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Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais Departamento de Engenharia Elétrica Engenharia Elétrica SUBSTITUIÇÃO DA REDE AÉREA DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA POR REDE SUBTERRÂNEA : ESTUDO DE CASO Jonas Fonseca Reis Rezende 04 de julho de 2018 CEFET-MG Departamento de Engenharia Elétrica Engenharia Elétrica Av. Amazonas, 7675 - Nova Gameleira, Belo Horizonte - MG, 30510-000 (31) 3319-6722 Jonas Fonseca Reis Rezende PROJETO DE SUBSTITUIÇÃO DA REDE AÉREA DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA POR REDE SUBTERRÂNEA : ESTUDO DE CASO Trabalho de conclusão de curso submetida A banca examinadora designada pelo Colegiado do Departamento de Engenharia Elétrica do CEFET-MG, como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Bacharel em Engenharia Elétrica. Área de Concentração: Distribuição de energia Orientador(a): Marcos Fernando dos Santos CEFET-MG Belo Horizonte Departamento de Engenharia Elétrica 04 de julho de 2018 “Se trabalharmos sobre o mármore, um dia ele acabará. Se trabalharmos sobre o metal, um dia o tempo o consumirá. Se erguermos templos, um dia se tornarão pó. Mas se trabalharmos sobre almas jovens e imortais, se nós as imbuirmos com os princípios do justo temor ao criador e amor à humanidade, daqui a cem anos pouco importará o quanto tenhamos acumulado no banco; que tipo de casa, palacete ou carro possuímos. Mas o mundo poderá ser diferente, talvez porque fomos importantes na vida dos jovens.” (Frank Sherman Land). Agradecimentos Agradeço em primeiro lugar aos meus pais Jonas Rezende e Elenice Reis por se esforçarem para que eu tenha conquistas, por terem paciência e fé na conclusão dos meus objetivos; Agradeço ao Pai Celestial, por me proteger e à minha família, dando saúde e força pra estar onde estou e chegar onde chegarei; Ao Coordenador do meu curso, José Hissa, por entender as necessidades de alunos ingressos via transferências, principalmente advindos do interior, e colaborar para adequação dos mesmos ao curso podendo assim se tornarem bacharéis, título tão sonhado; Ao Orientador deste trabalho, Professor Marcos Fernando, por ter toda paciência e atenção com alunos, colaborar com informações técnicas sobre a área do trabalho, e por ser um dos professores mais interdisciplinares do departamento de engenharia; Ao meu ex-professor José Evaristo Rodrigues Costa, por ser o primeiro professor a introduzir o conteúdo em questão em minha trajetória acadêmica, sendo titular da disciplina de Física II no curso de Engenharia de Controle e Automação do CEFET-MG – Campus III, meu antigo curso/campus; Aos meus Irmãos da Ordem Demolay por contribuírem na minha formação de liderança, tanto do lado pessoal como profissional, por me aceitarem em seus trabalhos e engrandecerem meu espírito de ajuda ao próximo; A minha Excelentíssima namorada Laís Moura, por ser o foco das minhas atividades e esforços, por apoiar-me e me corrigir nos meus desvios de trajetória; Aos meus colegas de turma, que sempre foram atenciosos e disponíveis quando necessário, durante estes longos anos de curso. Resumo O trabalho descreve as principais características técnicas das redes de distribuição aérea de energia elétrica e das redes de distribuição subterrânea. Um estudo de caso é feito para substituir as redes tradicionais aéreas de distribuição de energia por uma rede mais moderna de distribuição, a subterrânea. Foi então escolhido o local de estudo, a cidade de Leopoldina, Minas Gerais, localizado na região Zona da Mata. A área de estudo na cidade foi a área da região central, região com grande concentração de cargas. Foi feito então através dos dados de distribuição locais da concessionária, Energisa, um estudo prévio da rede atual que alimenta as cargas dessa área. De posse desses dados foi proposto novos circuitos alimentadores, com remanejo das cargas existentes que não estão sobre a área de estudo, e então definido a localização dos novo transformadores da rede subterrânea. Através destes foi possível estruturas os circuitos secundários e os ramais de entrada para atendimentos aos consumidores. Por fim foi feito uma comparação entre as redes aéreas e subterrâneas em distribuição de energia. i Sumário Resumo ................................................................................................................................................. v Sumário ................................................................................................................................................. i Lista de Figuras ............................................................................................................................... iii Lista de Abreviações ........................................................................................................................ v Capítulo 1 - Introdução ................................................................................................................... 6 1.1. Experiências relevantes relacionadas ao tema proposto ................................................... 6 1.2. Metodologia e objetivos do trabalho ........................................................................................ 10 1.3. Estrutura do Texto ........................................................................................................................... 10 Capítulo 2 – Distribuição de energia elétrica ...................................................................... 12 2.1. Subtransmissão................................................................................................................................. 13 2.2. Subestações de distribuição ......................................................................................................... 13 2.3. Redes primárias ................................................................................................................................ 14 2.4. Redes secundárias ........................................................................................................................... 14 2.5. Confiabilidade.................................................................................................................................... 14 Capítulo 3 – Rede de distribuição aérea de energia .......................................................... 17 3.1. Topologias ........................................................................................................................................... 17 3.1.1. Configuração radial simples ................................................................................................................. 17 3.1.2. Configuração radial com recurso ....................................................................................................... 19 3.1.3. Configuração em anel .............................................................................................................................. 20 3.2. Tipos de condutores ....................................................................................................................... 21 3.2.1. Cabo nu.......................................................................................................................................................... 21 3.2.2. Cabo pré-reunido ...................................................................................................................................... 22 3.2.3. Cabo protegido compacto ...................................................................................................................... 23 3.3. Transformadores .............................................................................................................................23 3.4. Proteções ............................................................................................................................................. 25 Capítulo 4 – Rede de distribuição subterrânea de energia ............................................ 28 4.1. Topologias ........................................................................................................................................... 28 4.1.1. Radial simples ............................................................................................................................................ 28 ii 4.1.2. Radial com recurso ................................................................................................................................... 29 4.1.3. Radial com primário em anel ............................................................................................................... 29 4.1.3.1. Anel aberto .......................................................................................................................................... 29 4.1.3.2. Anel fechado ....................................................................................................................................... 30 4.1.4. Radial com primário seletivo ............................................................................................................... 31 4.1.5. Radial com secundário seletivo .......................................................................................................... 32 4.1.6. Reticulado simples ................................................................................................................................... 33 4.1.7. Reticulado com primário seletivo ...................................................................................................... 34 4.2. Transformadores ............................................................................................................................. 