O processo de aprender, então, segue de perto o método científico de investigar e de validar conhecimentos, que é bastante conhecido por suas etapas sequenciais de observação, formulação de ideias, experimentação e construção de modelos expli- cativos, análise e síntese. Não basta observar ou formular hipóteses, ou ainda apenas analisar ou sintetizar. Para aprender, o cérebro humano precisa completar todo um conjunto de habilidades cognitivas, denominado de ciclo investigativo. A cada ciclo de aprendizagem são possíveis novas observações, e novos ciclos tornam o aprender mais completo, mais enredado, com mais recursos para aprender mais. Esse ciclo mental é um método de estudo conhecido como método científico (ver a respeito no próximo item). 34 O como se aprende justifica, portanto, a importância da forma de ensino para que os jovens de fato adquiram os conhecimentos e desenvolvam as competências e habilidades previstas pela escola. Nessa direção, o primeiro passo é criar situações de ensino que instiguem a abertura para o novo (em seu aspecto da curiosidade investigativa), que é uma das competências centrais na Matriz de Competências que concretiza esta proposta curricular. O segredo de uma situação instigante de ensino está em abandonar abordagens enciclopédicas e meramente técnicas, e desenvolver propostas de trabalho, conceitos e procedimentos específicos de cada componente por meio de bons problemas que inquietem os jovens, questões e fenômenos que façam sentido para eles, que os mobilizem para querer saber. Outro cuidado no ensino é permitir que os jovens pensem por si mesmos sobre o assunto que os mobilizou. Somente assim poderão formular hipóteses, relacionar o que querem saber com seus conhecimentos. É preciso experimentar, testar possibi- lidades, descartar o que de imediato parece improvável e fazer escolhas, para então se colocar em ação. Para que a aprendizagem de fato ocorra é central, então, o tipo de atividade que se propõe em aula. E são as atividades que desafiam o aluno a se envolver ativamente as que mais favorecem a aprendizagem. Estudos como os de Lima (2007) indicam que somente as situações que problema- tizam o conhecimento de modo específico levam à aprendizagem. Para a autora, não é qualquer proposta ou qualquer interação em sala de aula que promove a aprendizagem, mas especialmente as atividades problematizadoras. Em Ciências da Natureza, isso significa questionar a realidade formulando problemas e tratando de resolvê-los, utilizando para isso o pensamento lógico, a criatividade, a intuição, a capacidade de análise crítica, selecionando procedimentos e verificando sua adequação, pois um aluno será levado a construir conhecimento nesses campos somente se confrontando, regular e intensamente, com situações problematizadoras que mobilizem diversos tipos de recursos cognitivos. Como ingredientes desse processo, as tarefas e os problemas discutidos precisam apresentar um potencial que permita aos estudantes identificar regularidades, analisar dados, levantar hipóteses e checá-las, usar exemplos e contraexemplos. Em todos os sentidos, o que se busca é que os alunos exerçam maior e melhor controle sobre o seu fazer e seu pensar, adquirindo habilidades que os auxiliem a escolher ou optar por determinada estratégia, abandoná-la ou buscar outra que melhor se ajuste à situação e, ao final, avaliar o processo vivido. 35 O método científico – entendido como forma de as Ciências pro-duzirem conhecimento - é um conjunto de ações mentais que se expressa como uma metodologia para ensinar e aprender. Os componentes da área das Ciências da Natureza têm como característica uma forma investigativa de estudar fenômenos naturais específicos de cada um deles. Essa estratégia investigativa, da área das Ciências da Natureza, é a aplicação sistematizada das habilidades cognitivas do chamado “método científico” e essas habilidades são inerentes a várias ações cerebrais voltadas à sobrevivência da espécie e associada à aprendizagem, isto é, são habilidades que possibilitam a resolução de problemas, o estabelecimento de estratégias e a aprendi- zagem. Essas habilidades podem e devem ser ampliadas ou refinadas, tornando-se ainda mais úteis no sentido de desenvolver o pensamento reflexivo e analítico. Isso, por sua vez, faz do “método cientifico” uma importante estratégia a ser usada no ensino quando o objetivo é desenvolver o raciocínio lógico, o pensamento crítico dos alunos e a inovação ou a geração de conhecimentos próprios. As habilidades e competências cognitivas desenvolvidas resultam em um processo cíclico, com várias etapas, que visa à resolução de problemas. Esse processo é chamado de “ciclo investigativo”. Com base no ciclo