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Apostila Metodologia dos Anos Iniciais-2021-2024

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CURSO DE PEDAGOGIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO: 
 
METODOLOGIA DOS 
ANOS INICIAIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2021-2024
 
 
 
 
 
 
 
DIRETORA GERAL 
Suzana Karling 
 
VICE-DIRETORA GERAL 
Prof.ª Me. Daniela Caldas Acosta 
 
DIRETOR PEDAGÓGICO 
Prof. Me. Argemiro Aluísio Karling 
 
COORDENADORA DO CURSO DE PEDAGOGIA 
 Profª. Me. Tais Reis Leal Murta 
 
 
PRODUÇÃO DO MATERIAL 
Prof. Me. Argemiro Aluísio Karling 
Profª. Me. Nelci Gonçalves Dorigon 
Profª. Me. Rosângela Trabuco Malvestio da Silva 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Histórico de Revisão 
Professor Ano 
Esp. Valdete Sebastiana Durante 2020 
 
 
 
 
 
Nenhuma parte deste fascículo pode ser reproduzida sem autorização expressa do IEC e dos autores. 
 
Direitos reservados para: 
 
 
INSTITUTO PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO E DA CIDADANIA 
Av. Cerro Azul, 1411 – Jd. Novo Horizonte. CNPJ – 02.684.150/0001-97 
CEP: 87010-055 - Maringá – PR – Fone: (44) 3225-1197 
e-mail: fainsep@fainsep.edu.br 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
APRESENTAÇÃO 4 
PLANO DE ENSINO 5 
INTRODUÇÃO 6 
UNIDADE 1 – OS PROCEDIMENTOS DE METODOLOGIA DE ENSINO 7 
1 MÉTODOS 7 
1.1 CONCEITO DE MÉTODO DE ENSINO 7 
1.1.1 Classificação dos métodos pedagógicos 9 
2 CONSTRUTIVISMO 13 
UNIDADE 2 – INTERDISCIPLINARIDADE E EDUCAÇÃO 22 
1 INTERDISCIPLINARIDADE 22 
3 METODOLOGIA DO ENSINO DE CIÊNCIAS 28 
UNIDADE 3 - ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS PARA O ENSINO DE GEOGRAFIA E HISTÓRIA 48 
1 METODOLOGIA DE GEOGRAFIA 48 
2 METODOLOGIA DE HISTÓRIA 54 
UNIDADE 4 - ORGANIZANDO E AVALIANDO OS CONHECIMENTOS 61 
1 SISTEMATIZAÇÃO DE CONHECIMENTOS 61 
2 AVALIAÇÃO 62 
3 PROJETOS 66 
QUESTÕES DE ESTUDO 70 
REFERÊNCIAS 73 
METODOLOGIA DOS ANOS INICIAIS
 
Pedagogia 
 
4 
 
APRESENTAÇÃO 
Prezados alunos: 
 
Mais um módulo inicia e gostaria de lembrá-los da missão da FAINSEP que é de 
formar profissionais educadores, bacharéis e tecnólogos; ampliar a formação humanística 
de pessoas para o pleno exercício da cidadania e preparo básico para funções técnicas e 
serviços gerais; oferecer educação continuada por meio de cursos de atualização, 
aperfeiçoamento e especialização, inclusive para o exercício de docência na educação 
superior; enfim, promover a educação e a cidadania por todos os meios, utilizando para tal 
o conhecimento, o desenvolvimento e a aplicação de novas tecnologias e educação a 
distância. 
Dessa forma, saiba que a formação e profissionalização do educador, com 
apropriação de competências e conhecimentos necessários ao exercício da ação docente, 
serão desenvolvidas durante a Graduação em Pedagogia. Com isso, espera-se o 
desenvolvimento de atitudes de reflexão e análise da atuação pedagógica e de valores para 
bem atuar na sociedade como agente de transformação, em busca de uma sociedade mais 
justa, a partir da identificação e análise das dimensões sócio-políticas e culturais de seu 
meio. 
A Pedagogia abrange o campo teórico e investigativo da educação, do ensino, de 
aprendizagens e do trabalho pedagógico propriamente dito, portanto saibam que, nesta 
Instituição, ao término da graduação, vocês não terão apenas um diploma, mas, sim, uma 
mudança e/ou transformação, tanto nos aspectos pessoais como profissionais, tornando-
se um indivíduo crítico, criativo e participativo na busca de uma sociedade mais justa. 
 
Bons Estudos! 
 
A Direção 
METODOLOGIA DOS ANOS INICIAIS
 
Pedagogia 
 
5 
 
CURSO DE PEDAGOGIA 
 
 
 
 
PLANO DE ENSINO 
 
 
Módulo: METODOLOGIA DOS ANOS INICIAIS 
Carga Horária: 80 horas Código: MAI 
 
1. EMENTA 
Concepção de metodologia do ensino. O construtivismo em ação. 
Interdisciplinaridade. Projetos didáticos. Problematização. 
2. OBJETIVO 
Conhecer e desenvolver competências em metodologia específica para os anos 
iniciais do Ensino Fundamental e a respectiva fundamentação Psiconeurológica. 
 
 
METODOLOGIA DOS ANOS INICIAIS
 
Pedagogia 
 
6 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
Em todo setor da sociedade, supõem-se uma organização, um planejamento e 
métodos que conduzam a um resultado esperado. 
Na educação, não é diferente. O trabalho, em sala de aula, não pode ser 
desvinculado de uma organização, de um planejamento e de métodos que conduzam ao 
ensino e à aprendizagem. Essa metodologia deverá amparar-se em concepções de ensino 
e aprendizagem que contribuam para uma aprendizagem eficiente e significativa. 
Neste módulo, iremos conhecer algumas concepções de aprendizagem que 
favorecem um trabalho pedagógico que coloque o aluno, professor, conteúdo e metodologia 
em múltiplas relações, visando ao desenvolvimento e à construção dos conhecimentos. 
As concepções discutidas podem ser aplicadas em todas as disciplinas. Para isso, é 
necessário conhecer os fundamentos teóricos de cada uma delas, com o objetivo de 
estabelecer a metodologia adequada para que haja aprendizagem. 
 
 
 
 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
METODOLOGIA DOS ANOS INICIAIS
 
Pedagogia 
 
7 
 
 
UNIDADE 1 – OS PROCEDIMENTOS DE METODOLOGIA DE ENSINO 
 
 
 
 
 
 
1 MÉTODOS 
 
 
1.1 CONCEITO DE MÉTODO DE ENSINO 
 
 
A palavra metodologia significa caminho ou processo para atingir um determinado 
fim. Agir com método supõe uma prévia análise dos objetivos que se pretende atingir, as 
situações a enfrentar, assim como os recursos e o tempo disponíveis, e por último, as várias 
alternativas possíveis. Trata-se, portanto, de uma ação planejada, baseada em 
procedimentos sistematizados e previamente conhecidos. 
O método não diz respeito aos vários saberes que são transmitidos, mas, sim, ao 
modo como se realiza a transmissão. Podemos definir um método pedagógico como uma 
forma específica de organização dos conhecimentos, tendo em conta os objetivos, as 
características e os recursos disponíveis para alcançar os objetivos gerais e específicos do 
ensino. Temos, assim, “as características dos métodos de ensino que estão orientados para 
Sucesso é o acúmulo de pequenos esforços, repetidos dia e noite. 
Robert Collier 
 
1 
 
METODOLOGIA DOS ANOS INICIAIS
 
Pedagogia 
 
8 
 
objetivos: implicam uma sucessão planejada e sistematizada de ações, tanto do professor 
quanto dos alunos e requerem a utilização de meios” (LIBANEO, 1992, p. 149). 
O conhecimento de princípios, diretrizes, métodos, procedimentos e outras formas 
organizativas direcionarão o processo de ensino que se caracteriza pela combinação de 
atividades, envolvendo professor e alunos. Estes, pela assimilação das matérias, com a 
orientação do professor, atingem progressivamente o desenvolvimento de suas 
capacidades cognitivas. A direção eficaz desse processo depende do trabalho 
sistematizado do professor, que tanto no planejamento como no desenvolvimento das 
aulas, reúne objetivos, conteúdos, métodos e formas organizadas de ensino. 
Por causa do vínculo dos métodos de ensino com os objetivos gerais e específicos, 
a decisão de selecioná-los e utilizá-los nas situações didáticas especificas depende de uma 
concepção metodológica mais ampla do processo educativo. Assim, conhecer o método é 
mais do que dominar procedimentos e técnicas de ensino, pois este deve expressar, 
também, uma compreensão global do processo educativo na sociedade que abrange os 
fins sociais e pedagógicos do ensino, as exigências e desafios que a realidade social 
envolve, as expectativas de formação dos alunos para que possam atuar na sociedade de 
forma crítica e criadora, as implicações da origem de classe dos alunos no processo de 
aprendizagem e a relevância social dos conteúdos de ensino (LIBANEO, 1992). 
O professor, ao utilizar o processo de ensino em função da aprendizagem dos 
alunos, utiliza intencionalmente um conjunto de ações, passos, condições externas e 
procedimentos, a que denominamos métodos de ensino. Por exemplo: 
[...] à atividade de explicar a matéria corresponde o método de exposição; à 
atividade de estabelecer uma conversação ou discussãocom a classe 
corresponde o método de elaboração conjunta. Os alunos, por sua vez, 
sujeitos da própria aprendizagem, utilizam-se de métodos de assimilação de 
conhecimentos. À atividade dos alunos de resolver tarefas corresponde o 
método de resolução de tarefas; à atividade que visa o domínio dos 
processos do conhecimento científico numa disciplina corresponde o 
método investigativo; à atividade de observação corresponde o método de 
observação e assim por diante (LIBANEO, 1992, p. 150-151). 
 
Os métodos de ensino, portanto, são as ações do professor pelas quais se 
organizam as atividades de ensino e dos alunos para atingir os objetivos do trabalho 
docente, em relação a um conteúdo específico. Eles estabelecem as formas de interação 
entre ensino e aprendizagem, entre professor e alunos, cujo resultado é a assimilação 
consciente dos conhecimentos e desenvolvimento das capacidades cognitivas e operativas 
dos alunos. A escolha dos métodos implica o conhecimento das características dos alunos, 
METODOLOGIA DOS ANOS INICIAIS
 
Pedagogia 
 
9 
 
conforme idade, nível de desenvolvimento mental e físico e quanto às suas características 
sócioculturais e individuais. 
Em Pedagogia, entende-se por metodologia os diferentes caminhos de proporcionar 
a aprendizagem e que foram sendo individualizados pelos pedagogos ou investigação 
científica. 
 
