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UNISALESIANO Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium Curso de Pós Graduação “Lato Sensu” em MBA em Gestão Financeira e Contábil Renata Aparecida Azoni UM ESTUDO SOBRE AS ALTERAÇÕES NOS PROCEDIMENTOS DE AUDITORIA CONFORME A NOVA LEI 11.638/07 LINS – SP 2009 1 RENATA APARECIDA AZONI UM ESTUDO SOBRE AS ALTERAÇÕES NOS PROCEDIMENTOS DE AUDITORIA CONFORME A LEI 11.638/07 Monografia apresentada à Banca Examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, como requisito parcial para obtenção do título de especialista em MBA em Gestão Financeira e Contábil sob a orientação dos professores André Ricardo Ponce dos Santos e Heloisa Helena Rovery da Silva. Lins – SP 2009 2 RENATA APARECIDA AZONI UM ESTUDO SOBRE AS ALTERAÇÕES NOS PROCEDIMENTOS DE AUDITORIA CONFORME A LEI 11.638/07 Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, para obtenção do título de especialista em MBA em Gestão Financeira e Contábil. Aprovada em:_________/_________/_________ Banca Examinadora: Prof. M.Sc. André Ricardo Ponce dos Santos Mestre em Administração pela Faculdade de Gestão e Negócios da Universidade Metodista de Piracicaba – UNIMEP ___________________________________ Profª M.Sc. Heloisa Helena Rovery da Silva Mestre em Administração pela CNEC/FACECA – MG ___________________________________ Lins – SP 2009 3 AGRADECIMENTOS A DEUS Por iluminar sempre o meu caminho, e me dar forças nos momentos mais difíceis e jamais me abandonar. Obrigada senhor por tudo que me concedeste. AOS MEUS ORIENTADORES ANDRÉ RICARDO E HELOISA DA SILVA Obrigada pela compreensão, dedicação, disposição que sempre tiveram, e por partilhar seus conhecimentos para a realização deste trabalho. Parabéns pela competência e que Deus os abençoe sempre. Renata Aparecida Azoni 4 RESUMO O presente estudo decorre da necessidade de aprimorar e aprofundar o conhecimento ao que se refere aos procedimentos de auditoria conforme a lei 11.638/07. Este estudo resgata dados históricos sobre auditoria, auditor, Ética, Responsabilidade Social, Educação Profissional Continuada e traz o conceito e alterações ocorridas com a vigência da lei que alterou e revogou alguns artigos da lei das Sociedades Anônimas que é a 6.404/76. O âmbito da sociedade anônima é extremamente importante atualmente, assim como foi historicamente, por possibilitar o desenvolvimento de atividades impossíveis sem o levantamento de capital e tornou-se um dos principais instrumentos do sistema capitalista, basta observar que, mesmo em menor quantidade possui a mesma relevância econômica, ou até maior, que as sociedades limitadas. Um dos aspectos mais importantes da nova lei é a maior transparência das informações, e abre definitivamente a economia brasileira para o mercado de capitais global atraindo assim novos investimentos, devido à introdução dos padrões contábeis confiáveis e universalmente conhecidos. Muitas melhorias foram sendo introduzidas na normatização contábil brasileira desde então por meio da CVM e de outros órgãos reguladores e como muitos sabem, a União Européia, em conjunto com mais outros setenta paises, adotam ou estão no caminho da adoção das normas do IASB – International Accounting Standards Board -, e o governo brasileiro assumiu o compromisso de também seguir esse caminho. Cabe ressaltar que esta lei não é, em si, a internacionalização, alguns de seus artigos adotam algumas dessas normas, mas, o que é muito importante, ela permite que o Brasil dite seu ritmo daqui para frente normatizando nessa direção, principalmente porque provoca a segregação entre a contabilidade societária e a fiscal, que era o maior motivo da impossibilidade de evolução Também não há dúvidas de que a implementação desta nova lei exigirá amplos debates e capacitação dos usuários, ou seja, um enorme impacto na qualificação profissional dos contadores, onde cabe ressaltar a importância da educação profissional continuada. Palavras–chave: Auditoria. Sociedade Anônima. lei 11.638/07. 5 ABSTRACT This study arises from the need to enhance and deepen knowledge in regard to audit procedures as the law 11638/07. This study presents historical data on audit, auditor, Ethics, Social Responsibility, Continuing and Professional Education brings the concept and changes in the life of the law amending and repealing certain articles of the Law of Corporations which is 6404/76. The scope of the corporation is extremely important today, as it was historically, by enabling the development of activities impossible without the removal of capital and became a major instrument of the capitalist system, it suffices to note that, even in small amounts has the same economic relevance, or even more, the companies limited. One of the most important aspects of the new law is the greater transparency of information, and finally opening the Brazilian economy to the global capital market thereby attracting new investment, due to the introduction of reliable accounting standards and universally known. Many improvements have been made to standardize accounting Brazilian since then through the CVM and other regulatory bodies and as many know, the European Union, together with over seventy other countries, have adopted or are in the path of adoption of the standards of the IASB - International Accounting Standards Board - and the Brazilian government also undertook to follow this path. It is important that this law is not, in itself, internationalization, some of its articles adopt some of these standards, but very importantly, it allows the country dictate their pace going forward in this direction standardized, mainly because it causes the segregation between the accounting and corporate tax, which was the biggest reason for the impossibility of evolution There is no doubt that the implementation of this new law will require extensive discussions and training of users, an enormous impact on the professional qualifications of accountants, where it is emphasize the importance of continuing professional education Word-keys: Audit. Anonymous Society. Law 11638/07. 6 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS BACEN – Banco Central do Brasil CFC – Conselho Federal de Contabilidade CPC – Comitê de Pronunciamento Contábil CRC – Conselho Regional de Contabilidade CVM – Comissão de Valores Mobiliários IAIB – Instituto de Auditores Independentes do Brasil IBRACON – Instituto Brasileiro de Contadores NBC – Normas Brasileiras de Contabilidade OIO – Instituto de Auditores Internos do Brasil PED – Processamento Eletrônico de Dados PIB – Produto Interno Bruto S/A – Sociedade Anônima SFN – Sistema Financeiro Nacional TCU – Tribunal de Contas da União 7 SUMÁRIO INTRODUÇÃO.................................................................................................... 9 CAPÍTULO I – A AUDITORIA.......................................................................... 12 1 CONCEITO E DEFINIÇÃO DE AUDITORIA......................................... 12 1.1 Origem da auditoria independente......................................................... 15 1.2 Surgimento da auditoria no Brasil.......................................................... 18 1.3 Tipos de auditoria................................................................................... 19 1.3.1 Auditoria no setor público.......................................................................20 1.3.2 Auditoria independente.......................................................................... 20 1.3.3 Auditoria interna..................................................................................... 21 1.4 O auditor e órgãos nacionais................................................................. 24 1.5 Ética profissional.................................................................................... 27 1.6 Normas e procedimentos de auditoria................................................... 29 1.7 Normas profissionais de auditor independente...................................... 31 1.7.1 Competência técnica profissional........................................................... 