investigativo partindo de questionamentos de preferência próprios, os alunos podem ser conduzidos a uma sequência de “fazeres” que também envolvem o pensar, que os induzam a planejar e executar procedimentos; a coletar evidências; a organizar, sistematizar e analisar informações e a con- cluírem, gerando modelos explicativos ou teorias próprias que possam ser confrontadas com aquelas já estabelecidas. O ciclo investigativo torna-se, assim, um ciclo de resolução de problemas, um ciclo mental e um ciclo de aprendizagem significativo. O FAZER DAS CIÊNCIAS DA NATUREZA: O MÉTODO CIENTÍFICO 36 CICLO INVESTIGATIVO NAS CIÊNCIAS DA NATUREZA UM BOM PROBLEMA INSTIGA A CURIOSIDADE CURIOSIDADE UM AMBIENTE PERMEADO PELA PROBLEMATIZAÇÃO GERA CONFIANÇA PARA QUE O JOVEM POSSA SE POSICIONAR E FORMULAR HIPÓTESES. QUANDO A HIPÓTESE É REJEITADA PELOS RESULTADOS É NECESSÁRIO REFAZER A HIPÓTESE E SE REINICIA UM NOVO CICLO MENTAL LEVA A NOTAR ALGO QUE CHAMA ATENÇÃO OBSERVAÇÃO CONCLUSÃO HIPÓTESE PESQUISA EXPERIMENTO OU MODELO ANÁLISE DE DADOS ? Assim, esses componentes têm em comum, a natureza investigativa, a obser- vação de padrões e regularidades, a modelagem e a resolução de problemas. Sem mencionar o compartilhamento de linguagens para a representação e sistematização do conhecimento de fenômenos naturais. 37 • A capacidade de identificar e compreender o papel que as dife- rentes Ciências da Natureza desempenham no mundo, usando os conhecimentos específicos para fazer julgamentos bem funda- mentados e como esses aprendizados atendem as necessidades de vida do indivíduo e promovem sua atuação no contexto sociocultural em que vive. • O uso do conhecimento científico para identificar perguntas, adquirir novos conhecimentos, explicar os fenômenos naturais, buscar e explicitar conclusões sobre as questões relacionadas a problemas diversos fundamentando-as em evidências e suposições. • A compreensão das características das Ciências da Natureza como uma forma de conhecimento humano e de formação, e a conscientização de como as ciências e a tecnologia moldam nosso entorno material, intelectual e cultural. • O desejo e a vontade de se envolver em produções, pesquisas e carreiras profissionais relacionadas às Ciências da Natureza, pro- pondo formas de análise e intervenção na sociedade em que vive. As expectativas de aprendizagem envolvem tanto os conceitos, habilidades e procedimentos em cada um dos componentes da área, a partir de expectativas claras de aprendizagem acadêmica, quanto ao que se pretende para além de uma lista de conhecimentos específicos. Atualmente, algumas capacidades que são esperadas dos estudantes do Ensino Médio dizem respeito à área das Ciências da Natureza. Dentre elas, destacamos: EXPECTATIVAS DE APRENDIZAGEM DA ÁREA DE CIÊNCIAS DA NATUREZA 38 CONCEITOS AMPLIADOS Nossa proposta de educação plena, ou integral, exige que os conceitos para a aprendizagem, de acordo com os pressupostos das áreas de conhecimento, sejam ampliados nos seguintes sentidos: QUANTO À COMPLEXIDADE Mais do que identificar ou descreverum fato ou conceito, é preciso que o jovem, para aprender, seja capaz de relacionar, comparar, analisar e outras tantas habilidades de reflexão e de conexão entre saberes diversos. Um exemplo é a expectativa de aprendizagem estabelecida pela Física ao final do 1º ano do Ensino Médio: “Reconhecer e aplicar a invariância da energia e da quantidade de movimento, para fazer análises, previsões e avaliações de processos de colisão, interpretando causas e consequências em situações cotidianas”. Esse objetivo envolve muitas competências, destacando-se as mais complexas: análise, previsão e avaliação, a partir de uma teoria. Além dos conteúdos estabelecidos, há a preocupação com o desenvolvimento da competência mais central desta proposta que é a de leitura. QUANTO À ABRANGÊNCIA Situação em que vários componentes tratam da mesma ideia, a exemplo do que ocorre com o conceito de ciclo. Esse conceito ganha maior abrangência na medida em que cada uma das ciências – Biologia, Química e Física – discute os ciclos da vida, dos elementos químicos como o carbono e dos movimentos dos corpos celestes. QUANTO À INTEGRAÇÃO Aqui o currículo se amplia pela função articuladora dos projetos desen- volvidos no Núcleo Articulador, espaço em que todos os componentes podem estabelecer um “objeto novo” ou “objeto comum” em torno do qual serão necessários conceitos e procedimentos que sequer constam dos currículos oficiais. As relações entre áreas de conhecimento são relevantes e desejáveis como parte do ensino, mas não basta uma abordagem pedagógica integrada para o aluno se apropriar dos conceitos de cada área. É preciso considerar as especificidades dos componentes. VOLTAR