35 4.3. Proteções ............................................................................................................................................. 36 Capítulo 5 – Substituição de RDA por RDS: estudo de caso ............................................ 37 5.1. Características elétricas atuais ................................................................................................... 38 5.1.2. Circuitos alimentadores ......................................................................................................................... 40 5.1.3. Circuitos secundários .............................................................................................................................. 45 5.1.4. Proteções ...................................................................................................................................................... 46 5.2. Características elétricas propostas ........................................................................................... 46 5.2.1. Circuitos alimentadores ......................................................................................................................... 47 5.2.2. Transformadores ...................................................................................................................................... 52 5.2.3. Circuitos secundários .............................................................................................................................. 53 5.2.4. Quadro de distribuição em pedestal (QDP) ................................................................................... 56 5.2.5. Proteções contra sobrecorrente ......................................................................................................... 57 5.3. Comparativo ....................................................................................................................................... 59 5.3.1. Infraestrutura ............................................................................................................................................. 59 5.3.2. Manutenção ................................................................................................................................................. 60 5.3.3. Confiabilidade ............................................................................................................................................ 61 5.3.4. Aspectos visuais e ambientais ............................................................................................................. 62 Capítulo 6 - Conclusão .................................................................................................................. 63 Referências ..................................................................................................................................... 66 iii Lista de Figuras Figura 1-1 Antigo Centro Comercial de Salvador (Coelba, 2013) ....................................................................................... 7 Figura 1-2 Aeroporto Deputado Luís Eduardo Magalhães (Coelba, 2013) ..................................................................... 7 Figura 1-3 Desastres ambientais (AES Eletropaulo, 2013) .................................................................................................... 8 Figura 1-4 Regiões com redes subterrâneas em Belo Horizonte (CEMIG, 2013)......................................................... 9 Figura 2-1 Diagrama de transmissão e distribuição de energia elétrica. ..................................................................... 13 Figura 3-1 Configuração Radial Simples (CEMIG ND-3.1, s.d.) .......................................................................................... 18 Figura 3-2 Parte do Sistema Elétrico de Linhas de Transmissão da CEMIG em Minas Gerais (CEMIG, 2010) ............................................................................................................................................................................................................ 19 Figura 3-3 Configuração Radial com Recurso (CEMIG ND-3.1, s.d.) ............................................................................... 20 Figura 3-4 Configuração em Anel. ................................................................................................................................................. 20 Figura 3-5 Parte do Sistema Elétrico AT da CEMIG em Minas Gerais (CEMIG, 2010) ............................................ 21 Figura 3-6 Cabo nu em corte (COPEL, s.d.) ................................................................................................................................. 22 Figura 3-7 Cabo Pré-Reunido (EDP, 2009)................................................................................................................................. 22 Figura 3-8 Cabo Protegido Compacto Separado Por Espaçador Polimérico (COPEL, s.d.) ................................... 23 Figura 3-9 Banco de transformadores trifásicos utilizando transformadores monofásicos (Navarro, 2015) ............................................................................................................................................................................................................ 25 Figura 4-1 Primário com Anel Aberto (SINAPSIS, 2013) ..................................................................................................... 30 Figura 4-2 Sistema Radial com Primário em Anel Fechado (SINAPSIS, 2013) .......................................................... 31 Figura 4-3 Radial com Primário Seletivo (SINAPSIS, 2013) ............................................................................................... 31 Figura 4-4 Radial com Secundário Seletivo (Navarro, 2015) .............................................................................................32 Figura 4-5 Configuração Reticulada Simples (Isoni, s.d.)..................................................................................................... 34 Figura 4-6 Sistema Reticulado com Primário Seletivo. (Isoni, s.d.) ................................................................................. 34 Figura 4-7 Transformador Submersível (COPEL, s.d.) .......................................................................................................... 35 Figura 5-1 – Mapa da sede do município de Leopoldina ...................................................................................................... 37 Figura 5-2 - Demarcação da região de estudo ........................................................................................................................... 38 Figura 5-3 - Transformadores plotados na região central de Leopoldina através da referência geográfica UTM_23Sul. ................................................................................................................................................................................... 39 Figura 5-4 - Circuito Alimentador LPD1 ...................................................................................................................................... 40 Figura 5-5 Representação das cargas nominais dos transformadores do circuito do alimentador 1, e as cargas que estão na área de estudo contornadas por linhas azuis. ..................................................................... 41 Figura 5-6 Localização da barra 1 do circuito LPD1 .............................................................................................................. 41 Figura 5-7 Localização da barra 2 do circuito LPD1 na região central de Leopoldina ........................................... 42 iv Figura 5-8 Localização dos términos das cargas 3 e 4 do circuito LPD1. ..................................................................... 42 Figura 5-9 - Circuito Alimentador LPD2 ...................................................................................................................................... 43 Figura 5-10 Representação das cargas nominais dos transformadores do circuito do alimentador 2, e as cargas que estão na área de estudo contornadas por linhas azuis. ..................................................................... 44 Figura 5-11 Localização das barras do circuito LPD2 ........................................................................................................... 45 Figura 5-12 Remanejo de cargas para novo circuito LPD1 proposto ............................................................................. 47 Figura 5-13 Traçado do alimentador LPD1 no local de estudo do trabalho, com seus respectivos transformadores. A área de estudo está subdividida em duas partes por conveniência........................... 49 Figura 5-14 Remanejo proposto para as cargas do circuito alimentador LPD 2, e as cargas propostas para serem enterradas. ...................................................................................................................................................................... 50 Figura 5-15 Traçado do alimentador LPD2 no local de estudo do trabalho e seus respectivos transformadores. A área de estudo está subdividida em duas partes por conveniência........................... 51 Figura 5-16 Circuitos LPD1 e LPD2 com seus respectivos transformadores de potência. A área de estudo está subdividida em duas partes por conveniência. ................................................................................................... 53 v Lista de Abreviações RDA…………………........................................