31 1.7.2 Independência........................................................................................ 32 1.7.3 Responsabilidade do auditor na execução dos trabalhos...................... 32 1.7.4 Honorário................................................................................................ 33 1.7.5 Guarda da documentação...................................................................... 33 1.7.6 Sigilo....................................................................................................... 33 1.7.7 Responsabilidade pela utilização do trabalho do auditor interno........... 34 1.7.8 Responsabilidade pela utilização do trabalho de especialistas............. 34 1.7.9 Informações anuais aos conselhos regionais de contabilidade............. 34 1.7.10 Educação continuada............................................................................. 35 1.7.11 Exame de competência profissional....................................................... 35 1.8 Função social e responsabilidade do auditor......................................... 35 1.9 Legislação brasileira relacionada à auditoria......................................... 38 CAPÍTULO II – APRESENTAÇÃO DE MODO ESTRUTURADO DE UMA ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE A LEI 6.404/76 E 11.638/07.......... 40 2 DEFINIÇÃO DAS LEIS 6.404/76 E 11.638/07....................................... 40 8 2.1 Definição de s/a aberta e fechada...........................................................44 2.2 Empresas obrigadas a se enquadrarem como S/A................................ 45 2.3 Definição de lucro real............................................................................ 46 2.4 Análise comparativa entre a lei 6.404/76 e 11.638/07........................... 48 CAPÍTULO III – EVIDENCIAÇÃO DAS ALTERAÇÕES OCORRIDAS NO PATRIMÔNIO LÍQUIDO............................................................................. 53 3 ELIMINAÇÃO DAS RESERVAS DE REAVALIAÇÃO, JÁ QUE NOVAS REAVALIAÇÕES ESTÃO PROIBIDAS............................................. 54 3.1 Eliminação das reservas de prêmios por emissão de debêntures e doações e subvenções para investimento..................................................... 56 3.2 Eliminação da conta de Lucros Acumulados, só poderá existir a de prejuízos acumulados.................................................................................. 58 CONCLUSÃO................................................................................................... 61 REFERÊNCIAS................................................................................................ 62 9 INTRODUÇÃO Condizentes que o cenário contábil sofre inúmeras alterações em sua legislação, as empresas buscam constantemente profissionais que possa auditar suas informações de modo que se obtenha clareza e confiabilidade nos números apresentados. O auditor independente é possuidor de uma capacidade profissional que permite a utilização de procedimentos adequados com os trabalhos de auditoria, trabalhos que se tornam mais complexos quando a empresa está enquadrada pela legislação do lucro real. Muitas empresas estão migrando para a tributação do lucro real, porém é importante e necessário que os proprietários estejam cientes das diversas obrigações, principalmente porque a determinação do lucro é com base em demonstrações financeiras trimestrais e consequentemente semestrais e anuais. Sendo assim, essa legislação tributária exige que as empresas optantes pelo lucro real mantenham atualizadas e a disposição do fisco a escrituração contábil e fiscal. O descumprimento das obrigações tributárias pode caracterizar crime contra a ordem tributária, mas cabe ressaltar que a lei não pune a simples falta de recolhimento de tributos, e sim a que decorre da adoção de meios fraudulentos para supressão ou redução de tributos devidos. Portanto, o auditor deve tomar muito cuidado para não fazer juízos com base em meras conjecturas, o dolo e fraudes devem ser provados em qualquer hipótese. Diante do exposto, percebe-se que um trabalho de auditoria em uma empresa enquadrada pela legislação do lucro real, deve ser muito minucioso, ou seja, complexo. No final de 2007, entrou em vigor a lei 11.638/07 que altera e revoga alguns artigos da lei 6.404/76 e 6.385/76 que regulamenta as sociedades anônimas, que são obrigatoriamente optantes pelo lucro real. Assim, existem normas e procedimentos de auditoria, onde os procedimentos se refletem nas 10 ações a serem praticadas e as normas tratam das medidas de qualidade de execução dessas ações. A lei 6.404/76, há mais de trinta anos, provocou a maior revolução da história da normatização contábil brasileira, modernizando-a enormemente à época. Muitas melhorias foram sendo introduzidas na normatização contábil brasileira desde então por meio da Comissão de Valores Mobiliários - CVM e de outros órgãos reguladores, e agora no final de 2007 com a aprovação da lei 11.638/07, mais um enorme avanço foi dado, pois esta lei permite que a nossa contabilidade possa convergir rapidamente com as normas internacionais. Essa lei, não é em si, a internacionalização, mas já alguns de seus artigos adotam algumas dessas normas, mas o que é muito importante, ela permite que o Brasil dite seu ritmo daqui para frente normatizando nessa direção. Sua importância está na medida do que se propõe alinhar os princípios contábeis utilizados no país ao padrão IFRS (International Financial Reporting Standards). Utilizado em diversos paises, dando mais transparência ao desempenho das empresas e segurança ás operações, reduzindo assim o risco nos negócios. Assim, surgiu à necessidade de pesquisar o trabalho do auditor independente, se está mais complexo frente às novas exigências da lei 11.638/07? Pois, essa nova lei contábil causou um enorme impacto na qualificação profissional dos auditores, e também contadores que devem alinhar-se diante da nova lei, para atender a todos os requisitos. O objetivo desse trabalho é resgatar os principais conceitos e características sobre os trabalhos de auditoria, assim como evidenciar o perfil de um auditor perante a legislação do Conselho Federal de Contabilidade e Conselho Regional de Contabilidade - CFC/CRC. Diante da nova lei, apresentar de modo estruturado uma análise comparativa entre a lei 11.638/07 e 6.404/76, e demonstrar as alterações ocorridas no patrimônio líquido. Para realizar este trabalho, foi utilizado o método de pesquisa bibliográfica, sendo que, a revisão realizada tem base nas linhas teórica dos 11 seguintes autores: Almeida, Andrade, Attiê e Crepaldi, abrangendo o período de 1998 a 2008. 12 CAPÍTULO I A AUDITORIA 1 CONCEITO E DEFINIÇÃO DE AUDITORIA No âmbito de estudo da ciência contábil, os trabalhos de auditoria estão sendo considerados instrumentos de aferição de procedimentos contábeisempregados em uma organização. Neste contexto, segundo Franco e Marra (2001), a contabilidade, através de suas técnicas e procedimentos, estuda e controla o patrimônio, com a finalidade de demonstrar e fornecer informações sobre sua estrutura e sua composição. Entre as mais diversificadas áreas de atuação das diversidades da ciência contábil, a auditoria vem alcançando um desenvolvimento excepcional. O trabalho de auditoria compreende o exame de documentos, livros e registros, inspeções e obtenções de informações e confirmações internas e externas, relacionados com o controle do patrimônio de uma determinada entidade ou conjunto de aziendas. Os exames são efetuados de acordo com as normas de auditoria geralmente aceitas e incluem os procedimentos que os auditores julgarem necessários, para obter elementos de convicção com o objetivo de comprovar se os registros contábeis foram executados de acordo com os princípios fundamentais e normas de contabilidade, e se suas demonstrações contábeis refletem adequadamente a situação econômica financeira do patrimônio da organização. A auditoria é a técnica contábil utilizada para avaliar as informações geradas pela contabilidade, sendo assim a auditoria é um complemento indispensável para que os princípios fundamentais da contabilidade sejam cumpridos na íntegra. O trabalho de auditoria vangloria a contabilidade, pois fiscaliza o controle do objeto comum, o patrimônio, que através de suas técnicas, obtém informações sobre a mutação do mesmo. 