 
 
 
1.1.1 Classificação dos métodos pedagógicos 
 
No trabalho docente, o professor seleciona e organiza os métodos de ensino e 
procedimentos didáticos em função das características de cada matéria. O critério de 
classificação dos métodos de ensino resulta da relação existente entre ensino e 
aprendizagem, concretizada pelas atividades do professor e dos alunos no processo de 
ensino. 
 
 
 
1.1.1.1 Métodos verbais 
METODOLOGIA DOS ANOS INICIAIS
 
Pedagogia 
 
10 
 
2 
 
A transmissão oral dos saberes continua a ser a mais clássica, mas também a mais 
moderna forma de comunicação pedagógica. A sua diversidade decorre das múltiplas 
formas a que podemos recorrer para expor ou interrogar os alunos sobre um determinado 
tema. 
O método expositivo é um importante meio de obter conhecimentos, desde que o 
professor consiga mobilizar a atividade interna do aluno de concentrar-se e de pensar e a 
combine com outros procedimentos, como o trabalho independente, a conversação e o 
trabalho em grupo. Conforme Libaneo (1992, p. 162): “A exposição ou relato de 
conhecimentos adquiridos ou de experiências vividas é um exercício útil para desenvolver 
a relação entre o pensamento e a linguagem, a coordenação de ideias e a sistematização 
dos conhecimentos”. 
Para auxiliar na exposição verbal, temos: 
 A demonstração de que é uma forma de representar fenômenos e processos que 
ocorrem na realidade. Ela ocorre por meio de uma explicação coletiva de um 
fenômeno, explicação em um estudo do meio (excursão), experimentos simples, 
projeção de slides. 
 A ilustração como forma de apresentação gráfica de fatos e de fenômenos da 
realidade, por meio de gráficos, mapas, esquemas, gravuras etc. Aqui, como na 
demonstração, é importante que os alunos desenvolvam a capacidade de 
concentração e de observação. 
 A exemplificação é um importante meio auxiliar da exposição verbal. Ela acontece 
quando o professor faz uma leitura em voz alta, para que os alunos observem uma 
passagem importante; quando ensina o modo correto de realizar uma tarefa; usar 
METODOLOGIA DOS ANOS INICIAIS
 
Pedagogia 
 
11 
 
o dicionário, consultar livro-texto, organizar cadernos; observar um fato de acordo 
com normas e tirar conclusões; fazer relacionamentos entre fatos e 
acontecimentos. 
 
Apesar de a aula expositiva ser um método muito utilizado em nossas escolas, torna-
se necessário alertar para que não ocorra uma aprendizagem mecânica por meio da 
memorização de fatos, regras e definições, sem ter garantido a sólida compreensão do 
assunto. 
 
1.1.1.2 Métodos ativos 
 
3 
 
 
Um dos primeiros teóricos desse método foi Pestalozzi (1746-1827). Foi influenciado 
pelas ideias de Rousseau, ao defender que a educação deveria "preparar os homens para 
certos desempenhos na sociedade". A educação se preocuparia com o desenvolvimento 
natural, espontâneo e harmônico das disposições humanas mais originais, nas dimensões: 
intelectual, moral, artística e técnica. 
No final do século XIX, foram delimitadas as bases filosóficas da pedagogia 
contemporânea. Dentre outros, citaremos John Dewey (1859-1952) que concebeu a 
educação baseada na ação. A sua pedagogia ativa consistia nos seguintes princípios: 
 O aluno só aprende bem, quando o faz por observação, reflexão e experimentação 
(autoformação); 
METODOLOGIA DOS ANOS INICIAIS
 
Pedagogia 
 
12 
 
 O ensino dever ser adaptado à natureza própria de cada aluno (ensino-
diferenciado); 
 Deve desenvolver não apenas a sua formação intelectual, mas também as suas 
aptidões manuais, assim como a sua energia criadora (educação integral); 
 A matéria de ensino deve ser organizada de uma forma que produza um efeito 
global na formação do aluno (ensino global); 
 O ensino deve contribuir para a socialização do aluno, por meio de trabalhos em 
grupo, respeitando e fortalecendo sempre a individualidade dos alunos. A educação 
é vida, e educar é preparar para a vida (ensino socializado). 
 
Piaget (1896-1980) contribuiu para a divulgação desse método, pois acreditava que 
o sujeito é aquele que aprende basicamente por meio de suas próprias ações sobre os 
objetos do mundo, e que constrói suas próprias categorias de pensamento ao mesmo 
tempo em que organiza seu mundo. 
Assim, o método ativo é aquele por meio do qual o aluno deve reconstruir e 
reinventar, os conteúdos ensinados em sala de aula e não apenas decorar conceitos. Para 
o autor, o professor não deve se limitar ao conteúdo específico de sua disciplina, mas deve 
conhecer como ocorre o desenvolvimento psicológico da inteligência humana. Todo o 
processo de ensino deve estar alicerçado na experimentação por parte do aluno, que se 
torna um sujeito ativo. 
Quando se fala em sujeito ativo, não estamos falando de alguém que faz muitas 
coisas, nem ao menos de alguém que tem uma atividade observável. Segundo Piaget 
(1998), o sujeito ativo é aquele que compara, exclui, ordena, categoriza, classifica, 
reformula, comprova, formula hipóteses em uma ação interiorizada (pensamento) ou em 
ação efetiva (segundo seu grau de desenvolvimento). Alguém que esteja realizando algo 
materialmente, porém seguindo um modelo dado por outro, para ser copiado, não é 
habitualmente um sujeito intelectualmente ativo. 
Vamos conhecer algumas implicações do pensamento piagetiano para a 
aprendizagem: 
 Os objetivos pedagógicos necessitam estar centrados no aluno; partir das 
atividades dos mesmos. 
 Os conteúdos não são concebidos como fins em si mesmos, mas como 
instrumentos que servem ao desenvolvimento evolutivo natural. 
 Primazia de um método que leve ao descobrimento por parte do aluno, ao invés de 
receber passivamente por meio do professor. 
METODOLOGIA DOS ANOS INICIAIS
 
Pedagogia 
 
13 
 
 A aprendizagem é um processo construído internamente. 
 A aprendizagem depende do nível de desenvolvimento do sujeito. 
 A aprendizagem é um processo de reorganização cognitiva. 
 Os conflitos cognitivos são importantes para o desenvolvimento da aprendizagem. 
 A interação social favorece a aprendizagem. 
 As experiências de aprendizagem necessitam estruturar-se de modo a privilegiar a 
colaboração, a cooperação e intercâmbio de pontos de vista na busca conjunta do 
conhecimento. 
 
Ao longo do século XX, a pedagogia ativa conheceu inúmeros avanços teóricos e 
práticos, influenciando todos os outros métodos de ensino. Estes métodos apresentam 
cinco objetivos essenciais: a importância dada às vivências individuais; o aumento da 
motivação ligada a atividadesque envolvem diretamente o aluno; a necessidade de 
incrementar os hábitos de trabalho em grupo, para o aperfeiçoamento das relações 
humanas; a mudança do papel do professor, que deixou de ser visto como o detentor do 
saber, para ser encarado como um facilitador; a evolução dos métodos de avaliação, que 
passaram de um sistema autoritário, para outros baseados na autoavaliação dos indivíduos 
e do grupo. 
 
2 CONSTRUTIVISMO 
 
4 
METODOLOGIA DOS ANOS INICIAIS
 
Pedagogia 
 
14 
 
 
2.1 CONCEITO 
 
Construtivismo significa a ideia de que nada, a rigor, está pronto, acabado, e de que, 
especificamente, o conhecimento não é dado, em nenhuma instância, como algo terminado. 
Ele se constitui pela interação do indivíduo com o meio físico e social, com o simbolismo 
humano, com o mundo das relações sociais; e se constitui por força de sua ação e não por 
qualquer dotação prévia, na bagagem hereditária ou no meio, de tal modo que podemos 
afirmar que, antes da ação, não há psiquismo nem consciência e, muito menos, 
pensamento (BECKER, 1994). 
O Construtivismo surgiu a partir das ideias do filósofo Jean Piaget (1896-1980) e 
chegou ao Brasil na década de 70, quando foram criadas algumas escolas conhecidas 
como experimentais. Elas procuravam dar prioridade à maneira pela qual o aluno 
compreende o mundo, e o desenvolvimento intelectual passou a ser tratado como a 
capacidade que a criança tem de se adaptar ao meio. 
O Construtivismo na Educação poderá ser a forma teórica que reúne as várias 
tendências atuais do pensamento educacional. Tendências que têm em comum a 
insatisfação com um sistema educacional que teima (ideologia) em continuar essa forma 
particular de transmissão que é a Escola; que consiste em fazer repetir, recitar, aprender, 
ensinar o que já está pronto, em vez de fazer agir, operar, criar, construir, a partir da 
realidade vivida por alunos e professores, isto é, pela sociedade – a próxima e, aos poucos, 
as distantes. 
Não podemos negar que, por meio da escola, da família e dos meios de 
comunicação, entramos em contato com a cultura produzida pela sociedade. Mas, a 
educação escolar, além de promover o desenvolvimento à medida que promove a atividade 
mental construtiva do aluno, é “responsável por transformá-lo em uma pessoa única, no 
contexto de um grupo determinado” (COLL, 1997, p. 18): 
 
A concepção construtivista da aprendizagem e do ensino parte do fato óbvio 
de que a escola torna acessíveis aos seus alunos aspectos da cultura que 
são fundamentais para seu desenvolvimento pessoal, e não só no âmbito 
cognitivo; a educação é motor para o desenvolvimento, considerado 
globalmente, e isso também supõe incluir as capacidades de equilíbrio 
pessoal, de inserção social, de relação interpessoal e motora (COLL, 1997, 
p. 19). 
 