…………………………..Rede de Distribuição Aérea RDS…………………….......................................................……Rede de Distribuição Subterrânea COELBA........................................................Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia AT............................................................................................................................. ..............Alta tensão BT........................................................................................................................................Baixa tensão MT......................................................................................................................................Média tensão CEMIG.....................................................Companhia Energética do Estado de Minas Gerais ANEEL...............................................................................Agência Nacional de Energia Elétrica SE.............................................................................................................................................Subestação DEC.............................Duração Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora FEC........................Frequência Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora DIC................................Durações de Interrupção Individual por Unidade Consumidora FIC.............................Frequência de Interrupção Individual por Unidade Consumidora PRODIST.......................................................................................Procedimentos de Distribuição CA............................................................................................................................. ..Cabo de Alumínio NBR............................................................................................................................Norma Brasileira ABNT......................................................................Associação Brasileira de Normas Técnicas NDU............................................................................................Norma de Distribuição Unificada NA.......................................................................................................................Normalmente Aberta NF....................................................................................................................Normalmente Fechada CPFL......................................................................................Companhia Paulista de Força e Luz 6 Capítulo 1 Introdução A substituição das redes de distribuição aéreas (RDA) por subterrâneas é importante em centros urbanos pela alta concentração de cargas nas áreas centrais das cidades, pela grande contribuição aos aspectos estéticos, paisagismo e preservação histórica, além de, principalmente, segurança. Em relação a aspectos técnicos, a confiabilidade das redes de distribuição subterrâneas (RDS), atrelada à redução drástica na manutenção, são fatores que aumentam a credibilidade da implementação deste tipo de rede. 1.1. Experiências relevantes relacionadas ao tema proposto Redes subterrâneas, embora relativamente difíceis de serem encontradas considerando-se a quantidade de usuários atendidos e não atendidos, podem ser apresentadas através de experiências satisfatórias em grandes cidades brasileiras. Concessionárias, usuários e poderes públicos aumentam gradativamente suas atuações para difundir a distribuição através de redes subterrâneas. Segundo dados de 2013 da Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia (Coelba), concessionária responsável pela energia elétrica em Salvador, o sistema subterrâneo existente na cidade contava com cerca de 343 quilômetros de redes. Em alta tensão (AT) eram cerca de 32 km de linhas de 69 kV que atravessavam as avenidas encurtando as ligações entre subestações e mantendo aspectos visuais de centros históricos. A Coelba foi a responsável pela iniciativa devido à dificuldade em utilizar circuitos aéreos nestas regiões. Além das linhas AT também existiam 148 km de redes subterrâneas em Baixa tensão (BT) e 163 km em Média tensão (MT). As redes em BT operam com tensões em 380/220Ve 220/127V enquanto em MT com 11,9 kV, 13,8 kV e 34,5 kV. Estas começaram a ser implementadas na década de 70 através de empreendedores em condomínios e do 7 Governo Estadual juntamente com a Coelba no Antigo Centro Financeiro de Salvador, apresentado na Figura 1-1, devido à alta concentração de cargas existentes no local. Figura 1-1 Antigo Centro Comercial de Salvador (Coelba, 2013) Na década seguinte, também com iniciativa de empreendedores, a rede subterrânea do Parque Metropolitano Empresarial foi construída, e neste caso com enfoque paisagístico. Posteriormente na década de 90, o Governo, juntamente com a Coelba, privilegiou o Pelourinho, Centro Histórico de Salvador, com redes subterrâneas. Estas obras foram realizadas porque houve a revitalização no centro Histórico. Ainda nos anos 90, amparado pela necessidade de segurança e confiança, o Aeroporto Deputado Luís Eduardo Magalhães (Figura 1-2) também recebeu redes subterrâneas. Figura 1-2 Aeroporto Deputado Luís Eduardo Magalhães (Coelba, 2013) 8 Nos últimos anos, empreendedores também utilizaram sistema subterrâneo na Reserva Imbassay e Iberostar, e o Governo novamente com apelo turístico, com participação da concessionária, entregou o sistema subterrâneo à Praia do Forte e ao Centro Histórico de Porto Seguro. Ainda em Salvador são previstas novas aplicações para preservar e retomar características históricas originais, aumentar a segurança em áreas de grandes eventos e por exigências municipais, devido a apelos estéticos. Em São Paulo, na área sob a concessão da AES Eletropaulo, há uma considerável difusão da RDS: até 2013 foram 190 km de rede AT, 1.182 km de MT e 1.862 km de BT. O sistema subterrâneo da maior cidade do País conta com 2.114 MVA, cerca de 17% da potência instalada da Eletropaulo e 179.000 clientes, cerca de 3% dos clientes da concessionária. Nesta capital onde há histórico de enchentes e ciclones tropicais, além da crescente demanda de carga e quedas de árvores, batidas em postes entre outros, a contribuição da ampliação da rede subterrânea para segurança da rede é um dos fatores que fortalecem as substituições das redes aéreas por subterrâneas. A Figura 1.3 ilustra esses desastres. Figura 1-3 Desastres ambientais (AES Eletropaulo, 2013) 9 Há também, como incentivo à substituição de redes aéreas por subterrâneas, fatores estéticos, como o caso de solicitação de um empresário, em 2003, com intuito de valorizar sua empresa, na rua Vitório Fasano, e solicitações da prefeitura, como ocorreu no Parque do Ibirapuera e na Rua José Paulino, em 2011. Parcerias também são responsáveis por solicitar conversão das redes: em 2006 e 2011 foram executadas conversões através de parceria da prefeitura, da concessionária e de lojistas para obter uma melhor valorização da região na rua Oscar Freire. Em Belo Horizonte, sob responsabilidade da Companhia Energética de Minas Gerais (CEMIG), até 2013, 67 mil consumidores já eram atendidos com redes subterrâneas, através de quase 600 km de circuitos de BT e MT, com cerca de 280 MVA de carga instalada. A Figura 1.4 mostra regiões com redes subterrâneas na capital mineira. Figura 1-4 Regiões com redes subterrâneas em Belo Horizonte (CEMIG, 2013) Em Minas Gerais também há outros municípios que, por apelo turístico e paisagístico, com o intuito de manter centros históricos originais, investem em RDS, como Ouro Preto, Diamantina, Tiradentes entre outros. Para valorizar seus centros comerciais, cidades de médio porte também foram contempladas como Uberlândia, Juiz de Fora e Uberaba. 10 1.2. Metodologia e objetivos do trabalho Este Trabalho de Conclusão de Curso teve objetivo de desenvolver e analisar um estudo de caso de projeto de distribuição de energia subterrânea em substituição à rede aérea instalada. Para tal, foi escolhido para a área de estudo de caso parte do centro da cidade de Leopoldina, Minas Gerais, considerando-se locais com maior densidade de cargas e onde a retirada da rede aérea influenciaria diretamente em fatores ambientais, sociais e técnicos. Os dados de distribuição de energia da concessionária local, Energisa, foram utilizados para embasar o projeto proposto. Através dos dados foram levantado características de cargas e trajetos dos circuitos alimentadores atuais, e posicionamento dos transformadores. Através do tratamento desses dados foi possível definir as melhores localizações para os transformadores dos novos circuitos subterrâneos propostos, e, posteriormente, traçar os circuitos de alimentação. Definido os transformadores, utilizou-se os quadros de distribuição em pedestal para distribuir os circuitos secundários através dos eletrodutos subterrâneos até os pontos consumidores. Estes mesmos quadros de distribuição foram responsáveis por agrupar o conjunto de proteções e chaveamento dos circuitos. Por fim, uma análise comparativa entre as redes aéreas anteriores e redes subterrâneas propostas 1.3. Estrutura do Texto Este trabalho se inicia com a apresentação de experiências relacionadas ao tema do trabalho em grandes cidades, com distribuição de energia sob responsabilidade de grandes concessionárias. Posteriormente, no capítulo 2, é feito uma introdução do sistema elétrico brasileiro definindo a trajetória desde a geração aos pontos consumidores da energia. As definições de subtransmissão, subestação, redes primárias e secundárias são expostas para uma melhor compreensão para os tópicos seguintes. Ainda, de forma oportuna, foram definidos conceitos de confiabilidade das redes de acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), necessário aos capítulos posteriores. 