AO SUMÁRIO | 39 Cada uma das áreas tem seu próprio conteúdo e modo de conduzir o raciocínio, mas as ações educacionais escolhidas por esta proposta de educação integral seguem caminhos que se cruzam principalmente no modo de se pensar a escola de hoje, construída para formar o adulto de amanhã. A INTEGRAÇÃO DA ÁREA DE CIÊNCIAS DA NATUREZA COM OUTRAS ÁREAS DE CONHECIMENTO eM uM currículo integrado, as áreas de conheciMento favoreceM coMpetências coMuns, Mas taMbéM coMpetências Mais específicas, dadas as particularidades dos coMponentes que as inte- graM. o esperado é que no trabalho conjunto, os coMponentes de uMa área se beneficieM do que é desenvolvido nos outros, seM que isso se configure eM siMplificação ou deturpação de seus objetos e abordagens. Então, a Biologia, a Física e a Química se integram com as demais áreas do saber não só pelas metodologias integradoras comuns e desenvolvimento de competências cognitivas e socioemocionais, mas também por suas metas que expressam o jovem que queremos formar, levando em conta que o educando é único e, como tal, é um ser que reflete, memoriza, relaciona informações e se posiciona frente ao que aprende. O conhecimento sobre o sentido da investigação científica, dos seus procedimentos e dos métodos, é algo que se desenvolve nos componentes da área de Ciências da Natureza, manifestando-se, por exemplo, na realização de medidas, na elaboração de escalas, na construção de modelos representativos e explicativos, todos essenciais para a compreensão de leis naturais e de sínteses teóricas. Não são também tarefas desta ou daquela ciência a distinção entre modelo e realidade, interpretação de fenômenos, o domínio dos conceitos de interação e de função, de transformação e conservação, de 40 evolução e identidade, de unidade e diversidade, de equivalência e complementaridade. Estes são instrumentos gerais desenvolvidos em todo o aprendizado científico, desde os anos iniciais da escolaridade. Vale o mesmo para o contexto em que se desenvolvem e se aplicam os conhecimentos científicos e tecnológicos, hoje ou no passado, pois o caráter histórico da construção desses conhecimentos é também um de seus traços gerais. Pode haver certas especifi- cidades, mas que não impedem que a história das ciências seja compreendida como um todo, tornando real a compreensão mais ampla da cultura, da política, da economia, no cenário maior da vida humana. Por tudo isso, a análise e interpretação de fatos e ideias científicas, a coleta e organização de informações, o estabeleci- mento de relações entre conceitos e a formulação de perguntas e hipóteses devem ser vistas como uma responsabilidade de todos os componentes da área das Ciências da Natureza. Esses componentes têm em comum, ainda, a natureza inves- tigativa, a observação de padrões e regularidades, a modelagem e a resolução de problemas. Sem mencionar o compartilhamento de linguagens para a representação e sistematização do conhe- cimento de fenômenos. Assim, como conjunto disciplinar, cabe aos componentes da área de Ciências da Natureza apresentar aos alunos seus conceitos básicos e construir com eles a compreensão e a possibilidade de utilizar as formas de pensar específicas das ciências. E, sendo partes da mesma área, esses conceitos podem ser abordados de modo menos fragmentado, bem como permitem estabelecer objetivos e metas educacionais comuns para habilidades como a do pensamento, a exemplo da resolução de problemas, expe- rimentação, observação e investigação. Essa articulação é extremamente positiva à aprendizagem, pois permite a construção de análises com focos diversos que ampliam o grau de associação de ideias e conceitos, possibilitando a transformação do conhecimento. Em especial, essa associação também ocorre entre a Biologia, a Física e Química com a Matemática, pois os subsídios matemá- ticos possibilitam a construção de modelos abstratos, necessários para diversas análises e previsões dos fenômenos biológicos, físicos e químicos. A integração e articulação das Ciências da Natureza e da Matemática também propiciam o desenvolvimento do raciocínio lógico-dedutivo próprio do pensar da área das Ciências da Natureza. Desta feita, é fundamental que o educador planeje suas ações junto com os edu- cadores dos componentes da área das Ciências da Natureza e/ou de outras áreas, para que esses planejamentos se constituam em importantes mapas orientadores das ações em sala de aula, culminando na aprendizagem almejada. MateMática e ciências da natureza se integraM, por exeMplo, na Meta coMuM de desenvolver o pensaMento científico. o segundo fator de integração entre essas áreas diz respeito ao caráter tecnológico e prático das investigações atuais. é