 
Sendo assim, a aprendizagem contribui para o desenvolvimento à medida que 
aprender não é copiar ou reproduzir a realidade. Aprendemos quando somos capazes de 
METODOLOGIA DOS ANOS INICIAIS
 
Pedagogia 
 
15 
 
elaborar uma representação pessoal sobre um objeto ou realidade ou conteúdo que 
pretendemos aprender. Essa elaboração não se trata de uma aproximação vazia, a partir 
do nada, mas a partir das experiências, interesses e conhecimentos prévios que, 
presumivelmente possam dar conta da novidade. 
Poderíamos dizer que, com nossos significados, aproximamo-nos de um novo 
aspecto que, às vezes, só parecerá novo, mas que, na verdade, poderemos interpretar 
perfeitamente com os significados que já possuíamos. Nesse processo, não só 
modificamos o que já possuíamos, mas também interpretamos o novo de forma peculiar, 
para poder integrá-lo e torná-lo nosso (COOL, 1997). 
No Construtivismo, a criança é vista como um ser dinâmico, que, a todo momento, 
interage com o real, operando ativamente com objetos e pessoas. Essa interação faz com 
que se desenvolvam estruturas mentais e se adquiram maneiras de fazê-las funcionar. O 
eixo central é a interação organismo-meio, e essa interação acontece por meio de dois 
processos simultâneos: a organização interna e a adaptação ao meio, funções exercidas 
pelo organismo ao longo da vida. 
A adaptação, definida por Piaget, como o próprio desenvolvimento da inteligência, 
ocorre por meio da assimilação e da acomodação. Os esquemas de assimilação vão se 
modificando, configurando os estágios de desenvolvimento. Piaget considera, ainda, que o 
processo de desenvolvimento é influenciado por fatores como maturação (crescimento 
biológico dos órgãos); exercitação (funcionamento dos esquemas e órgãos que implicam 
na formação de hábitos); aprendizagem social (aquisição de valores, linguagem, costumes 
e padrões culturais e sociais); e equilibração (processo de autorregulação interna do 
organismo, que se constitui na busca sucessiva de reequilíbrio após cada desequilíbrio 
sofrido). 
A partir desses pressupostos, a educação deve possibilitar à criança um 
desenvolvimento amplo e dinâmico, desde o período sensório-motor até o operatório 
abstrato. A escola deve levar em conta os esquemas de assimilação da criança, propondo 
atividades desafiadoras que provoquem desequilíbrios e reequilibrações sucessivas, 
promovendo a descoberta e a construção do conhecimento. 
 Para construir esse conhecimento, as concepções infantis combinam-se às 
informações vindas do meio, à medida que o conhecimento não é concebido apenas como 
sendo descoberto espontaneamente pela criança, nem transmitido de 
forma mecânica pelo meio exterior ou pelos adultos, mas como 
resultado de uma interação, na qual o sujeito é sempre um elemento 
METODOLOGIA DOS ANOS INICIAIS
 
Pedagogia 
 
16 
 
ativo, que procura ativamente compreender o mundo que o cerca e que busca resolver as 
interrogações que esse mundo provoca. 
 
 
2.2 Aprendizagem significativa 
 
 5 
 
 
Segundo Moreira (1999), a aprendizagem significativa é o conceito central da teoria 
da aprendizagem de David Ausubel, onde uma nova informação se relaciona, de maneira 
substantiva (não literal) e não arbitrária, a um aspecto relevante da estrutura de 
conhecimento do indivíduo. Em outras palavras, os novos conhecimentos que se adquirem 
se relacionam com o conhecimento prévio que o aluno possui. Moreira (1999) escreve que 
para Ausubel o conhecimento prévio é denominado de "conceito subsunçor”1 ou 
simplesmente "subsunçor". 
A aprendizagem significativa ocorre quando a nova informação se ancora em 
conceitos relevantes (subsunçores), preexistentes na estrutura cognitiva do aprendiz. 
Moreira (1999) destaca que Ausubel define estruturas cognitivas, como os conceitos que 
são representações de experiências sensoriais do indivíduo. A ocorrência da aprendizagem 
significativa implica no crescimento e modificação do conceito já formado. A partir de um 
conceito geral (já incorporado pelo aluno), o conhecimento pode ser construído de modo a 
ligá-lo com novos conceitos, facilitando a compreensão das novas informações, o que dá 
significado real ao conhecimento adquirido. 
 
1 O subsunçor é uma estrutura específica ao qual uma nova informação pode se integrar ao cérebro humano, 
que é altamente organizado e detentor de uma hierarquia conceitual que armazena experiências prévias do 
aprendiz. 
METODOLOGIA DOS ANOS INICIAIS
 
Pedagogia 
 
17 
 
A primeira coisa que acontece quando alguém recebe uma informação nova é a 
tentativa de incluí-la em um desses conglomerados já existentes e relacionar a informação 
nova com as informações já presentes na sua estrutura cognitiva. 
Se o receptor da informação consegue "ancorar" o conhecimento novo no 
conhecimento velho de forma interativa, ocorrerá uma "aprendizagem significativa". Por 
forma interativa entende-se, aqui, que novos e velhos conhecimentos se influenciam 
mutuamente, num processo no qual os conhecimentos antigos podem adquirir novos 
significados. Se as novasinformações não encontrarem conhecimentos prévios nos quais 
se ancorar, ocorrerá uma "aprendizagem por recepção" (UnB,1999). 
Importante enfatizar que a aprendizagem por recepção e a aprendizagem 
significativa formam um processo contínuo, já que o conhecimento adquirido na 
aprendizagem por recepção vai, gradualmente, permitindo a "ancoragem" de novos 
conhecimentos. 
 
 
 
Saiba mais sobre o que significa conhecimentos prévios! 
 Leia a reportagem de Mario Carretero: “Um olhar sobre o Construtivismo”, 
publicada na revista Nova Escola. 
Acesse: http://zjaria.blogspot.com/2013/09/mario-carrtero-um-olhar-sobre-o.html 
 
 
Portanto, os conhecimentos prévios permitem realizar o contato inicial com o novo 
conteúdo e são fundamentais para a construção de novos significados. Uma aprendizagem 
é tanto mais significativa quanto mais relações com sentido o aluno for capaz de 
estabelecer entre o que já conhece, seus conhecimentos prévios e o novo conteúdo que 
lhe é apresentado como objeto de aprendizagem. 
Para os pesquisadores que trabalham com a construção do conhecimento, ou seja, 
com a forma como ocorre a aprendizagem em relação a diferentes objetos de 
conhecimento, saber como são os conhecimentos prévios de uma pessoa (criança, jovem 
ou adulto) significa fazer pesquisa científica. Isso implica cuidados metodológicos, 
fundamentação teórica e tempo de observação, no mínimo. 
METODOLOGIA DOS ANOS INICIAIS
 
Pedagogia 
 
18 
 
Muitas pesquisas têm sido feitas em torno dessa questão. Os educadores, sem 
dúvida, devem conhecê-las, pois elas podem nos orientar sobre decisões a tomar do ponto 
de vista didático. No entanto, um professor não precisa, e nem deve, a não ser que exista 
justificativa pedagógica para isso, desenvolver pesquisas em sala de aula para determinar 
quais são os conhecimentos prévios dos alunos, toda vez que inicia uma ação pedagógica 
em relação a determinado conteúdo. 
É preciso conhecer as condições iniciais dos alunos, para planejar e desenvolver, 
com eles, as atividades de ensino e aprendizagem. Sempre que há aprendizagem, os 
conhecimentos prévios do sujeito que aprende estão em jogo, e isso faz parte das 
condições iniciais dos alunos, mas isso não é tudo. É preciso levar em consideração, 
também, entre outros aspectos: a relação que os alunos têm com o esforço de aprender; 
como eles encaram novos desafios; que aprendizagens precisam ter vivido para dar conta 
das atividades na forma como elas estão planejadas. 
Os conhecimentos prévios do aluno devem ser considerados à medida que estes 
entram em ação durante a atividade. Ou seja, quando o professor percebe que um aluno 
não consegue responder a uma questão, ou escrever um texto, ou ainda, se a atividade 
não despertou interesse porque ele já sabia as respostas, o professor deve observar melhor 
o que esses alunos já sabem para ajustar as propostas de ensino às condições iniciais de 
aprendizagem. 
Durante a elaboração do Planejamento do Ensino, as condições iniciais dos alunos, 
em particular os conhecimentos prévios, precisam ser consideradas também para que esse 
planejamento fique o mais próximo possível de sua realização. No entanto, somente 
durante a ação pedagógica é possível se certificar se as hipóteses sobre as condições 
iniciais dos alunos foram adequadas ou não, para alterar o plano inicial e torná-lo melhor 
para aquele grupo de alunos, caso seja necessário. 
 
 
2.3 Problematização 
 
METODOLOGIA DOS ANOS INICIAIS
 
Pedagogia 
 
19 
 
6 
 
 
Contextualizar e problematizar – uma forma de abordar o conteúdo. 
Para a aprendizagem ser significativa, é importante que o conteúdo não seja 
apresentado apenas de forma expositiva e descritiva. Sempre que possível, o tema deve 
ser introduzido por alguma atividade em que se resgatem os conhecimentos prévios e as 
informações que o aluno traz, criando-se, assim, um contexto que dará "significado" ao 
tema em questão, justificando, ainda, o fato de que ele será estudado a seguir. 
Em alguns casos, é também possível (e desejável) problematizar2 o assunto que irá 
ser tratado, convidando os alunos à reflexão. Perguntas bem colocadas, sem dúvida, 
promovem o interesse do aluno, que se sente desafiado a mobilizar seus conhecimentos 
para resolvê-las e, mais importante, estimulado a aprender mais a respeito do que está 
sendo abordado, a fim de construir explicações satisfatórias. No processo todo, o estudante 
provavelmente abandonará, complementará ou reformulará suas hipóteses iniciais, 
substituindo-as por outras mais adequadas. 
Promover a discussão prévia sobre o tema pode ser extremamente valioso. Por um 
lado, o aluno sabe por que e para que está sendo estudado aquele assunto. Por outro lado, 
do ponto de vista dos professores, pode-se descobrir, logo no início, o que os educandos 
sabem em relação ao tema; isso permite planejar, mais adequadamente, as situações que 
podem levar os alunos a reformular e a ampliar seus conhecimentos prévios. 
No entanto, a problematização não se restringe apenas ao início das atividades. No 
decorrer do estudo, várias oportunidades são oferecidas ao aluno que é desafiado e 
 
2 É colocar um desafio no qual o educando, por meio de sua ação, busque o conhecimento (problematização) 
(GASPARIN, 2002). 
METODOLOGIA DOS ANOS INICIAIS
 
Pedagogia 
 
20 
 
estimulado a pensar e a resolver problemas. Textos de jornal, experimentos, figuras a 
serem interpretados, trechos de obras literárias e até uma receita de bolo podem servir de 
ferramenta para formar o contexto e propor o problema. Está claro que o professor, sempre 
que julgar necessário, poderá criar novas questões e contextos diferentes o quais considere 
mais adequado à realidade de sua classe. 
A finalidade da problematização é selecionar as principais interrogações levantadas 
na prática social a respeito de determinado conteúdo. Essas questões, aliadas aos objetivos 
de ensino, orientam o trabalho desenvolvido pelo professor e pelos alunos e podem ser 
representadas por questões sociais inseridas no conteúdo: 
 
O processo ensino-aprendizagem, nesse caso, está em função das 
questões levantadas na prática social, em função dos problemas que 
precisam ser resolvidos no cotidiano das pessoas ou da sociedade. Ao 
relacionar o conteúdo com a prática social, definem-se as questões que 
podem ser encaminhadas e resolvidas através desse conteúdo específico 
(GASPARIN, 2002, p. 37). 
 