13 Este procedimento tão empregado tem como objetivo confirmar a confiabilidade dos meios na qual ela utiliza os registros dos fatos e as demonstrações contábeis, aperfeiçoando seus fins, e auxiliando na divulgação de informações para fins de orientação administrativa e de investidores, assim como no cumprimento de obrigações legais, fiscais e controle patrimonial. Através desta, atesta-se a adequação dos registros e informando as deficiências observadas. Sendo assim: Auditoria é a técnica contábil que através de procedimentos específicos que lhe são peculiares, aplicados no exame de registros e documentos, inspeções, e na obtenção de informações e confirmações relacionadas com o controle do patrimônio de uma entidade, objetiva obter elementos de convicção que permitam julgar se os registros contábeis foram efetuados de acordo com os princípios fundamentais e normas de contabilidade e se as demonstrações contábeis refletem adequadamente a situação econômica financeira do patrimônio, os resultados do período administrativo examinado e as demais situações nelas demonstradas. (FRANCO; MARRA, 2001, p. 28). O objeto da auditoria é o conjunto de todos os elementos de controle do patrimônio administrativo, os quais compreendem registros contábeis, papéis, documentos, fichas, arquivos e anotações que comprovem a veracidade dos registros e a legitimidade dos atos da administração. Admite-se também, que a auditoria pode ter por objeto os fatos não registrados documentalmente, mas relatados por aqueles que exercem atividades relacionadas com o patrimônio administrativo, cuja informação mereça confiança. Pode a auditoria, basear-se em informações obtidas externamente a organização, como à confirmação de contas correntes de terceiros e de saldos bancários. Essas informações de fontes externas oferecem melhores características de credibilidade do que aquelas obtidas dentro da própria entidade auditada. Sobre este objeto a auditoria exerce sua ação preventiva, para confirmar a veracidade dos registros e a confiabilidade dos comprovantes, com a finalidade de opinar sobre as demonstrações contábeis. 14 O fim principal da auditoria é a confirmação dos registros contábeis e demonstrações contábeis e alcançado seus objetivos, ela contribui para confirmar os próprios fins da contabilidade, pois avalia a adequação dos registros, dando à administração, ao fisco, e aos proprietários, a convicção de que suas demonstrações contábeis refletem ou não a situação do patrimônio em um determinado momento. Entretanto, a finalidade da auditoria não é apenas de confirmar a existência dos registros e sua veracidade, mas vai além, julgando da moralidade do ato praticado. O registro poderá estar tecnicamente elaborado, assim como o fato ser legalmente comprovado, porém o ato da administração poderá ser moralmente indefensável, cabendo para a auditoria apontá-lo para julgamento dos titulares do patrimônio da organização ou de seus possíveis credores. Embora a auditoria não se destine a descoberta de fraudes, erros ou irregularidades praticadas por administradores ou funcionários, ela frequentemente apura tais fatos, através de procedimentos que lhe são próprios. A auditoria deixou de ser apenas um instrumento criado pela administração para aumentar seus controles sobre o pessoal administrativo. Atualmente é meio indispensável de confirmação da eficiência dos controles e fator de maior tranqüilidade para a administração e maior garantia para investidores, bem como para o próprio fisco, que tem na auditoria o colaborador eficiente e insuspeito, que contribui indiretamente para melhor aplicação das leis fiscais. (FRANCO; MARRA, 2001, p. 34). Para a sociedade em sua plenitude, à auditoria oferece algumas vantagens, nas quais pode-se destacar: a) permite a credibilidade das demonstrações contábeis das organizações auditadas; b) assegura a veracidade das informações, das quais dependerá a tranqüilidade quanto à sanidade das organizações; e c) informa, através de suas demonstrações contábeis, o conjunto das organizações, o grau de evolução e solidez da economia nacional. 15 1.1 Origem da auditoria independente De acordo com Boynton; Johnson e Kell (2002), a auditoria surgiu em época tão remota quanto à contabilidade. As autoridades providenciavam verificações independentes nos registros de arrecadação de impostos, na Grécia eram realizadas inspeções nas contas de funcionários públicos, os romanos comparavam gastos com autorizações de pagamentos, e os nobres de castelos medievais ingleses indicavam auditores que revisavam os registros contábeis e relatórios preparados pelos criados. Sob a ótica de Attiê, os trabalhos de auditoria são originários da Inglaterra. Segundo se tem noticias a atividade de auditoria é originária da Inglaterra que, como dominadora dos mares e do comércio em épocas passada, teria iniciado a disseminação de investimentos em diversos locais e por conseqüência, o exame dos investimentos mantidos naqueles locais. (ATTIÊ, 1998, p. 27). A auditoria das organizações começou com legislação britânica durante a Revolução Industrial em meados do século XIX. Com a expansão do mercado e o acirramento da concorrência, houve a necessidade das organizações ampliarem suas instalações fabris e administrativas, investirem no desenvolvimento tecnológico e aprimorarem os controles e procedimentos internos, visando a redução de custos e a maximização dos lucros. Para processar todas essas mudanças as organizações tiveram que adquirir recursos junto a terceiros, principalmente empréstimos a longo prazo, assim como a abertura de seu capital para novos acionistas. Diante disso, houve então, uma necessidade de informações para que os investidores pudessem avaliar seu futuro investimento. A melhor forma de obter essas informações é através das demonstrações contábeis, devendo estas conter dados fidedignos para sua mensuração. Desde então essas demonstrações passaram a ter uma importância significativa, já que a auditoria atua como medida de segurança contra a possibilidade de manipulação das informações. Assim, os futuros investidores passaram a exigir que as demonstrações fossem examinadas por um 16 profissional independente da organização com capacidade técnica reconhecida,esse profissional, é o auditor externo ou independente. Inicialmente, os trabalhos de auditoria tinham que ser realizados por um o mais acionistas, que não fossem administradores da organização e que recebiam delegação dos demais acionistas. A profissão contábil rapidamente se apresentou para atender às necessidades do mercado e logo a legislação foi alterada, permitindo que outras pessoas que não fossem acionistas realizassem a auditoria, empresas de auditoria, então surgiram. No inicio do século XX, a demanda por auditoria expandiu velozmente em razão do crescimento da venda de títulos ao público, tornando necessária a uniformidade na apresentação das demonstrações contábeis. Na década de quarenta, eram observadas três alterações importantes na prática de auditoria, a saber: a) passagem de verificação detalhada das contas para verificação por amostragem como base para emissão de parecer sobre a adequação das demonstrações contábeis; b) desenvolvimento da prática de vincular os testes a serem realizados à avaliação dos controles internos da entidade auditada; e c) redução da ênfase na detecção de fraudes como objetivo de uma auditoria. Na década de oitenta, para que houvesse serviços de alta qualidade, os auditores independentes foram obrigados a participar anualmente de programas de educação profissional continuada, como condição para que mantivessem seus registros. Assim, voluntariamente, a profissão adotou um programa de revisão por partes, onde cada empresa de auditoria submete suas práticas de contabilidade e auditoria por outra, a cada três anos. Nos anos noventa, começou um período de transação para os setores de contabilidade e auditoria, pois nessa época as práticas empresariais estavam modificando-se rapidamente e a contabilidade sofreu