iMportante destacar que a coMpleMentaridade disciplinar não coloca a MateMática apenas coMo linguageM de apoio às ciências da natureza. o conheciMento sobre o sentido da investigação científica, dos seus procediMentos e dos Métodos, que se desenvolveM nos coMponentes de biologia, física e quíMica, e que se ManifestaM, por exeMplo, na realização de Medidas, na elaboração de escalas, na construção de Modelos representativos e explicativos, todos essenciais para a coMpreensão de leis naturais e de sínteses teóricas fundaMentaM-se eM conceitos da MateMática e possibilitaM aos estudantes o desenvolviMento da capacidade de fazer análises e predição das relações entre grandezas e conceitos, assiM coMo descrever Modelos científicos. 41 A metodologia de ensino das ciências Física, Química e Biologia também se estabelece como um fator de integração da Área de Ciências da Natureza. Compartilhando das metodologias integradoras com os demais componentes curriculares do Ensino Médio, considera- -se que as três ciências apresentam uma identidade própria que tem como base o pensar e o fazer científico que sinalizam para formas de se conduzir o processo de ensino e aprendizagem. De fato, conforme já evidenciado neste caderno, as Ciências se unem pelos métodos de investigação, pelas linguagens próprias envolvendo representações e modelização, matemáticas e/ou esquemática, pela observação e análise de fenômenos da natureza e pelos métodos de produçãode conhecimentos. Para atender o desenvolvimento dessas habilidades o ponto de partida para o trabalho pedagógico é a postura investigativa e crítica do estudante em relação aos temas apresentados. Tal postura não é inata, ela é vivenciada e trabalhada aula a aula, com a mediação do professor, para que o aluno conquiste competências de saber fazer e saber buscar o seu modo de aprender. Assim, nesta proposta curricular integrada pela meta comum do desenvolvimento de habilidades e competências da área, a metodologia para o ensino das Ciências da Natureza elegeu três fios condutores para nortear as ações de ensino e aprendizagem expressas nas atividades orientadas. São eles: CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUA METODOLOGIA DE ENSINO-APRENDIZAGEM RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS COMUNICAÇÃO EXPERIMENTAÇÃO 42 RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS A Resolução de Problemas, como metodologia, significa um modo de encaminhar o processo de ensino e aprendizagem. Esse modo se explicita fortemente pela problematização, quando o aluno é levado a investigar, a pensar uma resposta carregada de suas hipóteses, a refa- zê-la ou alterá-la, quando novos questionamentos o instigam a refletir sobre ela, convivendo com o erro e o acerto em constante exercício de protagonismo da própria aprendizagem. É importante que o professor reconheça que a problematização inclui o que é chamado de processo metacognitivo, isto é, quando se pensa sobre o que se pensou ou fez. Essa metodologia está ligada à ideia de que a aprendizagem depende da possibilidade de se estabelecer o maior número possível de relações entre o que se sabe e o que se está aprendendo. Para mobilizar os alunos, o professor desenvolve situações problematizáveis, diversifica- das, novas, desafiadoras e que não envolvam apenas a memorização de fatos, símbolos, nomes, fórmulas, reações, teorias e modelos, levando o estudante a romper com a pergunta “qual é a fórmula?” e a abandonar a postura de mero reprodutor de exercícios, exemplos resolvidos pelo professor. Trata-se, portanto, de privilegiar as situações de investigação reais e que façam sentido para o aluno, incentivando-o a pensar por si mesmo, a persistir e a investir na apropriação de uma variedade de estratégias que o leve a analisar e compreender a situação proposta, a decidir sobre o melhor caminho para resolvê-la, a tomar decisões, argumentar, se expressar e registrar... Ou seja, nessa perspectiva o estudante mobiliza informações adquiridas, procedimentos aprendidos e os combina na busca de resolver problemas. O professor assume seu papel de mediador e orientador da aprendizagem. COMUNICAÇÃO A Comunicação como metodologia significa organizar um ambiente de aprendizagem em que o estudante fale, leia e escreva, aproximando sua linguagem cotidiana da linguagem científica. O domínio da lin- guagem científica envolve construção de explicações de fenômenos ou fatos observados, argumentação e habilidade de criar modelos interpretativos de teorias e situações científicas, potencializando habilidades de pensamento, tais como analisar, generalizar e inferir. 