11 No capítulo 3 as topologias mais comuns de rede de distribuição aérea são apresentadas, relacionando seus custos, segurança, redundâncias e opções de manobra dos blocos de carga. Os condutores utilizados nessas redes são em seguida descritos e caracterizados. Posteriormente é definido o transformador, apresentada sua importância e em quais partes do sistema elétrico são encontrados, e por fim são descritas brevemente as proteções usadas nestes circuitos. As topologias utilizadas nas redes subterrâneas são apresentadas em seguida, no capítulo 4 juntamente com uma análise do funcionamento e da confiabilidade de cada uma. Ainda neste capítulo é feito uma descrição dos transformadores comumente utilizados em redes subterrâneas, e proteções das redes para utilização com transformador em pedestal. Após a introdução das RDAs e RDSs são apresentados os dados técnicos anteriores e posteriores à substituição das redes propostas. Estes dados fazem parte e está juntamente explanados com o dimensionamento elétrico da rede proposta no Capítulo 5. Uma comparação quantitativa e qualitativa é feita entre as duas redes. Essa comparação parte de princípios técnicos, estéticos e ambientais sobre o tema proposto, e relaciona o projeto com essas comparações. Este trabalho é concluído com a exposição sobre o aumento da densidade de carga em regiões centrais, justificando a necessidades da distribuição redes subterrâneas em substituição das obsoletas nessas áreas. Uma análise da interferência da norma da Energisa NDU 018 nos resultados é feita de forma a justificar uma sugestão de futuros trabalhos a partir deste. 12 Capítulo 2 Distribuição de energia elétrica O fornecimento de energia elétrica engloba sistema elétricos que vão desde a geração até os pontos de entregas finais, conforme mostrado na Figura 2.1. Sistemas de distribuição são definidos como instalações e equipamentos pertencentes a uma concessionária ou a uma permissionária de distribuição (ONS, 2009). Fazem parte deste estudo o fornecimento para os consumidores finais em níveis de MT e BT, compreendidos dentro do sistema de distribuição. O sistema de distribuição,no Brasil, é em sua maioria construído através de redes aéreas e compreende a rede que fica entre o sistema de transmissão e os pontos de entrega, ou seja, das subestações abaixadoras de tensão até as unidades consumidoras. Neste capítulo são abordadas as características do sistema elétrico que engloba o trajeto da saída das redes de transmissão de energia até os consumidores finais. A figura 2.1 representa a estrutura do sistema elétrico brasileiro. A energia é gerada nas diversas usinas existentes. Esta energia é transmitida através de um sofisticado sistema de transmissão, que eleva a tensão nas subestações na saída das usinas e é transportada através de linhas de transmissão até as subestações de subtransmissão. Das saídas das subestações de subtransmissão a energia é transportada até as subestações de distribuição (SEs) que condicionam as tensões para consumidores em níveis de MT e BT. Nos próximos itens, são destacadas as principais características de cada elemento do sistema. 13 Figura 2-1 Diagrama de transmissão e distribuição de energia elétrica. 2.1. Subtransmissão Rede de subtransmissão é o conjunto de linhas e subestações que conectam as barras de rede básica ou de geradores às subestações de distribuição, em tensões típicas iguais ou superiores a 69 kV e inferiores a 230 kV (PRODIST, 2005). O sistema de subtransmissão é responsável por entregar a energia dessas subestações de subtransmissão aos consumidores de alta tensão, que geralmente são grandes parques e instalações industriais, e às SEs que posteriormente abaixarão as tensões para MT. Em nível de subtransmissão entregam tensões usualmente de 69 kV e 138 kV em linhas trifásicas. 2.2. Subestações de distribuição A definição de subestação de distribuição no Brasil é definida como: “parte de um sistema de potência que compreende as extremidades de linha de transmissão e/ou de distribuição, com os respectivos dispositivos de manobra, controle e proteção e que abrange 14 as obras civis e estruturas de montagem. Pode também incluir transformadores, equipamentos conversores e/ou outros equipamentos” (ONS, 2009). Seguindo o percurso da transmissão de energia, após a entrega em pontos de AT e nas SEs as tensões são transformadas para níveis adequados para circuitos consumidores. Não é de principal importância deste trabalho uma exploração profunda do funcionamento de uma SE de distribuição. Pode-se assim considerar como uma instalação que recebe AT e transforma em MT para serem distribuídas através das redes primárias, geralmente em níveis de 13,8 kV e 34,5 kV. Também é possível encontrar outros valores fora deste padrão, dependendo da concessionária e os pontos de entrega. 2.3. Redes primárias As redes primárias são formadas por alimentadores que são linhas elétricas destinadas a transportar energia elétrica em MT (PRODIST, 2005). Estas redes que são ligadas às SEs, alimentam tanto a consumidores em MT como transformadores que abaixam os níveis de tensões para os consumidores finais. A configuração dessa rede varia de acordo com a confiabilidade necessária inerente a cada projeto. 2.4. Redes secundárias As redes secundárias ou redes de baixa tensão são responsáveis pelos níveis mais baixos do sistema de energia. São ligadas às redes primárias através de transformadores de potência que abaixam as tensões trifásicas para 220/127V ou 380/220V. Há também abaixadores de tensão monofásicos para 110, 115, 220 e 230V. Os níveis em BT são responsáveis pela entrega a maioria dos consumidores de energia elétrica, tanto para as residências, comércios, como para iluminação pública. 2.5. Confiabilidade Confiabilidade pode ser relacionada com a continuidade do serviço de distribuição de energia. Por meio do controle das interrupções, do cálculo e da divulgação dos indicadores de continuidade de serviço, as distribuidoras, os consumidores e a ANEEL 15 podem avaliar a qualidade do serviço prestado e o desempenho do sistema elétrico (ANEEL, 2009). Esses indicadores de continuidade são estabelecidos em função da frequência e tempo de interrupção e comumente são apurados em períodos mensais, trimestrais e anuais. Há indicadores de continuidade individuais, que são apurados para todas unidades consumidoras, e há também os indicadores de continuidade de conjunto de unidades consumidoras. Na ocorrência de faltas, a duração e a frequência são computadas com intuito de obter a duração equivalente de interrupção por unidade consumidora (DEC), e a frequência equivalente de interrupção por unidade consumidora (FEC). Essas são expressas respectivamente em horas e centésimos de hora, e em número de interrupções e centésimos do número de interrupções. O DEC é obtido pela razão da soma todas as durações de interrupção individual por unidade consumidora (DIC) do conjunto de unidades faturadas no período de apuração pelo número de unidades deste conjunto. A FEC analogamente, é a razão da soma de toda a frequência de interrupção individual por unidade consumidora (FIC) do conjunto de unidades faturadas no período, pelo número de unidades do conjunto de apuração. De acordo com a última versão vigente do módulo 8 do Procedimento de Distribuição (PRODIST) da ANEEL, na apuração dos indicadores DEC e FEC devem ser consideradas todas as interrupções admitidas apenas as seguintes exceções: i. Falha nas instalações da unidade consumidora que não provoque interrupção em instalações de terceiros; ii. Interrupção decorrente de obras de interesse exclusivo do consumidor e que afete somente a unidade consumidora do mesmo; iii. Interrupção em situação de emergência; iv. Suspensão por inadimplemento do consumidor ou por deficiência técnica e/ou de segurança das instalações da unidade consumidora que não provoque interrupção em instalações de terceiros, previstas em regulamentação; v. Vinculadas a programas de racionamento instituídos pela União; vi. Ocorridas em dia crítico; 16 vii. Oriundas de atuação de esquema regional de alívio de carga estabelecido pela ONS. Ainda de acordo com o módulo 8 do PRODIST: “A distribuidora deverá avisar todos os consumidores da respectiva área de concessão ou permissão sobre as interrupções programadas, informando a data da interrupção e o horário de início e término.” Os índices de continuidade do serviço são limitados e determinados pela ANEEL. Este limite é baseado na seleção de atributos relevantes para uma análise e aplicação comparativa, e então a partir da ANEEL há a definição dos limites anuais para o DEC e FEC. Estes são disponibilizados em audiência pública com periodicidade da revisão tarifária da distribuidora. Caso as concessionárias ou permissionárias violem o limite estabelecido por resolução, ela deverá compensar os consumidores, através das faturas seguintes ou em moeda corrente. Como incentivo à melhoria da qualidade de serviço prestado, indicados pelo DEC e FEC, foi criado uma avaliação, a partir de 2011, que relaciona esses indicadores com reajuste anual de tarifas: caso esses indicadores piorem, o reajuste anual das tarifas poderão ser menores; caso a qualidade de DEC e FEC melhorem a tarifa poderá aumentar. Pode-se então considerar que o aumento na confiabilidade das redes de distribuição resulta em um retorno financeiro à concessionária. 17 Capítulo 3 Rede de distribuição aérea de energia As redes de distribuição aérea atualmente corresponde por quase a totalidade das redes de distribuição. Encontram-se em grandes cidades, cidades do interior e também em redes rurais. Historicamente estas redes se difundiram basicamente por seu baixo custo de instalação e de expansão, assim como a baixa complexidade de seus componentes. Atualmente, principalmente em áreas com densidade de carga menores, sua utilização na expansão das redes e em novosprojetos ainda é considerada como primeira opção. 