grande impacto da tecnologia da informação. Segundo Cook e Winkle (1979), a prática da auditoria independente, desenvolveu-se com o passar do tempo para atender as necessidades de 17 vários usuários da demonstração contábil e outros relatórios, e por conseqüência da confiabilidade do trabalho do auditor independente, esta atividade transformou-se em profissão. As primeiras auditorias consistiam em exames detalhados dos registros e destinavam em verificar se os lançamentos estavam corretos e sua finalidade era detectar desfalques. Com a expansão do sistema contábil e o envolvimento do maior número de pessoas, foi possível dividir o trabalho dentro da empresa, auditores internos tornaram-se parte importante do sistema de controle interno. Segundo Cook e Winkle (1979), os exames de auditoria tornaram-se proibitivo devido seu elevado custo, pois chegou-se a conclusão de que os objetivos de se detectarem erros e falhas poderia ser atingido através de um bom sistema de controle interno, assim o papel do auditor mudou, passando a busca de erros para o exame do sistema e testes de evidências, de modo que se pudesse emitir um parecer sobre a exatidão das demonstrações contábeis. Nos dias de hoje o exame de auditoria consiste em: a) um exame do sistema de controle interno contábil para determinar se o modo em que é projetado permite a manutenção de registros exatos; b) testes das transações a fim de determinar se o sistema de controle contábil funciona como deve; e c) testes de evidências para confirmar os dados apresentados nas demonstrações financeiras. A finalidade da auditoria moderna, geralmente, não é de descobrir desfalques, e sim de possibilitar ao auditor emitir seu parecer sobre a fidedignidade das demonstrações financeiras apresentadas. (COOK; WINKLE, 1979, p.14). Sendo assim, vem ao encontro com Almeida (2003), segundo o autor, não é objetivo principal do auditor externo detectar irregularidades, mas sim examinar as demonstrações contábeis de acordo com as normas de auditoria. A auditoria independente é exercida por firmas de contadores, as quais variam de tamanho, a menor delas se compõe de um único contador e do outro extremo, grandes firmas internacionais com vários contadores na posição de sócio e outros que compõem o pessoal. 18 Os profissionais que trabalham sozinhos devem estar aptos a reconhecerem os limites de sua capacidade, pois só se devem prestar serviços para os quais se estiverem realmente preparados para a consecução de suas atividades. Segundo Attiê (1998), a auditoria tem experimentado expressiva evolução nos últimos anos, permitindo aos que trabalham na área um crescimento substancial de conhecimento em todos os campos que envolvem a contabilidade e os demais setores de uma empresa. Atualmente a auditoria é vista como instrumento de controle administrativo. A auditoria é uma especialização contábil voltada a testar a eficiência e eficácia do controle patrimonial implantado com o objetivo de expressar uma opinião sobre determinado dado. (ATTIÊ, 1998, p.25). Para Attiê (1998), a causa da evolução da auditoria, foi o desenvolvimento econômico dos Paises. A veracidade das informações, o cumprimento das metas, a aplicação de capital investida de forma licita e o retorno do investimento, foram algumas das preocupações que exigiram a opinião de alguém não ligado aos negócios e que confirmasse de forma independente a qualidade e a precisão das informações prestadas, dando desta forma o ensejo ao aparecimento do auditor. 1.2 Surgimento da auditoria no Brasil Por volta da década de 1940, surgiu a auditoria no Brasil, que estava relacionada com a instalação de empresas internacionais de auditoria independente, uma vez que investimentos também internacionais foram aqui implantados e consequentemente tiveram de ter suas demonstrações financeiras auditadas. Esse fato ocorreu em função da necessidade legal, principalmente nos Estados Unidos da América, de os investimentos provenientes do exterior. 19 Essas empresas praticamente iniciaram a auditoria no Brasil, e trouxeram todo um conjunto de técnicas de auditoria, que posteriormente foram aperfeiçoadas. Somente em 1965, pela lei nº. 4728 foi mencionado pela primeira vez na legislação brasileira a expressão auditores independentes. Posteriormente, o Banco Central do Brasil - BACEN, estabeleceu uma série de regulamentos, tornando obrigatória a auditoria externa ou independente em quase todas as entidades integrantes do Sistema Financeiro Nacional – SFN e companhias abertas. O BACEN estabeleceu também por meio da circular nº. 179, de 11 de maio de 1972 as normas gerais de auditoria, ressalta-se que a resolução nº. 321/72 do CFC aprovou as normas e procedimentos de auditoria, os quais foram elaborados pelo Instituto dos Auditores Independentes do Brasil –IAIB-, atualmente denominado IBRACON – Instituto Brasileiro de Contadores. Mais recentemente, a lei das sociedades por ações, lei nº. 6404/76 em seu artigo 177, determinou que as demonstrações financeiras ou contábeis das companhias abetas (ações negociadas em bolsa de valores), fossem obrigatoriamente auditadas por auditores independentes registrados na CVM. A lei das sociedades anônimas determinou que as companhias abertas, além de observarem as normas expedidas pela CVM, serão obrigatoriamente auditadas por auditores independentes registrados na mesma comissão. A lei nº. 6385, de 7 de dezembro de 1976, criou a CVM e estabeleceu a disciplina e fiscalização para as atividades de auditoria das companhias abertas, dando à referida comissão atribuição de examinar a seu critério os registros contábeis, livros ou documentos dos auditores independentes. Somente auditores independentes registrados na CVM, poderão auditar companhias abertas, instituições, sociedades ou empresas que integram o sistema de distribuição e intermediação de valores mobiliários. 1.3 Tipos de auditoria 1.3.1 Auditoria no setor público 20 A Constituição Federal de 1988 foiquem determinou as regras em relação a fiscalização contábil, financeira, operacional e patrimonial da União. A auditoria no setor público é a atividade de avaliação independente, que deve avaliar a eficiência e a eficácia dos sistemas de controle, verificando a observância à legislação vigente, visando assegurar a correta aplicação dos bens públicos. Ela é exercida pelo Congresso Nacional, com o auxilio do Tribunal de Contas da União - TCU, e pelo sistema de controle interno dos Poderes Legislativos, Executivo e Judiciário. O controle interno do Poder Judiciário é composto pelo Conselho da Justiça Federal, o controle interno do Poder Executivo pela Secretaria Federal de Controle Interno, e o Poder Legislativo pelo Tribunal de Contas da União e o Congresso Nacional. Os objetivos da auditoria do setor público são: avaliar e julgar as contas dos gestores dos recursos públicos; fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União mediante convênio, acordo, ajustes ou outros instrumentos congêneres a Estado, ao Distrito Federal ou a Município e verificar a observância às normas. Para exercer a auditoria no setor público, o profissional auditor deve conhecer a legislação aplicável à área auditada, assim como às técnicas de auditoria, contabilidade e noções de direito. Como em qualquer tipo de auditoria, o profissional auditor deve ter facilidade para obter e manusear os dados, assim como ser detentor de uma grande capacidade expressiva. Diante dessas qualificações, os resultados serão apresentados em formas de relatórios, elaborado segundo normas próprias de auditoria. 1.3.2 Auditoria independente De acordo com Attie (1998), esta é uma atividade que deve avaliar a eficiência e a eficácia dos sistemas de controle de toda a entidade, visando assegurar a consistência dos dados contábeis. 