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MEIO AMBIENTE
Magnum Koury de 
Figueiredo Eltz
Revisão técnica:
Vanessa de Souza Machado
Mestre e Doutora em Ciências
Graduada em Ciências Biológicas
Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin CRB – 10/2147
M499 Meio ambiente [recurso eletrônico] / Ronei Tiago Stein
... [et al.]; [revisão técnica : Vanessa de Souza Machado]. – 
Porto Alegre : SAGAH, 2018.
ISBN 978-85-9502-573-8
Engenharia de produção. 2. Meio ambiente. I. Stein,
Ronei Tiago.
 
CDU 502
Conceito de meio 
ambiente e meio ambiente 
como bem jurídico
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Conceituar meio ambiente.
 � Diferenciar os conceitos de meio ambiente natural, artificial e cultural.
 � Aplicar o conceito de meio ambiente como bem jurídico.
Introdução
O meio ambiente, bem protegido pelo ordenamento jurídico, é o conjunto 
de aspectos naturais, físicos e populacionais e o conjunto de interações 
entre esses aspectos. Também são aspectos culturais e artificiais criados 
pelo homem. Esses conceitos são provenientes de estudos científicos e 
de convenções internacionais, como a noção de meio ambiente humano, 
decorrente da conferência de Estocolmo em 1972.
Neste capítulo, você vai ler sobre o conceito de meio ambiente natural 
e as modalidades artificial e cultural. Além disso, verá o conceito de meio 
ambiente como bem jurídico e as suas repercussões práticas.
Conceito de meio ambiente
O meio ambiente, tal como descrito nas ciências naturais, a exemplo do trabalho 
de Linhares (1998, p. 435), é retratado pelo:
[...] meio físico formado pelo ar, pela luz, pela temperatura, pela umidade, pelo 
tipo de solo, pela água e pelos sais minerais, chamados de fatores abióticos 
ou biótipo; sendo que a reunião e a interação da comunidade com o ambiente 
físico formam um sistema ecológico ou ecossistema. Assim, uma floresta — 
com sua vegetação, seus animais, seu tipo de solo e seu clima característico 
— forma um ecossistema. O mesmo podemos dizer de um lago, um oceano, 
um tronco de árvore e até mesmo um simples aquário.
A palavra ecologia vem dos termos gregos oikos — que significa casa e, 
por extensão, ambiente — e logos — que significa estudo —, sendo o ramo 
da biologia que trata das interações entre o meio físico (ar, solo, luz e clima) 
e as populações (fauna e flora).
Conforme Canotilho (1998), é possível, no âmbito jurídico, optarmos por 
um conceito estrito de ambiente, centrado nos componentes ambientais naturais 
descritos, ou por um conceito amplo de ambiente, também conhecido como 
conceito holístico, centrado nos componentes ambientais humanos e ambientais 
não humanos (isto é, não apenas o ambiente natural, mas também o construído).
A Conferência de Estocolmo de 1972 trouxe como conceito o meio am-
biente humano, em que:
O homem é ao mesmo tempo obra e construtor do meio ambiente que o cerca, 
o qual lhe dá sustento material e lhe oferece oportunidade para desenvolver-se 
intelectual, moral, social e espiritualmente. Em larga e tortuosa evolução da 
raça humana neste planeta chegou-se a uma etapa em que, graças à rápida 
aceleração da ciência e da tecnologia, o homem adquiriu o poder de trans-
formar, de inúmeras maneiras e em uma escala sem precedentes, tudo que 
o cerca. Os dois aspectos do meio ambiente humano, o natural e o artificial, 
são essenciais para o bem-estar do homem e para o gozo dos direitos huma-
nos fundamentais, inclusive o direito à vida mesma (ORGANIZAÇÃO DAS 
NAÇÕES UNIDAS, 1972).
