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FACULDADE DE DIREITO DE ITU A REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL GIOVANA MACHADO FADITU-2019 GIOVANA MACHADO A REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL Trabalho de Curso, apresentado à Faculdade de Direito de Itu, como exigência parcial para obtenção do grau de Bacharel em Direito, sob a orientação do Professor: Luis Antônio Nunes Filho. FADITU/ 2019 BANCA EXAMINADORA TRABALHO DE CURSO DA FADITU-2019 Professor Orientador de conteúdo Luís Antônio Nunes Filho Pontos atribuídos: Professora Orientadora de Metodologia Profa Maria do Carmo Catalá Fragnani Pontos atribuídos: MÉDIA Observações: Data: AGRADEÇO A DEUS por ter iluminado o meu caminho, que sempre foi a minha fonte inesgotável, que me deu toda a capacidade necessária para que eu pudesse concretizá-lo. Aos meus pais Edivaldo e Márcia que foram essências para a realização deste sonho, ao meu professor Luís Antônio Nunes Filho por todo ensino e dedicação. A minha querida orientadora de metodologia Maria do Carmo pela sua compreensão e paciência. E a todos os operadores do direito que buscam incessantemente o implantamento eficaz da justiça brasileira por todo o incentivo durante os anos de faculdade. E também aos meus grandes amigos da faculdade, que permitiram que essa caminhada fosse mais alegre. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos; Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia; Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus; Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus; Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus. Mateus 5:6-10 https://www.bibliaonline.com.br/acf/mt/5/6-10+ RESUMO A presente pesquisa visa na problemática da maioridade penal brasileira, no que consiste a sua constitucionalidade e a inconstitucionalidade penal, fazendo comparações com os valores morais, sociais atuais, e abordando os critérios psicológicos. A atual realidade do país no que diz respeito ao mundo do crime organizado, envolvendo, inclusive, adolescentes em suas execuções, aproveitando-se os líderes, em alguns casos, da fragilidade destes. Apresentou-se, de forma sintética e objetiva, os principais posicionamentos de profissionais da área da psicologia, que analisam a formação do adolescente nesta fase de sua vida, bem como o posicionamento jurídico dos principais juristas do nosso país. Trouxe uma explanação da forma com que é tratado o assunto pelo Estatuto da Criança e do Adolescente ECA, bem como pela própria Constituição Federal CF- 1988, havendo ainda uma comparação do nosso atual cenário, apontado os prós e contra e as principais divergências entre diversos doutrinadores especialistas na área penal e do Estatuto da Criança e adolescente objetivando encontrar uma solução para o problema atual. Palavras-chave: Doutrinadores.Redução da Maioridade Penal. Maioridade. Adolescente. Formação Psicológica. Estatuto da Criança e do Adolescente. Constituição Federal. SUMÁRIO INTRODUÇÃO, 9 1. NOÇÕES INTRODUTÓRIAS, 10 1.1 Origens e conceitos, 10 1.1.2 Conceito Imputabilidade, inimputabilidade e semi- imputabilidade , 11 1.1.2 Conceito de Culpabilidade,12 1.1.3 Conceito de Tipicidade, 12 2. O MENOR E O ORDENAMENTO JURÍDICO, 14 2.1 Menor e o Código Penal brasileiro, 14 2.2.O Menor e a Constituição Federal de 1988,15 3. A CONSTITUCIONALIDADE E A INCONSTITUCIONALIDADE DA REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL NO BRASIL, 15 4.CONSTITUCIONALIDADE E A INCONSTITUCIONALIDADE DA REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL NO BRASIL, 17 5.O ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – (ECA) - Lei 8.069/90 5.1 As medidas socioeducativas, 27 5.2 Da advertência, 28 5.3. Da liberdade assistida, 30 5.4 Do Regime de Semiliberdade, 31 5.5 Da Internação em estabelecimento educacional, 33 6. A EFICÁCIA DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS EM RELAÇÃO AO ADOLESCENTE INFRATOR, 37 7. NOÇÕES BÁSICAS SOBRE A MAIORIDADE PENAL NO BRASIL, 38 7.1 Histórico, 38 7.2 O Código de menores de 1927, 39 7.3 Do Código de menores de 1971, 39 7.4 Do Códigos de menores de 1979, 40 8. A CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 E AFIRMAÇÃO DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE, 41 8.1 O adolescente e a prática de ato infracional,42 9. O ADOLESCENTE DO SÉCULO XXI, 45 CONCLUSÃO, 46 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS, 48 ANEXOS: Pesquisa- O levantamento foi feito pelo Departamento de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e das Medidas Socioeducativas (DMF), do Conselho Nacional de Justiça- anexo. 9 INTRODUÇÃO No presente artigo será exposto de forma favorável à redução da maioridade penal, de maneira clara, objetiva e argumentativa, no que consiste a sua constitucionalidade e a inconstitucionalidade penal, abordando leis abrangentes sobre a problemática, fazendo comparações vigentes com os valores morais, sociais, culturais, psicológicos e espirituais. Atualmente no Brasil, a maioridade penal se dá aos dezoito anos completos segundo o critério abordado pelo artigo 228 da Constituição Federal. A maioridade penal é estabelecimento de uma idade mínima que determina que uma pessoa se torna adulta varia de acordo com a cultura, momento histórico, gênero e religiões. Na maioria dos países ocidentais, a maioridade vem a partir dos dezoito anos. É necessário compreender a maioridade em múltiplos aspectos. No Brasil, apesar da maioridade penal vir aos dezoito anos, o voto é facultativo para os menores de dezesseis a dezoito anos, por exemplo. Desta maneira, o conceito de maioridade pode vir ou não acompanhado de mais responsabilidades na vida pública, social e política. A discussão sobre a redução da maioridade penal em caso de crimes hediondos gera debates acalorados. Vários são os argumentos a favor e contra a medida. 10 1. NOÇÕES INTRODUTÓRIAS A redução da idade mínima para imputabilidade penal, ressaltando a correntemente chamada de “redução da maioridade penal” é um assunto que volta e meia retorna ao centro dos debates em nossa sociedade desde a aprovação da Constituição de 1988 e, posteriormente, do Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA, principalmente quando um adolescente comete um ato infracional grave – ou toma parte em um crime cometido por maiores de dezoito anos. 1.1 Conceitos: imputabilidade, inimputabilidade e semi-imputabilidade Vale primeiramente ressaltar, que é incabível confundir imputabilidade com inimputabilidade e com semi-imputabilidade, a diferenciação encontra-se implicitamente nas diretrizes do ordenamento jurídico. A imputabilidade – atribuição de nexo entre ação ou omissão e agente. significa: ele/ela pode ser julgada por qualquer tribunal competente, e pode receber qualquer pena determinada em lei. Em um primeiro momento, é conveniente e oportuno conceituar o termo imputabilidade, segundo Masson 2008, o Código Penal Brasileiro optou por seguir a tendência da maioria das legislações modernas, e preferiu não definir a imputabilidade, tratou tão somente de elencar as hipóteses da sua não incidência,ou seja, os casos de inimputabilidade penal, previstos no art. 26, caput, art.27 e art. 28, §1º. 11 “Art. 26. É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento”. No entendimento de Capez 2011, a imputabilidade penal depende de dois elementos, a saber, o intelectivo e o volitivo. O primeiro diz respeito à integridade biopsíquica, que se expressa na perfeita saúde mental e consente ao indivíduo a capacidade de compreender o caráter ilícito do fato. Já o elemento volitivo se refere ao domínio da vontade, é a capacidade que o agente possui de controlar e comandar seus 1 impulsos acerca da compreensão do caráter ilícito do fato, determinando-se de acordo com essa compreensão. Para Nucci 2011, essas características citadas anteriormente, desenvolvem o binômio necessário para a constituição das condições pessoais do imputável que consiste em sanidade mental e maturidade. Com esse raciocínio, se o agente não possui a habilidade de entender a diferença entre o certo e o errado, não poderá ajustar-se por tal compreensão e terminará vez ou outra praticando um fato típico e antijurídico, sem que possa ser repreendido, ou seja, sem que possa suportar o juízo de culpabilidade. Os Inimputáveis – menores de dezoito anos, incapacidade total de entender a ilicitude ou de determinar-se de acordo com o entendimento de ilicitude. Semi-inimputáveis – incapacidade parcial de entender a ilicitude ou de determinar-se de acordo com o entendimento de ilicitude. Segundo Código Penal, no artigo 26 Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984: 1 https://jus.com.br/artigos/33089/a-reducao-da-maioridade-penal-a-luz-da-constituicao-federal-de-1988 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm https://jus.com.br/artigos/33089/a-reducao-da-maioridade-penal-a-luz-da-constituicao-federal-de-1988 12 “Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. Redução de pena Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. 