3.1. Topologias As topologias utilizadas nas redes de distribuição levam em consideração fatores como confiabilidade e custo. Serão apresentadas as topologias mais comuns utilizados em RDA. 3.1.1. Configuração radial simples A configuração radial simples é utilizada quando é exigida uma menor confiabilidade da topologia, pois os alimentadores não são projetados com interligações, e estes tomam direções radiais diversas pela rede. Geralmente esta configuração é encontrada em circuitos com baixa densidade de carga. Por ter uma construção simples, conforme mostrado na Figura 3.1, a configuração tem um custo menor, se comparada com as demais. A baixa confiabilidade pode ser percebida considerando uma eventual ocorrência de falta em algum alimentador ou proteção do 18 circuito, que resultaria no desligamento de todo sistema posterior e não haveria recurso para retomar a ligação. Figura 3-1 Configuração Radial Simples (CEMIG ND-3.1, s.d.) Na Figura 3-2 é apresentada uma parte do sistema elétrico de Minas Gerais a fim de exemplificar a aplicação do sistema radial simples. Nesta figura é mostrada a ligação em AT do sistema de transmissão conectando as SEs que posteriormente transformarão a tensão em MT para a distribuição. O fato de ser um trecho da rede de AT não desqualifica a análise, por ser similar ao que aconteceria em outros níveis de tensões quando o sistema utilizado for radial simples. É possível observar que as redes que passam pela SE em Porteirinha 2 que vai em direção a SE de Mato verde, posteriormente passando pela SE em Monte Azul e encerrando na SE em Espinosa, assim como a rede que liga a SE de Taiobeiras a Salinas e as SEs de Almenara e Jordania que são ligadas a SE de Jequitinhonha são radiais simples. A utilização dessa configuração nesta região de Minas Gerais pode ser justificada por possuir uma baixa densidade de carga, que normalmente é relacionado a uma baixa densidade populacional. Não é difícil notar as consequências que esta configuração possibilita em caso de falta, analisando a Figura 3-2. Como exemplo, uma eventual falta na SE de Monte Azul, que fosse capaz de derrubar o sistema, deixaria a SE de Espinosa ilhada e afetaria toda a distribuição dessa região. Analogamente, aconteceria isto nas outras SEs citadas acima caso a alimentação fosse cortada em algum ponto antes de suas entradas. Essa demonstração permite concluir que não há muita confiabilidade neste tipo de configuração. 19 Figura 3-2 Parte do Sistema Elétrico de Linhas de Transmissão da CEMIG em Minas Gerais (CEMIG, 2010) 3.1.2. Configuração radial com recurso A configuração radial com recurso é usada em locais com uma maior densidade de carga e que necessitam uma maior confiabilidade, comparada com a radial simples. Esta configuração conta com alimentadores com capacidade de condução superior, para que, em caso de defeito em algum bloco de carga, este possa ser realimentado por um alimentador adjacente através de interligações previstas no projeto, normalmente abertas. Esta configuração permite que chaves possam manobrar blocos de carga, como pode ser visto na Figura 3-3, com intuito de impedir que uma falta derrube blocos posteriores, resultando numa confiabilidade superior à configuração radial simples. 20 Figura 3-3 Configuração Radial com Recurso (CEMIG ND-3.1, s.d.) 3.1.3. Configuração em anel A configuração em anel (Figura 3-4) é mais elaborada em relação às radiais, aumentando-se a confiabilidade do sistema. Ela alimenta o ponto de entrega através de duas fontes, alternativamente, independente das SEs de origem de cada uma. Quando houver alguma falta em um alimentador, os blocos adjacentes se manterão alimentados através do outro alimentador, e neste momento o circuito se dividirá em dois circuitos radiais. Figura 3-4 Configuração em Anel. A Figura 3-5 representa uma parte do sistema elétrico AT de Minas Gerais. Assim como no item 3.1.1 é possível fazer uma analogia à configuração em anel através da figura. As SEs interligadas pela linha vermelha, que representa certo nível de tensão, formam uma configuração em anel. A confiabilidade da rede em anel pode ser analisada considerando uma eventual falta em qualquer ponto deste anel e, consequentemente, observar que em qualquer outro ponto ainda haverá alimentação, impossibilitando assim que em caso de uma falta resulte em ilhamento de alguma região. Este último só é provocado na ocorrência de falha em dois pontos de entrega de cada SE, resultando em nenhuma chegada de alimentação no local. 21 Figura 3-5 Parte do Sistema Elétrico AT da CEMIG em Minas Gerais (CEMIG, 2010) 3.2. Tipos de condutores As redes de BT e média tensão MT, com as configurações descritas no item 3.1, utilizam cabeamento de acordo com especificado no projeto. O tipo de proteção necessária, a confiabilidade e o ambiente em que a rede se encontra, é fundamental para determinar essas especificações. 3.2.1. Cabo nu O cabo de alumínio nu (CA) sem proteção é o tipo mais utilizado no país. Os cabos nus possuem viabilidade econômica superior aos outros, fator determinado por sua simplicidade. Porém em diversos lugares foram ou estão sendo substituídos, devido à 22 diversos fatores ambientais e de segurança, permanecendo em redes mais antigas e redes rurais. A Figura 3-7 representa o corte de um CA. Figura 3-6 Cabo nu em corte (COPEL, s.d.) 3.2.2. Cabo pré-reunido O cabo pré-reunido, ou multiplexado, (Figura 3-8) é utilizado quando há fatores que podem interferir na distribuição de rede elétrica, por possuir uma maior confiabilidade. O cabo pré-reunido é formado por 3 condutores totalmente isolados e entrelaçados em torno de um cabo mensageiro, responsável pela sustentação mecânica do conjunto, utilizado como neutro no projeto e aterrado nos postes. Este tipo de cabo é principalmente utilizado em BT, em locais que demandam maior segurança, tais como marquises e locais arborizados. Aplicações de cabos multiplexados em MT são indicados em travessias de vias com tráfego elevado, redes com proximidade de edificações, geralmente em saídas de subestação que possuem uma concentração de alimentadores maior, ou até mesmo quando há diversos circuitos próximos. Nestes casos utilizam-se cabos específicos de isolamento pleno. Figura 3-7 Cabo Pré-Reunido (EDP, 2009) 23 3.2.3. Cabo protegido compacto O cabo protegido tem uma cobertura protetora de composto extrudado de polímero termofixo ou termoplástico. A utilização dele se assemelha à do cabo pré-reunido, porém a proteção deste é contra corrente de fuga, e não contra o campo elétrico no dielétrico; consequentemente não protege contra o contato. Não se deve confundir este tipo de cabo com o isolado, pois este último é plenamente protegido em relação a tensão. A formação deste tipo de cabo é um conjunto de cabos protegidos separados por um espaçador polimérico sustentado mecanicamente por um cabo mensageiro (Figura 3-9). Este mensageiro é o mesmo CA utilizado em redes com cabo nu e também é responsável pelo neutro da rede. Figura 3-8 Cabo Protegido Compacto Separado Por Espaçador Polimérico (COPEL, s.d.) 3.3. Transformadores De acordo com a Norma Brasileira (NBR) 5356 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) transformador de potência é: “equipamento estático com dois ou mais enrolamentos que, por indução eletromagnética, transforma um sistema de tensão e corrente alternadas em outro sistema de tensão e corrente, de valores geralmente diferentes mas à mesma frequência, com o objetivo de transmitir potência elétrica”. Os transformadores de potência são equipamentos chave do sistema de energia elétrica. São responsáveis por permitir a elevação e diminuição das tensões nas linhas nasdiferentes fases que constituem o sistema. Eles são encontrados nas saídas das usinas geradoras para aumentar a tensão para transmissão, nas subestações de subtransmissão, 24 subestações de distribuição para abaixar as tensões e nos postes para transformar níveis de tensão dos alimentadores vindos das subestações em níveis utilizáveis pelos consumidores em BT. Há também transformadores em consumidores especiais ao longo de todo esse percurso do sistema, que geralmente são particulares e em empresas que contratam uma potência da concessionária e utilizam esses equipamentos em subestações próprias para variação de níveis. Na parte do sistema de distribuição, foco deste trabalho, são utilizados transformadores monofásicos e trifásicos. Antigamente, em muitas cidades por ser demandada baixa potência, havia um número de transformadores monofásicos elevado. Com a crescente demanda de carga nas últimas décadas, com exceção nas redes rurais que ainda projetam redes monofásicas, esses transformadores são vistos geralmente ao lado de outros dois transformadores também monofásicos para se obter um comportamento de transformador trifásico (Figura 3-10). Porém, geralmente, foram ou estão sendo substituídos por trifásicos. A vantagem dos atuais transformadores trifásicos é sua forma de construção, que permite transformar potência trifásica em um equipamento com tamanho reduzido, se comparado com a utilização de um transformador monofásico por fase. 25 Figura 3-9 Banco de transformadores trifásicos utilizando transformadores monofásicos (Navarro, 2015) As características dos transformadores utilizados são definidas pela concessionária através de normas: para cada utilização há um padrão a ser seguido. 