Buscar

TC- REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 55 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 55 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 55 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

FACULDADE DE DIREITO DE ITU 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 A REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL 
 
 
 
 GIOVANA MACHADO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 FADITU-2019 
 GIOVANA MACHADO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 A REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL 
 
 
Trabalho de Curso, apresentado à 
Faculdade de Direito de Itu, como 
exigência parcial para obtenção do 
grau de Bacharel em Direito, sob a 
orientação do Professor: Luis 
Antônio Nunes Filho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 FADITU/ 2019 
BANCA EXAMINADORA TRABALHO DE CURSO DA FADITU-2019 
 
Professor Orientador de conteúdo 
 
Luís Antônio Nunes Filho 
 
Pontos atribuídos: 
 
 
 
Professora Orientadora de Metodologia 
 
Profa Maria do Carmo Catalá Fragnani 
 
Pontos atribuídos: 
 
 
 
MÉDIA 
 
 
 
 
 
 
Observações: 
 
 
 
 
Data: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AGRADEÇO A DEUS por ter iluminado o meu caminho, que sempre foi a 
minha fonte inesgotável, que me deu toda a capacidade necessária para que eu 
pudesse concretizá-lo. 
 
Aos meus pais Edivaldo e Márcia que foram essências para a realização 
deste sonho, ao meu professor Luís Antônio Nunes Filho por todo ensino e 
dedicação. 
 
A minha querida orientadora de metodologia Maria do Carmo pela sua 
compreensão e paciência. 
 
E a todos os operadores do direito que buscam incessantemente o 
implantamento eficaz da justiça brasileira por todo o incentivo durante os anos de 
faculdade. 
 
E também aos meus grandes amigos da faculdade, que permitiram que 
essa caminhada fosse mais alegre. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos; 
Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia; 
Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus; 
Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus; 
Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é 
o reino dos céus. 
 
 
 Mateus 5:6-10 
https://www.bibliaonline.com.br/acf/mt/5/6-10+
RESUMO 
 
 
A presente pesquisa visa na problemática da maioridade penal brasileira, no que 
consiste a sua constitucionalidade e a inconstitucionalidade penal, fazendo 
comparações com os valores morais, sociais atuais, e abordando os critérios 
psicológicos. 
 
 A atual realidade do país no que diz respeito ao mundo do crime organizado, 
envolvendo, inclusive, adolescentes em suas execuções, aproveitando-se os 
líderes, em alguns casos, da fragilidade destes. Apresentou-se, de forma sintética 
e objetiva, os principais posicionamentos de profissionais da área da psicologia, 
que analisam a formação do adolescente nesta fase de sua vida, bem como o 
posicionamento jurídico dos principais juristas do nosso país. 
 Trouxe uma explanação da forma com que é tratado o assunto pelo Estatuto da 
Criança e do Adolescente ECA, bem como pela própria Constituição Federal CF-
1988, havendo ainda uma comparação do nosso atual cenário, apontado os prós 
e contra e as principais divergências entre diversos doutrinadores especialistas na 
área penal e do Estatuto da Criança e adolescente objetivando encontrar uma 
solução para o problema atual. 
 
Palavras-chave: Doutrinadores.Redução da Maioridade Penal. Maioridade. 
Adolescente. Formação Psicológica. Estatuto da Criança e do Adolescente. 
Constituição Federal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
INTRODUÇÃO, 9 
1. NOÇÕES INTRODUTÓRIAS, 10 
 1.1 Origens e conceitos, 10 
 1.1.2 Conceito Imputabilidade, inimputabilidade e semi- imputabilidade , 11 
 
 1.1.2 Conceito de Culpabilidade,12 
 
 1.1.3 Conceito de Tipicidade, 12 
 
 
2. O MENOR E O ORDENAMENTO JURÍDICO, 14 
 
 2.1 Menor e o Código Penal brasileiro, 14 
 
 2.2.O Menor e a Constituição Federal de 1988,15 
 
3. A CONSTITUCIONALIDADE E A INCONSTITUCIONALIDADE DA REDUÇÃO 
DA MAIORIDADE PENAL NO BRASIL, 15 
 
4.CONSTITUCIONALIDADE E A INCONSTITUCIONALIDADE DA REDUÇÃO 
DA MAIORIDADE PENAL NO BRASIL, 17 
 
5.O ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – (ECA) - Lei 8.069/90 
 5.1 As medidas socioeducativas, 27 
 5.2 Da advertência, 28 
 5.3. Da liberdade assistida, 30 
 5.4 Do Regime de Semiliberdade, 31 
 5.5 Da Internação em estabelecimento educacional, 33 
 
 
 6. A EFICÁCIA DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS EM RELAÇÃO AO 
ADOLESCENTE INFRATOR, 37 
7. NOÇÕES BÁSICAS SOBRE A MAIORIDADE PENAL NO BRASIL, 38 
 7.1 Histórico, 38 
 7.2 O Código de menores de 1927, 39 
 7.3 Do Código de menores de 1971, 39 
 7.4 Do Códigos de menores de 1979, 40 
 
8. A CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 E AFIRMAÇÃO DOS DIREITOS DA 
CRIANÇA E DO ADOLESCENTE, 41 
 8.1 O adolescente e a prática de ato infracional,42 
 
9. O ADOLESCENTE DO SÉCULO XXI, 45 
CONCLUSÃO, 46 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS, 48 
 
ANEXOS: Pesquisa- O levantamento foi feito pelo Departamento de 
Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e das Medidas 
Socioeducativas (DMF), do Conselho Nacional de Justiça- anexo. 
 
 
9 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
 
No presente artigo será exposto de forma favorável à redução da 
maioridade penal, de maneira clara, objetiva e argumentativa, no que consiste a 
sua constitucionalidade e a inconstitucionalidade penal, abordando leis 
abrangentes sobre a problemática, fazendo comparações vigentes com os valores 
morais, sociais, culturais, psicológicos e espirituais. 
Atualmente no Brasil, a maioridade penal se dá aos dezoito anos 
completos segundo o critério abordado pelo artigo 228 da Constituição Federal. 
A maioridade penal é estabelecimento de uma idade mínima que determina 
que uma pessoa se torna adulta varia de acordo com a cultura, momento histórico, 
gênero e religiões. 
Na maioria dos países ocidentais, a maioridade vem a partir dos dezoito 
anos. 
É necessário compreender a maioridade em múltiplos aspectos. No Brasil, 
apesar da maioridade penal vir aos dezoito anos, o voto é facultativo para os 
menores de dezesseis a dezoito anos, por exemplo. 
Desta maneira, o conceito de maioridade pode vir ou não acompanhado de 
mais responsabilidades na vida pública, social e política. 
A discussão sobre a redução da maioridade penal em caso de crimes 
hediondos gera debates acalorados. Vários são os argumentos a favor e contra a 
medida. 
 
10 
 
 
 1. NOÇÕES INTRODUTÓRIAS 
 
 
 
A redução da idade mínima para imputabilidade penal, ressaltando a 
correntemente chamada de “redução da maioridade penal” é um assunto que 
volta e meia retorna ao centro dos debates em nossa sociedade desde a 
aprovação da Constituição de 1988 e, posteriormente, do Estatuto da Criança e 
do Adolescente - ECA, principalmente quando um adolescente comete um ato 
infracional grave – ou toma parte em um crime cometido por maiores de dezoito 
anos. 
 
1.1 Conceitos: imputabilidade, inimputabilidade e semi-imputabilidade 
 
 Vale primeiramente ressaltar, que é incabível confundir imputabilidade com 
inimputabilidade e com semi-imputabilidade, a diferenciação encontra-se 
implicitamente nas diretrizes do ordenamento jurídico. 
 A imputabilidade – atribuição de nexo entre ação ou omissão e agente. 
significa: ele/ela pode ser julgada por qualquer tribunal competente, e pode 
receber qualquer pena determinada em lei. 
 Em um primeiro momento, é conveniente e oportuno conceituar o termo 
imputabilidade, segundo Masson 2008, o Código Penal Brasileiro optou por seguir 
a tendência da maioria das legislações modernas, e preferiu não definir a 
imputabilidade, tratou tão somente de elencar as hipóteses da sua não incidência,ou seja, os casos de inimputabilidade penal, previstos no art. 26, caput, art.27 e 
art. 28, §1º. 
11 
 
 
 
“Art. 26. É isento de pena o agente que, por 
doença mental ou desenvolvimento mental 
incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação 
ou da omissão, inteiramente incapaz de entender 
o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de 
acordo com esse entendimento”. 
 
No entendimento de Capez 2011, a imputabilidade penal depende de dois 
elementos, a saber, o intelectivo e o volitivo. O primeiro diz respeito à integridade 
biopsíquica, que se expressa na perfeita saúde mental e consente ao indivíduo a 
capacidade de compreender o caráter ilícito do fato. Já o elemento volitivo se 
refere ao domínio da vontade, é a capacidade que o agente possui de controlar e 
comandar seus 1 impulsos acerca da compreensão do caráter ilícito do fato, 
determinando-se de acordo com essa compreensão. 
 Para Nucci 2011, essas características citadas anteriormente, 
desenvolvem o binômio necessário para a constituição das condições pessoais do 
imputável que consiste em sanidade mental e maturidade. Com esse raciocínio, 
se o agente não possui a habilidade de entender a diferença entre o certo e o 
errado, não poderá ajustar-se por tal compreensão e terminará vez ou outra 
praticando um fato típico e antijurídico, sem que possa ser repreendido, ou seja, 
sem que possa suportar o juízo de culpabilidade. 
Os Inimputáveis – menores de dezoito anos, incapacidade total de 
entender a ilicitude ou de determinar-se de acordo com o entendimento de 
ilicitude. 
 Semi-inimputáveis – incapacidade parcial de entender a ilicitude ou de 
determinar-se de acordo com o entendimento de ilicitude. 
 Segundo Código Penal, no artigo 26 Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984: 
 
1 https://jus.com.br/artigos/33089/a-reducao-da-maioridade-penal-a-luz-da-constituicao-federal-de-1988 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm
https://jus.com.br/artigos/33089/a-reducao-da-maioridade-penal-a-luz-da-constituicao-federal-de-1988
12 
 
 
 
“Art. 26 - É isento de pena o agente que, por 
doença mental ou desenvolvimento mental 
incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação 
ou da omissão, inteiramente incapaz de entender 
o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de 
acordo com esse entendimento. 
 Redução de pena 
Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um 
a dois terços, se o agente, em virtude de 
perturbação de saúde mental ou por 
desenvolvimento mental incompleto ou retardado 
não era inteiramente capaz de entender o caráter 
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com 
esse entendimento. 
 