1.2 Conceitos de culpabilidade A culpabilidade define-se por se derivar da noção de censura pessoa, a palavra “culpada” ao um valor negativo, por referir-se a um juízo de reprovação que se faz ao autor de um fato. De acordo com conceituação de Luiz Regis Prado: A culpabilidade é a reprovabilidade pessoal pela realização de uma ação ou omissão típica e ilícita. Assim, não há culpabilidade 2sem tipicidade e ilicitude, embora possa existir ação típica e ilícita inculpável. Devem ser levados em consideração, além de todos os elementos objetivos e subjetivos da conduta típica e ilícita realizada, também, suas circunstâncias e aspectos relativos à autoria. Do mesmo modo, consoante preceituam Eugenio Raul Zaffaroni e José Henrique Pierangeli, “esse conceito é um conceito de caráter normativo, que se 2 https://jus.com.br/artigos/33089/a-reducao-da-maioridade-penal-a-luz-da-constituicao-federal-de-1988 https://jus.com.br/tudo/tipicidade https://jus.com.br/artigos/33089/a-reducao-da-maioridade-penal-a-luz-da-constituicao-federal-de-1988 13 funda em que o sujeito podia fazer algo distinto do que fez, e que, nas circunstâncias, lhe era exigível que o fizesse”. No momento presente, a doutrina majoritária delineia o crime como fato típico, antijurídico e culpável, aderindo à teoria tripartida do delito. O crime, para Guilherme de Souza Nucci, partidário dessa teoria: Trata-se de uma conduta típica, antijurídica e culpável, vale dizer, uma ação ou omissão ajustada a um modelo legal de conduta proibida a tipicidade, contrária ao direito a antijuridicidade e sujeita a um juízo de reprovação social incidente sobre o fato e seu autor, desde que existam imputabilidade, consciência potencial de ilicitude e exigibilidade e possibilidade de agir conforme o direito. 2.3 Conceitos de tipicidade No que diz a respeito de tipicidade é o ajustamento entre o fato material e a conduta proibida. Pode-se dizer que a tipicidade é um atributo que se dá ao fato. Distingue- se de tipo penal, que é o que se define em lei. Atipicidade não se consubstancia com a teoria do tipo, visto que este implica as leis. 14 3. O MENOR E O ORDENAMENTO JURÍDICO Como expõe o Código Penal brasileiro de 1940 em seu artigo 27, no atuante momento, disposto na Lei 7.209 de 1984, considera-se menor e inimputável todo aquele com menos de dezoito anos de idade.3 3.1 Menores e o Código Penal Brasileiro Porém, Figueiredo 2002, aborda que nem sempre foi essa a idade limite, a fixada em nosso país, dizendo que somente após o CPB de 1940 que essa idade foi fixada. O Código Penal de 1890 considerava inimputável o infrator até os nove anos de idade. Entre nove e quatorze anos, o infrator poderia ser considerado criminoso, desde que, o juiz analisasse que ao praticar a conduta delituosa, este agiu com discernimento. O critério utilizado para os menores de 1927 era bem diferente, três limites de idade eram observados: o infrator com quatorze anos era considerado inimputável. De quatorze a dezesseis anos de idade, o infrator ainda era considerado inimputável, porém instaurava-se um processo para analisar o fato com a possibilidade de cerceamento de liberdade. Por fim, o infrator entre dezesseis e dezoito anos de idade, poderia ser considerado responsável, e sofrer pena. Já o assim chamado Código de Menores – Lei Federal 6.691 de 1979, classificou como inimputável os menores de dezoito anos, assim seguiu a 3 https://marjoly.jusbrasil.com.br/artigos/454087924/quem-sao-os-inimputaveis https://marjoly.jusbrasil.com.br/artigos/454087924/quem-sao-os-inimputaveis 15 Constituição Federal de 1988, o que não era garantido nas constituições anteriores, como também o Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei 8.069/90. 3.1 O menor e a constituição federal de 1988 A renomada Constituição Federal de 1988, disserta sobre a inimputabilidade do adolescente em seu art. 228 e também acolheu o princípio da imputabilidade penal no art. 27 do CPB/40, que diz que os menores de dezoito anos são inimputáveis, porém, nosso Código Penal Brasileiro de 1940 encarava uma realidade totalmente diversa, onde a idade mental poderia ter igualdade com a cronológica.4 Outrossim, Nucci, nas páginas 209, e 301, diz que pela primeira vez, inseriu-se na Constituição Federal matéria nitidamente pertinente à legislação ordinária, como se vê no art. 228 que, “São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às normas da legislação especial”. Maioridade penal: Visa em estabelecer uma idade a partir da qual os cidadãos sejam absolutamente responsáveis pelos atos criminosos que cometem. A maioridade penal no Brasil e na maioria dos países ocidentais é de 18 anos. Discernimento: um jovem de dezesseis a dezoito já tem condições de saber o que é certo e errado. Assim é plenamente capaz de ser responsabilizado porum crime hediondo. Medidas punitivas insuficientes: as medidas previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente não dariam conta e vários menores se aproveitavam disso para cometer crimes. 5 BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação. São Paulo: Brasiliense, 1984. GADOTTI, M. Educação e poder – Introdução à pedagogia do conflito. São Paulo: Cortez, 1982. INFORZATO, Hélio. Fundamentos sociais e educação. São Paulo: Nobel, 1971. RAMALHO, J. P. Prática educativa e sociedade. Rio de Janeiro: Zahar, 1976 16 Diminuição de aliciamento por parte do tráfico de drogas: muitos menores são recrutados porque os narcotraficantes sabem que eles não irão para a cadeia. Por outro lado, quem é contra redução da maioridade penal, lembra sobre os problemas estruturais brasileiros como: Desigualdade: os problemas sociais do Brasil atingem principalmente os adolescentes negros e pobres o que agravaria o racismo e marginalização deste grupo social. Educação: a criminalidade entre adolescentes e jovens deveria ser solucionada com investimentos em educação e saúde e não com punição.5 Modelo prisional: segundo pesquisas o sistema carcerário no país não é forjado para ressocializar adultos e muito menos estariam adequadas para receber jovens. No Brasil, para as infrações cometidas por menores de dezoito anos, deve- se observar o Estatuto da Criança e do Adolescente ECA. Este privilegia a educação do indivíduo e não sua punição. De tempos em tempos, contudo, volta à discussão no Brasil sobre a necessidade de 6reduzir a maioridade penal. Em 2015, a iniciativa coube ao do deputado Efraim Filho DEM/PB que pretendia reduzir a maioridade pena de dezoito para dezesseis anos em caso de crimes hediondos. 5 LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 15. ed. rev., atual e ampl. São Paulo: Saraiva, 2011.MENDES, Gilmar Ferreira. Controle de constitucionalidade. In: BRANCO, P. G. G.; COELHO, I. M.; MENDES, G. M. Curso de direito constitucional. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2010.MIRANDA, Jorge. Manual de direito constitucional. Coimbra: Coimbra Ed., 2001.MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. 9 ed. São Paulo: Atlas, 200 6 (PUREZA, 2015) https://www.todamateria.com.br/problemas-sociais-do-brasil/ https://www.todamateria.com.br/estatuto-da-crianca-e-do-adolescente-eca/ 17 4. CONSTITUCIONALIDADE E A INCONSTITUCIONALIDADE DA REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL NO BRASIL Há divergências entre os doutrinadores sobre a redução da maioridade. Primeiramente, é importante classificar o que é constitucionalidade e o que é inconstitucionalidade. Jorge Miranda, 2001, páginas 273-274, coloca que constitucionalidade e inconstitucionalidade “designam conceitos de relação”, isto é, a relação que se estabelece entre uma coisa que a Constituição e outra coisa um comportamento que lhe está ou não conforme, que com ela é ou não compatível, que cabe ou não no seu sentido. O posicionamento do Doutrinador, Diego Luiz Victório Pureza 2015, nos fala que os adeptos desta corrente entendem que “a redução da maioridade penal não será a solução para a diminuição do índice de criminalidade em nosso país”, porquanto, pregam que se trata de um “instrumento de manobra para desviar a atenção da população dos verdadeiros problemas que assolam a sociedade”. O autor ainda relata que “os crimes praticados por menores de 18 anos representam porcentagem inferior a um por cento se comparado aos crimes praticados por adultos”, de modo que, o que ocorre, é que “o problema estaria sendo exageradamente aumentado pela mídia que, apresentando fatos isolados, daria a entender que crimes praticados por menores de 18 anos estariam tomando proporções fora de controle”. Ademais, é indiscutível que: “o Brasil não possui mínima estrutura prisional necessária para tornar possível a redução da maioridade penal”. Desse modo, não teria como 18 alcançarmos a tão falada ressocialização, finalidade da pena, não sendo crível colocarmos jovens de 16 (dezesseis) e 17 (dezessete) anos de idade com adultos, muitas vezes criminosos reiterados, e, em estabelecimentos prisionais superlotados, sendo que ocorreria a tão famosa chamada: escola do crime. (PUREZA, 2015) 7Diego Luiz Victório Pureza (2015) revela que nossa estrutura prisional é uma das piores do mundo, motivo pelo qual, devemos compreender que somos falhos com relação a isso. Deste modo, deveríamos pensar não na redução da maioridade penal, mas sim na reestruturação do sistema prisional, para que, ao menos, se houver a redução, a mesma seja aplicável na prática. Diante disso, há necessidade de investimento na segurança com reestruturação do sistema prisional, visando a construção de novos presídios e acatando o limite correto em cada acomodação; para, somente após, pensar na possibilidade de redução da maioridade penal, porquanto, atendendo as condições mínimas, o objetivo ressocializador da pena poderia ser alcançado. Relata Pureza, 2015. 