Dessa forma, o meio ambiente humano — cujo conceito é previsto na 
Conferência de Estocolmo de 1972, da qual o Brasil é signatário — abarca os 
conceitos de meio ambiente natural e meio ambiente construído, de modo que 
o conceito de meio ambiente para o Direito é híbrido entre aspectos físicos, 
populacionais, éticos, culturais e sociais. Esses aspectos são reiterados pela 
Conceito de meio ambiente e meio ambiente como bem jurídico16
Conferência Rio-92, também ratificada pelo Brasil e que compõe parte dos 
direitos fundamentais pátrios por força do § 2º do art. 5º da Constituição 
Federal, que equipara os princípios e direitos provenientes de tratados inter-
nalizados pelo Brasil como direitos fundamentais.
Nesse sentido, devemos interpretar, de maneira sistêmica, o art. 225, caput, 
da Constituição Federal, que trata do direito fundamental ao meio ambiente 
ecologicamente equilibrado, de modo que os aspectos físicos, populacionais, 
culturais e sociais humanos integram o conceito meio ambiente, e a parcela 
ecologicamente equilibrado trata das relações entre esses diferentes elementos 
(BRASIL, 1988a). Também devem ser alargados os dispositivos do art. 3º da 
Lei nº. 6.938, de 31 de agosto de 1981, I, que restringem o conceito de meio 
ambiente ao conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem 
física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas 
formas. Devemos interpretar o dispositivo a partir de uma leitura integrada 
em relação ao conceito de poluição como degradação da qualidade ambiental 
resultante de atividades que direta ou indiretamente (BRASIL, 1981): 
 � prejudiquem o bem-estar da população; 
 � e/ou criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; 
 � revelem uma amplitude maior do que é possível extrair da própria lei 
da Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA).
Nesse sentido, é pertinente a lição de Farias (2007, p. 444):
O inciso I do art. 3º da Lei nº 6.938/81 define o meio ambiente como “o con-
junto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química 
e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”. A 
doutrina desdobrou o conceito de meio ambiente em quatro aspectos: meio 
ambiente natural, meio ambiente artificial, meio ambiente cultural e meio 
ambiente do trabalho.
O meio ambiente natural ou físico é o constituído pelos recursos naturais 
propriamente ditos e pela correlação recíproca de cada um destes em relação 
aos demais. O meio ambiente artificial é o construído ou alterado pelo ser 
humano, sendo constituído pelos edifícios urbanos e pelos equipamentos 
comunitários. O meio ambiente cultural é o patrimônio histórico, artístico, 
paisagístico, ecológico, científico e turístico e constitui-se tanto de bens 
de natureza material quanto imaterial. E o meio ambiente do trabalho é o 
conjunto de fatores que se relacionam às condições do ambiente de trabalho.
Dessa forma, ainda que a legislação pátria não tenha definido, de maneira 
expressa, a opção por uma conceituação ampla de meio ambiente, a doutrina 
17Conceito de meio ambiente e meio ambiente como bem jurídico
assim o entende com base no disposto nas Conferências de Estocolmo de 1972 
e Rio-92, ambas ratificadas pelo ordenamento jurídico brasileiro.
O meio ambiente não é composto apenas por elementos naturais, como o ar, o solo, a 
terra e os aspectos climáticos; ele também é composto pelos aspectos populacionais, 
ou seja, da presença de seres vivos que representam a flora e a fauna e também os 
aspectos artificiais criados pelo homem como expressão de sua cultura ou pelas 
necessidades criadas pela civilização.
Meio ambiente natural, artificial e cultural
Uma vez compreendida a amplitude do conceito geral de meio ambiente, 
englobando as modalidades de meio ambiente natural, artificial e cultural, 
passaremos à caracterização dessas classificações de sistemas relacionais 
entre aspectos físicos, populacionais e metafísicos.