21 Tem por objetivo, emitir parecer sobre as demonstrações financeiras, de acordo com as Normas Brasileiras de Contabilidade e a legislação específica, aplicada a cada entidade. As demonstrações financeiras das companhias abertas são obrigadas a serem auditadas por auditores independentes registrados na CVM. O auditor deve manter-se atualizado com os Princípios Fundamentais e Normas Brasileiras de Contabilidade, com as técnicas contábeis, especialmente na área de auditoria. Para que o auditor independente possa assumir a responsabilidade por uma auditoria, ele deve conhecer a atividade da organização, tornando desta maneira, mais fácil à compreensão das transações e as praticas contábeis utilizadas pela entidade. É através do parecer que o auditor expressará sua opinião sobre as demonstrações contábeis, e através do mesmo, o auditor assume uma responsabilidade técnico-profissional. 1.3.3 Auditoria interna A auditoria interna é um conjunto de procedimentos técnicos que tem por objetivo examinar a integridade, adequação e eficácia dos controles internos da entidade. Esta é uma atividade exclusiva do contador registrado no CRC, segundo norma do CFC. A auditoria interna é autônoma e independente, e contribui com os resultados da organização cumprindo sua meta básica, emitir opinião conclusiva a respeito das operações examinadas; avaliar os fluxos, sistemas, planos de controle interno e desempenho da organização; auxiliar a alta administração e os demais membros da área administrativa. A auditoria interna pode atuar em qualquer tipo de entidade, seja pública ou privada, porém de acordo com o decreto nº. 84.128/79, as entidades públicas, sociedade de economia mista, e todas controladas direta ou indiretamente pela União, autarquias e fundações instituídas e mantidas pelo 22 Poder Público e os órgãos da administração direta, deverão manter unidade de auditoria interna. É responsabilidade do órgão de auditoria interna e do auditor interno, individualmente demonstrar competência profissional. O órgão deve escolher auditores que possuam em conjunto a experiência e os conhecimentos técnicos necessários para execução das tarefas com eficiência. Para o exercício da auditoria interna, é necessário o conhecimento especializado em controles internos, para facilitar a identificação de deficiências ou possibilidades de melhorias, devendo os auditores serem capazes de comunicar-se bem, verbalmente e por escrito, para transmitir seus objetivos, métodos, conclusões e recomendações com eficácia. É através do relatório que é um instrumento técnico, que o auditor comunica os trabalhos realizados, ele deve ser redigido com objetividade e imparcialidade. Trata-se de um documento confidencial e deve ser apresentado ao superior imediato ou a pessoa autorizada que tenha solicitado. Neste relatório destacam-se as causas de alguma vulnerabilidade do controle interno identificado às conseqüências geradas, identificadas ou passiveis de ocorrer, procurando relatar as recomendações para fortalecer o controle interno. Segundo Motta (1992), existem formas de auditoria que compõem esses três tipos mencionados anteriormente, essas formas serão utilizadas de acordo com a atividade de cada empresa auditada, as mais usadas são: auditoria operacional; auditoria de balanço; auditoria de PED (processamento eletrônico de dados); e perícia contábil. 1.3.3.1 Auditoria operacional Essa auditoria na maioria dos casos aplica-se em empresas industriais, entretanto, a maneira de proceder da auditoria operacional, pode ser aplicada a operações típicas de instituições financeiras e empresas comerciais. 1.3.3.2 Auditoria de balanço 23 Este trabalho é o mais comum na área de auditoria, pois constitui-se em emitir uma opinião sobre as demonstrações financeiras, e esta opinião é formada através da avaliação do controle interno, o qual produz as demonstrações que representam a posição patrimonial e financeira da entidade auditada, de conformidade com princípios contábeis geralmente aceitos. 1.3.3.3 Auditoria de processamento eletrônico de dados Auditores da área contábil deparam-se muitas vezes com controles onde as operações são processadas eletronicamente, todavia, o objetivo geral de uma auditoria não muda em um ambiente de processamento eletrônico de dados - PED, mas a utilização de um computador muda o processamento, armazenamento e comunicação das informações contábeis, podendo afetar o sistema de controle interno. Desta forma o auditor deve ter conhecimento suficiente do ambiente de PED para planejar, executar, supervisionar e revisar o trabalho realizado pela equipe de auditoria. O auditor deve considerar a necessidade, ou não, de utilizar a ajuda de um especialista em PED para completar sua avaliação e entendimento do controle interno da entidade, pois um ambiente de PED pode afetar os procedimentos seguidos pelo auditor para obter um entendimento suficiente dos sistemas de controles internos e contábeis; a avaliação do risco inerente e do risco de controle por meio dos quais o auditor chega a avaliação do risco de auditoria e pode afetar o planejamento e execução dos testes de controle e aplicação de procedimentos adequados para alcançar o objetivo de auditoria por parte do auditor. Mesmo com a ajuda do especialista, o auditor pode aplicar determinados testes no PED para certificar-se de que todos os documentos estão sendo processados, sendo assim, o resultado deste teste levará o especialista a formar uma opinião. 24 1.3.3.4 Perícia contábil Realiza-se em litígio quando algum dado financeiro tenha de ser comprovado, o juiz em questão nomeará um perito que irá aplicar testes para obter a referida comprovação. Apesar de não ser um auditor o perito aplicará testes idênticos a um trabalho normal de auditoria. O laudo a ser emitido pelo perito será especifico para a atuação em que tiver sido nomeado, o peritose restringirá a comprovar o valor da ação e nunca poderá emitir uma opinião sobre o desfecho da questão. 1.4 O auditor e órgãos nacionais Para ser um auditor, é necessário ser bacharel em ciências contábeis com registro no Conselho Regional de Contabilidade da região do profissional contábil, porém são várias as condições que o auditor deve preencher para o exercício de sua profissão, entre elas, culturais e técnicas. Nos Estados Unidos, na Inglaterra e em outros Países desenvolvidos, esses profissionais após obterem o diploma em faculdade devem ter experiência necessária e ainda submetem-se a um exame da capacidade técnica para obterem o titulo de Contador Público Certificado, que os habilita a praticar a auditoria. Em alguns estados, o período de experiência é mais curto ou às vezes essa exigência é eliminada para os indivíduos que tenham conhecimento profundo em contabilidade. No Brasil, para ser um auditor independente, além de ser um contador habilitado, para atuar em áreas regulamentadas como mercado de capitais; companhias abertas; sistema financeiro de habilitação; sociedade de economia mista e órgãos públicos além de outros, o auditor independente precisará ser credenciado na CVM. 25 O auditor deve ter capacidade para lidar com pressão por prazos e resultados, ser discreto e manter sigilo sobre as informações e principalmente fazer parte de um processo de educação profissional continuada, pois através do mesmo, estará sempre atualizado como exige a profissão. Assim como a auditoria, os auditores também são classificados em três grupos, a saber: a) Auditores independentes; b) Auditores internos; e c) Auditores públicos. O auditor tornou-se um profissional com participação estratégica no desenvolvimento da competitividade da organização, e os principais motivos que levam uma organização a contratar um auditor independente são: obrigação legal; medida de controle interno tomado pelos acionistas, proprietários ou administradores; imposição de um banco para ceder empréstimo; imposição de fornecedor para financiar a compra; atender exigências do próprio estatuto ou contrato social; para efeito de compra da empresa; para efeito de incorporação, cisão e fusão da empresa; e para fins de consolidação das demonstrações contábeis. O auditor independente é um profissional contratado pela empresa para opinar sobre suas demonstrações financeiras, que representam informações contábeis fornecidas por esta, consequentemente a responsabilidade do auditor independente restringe-se a sua opinião ou parecer expressos sobre essas demonstrações financeiras. (ALMEIDA, 2003, p. 32). Os principais órgãos relacionados com os auditores são: CVM; IBRACON; CFC; CRC; e