8Ademais, afirma Diego Luiz Victório Pureza 2015, que os defensores deste posicionamento entendem que a solução está “no investimento efetivo e amplo em educação, bem como na aplicação adequada do Estatuto da Criança e do Adolescente”. Fato é que “a educação ou a falta de educação é fator determinante no índice de atos infracionais equiparados a crimes cometidos no Brasil”. Para tanto, basta a simples comparação “com o índice de criminalidade em países desenvolvidos, cuja educação encabeça a lista de suas respectivas prioridades de investimento”. 7 PUREZA, 2015) 8http://www.ambitojuridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=11234 http://www.ambitojuridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=11234 19 9Desse modo, o Estatuto da Criança e do Adolescente faz previsão de “medidas socioeducativas eficientes, e, ainda que assim não fosse, bastaria a criação de medidas socioeducativas mais rigorosas”, trazendo como exemplo a extensão do prazo de internação de três anos para cinco. Sendo que, a grande problemática residiria na “aplicação insuficiente do ECA, ou seja, basta que o Estado utilize dos instrumentos previstos no ECA de forma efetiva, juntamente com o devido e necessário investimento na educação, para que o país consiga caminhar para a solução dessa celeuma”. Não bastasse isso, tal corrente entende que nunca haverá a redução da maioridade penal, vez que se trata de “cláusula pétrea implícita, justamente por estar classificada entre os direitos e garantias fundamentais artigo 228 c.c. artigo 60, §4o, inciso IV, ambos da Constituição Federal”. PUREZA, 2015. Nessa linha, tendo em vista o aspecto biológico, como sendo critério objetivo, e, “por razões de política criminal, bem como diante de previsão constitucional constituindo verdadeira garantia individual, os defensores dessa corrente entendem pela impossibilidade da redução da maioridade penal, por se tratar de cláusula pétrea”. PUREZA, 2015 Logo, perante todos os apontamentos acima feitos, para os seguidores desta corrente, seria impossível a redução da maioridade penal no Brasil. Por outro lado, o posicionamento favorável apresento os seguintes argumentos: 10 “Se os personagens entre dezesseis e dezoito anos incompletos possuem capacidade de entendimento e autodeterminação para discernirem o caráter ilícito dos fatos por eles praticados, é justo que sejam responsabilizados adequadamente por suas condutas e resultados com pena”. PUREZA, 2015. Assim, ensina Diego Luiz Victório Pureza 2015 que, para esta corrente:9 http://bibliodigital.unijui.edu.br:8080/xmlui/bitstream/handle/123456789/1633/Atos%20infracionais%20medidas%20socioedu cativas.pdf?sequence=1 10 Victório Pureza (2015) http://bibliodigital.unijui.edu.br:8080/xmlui/bitstream/handle/123456789/1633/Atos%20infracionais%20medidas%20socioeducativas.pdf?sequence=1 http://bibliodigital.unijui.edu.br:8080/xmlui/bitstream/handle/123456789/1633/Atos%20infracionais%20medidas%20socioeducativas.pdf?sequence=1 20 [...] o ideal seria a aplicação do critério biopsicológico, da mesma forma que é utilizado para os maiores de 18 anos, analisando se o agente, ao tempo da conduta, possuía discernimento para entender o caráter ilícito do fato por ele praticado e que, em caso positivo, seja responsabilizado por crime. Tais defensores também entendem que “o fato de não haver delinquência generalizada entre menores não seria argumento suficiente para impedir a redução da maioridade penal”. (PUREZA, 2015). Há que se ressaltar, que os adeptos deste pensamento, não pretendem que os jovens cumpram suas penas com os adultos, porquanto, pregam a necessidade de um “sistema prisional apto a receber agentes condenados a penas privativas de liberdade entre os 16 e 18 anos incompletos, ao exemplo da divisão carcerária entre homens e mulheres”, de modo que, estaria solucionada a “aferição de imputabilidade, mas também alteraria o próprio sistema prisional brasileiro”. PUREZA, 2015. Segundo Pureza, 2015 o fato é que o Estatuto da Criança e do Adolescente é insuficiente em casos mais graves, “diante de medidas socioeducativas incompatíveis e desproporcionais com a gravidade de determinados crimes praticados por menores”. Tem-se que, “não haveria proporção na aplicação de medidas socioeducativas para jovens latrocidas, homicidas, traficantes, estupradores, etc.”, pois, “a simples aplicação das medidas previstas no ECA aos menores que praticam crimes de maior gravidade acabam por gerar, invariavelmente,sentimento de revolta na população”. O supramencionado autor prescreve que, as pessoas que defendem esta corrente entendem que não há eficácia na aplicação de medidas socioeducativas contidas no ECA, citando, por exemplo, o caso de um adolescente com dezessete anos que estupra ou mata com dolo direto, relatando que, nestes 21 casos mais graves, “somente a pena privativa de liberdade prevista no Código Penal seria proporcionalmente capaz de reprimir tais barbaridades, além de possibilitar o alcance da prevenção geral, finalidade essa acaba por inalcançável ao utilizar-se de medidas socioeducativas”. PUREZA, 2015. Diego Luiz Victório Pureza 2015, ainda fala que considerável parte da doutrina acredita que a alteração do artigo 228 da CRFB/88 não é inconstitucional, vez que, o artigo 60, parágrafo 4o da Bíblia Política apenas proíbe emenda que tenha a tendência de abolição de direitos e garantias individuais, entretanto, com a redução da maioridade penal não haveria supressão de garantia individual, somente a readequação necessária à situação atual do país. 11Nesse diapasão, o autor traz à baila entendimento do Supremo Tribunal Federal, onde diz que as limitações materiais ao poder constituinte de reforma, que o art. 60, § 4o, da Lei Fundamental enumera não significam a intangibilidade literal da respectiva disciplina na Constituição originária, mas apenas a proteção do núcleo essencial dos princípios e institutos cuja preservação nelas se protege. PUREZA, 2015. Assim, para esta corrente a alteração do artigo 228 da nossa Carta Magna seria inconstitucional ao passo que o artigo 60, parágrafo 4o do mesmo diploma autoriza, desde que não haja abolição de garantia individual, de modo que, a redução a maioridade apenas readequaria na legislação aos tempos atuais e atenderia aos anseios da sociedade,“aplicando de forma eficaz pena para os agentes com idade entre os 16 e 18 anos incompletos, com capacidade de entendimento e autodeterminação.’’ PUREZA, 2015 11 BEMFICA, Francisco Vani. Direito Constitucional: Cláusulas Pétreas e Elementos Afins. São Paulo: Juarez de Oliveira, 2005. BENJAMIN, Antônio Herman de Vasconcellos e. Direito Constitucional Ambiental Brasileiro. In: CANOTILHO, José Joaquim Gomes; LEITE, José Rubens Morato (Orgs.). Direito Constitucional Ambiental Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2007. 22 5. O ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – (ECA) - Lei 8.069/90 O Estatuto da Criança e do adolescente trata sobre a proteção integral à criança e ao adolescente, obtendo a rede de direitos e deveres. A convenção internacional dos direitos da criança e do adolescente proclamada em 1989. Enfatizando a antiga FEBEM – fundação casa, localizada no Estado de São Paulo, com o seu regimento interno cumprindo os princípios legais, comporta em si a função de cumprir as medidas socioeducativas estabelecidos na lei aplicando a internação provisória. Resolução 113-comanda 8 Considera crianças e adolescentes como cidadãos, em condição peculiar de Órgãos deliberativos e controladores das ações desenvolvimento, que merecem ser tratados como prioridade para a atenção da infância e adolescência. A sua composição é absoluta. A sua proteção é dever da família, da sociedade e do dividida entre representantes do governo e de organizações da Estado. A doutrina baseou a elaboração do Estatuto da Criança e sociedade civil ligadas à infância. Os conselhos estaduais são do Adolescente, da Convenção Internacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, compostos por representantes do governo e da sociedade civil e da Declaração Universal dos Direitos da Infância e o Estado e têm poderes para garantir que as políticas públicas não negligenciem a promoção e defesa dos direitos da universalmente reconhecidos. 