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FACULDADE PIAGET LUIZ EDUARDO OLIVEIRA ALVES A REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL E SUA INVIABILIDADE Atualmente, a redução da maioridade penal é um tema recorrente em debates e discussões, sendo um importante motivo de troca de ideias. Segundo a Constituição Federal em seu artigo 228, pessoas com menos de dezoito anos não inimputáveis, não podendo ser responsabilizadas penalmente por seus delitos. Para essas pessoas, aplicam-se as normas descritas na Lei 8069 de 1990, o Estatuto da Criança e do Adolescente. A responsabilidade penal citada anteriormente nada mais é que um dever jurídico que alguém tem de responder por ato infracional que cometeu ou deixou de praticar (os crimes comissivos e comissivos por omissão). Responsabilidade é a obrigação de suportar as consequências jurídicas do crime, pressupõe no agente a ação ou omissão do fato delituoso, mesmo que contemporaneamente a capacidade de entender o caráter criminoso do fato e a determinar-se de acordo com esse entendimento. Segundo o Código Penal Brasileiro um delito é resultado de uma ação ou omissão considerada ilícita, ou seja, um fato nocivo e injusto. É uma ação culpável, antijurídica e criminosa. Considera-se imputável e responsável um indivíduo maior de dezoito anos mentalmente são, que responde pelos atos de acordo com as leis vigentes. Para que alguém venha a ser responsabilizado penalmente por algum ato ilícito que tenha praticado, é necessário que esse indivíduo tenha praticado efetivamente o delito, na época do fato ter tido entendimento do caráter criminoso da ação e ter sido livre para escolher entre praticar ou não o delito, são essas as três condições necessárias para que alguém venha ser responsabilizado penalmente por algum delito que tenha cometido. O Estatuto da Criança e do Adolescente prevê que para caso a criança ou o adolescente pratique algum ato infracional, serão aplicadas a ele medidas de proteção genéricas, e no caso do adolescente, se o mesmo praticar um ato infracional mediante violência ou grave ameaça lhe será imposto medidas socioeducativas, que vai desde simples advertências à reclusão em casas de recuperação de menores. Fatores que impedem a redução são muitos, inicia-se pela Constituição Federal Brasileira de 1988, que é hierarquicamente superior as demais normas do nosso ordenamento jurídico brasileiro. Diante dessa premissa, entende-se que todas as normas infracionais devem encontrar seus fundamentos em concordância com Constituição, não podendo haver uma norma que entre em contradição com o que diz na Constituição Federal. Existem princípios na Constituição que protegem a criança e o adolescente, princípios estes que devem ser obedecidos pela Lei Especial n.º 8.069/1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente). Outro fator é o fato Brasil ter aderido à Convenção da ONU de 1989, que define como crianças e adolescentes todas as pessoas com menos de dezoito anos, devendo receber tratamento especial e diferenciado dos adultos, principalmente em casos de relação criminal, o que impossibilita que essas pessoas recebam o mesmo tratamento penal imposto aos adultos. Nossa Constituição diz em seu texto que “são penalmente inimputáveis os menores de 18 anos, sujeitos às normas da legislação especial”. Levando em consideração que as normas descritas na Constituição não são de fácil alteração através de emenda, essa norma só poderia ser alterada seguindo as regras do Artigo 60: A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: [...] § 2° - A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros. A possibilidade de reduzir a maioridade penal implica em diversos aspectos legais e gera controversas até mesmo entre os intérpretes e aplicadores da lei. Para o Agência Senado, o ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo considerou o sistema penitenciário nacional uma das principais causas da criminalidade no Brasil, embora o problema, segundo ele, tenha diversas outras motivações. Cardozo se mostrou contrário a todas as exposições favoráveis à PEC 115/2015, que estabelece que “[...] são penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às normas da legislação especial, ressalvados os maiores de dezesseis anos, observando-se o cumprimento da pena em estabelecimento separado dos maiores de dezoito anos e dos menores inimputáveis, em casos de crimes hediondos, homicídio doloso e lesão corporal seguida de morte”, justificando que a prática de sanções restritivas da liberdade sem um critério apurado diminui as chances de reinserção social, inclusive, as inibitórias de condutas indevidas no futuro. Para o ex-ministro, a voz das ruas não pode ter