3.4. Proteções As proteções de sistemas de energia elétrica são fundamentais para a operação do sistema, seja por segurança dos operadores e clientes, seja pela confiabilidade. Logo, um sistema bem protegido evita transtornos tanto para sociedade quanto para concessionária. 26 A forma de proteção das redes tem que ser inerente a cada projeto, considerando localização, características naturais da região, carga, manobras etc. Como exemplo, as redes de distribuição aéreas, sob concessão da Energisa, tem suas proteções normalizadas pela NDU 017 – Norma de Proteção e Distribuição e são resumidas pela NDU 006. A norma prevê proteções contra sobrecorrentes na saída dos alimentadores da SE, através de religadores; nos troncos, através de religadores de linha e seccionalizador; e nos ramais, também com religador, com seccionalizador e com chave fusível. Também é previsto a utilização de proteção de sobrecorrente através de chave fusível em ramais com extensão de até 300 m com apenas um transformador, em locais bem arborizados ou com incidência grande de pipas, para proteger transformadores de distribuição, em derivação monofásica de rede trifásica. Outra proteção necessária para redes de distribuição é contra sobretensão, que são previstos em estruturas que contenham protetores contra sobrecorrente, em banco de capacitores, transição de postes aéreos pra subterrâneo, etc, através de para-raios. A NBR 14039 define que as proteções contra sobrecarga e sobrecorrentes devem ser efetuadas por dispositivos que sejam capazes de interromper a passagem de correntes em um tempo suficientemente curto para que os equipamentos não sejam danificados. De um modo geral as proteções são escolhidas entre fusíveis e disjuntores munidos de disparos associados aos relés. A norma NBR 14039 também estabelece parâmetros para proteção contra sobretensões. É estabelecido que esta sobretensões em instalações elétricas não devem comprometer a segurança da própria instalação, dos equipamentos e das pessoas. Esta proteção é feita com pararraios, que aliviam as sobretensões advindas de surtos e descargas atmosférica, limitando assim a tensão do sistema. Outro sistema importante para proteções das instalações elétricas, é o aterramento. De acordo com a norma NBR 14039, este sistema é importante para proteção das pessoas e para o funcionamento adequado das instalações. É feito o aterramento de todos condutores de aterramento, partes metálicas que atuam diretamente ou indiretamente com a função de aterramento, torres, pórticos, armaduras de edificações, capas metálicas de cabos, tubulações e similares. 27 A construção do eletrodo para o aterramento tem papel fundamental na qualidade do aterramento, determinando a forma de tensões superficiais no solo e em seus arredores. 28 Capítulo 4 Rede de distribuição subterrânea de energia A definição de rede subterrânea, de acordo com a Norma de Distribuição Unificada (NDU) 018 da Energisa é: “Rede elétrica constituída de cabos e acessórios isolados, instalados sob a superfície do solo em dutos enterrados.” As RDS são substancialmente diferentes das RDA. Isto se deve ao fato de terem dualidades em suas características. Enquanto não há grandes barreiras com obras civis nas RDA - sendo o custo da instalação e manutenção necessária das estruturas mecânicas do projeto relativamente baixos - os custos das instalações da RDS são comumente a maior parte do orçamento dos projetos. Por outro lado, a própria característica de serem enterradas resultam à RDS uma confiabilidade superior à da RDA, que inclusive geram custos operacionais bem menores. Neste capítulo será feito uma apresentação das RDS e suas características, expondo dados técnicos e definições de acordo com agências reguladoras. 4.1. Topologias Conforme no item 3.1, os arranjos das redes são determinados diante da confiabilidade necessária de cada projeto e fatores econômicos relacionado a cada um. São expostos neste tópico as configurações mais comuns das RDS. 4.1.1. Radial simples A topologia radial simples, analogamente à sua aplicação em RDA, é mais comum onde não é necessária maior confiabilidade, pois não há redundância. Logo são geralmente utilizadas em locais com menor densidade de cargas. A NDU018 da Energisa 29 prevê que a configuração de rede secundária deve utilizar essa topologia, que pode ser representada novamente pela Figura 3-1. Em alguns casos também se utiliza essa topologia em redes primárias. Na área de concessão da CEMIG, essa configuração é encontrada também em cidades históricas. 4.1.2. Radial com recurso Também descrita no capítulo 3, essa topologia se assemelha à radial simples porém há redundância no circuito. Essa topologia pode ser representada assim como na RDA, representada na Figura 3-2. A NDU018 da Energisa prevê que além de utilização da radial simples em redes primárias, também seja utilizada radial com recurso, devido à possibilidade em transferir blocos de cargas em casos de emergência ou contingências. Em áreas sob concessão da CEMIG esse modelo de configuração é muito utilizado também em condomínios residenciais. Com a tecnologia atual, esta topologia se torna flexível e as manobras podem ser automáticas em sistemas mais robustos. 4.1.3. Radial com primário em anel A configuração radial com primário em anel é uma configuração relativamente simples. Os alimentadores primários formam uma configuração em anel com algumas alterações em relação ao item 3.1.3, que serão expostos no subitem seguinte, e o secundário em configuração radial. 4.1.3.1. Anel aberto Esta configuração radial com primário em anel aberto é formada por mais de um alimentador interligados em suas extremidades por uma chave seccionadora normalmente aberta (NA), formando um anel aberto. Esses alimentadores se comportam como radiais e em casos que seja necessária a transferência dos blocos de carga a chave 30 NA se fecha, permitindo assim que esses blocos continuem sendo energizados, através de outros alimentadores projetados para suportar aquela carga.Uma representação desta configuração é apresentada na Figura 4-1. Figura 4-1 Primário com Anel Aberto (SINAPSIS, 2013) 4.1.3.2. Anel fechado A construção da configuração com Anel Fechado, salvo algumas alterações, é basicamente a mesma que a do Anel Aberto. A principal é que não há mais seccionamento na chave NA, fazendo com que o anel seja realmente fechado. É utilizado em situações que necessitam de uma confiabilidade maior. Em caso de necessidade de manutenção em blocos de carga, esses blocos podem ser isolados abrindo chaves normalmente fechadas (NF), conforme mostrado na Figura 4-2. Essa configuração tem uma complexidade superior à anterior, visto que há a necessidade de comunicação entre os blocos, como pode ser representado pelo Link Óptico na Figura 4-2. 31 Figura 4-2 Sistema Radial com Primário em Anel Fechado (SINAPSIS, 2013) 4.1.4. Radial com primário seletivo Na configuração radial com primário seletivo as cargas são alimentadas por dois ou mais alimentadores, conforme ilustrado na Figura 4-3. Figura 4-3 Radial com Primário Seletivo (SINAPSIS, 2013) Pode-se fazer, guardada as proporções, uma analogia ao sistema radial com recurso. Porém, neste caso, ambos os alimentadores se ramificam para suas respectivas cargas, diferente do radial com recurso, quando um alimentador paralelo fica 32 desenergizado a disposição de alguma manobra que o coloque em operação. Dessa forma, é possível manobrar cada bloco separadamente para o alimentador necessário a cada operação. Essa configuração é simples e com a tecnologia atual é possível fazer as manobras de bloco de cargas de forma automatizada. Uma das aplicações dessa configuração é em centros comerciais. 4.1.5. Radial com secundário seletivo A configuração com secundário seletivo utiliza o mesma princípio de alimentação da MT, porém o secundário assim como o primário também é seletivo, conforme pode ser visto na Figura 4-4. Figura 4-4 Radial com Secundário Seletivo (Navarro, 2015) No secundário do sistema na Figura, observa-se que há um barramento no secundário para cada alimentador no primário. Cada centro de carga é suprido por dois alimentadores primários através de dois transformadores. A capacidade de cada um deles deve ser tal que possa seguramente alimentar toda a carga total. (Nakaguishi & Hermes, 2011) Esta configuração tem um custo mais elevado, facilmente justificável, visto que há um número maior de transformadores e barramentos, além das proteções que cada um necessita. 33 4.1.6. Reticulado simples O sistema reticulado simples, também conhecido como Network, é utilizado principalmente em redes subterrâneas com uma densidade alta de cargas, que comumente é o caso de áreas centrais de grandes cidades. A mais conhecida vantagem do sistema secundário reticulado é a continuidade do serviço. Nenhuma falta em qualquer ponto do sistema irá interromper o serviço para mais do que uma pequena parcela das cargas. A maioria das faltas será automaticamente sanada sem a interrupção do serviço de qualquer carga. (Isoni, s.d.) Neste circuito há fatores que contribuem para essa continuidade. O disjuntor tradicional na saída do secundário do transformador é substituído por um protetor de rede (Network Protector), controlado por relé de rede, com função direcional que é utilizado tanto pra proteção quanto para manobra, impedindo o fluxo de potência do secundário para o transformador. O secundário dessa configuração é todo ligado em anel, ou seja, todos secundários dos transformadores são ligados entre si, sendo que a alimentação do circuito através dos transformadores é capaz de manter o anel operante mesmo na descontinuidade de algum alimentador/transformador. Para isso todo sistema é capaz de atuar em situação de contingência sem operar com sobrecarga. Com a continuidade do serviço praticamente constante, ou seja, DEC e FEC menores, como apresentado no item 2.5, gera-se vantagens para a empresa, além de que por si só a diminuição das operações de manutenção corretivas já apresentam uma grande economia para a concessionária. A regulação de tensão desse sistema também é uma vantagem: a configuração tem menores perdas. Outra vantagem é que como o barramento é conectado a todos transformadores, não há necessidade de buscar conectar novos blocos de cargas em transformadores específicos para controlar o carregamento, pois toda a carga do anel é distribuída pelos transformadores tendendo a uma equalização. A capacidade do anel não requer alteração quando centros de carga adicionais são conectados a ele, se cada transformador possuir potência nominal não superior àqueles originalmente utilizados. O anel permite que alterações sejam feitas sem que o serviço seja interrompido para as cargas existentes. Esta maior flexibilidade do sistema reticulado permite alterações mais fáceis, mais rápidas e com menores custos comparativamente ao sistema radial. (Isoni, s.d.) A Figura 4-6 representa o sistema reticulado simples. 