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Artigo - DPOC 1-convertido

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CENTRO UNIVERSITÁRIO VALE DO SALGADO 
BACHARELADO EM FISIOTERAPIA 
 
 
 
 
 
 
MÍRIAN VIEIRA SILVA 
 
 
 
 
 
 
 
O PAPEL DA FISIOTERAPIA NO MANEJO DE PACIENTES PORTADORES 
DE DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA (DPOC) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ICÓ-CE 
2020 
MÍRIAN VIEIRA SILVA 
 
 
 
 
 
 
 
O PAPEL DA FISIOTERAPIA NO MANEJO DE PACIENTES PORTADORES 
DE DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA (DPOC) 
 
 
 
 
 
 
Trabalho submetido como requisito 
parcial de obtenção de nota à disciplina 
de Fisioterapia Respiratória II com 
orientação do professora me. Ana 
Carolina Lustosa Saraiva 
 
 
 
 
 
 
ICÓ – CE 
2020 
 
RESUMO 
A doença pulmonar obstrutiva crônica é uma doença respiratória em que há 
prevenção e é tratável, onde se caracteriza pela obstrução crônica em que não é 
totalmente reversível o fluxo aéreo. A exacerbação da DPOC é um episódio agudo que 
acontece no percurso natural da doença onde ocorre uma mudança na dispneia basal 
do paciente, tosse ou expectoração e uma mudança na cor do escarro que vai além 
variações normais do dia a dia, podendo justificar uma alteração do medicamento 
habitual do paciente, com alta morbidade e mortalidade. (MARCHIORI et al., 2010) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PALAVRAS-CHAVES: doença pulmonar, achados clínicos, obstrução crônica, 
tratamento fisioterapêutico 
ABSTRACT 
Chronic obstructive pulmonary disease is a preventable and treatable respiratory 
disease, characterized by chronic obstruction in which airflow is not fully reversible. 
The exacerbation of COPD is an acute episode that occurs in the natural course of the 
disease where there is a change in the patient's baseline dyspnea, coughing or sputum 
and a change in sputum color that goes beyond normal day-to-day variations, which 
may justify a change in the usual medication of the patient, with high morbidity and 
mortality. (MARCHIORI et al., 2010) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
KEYWORDS: pulmonary disease, clinical findings, chronic obstruction, 
physiotherapeutic treatment 
 
 INTRODUÇÃO 
A exposição demasiada a gases e partículas nocivas causam nos pulmões uma 
resposta inflamatória, que quanto maior irá causar modificações estruturais como o 
estreitamento das pequenas vias aéreas e a destruição do parênquima pulmonar. Essas 
alterações irão provocar a redução da tração elástica que mantém as vias aéreas distais 
abertas, ocasionando o seu fechamento precoce, onde vai ocorrer principalmente na 
expiração que irá resultar em obstrução do fluxo aéreo. (LOIVOS LP., 2009) 
De acordo com a literatura atual, a DPOC é a maior causa crônica de 
morbimortalidade no mundo. A DPOC divide-se em fases estáveis e instáveis, em que 
é chamada de DPOC exacerbada. Segundo a GOLD – The Global Iniciative for 
Chronic Lung Disease -, a DPOC exacerbada se define como um evento agudo em que 
ocorre no percurso natural da doença e são categorizadas em termos de apresentação 
clínica (número de sintomas) ou uso de recursos de saúde. A repercussão das 
exacerbações é importante e tanto os sintomas quanto a função pulmonar do paciente 
podem levar várias semanas para retornar os valores basais, o que acaba afetando a 
qualidade de vida e prognóstico do paciente. (MARCHIORI et al., 2010) 
A DPOC é caracterizada por uma resposta inflamatória anormal dos pulmões de 
várias substâncias inaladas. Apesar de saber da importância da poluição ambiental e 
da queima da biomassa como desencadeador de fenômenos patogênicos, o cigarro 
prevalece sendo o principal fator determinante. (OLIVEIRA PC., 2013) 
A DPOC apresenta alguns efeitos extrapulmonares significativos, tanto como 
importantes co-morbidades que podem favorecer na severidade da doença em 
pacientes individuais. Mas, a DPOC pode ser prevenida e tratada – considerando a sua 
estreita relação com a exposição aos fatores de risco – sendo importante o seu 
diagnóstico precoce, pois o manuseio correto pode reduzir os sintomas (principalmente 
a dispneia), reduzir a frequência e a severidade das exacerbações, melhorar o estado 
de saúde e a capacidade de tolerância ao exercício prolongando a sobrevida. (LOIVOS 
LP., 2013) 
 
 
 