De acordo com Milaré (2013, p. 161):
Em toda a superfície do globo terrestre encontramos elementos ou ambientes 
naturais, cuja composição e concentração variam conforme as diferentes 
regiões. Apesar dessas diferenças, são estreitamente relacionados e, exata-
mente por isso, constituem ecossistemas. Tais componentes são: o ar, a água, 
o solo, a flora e a fauna.
Assim, o meio ambiente natural, como visto em seu aspecto ecológico, 
trata dos componentes físicos (ar, água, solo) e populacionais (flora e fauna)que compõem determinada região.
Por exemplo, em uma unidade de conservação (UC), como é o caso do 
Parque Nacional Aparados da Serra, situado no Estado do Rio Grande do Sul, 
o meio ambiente é composto pelos aspectos geológicos do local (com solo 
basáltico caracterizado por histórico vulcânico associado àquele ambiente, 
consequentemente restringindo o crescimento de vegetação e impossibili-
tando a penetração das raízes na rocha, o que resulta em população vegetal 
de gramíneas e arbustos no local), pela presença de aves e espécies de porte 
médio e baixo especializadas para o convívio com esse tipo de vegetação e 
Conceito de meio ambiente e meio ambiente como bem jurídico18
pela presença de espécies de invertebrados e aves que se apresentam nesse 
local. A Figura 1 mostra um exemplo de solo vulcânico.
Figura 1. Vulcão Teide, localizado na África.
Fonte: Ondacaracola/Shutterstock.com.
Dessa forma, é possível vislumbrar a complexidade do conceito de meio 
ambiente natural, que considera aspectos meteorológicos, geológicos, geográ-
ficos, paleontológicos, zoológicos, fitológicos, histológicos e suas diversas 
interações, compondo características de determinadas regiões chamadas de 
biomas (macroambientes) — quando são consideradas regiões amplas, como 
Pampa, Cerrado, Amazônia, entre outras — e microambientes — ao serem 
observadas localidades específicas.
Os aspectos populacionais, em relação à flora e à fauna, possuem tratamento 
especial no nosso ordenamento jurídico a partir da proteção da diversidade 
das espécies que as compõem. Nesse sentido, Milaré (2013, p. 209) refere que:
Além do termo biodiversidade, usa-se igualmente a expressão diversidade 
biológica. Segundo a Convenção da Biodiversidade, “ diversidade biológica 
significa a viabilidade de organizamos vivos de todas as origens e os com-
plexos ecológicos de que fazem parte: compreendendo ainda a diversidade 
dentro das espécies, entre as espécies de ecossistemas”.
A importância da inter-relação entre as espécies e o próprio meio físico que 
habitam e transformam é o próprio fundamento da criação de parques, como o 
19Conceito de meio ambiente e meio ambiente como bem jurídico
mencionado Aparados da Serra, que constituem as chamadas UCs, espécie de 
santuário para a livre manifestação do meio ambiente natural. Esses santuários 
estão previstos na Lei nº. 9.985, de 18 de julho de 2000, que instituiu o Sistema 
Nacional de Unidades de Conservação (SNUC). No entanto, o meio ambiente 
natural e suas características, em geral, são protegidos, mesmo nas cidades 
ocupadas pelo homem, uma vez que este compõe parte da população dos 
ecossistemas urbanos e rurais e também depende do equilíbrio dessas relações 
para sua própria sobrevivência, daí a noção de meio ambiente equilibrado de 
que trata o art. 225 da Constituição Federal.
O conceito de meio ambiente, no entanto, não se limita às interações eco-
lógicas, como visto no conceito de meio ambiente humano da Conferência 
de Estocolmo de 1972, abrangendo também as modificações realizadas pelo 
homem em seu processo de civilização e realização de sua cultura. Dessa 
forma, Milaré (2013, p. 272) defende que:
A visão holística do meio ambiente leva-nos a considerar o seu caráter social, 
uma vez que é definido constitucionalmente como um bem de uso comum do 
povo, Caráter ao mesmo tempo histórico, porquanto o meio ambiente resulta 
das relações do ser humano com o mundo natural no decorrer do tempo.