34 Figura 4-5 Configuração Reticulada Simples (Isoni, s.d.) 4.1.7. Reticulado com primário seletivo O sistema reticulado com primário seletivo se aproxima bem de uma combinação da configuração radial com primário seletivo, com a configuração reticulada simples. Isto porque o secundário ainda forma um anel ligando os barramentos e os transformadores são alimentados alternadamente pelos alimentadores, conforme apresentado na Figura 4-7. Figura 4-6 Sistema Reticulado com Primário Seletivo. (Isoni, s.d.) 35 Cada transformador no lado primário tem uma chave comutadora, para permitir manobras quando necessário. Assim como as configurações de confiabilidade superior, os equipamento da configuração reticulada com primário seletivo são projetados para atuar em situações de transferência de carga sem necessidade de operação com sobrecarga nos alimentadores paralelos. Esse sistema é amplamente utilizado em cargas que necessitem uma maior estabilidade. 4.2. Transformadores Os transformadores para RDS mais comuns operam com tensões no lado de alta tensão variando de 13.8 kV a 34.5 kV, com tapes primários, e baixa tensão variando de 220/127 V e 380/220 V dependendo da concessionária. São utilizado transformadores em que a potência varia de acordo com normas das concessionárias, comumente em torno de 75 kVA a 2500 kVA. Figura 4-7 Transformador Submersível (COPEL, s.d.) No Brasil são utilizados duas formas mais comuns de construção do equipamento: a seco e submersível (Figura 4-8). Transformadores a seco, de acordo com a Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL) através de sua especificação técnica, é definido como transformador cuja parte ativa não é imersa em líquido isolante. A concessionária ainda cita duas formas construtivas mais comuns do transformador a seco: com enrolamentos encapsulados e isolação sólida, e com enrolamento sem invólucro e resfriado a ar. A utilização dos transformadores a seco engloba tanto fatores técnicos quanto de 36 segurança: é utilizado em locais que não há ocorrências de inundações, e próximo onde há trânsito de pessoas. Os transformadores submersíveis são aqueles adequados para serem instalados em câmaras, em qualquer nível, podendo ser prevista sua utilização onde haja possibilidade de submersão de qualquer natureza (Isoni, s.d.). A norma NBR 14039 ainda define transformador submersível como aquele capaz de funcionar normalmente mesmo quando imerso em água, em condições estabelecidas. 4.3. Proteções As proteções em RDS são inerentes a cada projeto e aplicação, que vão de loteamentos de condomínios fechados em circuitos radiais até grandes centros urbanos através de sistemas reticulados. Redes de loteamentos urbanos residenciais por serem relativamente mais simples, admitem sistemas de proteção mais simplificados. A proteçãoem RDS para estes circuitos são previstas para instalações em quadro de distribuição em pedestal (QDP). Para isto, as proteções contra sobrecorrentes são feitas por fusíveis NH. Há também, neste mesmo QDP, a utilização de chaves facas, para proteção e manobra dos circuitos. Em circuitos mais complexos que necessitam uma confiabilidade maior, geralmente utiliza-se os networks protectors (protetores de redes). Esta proteção é feita através de relé que controla o fluxo no protetor de rede, que por sua vez comanda a abertura ou desligamento automático de transformadores de acordo com a associação na rede. Esta proteção nada mais é que uma função direcional de potência do circuito. A proteção contra sobrecorrente em transformadores em pedestal, é composta por fusíveis de expulsão, responsável por proteger contra falhas com pequenas e médias correntes, e fusíveis limitadores de correntes imersos em óleo, que protegem contra altas correntes. Contra sobretensão, é previsto a instalação de para-raios nos terminais de todas fases dos postes de transição, assim como em todas conexões das redes subterrâneas com as aéreas, conforme norma NBR 14039. 37 Capítulo 5 Substituição de RDA por RDS: estudo de Caso O local escolhido para o estudo de caso, foi o centro da cidade de Leopoldina, Minas Gerais. A cidade, localizada na região da Zona da Mata mineira, há cerca de 320 km de distância da capital do Estado, Belo Horizonte, tem pouco mais de 50 mil habitantes. A Figura 5-1 mostra os limites da sede do município de Leopoldina. Figura 5-1 – Mapa da sede do município de Leopoldina A região central foi escolhida por ser responsável pela maior concentração de carga da cidade, abrigando centros comerciais e grandes edifícios residenciais e comerciais. Os limites da região de estudo podem ser vistos na demarcação da Figura 5-2. 38 Figura 5-2 - Demarcação da região de estudo 5.1. Características elétricas atuais O estudo de caso contou com dados reais das instalações atuais de distribuição de energia da cidade. Foram cedidos planilhas da concessionária local, Energisa, com a localização georeferenciada de todos postes, alimentadores, circuitos de baixa tensão e transformadores. De posse desses dados, foi utilizado o software ArcMap para plotar todos pontos de transformadores e circuitos dos alimentadores. A Figura 5-3 mostra os transformadores plotados através dos dados georeferenciados no mapa de ruas de Leopoldina, na região central. 39 Figura 5-3 - Transformadores plotados na região central de Leopoldina através da referência geográfica UTM_23Sul. É possível observar que a localização dos transformadores não está perfeitamente casado com as ruas, o que pode ser justificado por alguma divergência entre os softwares utilizado pela concessionária e a referência usada em questão pelo ArcMap. Com isso, foi feito um trabalho em campo, com o autor do trabalho se deslocando até um transformador no local de estudo, em Leopoldina, e anotando os dados e a localização real. Com esses novos dados, foi possível encontrar na plotagem da Figura 5-3 o transformador que foi verificado pessoalmente, e, com isso, determinado a distância geográfica entre os dados cedidos pela concessionária, e os dados reais. Com a diferente deste dados, foi possível fazer a correção nas planilhas cedidas pela empresa, colocando então os equipamentos elétricos em suas posições geográficas reais, no mapa. Pelos dados das planilhas, foi possível fazer diversos levantamentos. Através do ArcMap foram plotados todos circuitos de alimentadores da cidade, 7 no total (na sede do município), e foi possível verificar todas suas trajetórias ao longo da cidade, assim como todos seus recursos de manobra. Por questão de sigilo dos dados fornecidos, não serão mestrados os levantamentos externos a este trabalho, visto que não há necessidade e nem perda do conteúdo do mesmo. Ao todo, a região de Leopoldina conta com 46.875 kVA em potência nominais de transformadores instaladas, e com mais de 1,5 milhões de metros de condutores MT. A tensão de alimentação dos circuitos MT na região é de 11,4 kV. 40 5.1.2. Circuitos alimentadores A região central de Leopoldina, delimitada pelo perímetro em vermelho na Figura 5-2, é alimentada através de dois alimentadores, Leopoldina 1 (LPD1) e Leopoldina 2 (LPD2). Figura 5-4 - Circuito Alimentador LPD1 A Figura 5-4 mostra todo o percurso do circuito de alimentação LPD1, desde a SE até o fim do circuito, em ambas extremidades. Os triângulos amarelos representam os transformadores deste circuito, as círculos verdes, representam os postes que sustenta esta rede, a linha contínua representa o traçado dos condutores, e por fim, a linha vinho representa os limites da área de estudo. O circuito LPD1, é radial, majoritariamente com condutores nu, tem aproximadamente 50.000 metros em condutores e conta com recursos através de chaves seccionadoras para comutação com circuitos adjacentes. Este circuito conta com potência nominal nos transformadores de 8.262,5 kVA, dos quais mais de 1.200 kVA estão na área de estudo (não contabilizando o fluxo de potência através da região). 41 Pela Figura 5-5 nota-se que as cargas de interesse estão em pontos diferentes no sistema, o que obrigará uma redistribuição de cargas nos ramais do alimentador. Figura 5-5 Representação das cargas nominais dos transformadores do circuito do alimentador 1, e as cargas que estão na área de estudo contornadas por linhas azuis. A Figura 5-6 mostra a localização da barra 1 no circuito LPD1, que se encontra no entroncamento da rua Tiradentes com a Rua Sete de Setembro. A importância desse ponto 1 se deve ao fato de haver uma ramificação de alta carga para os bairros na região nordeste da cidade. Como é possível ver na Figura 5-5, há uma carga de 3035 kVA que vai em sentido a esta região. Figura 5-6 Localização da barra 1 do circuito LPD1 42 A localização do ponto 2 é estratégica, está localizada na região central entre as ruas José da Silva e Rua Presidente Carlos Luz, conforme mostrado na Figura 5-7. Figura 5-7 Localização da barra 2 do circuito LPD1 na região central de Leopoldina Na Figura 5-8 encontra-se o final das cargas 3 e 4, que estão em uma localização com grande aglomeração comercial. Figura 5-8 Localização dos términos das cargas 3 e 4 do circuito LPD1. 