OIO. CVM: A Comissão de Valores Mobiliários é uma entidade autárquica e vinculada ao Ministério da Fazenda, ela funciona como órgão fiscalizador do mercado de capitais no Brasil, foi criada pela lei nº. 6.385/76. O auditor independente que pretende exercer atividade no mercado de valores mobiliários (companhias abertas e instituições, empresas que integram o sistema de distribuição e intermediação de valores mobiliários), deve providenciar o seu registro na CVM. Segundo a instrução nº. 04/78 da CVM, o auditor independente para obter o registro, deve comprovar cumulativamente: 26 a) estar registrado no CRC; b) haver exercido atividade de auditoria por um período não inferior a cinco anos, contando a partir da data de registro no CRC; c) ter no mínimo cinco auditorias publicadas em jornal de grande circulação; e d) estar exercendo atividade de auditoria, mantendo escritório profissional legalizado, em nome próprio, com instalações compatíveis com o exercício da atividade de auditoria independente. A CVM também estabelece normas de contabilidade a serem seguidas pelas citadas sociedades, a saber: norma de avaliação de investimento pelo método de equivalência patrimonial; norma de consolidação de demonstração financeira e reavaliação de ativos. IBRACON: Instituto Brasileiro de Contadores, antes denominado Instituto dos Auditores Independentes do Brasil. O Ibracon é uma pessoa jurídica de direito privado sem fins lucrativos e eminentemente técnica, tem como objetivo, fixar princípios de contabilidade, e elaborar normas e procedimentos relacionados com auditoria interna e externa e também perícia contábil. A partir de 08 de junho de 2001, o IBRACON passou a denominar-se Instituto dos Auditores Independentes do Brasil, aprovado pela assembléia Geral Extraordinária. Congrega profissionais de diferentes atividades, com interesse no estudo técnico da contabilidade. O Ibracon está dividido em seis câmaras, a saber: a) Auditores independentes; b) Auditores internos; c) Peritos judiciais; d) Contadores da área privada; e) Contadores da área pública; e f) Câmara dos professores. O IBRACON tem as categorias associadas, que são membros e estudantes. O membro deverá estar registrado no CRC e atuando na área profissional em que deseja participar. O estudante deverá comprovar que está estudando no curso de ciências contábeis. 27 Assim como a CVM, o Ibracon também emite normas de contabilidade: contabilização de variação cambiais; investimentos; estoques; imobilizado; ativo diferido e outros. CFC e CRC: O Conselho Federal de Contabilidade e os Conselhos Regionais de Contabilidade foram criados pelo decreto lei nº. 9.295, de 27 de maio de 1946. Esses representam entidades de classe dos contadores, ou seja, é o local onde o aluno, após concluir o curso de ciências contábeis na universidade se registra na categoria de contador. A finalidade principal desses conselhos é o registro e a fiscalização do exercício da profissão de contabilista. OIO: Instituto dos Auditores Internos do Brasil, fundado em 20 de novembro de 1960, é uma sociedade civil de direito privado e sem fins lucrativos. Seu principal objetivo é promover o desenvolvimento da auditoria interna, mediante intercambio de idéias, reuniões, conferencias, congressos e outros. Os membros do OIO constituem-se em três classes: a) membros efetivos: nesta classe são aceitos somente auditores internos; b) membros associados: nesta classe são aceitos auditores independentes, educadores, escritores e outros, desde que não se qualifiquem como membros efetivos e se ocupem de assuntos relativos à auditoria; e c) membros honorários: esta classe é composta de pessoas que por grandes serviços prestados à auditoria interna ou ao Instituto, mereçam reconhecimento por unanimidade da diretoria e aprovação do conselho deliberativo. 1.5 Ética profissional A ética é um assunto muito relevante na profissão contábil, diante disso, é necessário o trabalho de conscientização no que diz respeito a melhor conduta do profissional. 28 Através desta conscientização é que entenderemos o conceito de ética como forma normatizadora da conduta humana na profissão de auditor. Ética vem da palavra grega Ethos que significa caráter. Moral refere-se ao que é certo e errado no comportamento humano, assim ética lida com questões que tratam da interação entre pessoas. A ética estuda a ação representada pela conduta humana, e essa ação é variável e passível de observação. A Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis apresenta uma versão simplificada do conceito de ética, como sendo um ramo da filosofia com o que é moralmente bom ou mal certo ou errado, concluindo assim o raciocínio de que ética e moral são sinônimos. A ética profissional deve incluir normas de comportamento que tenham finalidades tanto práticas quanto idealísticas que o profissional possa utilizar. Com o passar do tempo às pessoas e principalmente os profissionais, vão entendendo a importância do comportamento ético para um bom desempenhode suas profissões. Embora possam ser concebidos para encorajar comportamento ideal, códigos de ética profissional devem ser simultaneamente realistas e aplicáveis. Segundo Boynton; Johnson e Kell (2002), um código de ética para que faça sentido, deve estar acima da lei e abaixo do ideal, e o mesmo afeta muito a reputação de uma profissão e a confiança com que ela é vista. Uma profissão precisa ser reconhecida não somente pela qualidade dos serviços que presta, mas também por seus valores. Os cinco valores a seguir, foram identificados como valores básicos associados à profissão de auditor independente, com registro no CRC: a) educação continuada e aprendizagem pela vida inteira; b) competência; c) integridade; d) atualização com questões amplas de negócios; e e) objetividade. Em conjunto esses valores são importantes para que a profissão obtenha confiança dos que utilizam seus serviços. 29 Todo profissional deve ter consciência de sua profissão e através dessa consciência, ele conseguirá garantir a condução de suas atividades dentro dos padrões morais que exige sua profissão. É comum ouvir-se dizer que a ética é filha da moral, observando que há pessoas com excelente comportamento ético, mas não tem comportamento moral, e da mesma forma, pode ter um ótimo comportamento moral e um péssimo comportamento ético. Quando a pessoa consegue unir as duas virtudes, pode-se dize que ela é dotada de um ótimo caráter. Assim, considera-se a ética como um estado de espírito, é quase hereditário, é familiar. Enquanto a moral é adquirida pela pessoa através do conhecimento e da vida, ou seja, ética vem do berço, e a moral está relacionada com a cultura. Com o cumprimento digno de seu trabalho, o profissional terá reconhecimento pessoal e prosperidade, para tanto é necessário o conhecimento da ética profissional, ou seja, as normas de conduta que regem o exercício da profissão, tanto para alcançar a qualidade dos serviços, quanto em defesa de toda classe profissional. Conforme Boynton; Johnson e Kell (2002), a Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis dividiu a expressão ética em ramos distintos, e assim definiu como ética pessoal aquela normalmente aplicada em referência aos princípios de conduta das pessoas em geral, e como ética profissional a que serve como indicativo do conjunto de normas que baliza a conduta dos integrantes de determinada profissão. 1.6 Normas e procedimentos de auditoria As normas de auditoria se diferem dos procedimentos, pois os mesmos se relacionam com as ações a serem praticadas, e as normas tratam das medidas de qualidade da execução destas ações e dos objetivos a serem alcançados. As normas dizem respeito às qualidades profissionais do auditor e sua avaliação pessoal pelo exame efetuado e o relatório emitido. 