Essa visão faz-nos incluir no conceito de ambiente — além dos ecossistemas 
naturais — as sucessivas criações do espírito humano que se traduzem nas 
suas múltiplas obras. Por isso, as modernas políticas ambientais consideram 
relevante ocupar-se do patrimônio cultural, expresso em realizações signifi-
cativas que caracterizam, de maneira particular, os assentamentos humanos 
e as paisagens ao seu entorno.
Dessa forma, fazem parte do conceito de meio ambiente, protegido em 
nossa legislação, as criações do homem, que compõem um bem metafísico 
ligado à sua identidade, ética e construção social. Como ensina o autor:
Esses espaços trabalhados pela cultura (que é o produto mais significativo da 
nossa espécie) acumulam incontáveis artifícios do homo sapiens, que também 
compõem a sua ambiência resultante da “interação do conjunto de elementos 
naturais, artificiais e culturais que propiciem o desenvolvimento equilibrado 
da vida em todas as suas formas”, como ensina José Afonso da Silva.
Uma vez aceito o caráter holístico do meio ambiente como produto das intera-
ções e relações da sociedade humana como mundo natural, o meio ambiente 
construído ou artificial, passa a ser objeto das políticas ambientais. Sendo 
assim, por decorrência ele cai sob a alçada do Direito, não apenas do Direito 
do Ambiente, mas ainda de outros ramos da ciência jurídica, nomeadamente 
o Direito Urbanístico e regulamentações específicas (MILARÉ, 2013, p. 291).
Conceito de meio ambiente e meio ambiente como bem jurídico20
O meio ambiente é composto pelo meio ambiente artificial, construído pelo 
ser humano, ao mesmo tempo que constitui um meio ambiente cultural, pois 
advêm de sua criatividade e construção civilizatória os construtos físicos (como 
prédios residenciais, comerciais e construções institucionais, como bancos, 
escolas, creches, clubes, entre outras) e as construções metafísicas culturais 
(como música, artes cênicas, artes plásticas e literatura).
Dessa forma, o meio ambiente artificial e cultural criado pelo ser humano 
reflete a própria noção de civilização que herdamos da Grécia helênica, na 
qual a construção de teatros, congressos e espaços de convivência pública 
definem a própria civilização. Esses espaços aumentaram durante o período 
romano clássico (com a inclusão de casas de espetáculos populares, estradas 
pavimentadas, aquedutos e sistema cloacal) e os períodos medievais (com a 
expansão dos templos religiosos, muros protetivos e outras características 
físicas que marcam a presença do homem enquanto dominador e criador do 
próprio meio ambiente).
Com isso, toda forma construída pelo ser humano, reconhecida como 
exemplo da sua evolução histórica e cultural, é compreendida como patrimônio 
de um meio ambiente cultural. Assim, como o restante das construções físicas 
humanas efêmeras no tempo, esses espaços são considerados parte de um 
conceito mais amplo de meio ambiente construído ou artificial. 
Assim, em que pese a Conferência de Estocolmo de 1972 servir como alerta 
ao ser humano do que seu desenvolvimento civilizatório exacerbado estaria 
causando graves desequilíbrios ao meio ambiente natural, com o qual possui 
relação biológica indissociável, a conceituação de meio ambiente equilibrado 
contempla tanto os aspectos naturais a serem protegidos quanto a própria noção 
de civilidade humana enquanto bem ambiental a ser tutelado, buscando-se uma 
harmonia entre o estilo de vida humano e o meio ambiente que ele integra. 
Meio ambiente como bem jurídico
Uma vez compreendido o conceito de meio ambiente e suas modalidades 
natural, artificial e cultural, passaremos à compreensão desses conceitos 
como bens jurídicos.