43 Uma nova postura metodológica é carregada de certo nível de complexidade, pois exige a alteração de hábitos de ensino há muito consolidados. Reconhecidos esses três fios condutores que direcionam o ensino de Física, Química e Biologia, a meta é fazer dessa metodologia uma práxis em sala de aula superando fazeres estabelecidos a mais de um século e que até então não apresentam uma resposta positiva para a aprendizagem das Ciências da Natureza. Assim, as aulas devem permitir e estimular os alunos a se expressa- rem, se distanciando do ambiente em que a voz única do professor é evidenciada e aproximando-se das características de fóruns, em que ideias são compartilhadas, discutidas e repensadas. O registro do aluno ganha a importância de norte para o aprender. Ao produzir uma escrita, seja de uma pequena síntese, um esquema, uma representação, um relatório ou qualquer outro gênero textual, o aluno precisa absorver o que escutou e o que leu e reordenar as ideias e conhecimentos para a linguagem escrita. Esse processo é altamente complexo e se cons- titui em um rico recurso de aprendizagem. Além do que, proporciona possibilidades de avaliação e autoavaliação no sentido pleno que é dado por esta proposta. EXPERIMENTAÇÃO A Experimentação é um fazer característico da área das Ciências da Natureza, na qual o aluno é desafiado a criar experimentos, produzir modelos e pesquisar dados que devem solucionar determinado problema. Deste modo, o experimento estimula o aluno a vivenciar o método científico ou o ciclo mental, em que estão presentes a observação, a formulação de hipóteses, o registro, a análise dos dados obtidos e as conclusões. Como opção metodológica, um experimento deve ser entendido como um problema que requer investigação, como um desafio que solicita a pesquisa por respostas que não são evidentes. Para além de situações de demonstração de fatos ou para simples verificação do que é estu- dado teoricamente, os experimentos devem focalizar a investigação. 44 a avaliação deve levar o aluno a repensar sobre sua atuação e deseMpenho tanto eM relação aos conteúdos específicos de cada atividade coMo na reali- zação dos experiMentos, nas rodas de conversa, na socialização de ideias, na organização do trabalho, no registro de dados e na cooperação coM os colegas. Para tanto, é importante planejar a avaliação de modo integrado ao planejamento do ensino, pois diferentes aspectos da aprendizagem dos estudantes estão se desenvolvendo à medida que as atividades acontecem nas aulas. Como o processo de aprendizagem é contínuo e ocorre por meio da interação das habilidades cognitivas e socioemocionais somadas aos conceitos estudados, é importante que o professor-orientador registre, organize e analise sistematicamente os dados e informações obtidas sobre essas diferentes aprendizagens dos alunos. Como sugestão o professor-orientador pode produzir planilhas coletivas e/ou individuais, nas quais registre dados sobre o que cada aluno já sabe, sobre diferentes habilidades, assim como sua aprendizagem de conteúdos específicos. Uma forma de registrar essas aprendizagens é por meio de tabelas, nas quais diferentes itens de aprendizagem podem ser colocados. AVALIAÇÃO NA ÁREA DE CIÊNCIAS DA NATUREZA 44 | VOLTAR AO SUMÁRIO 45 Outro fato importante que deve ser considerado para que o processo de avaliação se mostre mais eficaz é que ele seja realizado em diferentes momentos. Por exemplo, o professor-orientador deve obter informações importantes sobre as concepções prévias dos alunos e sobre os modelos explicativos que têm e com os quais o professor deverá lidar ao longo do processo de ensino e aprendizagem. Para tanto, inicie a abordagem de cada uma das atividades propostas, levantando com os alunos as informações prévias que já têm sobre o assunto e quais são suas expectativas sobre o tema. Outro momento de avaliação pode ser feito após a análise das aprendizagens especí- ficas, socializando-as por meio de uma conversa interativa entre o professor e os alunos. para uma organização dessas ações avaliativas, sugere-se que o professor construa um diário de bordo ou portfólio pessoal – uma pasta ou caderno de registro (virtual ou impresso) –, em que as suas anotações, relatos, impressões, exemplos de atividade dos estudantes etc. possam ser organizados. também consideramos fundamental a criação de um instrumento que sirva de guia e lembrete das expectativas de aprendizagem e dos objetivos definidos como prioritários em ciências. isso, sem dúvida, facilitará as observações e registro. do contrário, corre-se o risco de recair em observações e registros genéricos e subjetivos que não o ajudarão no processo de avaliação. nossa sugestão, nesse caso, é definir e fazer uso de uma pauta de observação e registro, organizada
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