Em todo início de trabalho com um conteúdo, mesmo que este já tenha sido 
trabalhado anteriormente, é necessário que o professor se preocupe em mobilizar os alunos 
para as aprendizagens que deverão ocorrer. Essa mobilização, que depende das condições 
iniciais dos alunos, pode ser despertada pelo professor por meio de problematizações do 
conteúdo. As perguntas direcionadas devem envolver não somente o campo conceitual do 
conteúdo, mas o campo social, econômico, político, enfim, as relações globais do conteúdo 
abordado. 
Problematizar significa criar questões que possam ser entendidas pelos alunos, mas 
que não podem ser respondidas de imediato, provocando-lhes a vontade de saber. Em 
muitos casos, o Projeto de Escola já apresenta problematizações apropriadas para o 
desenvolvimento do ensino e da aprendizagem. Mas, em geral, os professores precisam, a 
partir do Projeto de Escola, selecionar conteúdos e, considerando as condições iniciais de 
seus alunos, realizar o Planejamento do Ensino e as problematizações necessárias ao 
desenvolvimento das atividades de ensino e aprendizagem. 
É importante ter como foco que, se os alunos não se interessarem pelas questões 
que o professor faz a eles, então, são as questões que precisam mudar, não os alunos. 
 
 
 
 
METODOLOGIA DOS ANOS INICIAIS
 
Pedagogia 
 
21 
 
 
 
 
 
 
 PARA SABER MAIS 
 
 
 
BRASIL. Conceito de Métodode Ensino. Secretaria de Estado de Educação. Todos 
educando para o futuro. Disponível em: 
https://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:cpyobZtR8qUJ:https://slideplay
er.com.br/slide/2550861/+&cd=7&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br 
 
BRUINI, E. C. da. Aprendizagem Significativa. Canal do Educador. Disponível em: 
https://educador.brasilescola.uol.com.br/trabalho-docente/aprendizagem-significativa.htm 
 
Ei Escola da Inteligência. Educação Socioemocional. Entendo o conceito de 
construtivismo na educação. Disponível em: 
https://escoladainteligencia.com.br/entenda-o-conceito-de-construtivismo-na-educacao/ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
https://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:cpyobZtR8qUJ:https://slideplayer.com.br/slide/2550861/+&cd=7&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br
https://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:cpyobZtR8qUJ:https://slideplayer.com.br/slide/2550861/+&cd=7&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br
https://educador.brasilescola.uol.com.br/trabalho-docente/aprendizagem-significativa.htm
METODOLOGIA DOS ANOS INICIAIS
 
Pedagogia 
 
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UNIDADE 2 – INTERDISCIPLINARIDADE E EDUCAÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 1 INTERDISCIPLINARIDADE 
 
Para entendermos o que é interdisciplinaridade, faremos leitura e discussão de uma 
reportagem e de dois artigos que nos darão referências para trabalhar um projeto 
interdisciplinar. 
Aprenda com o ontem. Viva o hoje. Tenha esperança para o 
amanhã. 
Albert Einstein 
7 
 
 
 
 
 
METODOLOGIA DOS ANOS INICIAIS
 
Pedagogia 
 
23 
 
O texto a seguir foi retirado da Revista Nova Escola, Edição Maio de 1999. Observe 
como os professores se mobilizaram para conseguir uma melhor compreensão dos 
conteúdos abordados, num projeto interdisciplinar. 
 
 
TEXTO 1 - Um “trem bão” chamado interdisciplinaridade 
 
O colégio mineiro Nossa Senhora das Dores mostra como conseguiu unir várias disciplinas 
sob um mesmo tema. Os alunos adoraram e as aulas nunca mais foram as mesmas 
Nas mãos do professor Marco Aurélio Alves está uma prova sobre o ciclo da cana-de-açúcar 
feita por um aluno da 5a série. A primeira pergunta une interpretação de texto e religião. A seguinte 
refere-se à sua matéria, História. A terceira mistura elementos de Geografia e Ciências. Todas tendo 
como base o poema O Açúcar, de Ferreira Gullar. Por trás do formato ousado desta prova existe 
uma palavra que pode ser tanto mágica quanto geradora de muita confusão, se mal aplicada: 
interdisciplinaridade, a fórmula em que se misturam conteúdos de várias disciplinas abraçadas por 
um tema comum. 
Por onde passa, a interdisciplinaridade acaba com os pequenos quintais de cada matéria, 
abrindo a visão dos alunos ao mostrar que o que eles aprendem em uma disciplina pode ser usado 
em outra. Quando dá certo, a experiência é eletrizante. "Estamos vivendo uma espécie de 
‘revolução’ aqui", comenta Marco Aurélio, Coordenador de Ciências Humanas do Colégio Nossa 
Senhora das Dores, em Belo Horizonte. Vamos ver, então, como se deu a experiência. 
Tudo começou quando a direção do "Das Dores" (como a escola é chamada pelos alunos), 
depois de uma palestra sobre Pedagogia de Projetos feita pela pedagoga Keyla Matsumura, 
estimulou os professores a criarem formas de unir várias disciplinas. Marco Pollo Ferreira Alves, 
que leciona Geografia, lançou a ideia de levar a turma da 5ª série ao Mosteiro do Caraça, que faz 
parte de um Parque Natural localizado a 120 quilômetros de Belo Horizonte. Como vem escrevendo 
uma tese sobre excursões interdisciplinares para o Instituto Jose Verona, de Cuba, percebeu que 
aquela era a oportunidade de unir seu projeto ao da escola. Mal sabia que ali estava a ponta de um 
iceberg. 
"Fizemos uma reunião e decidimos adotar o livro Ecologia, da Editora Lê para trabalharmos 
o tema do meio ambiente em sala de aula. Depois, partiríamos para o trabalho de campo, juntando 
alguns colegas que se interessassem", explicou Marco Aurélio. Realizando encontros no período 
da tarde, os professores acertaram o calendário e o que cada um ensinaria antes e depois da 
excursão. 
A saída aconteceu em março, de trem — o que, para muitos alunos, foi uma grande 
novidade. Duas horas depois, a turma chegava ao Mosteiro do Caraça. Anotando, observando 
detalhes, fotografando e relacionando tudo com o livro paradidático lido, os alunos da 5ª série 
tiveram um dia bem movimentado. 
METODOLOGIA DOS ANOS INICIAIS
 
Pedagogia 
 
24 
 
Baixada a agitação dos alunos com a ida ao Caraça, cada professor procurou sedimentar 
alguns conceitos. Marco Pollo, de Geografia, distribuiu mapas da região para que os grupos 
identificassem cada local, descrevendo o relevo e a vegetação. Marco Aurélio e Karina Menezes, 
professores de História, enfocaram o ciclo do ouro e a visita de D. Pedro II ao lugar. Giovana Dantas 
e Carlota Álvares, de Ciências, trabalharam a fauna e flora e as lições de ecologia observadas pelos 
alunos. Nas aulas de Ensino Religioso mostrou-se a relação entre homem e natureza, enquanto 
Wellington Ade, de Matemática, trabalhou as figuras geométricas do conjunto arquitetônico. Por fim, 
entraram Andréa Godinho e Letícia Pellegrino, de Português. Mais que corrigir os alunos, elas 
ensinaram a importância de se refazer o texto em busca do melhor estilo, da palavra ideal. 
"Por suas características de conteúdo, Ciências, História e Geografia costumam ser os 
‘carros-chefes’ dos projetos interdisciplinares. E Português é o suporte, pois todo projeto implica em 
produção de textos. Já matérias como Matemática ou Educação Física são mais difíceis de serem 
integradas", admite a Supervisora de Ensino Maria Flor de Maio Duarte. 
Juntar vários professores em um único projeto pode tumultuar a rotina da escola. "O maior 
risco de se trabalhar com projeto interdisciplinar é ele ficar desatrelado do conteúdo programático. 
É preciso enriquecer o trabalho dos professores, e não desviá-los do programa", alerta a supervisora 
Flor. Por isso, ela aponta um atalho seguro para uma primeira experiência: começar com duas ou 
três matérias casadas. 
É o que estão fazendo os professores de Geografia e Matemática. Existe uma lei ambiental 
que proíbe desmatamento em terrenos com inclinação entre 25 e 45 graus, para evitar desabamento 
de encostas. Os alunos criaram os ângulos com o transferidor e, depois, produziram maquetes para 
as aulas de Geografia. "O interesse dos alunos foi tal que eles estão estudando ângulos, que é 
matéria da 6ª série", comentou Wellington, revelando a reação em cadeia que a Pedagogia de 
Projetos provoca nos alunos. 
A sala de Estudos Sociais tornou-se um dos lugares preferidos dos alunos 
Na época de provas, nova revolução. Os alunos nem acreditavam no que viam. Receberam 
uma única prova, para ser respondida em duplas, com questões de Ciências, História, Geografia, 
Língua Portuguesa e Matemática. 
Para a nova turma de 5ª série, a experiência do Caraça foi aprimorada. Fazendo uma 
autocrítica do ano passado, os professores perceberam que a ecologia havia ficado muito centrada 
na defesa do meio ambiente em um lugar distante da realidade urbana dos alunos. "Este ano, 
pretendemos mostrar que a defesa do meio ambiente passa pela busca da qualidade de vida", 
planeja Marco Aurélio, revelando o que talvez seja a faceta mais interessante da 
interdisciplinaridade: ela é viva, pulsa, se agita, sofre mudanças e, portanto, exige constantes 
correções de rumo. 
Agora, a 5ª série está trabalhando a "Carta de um Índio Americano", juntamente com uma 
análise do filme Dança com Lobos, de Kevin Costner, que fala da conquista do Oeste norte-
METODOLOGIA DOS ANOS INICIAIS
 
Pedagogia 
 
25 
 
americano e dos conflitos entre brancos e índios. "Assim, trabalharemos a destruição do meio 
ambiente e a discriminação racial", comenta o professor de História. 
 