1.2 Conceitos de culpabilidade 
 
 A culpabilidade define-se por se derivar da noção de censura pessoa, a 
palavra “culpada” ao um valor negativo, por referir-se a um juízo de reprovação 
que se faz ao autor de um fato. 
De acordo com conceituação de Luiz Regis Prado: 
A culpabilidade é a reprovabilidade pessoal pela realização de uma ação 
ou omissão típica e ilícita. Assim, não há culpabilidade 2sem tipicidade e ilicitude, 
embora possa existir ação típica e ilícita inculpável. 
Devem ser levados em consideração, além de todos os elementos 
objetivos e subjetivos da conduta típica e ilícita realizada, também, suas 
circunstâncias e aspectos relativos à autoria. 
Do mesmo modo, consoante preceituam Eugenio Raul Zaffaroni e José 
Henrique Pierangeli, “esse conceito é um conceito de caráter normativo, que se 
 
2 https://jus.com.br/artigos/33089/a-reducao-da-maioridade-penal-a-luz-da-constituicao-federal-de-1988 
https://jus.com.br/tudo/tipicidade
https://jus.com.br/artigos/33089/a-reducao-da-maioridade-penal-a-luz-da-constituicao-federal-de-1988
13 
 
 
funda em que o sujeito podia fazer algo distinto do que fez, e que, nas 
circunstâncias, lhe era exigível que o fizesse”. 
No momento presente, a doutrina majoritária delineia o crime como fato 
típico, antijurídico e culpável, aderindo à teoria tripartida do delito. O crime, para 
Guilherme de Souza Nucci, partidário dessa teoria: 
Trata-se de uma conduta típica, antijurídica e culpável, vale dizer, uma 
ação ou omissão ajustada a um modelo legal de conduta proibida a tipicidade, 
contrária ao direito a antijuridicidade e sujeita a um juízo de reprovação social 
incidente sobre o fato e seu autor, desde que existam imputabilidade, consciência 
potencial de ilicitude e exigibilidade e possibilidade de agir conforme o direito. 
 
 2.3 Conceitos de tipicidade 
 
No que diz a respeito de tipicidade é o ajustamento entre o fato material e a 
conduta proibida. Pode-se dizer que a tipicidade é um atributo que se dá ao fato. 
Distingue- se de tipo penal, que é o que se define em lei. 
Atipicidade não se consubstancia com a teoria do tipo, visto que este 
implica as leis. 
 
 
14 
 
 
3. O MENOR E O ORDENAMENTO JURÍDICO 
 
 
 
 Como expõe o Código Penal brasileiro de 1940 em seu artigo 27, no 
atuante momento, disposto na Lei 7.209 de 1984, considera-se menor e 
inimputável todo aquele com menos de dezoito anos de idade.3 
 
 3.1 Menores e o Código Penal Brasileiro 
Porém, Figueiredo 2002, aborda que nem sempre foi essa a idade limite, a 
fixada em nosso país, dizendo que somente após o CPB de 1940 que essa idade 
foi fixada. 
 O Código Penal de 1890 considerava inimputável o infrator até os nove 
anos de idade. Entre nove e quatorze anos, o infrator poderia ser considerado 
criminoso, desde que, o juiz analisasse que ao praticar a conduta delituosa, este 
agiu com discernimento. O critério utilizado para os menores de 1927 era bem 
diferente, três limites de idade eram observados: o infrator com quatorze anos 
era considerado inimputável. 
 De quatorze a dezesseis anos de idade, o infrator ainda era considerado 
inimputável, porém instaurava-se um processo para analisar o fato com a 
possibilidade de cerceamento de liberdade. Por fim, o infrator entre dezesseis e 
dezoito anos de idade, poderia ser considerado responsável, e sofrer pena. 
 Já o assim chamado Código de Menores – Lei Federal 6.691 de 1979, 
classificou como inimputável os menores de dezoito anos, assim seguiu a 
 
3 https://marjoly.jusbrasil.com.br/artigos/454087924/quem-sao-os-inimputaveis 
https://marjoly.jusbrasil.com.br/artigos/454087924/quem-sao-os-inimputaveis
15 
 
 
Constituição Federal de 1988, o que não era garantido nas constituições 
anteriores, como também o Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei 8.069/90. 
3.1 O menor e a constituição federal de 1988 
 
A renomada Constituição Federal de 1988, disserta sobre a 
inimputabilidade do adolescente em seu art. 228 e também acolheu o princípio da 
imputabilidade penal no art. 27 do CPB/40, que diz que os menores de dezoito 
anos são inimputáveis, porém, nosso Código Penal Brasileiro de 1940 encarava 
uma realidade totalmente diversa, onde a idade mental poderia ter igualdade com 
a cronológica.4 
 Outrossim, Nucci, nas páginas 209, e 301, diz que pela primeira vez, 
inseriu-se na Constituição Federal matéria nitidamente pertinente à legislação 
ordinária, como se vê no art. 228 que, “São penalmente inimputáveis os menores 
de dezoito anos, sujeitos às normas da legislação especial”. 
 Maioridade penal: Visa em estabelecer uma idade a partir da qual os 
cidadãos sejam absolutamente responsáveis pelos atos criminosos que cometem. 
A maioridade penal no Brasil e na maioria dos países ocidentais é de 18 
anos. 
Discernimento: um jovem de dezesseis a dezoito já tem condições de 
saber o que é certo e errado. Assim é plenamente capaz de ser responsabilizado 
porum crime hediondo. 
 Medidas punitivas insuficientes: as medidas previstas no Estatuto da 
Criança e do Adolescente não dariam conta e vários menores se aproveitavam 
disso para cometer crimes. 
 
5 BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação. São Paulo: Brasiliense, 1984. GADOTTI, M. Educação e poder – 
Introdução à pedagogia do conflito. São Paulo: Cortez, 1982. INFORZATO, Hélio. Fundamentos sociais e educação. São 
Paulo: Nobel, 1971. RAMALHO, J. P. Prática educativa e sociedade. Rio de Janeiro: Zahar, 1976 
16 
 
 
 Diminuição de aliciamento por parte do tráfico de drogas: muitos menores 
são recrutados porque os narcotraficantes sabem que eles não irão para a cadeia. 
 Por outro lado, quem é contra redução da maioridade penal, lembra sobre 
os problemas estruturais brasileiros como: 
Desigualdade: os problemas sociais do Brasil atingem principalmente os 
adolescentes negros e pobres o que agravaria o racismo e marginalização deste 
grupo social. 
Educação: a criminalidade entre adolescentes e jovens deveria ser 
solucionada com investimentos em educação e saúde e não com punição.5 
 Modelo prisional: segundo pesquisas o sistema carcerário no país não é 
forjado para ressocializar adultos e muito menos estariam adequadas para 
receber jovens. 
No Brasil, para as infrações cometidas por menores de dezoito anos, deve-
se observar o Estatuto da Criança e do Adolescente ECA. Este privilegia a 
educação do indivíduo e não sua punição. 
De tempos em tempos, contudo, volta à discussão no Brasil sobre a 
necessidade de 6reduzir a maioridade penal. Em 2015, a iniciativa coube ao do 
deputado Efraim Filho DEM/PB que pretendia reduzir a maioridade pena de 
dezoito para dezesseis anos em caso de crimes hediondos. 
 
 
 
 
 
5 LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 15. ed. rev., atual e ampl. São Paulo: Saraiva, 2011.MENDES, 
Gilmar Ferreira. Controle de constitucionalidade. In: BRANCO, P. G. G.; COELHO, I. M.; MENDES, G. M. Curso de direito 
constitucional. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2010.MIRANDA, Jorge. Manual de direito constitucional. Coimbra: Coimbra Ed., 
2001.MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. 9 ed. São Paulo: Atlas, 200 
6 (PUREZA, 2015) 
https://www.todamateria.com.br/problemas-sociais-do-brasil/
https://www.todamateria.com.br/estatuto-da-crianca-e-do-adolescente-eca/
17 
 
 
4. CONSTITUCIONALIDADE E A INCONSTITUCIONALIDADE 
DA REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL NO BRASIL 
 
 
 
Há divergências entre os doutrinadores sobre a redução da maioridade. 
Primeiramente, é importante classificar o que é constitucionalidade e o que 
é inconstitucionalidade. 
Jorge Miranda, 2001, páginas 273-274, coloca que constitucionalidade e 
inconstitucionalidade “designam conceitos de relação”, isto é, a relação que se 
estabelece entre uma coisa que a Constituição e outra coisa um comportamento 
que lhe está ou não conforme, que com ela é ou não compatível, que cabe ou não 
no seu sentido. 
 O posicionamento do Doutrinador, Diego Luiz Victório Pureza 2015, nos 
fala que os adeptos desta corrente entendem que “a redução da maioridade penal 
não será a solução para a diminuição do índice de criminalidade em nosso país”, 
porquanto, pregam que se trata de um “instrumento de manobra para desviar a 
atenção da população dos verdadeiros problemas que assolam a sociedade”. 
 O autor ainda relata que “os crimes praticados por menores de 18 anos 
representam porcentagem inferior a um por cento se comparado aos crimes 
praticados por adultos”, de modo que, o que ocorre, é que “o problema estaria 
sendo exageradamente aumentado pela mídia que, apresentando fatos isolados, 
daria a entender que crimes praticados por menores de 18 anos estariam 
tomando proporções fora de controle”. 
 Ademais, é indiscutível que: 
“o Brasil não possui mínima estrutura prisional 
necessária para tornar possível a redução da 
maioridade penal”. Desse modo, não teria como 
18 
 
 
alcançarmos a tão falada ressocialização, 
finalidade da pena, não sendo crível colocarmos 
jovens de 16 (dezesseis) e 17 (dezessete) anos de 
idade com adultos, muitas vezes criminosos 
reiterados, e, em estabelecimentos prisionais 
superlotados, sendo que ocorreria a tão famosa 
chamada: escola do crime. (PUREZA, 2015) 
 