 OBJETIVOS 
Discutir e abordar sobre o papel da fisioterapia e suas condutas no manejo de 
pacientes portadores da doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). 
Esclarecer a importância do papel do fisioterapeuta mediante a condutas realizadas 
no tratamento da DPOC, na melhora da qualidade de vida do paciente entre outros. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 METÓDOS 
Trata-se de uma revisão narrativa da literatura. A revisão narrativa apresenta uma 
temática bem mais ampla que são apropriadas para descrever e discutir determinado 
assunto, sob o ponto de vista teórico e contextual. Se trata basicamente de uma análise da 
literatura publicada em livros, artigos impressos ou eletrônicos, e de uma interpretação e 
análise crítica pessoal do autor. Esse tipo de revisão tem como papel principal a educação 
contínua, visto que permitem ao leitor obter e melhorar o conhecimento sobre um 
conteúdo específico em um curto espaço de tempo. 
A revisão foi desenvolvida a partir da questão norteadora: O que é DPOC? e Qual 
papel do fisioterapeuta em pacientes portadores de DPOC? 
Para a elaboração do estudo, foram seguidas as etapas: seleção da questão 
norteadora, estabelecimento das palavras-chaves, critérios de inclusão e exclusão e na 
procura da literatura, avaliação dos estudos incluídos na revisão narrativa, definição das 
informações coletadas, interpretação dos resultados e apresentação do conhecimento 
gerado. 
A procura de artigos incluiu pesquisa em base eletrônica. As bases eletrônica 
consultadas foram SciELO (Biblioteca Científica Eletrônica Online) e Literatura 
Internacional em Ciências da Saúde (MEDLINE). O período de abrangência foi entre 
2010 a 2013. 
Os critérios de elegibilidade foram artigos sobre a doença pulmonar obstrutiva 
crônica, o tratamento e o papel do fisioterapeuta em pacientes com DPOC, sem restrição 
ao ano da publicação. 
 
 
 
 
 
 
 
 RESULTADOS 
Na base de dados SciELO foram identificados 58 artigos que cumpriam os 
critérios de inclusão e 8 foram selecionados. Ao total de 8 artigos somou-se 2 encontrados 
na base de dados LILACS, totalizando 10 artigos que cumpriam os critérios de inclusão. 
Os principais motivos para exclusão dos trabalhos foram: artigos que descreviam 
avaliação postural em pacientes com DPOC, artigos que descreviam avaliação de marcha 
em pacientes com DPOC e artigos que descreviam fatores que influenciam a capacidade 
física em pacientes com DPOC, além disso, trabalhos que avaliavam pacientes com 
DPOC com co-morbidades. 
 