dimensão interpretativa a ponto de moldar a Constituição sempre que houver pedidos. Segundo Cardozo, a integralidade da Carta Magna deve ser respeitada enquanto estiver em vigor, sob o risco de levar a sociedade “a voltar aos tempos de barbárie da arena romana”. Ao passar dos anos o clamor popular aumentou para que a maioridade penal fosse reduzida, fazendo com que senadores se reunissem com familiares de vítimas de crimes hediondos cometidos por menores de idade. Entretanto, o artigo que se refere ao tema na Constituição Federal se trata, sem dúvidas, de uma cláusula pétrea e que, por conseguinte, não pode ser alvo de mudança por emenda constitucional, somente com uma nova Assembleia Nacional Constituinte. Para constatar tal inviabilidade basta observar o sistema carcerário do Brasil. Com uma quantidade de presos que ultrapassa a população de Roraima, o país possui uma das maiores populações carcerárias do mundo, com metade das celas sem cama para todos os que ali vivem. A redução da maioridade seria responsável por inflar o já inflado sistema carcerário brasileiro e, sem dúvidas, não contribuiria para recuperar o jovem infrator. Luiz Flávio Gomes (Folha de S. Paulo 15.02.03) diz: "Se os presídios são reconhecidamente faculdades do crime, a colocação dos adolescentes neles só teria um significado: iríamos mais cedo prepará-los para integrarem o crime organizado". Um levantamento realizado em 2010 diz que a maioria dos delitos praticados por menores constituem em sua grande maioria crimes não hediondos, e que na verdade muito mais adolescentes são vítimas de crimes dessa espécie do que agentes desse tipo de delito. É evidente que o menor marginalizado não surge por acaso, na verdade, ele é fruto de um estado de injustiça social causado pela falta ou ineficiência de políticas públicas destinadas a criança e ao adolescente. Na medida em que a desigualdade econômica e a decadência moral crescem, aumenta-se o número de menores em situação de risco de marginalização. Defender a redução da maioridade penal considerando a realidade do Brasil é, de longe, inviável. Os crimes praticados por menores de idade são 1% do percentual anual e ocorrendo a redução da maioridade penal, iremos condenar jovens em plena formação, - segundo doutrinadores, a principal fase de um ser humano. A prisão não é e nunca foi a única forma de combater o crime. O que a sociedade precisa é de políticos comprometidos em mudar o país para melhor e que pensem na segurança, na educação e na saúde da população. Deve-se considerar que aprisionar por si só não extingue os crimes. É necessário olhar a fundo o problema da marginalização e todas as questões sociais que o rodeiam, principalmente quando se trata de crianças e adolescentes. Estes, são vítimas de um sistema injusto e cruel e devem ser olhados por uma ótica compreensiva. A redução da maioridade é “mero populismo penal e o único efeito prático da medida seria superlotar ainda mais presídios. É necessário que as autoridades se atentem para as causas e não apenas para as consequências dos crimes. REFERÊNCIASBIBLIOGRÁFICAS https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2017/10/30/numero-de- adolescentes-apreendidos-cresce-seis-vezes-no-brasil-em-12-anos.html acessado em 21/04/2020 às 14h00 https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2019/06/27/reducao-da-maioridade- penal-gera-controversias-em-debate-na-ccj acessado em 19/04/2020 às 11h00 https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/122817 acessado em 21/04/2020 às 13h20 https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2017/10/30/numero-de-adolescentes-apreendidos-cresce-seis-vezes-no-brasil-em-12-anos.html%20acessado%20em%2021/04/2020%20às%2014h00 https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2017/10/30/numero-de-adolescentes-apreendidos-cresce-seis-vezes-no-brasil-em-12-anos.html%20acessado%20em%2021/04/2020%20às%2014h00 https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2017/10/30/numero-de-adolescentes-apreendidos-cresce-seis-vezes-no-brasil-em-12-anos.html%20acessado%20em%2021/04/2020%20às%2014h00 https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2019/06/27/reducao-da-maioridade-penal-gera-controversias-em-debate-na-ccj%20acessado%20em%2019/04/2020%20às%2011h00 https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2019/06/27/reducao-da-maioridade-penal-gera-controversias-em-debate-na-ccj%20acessado%20em%2019/04/2020%20às%2011h00 https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/122817%20acessado%20em%2021/04/2020 https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/122817%20acessado%20em%2021/04/2020 BATISTA, Nilo. 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