 7Diego Luiz Victório Pureza (2015) revela que nossa estrutura prisional é 
uma das piores do mundo, motivo pelo qual, devemos compreender que somos 
falhos com relação a isso. Deste modo, deveríamos pensar não na redução da 
maioridade penal, mas sim na reestruturação do sistema prisional, para que, ao 
menos, se houver a redução, a mesma seja aplicável na prática. 
 Diante disso, há necessidade de investimento na segurança com 
reestruturação do sistema prisional, visando a construção de novos presídios e 
acatando o limite correto em cada acomodação; para, somente após, pensar na 
possibilidade de redução da maioridade penal, porquanto, atendendo as 
condições mínimas, o objetivo ressocializador da pena poderia ser alcançado. 
Relata Pureza, 2015. 
8Ademais, afirma Diego Luiz Victório Pureza 2015, que os defensores 
deste posicionamento entendem que a solução está “no investimento efetivo e 
amplo em educação, bem como na aplicação adequada do Estatuto da Criança e 
do Adolescente”. 
Fato é que “a educação ou a falta de educação é fator determinante no 
índice de atos infracionais equiparados a crimes cometidos no Brasil”. Para tanto, 
basta a simples comparação “com o índice de criminalidade em países 
desenvolvidos, cuja educação encabeça a lista de suas respectivas prioridades de 
investimento”. 
 
7 PUREZA, 2015) 
8http://www.ambitojuridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=11234 
http://www.ambitojuridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=11234
19 
 
 
 9Desse modo, o Estatuto da Criança e do Adolescente faz previsão de 
“medidas socioeducativas eficientes, e, ainda que assim não fosse, bastaria a 
criação de medidas socioeducativas mais rigorosas”, trazendo como exemplo a 
extensão do prazo de internação de três anos para cinco. Sendo que, a grande 
problemática residiria na “aplicação insuficiente do ECA, ou seja, basta que o 
Estado utilize dos instrumentos previstos no ECA de forma efetiva, juntamente 
com o devido e necessário investimento na educação, para que o país consiga 
caminhar para a solução dessa celeuma”. 
Não bastasse isso, tal corrente entende que nunca haverá a redução da 
maioridade penal, vez que se trata de “cláusula pétrea implícita, justamente por 
estar classificada entre os direitos e garantias fundamentais artigo 228 c.c. artigo 
60, §4o, inciso IV, ambos da Constituição Federal”. PUREZA, 2015. 
Nessa linha, tendo em vista o aspecto biológico, como sendo critério 
objetivo, e, “por razões de política criminal, bem como diante de previsão 
constitucional constituindo verdadeira garantia individual, os defensores dessa 
corrente entendem pela impossibilidade da redução da maioridade penal, por se 
tratar de cláusula pétrea”. PUREZA, 2015 
Logo, perante todos os apontamentos acima feitos, para os seguidores 
desta corrente, seria impossível a redução da maioridade penal no Brasil. 
 Por outro lado, o posicionamento favorável apresento os seguintes 
argumentos: 
 10 “Se os personagens entre dezesseis e dezoito anos incompletos 
possuem capacidade de entendimento e autodeterminação para discernirem o 
caráter ilícito dos fatos por eles praticados, é justo que sejam responsabilizados 
adequadamente por suas condutas e resultados com pena”. PUREZA, 2015. 
 Assim, ensina Diego Luiz Victório Pureza 2015 que, para esta corrente:9 
http://bibliodigital.unijui.edu.br:8080/xmlui/bitstream/handle/123456789/1633/Atos%20infracionais%20medidas%20socioedu
cativas.pdf?sequence=1 
10 Victório Pureza (2015) 
http://bibliodigital.unijui.edu.br:8080/xmlui/bitstream/handle/123456789/1633/Atos%20infracionais%20medidas%20socioeducativas.pdf?sequence=1
http://bibliodigital.unijui.edu.br:8080/xmlui/bitstream/handle/123456789/1633/Atos%20infracionais%20medidas%20socioeducativas.pdf?sequence=1
20 
 
 
[...] o ideal seria a aplicação do critério 
biopsicológico, da mesma forma que é 
utilizado para os maiores de 18 anos, analisando 
se o agente, ao tempo da conduta, possuía 
discernimento para entender o caráter ilícito do 
fato por ele praticado e que, em caso positivo, 
seja responsabilizado por crime. 
Tais defensores também entendem que “o fato 
de não haver delinquência generalizada entre 
menores não seria argumento suficiente para 
impedir a redução da maioridade penal”. 
(PUREZA, 2015). 
 
Há que se ressaltar, que os adeptos deste pensamento, não pretendem 
que os jovens cumpram suas penas com os adultos, porquanto, pregam a 
necessidade de um “sistema prisional apto a receber agentes condenados a 
penas privativas de liberdade entre os 16 e 18 anos incompletos, ao exemplo da 
divisão carcerária entre homens e mulheres”, de modo que, estaria solucionada a 
“aferição de imputabilidade, mas também alteraria o próprio sistema prisional 
brasileiro”. PUREZA, 2015. 
 Segundo Pureza, 2015 o fato é que o Estatuto da Criança e do 
Adolescente é insuficiente em casos mais graves, “diante de medidas 
socioeducativas incompatíveis e desproporcionais com a gravidade de 
determinados crimes praticados por menores”. 
Tem-se que, “não haveria proporção na aplicação de medidas 
socioeducativas para jovens latrocidas, homicidas, traficantes, estupradores, etc.”, 
pois, “a simples aplicação das medidas previstas no ECA aos menores que 
praticam crimes de maior gravidade acabam por gerar, 
invariavelmente,sentimento de revolta na população”. 
O supramencionado autor prescreve que, as pessoas que defendem esta 
corrente entendem que não há eficácia na aplicação de medidas socioeducativas 
contidas no ECA, citando, por exemplo, o caso de um adolescente com 
dezessete anos que estupra ou mata com dolo direto, relatando que, nestes 
21 
 
 
casos mais graves, “somente a pena privativa de liberdade prevista no Código 
Penal seria proporcionalmente capaz de reprimir tais barbaridades, além de 
possibilitar o alcance da prevenção geral, finalidade essa acaba por inalcançável 
ao utilizar-se de medidas socioeducativas”. PUREZA, 2015. 
Diego Luiz Victório Pureza 2015, ainda fala que considerável parte da 
doutrina acredita que a alteração do artigo 228 da CRFB/88 não é 
inconstitucional, vez que, o artigo 60, parágrafo 4o da Bíblia Política apenas 
proíbe emenda que tenha a tendência de abolição de direitos e garantias 
individuais, entretanto, com a redução da maioridade penal não haveria 
supressão de garantia individual, somente a readequação necessária à situação 
atual do país. 
11Nesse diapasão, o autor traz à baila entendimento do Supremo Tribunal 
Federal, onde diz que as limitações materiais ao poder constituinte de reforma, 
que o art. 60, § 4o, da Lei Fundamental enumera não significam a intangibilidade 
literal da respectiva disciplina na Constituição originária, mas apenas a proteção 
do núcleo essencial dos princípios e institutos cuja preservação nelas se protege. 
PUREZA, 2015. 
Assim, para esta corrente a alteração do artigo 228 da nossa Carta Magna 
seria inconstitucional ao passo que o artigo 60, parágrafo 4o do mesmo diploma 
autoriza, desde que não haja abolição de garantia individual, de modo que, a 
redução a maioridade apenas readequaria na legislação aos tempos atuais e 
atenderia aos anseios da sociedade,“aplicando de forma eficaz pena para os 
agentes com idade entre os 16 e 18 anos incompletos, com capacidade de 
entendimento e autodeterminação.’’ PUREZA, 2015 
 
 
 
11 BEMFICA, Francisco Vani. Direito Constitucional: Cláusulas Pétreas e Elementos Afins. São Paulo: Juarez de Oliveira, 
2005. BENJAMIN, Antônio Herman de Vasconcellos e. Direito Constitucional Ambiental Brasileiro. In: CANOTILHO, José 
Joaquim Gomes; LEITE, José Rubens Morato (Orgs.). Direito Constitucional Ambiental Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 
2007. 
22 
 
 
5. O ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 
– (ECA) - Lei 8.069/90 
 
 
 
 O Estatuto da Criança e do adolescente trata sobre a proteção integral à 
criança e ao adolescente, obtendo a rede de direitos e deveres. 
A convenção internacional dos direitos da criança e do adolescente 
proclamada em 1989. Enfatizando a antiga FEBEM – fundação casa, localizada 
no Estado de São Paulo, com o seu regimento interno cumprindo os princípios 
legais, comporta em si a função de cumprir as medidas socioeducativas 
estabelecidos na lei aplicando a internação provisória. 
Resolução 113-comanda 8 
Considera crianças e adolescentes como cidadãos, em condição peculiar 
de Órgãos deliberativos e controladores das ações desenvolvimento, que 
merecem ser tratados como prioridade para a atenção da infância e adolescência. 
A sua composição é absoluta. A sua proteção é dever da família, da sociedade e 
do dividida entre representantes do governo e de organizações da Estado. 
 A doutrina baseou a elaboração do Estatuto da Criança e sociedade civil 
ligadas à infância. 
Os conselhos estaduais são do Adolescente, da Convenção Internacional 
dos Direitos da Criança e do Adolescente, compostos por representantes do 
governo e da sociedade civil e da Declaração Universal dos Direitos da Infância e 
o Estado e têm poderes para garantir que as políticas públicas não negligenciem 
a promoção e defesa dos direitos da universalmente reconhecidos. 
23 
 