 Alunos e professores estão sempre aprendendo 
8 
O que acontecerá na reedição do Projeto Caraça? Ninguém sabe.Os professores nem 
imaginam aonde uma aventura do conhecimento como esta vai dar. E este é o melhor dos mundos 
para quem quer cutucar a curiosidade de seus alunos. Piaget definia a inteligência como a 
capacidade de estabelecer relações. Quando um projeto interdisciplinar consegue ligar conceitos 
pescados numa aula aqui, noutra ali, encoraja os alunos a encontrar respostas a partir de suas 
próprias perguntas. "O grande diferencial de um projeto desta natureza é a mudança de postura do 
professor", explica a pedagoga Rosamaria Calaes de Andrade, acrescentando que "toda dúvida, 
desejo ou problema vindo dos alunos pode ser assunto, desde que se faça o recorte adequado à 
faixa etária e ao programa exigido". Ela exemplifica. "Uma professora de Português da 2ª série de 
outro colégio de Belo Horizonte aproveitou a falta de um aluno, e o fato de ninguém saber seu 
telefone nem onde morava, para propor uma Agenda da Classe. Como as crianças precisaram 
ordenar os nomes em ordem alfabética, foi um jeito criativo de ensinar o abecedário", comenta 
Rosamaria. O professor de Estudos Sociais fez a classe estudar o bairro a partir do endereço de 
cada um. O de Matemática mostrou como é feita a numeração das casas nas ruas. 
Exemplos como este acontecem a todo momento. O que faz a diferença é o professor estar 
atento às oportunidades. O próprio Marco Aurélio se dá conta da mudança de atitude toda vez que 
entra em uma livraria. "Antigamente, eu ia para a estante dos livros de História e ficava por lá. Agora, 
comecei a me interessar por livros de Pedagogia e até de outras matérias", conta o professor, 
revelando o principal efeito da interdisciplinaridade na vida de quem dá ou recebe aulas: surge uma 
vontade danada de aprender mais, e mais, e mais (NOVA ESCOLA, 1999). 
 
TEXTO 2 - Um Projeto Interdisciplinar 
METODOLOGIA DOS ANOS INICIAIS
 
Pedagogia 
 
26 
 
 
Planejamento, troca de informações, incentivo ao trabalho de grupo e capacidade de 
improvisar a partir das necessidades de cada classe determinam o sucesso da Pedagogia 
de Projetos. 
A seguir, destacam-se os passos para a realização de um projeto Interdisciplinar: 
 
1) DEFINIÇÃO DO TEMA 
Qual tema será o fio condutor do projeto: folclore, ecologia, trabalho, higiene pessoal, 
algum artista plástico ou escritor etc. 
 
2) NECESSIDADE 
Definição do porquê se quer trabalhar este ou aquele tema. 
 
3) OBJETIVOS 
O que se pretende alcançar e como o tema se liga ao programa curricular. 
 
4) ABRANGÊNCIA 
Aqui se definem quais matérias estarão envolvidas no projeto interdisciplinar. 
 
5) CRONOGRAMA 
Definição de datas de leitura do livro paradidático, trabalho de campo, provas ou 
outros métodos de avaliação. 
 
6) METODOLOGIA 
Os professores discutem como cada um trabalhará o tema em sua disciplina. 
 
7) RECURSOS 
Qual será o custo do projeto para a escola? Aqui se inserem palestrantes, guias para 
trabalhos de campo, transporte etc. 
 
8) CRIA-SE O GANCHO 
Depois de tudo planejado, o professor pode aproveitar uma dúvida, desejo, problema 
ou curiosidade dos alunos para introduzir a ideia do projeto. 
9) DESENVOLVIMENTO 
METODOLOGIA DOS ANOS INICIAIS
 
Pedagogia 
 
27 
 
Os grupos de alunos se formam, realizam trabalhos de campo, reuniões e discutem 
o formato das apresentações. 
 
10) AVALIAÇÃO 
São feitas provas, peças de teatro ou produções audiovisuais e trabalhos que devem 
ser apresentados por grupos de alunos. 
 
11) AUTOAVALIAÇÃO 
Alunos, professores e supervisores de ensino analisam os pontos positivos e 
negativos da experiência, sugerindo mudanças e repensando temas, metodologia, provas 
etc. 
 
 
2 TODOS GANHAM COM A INTERDISCIPLINARIDADE 
 
2.1 OS ALUNOS, PORQUE... 
 
 aprenderam a trabalhar em grupo, do início ao fim do projeto; 
 encontraram no Caraça lições práticas de relevo; 
 viveram a experiência de fazer uma prova interdisciplinar em dupla; 
 melhoraram o relacionamento com os colegas. 
 
2.2 OS PROFESSORES, PORQUE... 
 
 se viram forçados, pelos próprios alunos, a ampliar conhecimentos 
de outras áreas, o que melhora a própria formação; 
 tiveram menos problemas de disciplina do que imaginavam nas 
aulas fora da sala; 
 espantaram o tédio do planejamento e de sua execução durante o ano letivo; 
 também melhoraram o relacionamento entre colegas. 
 
2.3 A ESCOLA, PORQUE... 
 
 cumpriu o programa de maneira ágil e eficiente; 
 viu seus alunos comentar a experiência junto à comunidade; 
 teve menos problemas com disciplina, pois muitos trabalhos em grupo eram feitos 
durante os intervalos. 
METODOLOGIA DOS ANOS INICIAIS
 
Pedagogia 
 
28 
 
 
 
3 METODOLOGIA DO ENSINO DE CIÊNCIAS 
 
9 
 
 3.1 BREVE HISTÓRICO DO ENSINO DE CIÊNCIAS NATURAIS: FASES E TENDÊNCIAS 
DOMINANTES 
 
Para os PCNs (2000), o ensino de Ciências Naturais, nos anos iniciais do Ensino 
Fundamental, tem se orientado por diferentes tendências que ainda hoje permanecem em 
sala de aula. Até a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases n. 4.024/61, o conhecimento 
científico era considerado neutro e não se punha em questão a verdade científica. A 
qualidade do ensino era definida pela quantidade de conteúdos, e as ideias eram 
apresentadas pelos professores e o aluno acompanhava pelo livro-texto. 
Com a influência das ideias da Escola Nova, o eixo da questão pedagógica deslocou-
se para os aspectos psicológicos, valorizando a participação ativa do aluno no processo de 
aprendizagem. “As atividades práticas passaram a representar importante elemento para a 
compreensão ativa dos conceitos” (BRASIL, 2000, p. 20) e passaram a ser proclamadas 
como a grande solução para o ensino de Ciências: 
 
O objetivo fundamental do ensino de Ciências passou a ser o de dar 
condições para o aluno identificar problemas a partir de observações sobre 
um fato, levantar hipóteses, testá-las, refutá-las e abandoná-las quando 
fosse o caso, trabalhando de forma a tirar conclusões sozinho. O aluno 
deveria ser capaz de “redescobrir” o já conhecido pela ciência, apropriando-
se de sua forma de trabalho compreendida então como “o método científico”: 
uma sequência rígida de etapas preestabelecidas. É com essa perspectiva 
que se buscava, naquela ocasião, a democratização do conhecimento 
científico, reconhecendo-se a importância da vivencia científica não apenas 
para eventuais cientistas, mas também para o cidadão comum (BRASIL, 
2000, p. 20). 
 
METODOLOGIA DOS ANOS INICIAIS
 
Pedagogia 
 
29 
 
Durante muito tempo, a ênfase no “método científico” acompanhou os objetivos do 
ensino de Ciências Naturais. As concepções de produção do conhecimento científico e da 
aprendizagem das Ciências eram de cunho empirista/indutivista (a partir da experiência 
direta com os fenômenos naturais, seria possível descobrir as leis da natureza). No entanto, 
durante a década de 80, os pesquisadores do ensino de Ciências Naturais puderam 
demonstrar que o simples experimentar não garantia a aquisição do conhecimento 
científico. 
Desde então, as discussões travadas em torno do ensino de ciências se 
configuraram em uma tendência de ensino, conhecida como “Ciência, Tecnologia e 
Sociedade” (CTS), e é importante até os dias de hoje. 
Ainda nos anos 80, a análise do processo educacional passou a ter como tônica o 
processo de construção do conhecimento científico pelo aluno. Correntes da psicologia 
demonstraram a existência de conceitos intuitivos espontâneos, alternativos ou pré-
concepções acerca dos fenômenos naturais. Essas noções não eram consideradas no 
processo de ensino e aprendizagem, mas eram centrais nas tendências construtivistas. 
Desde os anos 80 até hoje, é grande a produção acadêmica envolvendo pesquisas 
que investigam as pré-concepções de crianças e adolescentes sobre os fenômenos 
naturais e suas relações com os conceitos científicos. Essas pesquisas trouxeram 
informações relativasà mudança conceitual, núcleo de diferentes correntes construtivistas: 
 
São dois seus pressupostos básicos; a aprendizagem provém do 
envolvimento ativo do aluno com a construção do conhecimento e as ideias 
prévias dos alunos têm papel fundamental no processo de aprendizagem, 
que só é possível embasada naquilo que ele já sabe (BRASIL, 2000, p.23). 
 
Em uma sociedade em que há a supervalorização do conhecimento científico e com 
a crescente intervenção da tecnologia no dia-a-dia, não é possível pensar na formação de 
um sujeito à margem do saber científico. 
Mostrar a ciência como conhecimento que colabora para a compreensão do mundo 
e suas transformações, para reconhecer o homem como parte o universo e como indivíduo 
é a meta que se propõe para o ensino de ciências no Ensino Fundamental. 
 