30 As normas de auditoria fixam limites nítidos de responsabilidades e dão orientação útil quanto ao comportamento do auditor em relação à capacitação profissional e aos aspectos requeridos para a execução de seu trabalho. À medida que as necessidades determinam à aplicação de novas normas, que são aceitas pela profissão contábil, elas passam a ser designadas normas de auditoria geralmente aceitas. As normas gerais e não especificas são semelhantes em todos os paises, variam apenas no grau de detalhamento, como decorrência da evolução profissional e novas circunstâncias que devem ser consideradas no exercício da função do auditor. Os paises economicamente mais evoluídos e adiantados do ponto de vista profissional, foram os primeiros a estabelecer normas de auditoria, nos Estados Unidos da América do Norte, onde as primeiras normas de auditoria surgiram, foram sendo aperfeiçoadas e consolidadas através de outros pronunciamentos que reúnem todos os anteriores e eliminam aqueles substituídos por pronunciamentos mais recentes. No Brasil as primeiras normas de auditoria surgiram em 1972, com base na experiência de outros paises mais adiantados, sendo este trabalho elaborado pelo IBRACON e oficializado pelo CFC por meio da resolução 321/72 e confirmada pela resolução 220 de 15/05/72 do Banco Central do Brasil. Assim, Franco e Marra chamam à atenção: Por normas de auditoria são entendidas as regras estabelecidas pelos órgãos reguladores da profissão contábil, em todos os paises, com o objetivo de regulação e diretrizes a serem seguidas por esses profissionais no exercício de suas funções. Elas estabelecem conceitos básicos sobre as exigências em relação a pessoa do auditor, à execução de seu trabalho e ao parecer que por ele deverá ser emitido.(FRANCO; MARRA, 2001, p. 56). Os procedimentos de auditoria são os conjuntos de técnicas que permitem ao auditor obter evidências ou provas suficientes e adequadas para fundamentar sua opinião sobre as demonstrações contábeis e abrangem testes de observância e testes substantivos. Os testes de observância visam a obtenção de razoável segurança de que os procedimentos de controle interno estabelecidos pela administração estão em efetivo funcionamento e cumprimento. 31 Os testes substantivos visam a obtenção de evidencia quanto a suficiência, a exatidão e a validade dos dados produzidos pelo sistema contábil da entidade, dividindo-se em: testes de transações e saldos; e procedimentos de revisão analítica. 1.7 Normas profissionais de auditor independente A Resolução CFC nº. 821/97 de 17 de dezembro de 1997aprova a NBC P 1, que se refere às Normas Profissionais de Auditor Independente, e é composto pelos seguintes itens a serem seguidos pelos auditores independentes: a) competência Técnica-Profissional; b) independência; c) responsabilidades do Auditor na Execução dos Trabalhos; d) honorários; e) guarda da Documentação; f) sigilo; g) responsabilidade pela Utilização do Trabalho do Auditor Interno; h) responsabilidade pela Utilização do trabalho de Especialistas; i) informações Anuais aos Conselhos Regionais de Contabilidade; j) educação continuada; e k) exame de Competência profissional. 1.7.1 Competência técnica-profissional O contador, na função de auditor independente, deve manter seu nível de competência profissional pelo conhecimento atualizado dos Princípios Fundamentais de Contabilidade e das Normas Brasileiras de Contabilidade, das técnicas e da legislação aplicável a auditoria e a entidade auditada. 32 Para que o auditor possa assumir a responsabilidade por uma auditoria das demonstrações contábeis, ele deve conhecer primeiramente a atividade da entidade, para analisar se as transações e as práticas contábeis estão sendo aplicadas adequadamente, e também para identificar o que tem relevância e o que não tem. Tendo conhecimento da atividade da empresa a ser auditada, o auditor poderá aceitar ou recusar a proposta, pois através do mesmo, o auditor conhecerá da complexidade das operações e do grau de exigência requerido para a realização da auditoria. 1.7.2 Independência O auditor deve ser independente, ele não pode ser influenciado por fatores estranhos, por procedimentos que resultem perda de sua independência. O auditor deve recusar o trabalho ou renunciar a função quando: Há vinculo conjugal ou grau de parentesco; relação de trabalho mesmo que indireto nos dois últimos anos; participação direta ou indireta como acionista ou sócio; e qualquer outra situação de conflito que venha ser definida pelos órgãos reguladores e fiscalizadores. 1.7.3 Responsabilidades do auditor na execução dos trabalhos O auditor deve aplicar o máximo de cuidado e zelo na realização dos trabalhos e na exposição de suas conclusões, devendo ser imparcial. O auditor deve considerar a ocorrência de fraudes, e quando distorções por fraude ou erro, afetarem as demonstrações contábeis de forma relevante,é necessário demonstrar seus papeis de trabalho para os órgãos reguladores e fiscalizadores, para provar que seus exames foram realizados de acordo com as normas de auditoria independente. 33 1.7.4 Honorário O auditor deve estabelecer seus honorários, levando em consideração a complexidade do serviço; os custos; números de horas previstos; e a capacitação técnica dos profissionais que irão participar da execução dos serviços. Os honorários deverão constar de carta proposta, elaborada antes da execução dos serviços e também devera constar a descrição dos serviços a serem realizados; prazo estimado para a realização dos serviços; relatórios a serem emitidos; condições de pagamento dos honorários e principalmente, constar que o trabalho será efetuado segundo as Normas de Auditoria Independente das Demonstrações Contábeis. 1.7.5 Guarda da documentação O auditor deverá guardar todos os seus papeis de trabalho, relatórios e pareceres, no prazo mínimo de cinco anos, para fins de fiscalização do exercício profissional. 1.7.6 Sigilo O auditor deve respeitar e assegurar o sigilo relativamente às informações obtidas durante o seu trabalho na entidade auditada. As informações, somente serão divulgadas caso o auditor seja autorizado por escrito pela administração da entidade e fundamentadamente pelo CFC, CRC e pelos órgãos reguladores e fiscalizadores, quando o trabalho for realizado em entidades sujeita ao controle dos mesmos, para que o outro auditor tenha uma base do ultimo parecer de auditoria. 34 1.7.7 Responsabilidade pela utilização do trabalho do auditor interno Mesmo quando o auditor interno contribuir com a realização do trabalho de auditoria externa, a responsabilidade do auditor independente não será modificada, segundo Franco e Marra (2001). 1.7.8 Responsabilidade pela utilização do trabalho de especialistas O auditor pode utilizar especialistas legalmente habilitados com a finalidade se contribuir com a realização do trabalho, mantendo o auditor sua integral responsabilidade. Porém, quando o especialista é contratado pela entidade auditada sem vínculo empregatício, a responsabilidade do auditor fica restrita a sua competência. 1.7.9 Informações anuais aos Conselhos Regionais de Contabilidade O auditor deverá enviar até 30 de junho de cada ano ao CRC, na forma a ser regulamentada pelo CFC: a) as informações sobre seus clientes, cuja sede seja a da jurisdição do respectivo Conselho e que o objetivo do trabalho seja a auditoria independente, realizado em demonstrações contábeis relativas ao exercício encerrado até o dia 31 de dezembro do ano anterior; b) a relação dos nomes de seu pessoal técnico existente em 31 de dezembro do ano anterior; e c) a relação de seus clientes, cujos honorários representem mais de 10% do seu faturamento anual, bem como os casos onde o faturamento de outros serviços prestados aos mesmos clientes de 35 auditoria ultrapassarem, na media dos últimos três anos, os honorários dos serviços de auditoria. Quando solicitado, o auditor deverá disponibilizar e fornecer no prazo de trinta dias a relação de seus clientes e outras informações necessárias à fiscalização da atividade da auditoria independente. 1.7.10 Educação continuada Para o exercício da atividade, o auditor independente deverá comprovar a participação em programa de educação continuada, na forma a ser regulamentada pelo CFC, na qual será o objeto de pesquisa no Capítulo III. 1.7.11 Exame de competência profissional É necessário que o auditor independente se submeta ao exame de competência profissional, para que possa exercer a atividade. 