 
Já os conselhos municipais são compostos por representantes do governo 
e da sociedade civil da Base da legislação e da prática assistencial-correcional-
repressiva de atendimento à criança e ao Adolescente. 
O Estatuto da Criança e do Adolescente, válido para todo o país e para 
todas as crianças e prevê seis diferentes medidas: advertência; obrigação de 
reparar adolescentes, definindo seus direitos e deveres bem como os o dano; 
prestação de serviços à12 icomunidade; liberdade assistida; direitos, deveres e 
obrigações do Estado, da Família e da semiliberdade e internação. 
Resultado de ampla mobilização popular, a Lei federal- 8.069/90, foi 
promulgada em 13 de julho de 1990 e entrou Conjunto de diretrizes garantidas 
por lei, que em vigor no Dia da Criança daquele ano. Ao adotar a doutrina da 
possibilita a promoção e garantia dos direitos do cidadão. 
 É proteção integral à criança e ao adolescente, mudou importante que se 
diferenciem os termos “público” que atende a radicalmente a orientação dada ao 
atendimento à população toda a população e “governamental”, promovidos pelos 
diversos 13 infanto-juvenil, estendido hoje a todas as crianças e adolescentes 
órgãos do governo. Numa sociedade verdadeiramente do país. 
 O antigo Código de Menores, substituído pelo Estatuto da Criança e do 
Adolescente, tinha democrática, a sociedade civil participa ativamente da 
definição caráter punitivo e assistencialista e dirigia-se apenas àqueles que e, 
principalmente, do acompanhamento da implantação das estavam em situação 
irregular, principalmente os abandonados e políticas públicas. 
 14Medida Socioeducativa –CONANDA- O Estatuto da Criança e do ECA, é 
um importantíssimo instrumento, nele se encontram o conjunto de normas do 
ordenamento jurídico brasileiro que tem como objetivo a proteção integral da 
criança e do adolescente, aplicando medidas e expedindo encaminhamentos para 
o juiz. É o marco legal e regulatório dos direitos humanos de criançase 
adolescentes. 
 
12https://www.direitosdacrianca.gov.br/conanda/resolucoes/113-resolucao-113-de-19-de-abril-de-2006/view 
13https://www.academia.edu/31575725/DIREITO_DA_CRIANCA_E_DO_ADOLESCENTE_-_NOVO_MODELO 
14 Priscila de Matos Santini apud SIRLEI, Tavares e CREPOP (2005). A aplicabilidade e eficácia das medidas 
socioeducativas impostas ao adolescente infrator. Curitiba: Universidade Tuiuti do Paraná Curitiba, 2011, p. 46. 
https://www.direitosdacrianca.gov.br/conanda/resolucoes/113-resolucao-113-de-19-de-abril-de-2006/view
https://www.academia.edu/31575725/DIREITO_DA_CRIANCA_E_DO_ADOLESCENTE_-_NOVO_MODELO
24 
 
 
Brasil foi à primeira nação a promulgar um, marco legal em sintonia com a 
Convenção sobre os direitos da criança e do adolescente, aprovada seis meses 
antes, ao final de 1989, no âmbito das Nações Unidas. 
Com a Construção do Estatuto, o Brasil inovou na tradição sócio jurídica, 
instituindo os Conselhos de Direitos e tutelares, uma experiência singular, 
estabelecendo um espaço de participação social, aonde criança e adolescente 
são sujeitos de Direitos. 
 O ECA está constituído por inúmeras regras de Direito Público, ao instituir 
políticas públicas relacionadas com o direito de crianças e adolescentes. 
Dentre eles os princípios da prevenção geral; prevenção especial; 
atendimento integral; garantia prioritária; proteção estatal; prevalência dos 
interesses do menor; sigilosidade e gratuidade. 
Uma frase inspiradora sobre a nossa educação abordada pelo educador 
escritor Augusto Cury: 
 
“Nunca foi tão difícil educar uma geração. Não 
há um culpado, o sistema é culpado. Todos 
temos nossa responsabilidade no assassinato da 
infância. O que me dói na alma é saber que 
esses jovens serão adultos num ambiente de 
aquecimento global, insegurança alimentar e 
competição predatória, e precisarão de notável 
capacidade de liderança 15e criatividade para dar 
respostas inteligentes a essas questões. 
Entretanto, infelizmente, estamos 
despreparando-os para esse mundo tumultuado 
que nós mesmos criamos.(...)” 
 
 16 A adolescência tem sido alvo de numerosos estudos. A revisão da 
literatura que se empreende, demonstrou que há evidências consistentes de que 
 
15 Cerveny, C. M. O. & Berthoud, C. M. E. (2001). Visitando a família ao longo do ciclo vital. São Paulo: Casa do Psicólogo 
16 http://www.scielo.br/pdf/pe/v12n2/v12n2a05.pdf 
http://www.scielo.br/pdf/pe/v12n2/v12n2a05.pdf
25 
 
 
a família nos dias de hoje ainda exerce um papel importante no desenvolvimento 
de seus membros, principalmente no período da adolescência. 
 Considerando-se as mudanças ocorridas na organização social e na 
estrutura e funcionamento das famílias nos últimos tempos, bem como o papel 
crucial que a instituição familiar continua exercendo no processo de 
desenvolvimento dos indivíduos, os estudos revisados convergem no sentido de 
acumular evidências de que essas transformações estão na base de diversos 
problemas psicológicos contemporâneos. 
A emergência de novas composições familiares, associadas à forma 
específica como os pais foram educados e à influência de novos padrões de 
relacionamento interpessoal que vigoram na atualidade, tendem a desencadear 
dificuldades na educação dos filhos, sendo que a preocupação com o 
desenvolvimento de crianças e adolescentes, com o modo de educá-los e orientá-
los, e as maneiras de conduzi-los com segurança rumo a uma “adultez” saudável, 
nunca estiveram tão presentes nas discussões, científicas ou não, como nos dias 
atuais, segundo Cano, 1997.”Estas preocupações emergem tanto nas 
publicações a respeito da infância, quanto nas dedicadas à adolescência”. 
 Considerando que o adolescente se desenvolve no contexto familiar e nele 
permanece por um período que tem se expandido cada vez mais, lembrando que 
em países da América Latina esse tempo de convívio com a família de origem é 
maior do que o observado em outras culturas, como é o caso da sociedade norte-
americana, torna-se essencial considerar a situação familiar e o meio social nos 
estudos sobre adolescência, segundo Kalina, 1999. 
 Os resultados acumulados até o presente sugerem a necessidade de 
novas investigações, que busquem compreender melhor o papel das relações 
familiares no processo adolescente, principalmente no que se refere à exploração 
de temas complexos, como sexualidade e consumo de drogas. 
Assim, pode-se dizer que, apesar das transformações significativas 
vivenciadas pela família nas últimas décadas do século XX e início do XXI, “o 
homem continua depositando nessa instituição a base de sua segurança e bem-
26 
 
 
estar, o que por si só é um indicador da com que essas funções são exercidas na 
contemporaneidade”,Nogueira, 1998. 
 Por essas razões, torna-se imperativo investir em programas de orientação 
para pais com a finalidade de instrumentalizá-los para poderem lidar de forma 
mais adequada com seus filhos adolescentes, auxiliando-os a fornecer 
orientações mais precisas que sirvam de referência para os adolescentes frente a 
situações que necessitem de reflexão e tomada de decisões. 
Assim, os pais podem reduzir suas angústias frente à adolescência dos 
filhos e estes, por sua vez, podem ver os pais como um suporte emocional 
singular ao qual podem recorrer diante das dificuldades de ajustamento que 
enfrentam. 
 17O tratamento é diferenciado não porque o adolescente não sabe o que 
está fazendo – até mesmo uma criança de cinco anos sabe quando faz uma coisa 
errada, mas sim devido à condição peculiar de desenvolvimento em que se 
encontra e ao que a sociedade quer ao responsabilizá-lo: possibilitar a ele um 
recomeço de vida ou fazê-lo sofrer pelos erros cometidos. 
 Por isso, o ECA prevê seis medidas socioeducativas: advertência, 
obrigação de18reparar o dano, prestação de serviços à comunidade, liberdade 
assistida, semiliberdade e internação), que devem ser aplicadas de acordo com a 
capacidade 19 de cumpri-las, as circunstâncias do fato e a gravidade da infração. 
 Além disso, o mais comum é que o adolescente inicie a prática de atos 
ilícitos por um de menor gravidade, como um pequeno furto, por exemplo. 
Assim, se o Estatuto fosse implementado, nesta ocasião deveria ter sido 
aplicada a ele uma medida eficaz, que prevenisse a reincidência. Há municípios 
brasileiros onde isso acontece, e os resultados têm sido bastante positivos. 
 O sistema dos adolescentes também é mais ágil. É mais fácil processar um 
ato cometido por um adolescente que processar o mesmo ato se cometido por um 
 
17 https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/educacao/maioridade-penal-eca.htm 
18 http://www.crianca.mppr.mp.br/pagina-1177.html 
19 http://www.crianca.mppr.mp.br/pagina-1216.html 
https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/educacao/maioridade-penal-eca.htm
http://www.crianca.mppr.mp.br/pagina-1177.html
http://www.crianca.mppr.mp.br/pagina-1216.html
27 
 
 
adulto. Tanto o adolescente quanto o adulto tem direito à defesa. Infelizmente, 
muitos brasileiros não 20podem pagar advogado e não têm defensor público. Por 
isso que o povo está certo em dizer que só quem vai preso é preto e pobre. 
 