23 Já os conselhos municipais são compostos por representantes do governo e da sociedade civil da Base da legislação e da prática assistencial-correcional- repressiva de atendimento à criança e ao Adolescente. O Estatuto da Criança e do Adolescente, válido para todo o país e para todas as crianças e prevê seis diferentes medidas: advertência; obrigação de reparar adolescentes, definindo seus direitos e deveres bem como os o dano; prestação de serviços à12 icomunidade; liberdade assistida; direitos, deveres e obrigações do Estado, da Família e da semiliberdade e internação. Resultado de ampla mobilização popular, a Lei federal- 8.069/90, foi promulgada em 13 de julho de 1990 e entrou Conjunto de diretrizes garantidas por lei, que em vigor no Dia da Criança daquele ano. Ao adotar a doutrina da possibilita a promoção e garantia dos direitos do cidadão. É proteção integral à criança e ao adolescente, mudou importante que se diferenciem os termos “público” que atende a radicalmente a orientação dada ao atendimento à população toda a população e “governamental”, promovidos pelos diversos 13 infanto-juvenil, estendido hoje a todas as crianças e adolescentes órgãos do governo. Numa sociedade verdadeiramente do país. O antigo Código de Menores, substituído pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, tinha democrática, a sociedade civil participa ativamente da definição caráter punitivo e assistencialista e dirigia-se apenas àqueles que e, principalmente, do acompanhamento da implantação das estavam em situação irregular, principalmente os abandonados e políticas públicas. 14Medida Socioeducativa –CONANDA- O Estatuto da Criança e do ECA, é um importantíssimo instrumento, nele se encontram o conjunto de normas do ordenamento jurídico brasileiro que tem como objetivo a proteção integral da criança e do adolescente, aplicando medidas e expedindo encaminhamentos para o juiz. É o marco legal e regulatório dos direitos humanos de criançase adolescentes. 12https://www.direitosdacrianca.gov.br/conanda/resolucoes/113-resolucao-113-de-19-de-abril-de-2006/view 13https://www.academia.edu/31575725/DIREITO_DA_CRIANCA_E_DO_ADOLESCENTE_-_NOVO_MODELO 14 Priscila de Matos Santini apud SIRLEI, Tavares e CREPOP (2005). A aplicabilidade e eficácia das medidas socioeducativas impostas ao adolescente infrator. Curitiba: Universidade Tuiuti do Paraná Curitiba, 2011, p. 46. https://www.direitosdacrianca.gov.br/conanda/resolucoes/113-resolucao-113-de-19-de-abril-de-2006/view https://www.academia.edu/31575725/DIREITO_DA_CRIANCA_E_DO_ADOLESCENTE_-_NOVO_MODELO 24 Brasil foi à primeira nação a promulgar um, marco legal em sintonia com a Convenção sobre os direitos da criança e do adolescente, aprovada seis meses antes, ao final de 1989, no âmbito das Nações Unidas. Com a Construção do Estatuto, o Brasil inovou na tradição sócio jurídica, instituindo os Conselhos de Direitos e tutelares, uma experiência singular, estabelecendo um espaço de participação social, aonde criança e adolescente são sujeitos de Direitos. O ECA está constituído por inúmeras regras de Direito Público, ao instituir políticas públicas relacionadas com o direito de crianças e adolescentes. Dentre eles os princípios da prevenção geral; prevenção especial; atendimento integral; garantia prioritária; proteção estatal; prevalência dos interesses do menor; sigilosidade e gratuidade. Uma frase inspiradora sobre a nossa educação abordada pelo educador escritor Augusto Cury: “Nunca foi tão difícil educar uma geração. Não há um culpado, o sistema é culpado. Todos temos nossa responsabilidade no assassinato da infância. O que me dói na alma é saber que esses jovens serão adultos num ambiente de aquecimento global, insegurança alimentar e competição predatória, e precisarão de notável capacidade de liderança 15e criatividade para dar respostas inteligentes a essas questões. Entretanto, infelizmente, estamos despreparando-os para esse mundo tumultuado que nós mesmos criamos.(...)” 16 A adolescência tem sido alvo de numerosos estudos. A revisão da literatura que se empreende, demonstrou que há evidências consistentes de que 15 Cerveny, C. M. O. & Berthoud, C. M. E. (2001). Visitando a família ao longo do ciclo vital. São Paulo: Casa do Psicólogo 16 http://www.scielo.br/pdf/pe/v12n2/v12n2a05.pdf http://www.scielo.br/pdf/pe/v12n2/v12n2a05.pdf 25 a família nos dias de hoje ainda exerce um papel importante no desenvolvimento de seus membros, principalmente no período da adolescência. Considerando-se as mudanças ocorridas na organização social e na estrutura e funcionamento das famílias nos últimos tempos, bem como o papel crucial que a instituição familiar continua exercendo no processo de desenvolvimento dos indivíduos, os estudos revisados convergem no sentido de acumular evidências de que essas transformações estão na base de diversos problemas psicológicos contemporâneos. A emergência de novas composições familiares, associadas à forma específica como os pais foram educados e à influência de novos padrões de relacionamento interpessoal que vigoram na atualidade, tendem a desencadear dificuldades na educação dos filhos, sendo que a preocupação com o desenvolvimento de crianças e adolescentes, com o modo de educá-los e orientá- los, e as maneiras de conduzi-los com segurança rumo a uma “adultez” saudável, nunca estiveram tão presentes nas discussões, científicas ou não, como nos dias atuais, segundo Cano, 1997.”Estas preocupações emergem tanto nas publicações a respeito da infância, quanto nas dedicadas à adolescência”. Considerando que o adolescente se desenvolve no contexto familiar e nele permanece por um período que tem se expandido cada vez mais, lembrando que em países da América Latina esse tempo de convívio com a família de origem é maior do que o observado em outras culturas, como é o caso da sociedade norte- americana, torna-se essencial considerar a situação familiar e o meio social nos estudos sobre adolescência, segundo Kalina, 1999. Os resultados acumulados até o presente sugerem a necessidade de novas investigações, que busquem compreender melhor o papel das relações familiares no processo adolescente, principalmente no que se refere à exploração de temas complexos, como sexualidade e consumo de drogas. Assim, pode-se dizer que, apesar das transformações significativas vivenciadas pela família nas últimas décadas do século XX e início do XXI, “o homem continua depositando nessa instituição a base de sua segurança e bem- 26 estar, o que por si só é um indicador da com que essas funções são exercidas na contemporaneidade”,Nogueira, 1998. Por essas razões, torna-se imperativo investir em programas de orientação para pais com a finalidade de instrumentalizá-los para poderem lidar de forma mais adequada com seus filhos adolescentes, auxiliando-os a fornecer orientações mais precisas que sirvam de referência para os adolescentes frente a situações que necessitem de reflexão e tomada de decisões. Assim, os pais podem reduzir suas angústias frente à adolescência dos filhos e estes, por sua vez, podem ver os pais como um suporte emocional singular ao qual podem recorrer diante das dificuldades de ajustamento que enfrentam. 17O tratamento é diferenciado não porque o adolescente não sabe o que está fazendo – até mesmo uma criança de cinco anos sabe quando faz uma coisa errada, mas sim devido à condição peculiar de desenvolvimento em que se encontra e ao que a sociedade quer ao responsabilizá-lo: possibilitar a ele um recomeço de vida ou fazê-lo sofrer pelos erros cometidos. Por isso, o ECA prevê seis medidas socioeducativas: advertência, obrigação de18reparar o dano, prestação de serviços à comunidade, liberdade assistida, semiliberdade e internação), que devem ser aplicadas de acordo com a capacidade 19 de cumpri-las, as circunstâncias do fato e a gravidade da infração. Além disso, o mais comum é que o adolescente inicie a prática de atos ilícitos por um de menor gravidade, como um pequeno furto, por exemplo. Assim, se o Estatuto fosse implementado, nesta ocasião deveria ter sido aplicada a ele uma medida eficaz, que prevenisse a reincidência. Há municípios brasileiros onde isso acontece, e os resultados têm sido bastante positivos. O sistema dos adolescentes também é mais ágil. É mais fácil processar um ato cometido por um adolescente que processar o mesmo ato se cometido por um 17 https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/educacao/maioridade-penal-eca.htm 18 http://www.crianca.mppr.mp.br/pagina-1177.html 19 http://www.crianca.mppr.mp.br/pagina-1216.html https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/educacao/maioridade-penal-eca.htm http://www.crianca.mppr.mp.br/pagina-1177.html http://www.crianca.mppr.mp.br/pagina-1216.html 27 adulto. Tanto o adolescente quanto o adulto tem direito à defesa. Infelizmente, muitos brasileiros não 20podem pagar advogado e não têm defensor público. Por isso que o povo está certo em dizer que só quem vai preso é preto e pobre. 5.1 As medidas socioeducativas O Estatuto da Criança e Adolescente elencou as medidas socioeducativas, que estão previstas no art. 112, do ECA, e são aplicadas aos adolescentes havendo ocorrência de algum ato infracional. O rol desse artigo é taxativo, podendo aplicar somente as medidas previstas nele. Portanto elas podem ser definidas como uma medida jurídica aplicada em procedimento adequado ao adolescente autor de ato infracional. Observe-se o art. 112 do ECA: Art. 112. Verificada a pratica de ato infracional, a autoridadecompetente poderá aplicar ao adolescente as seguintes medidas: I – advertência; II – obrigação de reparar o dano; III – prestação de serviços à comunidade; IV – liberdade assistida; V – inserção em regime de semiliberdade; VI – internação em estabelecimento educacional; 28 VII – qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI. §1º. A medida aplicada ao adolescente levará em conta a sua capacidade de cumpri-la, as circunstâncias e a gravidade da infração. §2º. Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será admitida a prestação de trabalho forçado.21 §3º. Os adolescentes portadores de doença ou deficiência mental receberão tratamento individual e especializado, em local adequado às suas condições.22 Konzen Apud Maciel diz; que “além do caráter pedagógico, que visa à reintegração do jovem em conflito com a lei na vida social, as medidas socioeducativas possuem outro, o sancionatório, em resposta à sociedade pela lesão decorrente da conduta típica praticada. Destarte, fica evidente a sua natureza híbrida”. As medidas socioeducativas visam, principalmente, à inserção do adolescente na família e na sociedade, além da prevenção da delinquência. Atualmente, as medidas socioeducativas têm mais caráter de sanção do que pedagógico, visto que não se tem obtido a ressocialização do adolescente com muito sucesso. 21 Priscila de Matos Santini apud TAVARES, Sirlei; CREPOP(2005). Aplicabilidade e eficácia das medidas socioeducativas impostas ao adolescente infrator- Universidade Tuiuti do Paraná, 2011, p. 46. 22 ROSSATO, Luciano Alves; LÉPORE, Paulo Eduardo; SANCHES, Rogério. Estatuto..., p. 310. 29 5.2 Da Advertência 23A advertência é a mais branda das medidas socioeducativas e está prevista no art. 115 do ECA, que diz: “advertência consiste apenas em admoestação verbal, que será reduzida a termo e assinada”. Conforme prevê o art. 114, parágrafo único, do ECA, para a aplicação dessa medida, será necessário existir “prova da materialidade e indícios suficientes da autoria”. Essa medida tem como objetivo esclarecer ao adolescente que a conduta que teve é inconveniente, ou seja, inadequada. Outra medida importante analisar é o da Prestação de Serviços à Comunidade Esta medida está elencada no art. 117, do ECA, em que estabelece: Art. 117. A prestação de serviços comunitários consiste na realização de tarefas gratuitas de interesse geral, por período não excedente a seis meses, junto a entidades assistenciais, hospitais, escolas e outros estabelecimentos congêneres, bem como em programas comunitários ou governamentais. Parágrafo único. As tarefas serão atribuídas conforme as aptidões do adolescente, devendo ser cumpridas durante jornada máxima de oito horas semanais, aos sábados, domingos e feriados ou em dias úteis, de modo a não prejudicar a frequência à escola ou à jornada normal de trabalho. A prestação de serviços à comunidade consiste em medida socioeducativa aplicada ao adolescente, que realiza, gratuitamente, tarefas de interesse geral, observando suas aptidões, segundo parágrafo único do art. 117 do ECA. 23 BRAZ, Mirele Alves. Os princípios orientadores da medida socioeducativa e sua aplicação na execução . Disponível em: <http://jus.com.br/revista/texto/2282/os-principios-orientadores-da-medida-socio-educativaesua-aplicacao-na- execução> . http://jus.com.br/revista/texto/2282/os-principios-orientadores-da-medida-socio-educativa-e-sua-aplicacao-na-execucao%3e%20Acessoem%20:%2009/08/2012 http://jus.com.br/revista/texto/2282/os-principios-orientadores-da-medida-socio-educativa-e-sua-aplicacao-na-execucao%3e%20Acessoem%20:%2009/08/2012 30 Tal determinação não deve ser aplicada contra a vontade do adolescente, pois, se isso ocorrer, será trabalho forçado, dentro do exposto do art. 112, §2º, sendo proibido. Prevê o art. 117 que a medida não poderá ultrapassar seis meses. Terá jornada máxima de oito horas semanais, não podendo atrapalhar os estudos ou a jornada de trabalho. Segundo Mirabete apud Liberati: O sucesso da inovação dependerá, em muito, do apoio que a comunidade der às autoridades judiciais, possibilitando a oportunidade para o trabalho do sentenciado, o que já demonstra as dificuldades do sistema adotado diante da reserva com que o condenado é encarado no meio social. Trata-se, porém, de medida de 24grande alcance e, aplicada com critério, poderá produzir efeitos salutares, despertando a sensibilidade popular. A realização do trabalho em hospitais, entidades assistenciais ou programas comunitários poderá alargar os horizontes e conduzir as entidades beneficiadas a elaborar mecanismos adequados à fiscalização e à orientação dos condenados na impossibilidade de serem essas atividades realizadas por meio do aparelhamento judicial. Quanto ao seu cumprimento, o serviço comunitário poderá ser executado aos sábados, domingos e feriados, com intuito de não prejudicar a frequência à escola e ao trabalho, para tanto, é necessário que o adolescente seja acompanhado e orientado por um profissional relacionado ao programa, que irá analisar a execução da medida pelo adolescente e elaborará um relatório que será enviado à autoridade judiciária, comprovando dessa maneira o desempenho nesse serviço. 24 https://vivianessilva.jusbrasil.com.br/artigos/133011549/as-medidas-socioeducativas-aplicaveis-ao-menor- infrator https://vivianessilva.jusbrasil.com.br/artigos/133011549/as-medidas-socioeducativas-aplicaveis-ao-menor-infrator https://vivianessilva.jusbrasil.com.br/artigos/133011549/as-medidas-socioeducativas-aplicaveis-ao-menor-infrator 31 5.3 Da Liberdade Assistida Como prevê o art. 118, do ECA: Art. 118. A liberdade assistida será adotada sempre que se afigurar a medida mais adequada para o fim de acompanhar, auxiliar e orientar o adolescente. § 1º. A autoridade designará pessoa capacitada para acompanhar o caso, a qual poderá ser recomendada por entidade ou programa de atendimento. § 2º. A liberdade assistida será fixada pelo prazo mínimo de seis meses, podendo a qualquer tempo ser prorrogada, revogada, ou substituída por outra medida, ouvindo o orientador, o Ministério Público e o defensor. Segundo Alves, “a medida de liberdade assistida é por excelência a medida socioeducativa”. Por meio dela, o adolescente permanece junto à sua família e convivendo com a comunidade, ao mesmo tempo em que estará sujeito a acompanhamento, auxilio e orientação. Para sua aplicação, deve haver voluntariedade do adolescente, pois a intenção é que ele se conscientize e não volte a praticar atos infracionais. Como todas as medidas, essa também busca a reinserção do menor na sociedade, por isso se faz necessário acompanhamento por orientadores sociais, que irão analisar a realidade vivida por ele, fazendo uma ligação entre essa realidade e programas sociais. A liberdade assistida será executada por entidade de atendimento, governamental ou não governamental, e que terá grande parcela de créditos no sucesso ou mesmo no insucesso da medida. O Estatuto da Criança e Adolescente não estabeleceu as condições para o cumprimento dessa medida. Isto ficará a cargo da autoridade judiciária, devendo observar as condições do adolescente para cumpri-la, observando o art. 112, §2º, da ECA. 32 5.4 Do Regime de Semiliberdade O art. 120, do ECA trata da medida de semiliberdade no que couber, as disposições relativas à internação. 25Nos dizeres de Alves, a medidade semiliberdade é espécie de medida restritiva de liberdade, por meio da qual o adolescente estará “afastado do convívio familiar e da comunidade de origem, ao restringir sua liberdade, sem, no entanto, privá-lo totalmente de seu direito de ir e vir”. Tal procedimento é aplicado aos adolescentes infratores que estudam e trabalham de dia, mas à noite serão recolhidos a uma entidade de atendimento, sendo aplicada de duas formas: primeiro, pela autoridade judiciária, respeitando o processo legal; em segundo, quando houver progressão de regime vale reassaltar um exemplo: o adolescente está internado e é beneficiado com a mudança de medida, sendo aplicada a semiliberdade. Segundo Liberati: Como o próprio nome indica, a semiliberdade é um dos tratamentos tutelares que é realizado, em grande parte, em meio aberto, implicando, necessariamente, a possibilidade de realização de atividades externas, como a frequência à escola, às relações de emprego etc. Se não houver esse tipo de atividade, a medida socioeducativa perde sua finalidade. Para essa medida, será necessário o acompanhamento de um técnico social, que irá orientar e auxiliar o adolescente infrator e irá fazer um relatório sobre o andamento do caso. 25 http://www.crianca.mppr.mp.br/arquivos/File/publi/ilanud/guia_ilanud.pdf http://www.crianca.mppr.mp.br/arquivos/File/publi/ilanud/guia_ilanud.pdf 33 Não prevê no Estatuto da Criança e Adolescente o prazo para o término dessa medida, aplicando-se as disposições da internação. Na prática, o que se recomenda é que deverá ser 26avaliado a cada seis meses, remetendo um laudo de reavaliação à autoridade judiciária, que dará decisão fundamentada sobre o caso.27 O § 1º do art. 120 diz que será “obrigatória a escolarização e a profissionalização, podendo ser utilizados recursos da comunidade”. Mas, ainda não existem muitas escolas e estabelecimentos especializados para a aplicação dessa medida. 5.5 Da Internação em estabelecimento educacional A medida de internação está prevista no art. 121, do Estatuto da Criança e do Adolescente, dispondo dessa forma: A internação é medida privativa de liberdade, submetendo-se aos “princípios da brevidade, excepcionalidade e respeito aos adolescentes, por estarem em desenvolvimento” segundo o artigo. 