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As grandes cidades e a vida do espírito - Georg Simmel

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As grandes cidades e a vida do espírito – Georg Simmel 
Como o indivíduo pode resistir à uniformização imposta pelo mecanismo social? Como as 
personalidades acomodam as forças externas? 
1) Individualização decorrente da vida na metrópole: A vida em uma cidade pequena x a vida 
em uma cidade grande. A primeira é marcada por um ritmo lento de vida, as imagens 
mentais fluem de maneira vagarosa, é possível verificarmos uma constante uniformidade 
nos acontecimentos, há uma criação de hábitos, já que essas impressões transpassam a 
mente e se alocam na profundidade da alma. O psiquismo daquele que reside em cidades 
pequenas, tem como descanso sobre ele relacionamentos profundos, emocionais e 
sentimentais com o ambiente. Vemos então, que o órgão próprio da pequena cidade é o 
coração, representando a alma e a esta profundidade que nos referimos. Por sua vez a vida 
na cidade grande é caracterizada conforme Simmel, na intensificação dos estímulos 
nervosos. Num simples atravessar de rua, no virar de uma esquina ou no simples ato de 
olhar pela janela de um apartamento localizado no centro, somos bombardeados por 
impressões novas, disperses e rápidas, não há tempo para aprofundamentos em certas 
imagens. Em determinadas impressões, as transformações acontecem muito 
frequentemente, o que faz com que exista uma consciência diferente no morador da 
metrópole. Nele, o intelecto local no qual essas impressões velozes irão se alocar será na 
cabeça, que é o órgão da cidade grande, protegendo esses indivíduos de uma sensação de 
desenraizamento diante de tamanhas mudanças, pois é uma camada mais alta do 
psiquismo, sendo mais fácil de se adaptar. Em síntese, enquanto na cidade pequena a alma 
e o coração são os órgãos de pertencimento, na cidade grande a intelectualidade e os 
cérebros são os responsáveis pela adaptação. 
2) Individualização: A metrópole sempre foi o local da economia monetária, por sua vez o 
dinheiro é uma referência sobre as relações realizadas na esfera econômica. O dinheiro 
resume todas as características, os coloridos, as peculiaridades em apenas uma única 
sentença. Tudo é resumido no valor, mas não no valor pautado em sentimentos e relações 
emocionais. As trocas efetuadas a partir do dinheiro, afirmam a individualidade, ou seja, a 
intencionalidade surgida com a metrópole. Troca-se calculando, utilizando a razão com 
objetivos certeiros. Essas relações de troca não são transpassadas por emoções, ao 
contrário de uma cidade pequena em que as possíveis relações entre fornecedor e freguês, 
podem intercambiar pessoalidade. Economia é o mercado que resume a função de fornecer 
e adquirir os produtos que são produzidos, há uma impessoalidade no trato dessas 
relações, pois nenhuma das partes são próximas ou conhecidas. 
3) Atitude Blasé: O caráter blasé poder ser assemelhado a uma tonalidade acinzentada, algo 
fosco em que a capacidade de distinção não é possível, devido a um constante estímulo dos 
nervos, frente ás rápidas mudanças. Eles são jogados de um extremo a outro, de reações 
fortes até reações fracas, a todo momento fazendo com que as energias sejam gastas neste 
processo, não restando o suficiente para uma reação pertinente frente aos estímulos. Por 
exemplo, pensemos o indivíduo que está com uma coceira, no início, coçar é prazeroso, 
mas se você continuar coçado a mesma região por muito tempo, vai começar a incomodar, 
do mesmo modo acontece com o cidadão da metrópole que é forçado a responder ás mais 
variadas impressões, antagonismos próprios á essa vida citadina. As forças dos nervos se 
esgotam. 
4) Uniformização: Exige a diferença já que ela não é percebida muitas vezes em virtude da 
atitude blasé. Segundo Simmel, a cultura da metrópole é caracterizada por um 
desenvolvimento da cultura objetiva, ou seja, o espírito objetivo ao invés da cultura 
individual ou um espírito subjetivo. Neste processo, cada vez mais, o individuo é esvaziado 
de suas particularidades, especificidades, colorações próprias em prol de um 
desenvolvimento das coisas. Assim, a única maneira de se sobressair em meio a essa 
uniformidade na condição dos citadinos é através da extravagancia, do exagero. Neste caso 
há uma exclusiva particularização, porém, extremada, exagerada.

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