 5.1 As medidas socioeducativas 
 
O Estatuto da Criança e Adolescente elencou as medidas socioeducativas, 
que estão previstas no art. 112, do ECA, e são aplicadas aos adolescentes 
havendo ocorrência de algum ato infracional. O rol desse artigo é taxativo, 
podendo aplicar somente as medidas previstas nele. Portanto elas podem ser 
definidas como uma medida jurídica aplicada em procedimento adequado ao 
adolescente autor de ato infracional. 
 Observe-se o art. 112 do ECA: 
 
Art. 112. Verificada a pratica de ato 
infracional, a autoridadecompetente poderá 
aplicar ao adolescente as seguintes medidas: 
I – advertência; 
II – obrigação de reparar o dano; 
III – prestação de serviços à comunidade; 
IV – liberdade assistida; 
V – inserção em regime de semiliberdade; 
VI – internação em estabelecimento 
educacional; 
 
 
28 
 
 
VII – qualquer uma das previstas no art. 
101, I a VI. 
§1º. A medida aplicada ao adolescente 
levará em conta a sua capacidade de cumpri-la, as 
circunstâncias e a gravidade da infração. 
§2º. Em hipótese alguma e sob pretexto 
algum, será admitida a prestação de trabalho 
forçado.21 
§3º. Os adolescentes portadores de 
doença ou deficiência mental receberão 
tratamento individual e especializado, em local 
adequado às suas condições.22 
 
 Konzen Apud Maciel diz; que “além do caráter pedagógico, que visa à 
reintegração do jovem em conflito com a lei na vida social, as medidas 
socioeducativas possuem outro, o sancionatório, em resposta à sociedade pela 
lesão decorrente da conduta típica praticada. Destarte, fica evidente a sua 
natureza híbrida”. 
 As medidas socioeducativas visam, principalmente, à inserção do 
adolescente na família e na sociedade, além da prevenção da delinquência. 
 Atualmente, as medidas socioeducativas têm mais caráter de sanção do 
que pedagógico, visto que não se tem obtido a ressocialização do adolescente 
com muito sucesso. 
 
21 Priscila de Matos Santini apud TAVARES, Sirlei; CREPOP(2005). Aplicabilidade e eficácia das medidas 
socioeducativas impostas ao adolescente infrator- Universidade Tuiuti do Paraná, 2011, p. 46. 
22 ROSSATO, Luciano Alves; LÉPORE, Paulo Eduardo; SANCHES, Rogério. Estatuto..., p. 310. 
29 
 
 
 5.2 Da Advertência 
 23A advertência é a mais branda das medidas socioeducativas e está 
prevista no art. 115 do ECA, que diz: “advertência consiste apenas em 
admoestação verbal, que será reduzida a termo e assinada”. 
Conforme prevê o art. 114, parágrafo único, do ECA, para a aplicação 
dessa medida, será necessário existir “prova da materialidade e indícios 
suficientes da autoria”. Essa medida tem como objetivo esclarecer ao adolescente 
que a conduta que teve é inconveniente, ou seja, inadequada. 
Outra medida importante analisar é o da Prestação de Serviços à 
Comunidade 
Esta medida está elencada no art. 117, do ECA, em que estabelece: 
 
Art. 117. A prestação de serviços comunitários 
consiste na realização de tarefas gratuitas de 
interesse geral, por período não excedente a seis 
meses, junto a entidades assistenciais, hospitais, 
escolas e outros estabelecimentos congêneres, 
bem como em programas comunitários ou 
governamentais. 
Parágrafo único. As tarefas serão 
atribuídas conforme as aptidões do adolescente, 
devendo ser cumpridas durante jornada máxima 
de oito horas semanais, aos sábados, domingos e 
feriados ou em dias úteis, de modo a não 
prejudicar a frequência à escola ou à jornada 
normal de trabalho. 
 
 A prestação de serviços à comunidade consiste em medida socioeducativa 
aplicada ao adolescente, que realiza, gratuitamente, tarefas de interesse geral, 
observando suas aptidões, segundo parágrafo único do art. 117 do ECA. 
 
23 BRAZ, Mirele Alves. Os princípios orientadores da medida socioeducativa e sua aplicação na execução . Disponível 
em: <http://jus.com.br/revista/texto/2282/os-principios-orientadores-da-medida-socio-educativaesua-aplicacao-na-
execução> . 
http://jus.com.br/revista/texto/2282/os-principios-orientadores-da-medida-socio-educativa-e-sua-aplicacao-na-execucao%3e%20Acessoem%20:%2009/08/2012
http://jus.com.br/revista/texto/2282/os-principios-orientadores-da-medida-socio-educativa-e-sua-aplicacao-na-execucao%3e%20Acessoem%20:%2009/08/2012
30 
 
 
Tal determinação não deve ser aplicada contra a vontade do adolescente, 
pois, se isso ocorrer, será trabalho forçado, dentro do exposto do art. 112, §2º, 
sendo proibido. Prevê o art. 117 que a medida não poderá ultrapassar seis meses. 
Terá jornada máxima de oito horas semanais, não podendo atrapalhar os estudos 
ou a jornada de trabalho. 
 Segundo Mirabete apud Liberati: 
O sucesso da inovação dependerá, em muito, do 
apoio que a comunidade der às autoridades 
judiciais, possibilitando a oportunidade para o 
trabalho do sentenciado, o que já demonstra as 
dificuldades do sistema adotado diante da reserva 
com que o condenado é encarado no meio social. 
Trata-se, porém, de medida de 24grande alcance e, 
aplicada com critério, poderá produzir efeitos 
salutares, despertando a sensibilidade popular. 
A realização do trabalho em hospitais, 
entidades assistenciais ou programas 
comunitários poderá alargar os horizontes e 
conduzir as entidades beneficiadas a elaborar 
mecanismos adequados à fiscalização e à 
orientação dos condenados na impossibilidade de 
serem essas atividades realizadas por meio do 
aparelhamento judicial. 
 
 Quanto ao seu cumprimento, o serviço comunitário poderá ser executado 
aos sábados, domingos e feriados, com intuito de não prejudicar a frequência à 
escola e ao trabalho, para tanto, é necessário que o adolescente seja 
acompanhado e orientado por um profissional relacionado ao programa, que irá 
analisar a execução da medida pelo adolescente e elaborará um relatório que 
será enviado à autoridade judiciária, comprovando dessa maneira o desempenho 
nesse serviço. 
 
 
24 https://vivianessilva.jusbrasil.com.br/artigos/133011549/as-medidas-socioeducativas-aplicaveis-ao-menor-
infrator 
https://vivianessilva.jusbrasil.com.br/artigos/133011549/as-medidas-socioeducativas-aplicaveis-ao-menor-infrator
https://vivianessilva.jusbrasil.com.br/artigos/133011549/as-medidas-socioeducativas-aplicaveis-ao-menor-infrator
31 
 
 
 5.3 Da Liberdade Assistida 
 Como prevê o art. 118, do ECA: 
Art. 118. A liberdade assistida será adotada 
sempre que se afigurar a medida mais 
adequada para o fim de acompanhar, auxiliar 
e orientar o adolescente. § 1º. A autoridade 
designará pessoa capacitada para 
acompanhar o caso, a qual poderá ser 
recomendada por entidade ou programa de 
atendimento. § 2º. A liberdade assistida será 
fixada pelo prazo mínimo de seis meses, 
podendo a qualquer tempo ser prorrogada, 
revogada, ou substituída por outra medida, 
ouvindo o orientador, o Ministério Público e o 
defensor. 
 
Segundo Alves, “a medida de liberdade assistida é por excelência a medida 
socioeducativa”. Por meio dela, o adolescente permanece junto à sua família e 
convivendo com a comunidade, ao mesmo tempo em que estará sujeito a 
acompanhamento, auxilio e orientação. Para sua aplicação, deve haver 
voluntariedade do adolescente, pois a intenção é que ele se conscientize e não 
volte a praticar atos infracionais. 
 Como todas as medidas, essa também busca a reinserção do menor na 
sociedade, por isso se faz necessário acompanhamento por orientadores sociais, 
que irão analisar a realidade vivida por ele, fazendo uma ligação entre essa 
realidade e programas sociais. A liberdade assistida será executada por entidade 
de atendimento, governamental ou não governamental, e que terá grande parcela 
de créditos no sucesso ou mesmo no insucesso da medida. 
 O Estatuto da Criança e Adolescente não estabeleceu as condições para o 
cumprimento dessa medida. Isto ficará a cargo da autoridade judiciária, devendo 
observar as condições do adolescente para cumpri-la, observando o art. 112, §2º, 
da ECA. 
32 
 
 
 5.4 Do Regime de Semiliberdade 
 
 O art. 120, do ECA trata da medida de semiliberdade no que couber, as 
disposições relativas à internação. 
 25Nos dizeres de Alves, a medidade semiliberdade é espécie de medida 
restritiva de liberdade, por meio da qual o adolescente estará “afastado do 
convívio familiar e da comunidade de origem, ao restringir sua liberdade, sem, no 
entanto, privá-lo totalmente de seu direito de ir e vir”. 
 Tal procedimento é aplicado aos adolescentes infratores que estudam e 
trabalham de dia, mas à noite serão recolhidos a uma entidade de atendimento, 
sendo aplicada de duas formas: primeiro, pela autoridade judiciária, respeitando o 
processo legal; em segundo, quando houver progressão de regime vale reassaltar 
um exemplo: o adolescente está internado e é beneficiado com a mudança de 
medida, sendo aplicada a semiliberdade. 
 Segundo Liberati: 
Como o próprio nome indica, a 
semiliberdade é um dos tratamentos tutelares 
que é realizado, em grande parte, em meio 
aberto, implicando, necessariamente, a 
possibilidade de realização de atividades 
externas, como a frequência à escola, às 
relações de emprego etc. Se não houver esse 
tipo de atividade, a medida socioeducativa 
perde sua finalidade. 
 
 Para essa medida, será necessário o acompanhamento de um técnico 
social, que irá orientar e auxiliar o adolescente infrator e irá fazer um relatório 
sobre o andamento do caso. 
 
25 http://www.crianca.mppr.mp.br/arquivos/File/publi/ilanud/guia_ilanud.pdf 
http://www.crianca.mppr.mp.br/arquivos/File/publi/ilanud/guia_ilanud.pdf
33 
 
 
 Não prevê no Estatuto da Criança e Adolescente o prazo para o término 
dessa medida, aplicando-se as disposições da internação. Na prática, o que se 
recomenda é que deverá ser 26avaliado a cada seis meses, remetendo um laudo 
de reavaliação à autoridade judiciária, que dará decisão fundamentada sobre o 
caso.27 
 O § 1º do art. 120 diz que será “obrigatória a escolarização e a 
profissionalização, podendo ser utilizados recursos da comunidade”. Mas, ainda 
não existem muitas escolas e estabelecimentos especializados para a aplicação 
dessa medida. 
 