3.2 Aprender e ensinar Ciências Naturais no Ensino Fundamental 
METODOLOGIA DOS ANOS INICIAIS
 
Pedagogia 
 
30 
 
10 
 
Para o ensino de Ciências Naturais, é necessária a construção de uma estrutura 
geral da área que favoreça a aprendizagem significativa do conhecimento historicamente 
acumulado e a formação de uma concepção de Ciências, suas relações com a Tecnologia 
e a Sociedade. 
De um lado, os estudantes possuem um repertório de representações, 
conhecimentos intuitivos, adquiridos pela vivência, pela cultura e senso comum, acerca dos 
conceitos que serão ensinados na escola. Campos (1999, p.83) pontua que “Essas 
concepções formuladas pelos alunos antes ou depois do ensino formal, que diferem da 
concepção cientifica para dado conceito, damos o nome de concepções alternativas ou 
conhecimentos prévios”. 
Entendemos que os alunos criam significados para as informações a que têm 
acesso, adaptando-as às próprias concepções. Desse modo, criam uma realidade própria 
que dá sentido à informação que receberam, sem, no entanto, alterar sua concepção inicial, 
mesmo recebendo informações científicas no ensino formal. 
 
 
 
 
 
 
 
SAIBA MAIS! 
METODOLOGIA DOS ANOS INICIAIS
 
Pedagogia 
 
31 
 
Para saber um pouco mais sobre as concepções dos alunos, 
leia o capítulo quatro: “Aquilo que os alunos já sabem“, do livro Didática 
de ciências: o ensino-aprendizagem como investigação, de Maria 
Cristina da Cunha Campo e Rogério Gonçalves Nigro. 
 
 
 
 O professor é o principal articulador entre o conhecimento do aluno e o saber 
científico. Desta forma cabe a ele chamar a atenção para determinados detalhes, cores, 
formas dos objetos de estudo. 
 
No contexto da aprendizagem significativa, os alunos são convidados a 
praticar os procedimentos, no início a partir de modelos oferecidos pelo 
professor e, aos poucos, tornando-se autônomos. Por exemplo, ao trabalhar 
o desenho de observação, o professor inicia a atividade desenhando no 
quadro, conversando com a classe sobre os detalhes de cores e formas que 
permitem que o desenho científico, seja uma representação do objeto 
original. Em seguida, os alunos podem fazer seu próprio desenho de 
observação, esperando-se que esse primeiro desenho se assemelhe ao do 
professor. Em outras oportunidades, poderão começar o desenho de 
observação sem o modelo do professor, que ainda assim conversa com os 
alunos sobre detalhes necessários ao desenho (Brasil, 2000, p. 29). 
 
Além das concepções iniciais, têm-se o amadurecimento intelectual e emocional do 
aluno e as ideias de senso comum que o professor carrega. Por outro lado, têm-se a 
estrutura do conhecimento científico e seu processo histórico de produção, que envolve 
relações com várias atividades humanas, especialmente a tecnologia, com valores 
humanos e concepções de ciências. 
Os campos do conhecimento científico e suas teorias vigentes, com conjuntos de 
proposições e metodologias altamente estruturadas e formalizadas, apresentam-se muito 
longe do aluno em formação, portanto não podem ser as mesmas que organizam o ensino 
e a aprendizagem de Ciências Naturais no Ensino Fundamental, mas são um caminho para 
onde orientar as investigações em sala de aula e projetos de ciências. A história das 
ciências também é fonte de conhecimentos na área: 
A história das ideias científicas e a história das relações do ser humano com 
seu corpo, com os ambientes e com os recursos naturais devem ter lugar no 
ensino, para que se possa construir com os alunos uma concepção interativa 
de Ciência e Tecnologia não-neutras, contextualizada nas relações entre as 
sociedades humanas e a natureza (BRASIL, 2000, p.32). 
 
Pela abrangência e pela natureza dos objetos de estudo dessa área, é possível 
desenvolvê-la de forma dinâmica, orientando o trabalho escolar para o conhecimento sobre 
METODOLOGIA DOS ANOS INICIAIS
 
Pedagogia 
 
32 
 
fenômenos da natureza, incluindo o ser humano e as tecnologias mais próximas e mais 
distantes no espaço e no tempo: 
Estabelecer relações entre o que é conhecido e as novas ideias, entre o 
comum e o diferente, entre o particular e o geral, definir contrapontos entre 
os muitos elementos no universo de conhecimentos são processos 
essenciais à estruturação do pensamento, particularmente do pensamento 
cientifico (BRASIL, 2000, p. 32). 
 
No ensino e aprendizagem de ciências, é importante que o professor tenha claro que 
os conhecimentos não são reelaborados somente com apresentação de definições 
científicas, em geral, fora do alcance dos alunos. As definições devem ser construídas ao 
longo de suas observações, da mesma forma que conceitos, procedimentos e atitudes 
também são aprendidos. 
 
3.3 Os conteúdos de Ciências Naturais no Ensino Fundamental 
 
Os conteúdos serão apresentados pela BNCC em em 3 unidades temáticas. São 
elas: Matéria e Energia, Vida e Evolução e Terra e Universo. 
De acordo com o Movimento pela Base Nacional Comum, grupo não governamental 
de profissionais da educação: “Ao longo do Ensino Fundamental, a área de Ciências da 
Natureza tem um compromisso com o desenvolvimento do letramento científico, ou seja, a 
capacidade de compreender e interpretar o mundo (natural, social e tecnológico), mas 
também de transformá-lo”. 
Para entender melhor, podemos começar olhando para nortes de ensino por trás dos 
conteúdos trazidos pelas unidades temáticas. Isso porque além das 10 Competências 
Gerais da BNCC, cada área também conta com suas próprias competências. Aliás, este é 
um grande foco de ensino trazido pela Base. 
Vale lembrar que as competências são a integração de um conjunto 
de conhecimentos, habilidades e atitudes (CHA). Enquanto o conhecimento é aquilo 
que se sabe, as habilidades representam a capacidade de saber fazer. Já as atitudes dizem 
respeito ao querer fazer e estão diretamente ligadas à ação. 
Conheça então quais são elas para a área de ciências da natureza e a importância 
destes novos direcionamentos! 
 
http://movimentopelabase.org.br/acontece/area-de-ciencias-humanas-na-bncc/
https://educador360.com/gestao/gestao-escolar/bncc-o-que-muda-na-sua-escola/
https://educador360.com/gestao/gestao-escolar/bncc-o-que-muda-na-sua-escola/
METODOLOGIA DOS ANOS INICIAIS
 
Pedagogia 
 
33 
 
3.4 As 8 competências de Ciências da Natureza para o Ensino Fundamenta 
De acordo com a BNCC, são 8 as competências esperadas para esta área: 
1. Compreender as Ciências da Natureza como empreendimento humano, e o 
conhecimento científico como provisório, cultural e histórico. 
2. Compreender conceitos fundamentais e estruturas explicativas das Ciências da 
Natureza, bem como dominar processos, práticas e procedimentos da investigação 
científica, de modo a sentir segurança no debate de questões científicas, 
tecnológicas, socioambientais e do mundo do trabalho, continuar aprendendo e 
colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva. 
3. Analisar, compreender e explicar características, fenômenos e processos relativos 
ao mundo natural, social e tecnológico (incluindo o digital), como também as relações 
que se estabelecementre eles, exercitando a curiosidade para fazer perguntas, 
buscar respostas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos 
conhecimentos das Ciências da Natureza. 
4. Avaliar aplicações e implicações políticas, socioambientais e culturais da ciência e 
de suas tecnologias para propor alternativas aos desafios do mundo contemporâneo, 
incluindo aqueles relativos ao mundo do trabalho. 
5. Construir argumentos com base em dados, evidências e informações confiáveis e 
negociar e defender ideias e pontos de vista que promovam a consciência 
socioambiental e o respeito a si próprio e ao outro, acolhendo e valorizando a 
diversidade de indivíduos e de grupos sociais, sem preconceitos de qualquer 
natureza. 
6. Utilizar diferentes linguagens e tecnologias digitais de informação e comunicação 
para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos e 
resolver problemas das Ciências da Natureza de forma crítica, significativa, reflexiva 
e ética. 
7. Conhecer, apreciar e cuidar de si, do seu corpo e bem-estar, compreendendo- se na 
diversidade humana, fazendo-se respeitar e respeitando o outro, recorrendo aos 
conhecimentos das Ciências da Natureza e às suas tecnologias. 
8. Agir pessoal e coletivamente com respeito, autonomia, responsabilidade, 
flexibilidade, resiliência e determinação, recorrendo aos conhecimentos das Ciências 
da Natureza para tomar decisões frente a questões científico-tecnológicas e 
http://base-nacional-comum-curricular.blogspot.com/2018/03/43-area-de-ciencias-da-natureza.html
METODOLOGIA DOS ANOS INICIAIS
 
Pedagogia 
 
34 
 
socioambientais e a respeito da saúde individual e coletiva, com base em princípios 
éticos, democráticos, sustentáveis e solidários. 
 
3.5 Quais os principais reflexos desta aprendizagem? 
Como as competências dizem respeito ao conhecimento colocado em prática, o 
esperado é estes estudos permitam uma mudança de comportamento. No final, todos é 
necessário que este aprendizado se reverta em atitudes com base em princípios éticos e 
sustentáveis. 
A partir do entendimento da vida e seus diversos aspectos, eles poderão refletir sobre a 
existência em diferentes níveis. Começando pela compreensão de si próprios e de sua 
saúde física, mental e emocional. Depois também levando em conta todos os seres 
humanos e o meio ambiente. Por fim chegando ao estudo de outros planetas e o espaço. 
Percebe-se a grande importância do sentido de pertencimento em uma visão de todo. 
Afinal, é a partir desta compreensão que somos capazes de desenvolver o respeito por todo 
ser vivo e ambiente. 
É importante considerar os diversos problemas socioambientais em que vivemos como 
poluição, fome, doenças, desmatamento, entre outros. Dessa forma as competências 
aplicadas através de ciências da natureza, são urgentes para a qualidade de vida no 
planeta hoje. 
O estímulo do interesse e a curiosidade científica deverão ser responsáveis 
pela cooperação e pelo trabalho coletivo. A intenção é um estilo de vida mais saudável 
de forma individual e coletiva. 
 
 
 
 
 
 
 
http://info.geekie.com.br/bncc-ciencias/
METODOLOGIA DOS ANOS INICIAIS
 
Pedagogia 
 
35 
 
 
 
4 OS BLOCOS TEMÁTICOS 
 
Os conteúdos de Ciências são organizados em três blocos temáticos, propostos para 
o Ensino Fundamental: Materia e Energia; Vida e Evolução e Terra e Universo. 
 