43 O circuito de alimentação das cargas do circuito 2, é representado pela Figura 5-9. O circuito LPD2, assim como o LPD1, também é radial e com condutores nu, com cerca de 40.000 metros de condutores e tem recursos para comutação entre seu próprio trajeto, como com circuitos adjacentes. Os triângulos pretos na Figura 5-9 representam os transformadores, os círculos, os postes, a linha contínua vermelha o traçado do alimentador da SE até os fins de linha, e a linha laranja representa os limites da área de estudo. Figura 5-9 - Circuito Alimentador LPD2 Atualmente o alimentador 2 tem cerca de de 5.600 kVA de potência nominais em seus transformadores, sendo aproximadamente 2.000 kVA na área de estudo, conforme pode ser visto na Figura 5-10.. 44 Figura 5-10 Representação das cargas nominais dos transformadores do circuito do alimentador 2, e as cargas que estão na área de estudo contornadas por linhas azuis. O circuito LPD2, diferente do LPD1, já demonstra uma vizinhança entre as cargas na região de interesse, o que de certa forma facilita o projeto de conversão. A Figura 5-11 representa uma vista ampliada do circuito LPD 2, com foco na região em que ocorrerá mudanças significativas. É possível observar as barras que unem as cargas. As principais estão localizadas próximo a Prefeitura Municipal, no início da Rua Barão de Cotegipe, uma das ruas com maior concentração de cargas do município.45 Figura 5-11 Localização das barras do circuito LPD2 5.1.3. Circuitos secundários Os circuitos secundários de baixa tensão assim como os de média tensão, também são radiais e contam com quilômetros de condutores. O volume de cabos é tão grande, que o software Microsoft Excel utilizado para fazer os cálculos e planilhas deste trabalho não conseguiu computar a dimensão total de cabos utilizados na BT. Os condutores se subdividem em condutores de alumínio nu e isolados XLPE. Por ser uma região caracterizada por uma forte arborização, nota-se uma presença desproporcional de cabos isolados maior que em cidades do mesmo porte. 46 5.1.4. Proteções Uma das limitações dos dados cedidos pela concessionária foram a respeito das proteções do sistema de distribuição, ficando inclusive difícil fazer o levantamento da quantidade exata de protetores contra sobretensão e sobrecorrentes. Para ter acesso as formas de proteção do circuito, foi feito outro trabalho de campo, percorrendo boa parte dos trechos dos circuitos alimentadores em busca de visualizar as formas de proteção do sistema. Para proteção contra sobrecorrentes, foram encontrados religadores, chave fusíveis e seccionalizador. Para sobretensão, foram encontrados para-raios em pontos específicos da linha, como religadores, transformadores, e transição de redes protegidas para convencional, e vice-versa. 5.2. Características elétricas propostas O estudo feito nas linhas antigas teve intuito de adquirir dados para propor um novo sistema, de forma atender as necessidade dos consumidores, considerando características intrínsecas do local. Para isto, foi necessário fazer aproximações e considerações razoáveis ao longo do projeto. A mais importante, para resolver uma limitação dos dados cedidos para o trabalho, foi assumir que a potência nominal instalada nos transformadores de potência atual permaneceria no proposto, visto que os estudos de demanda são semelhantes para ambas redes de distribuição. Também, baseado no conceito anterior, também foi considerado a potência nominal dos transformadores distribuída proporcionalmente entre os lotes atendidos pelo mesmo, o que a grosso modo não causa perdas a análise do trabalho. É importante esclarecer, que, como estas cargas são baseadas em cargas nominais de transformadores, cujas potências são estabelecidas por norma, as novas potências dos transformadores do circuito serão diferentes, por seguir norma com especificações de potências diferentes. Enquanto a norma NDU 007 da Energisa que dispõe sobre projeto para redes aéreas permite a utilização de diversas potências nominais, a norma NDU 018 que rege projetos de distribuição subterrânea da concessionária permite apenas três: 75, 47 150 e 300 kVA. Esta limitação afetou o resultado do trabalho, pois como foi baseado em potência nominal do circuito, e a potência proposta não casa com potência anterior, há uma “sobra” de potência no projeto, por não haver transformadores com potências múltiplas das para todas anteriores. Porém, este excedente não é o inconveniente maior, e sim a necessidade de utilizar transformadores de grande potência em algumas áreas que não seriam necessárias, causando um superdimensionamento de proteções, condutores e eletrodutos, que se relaciona com gastos desnecessários, aumentando o custo do projeto. 5.2.1. Circuitos alimentadores Uma das limitações do estudo foi a topografia, que dificulta o rearranjo e ramificação dos troncos alimentadores. A região da zona da mata é conhecida como região de mares de morros, referência a suas montanhas em forma de meia-laranjas, e a região de estudo se encontra exatamente em um vale dessas montanhas, sendo circundada por morros com diversas casas, com poucas ruas para acesso a bairros na parte de cima dessas montanhas, ou seja, menos traçados para a rede. O circuito LPD1 foi rearranjado dentro das possibilidades existente, afim de ser possível a instalação de rede subterrânea no local. A Figura 5-12 representa as cargas do circuito LPD1. Figura 5-12 Remanejo de cargas para novo circuito LPD1 proposto 48 É possível notar, em relação a Figura 5-12, que houve um rearranjo das cargas do circuito para atender as novas demandas do projeto. A mudança principal foi o remanejo da carga adjacente a carga da área de estudo de 3035 kVA, conectada anteriormente a Barra 1, como pode ser visto na Figura 5-5. A carga foi conectada a outro ramo do mesmo circuito, onde há uma extremidade próximo de onde a carga se encerrava. Este remanejo se deu pelo fato de que a carga deste trecho elevaria consideravelmente a corrente nos condutores subterrâneos, acima dos valores permitidos por norma NDU 018 da Energisa, inviabilizando tecnicamente o projeto. O remanejo desta carga não necessita grandes restruturações, visto que o ramal onde ela foi conectada era prevista para comutação de um circuito adjacente, ou seja, todo seu trajeto é sobrestimado. Outro remanejo utilizado que pode ser observado na Figura 5-15, foi a conexão da carga 262,5 kVA (ponto 4) à extremidade da carga de 525 kVA (ponto 3), que corresponde a carga no entorno da Praça Felix Martins, no centro da cidade, onde há diversos prédios comerciais e uma grande concentração de carga. Esta carga de 262,5 kVA, era conectada ao sistema através de outro ramo de circuito através da barra 2, como pode ser visto na Figura 5-8, sendo remanejada com justificativa da proximidade das conexões das cargas da Praça, e sem este remanejo seria necessária fazer o trajeto do circuito da barra 2 à barra 4 enterrado, sendo que este está fora da área de interesse. Os trajetos dos circuitos foram projetados e traçados estritamente de acordo com a norma NDU 018 da Energisa, obedecendo seus limites para todos parâmetros, e pode ser visto na Figura 5-13. O traçado do circuito LPD1 tem início na Praça do Rosário, conforme pode ser observado na Figura 5-13, se encaminha através da rua Presidente Carlos Luz, e se encerra na região central, na praça Felix Martins. Em alguns pontos do circuito, há ramificações que podem ser observadas na planta em anexo com mais detalhes. 49 Figura 5-13 Traçado do alimentador LPD1 no local de estudo do trabalho, com seus respectivos transformadores. A área de estudo está subdividida em duas partes por conveniência. 50 O circuito LPD2 precisou de pouco remanejo, visto que o maior fluxo de potência neste alimentador não é nesta ramificação do circuito que deseja-se enterrar. Com isso, apenas a carga de 502,5 kVA (ponto 3) que alimenta a rua Coronel Marco Aurélio e adjacências, conforme visto na Figura 5-11, foi conectada a extremidade de outra carga adjacente, na carga de 2277,5 kVA representada pelo ponto 1, através da rua das Flores. Esta modificação foi proposta já que não causaria grandes alterações no circuito ao qual foi conectada, e evitaria uma carga maior no novo projeto. Na Figura 5-14 é possível observar esta alteração, se comparada com a Figura 5- 10, assim como nota-se que a carga de 990 kVA foi “aberta”, afim de estabelecer o exato caminho da carga que será atendido no local de estudo, facilitando o dimensionamento do circuito. Figura 5-14 Remanejo proposto para as cargas do circuito alimentador LPD 2, e as cargas propostas para serem enterradas. O circuito LPD2, conforme a Figura 5-15, também se inicia na Praça do Rosário e se encaminha para região central, também praça Felix Martins, porém através da Rua Barão de Cotegipe. Também é possível uma maior riqueza de detalhes na planta em anexo. 51 Figura 5-15 Traçado do alimentador LPD2 no local de estudo do trabalho e seus respectivos transformadores. A área de estudo está subdividida em duas partes por conveniência. O dimensionamento dos condutores do circuito primário por ramo pode ser visto na planta em anexo
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