 5.5 Da Internação em estabelecimento educacional 
 
 A medida de internação está prevista no art. 121, do Estatuto da Criança e 
do Adolescente, dispondo dessa forma: A internação é medida privativa de 
liberdade, submetendo-se aos “princípios da brevidade, excepcionalidade e 
respeito aos adolescentes, por estarem em desenvolvimento” segundo o artigo. 
121, do ECA. 
 Vale citar alguns princípios relevantes sobre a tratativa: 
 28O princípio da brevidade quer dizer que a internação não tem prazo, mas 
tem um tempo determinado, que é o mínimo de seis meses e máximo de três 
anos. Há uma exceção no art. 122, §1º, III, segundo o qual a internação será de 
no máximo três meses. 
 O princípio da excepcionalidade estabelece que a medida de internação 
somente será aplicada quando não for mais viável a aplicação das outras ou 
 
26 ONG PRÓ - MENINO. Disponível em: . Acesso em 19 fev. 2019.PINO, A. Direitos e realidade social da criança no Brasil. 
A propósito do "Estatuto da Criança e do Adolescente". Revista Educação & Sociedade, ano XI, n.36, p.61-79, ago., 1990- 
acesso em 28-05-2018 
 
27 ONG PRÓ – MENINO: A. Direitos e realidade social da criança no Brasil. A propósito do "Estatuto da Criança e do 
Adolescente". Revista Educação & Sociedade, ano XI, n.36, p.61-79, ago., 1990- acesso em 28-05-2018 
28 https://juliabr.jusbrasil.com.br/artigos/155146186/principios-norteadores-do-eca 
https://juliabr.jusbrasil.com.br/artigos/155146186/principios-norteadores-do-eca
34 
 
 
quando estas não tiverem 29mais resultado como aborda o art. 122, § 2º, do ECA. 
Se existirem medidas mais adequadas a serem aplicadas, o Juiz deverá aplicá-las. 
Somente deverá empregar a medida de internação em último caso. 
O último princípio, 30que é o do respeito à condição peculiar de pessoa em 
desenvolvimento, está previsto no art. 125, do ECA, que estabelece: “É dever do 
Estado zelar pela integridade física e mental dos internos, cabendo-lhe adotar as 
medidas adequadas de contenção e segurança”. 
 Esclarece Liberati que: 
Ao efetuar a contenção e a segurança dos infratores 
internos, as autoridades encarregadas não poderão, 
de forma alguma, praticar abusos ou submeter a 
vexame ou a constrangimento não autorizado por lei. 
Vale dizer que devem observar os direitos do 
adolescente privado de liberdade, alinhados no art. 
124. 
Essa medida é a mais severa de todas, porque 
restringe a liberdade do adolescente. Atingindo o 
prazo máximo de três anos, a adolescente será 
liberado e colocado em semiliberdade ou em 
liberdade assistida 121, § 6º, do ECA. 
O adolescente, ao completar vinte e um anos de 
idade, será liberado compulsoriamente, art. 121, § 
5º, do ECA. Estabelece o Estatuto que essa medida 
tem caráter pedagógico e educativo, visando 
reintegrar e ressocializar o adolescente perante a 
sociedade e a família. 
 Segundo Paula apud Liberati: 
A internação tem finalidade educativa e 
curativa. É educativa, quando o estabelecimento 
escolhido reúne condições de conferir ao infrator 
escolaridade, 30profissionalização e cultura, visando 
a dotá-lo de instrumentos adequados, para enfrentar 
os desafios do convívio social. Tem finalidade 
curativa, quando a internação se dá em 
estabelecimento o 31cupacional, 32 psicopedagógico, 
 
29 https://jus.com.br/artigos/54521/medidas-socioeducativas-aplicadas-ao-menor-infrator 
30 BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei Federal nº 8069, de 13 de julho de 1990. 
31 JESUS, Damásio Evangelista de. Direito penal: parte geral. 10° edição. São Paulo: Saraiva, 1985.LIBERATI, Wison 
Donizeti. Comentários ao Estatuto da Criança e do Adolecente. São Paulo: Maheiros, 2000.LIBERATI, Wison 
Donizeti. Comentários ao Estatuto da Criança e do Adolecente. São Paulo: Maheiros, 2000. 
https://jus.com.br/artigos/54521/medidas-socioeducativas-aplicadas-ao-menor-infrator
35 
 
 
hospitalar ou psiquiátrico, ante a ideia de que o 
desvio de conduta seja oriundo da presença de 
alguma patologia, cujo tratamento, em nível 
terapêutico, possa reverter o potencial criminógeno 
do qual o menor infrator seja portador. 
 
 Assim, para que se tenha eficácia na medida de internação, é necessário 
que ela seja cumprida em estabelecimento especializado, com profissionais 
altamente qualificados nas áreas psicológica, pedagógica, e com conhecimento 
também em criminologia, para que possa reeducar o adolescente e encaminhá-lo 
ao convívio da sociedade. 
Deve ser observado o art. 122, do ECA, o qual estabelece que a medida de 
internação só poderá ser aplicada quando: “I – tratar-se de ato infracional 
cometido mediante grave ameaça ou violência a pessoa; II – por reiteração no 
cometimento de outras infrações graves; III – por descumprimento reiterado e 
injustificável da medida anteriormente imposta”. 
 Esse rol previsto no art. 122 é taxativo, somente podendo ser internado 
nessas hipóteses elencadas. 
Na primeira hipótese, o ato infracional cometido mediante grave ameaça 
ocorre quando o adolescente infrator fica prometendo praticar algum mal à vítima, 
colocando em perigo a tranquilidade e a liberdade da pessoa. Essa ameaça deve 
ser grave e relevante. 
 O adolescente pode usar também de violência à pessoa, que são lesões, 
ou seja, ofensa à integridade corporal da vítima, podendo até mesmo causar a 
morte. 
 A segunda hipótese configura-se quando o adolescente comete 
reiteradamente outras infrações graves. É justificada a internação nesse caso, 
porque o adolescente já recebeu alguma medida socioeducativa e voltou a36 
 
 
praticar atos infracionais considerados graves, ficando demonstrado que a medida 
anteriormente aplicada não foi eficaz. 
A terceira hipótese dá-se quando o adolescente descumpre, de forma 
reiterada e injustificável, medida anteriormente imposta. Nesse caso, foi aplicada 
uma sanção ao adolescente por determinação judicial, e este não a cumpriu de 
forma reiterada e injustificadamente. Nessa hipótese, o prazo da internação não 
pode ser superior a três meses art. 122, § 1º, do ECA. 
 Poderá existir a chamada “internação provisória”, que ocorrerá: “a) por 
decisão fundamentada do juiz; b) por apreensão do adolescente em flagrante de 
ato Infracional; e, c) por ordem escrita da autoridade judicial”. Como o próprio 
nome já diz, essa internação é provisória, não podendo ser superior a quarenta e 
cinco dias. O juiz irá analisar se estão presentes indícios suficientes de autoria e 
materialidade, manifestando a necessidade dessa medida art. 108, do ECA. 
 A internação, então, é medida excepcional, devendo ser cumprida “em 
entidade exclusiva para adolescentes, em local distinto daquele destinado ao 
abrigo, obedecida rigorosa separação por critérios de idade, compleição física e 
gravidade da infração” art. 123, do ECA. 
O art. 124 do ECA institui os direitos aos adolescentes privados de 
liberdade. 
33As antigas FEBEM’s hoje mudaram de nome e as instituições destinadas 
ao cumprimento da medida de internação são chamadas de Fundação CASA, que 
significa Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente. 
 Essas entidades precisam de um plano de desenvolvimento eficaz, para 
que consigam reeducar e ressocializar essa clientela, para que ela volte a 
conviver em sociedade. 
 
 
33 https://www.al.sp.gov.br/StaticFile/documentacao/cpi_febem_relatorio_final.htm 
https://www.al.sp.gov.br/StaticFile/documentacao/cpi_febem_relatorio_final.htm
37 
 
 
6. A EFICÁCIA DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS EM 
RELAÇÃO AO ADOLESCENTE INFRATOR 
 
 
 
 Quando se fala em eficácia das medidas socioeducativas, há de convir 
que o tema é polêmico. Alguns entendem que elas têm o caráter de reeducar, 
ressocializar o adolescente, outros entendem que o Estatuto estabeleceu, no art. 
112, medida privativa e restritiva de liberdade e, assim, têm natureza 
sancionatória, como resposta da sociedade ao ato infracional que cometeu. 
Para muitos doutrinadores, essa segunda compreensão é equivocada, pois 
sua finalidade não é punir o adolescente infrator, mas sim reeducar, ressocializar 
tornando-o apto ao convívio social. 
A intenção da ECA, em sua origem, era a de conferir às medidas 
socioeducativas um caráter pedagógico-protetivo. Se isso for comprido na prática 
e aplicado a cada caso concreto, ela será eficaz. Portanto, as medidas 
socioeducativas em seu caráter pedagógico se aplicadas de forma prevista no 
código tem resultados eficazes, e se não aplicadas de forma correta não terão a 
eficácia desejada. Em suma as medidas socioeducativas são eficazes, a forma 
como elas são aplicadas pelos operadores do direito da criança e adolescente é 
que são passiveis de críticas. 
As medidas socioeducativas têm aplicabilidade prática na medida que for 
cumprida a letra do Estatuto em consonância com o cumprimento dos órgãos 
públicos, em fornecer a materialidade necessária para concretização do que está 
escrito que atualmente não vem ocorrendo. 
 
 
38 
 
 
7. NOÇÕES BÁSICAS DA MAIORIDADE PENAL 
 
 
 
As crianças e os adolescentes são titulares de direitos humanos como 
quaisquer pessoas. Portanto o estudo do direito da criança e do adolescente deve 
ser visto em conjunto com os direitos fundamentais, dos direitos humanos, cuja 
dimensão subjetiva determina que, em razão de sua condição de pessoa em 
desenvolvimento, fazem jus a tratamento diferenciado, sendo correto afirmar, 
então, que são possuidoras de mais direitos que os próprios adultos.34 
Antes do século XIX, os atos infracionais cometidos por adolescentes no 
Brasil eram regidos pelas ordenações Filipinas, que previam punições para os 
adolescentes de acordo com a prática de seus atos. 
 