 
4.1 MATERIA E ENERGIA 
11 
 
O ponto central da unidade temática Matéria e Energia é desenvolver a capacidade 
de entender a natureza da matéria e os diferentes usos da energia. Isso envolve 
compreender a origem, a utilização e o processamento de recursos naturais e energéticos. 
 
 
 
Nas últimas décadas, têm-se presenciado, nos meios de comunicação, debates 
sobre problemas ambientais, o que tem contribuído para que as populações estejam alerta. 
Entretanto, a simples divulgação não assegura a aquisição de informações e conceitos 
referendados pelas Ciências. É comum a banalização do conhecimento científico – o 
emprego de ecologia como sinônimo de meio ambiente é um exemplo – e a difusão de 
visões distorcidas sobre a questão ambiental. 
METODOLOGIA DOS ANOS INICIAIS
 
Pedagogia 
 
36 
 
A partir do senso comum, desenvolvem-se representações sobre o meio ambiente e 
problemas ambientais, geralmente pouco rigorosas do ponto de vista científico. É papel da 
escola provocar a revisão desses conhecimentos, enriquecendo-os com informações 
científicas: 
Como conteúdo escolar, a temática ambiental permite apontar para as 
relações recíprocas entre sociedade e ambiente, marcadas pelas 
necessidades humanas, seus conhecimentos e valores. As questões 
específicas dos recursos tecnológicos, intimamente relacionados às 
transformações ambientais, também são importantes conhecimentos a 
serem desenvolvidos (BRASIL, 2000, p. 45). 
 
O tema transversal Meio Ambiente envolve a discussão a respeito da relação entre 
os problemas ambientais e os fatores econômicos, políticos, sociais e históricos. São 
problemas que tratam de discussões sobre responsabilidades humanas, voltadas ao bem-
estar comum e ao desenvolvimento sustentado, na perspectiva da reversão da crise 
socioambiental planetária. Sua discussão completa demanda fundamentação em diferentes 
campos de conhecimento. Assim, tanto as ciências humanas quanto as Ciências Naturais 
contribuem para a construção de seus conteúdos. 
A Ecologia é o referencial teórico para os estudos ambientais. Em uma definição 
ampla, a Ecologia estuda as relações de interdependência entre os organismos vivos e 
destes com os componentes sem vida do espaço em que habitam, resultando em um 
sistema aberto, denominado ecossistema: 
Tais relações são enfocadas nos estudos das cadeias e teias alimentares, 
dos níveis tróficos (produção, consumo e decomposição), do ciclo dos 
materiais e fluxo de energia, da dinâmica das populações, do 
desenvolvimento e evolução dos ecossistemas (BRASIL,2000, p. 46). 
 
Em cada um desses capítulos, lança-se mão de conhecimentos da Química, da 
Física, da Geologia, da Paleontologia, da Biologia e de outras ciências, o que faz da 
Ecologia uma ciência interdisciplinar. 
Outro ponto a ser discutido, nesse bloco, é que os fundamentos científicos devem 
subsidiar a formação de atitudes dos alunos: 
Não basta ensinar, por exemplo, que não se deve jogar lixo nas ruas ou que 
é necessário não desperdiçar materiais, como água, papel ou plástico. Para 
que essas atitudes e valores se justifiquem, para não serem dogmas vazios 
de significados, é necessário informar sobre as implicações ambientais 
dessas ações. Nas cidades, lixo nas ruas pode significar bueiros entupidos 
e água de chuva sem escoamento, favorecendo as enchentes e a 
propagação de moscas, ratos ou outros veículos de doenças. Por sua vez, 
o desperdício de materiais, considerado no enfoque das relações entre os 
componentes do ambiente, pode significar a intensificação de extração de 
recursos naturais, como petróleo e vegetais que são matéria-prima para a 
produção de plásticos e papel (BRASIL, 2000, p. 48). 
METODOLOGIA DOS ANOS INICIAIS
 
Pedagogia 
 
37 
 
 
Ao realizar procedimentos de observação e experimentação, os alunos buscam 
informações e estabelecem relações entre elementos dos ambientes, subsidiados por 
informações complementares, oferecidas por outras fontes ou pelo professor. 
 
4.2 SER HUMANO E SAÚDE 
 
12 
 
Este texto foi retirado integralmente dos PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais) 
de Ciências Naturais, por abordar uma visão globalizada do estudo do corpo humano, 
importante para a compreensão do aluno: 
A concepção de corpo humano como um sistema integrado, que interage com o 
ambiente e reflete a história de vida do sujeito, orienta esta temática. 
Assim como a natureza, o corpo humano deve ser visto como um todo 
dinamicamente articulado; os diferentes aparelhos e sistemas que o compõem devem ser 
percebidos em suas funções específicaspara a manutenção do todo. Importa, portanto, 
compreender as relações fisiológicas e anatômicas. 
Para que o aluno compreenda a maneira pela qual o corpo se transforma, 
transporta e elimina água, oxigênio, alimentos, obtém energia, se defende da invasão de 
elementos danosos, coordena e integra as diferentes funções, é importante conhecer os 
METODOLOGIA DOS ANOS INICIAIS
 
Pedagogia 
 
38 
 
vários processos e estruturas e compreender a relação de cada aparelho e sistema com os 
demais. É essa relação que assegura a integridade do corpo e faz dele uma totalidade. 
Tanto quanto as relações entre aparelhos e sistemas, as interações com o meio 
respondem pela manutenção da integridade do corpo. A maneira como tais interações se 
estabelecem, permitindo ou não a realização das necessidades biológicas, afetivas, sociais 
e culturais, fica registrada no corpo. Por isso se diz que o corpo reflete a história de vida do 
sujeito. A carência nutricional, afetiva e social, por exemplo, desenham o corpo humano, 
interferem na sua arquitetura e no seu funcionamento. 
Portanto, o conhecimento sobre o corpo humano para o aluno deve estar associado 
a um melhor conhecimento do seu próprio corpo, por ser seu e por ser único, e com o qual 
ele tem uma intimidade e uma percepção subjetiva que ninguém mais pode ter. Essa visão 
favorece o desenvolvimento de atitudes de respeito e de apreço pelo próprio corpo e pelas 
diferenças individuais. 
O equilíbrio dinâmico, característico do corpo humano, é chamado de estado de 
saúde. Pode-se então compreender que o estado de saúde é condicionado por fatores de 
várias ordens: físicos, psíquicos e sociais. A falta de um ou mais desses condicionantes da 
saúde pode ferir o equilíbrio e, como consequência, o corpo adoece. Trabalhando com a 
perspectiva do corpo como um todo integrado, a doença passa a ser compreendida como 
um estado de desequilíbrio do corpo e não de alguma de suas partes. Uma disfunção de 
qualquer aparelho ou sistema representa um problema do corpo todo e não apenas daquele 
aparelho ou sistema. 
Como ser vivo que é, o ser humano tem seu ciclo vital: nasce, cresce, se 
desenvolve, se reproduz e morre. Cada uma dessas fases é fortemente marcada por 
aspectos socioculturais que se traduzem em hábitos, comportamentos, rituais próprios de 
cada cultura. A alimentação, por exemplo, é uma necessidade biológica comum a todos os 
seres humanos. 
Todos têm necessidade de consumir diariamente uma série de substâncias 
alimentares, fundamentais à construção e ao desenvolvimento do corpo – proteínas, 
vitaminas, carboidratos, lipídios, sais minerais e água. Os tipos de alimentos e a forma de 
prepará-los são determinados pela cultura e pelo gosto pessoal. Atualmente, a mídia tem 
se incumbido de ditar a alimentação mediante a veiculação de propaganda. É muito 
importante estar atento às ciladas que a propaganda prega. O consumo é o objetivo 
principal da propaganda – de alimentos ou de medicamentos -, não importando o 
comprometimento da saúde. Pesquisas têm mostrado que o índice elevado de colesterol 
no sangue deixou de ser um problema apenas de adultos, para ser também de crianças. E 
METODOLOGIA DOS ANOS INICIAIS
 
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39 
 
não se trata de casos esporádicos; vem crescendo o número de crianças com índice 
elevado de colesterol. Motivo: consumo de sanduíches e doces no lugar de refeições com 
verduras, cereais e legumes. 
É importante que o trabalho sobre o crescimento e o desenvolvimento humanos 
leve em conta as transformações do corpo e do comportamento nas diferentes fases da 
vida – nascimento, infância, juventude, idade adulta e velhice -, evidenciando-se e 
intercruzando-se os fatores biológicos, culturais e sociais que marcam tais fases. Importa, 
ainda, que se enfatize a possibilidade de realizar escolhas na herança cultural recebida e 
de mudar hábitos e comportamentos que favoreçam a saúde pessoal e coletiva e o 
desenvolvimento individual. 
É papel da escola subsidiar os alunos com conhecimentos e capacidades que os 
tornem aptos a discriminar informações, identificar valores agregados a essas informações 
e realizar escolhas. Por exemplo, o hábito da automedicação, que se constitui fator de risco 
à vida, não é um hábito a ser preservado, pois fere um valor importante a ser desenvolvido: 
o respeito à vida com qualidade. Da mesma forma, outros hábitos e comportamentos como 
jogar lixo em terrenos baldios, descuido com a higiene pessoal, discriminação de pessoas 
de padrões culturalmente distintos etc., podem e devem ser trabalhados. 
A sexualidade humana deve ser considerada nas diferentes fases da vida, 
compreendendo que é um comportamento condicionado por fatores biológicos, culturais e 
sociais, que tem um significado muito mais amplo e variado que a reprodução, para pessoas 
de todas as idades. É elemento de realização humana em suas dimensões afetivas e 
sociais, que incluem, mas não se restringem à dimensão biológica. 
Tão importante quanto o estudo da anatomia e da fisiologia dos aparelhos 
reprodutores, masculino e feminino, a gravidez, o parto, a contracepção, as formas de 
prevenção às doenças sexualmente transmissíveis, é a compreensão de que o corpo 
humano é sexuado, que a manifestação da sexualidade assume formas diversas ao longo 
do desenvolvimento humano e, como qualquer comportamento, é modelado pela cultura e 
pela sociedade. Esse conhecimento abre possibilidades para o aluno conhecer-se melhor, 
perceber e respeitar suas necessidades e as dos outros, realizar escolhas, perceber e 
respeitar suas necessidades e as dos outros, realizar escolhas dentro daquilo que lhe é 
oferecido. 
O aspecto rítmico das funções do corpo humano pode ser abordado em conexão 
com o mesmo aspecto observado para os demais seres vivos, evidenciando-se o aspecto 
da natureza biológica do ser humano. Algumas funções rítmicas interessantes e facilmente 
observáveis são a floração e a frutificação de plantas ao longo do ano, o estado de sono e 
METODOLOGIA DOS ANOS INICIAIS
 
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vigília no ser humano e nos demais animais, a menstruação nas mulheres, o cio entre os 
animais etc. Pode-se ainda estabelecer relações entre os ritmos fisiológicos e os geofísicos, 
como o dia e a noite e as estações do ano. 
Os ritmos fisiológicos estão ajustados aos geofísicos, embora sejam 
independentes. Por exemplo: o ciclo sono-vigília está ajustado ao ciclo dia-noite 
(movimento da Terra em torno de seu eixo). Se isolarmos uma pessoa dentro de uma 
caverna onde o ciclo dia-noite inexista, ela continuará tendo períodos de sono e períodos 
de vigília, mas o tamanho de cada um desses períodos se modificará. 
 