121, do ECA. Vale citar alguns princípios relevantes sobre a tratativa: 28O princípio da brevidade quer dizer que a internação não tem prazo, mas tem um tempo determinado, que é o mínimo de seis meses e máximo de três anos. Há uma exceção no art. 122, §1º, III, segundo o qual a internação será de no máximo três meses. O princípio da excepcionalidade estabelece que a medida de internação somente será aplicada quando não for mais viável a aplicação das outras ou 26 ONG PRÓ - MENINO. Disponível em: . Acesso em 19 fev. 2019.PINO, A. Direitos e realidade social da criança no Brasil. A propósito do "Estatuto da Criança e do Adolescente". Revista Educação & Sociedade, ano XI, n.36, p.61-79, ago., 1990- acesso em 28-05-2018 27 ONG PRÓ – MENINO: A. Direitos e realidade social da criança no Brasil. A propósito do "Estatuto da Criança e do Adolescente". Revista Educação & Sociedade, ano XI, n.36, p.61-79, ago., 1990- acesso em 28-05-2018 28 https://juliabr.jusbrasil.com.br/artigos/155146186/principios-norteadores-do-eca https://juliabr.jusbrasil.com.br/artigos/155146186/principios-norteadores-do-eca 34 quando estas não tiverem 29mais resultado como aborda o art. 122, § 2º, do ECA. Se existirem medidas mais adequadas a serem aplicadas, o Juiz deverá aplicá-las. Somente deverá empregar a medida de internação em último caso. O último princípio, 30que é o do respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento, está previsto no art. 125, do ECA, que estabelece: “É dever do Estado zelar pela integridade física e mental dos internos, cabendo-lhe adotar as medidas adequadas de contenção e segurança”. Esclarece Liberati que: Ao efetuar a contenção e a segurança dos infratores internos, as autoridades encarregadas não poderão, de forma alguma, praticar abusos ou submeter a vexame ou a constrangimento não autorizado por lei. Vale dizer que devem observar os direitos do adolescente privado de liberdade, alinhados no art. 124. Essa medida é a mais severa de todas, porque restringe a liberdade do adolescente. Atingindo o prazo máximo de três anos, a adolescente será liberado e colocado em semiliberdade ou em liberdade assistida 121, § 6º, do ECA. O adolescente, ao completar vinte e um anos de idade, será liberado compulsoriamente, art. 121, § 5º, do ECA. Estabelece o Estatuto que essa medida tem caráter pedagógico e educativo, visando reintegrar e ressocializar o adolescente perante a sociedade e a família. Segundo Paula apud Liberati: A internação tem finalidade educativa e curativa. É educativa, quando o estabelecimento escolhido reúne condições de conferir ao infrator escolaridade, 30profissionalização e cultura, visando a dotá-lo de instrumentos adequados, para enfrentar os desafios do convívio social. Tem finalidade curativa, quando a internação se dá em estabelecimento o 31cupacional, 32 psicopedagógico, 29 https://jus.com.br/artigos/54521/medidas-socioeducativas-aplicadas-ao-menor-infrator 30 BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei Federal nº 8069, de 13 de julho de 1990. 31 JESUS, Damásio Evangelista de. Direito penal: parte geral. 10° edição. São Paulo: Saraiva, 1985.LIBERATI, Wison Donizeti. Comentários ao Estatuto da Criança e do Adolecente. São Paulo: Maheiros, 2000.LIBERATI, Wison Donizeti. Comentários ao Estatuto da Criança e do Adolecente. São Paulo: Maheiros, 2000. https://jus.com.br/artigos/54521/medidas-socioeducativas-aplicadas-ao-menor-infrator 35 hospitalar ou psiquiátrico, ante a ideia de que o desvio de conduta seja oriundo da presença de alguma patologia, cujo tratamento, em nível terapêutico, possa reverter o potencial criminógeno do qual o menor infrator seja portador. Assim, para que se tenha eficácia na medida de internação, é necessário que ela seja cumprida em estabelecimento especializado, com profissionais altamente qualificados nas áreas psicológica, pedagógica, e com conhecimento também em criminologia, para que possa reeducar o adolescente e encaminhá-lo ao convívio da sociedade. Deve ser observado o art. 122, do ECA, o qual estabelece que a medida de internação só poderá ser aplicada quando: “I – tratar-se de ato infracional cometido mediante grave ameaça ou violência a pessoa; II – por reiteração no cometimento de outras infrações graves; III – por descumprimento reiterado e injustificável da medida anteriormente imposta”. Esse rol previsto no art. 122 é taxativo, somente podendo ser internado nessas hipóteses elencadas. Na primeira hipótese, o ato infracional cometido mediante grave ameaça ocorre quando o adolescente infrator fica prometendo praticar algum mal à vítima, colocando em perigo a tranquilidade e a liberdade da pessoa. Essa ameaça deve ser grave e relevante. O adolescente pode usar também de violência à pessoa, que são lesões, ou seja, ofensa à integridade corporal da vítima, podendo até mesmo causar a morte. A segunda hipótese configura-se quando o adolescente comete reiteradamente outras infrações graves. É justificada a internação nesse caso, porque o adolescente já recebeu alguma medida socioeducativa e voltou a36 praticar atos infracionais considerados graves, ficando demonstrado que a medida anteriormente aplicada não foi eficaz. A terceira hipótese dá-se quando o adolescente descumpre, de forma reiterada e injustificável, medida anteriormente imposta. Nesse caso, foi aplicada uma sanção ao adolescente por determinação judicial, e este não a cumpriu de forma reiterada e injustificadamente. Nessa hipótese, o prazo da internação não pode ser superior a três meses art. 122, § 1º, do ECA. Poderá existir a chamada “internação provisória”, que ocorrerá: “a) por decisão fundamentada do juiz; b) por apreensão do adolescente em flagrante de ato Infracional; e, c) por ordem escrita da autoridade judicial”. Como o próprio nome já diz, essa internação é provisória, não podendo ser superior a quarenta e cinco dias. O juiz irá analisar se estão presentes indícios suficientes de autoria e materialidade, manifestando a necessidade dessa medida art. 108, do ECA. A internação, então, é medida excepcional, devendo ser cumprida “em entidade exclusiva para adolescentes, em local distinto daquele destinado ao abrigo, obedecida rigorosa separação por critérios de idade, compleição física e gravidade da infração” art. 123, do ECA. O art. 124 do ECA institui os direitos aos adolescentes privados de liberdade. 33As antigas FEBEM’s hoje mudaram de nome e as instituições destinadas ao cumprimento da medida de internação são chamadas de Fundação CASA, que significa Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente. Essas entidades precisam de um plano de desenvolvimento eficaz, para que consigam reeducar e ressocializar essa clientela, para que ela volte a conviver em sociedade. 33 https://www.al.sp.gov.br/StaticFile/documentacao/cpi_febem_relatorio_final.htm https://www.al.sp.gov.br/StaticFile/documentacao/cpi_febem_relatorio_final.htm 37 6. A EFICÁCIA DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS EM RELAÇÃO AO ADOLESCENTE INFRATOR Quando se fala em eficácia das medidas socioeducativas, há de convir que o tema é polêmico. Alguns entendem que elas têm o caráter de reeducar, ressocializar o adolescente, outros entendem que o Estatuto estabeleceu, no art. 112, medida privativa e restritiva de liberdade e, assim, têm natureza sancionatória, como resposta da sociedade ao ato infracional que cometeu. Para muitos doutrinadores, essa segunda compreensão é equivocada, pois sua finalidade não é punir o adolescente infrator, mas sim reeducar, ressocializar tornando-o apto ao convívio social. A intenção da ECA, em sua origem, era a de conferir às medidas socioeducativas um caráter pedagógico-protetivo. Se isso for comprido na prática e aplicado a cada caso concreto, ela será eficaz. Portanto, as medidas socioeducativas em seu caráter pedagógico se aplicadas de forma prevista no código tem resultados eficazes, e se não aplicadas de forma correta não terão a eficácia desejada. Em suma as medidas socioeducativas são eficazes, a forma como elas são aplicadas pelos operadores do direito da criança e adolescente é que são passiveis de críticas. As medidas socioeducativas têm aplicabilidade prática na medida que for cumprida a letra do Estatuto em consonância com o cumprimento dos órgãos públicos, em fornecer a materialidade necessária para concretização do que está escrito que atualmente não vem ocorrendo. 38 7. NOÇÕES BÁSICAS DA MAIORIDADE PENAL As crianças e os adolescentes são titulares de direitos humanos como quaisquer pessoas. Portanto o estudo do direito da criança e do adolescente deve ser visto em conjunto com os direitos fundamentais, dos direitos humanos, cuja dimensão subjetiva determina que, em razão de sua condição de pessoa em desenvolvimento, fazem jus a tratamento diferenciado, sendo correto afirmar, então, que são possuidoras de mais direitos que os próprios adultos.34 Antes do século XIX, os atos infracionais cometidos por adolescentes no Brasil eram regidos pelas ordenações Filipinas, que previam punições para os adolescentes de acordo com a prática de seus atos. 7.1 Histórico Vale citar alguns pontos históricos sobre a aplicação das leis em relação a Criança e ao adolescente. Foi em 1808, D. João VI chegou ao Brasil com sua corte, estavam em vigência no Brasil as ordenações Filipinas. De acordo com essas leis que vigoravam, a imputabilidade penal iniciava-se aos sete anos de idade, eximindo a criança da pena de morte concedendo-lhe redução da pena. Entre dezesseis e vinte anos, havia outro sistema. Para Pirangelli, “as ordenações Filipinas asseguram apenas em favor dos menores de dezesseis anos a inaplicabilidade da pena de morte, reportando-se ao título CXXXV do livro quinto daquele diploma legal”. 