 7.1 Histórico 
Vale citar alguns pontos históricos sobre a aplicação das leis em relação a 
Criança e ao adolescente. 
Foi em 1808, D. João VI chegou ao Brasil com sua corte, estavam em 
vigência no Brasil as ordenações Filipinas. De acordo com essas leis que 
vigoravam, a imputabilidade penal iniciava-se aos sete anos de idade, eximindo a 
criança da pena de morte concedendo-lhe redução da pena. Entre dezesseis e 
vinte anos, havia outro sistema. 
Para Pirangelli, “as ordenações Filipinas asseguram apenas em favor dos 
menores de dezesseis anos a inaplicabilidade da pena de morte, reportando-se 
ao título CXXXV do livro quinto daquele diploma legal”. 
 
34 COSTA, Antonio Carlos Gomes da; VIEIRA, Maria Adenil. Protagonismo juvenil: adolescência, educação e participação 
democrática. 2. ed. São Paulo: FTD; Salvador, BA: Fundação Odebrecht, 2006. 
39 
 
 
 7.2 O Código de menores de 1927 
 
35 O Código de menores de 1927 código de mello mattos – CMM 
 O decreto 17.943 – A, de 12.10.1927, mais conhecido como Código de 
Mello Mattos, era composto por 231 artigos e foi assim referendado em 
homenagem a seu autor, juiz José Cândido de Albuquerque Mello Mattos. 
 Mello Mattos foi o primeiro juiz de menores no Brasil e, na época, exerceu 
o cargo na então Capital Federal Rio de Janeiro. A partir do Código de Mello 
Mattos, importantes inovações legislativas foram introduzidas na seara do direito 
penal infanto-juvenil. O CMM estabelecia que, quando com idade maior de 14 
anos e inferior a 18 anos, o menor seria submetido a regime tutelado por esse 
Código e todas as situações de incidência da norma nesse parâmetro seriam 
praticamente reproduzidas no Código de Menores de 197918. 
Embora tenha sido elaborado exclusivamente para o controle de infância 
abandonada e dos delinquentes de ambos os sexos, há de se ressaltar que o 
Código de Mello Matos com todas suas fragilidades e polêmicas foi o primeiro 
diploma legal a dar 36 tratamento sistemático e humanizador à criança e ao 
adolescente. Tal foi o avanço, que, pela primeira vez, previa-se a intervenção 
estatal nessa delicada seara social. 
 
 7.3 Do Código de menores de 1971 
 Sem prever forma expressa de direitos da criança e adolescente, o 
Código de menores de Ano de 1971 não previa expressamente os direitos da 
criança e do adolescente, embora já existissem a carta de 1924, a Declaração de 
1955, a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 e os pactos 
 
35 http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/o-c%C3%B3digo-de-menores-e-o-estatuto-da-crian%C3%A7a-e-
do-adolescente-avan%C3%A7os-e-retrocessos 
36 http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/o-c%C3%B3digo-de-menores-e-o-estatuto-da-crian%C3%A7a-e-
do-adolescente-avan%C3%A7os-e-retrocessos 
https://monografias.brasilescola.uol.com.br/direito/a-eficacia-das-medidas-socioeducativas-relacao-ao-adolescente.htm#sdfootnote18sym
http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/o-c%C3%B3digo-de-menores-e-o-estatuto-da-crian%C3%A7a-e-do-adolescente-avan%C3%A7os-e-retrocessos
http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/o-c%C3%B3digo-de-menores-e-o-estatuto-da-crian%C3%A7a-e-do-adolescente-avan%C3%A7os-e-retrocessos
http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/o-c%C3%B3digo-de-menores-e-o-estatuto-da-crian%C3%A7a-e-do-adolescente-avan%C3%A7os-e-retrocessos
http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/o-c%C3%B3digo-de-menores-e-o-estatuto-da-crian%C3%A7a-e-do-adolescente-avan%C3%A7os-e-retrocessos
40 
 
 
Internacionais: Dos Direitos Civis e Políticos e de Direitos Sociais e Econômicos, 
ambos de 1996. 
 A ONU elaborou outras declarações de vocação universal, como a 
Declaração Internacionaldos Direitos da Criança de 1959, as Regras Mínimas de 
Beijing de 1985 e a Convenção Dos Direitos da Criança de 1989. 
 
7.4 Do Códigos de menores de 1979 
Em 1968 e em 1970, realizam-se dois encontros nacionais de Juízes 
respectivamente. Um na cidade de Brasília, o III encontro, e na cidade de 
Guanabara, o IV encontro de juízes menores. As discussões realizadas neles 
foram fundamentais para nortear os direitos dos menores, possibilitando aos 
magistrados não abrir mão de conquistas importantes adquiridas ao longo da 
história nas questões referentes ao trato do menor. Todos esses elementos foram 
preparando o ambiente, para mais tarde, no dia 10 de outubro de 1979, ser 
estabelecido o novo Código de Menores, a Lei 6.697/79. 
 Vale a pena lembrar que a Doutrina da Situação Irregular foi a ideologia 
inspiradora do Código de Menores, Lei 6.697/79. 
No capítulo anterior, foi comentado que a Doutrina da Situação Irregular 
partia do princípio e ideia de criminalização de pobreza e não fazia distinção entre 
menor abandonado e delinquente, pois na condição de menores em situação 
irregular eram enquadrados tanto os infratores, quanto os menores abandonados. 
 Para Saraiva, essa doutrina pode ser sucintamente definida como sendo 
aquela em que os menores passam a ser objeto de norma quando se 
encontrarem em estado de patologia social. Dado foi o avanço nesse Código, que 
chegou-se afirmar que quem estava errado era o Estado Brasileiro. 
41 
 
 
 8. A CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 E AFIRMAÇÃO 
DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 
 
 
 
Com a Lei 6.697/79, Institui o Código de Menores. Houve um rompimento 
com a doutrina da situação irregular, o que possibilitou ao ordenamento jurídico 
adotar a doutrina da proteção integral. 
Essa nova perspectiva no direito da Criança e Adolescente, com 
fundamento na Doutrina da Proteção, segundo Saraiva, mudou a condição 
desses objetos do processo para o status de sujeitos do processo, em condição 
peculiar de desenvolvimento , art. 6º do Estatuto da Criança e Adolescente. 
 Desta forma, a constituição Federal de 1988 também atribui essa 
responsabilidade à sociedade e ao Estado. 
 37O art.227 da Constituição dispõe. 
 
Art. 227 É dever da família, da sociedade 
e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e 
ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, 
à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à 
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao 
respeito, à liberdade e à convivência familiar e 
comunitária, além de colocá-los a salvo de toda 
forma de negligência, discriminação, exploração, 
violência, crueldade e opressão. 
 
 
37 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm
42 
 
 
A introdução pela doutrina de Proteção Integral na Constituição de 1988 
permitiu às crianças e aos adolescentes serem reconhecidos como pessoas em 
desenvolvimento, independentemente de sua condição social. 
 A Proteção Integral, segundo o artigo 227 da Constituição Federal de os 
aspectos específicos que o Princípio da Proteção Integral para a criança e ao 
adolescente. 
 38 O desejo de reconhecer a proteção integral para a criança e o 
adolescente é antigo no mundo. Em 1924, com a declaração de Genebra, ficou 
evidente a necessidade de implantar a Doutrina da Proteção Integral. Seguindo a 
mesma linha, a declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1949, 
mencionava a importância da garantia de direitos e de assistência especiais para 
as crianças. Havia o Pacto de São José da Costa Rica, de 1969, que proclamava, 
em seu art. 19, que todas as crianças têm direito às medidas de proteção por 
parte da família, da sociedade e do Estado. 
Após tantos congressos e convenções referentes à Proteção Integral e 
consolidação de leis que garantam os direitos da infância e da adolescência, o 
Brasil deu grandes passos seguindo essa tendência mundial, que caminhava na 
direção de proteção dos direitos da infância e adolescência. Mediante as 
conquistas da Carta Magma, segundo a qual, independentemente da idade, raça, 
ou credo, somos todos seres de direitos, foi editada e promulgada a Lei 8.069/90- 
Estatuto da Criança e do Adolescente. 
 
8.1 O adolescente e a prática de ato infracional 
 
 Segundo afirma Saraiva, a opção da legislação brasileira de fixar a 
adolescência no período compreendido entre zero hora do dia em que a criança 
completa doze anos até o instante antecedente a zero hora do dia em que o 
adolescente completa dezoito anos, se constitui uma decisão política criminal. 
 
38 AZAMBUJA, Maria Regina Fay de. A criança o adolescente: aspectos históricos 
43 
 
 
 Nos tempos atuais, há um aumento excessivo da violência praticada por 
jovens infratores, quase todos os dias há situações de crueldade infanto-juvenil 
alarmantes, algumas vezes pode ser devido aos 39conflitos causados dentro do 
lar; outras, por uma situação social que é o envolvimento desses jovens com o 
tráfico de drogas e o crime organizado. 
Para uma melhor compreensão acerca do tema, acredito que seja 
importante percebermos esse problema como um fator sócio jurídico que 
interligue a sociedade em conjunto com os parâmetros legais de nossa 
constituição, tendo em vista a garantia de direitos e dignidade da pessoa humana. 
É evidente que o assunto gera muita polêmica na sociedade e abre espaço 
também para questionamentos sobre a conduta desse adolescente no seu papel 
de cidadão. 
 Do ponto de vista sociocultural, percebemos que esses adolescentes são 
todos vítimas de um complexo sistema decorrente da desordem do estado e da 
família, contudo existem no Brasil leis e programas que oferecem aos menores 
infratores a possibilidade de reabilitação e proteção, para que possam voltar ao 
seu convívio social. 
 40Como um marco importantíssimo nessa seara, posso citar, por exemplo, o 
ECA, que é um estatuto regulamentar e prevê leis de auxílio ao adolescente e 
que, ao mesmo tempo, aprova penas mais severas, quando o adolescente pratica 
algum delito mais grave. 
Por essa razão, ao trazer garantia ao adolescente, o estatuto deixou 
algumas dúvidas ao menos para muitas pessoas, isso porque essas iniciativas 
previstas no ECA foram vistas por alguns como uma espécie de superproteção 
para os menores que, no ato de violência, tivessem um certo apoio das 
autoridades competentes em segurança. 
Trata-se, porém, de distorção e má aplicação do ECA, que precisa ser 
muito estudado pelos legisladores da infância e da adolescência. 
 