Historicamente, como ensina Milaré (2013, p. 119-120), o Direito Romano 
determinava os bens naturais físicos como de uso comum: Et quidem naturali 
iure comunia sunt omnium haec: aër et aqua profuens et mare et per hoc 
litora maris (“Por direito natural são comuns todas as coisas seguintes: o ar, a 
água corrente, o mar e o seu litoral”). Essa noção de bens comuns, no entanto, 
21Conceito de meio ambiente e meio ambiente como bem jurídico
advém de uma impossibilidade fática de apropriação desses bens naturais, 
uma vez que não é possível estocar o ar, conter a água corrente e o oceano 
por suas proporções; ao mesmo tempo que se reconhecem como direitos de 
uso comum pela influência desses elementos naturais como condicionantes 
da vida humana, tal como compreendemos atualmente.
No ordenamento jurídico brasileiro, o Código Civil de 1916 já havia inseridoa noção de bem de uso comum do povo (art. 66, I), com a inclusão, no mínimo, 
dos seguintes bens (BRASIL, 1916): 
 � mares; 
 � rios; 
 � estradas;
 � ruas;
 � praças. 
As praias foram também incluídas nessa categoria pela Lei nº. 7.661, de 
16 de maio de 1988, de modo que foram apenas reafirmados valores civiliza-
dos romanos já presentes em nosso sistema jurídico por influência de nossa 
colonização portuguesa (BRASIL, 1988b).
Uma evolução conceitual dessa proteção viria justamente com o advento da 
Constituição Federal de 1988, com a proteção do direito fundamental ao meio 
ambiente equilibrado (art. 225) e a função social e ambiental da propriedade 
(arts. 5º, XXIIII, e 170, III e VI), complementados com a inclusão da função 
social da propriedade no Código Civil de 2002, que relativiza os bens privados 
em relação aos interesses difusos e coletivos tutelados pelo Estado.
Segundo Canotilho (1998), conforme vimos, é clara e crescente a preo-
cupação da sociedade contemporânea com os problemas provocados pelo 
desenvolvimento; conforme exposto nas Conferências de Estocolmo (1972), 
Rio (1992) e mais recentemente na Rio+20 e na Conferência de Paris sobre o 
Clima de 2015. Segundo o autor:
A generalização dessa convicção — operada a nível não apenas nacional, 
mas internacional, dada a inevitável propensão para a “mundialização” dos 
problemas ambientais — está na base da emergência recente do ambiente 
como bem digno de proteção ou tutela jurídica, o mesmo é dizer, na base da 
sua transmutação de mero interesse socialmente relevante em autêntico bem 
jurídico (CANOTILHO, 1998, p. 25).
Sobre o conceito de bem jurídico, o autor lembra que se trata da noção de 
se pretender: “[...] abranger valores ou interesses que se apresentam em estreita 
Conceito de meio ambiente e meio ambiente como bem jurídico22
conexão com os interesses gerais da sociedade, tomados enquanto tais e não 
enquanto valores de cunho estreitamente individual” (CANOTILHO, 1998, p. 25). 
O autor reforça que o bem jurídico, ainda que possua (como é o caso) di-
mensões individuais, deve sempre ser visto como bem jurídico da coletividade:
É esta “socialização” do conceito que para nós tem mais interesse, já que o 
ambiente (apesar de também ser um direito fundamental pertencente a todos 
e a cada um de nós) é, sem dúvida, um interesse coletivo, com uma dimensão 
social que nunca poderá ser esquecida (CANOTILHO, 1998, p. 25).
Dessa forma, conforme Milaré (2013, p. 120):
O Poder Público passa a figurar não como proprietário de bens ambientais 
— das águas e da fauna —, mas como um gestor ou gerente, que administra 
bens que não são dele e, por isso, deve explicar convincentemente sua gestão. 