4.3 RECURSOS TECNOLÓGICOS 
13 
A transformação da natureza para a utilização de recursos naturais – alimentos, 
materiais e energia – é inseparável da civilização. Este bloco temático enfoca as 
transformações dos recursos materiais e energéticos em produtos necessários à vida 
humana como aparelhos, máquinas, instrumentos e processos que possibilitam essas 
transformações e as implicações sociais do desenvolvimento e do uso de tecnologia. 
O conhecimento da história da humanidade, da Pré-História aos dias atuais, nas 
diferentes culturas, tem a tecnologia como referência importante. Assim, o período 
Paleolítico foi caracterizado pelo domínio do fogo e pelo uso da pedra lascada como 
instrumento de caça e pesca, substituído pela pedra polida no período Neolítico, quando os 
instrumentos sofriam polimento por meio de atrito. Durante este período, desenvolveram-
se também a agricultura, a criação de animais e a utilização do ouro e do cobre, metais que 
dispensam fundição e refinação, cuja tecnologia foi elaborada no período seguinte. 
METODOLOGIA DOS ANOS INICIAIS
 
Pedagogia 
 
41 
 
Podemos acreditar, então, que o desenvolvimento e a especialização das 
populações humanas, ao longo dos tempos, ocorreram juntamentecom o desenvolvimento 
tecnológico, que foi sendo aperfeiçoado: 
Este bloco temático comporta discussões acerca das relações entre Ciência, 
Tecnologia e Sociedade, no presente e no passado, no Brasil e no mundo, 
em vários contextos culturais. As questões éticas, valores e atitudes 
compreendidos nessas relações são aspectos fundamentais a investigar 
nos temas que se desenvolvem em sala de aula. A origem e o destino social 
dos recursos tecnológicos, as consequências para a saúde pessoal e 
ambiental e as vantagens sociais do emprego de determinadas tecnologias 
são exemplos de aspectos a serem investigados (BRASIL, 2000, p.55). 
 
O conhecimento acerca dos processos de extração e cultivo de plantas em hortas, 
pomares e lavouras, de criação de animais em granjas, viveiros e pastagens, de extração 
e transformação industrial de metais, de extração de areia e outros materiais utilizados na 
construção civil podem ser abordados, considerando os conteúdos de Recursos 
Tecnológicos e Ambiente, possibilitando, ainda, conexão com o tema transversal Meio 
Ambiente. 
As funções de nutrição podem ser trabalhadas em conexão com o bloco “Recursos 
tecnológicos”. Ao lado do conhecimento sobre as substâncias alimentares e suas funções 
para o organismo; as necessidades alimentares de acordo com idade, sexo, atividade que 
o sujeito desenvolve e clima da região onde vive, pode-se estudar o problema da 
deterioração dos alimentos e as técnicas desenvolvidas para conservação dos mesmos, 
considerando-se o alcance social de tal desenvolvimento. 
A indústria alimentícia pode ser discutida, investigando-se alguns processos de 
transformação dos alimentos, adição de substâncias corantes, conservantes, etc. Pode-se 
discutir as relações com aspectos político-econômicos envolvidos na disponibilidade de tais 
alimentos. 
 
4.4 TERRA E UNIVERSO 
METODOLOGIA DOS ANOS INICIAIS
 
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14 
 
Este texto foi retirado integralmente dos PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais) 
de Ciências Naturais, por abordar uma visão globalizada do estudo da Terra e do Universo, 
importante para a compreensão do aluno: 
A busca em entender o Universo não é nova. Ao longo da História construíram-se 
modelos para explicar a Terra e o Universo, sendo de grande importância a transição para 
o modelo heliocêntrico, desenvolvido por Copérnico, pois levou-se séculos para 
desenvolver uma alternativa ao ponto de vista geocêntrico, de Ptolomeu. A ruptura só foi 
possível por mudanças de perspectiva no olhar. O Sistema Solar só foi concebido quando 
se imaginou sair da Terra e poder olhar de longe o conjunto de planetas movendo-se em 
torno do Sol. 
Isto significa um esforço gigantesco para se imaginar um centro de observação que 
não coincide com o lugar onde se está concretamente. Para os estudantes, é difícil a 
superação de concepções intuitivas acerca da forma da Terra, sua espessura, seu 
diâmetro, sua localização e descrição de seus movimentos. São concepções que permitem 
às crianças pequenas desenharem-se dentro da Terra. Por isso, é importante que o 
professor abra o diálogo para as distintas concepções de seus estudantes sobre o Universo 
antes de ensinar a perspectiva científica consagrada. 
Por isso, iniciar o estudo de corpos celestes a partir de um ponto de vista 
heliocêntrico, explicando os movimentos de rotação e translação, é ignorar o que os 
alunos sempre observaram. Uma forma efetiva de desenvolver as ideias dos 
estudantes é proporcionar observações sistemáticas, fomentando a explicitação das 
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Pedagogia 
 
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ideias intuitivas, solicitando explicações a partir da observação direta do Sol, da Lua, 
das outras estrelas e dos planetas. 
A mediação do professor será benéfica quando ajudar o próprio estudante a 
imaginar e a explicar aquilo que observa, ao mesmo tempo em que torne acessíveis 
informações sobre outros modelos de Universo e trabalhe com eles, quando for o 
caso, os conflitos entre as diferentes representações. Neste trajeto, os estudantes 
devem incorporar novos enfoques, novas informações, mudar suas concepções de 
tempo e espaço. 
Os estudantes devem ser orientados para articular informações com dados de 
observação direta do céu, utilizando as mesmas regularidades que nossos 
antepassados observaram para orientação no espaço e para medida do tempo, o que 
foi possível muito antes da bússola, dos relógios e do calendário atual, mas que junto 
a eles ainda hoje organizam a vida em sociedade em diversas culturas, o que pode 
ser trabalhado em conexão com o tema transversal Pluralidade Cultural. Dessa forma, 
os estudantes constroem o conceito de tempo cíclico de dia, mês e ano, enquanto 
aprendem a se situar na Terra, no Sistema Solar e no Universo. 
É necessário, contudo, ampliar esse conceito de tempo cíclico, promovendo 
também a ideia de tempo não-cíclico: o tempo histórico, que comporta as ideias de 
evolução, de passado, de registro, de memória e de presente, de mudanças 
essenciais e irreversíveis. O conhecimento sobre os corpos celestes foi sendo 
acumulado historicamente também pela necessidade de se aprender a registrar o 
tempo cíclico e de se orientar no espaço. 
Já, na fase nômade, a espécie humana associava mudanças na vegetação, 
hábitos de animais, épocas de chuvas com a configuração das estrelas ou com o 
trajeto do Sol. Com a elaboração do mapa dos céus, começou-se a desenvolver a 
Geometria, situando o ser humano com maior precisão na Terra e no espaço cósmico. 
Mas, apesar da conexão observada entre os ritmos biológicos dos seres vivos, 
como hábitos alimentares e épocas de reprodução, e os ritmos cósmicos, como dia, 
mês e estações do ano, muitas variações e transformações do ambiente terrestre não 
dependem exclusivamente de fatores relacionados aos corpos celestes. Entre outros 
fatores, muitas dessas transformações são provocadas pela ação humana, como a 
degradação ambiental e a promoção das alterações do relevo. 
Outras transformações ocorrem em razão da própria estrutura, da orientação 
do eixo de rotação e dos movimentos do nosso planeta. Por ser uma esfera com eixo 
de rotação inclinado em relação ao plano de translação, diferentes regiões da Terra 
METODOLOGIA DOS ANOS INICIAIS
 
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44 
 
captam a luz e o calor do Sol com intensidades muito diferentes ao longo de todo o 
ano, constituindo variados climas e biomas, característicos das latitudes em que se 
encontram. São conhecimentos que tiveram um longo percurso até sua 
sistematização atual. 
A estrutura interna da Terra é também dinâmica, originando vulcões, terremotos 
e distanciamento entre os continentes, o que altera constantemente o relevo e a 
composição das rochas e da atmosfera, seja pela deposição de gases das erupções, 
seja por mudanças climáticas drásticas, como glaciações e degelos. Portanto, as 
paisagens, tal como são percebidas, representam apenas um momento dentro do 
longo e contínuo processo de transformação pelo qual passa a Terra, em uma escala 
de tempo de muitos milhares, milhões e bilhões de anos: é a escala de tempo 
geológico, como é hoje conhecida. 
O conhecimento de algumas dessas transformações geológicas que ocorreram 
em tempos distantes foi sendo constituído conforme foram sendo decifradas a 
composição e a formação da litosfera. Fósseis de seres vivos extintos sugerem 
ambientes terrestres organizados de formas muito diferentes daquelas conhecidas 
atualmente, mas que propiciaram o surgimento da vida, fato exclusivo em todo o 
Universo conhecido até o momento. A interpretação de registros concretos do 
passado pode facilitar a compreensão do significado do tempo geológico, não-cíclico, 
se forem retomados em vários conteúdos trabalhados. 
A água, representando atualmente ¾ da superfície terrestre, foi fundamental 
para a origem da vida, diferenciando nosso planeta. Os fenômenos dos quais a água 
participa, como intemperismo,

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