39 https://jus.com.br/artigos/54520/adolescente-e-a-pratica-do-ato-infracional 
40 https://jus.com.br/artigos/54520/adolescente-e-a-pratica-do-ato-infracional 
https://jus.com.br/artigos/54520/adolescente-e-a-pratica-do-ato-infracional
https://jus.com.br/artigos/54520/adolescente-e-a-pratica-do-ato-infracional
44 
 
 
Numa percepção lógica, o adolescente pode ser definido como um 
indivíduo muito vulnerável devido a essas características citadas anteriormente, 
pois nos passam um pouco uma ideia de periculosidade. Sendo assim, ele pode 
cometer certa violência contra o outro, tendo como conceito de “ato infracional”. 
Esse assunto está sendo muito debatido nos dias atuais pelo fato de ser um 
problema considerado social e muitas vezes presente em nossas vidas, quando 
deparamos com essa violência. 
Podemos de certo modo, deduzir que o menor infrator pode ter tido algum 
trauma familiar ou, muitas vezes, deixado de escutar os seus estudos de 
formação para assim ter alguma participação financeira dentro do seu lar. 
Partindo dessas situações, vem à tona uma grande onda de influênciasdeterminantemente desproporcionais às grandes vítimas dessa violência que são 
os jovens adolescentes, no que vemos o reflexo demonstrativo de incapacidade 
do nosso estado em promover com a sociedade moderna um patamar de vida 
adequado para crianças, adolescentes e jovens. 
 A prática de um ato infracional não é significado de caráter ou um desvio 
moral, mas pode ser também uma forma de sobrevivência, lutando contra o 
abandono e violências sofridas por esses adolescentes. 
Não se pode generalizar dizer que somente os adolescentes pobres, de um 
grupo marginalizado, cometem atos infracionais, 41pois nem todos cometem tais 
atos, e existem aqueles adolescentes de classe econômica média a alta que 
cometem atos infracionais. 
Esses atos cometidos por adolescentes de classes favorecidas não se 
justificam por falta de oportunidade, nem discriminação social, mas por fatores 
morais e psicológicos. 
 Há quem fale que o indivíduo já nasce com personalidade criminosa, com 
instinto voltado para o crime, mas não se pode aceitar semelhante posição. 
 
41 https://www.mdh.gov.br/biblioteca/crianca-e-adolescente/adolescentes-autores-de-atos-infracionais-estudos-
psicossociais-adolescentes_miolo-leitura.pdf e PINO, A. Direitos e realidade social da criança no Brasil. A propósito do 
"Estatuto da Criança e do Adolescente". Revista Educação & Sociedade, ano XI, n.36, p.61-79, ago., 1990 
https://www.mdh.gov.br/biblioteca/crianca-e-adolescente/adolescentes-autores-de-atos-infracionais-estudos-psicossociais-adolescentes_miolo-leitura.pdf
https://www.mdh.gov.br/biblioteca/crianca-e-adolescente/adolescentes-autores-de-atos-infracionais-estudos-psicossociais-adolescentes_miolo-leitura.pdf
45 
 
 
 9. O ADOLESCENTE DO SÉCULO XXI 
 
 
 
 Adolescência inicia-se segundo o ESTATUTO DA CRIANÇA E DO 
ADOLESCENTE artigo 2°, aos 12 anos de idade. Deste modo as mudanças tanto 
hormonais e sociais começam a surgir. 
 No inicio, as mudanças físicas mostram-se mais visíveis, mas a imagem 
que o adolescente tem de si apresenta muitas vezes confusa. 
 A disponibilidade das redes de comunicação e os recursos midiáticos que 
podem beneficia-los mas também pode ser trazer malefícios se não utilizarem 
corretamente e não tiverem algum responsável monitorando e aconselhando, pois 
a facilidade e a comodidade para os relacionamentos, se não souberem filtrar tais 
relacionamentos e a tecnologia cada vez avançada, se perdem os valores de 
família, relacionamento e perspectiva de vida. 
 Os valores caducam principalmente quando a pessoa é submetida a um 
estilo de vida em que a permanência dos costumes a mostra-se escassa, a base 
familiar é um dos principais fatores para a formação e no desenvolvimento da 
criança e do adolescente. 
 Os adolescentes vivem em constante mudança e necessitam de apoio 
sólido, emocional, em cada etapa de suas mudanças, tanto; biológicas, 
espirituais, psicológicas, e profissionais. 
 
 
 
46 
 
 
 CONCLUSÃO 
 
 Sendo assim, mesmo com os avanços trazidos na esfera penal infanto-
juvenil, o Estatuto da criança e do adolescente carece de ser aperfeiçoado. 
Do ponto de vista normativo, há necessidade de que imediatamente seja 
regulamentado por lei o processo de execução das medidas socioeducativas, em 
face do que se fez lacônico. 
É certo que muitos são os motivos que levam um adolescente à prática 
delituosa, entretanto, cabe à sociedade buscar uma melhor efetivação de punição 
e prevenção. 
Nessa linha, sobre o argumento de maior destaque aos defensores da tese 
contrária à redução da maioridade penal, gira em torno do artigo 228 da 
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 ser cláusula pétrea, 
porém, como já descrito no trabalho, o artigo 60, parágrafo 4º da Carta Magna 
apenas relata que não pode haver supressão dos direitos e garantias, o que de 
fato não ocorreria, pois, respectivos direitos e garantias ainda estariam previstos, 
sofrendo uma alteração diante da realidade fática atual, não sendo considerada 
sua inconstitucionalidade. 
 Ademais, por cláusula pétrea o artigo 5º da Lei Maior, de modo que a 
inimputabilidade não está presente no mesmo, devendo ser aplicadas formas 
eficazes de penas para adolescentes entre idade de dezesseis e dezoito anos 
incompletos, porquanto os mesmos têm capacidade de entendimento e 
autodeterminação, devendo os estabelecimentos prisionais atender aos que se 
encontram diante desta realidade na mesma forma que faz a segmentação 
quando tratamos de presídios femininos e masculinos, ficando os jovens 
separados dos adultos, pois, é nítido que os locais atuais, as unidade de 
Fundação Casa - Fundação Centro de Atendimento Socioeducativo ao 
Adolescente - também não regeneram, de modo que o ECA tem uma conduta, 
47 
 
 
muito branda, principalmente, diante de crimes hediondos e de maior potencial 
ofensivo. 
Feita a pesquisa sobre o sistema carcerário do Brasil, pode-se observar a 
precariedade, condições inadmissíveis e desumanas. 
É lógico que o Estado deveria proporcionar condições sociais e 
educacionais a todos, porém, se pode aceitar que as coisas permaneçam sem 
solução. Uma mudança social é necessária, mas enquanto a mesma não chega, 
não se justifica a aversão de algumas pessoas quanto à alteração legal diante de 
todos os apontamentos feitos. 
Até porque o direito precisa acompanhar a evolução da sociedade. 
Assim, os indivíduos maiores de dezesseis e menores de dezoito anos têm 
plena capacidade de entendimento e vontade, diferente do jovem de 1940, motivo 
pelo qual, se não houver a redução da maioridade penal ou o aumento do tempo 
de internação em unidades socioeducativas, mais uma vez, nosso país e a 
sociedade no geral serão os culpados por promover a prática de atos delituosos 
sem a necessária represália e a tão sonhada ressocialização. 
Logo, a redução da maioridade penal é uma questão a ser bem analisada 
antes de ser implantada no sistema jurídico brasileiro. 
 
 
 
 
 
 
48 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
 
GEIGER, Myléne (Orgs.). Conversando sobre Adolescência e 
Contemporaneidade. 7. ed. Porto Alegre: Libretos, 2004 
LIBANIO, João Batista. Jovens em tempos de pós-modernidade - 
considerações socioculturais e pastorais. São Paulo: Edições Loyola, 2004. 
SARAIVA João Batista Costa. Adolescente em Conflito com a Lei da 
Indiferença a Proteção Integral – uma abordagem sobre a responsabilidade 
penal. 4. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2012. 
SARAIVA, João Batista Costa. “Adolescente e Ato Infracional: Compendio de 
direito penal juvenil”. 4. ed. Porto Alegre: Livraria Advogado, 2011. 
SARAIVA, João Batista Costa. “Adolescente e Ato Infracional: garantias 
processuais e medidas socioeducativas”. 8. ed. Porto Alegre: Livraria do 
Advogado, 1999. 
SIRLEI; CREPOP. A aplicabilidade e eficácia das medidas socioeducativas 
impostas ao adolescente infrator. Curitiba: Universidade Tuiuti do Paraná, 2011. 
SOARES, Luiz Eduardo. Juventude e violência no Brasil contemporâneo. In: 
NOVAES, Regina. VANNUCHI, Paulo (Orgs.) Juventude e sociedade. São Paulo: 
Editora Fundação Perseu Abramo, 2004. 
VIOTO, Alessandra. Dos atos infracionais praticados por crianças e 
adolescentes. 2002. Monografia (Bacharelado em Direito) – Faculdades 
Integradas “Antônio Eufrásio de Toledo”, Presidente Prudente, 2002.VOLPI, Mário 
(ORG). O adolescente e o ato infracional. 
 
49 
 
 
LEGISLAÇÃO CONSULTADA 
 
BRASIL. Constituição (1988). Constituição [da] República Federativa do Brasil.. 
Estatuto da Criança e do Adolescente Comentado. 5. ed. São Paulo: RT, 
2013.TAVARES 
 
SITES CONSULTADOS 
 
 COSTA, Antonio Carlos Gomes da; VIEIRA, Maria Adenil. Protagonismo juvenil: 
adolescência, educação e participação democrática. 2. ed. São Paulo: FTD; 
Salvador,

Outros materiais