A aceitação dessa concepção jurídica vai conduzir o Poder Público a melhor 
informar, a alargar a participação da sociedade civil na gestão dos bens am-
bientais e a ter que prestar contas sobre a utilização dos bens “de uso comum 
do povo”, concretizando um “Estado Democrático e Ecológico de Direito” 
(arts. 1º, 170 e 225).
Assim, ao tutelar o meio ambiente equilibrado como um bem jurídico em 
seus aspectos naturais, culturais e artificiais, o ordenamento jurídico figura 
como garantidor do equilíbrio entre esses aspectos a partir da fiscalização 
das atividades privadas, de sua limitação quando necessário e da tutela do 
desrespeito a esses direitos a partir de suas ferramentas de responsabilidade.
Os bens jurídicos são conceitos especialmente protegidos pelo ordenamento jurídico. 
Alguns de seus exemplos clássicos são a vida, a liberdade, a propriedade e a igual-
dade. Sua proteção, no entanto, é configurada de acordo com um caso concreto. Por 
exemplo, para proteger o bem “meio ambiente”, é necessária uma situação concreta 
ou hipotética que possa feri-lo.
Como é o caso da contaminação de rios por uma determinada indústria. Nesse 
caso concreto, o Estado possui ferramentas, como a ação popular, em caso de ato 
de empresa pública, ou ação civil pública, em caso de contaminação por empresa 
de direito privado, para buscar a reparação por meio do devido processo legal. Além 
disso, o Estado possui instrumentos de tutela administrativa e tutela penal para buscar 
a cessação de comportamentos lesivos a esse bem jurídico.
23Conceito de meio ambiente e meio ambiente como bem jurídico
Conforme complementa Canotilho (1998, p. 26):
O enorme relevo que assume a consideração do ambiente como bem jurídico 
autônomo não é, todavia, suficiente para dar a compreender toda a importância 
que a disciplina jurídica do ambiente assume em ordenamentos jurídicos — 
como o português — que consagram clara e inequivocamente um direito dos 
cidadãos ao ambiente.
Isso porque o direito a um meio ambiente equilibrado não figura um simples 
bem jurídico previsto no ordenamento jurídico, mas sim é integrante da categoria de 
direitos fundamentais ou cláusulas pétreas constitucionais em determinados países:
É por exemplo esse o caso do Brasil, cuja Constituição de Outubro de 1988 
dispõe expressamente “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente 
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de 
vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e 
preservá-lo para as presentes e futuras gerações” (CANOTILHO, 1998, p. 27). 
Assim, ao mesmo tempo que o meio ambiente equilibrado como um bem 
jurídico aponta-o como um valor especial protegido pela sociedade, seu alçamento 
a direito fundamental caracteriza a importância dos aspectos que o compõem 
para a própria existência da humanidade tal como a concebemos, uma vez que 
integra o quadro formado por direitos de liberdade, igualdade, à vida e ao de-
senvolvimento econômico. Isso porque todos os demais direitos dependem desse 
equilíbrio essencial à própria saúde e mesmo à vida do ser humano como parte de 
um ecossistema integrado e aperfeiçoado por sua evolução cultural e civilizatória.
1. Leia o que segue e assinale a 
alternativa correta. O conceito de 
meio ambiente, como previsto 
na literalidade do art. 3º da Lei 
nº. 6.938/1981 — “Para os fins 
previstos nesta Lei, entende-se por: 
I — meio ambiente, o conjunto 
de condições, leis, influências 
e interações de ordem física, 
química e biológica, que permite, 
abriga e rege a vida em todas as 
suas formas” —, compreende 
a(s) conceituação(ões) de:
I. meio ambiente natural;
II. meio ambiente construído;
III. meio ambiente cultural. 
Conceito de meio ambiente e meio ambiente como bem jurídico24
a) Apenas a afirmativa I está correta.
b) Apenas a afirmativa 
II está correta.
c) Apenas as afirmativas I 
e III estão corretas.
d) Apenas as afirmativas II 
e III estão corretas.
e) Apenas a afirmativa 
III está correta.