Quadro I: Condutas fisioterapêuticas em pacientes portadores de DPOC 
Autores Ano Conduta Principais Resultados 
Roceto, Takara, 
Machado, Zambon, 
Saad. 
2007 Reabilitação 
pulmonar realizada 
uma vez por 
semana. 
Melhora estatisticamente 
significativa em 
pacientes submetidos ao 
programa, com melhora 
da qualidade de vida. 
Ike, Jamami, Marino, 
Ruas, Pessoa, Lorenzo. 
2010 Exercício resistido 
de membros 
superiores. 
Aumento da força 
muscular, mas não 
interferiu sobre a 
funcionalidade de 
pacientes com DPOC 
moderada a muito grave. 
Trevisan, Porto, 
Pinheiro. 
2010 Treinamento da 
musculatura 
respiratória e de 
membros 
inferiores. 
Melhora significativa na 
pressão inspiratória 
máxima. 
Rodrigues, Alves, 
Matsu, Gonçalves, 
Hayashi. 
2012 Programa de 
exercícios 
direcionados à 
mobilidade 
torácica. 
Aumento da mobilidade 
da caixa torácica 
melhorou a 
expansibilidade torácica 
e abdominal e a 
capacidade de exercício. 
Rossi, Praste, Ramos, 
Vanderlei. 
2012 Respiração Freno 
labial. 
Aumento da saturação e 
da pressão parcial de 
oxigênio, melhora de 
parâmetros depadrão 
ventilatório. 
França, Vieira R, Vieira 
P, Oliveira, Britto, 
Pereira. 
2013 Treinamento de 
resistência de 
membros 
inferiores. 
Redução da assincronia 
toracoabdominal, 
melhora no padrão 
ventilatório e aumento da 
capacidade de exercício. 
Cancelliero-Gaiad, Ike, 
Costa. 
2013 Estimulação 
diafragmática 
elétrica 
transcutânea. 
Melhora na força 
muscular respiratória e 
na expansibilidade 
toracoabdominal. 
Martinelli, Santos, 
Barrile, Iwamoto, 
Gimenes, Rosa. 
2016 Estimulação 
elétrica 
transcutânea 
diafragmática pela 
corrente russa. 
Melhora respiratória e 
funcional. 
Paulin, Tomio, Bueno, 
Babora, Oliveira, 
Riback. 
2006 Cinesioterapia 
Respiratória 
Aumento na mobilidade 
da caixa torácica e 
na qualidade de vida 
Peripolli, Paulin. 2004 Método de 
readequação do 
complexo tóraco-
pulmonar. 
Não desencadeou 
alterações respiratórias. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 DISCUSSÃO 
As condutas desenvolvidas em fisioterapia no contexto do manejo do paciente 
portador de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica são consideradas primordiais no 
programa de reabilitação desses pacientes. É fundamental, contudo, compreender que a 
seleção da modalidade utilizada nesse tratamento deve se basear em causas individuais, 
como aspectos de limitação ao exercício, e no objetivo do tratamento para cada usuário 
(LANGER, et al, 2019). 
As modalidades de treinamento resistido de membros inferiores mostraram-se 
positivas na melhora dos parâmetros ventilatórios de pacientes com DPOC. Trevisan, 
Porto, Machado (2010) avaliaram os parâmetros de pressão respiratória máxima, força 
muscular e capacidade funcional em um grupo de nove indivíduos de 49 a 76 anos, 
portadores de DPOC que foram submetidos a um programa de fortalecimento dos 
músculos quadríceps e abdominais na frequência de duas vezes por semana demonstrando 
melhora estatisticamente significativa (p<0,05) em todos os parâmetros. O estudo de 
França et al. (2013) corrobora esses achados, mostrando melhora nos padrões de 
assíncrona toracoabdominal em pacientes submetidos a treinamento resistido de membros 
inferiores. Em relação ao treinamento resistido de membros superiores, os resultados 
encontrados não demonstram melhora nos padrões ventilatórios desses pacientes, embora 
haja aumento de força muscular. 
A Estimulação Diafragmática Elétrica Transcutânea (EDET) é um dos recursos 
da fisioterapia respiratória que age diretamente sobre o diafragma e pode contribuir na 
melhora da força muscular inspiratória. O estudo de Cancelliero-Gaiad, Ike, Costa (2013) 
mostra destaque do método utilizado, demonstrando aumento nos valores de força 
muscular expiratória e da expansibilidade toracoabdominal, apesar de não mostrar 
diferenças nos achados de espirometria. Ainda, os achados do autor sugerem ausência de 
efeitos colaterais nos indivíduos submetidos à EDET. 
Outro recurso da fisioterapia respiratória que mostrou destaque na literatura 
analisada foi a utilização da respiração freno labial. A técnica consiste na inspiração nasal 
com a boca fechada seguida de uma expiração através dos lábios cerrados o máximo 
possível. Os resultados do estudo de Paulin et al. (2012) demonstraram que a manobra 
promoveu um decréscimo do volume expiratório final da caixa torácica, principalmente 
do compartimento abdominal, decorrente do alongamento do tempo expiratório e do 
tempo total do ciclo respiratório. 
 
 
 
 
 
 CONCLUSÃO 
Esta revisão colabora para a o entendimento de que as principais influências para a 
doença pulmonar obstrutiva crônica são os fatores de risco como sendo o tabagismo o 
principal fator, a genética, as poluições ambientais, a exposição por via inalatória entre 
outros, e o papel fundamental do fisioterapeuta nesse aspecto é o tratamento e a prevenção 
da DPOC. 
Para a avaliação da DPOC destacam-se a anamnese, o exame físico, clínico e alguns 
testes que são realizados com objetivo de diagnosticar a doença. O programa de 
reabilitação são considerados como uma ferramenta de fundamental importância no 
cenário terapêutico ofertado aos pacientes com DPOC. 
A literatura aponta que a reabilitação pulmonar parece promover alguns efeitos 
sobre a função pulmonar, exacerbações e mortalidade, contudo esses pontos precisam ser 
mais estudados, como a maioria dos estudos não especificou a gravidade da DPOC ou 
avaliou um grupo heterogêneo de pacientes em relação à classificação funcional, portanto 
é improvável identificar qual grupo conseguiria ter maiores ou menores vantagens com a 
reabilitação pulmonar. Portanto, mesmo com essa limitação, os benefícios desse tipo de 
tratamento sobre os resultados estudados são bem notórios. 
Nesse mesmo contexto, o papel dos fisioterapeutas respiratórios é de fundamental 
importância no planejamento do melhor tratamento possível e no estabelecimento de 
melhores opções terapêuticas para acompanhar o tratamento, a evolução da doença e dos 
programas respiratórios aplicados. Visto que, os mesmos dispõem de uma imensa 
variedade de provas para a avaliação clínica da capacidade do exercício em pacientes com 
DPOC. 
Concluindo, a presente revisão pode ajudar a alertar os gestores em saúde acerca do 
benefício da reabilitação pulmonar em pacientes com DPOC, incentivando a elaboração 
de políticas públicas incluam esse tipo de tratamento. 
 
 
 
 
REFÊRENCIAS 
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