34 COSTA, Antonio Carlos Gomes da; VIEIRA, Maria Adenil. Protagonismo juvenil: adolescência, educação e participação democrática. 2. ed. São Paulo: FTD; Salvador, BA: Fundação Odebrecht, 2006. 39 7.2 O Código de menores de 1927 35 O Código de menores de 1927 código de mello mattos – CMM O decreto 17.943 – A, de 12.10.1927, mais conhecido como Código de Mello Mattos, era composto por 231 artigos e foi assim referendado em homenagem a seu autor, juiz José Cândido de Albuquerque Mello Mattos. Mello Mattos foi o primeiro juiz de menores no Brasil e, na época, exerceu o cargo na então Capital Federal Rio de Janeiro. A partir do Código de Mello Mattos, importantes inovações legislativas foram introduzidas na seara do direito penal infanto-juvenil. O CMM estabelecia que, quando com idade maior de 14 anos e inferior a 18 anos, o menor seria submetido a regime tutelado por esse Código e todas as situações de incidência da norma nesse parâmetro seriam praticamente reproduzidas no Código de Menores de 197918. Embora tenha sido elaborado exclusivamente para o controle de infância abandonada e dos delinquentes de ambos os sexos, há de se ressaltar que o Código de Mello Matos com todas suas fragilidades e polêmicas foi o primeiro diploma legal a dar 36 tratamento sistemático e humanizador à criança e ao adolescente. Tal foi o avanço, que, pela primeira vez, previa-se a intervenção estatal nessa delicada seara social. 7.3 Do Código de menores de 1971 Sem prever forma expressa de direitos da criança e adolescente, o Código de menores de Ano de 1971 não previa expressamente os direitos da criança e do adolescente, embora já existissem a carta de 1924, a Declaração de 1955, a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 e os pactos 35 http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/o-c%C3%B3digo-de-menores-e-o-estatuto-da-crian%C3%A7a-e- do-adolescente-avan%C3%A7os-e-retrocessos 36 http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/o-c%C3%B3digo-de-menores-e-o-estatuto-da-crian%C3%A7a-e- do-adolescente-avan%C3%A7os-e-retrocessos https://monografias.brasilescola.uol.com.br/direito/a-eficacia-das-medidas-socioeducativas-relacao-ao-adolescente.htm#sdfootnote18sym http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/o-c%C3%B3digo-de-menores-e-o-estatuto-da-crian%C3%A7a-e-do-adolescente-avan%C3%A7os-e-retrocessos http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/o-c%C3%B3digo-de-menores-e-o-estatuto-da-crian%C3%A7a-e-do-adolescente-avan%C3%A7os-e-retrocessos http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/o-c%C3%B3digo-de-menores-e-o-estatuto-da-crian%C3%A7a-e-do-adolescente-avan%C3%A7os-e-retrocessos http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/o-c%C3%B3digo-de-menores-e-o-estatuto-da-crian%C3%A7a-e-do-adolescente-avan%C3%A7os-e-retrocessos 40 Internacionais: Dos Direitos Civis e Políticos e de Direitos Sociais e Econômicos, ambos de 1996. A ONU elaborou outras declarações de vocação universal, como a Declaração Internacionaldos Direitos da Criança de 1959, as Regras Mínimas de Beijing de 1985 e a Convenção Dos Direitos da Criança de 1989. 7.4 Do Códigos de menores de 1979 Em 1968 e em 1970, realizam-se dois encontros nacionais de Juízes respectivamente. Um na cidade de Brasília, o III encontro, e na cidade de Guanabara, o IV encontro de juízes menores. As discussões realizadas neles foram fundamentais para nortear os direitos dos menores, possibilitando aos magistrados não abrir mão de conquistas importantes adquiridas ao longo da história nas questões referentes ao trato do menor. Todos esses elementos foram preparando o ambiente, para mais tarde, no dia 10 de outubro de 1979, ser estabelecido o novo Código de Menores, a Lei 6.697/79. Vale a pena lembrar que a Doutrina da Situação Irregular foi a ideologia inspiradora do Código de Menores, Lei 6.697/79. No capítulo anterior, foi comentado que a Doutrina da Situação Irregular partia do princípio e ideia de criminalização de pobreza e não fazia distinção entre menor abandonado e delinquente, pois na condição de menores em situação irregular eram enquadrados tanto os infratores, quanto os menores abandonados. Para Saraiva, essa doutrina pode ser sucintamente definida como sendo aquela em que os menores passam a ser objeto de norma quando se encontrarem em estado de patologia social. Dado foi o avanço nesse Código, que chegou-se afirmar que quem estava errado era o Estado Brasileiro. 41 8. A CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 E AFIRMAÇÃO DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Com a Lei 6.697/79, Institui o Código de Menores. Houve um rompimento com a doutrina da situação irregular, o que possibilitou ao ordenamento jurídico adotar a doutrina da proteção integral. Essa nova perspectiva no direito da Criança e Adolescente, com fundamento na Doutrina da Proteção, segundo Saraiva, mudou a condição desses objetos do processo para o status de sujeitos do processo, em condição peculiar de desenvolvimento , art. 6º do Estatuto da Criança e Adolescente. Desta forma, a constituição Federal de 1988 também atribui essa responsabilidade à sociedade e ao Estado. 37O art.227 da Constituição dispõe. Art. 227 É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. 37 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm 42 A introdução pela doutrina de Proteção Integral na Constituição de 1988 permitiu às crianças e aos adolescentes serem reconhecidos como pessoas em desenvolvimento, independentemente de sua condição social. A Proteção Integral, segundo o artigo 227 da Constituição Federal de os aspectos específicos que o Princípio da Proteção Integral para a criança e ao adolescente. 38 O desejo de reconhecer a proteção integral para a criança e o adolescente é antigo no mundo. Em 1924, com a declaração de Genebra, ficou evidente a necessidade de implantar a Doutrina da Proteção Integral. Seguindo a mesma linha, a declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1949, mencionava a importância da garantia de direitos e de assistência especiais para as crianças. Havia o Pacto de São José da Costa Rica, de 1969, que proclamava, em seu art. 19, que todas as crianças têm direito às medidas de proteção por parte da família, da sociedade e do Estado. Após tantos congressos e convenções referentes à Proteção Integral e consolidação de leis que garantam os direitos da infância e da adolescência, o Brasil deu grandes passos seguindo essa tendência mundial, que caminhava na direção de proteção dos direitos da infância e adolescência. Mediante as conquistas da Carta Magma, segundo a qual, independentemente da idade, raça, ou credo, somos todos seres de direitos, foi editada e promulgada a Lei 8.069/90- Estatuto da Criança e do Adolescente. 8.1 O adolescente e a prática de ato infracional Segundo afirma Saraiva, a opção da legislação brasileira de fixar a adolescência no período compreendido entre zero hora do dia em que a criança completa doze anos até o instante antecedente a zero hora do dia em que o adolescente completa dezoito anos, se constitui uma decisão política criminal. 38 AZAMBUJA, Maria Regina Fay de. A criança o adolescente: aspectos históricos 43 Nos tempos atuais, há um aumento excessivo da violência praticada por jovens infratores, quase todos os dias há situações de crueldade infanto-juvenil alarmantes, algumas vezes pode ser devido aos 39conflitos causados dentro do lar; outras, por uma situação social que é o envolvimento desses jovens com o tráfico de drogas e o crime organizado. Para uma melhor compreensão acerca do tema, acredito que seja importante percebermos esse problema como um fator sócio jurídico que interligue a sociedade em conjunto com os parâmetros legais de nossa constituição, tendo em vista a garantia de direitos e dignidade da pessoa humana. É evidente que o assunto gera muita polêmica na sociedade e abre espaço também para questionamentos sobre a conduta desse adolescente no seu papel de cidadão. Do ponto de vista sociocultural, percebemos que esses adolescentes são todos vítimas de um complexo sistema decorrente da desordem do estado e da família, contudo existem no Brasil leis e programas que oferecem aos menores infratores a possibilidade de reabilitação e proteção, para que possam voltar ao seu convívio social. 