2. Leia o que segue e assinale 
a alternativa que preenche 
corretamente a lacuna. O meio 
ambiente _________________ 
é o conjunto de interações entre 
aspectos físicos, climáticos e 
populacionais dentro de construções 
artificiais onde se estabelecem 
relações de labor. 
a) Natural.
b) Cultural.
c) Urbano.
d) Rural.
e) Do trabalho.
3. Leia o que segue e assinale 
a alternativa correta. O meio 
ambiente artificial é composto 
por construções humanas, de 
forma distinta do conceito de 
meio ambiente natural concedido 
pelas interações físicas, químicas e 
biológicas naturais. Dessa forma, 
compõem o meio ambiente artificial:
I. elementos de infraestrutura;
II. biomas;
III. zoológicos.
a) Apenas a afirmativa I está correta.
b) Apenas a afirmativa 
II está correta.
c) Apenas a afirmativa 
III está correta.
d) Apenas as afirmativas I 
e II estão corretas.
e) Apenas as afirmativas I 
e III estão corretas.
4. O meio ambiente natural é 
composto por elementos físicos 
(como o ar, a terra, a luz e o 
clima) e elementos populacionais 
(como a flora e a fauna), que 
são sujeitos do bem jurídico 
meio ambiente equilibrado. 
Enquanto a flora representa as 
populações vegetais, a fauna 
representa a população de: 
a) insetos.
b) aracnídeos.
c) invertebrados.
d) anelídeos.
e) animais emgeral.
5. Leia o que segue e assinale a 
alternativa correta. A flora compõe 
o meio ambiente como bem 
jurídico, como previsto no art. 225 
da Constituição Federal, e é parte do 
meio ambiente natural, junto com os 
seus aspectos físicos e populações 
representadas pela fauna. São 
exemplos desse componente 
do meio ambiente natural:
I. gramíneas;
II. hortaliças;
III. bactérias.
a) Apenas a afirmativa I está correta.
b) Apenas a afirmativa 
II está correta.
c) Apenas a afirmativa 
III está correta.
d) Apenas as afirmativas I 
e II estão corretas.
e) Apenas as afirmativas I 
e III estão corretas.
25Conceito de meio ambiente e meio ambiente como bem jurídico
BRASIL. Lei nº. 3.071, de 1º de janeiro de 1916. Código Civil dos Estados Unidos do Brasil. 
1916. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L3071.htm>. Acesso 
em: 20 dez. 2017.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: 
Senado Federal, 1988a.
BRASIL. Lei nº. 7.661, de 16 de maio de 1988. Institui o Plano Nacional de Gerenciamento 
Costeiro e dá outras providências. 1988b. Disponível em: <http://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/leis/l7661.htm>. Acesso em: 20 dez. 2017.
BRASIL. Lei nº. 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio 
Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providên-
cias. 1981. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938.htm>. 
Acesso em: 20 dez. 2017.
CANOTILHO, J. J. G. et al. Introdução ao Direito do ambiente. Lisboa: Universidade 
Aberta, 1998.
FARIAS, T. Q. Meio ambiente do trabalho. Revista Direito e Liberdade, Mossoró, v. 6, n. 
2, jan./jun. 2007. 
LINHARES, S. et al. Biologia: programa completo. São Paulo: Ática, 1998.
MILARÉ, E. Direito do ambiente. 8. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013. 
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Declaração de Estocolmo sobre o ambiente 
humano. 1972. Disponível em: <http://www.silex.com.br/leis/normas/estocolmo.
htm>. Acesso em: 20 dez. 2017.
Leitura recomendada
NARDY, A. et al. Princípios de Direito Ambiental: na dimensão internacional e comparada. 
Belo Horizonte: Del Rey, 2003.
Conceito de meio ambiente e meio ambiente como bem jurídico26
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