40Como um marco importantíssimo nessa seara, posso citar, por exemplo, o ECA, que é um estatuto regulamentar e prevê leis de auxílio ao adolescente e que, ao mesmo tempo, aprova penas mais severas, quando o adolescente pratica algum delito mais grave. Por essa razão, ao trazer garantia ao adolescente, o estatuto deixou algumas dúvidas ao menos para muitas pessoas, isso porque essas iniciativas previstas no ECA foram vistas por alguns como uma espécie de superproteção para os menores que, no ato de violência, tivessem um certo apoio das autoridades competentes em segurança. Trata-se, porém, de distorção e má aplicação do ECA, que precisa ser muito estudado pelos legisladores da infância e da adolescência. 39 https://jus.com.br/artigos/54520/adolescente-e-a-pratica-do-ato-infracional 40 https://jus.com.br/artigos/54520/adolescente-e-a-pratica-do-ato-infracional https://jus.com.br/artigos/54520/adolescente-e-a-pratica-do-ato-infracional https://jus.com.br/artigos/54520/adolescente-e-a-pratica-do-ato-infracional 44 Numa percepção lógica, o adolescente pode ser definido como um indivíduo muito vulnerável devido a essas características citadas anteriormente, pois nos passam um pouco uma ideia de periculosidade. Sendo assim, ele pode cometer certa violência contra o outro, tendo como conceito de “ato infracional”. Esse assunto está sendo muito debatido nos dias atuais pelo fato de ser um problema considerado social e muitas vezes presente em nossas vidas, quando deparamos com essa violência. Podemos de certo modo, deduzir que o menor infrator pode ter tido algum trauma familiar ou, muitas vezes, deixado de escutar os seus estudos de formação para assim ter alguma participação financeira dentro do seu lar. Partindo dessas situações, vem à tona uma grande onda de influênciasdeterminantemente desproporcionais às grandes vítimas dessa violência que são os jovens adolescentes, no que vemos o reflexo demonstrativo de incapacidade do nosso estado em promover com a sociedade moderna um patamar de vida adequado para crianças, adolescentes e jovens. A prática de um ato infracional não é significado de caráter ou um desvio moral, mas pode ser também uma forma de sobrevivência, lutando contra o abandono e violências sofridas por esses adolescentes. Não se pode generalizar dizer que somente os adolescentes pobres, de um grupo marginalizado, cometem atos infracionais, 41pois nem todos cometem tais atos, e existem aqueles adolescentes de classe econômica média a alta que cometem atos infracionais. Esses atos cometidos por adolescentes de classes favorecidas não se justificam por falta de oportunidade, nem discriminação social, mas por fatores morais e psicológicos. Há quem fale que o indivíduo já nasce com personalidade criminosa, com instinto voltado para o crime, mas não se pode aceitar semelhante posição. 41 https://www.mdh.gov.br/biblioteca/crianca-e-adolescente/adolescentes-autores-de-atos-infracionais-estudos- psicossociais-adolescentes_miolo-leitura.pdf e PINO, A. Direitos e realidade social da criança no Brasil. A propósito do "Estatuto da Criança e do Adolescente". Revista Educação & Sociedade, ano XI, n.36, p.61-79, ago., 1990 https://www.mdh.gov.br/biblioteca/crianca-e-adolescente/adolescentes-autores-de-atos-infracionais-estudos-psicossociais-adolescentes_miolo-leitura.pdf https://www.mdh.gov.br/biblioteca/crianca-e-adolescente/adolescentes-autores-de-atos-infracionais-estudos-psicossociais-adolescentes_miolo-leitura.pdf 45 9. O ADOLESCENTE DO SÉCULO XXI Adolescência inicia-se segundo o ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE artigo 2°, aos 12 anos de idade. Deste modo as mudanças tanto hormonais e sociais começam a surgir. No inicio, as mudanças físicas mostram-se mais visíveis, mas a imagem que o adolescente tem de si apresenta muitas vezes confusa. A disponibilidade das redes de comunicação e os recursos midiáticos que podem beneficia-los mas também pode ser trazer malefícios se não utilizarem corretamente e não tiverem algum responsável monitorando e aconselhando, pois a facilidade e a comodidade para os relacionamentos, se não souberem filtrar tais relacionamentos e a tecnologia cada vez avançada, se perdem os valores de família, relacionamento e perspectiva de vida. Os valores caducam principalmente quando a pessoa é submetida a um estilo de vida em que a permanência dos costumes a mostra-se escassa, a base familiar é um dos principais fatores para a formação e no desenvolvimento da criança e do adolescente. Os adolescentes vivem em constante mudança e necessitam de apoio sólido, emocional, em cada etapa de suas mudanças, tanto; biológicas, espirituais, psicológicas, e profissionais. 46 CONCLUSÃO Sendo assim, mesmo com os avanços trazidos na esfera penal infanto- juvenil, o Estatuto da criança e do adolescente carece de ser aperfeiçoado. Do ponto de vista normativo, há necessidade de que imediatamente seja regulamentado por lei o processo de execução das medidas socioeducativas, em face do que se fez lacônico. É certo que muitos são os motivos que levam um adolescente à prática delituosa, entretanto, cabe à sociedade buscar uma melhor efetivação de punição e prevenção. Nessa linha, sobre o argumento de maior destaque aos defensores da tese contrária à redução da maioridade penal, gira em torno do artigo 228 da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 ser cláusula pétrea, porém, como já descrito no trabalho, o artigo 60, parágrafo 4º da Carta Magna apenas relata que não pode haver supressão dos direitos e garantias, o que de fato não ocorreria, pois, respectivos direitos e garantias ainda estariam previstos, sofrendo uma alteração diante da realidade fática atual, não sendo considerada sua inconstitucionalidade. Ademais, por cláusula pétrea o artigo 5º da Lei Maior, de modo que a inimputabilidade não está presente no mesmo, devendo ser aplicadas formas eficazes de penas para adolescentes entre idade de dezesseis e dezoito anos incompletos, porquanto os mesmos têm capacidade de entendimento e autodeterminação, devendo os estabelecimentos prisionais atender aos que se encontram diante desta realidade na mesma forma que faz a segmentação quando tratamos de presídios femininos e masculinos, ficando os jovens separados dos adultos, pois, é nítido que os locais atuais, as unidade de Fundação Casa - Fundação Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente - também não regeneram, de modo que o ECA tem uma conduta, 47 muito branda, principalmente, diante de crimes hediondos e de maior potencial ofensivo. Feita a pesquisa sobre o sistema carcerário do Brasil, pode-se observar a precariedade, condições inadmissíveis e desumanas. É lógico que o Estado deveria proporcionar condições sociais e educacionais a todos, porém, se pode aceitar que as coisas permaneçam sem solução. Uma mudança social é necessária, mas enquanto a mesma não chega, não se justifica a aversão de algumas pessoas quanto à alteração legal diante de todos os apontamentos feitos. Até porque o direito precisa acompanhar a evolução da sociedade. Assim, os indivíduos maiores de dezesseis e menores de dezoito anos têm plena capacidade de entendimento e vontade, diferente do jovem de 1940, motivo pelo qual, se não houver a redução da maioridade penal ou o aumento do tempo de internação em unidades socioeducativas, mais uma vez, nosso país e a sociedade no geral serão os culpados por promover a prática de atos delituosos sem a necessária represália e a tão sonhada ressocialização. Logo, a redução da maioridade penal é uma questão a ser bem analisada antes de ser implantada no sistema jurídico brasileiro. 48 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS GEIGER, Myléne (Orgs.). Conversando sobre Adolescência e Contemporaneidade. 7. ed. Porto Alegre: Libretos, 2004 LIBANIO, João Batista. Jovens em tempos de pós-modernidade - considerações socioculturais e pastorais. São Paulo: Edições Loyola, 2004. SARAIVA João Batista Costa. Adolescente em Conflito com a Lei da Indiferença a Proteção Integral – uma abordagem sobre a responsabilidade penal. 4. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2012. SARAIVA, João Batista Costa. “Adolescente e Ato Infracional: Compendio de direito penal juvenil”. 4. ed. Porto Alegre: Livraria Advogado, 2011. SARAIVA, João Batista Costa. “Adolescente e Ato Infracional: garantias processuais e medidas socioeducativas”. 8. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 1999. SIRLEI; CREPOP. A aplicabilidade e eficácia das medidas socioeducativas impostas ao adolescente infrator. Curitiba: Universidade Tuiuti do Paraná, 2011. SOARES, Luiz Eduardo. Juventude e violência no Brasil contemporâneo. In: NOVAES, Regina. VANNUCHI, Paulo (Orgs.) Juventude e sociedade. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2004. VIOTO, Alessandra. Dos atos infracionais praticados por crianças e adolescentes. 2002. Monografia (Bacharelado em Direito) – Faculdades Integradas “Antônio Eufrásio de Toledo”, Presidente Prudente, 2002.VOLPI, Mário (ORG). O adolescente e o ato infracional. 49 LEGISLAÇÃO CONSULTADA BRASIL. Constituição (1988). Constituição [da] República Federativa do Brasil.. Estatuto da Criança e do Adolescente Comentado. 5. ed. São Paulo: RT, 2013.TAVARES SITES CONSULTADOS COSTA, Antonio Carlos Gomes da; VIEIRA, Maria Adenil. Protagonismo juvenil: adolescência, educação e participação democrática. 2. ed. São Paulo: FTD; Salvador,
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