1.8 Função social e responsabilidade do auditor O auditor tem uma função social de relevância, pois atua na defesa de interesses coletivos e trabalha para a apuração de corretas prestações de contas, sendo assim há uma necessidade de conquistar confiança e respeito, que deve resguardar a qualquer preço. Por isso, há uma grande responsabilidade por parte do auditor, pois do seu trabalho depende a defesa de interesse de muitas pessoas, podendo ser 36 pequenos e modestos investidores, que não possui meio para fiscalizar a ação do administrador. É por esse motivo que a auditoria vem ganhando grande projeção, e o auditor cada vez mais responsabilidade, principalmente quando se destaca a lei regulamentadora do dispositivo constitucional sobre a participação dos empregados nos lucros das empresas. Segundo Franco e Marra (2001), com a evolução da economia popular, quase todos os cidadãos são investidores potenciais, tornando a atuação do auditor independente de absoluto interesse público, porém isso ainda não ocorre totalmente no Brasil, onde a maioria das empresas são fechadas, pertencentes a pequenos grupos, onde o objetivo da auditoria é o controle administrativo. Essa função social já está florescendo no Brasil, como decorrência do desenvolvimento do mercado de capitais, cuja legislação prevê interferência do auditor independente para opinar sobre os balanços das companhias que procedem à emissão e colocação pública de ações. Essa função pública, cada vez mais relevante, traz crescente responsabilidade ao auditor, pois seu trabalho tem como finalidade prestar contas ao grande público, que subscreverá as ações das companhias abertas. (FRANCO; MARRA, 2001, p. 106). Existe uma distinção entre as responsabilidades do auditor e as dos dirigentes da empresa, onde, a empresa é responsável, pelos elementos apresentados nas demonstrações contábeis, podendo o auditor manifestar-se em relação à forma de apresentação dos mesmos, porém sua responsabilidade limita-se à emissão de parecer sobre as demonstrações examinadas. O auditor independente deve usar seu julgamento e quais os procedimentos de auditoria serão necessários para lhe fornecer base razoável para emitir seu parecer, devendo ser um julgamento esclarecido de profissional qualificado. Quando uma entidade comete fraudes ou alguns erros, os quais não são detectados no exame de auditoria, o auditor só será punido caso não tenha cumprido corretamente as normas de auditoria. Se o auditor detecta a existência de fraudes, e as mesmas podem afetar seu parecer, ele deve encaminhar a descoberta para os representantes da 37 empresa, para determinar se a empresa ou o auditor continuará com as investigações. O auditor independente tem a responsabilidade de observar as normas éticas estabelecidas pelo Instituto de Auditores Independentes do Brasil, denominado IBRACON no ano de 2001, a saber: a) não obter clientes em concorrência com seus colegas; b) manter elevado padrão de serviço; c) basear-se somente em elementos seguros de convicção; d) cobrar honorários justos; e) não aceitar trabalho que tenha vínculo econômico ou de parentesco; f) manter sigilo profissional; g) não aceitar trabalhos com finalidade de defesa de interesses pessoais h) demonstrar consideração por sua classe e colegas; i) respeitar o código de ética da profissão. O profissional auditor independente assume responsabilidade civil pelos danos que na sua atuação profissional possa causar a terceiros, por exemplo, a entidades sujeitas à fiscalização da CVM. A Lei nº. 6.385/76 é muito enfática em relação ao assunto, ao estabelecer no inciso 2º. Art. 26, as empresas de auditoria contábil, ou auditores independentes responderão civilmente pelos prejuízos que causarem a terceiros, em virtude de culpa ou dolo no exercício das funções previstas neste artigo. Porém, só lhe cabe essa responsabilidade quando o auditor não respeitar as normas e procedimentos de auditoria, e ignorar os princípios de contabilidade. Cabe ressaltar que se o auditor assumisse a responsabilidade dedetectar fraudes, pela extensão de seu trabalho, o custo seria muito alto e se tornaria impraticável para as empresas. Através de um controle interno adequado, esse custo é reduzido, e o auditor determina a extensão de seu exame e os procedimentos a serem aplicados, onde devem ser previstas as investigações mais profundas em contas onde o controle interno seja deficiente. 38 1.9 Legislação brasileira relacionada à auditoria No Brasil, desde 1965 o Poder Público tem reconhecido à necessidade da intervenção do auditor independente em atividades públicas e particulares. Com a vigência da Lei 4.728, surge pela primeira vez na legislação brasileira, a expressão auditores independentes. A Lei nº. 4.728, de 14 de julho de 1965, é o texto legal pioneiro a mencionar a auditoria e o auditor independente. Essa lei institui, em bases consistentes, o chamado Mercado de Capitais. Em conseqüência da criação da CVM, lei 6.385/76, esta assumiu os poderes antes atribuído ao Banco Central do Brasil, para registro e fiscalização dos auditores independentes habilitados a procederem á auditoria das entidades sujeitas a fiscalização desses órgãos. Segundo Franco e Marra (2001), atualmente estão revogadas todas as resoluções e circulares do Banco Central do Brasil que tratam do registro e comportamento dos auditores independentes e estabelecem normas contábeis e de auditoria para a sociedade de capital aberto, tendo em vista que a competência passou a CVM. O Banco Central conservou a competência no que diga respeito às entidades do sistema financeiro. A seguir, algumas normas que dizem respeito a obrigatoriedade da auditoria independente: a) Superintendência de Seguros Privados – SUSEP – Circular nº. 10/92, art.1º. Estabelece auditoria independente para sociedades seguradoras, sociedades de capitalização e entidades abertas de previdência privada. b) Banco Central do Brasil – Resolução nº. 2.267/96. Reitera obrigatoriedade da auditoria independente para Instituições Financeiras e demais entidades autorizadas a funcionar pelo Bacen, Fundos de Investimento regulamentados pelo Bacen e Administradoras de Consórcio. c) Comissão de Valores Mobiliários – CVM – Instrução nº. 247/96. Reitera a obrigatoriedade de auditoria para demonstrações contábeis 39 consolidadas e para todas as controladas, aberta ou fechadas, incluídas na consolidação. d) Comissão de Valores Mobiliários – CVM – Instrução nº. 265/97. Institui auditoria independente para as sociedades beneficiárias de recursos oriundos de incentivos fiscais. e) Lei nº. 9.656/98 – Art. 22. Estabelece auditoria obrigatória para as Operadoras de Planos Privados de Assistência à Saúde. Estão sujeitas à auditoria obrigatória as seguintes entidades: a) bancos comerciais; b) bancos de Investimento; c) fundos de Investimento em Condomínio; d) sociedades Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários; e) todas as demais entidades financeiras sujeitas a fiscalização do Banco Central do Brasil; f) bolsa de Valores; g) companhias Abertas e as que emitirem títulos negociáveis no Mercado de Capitais, incluídas suas demonstrações contábeis consolidadas; h) sociedades Seguradoras; i) empresas beneficiárias de Incentivos Fiscais (Sudene, Sudam etc.); j) empresas que operam com recursos do Sistema Financeiro de Habitação; l) entidades da Previdência Privada (Abertas e Fechadas); m) empresas de Leasing ou Arrendamento Mercantil; n) operadoras de Consórcio; o) operadoras de Planos e Assistência à Saúde. 40 CAPÍTULO II ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE A LEI 6.404/76 E 11.638/07 2 DEFINIÇÃO DAS LEIS 6.404/76 E 11.638/07 Este capítulo tem como objetivo apresentar uma estruturação das adaptações da Lei 11.638/07 realizadas na Lei 6.404/76. Neste sentido é importante e necessário destacar as suas definições principais que serão abarcadas neste trabalho. A Lei 6.404, de 15 de dezembro de 1976, dispõe sobre regulamentação das sociedades por ações, ou seja, toda sociedade anônima. No Brasil e no mundo inteiro, a sociedade anônima passou por três fases sistematizadas: sistema de monopólio e privilegio do estado; sistema de concessão ou autorização pelo estado e o sistema de liberdade de constituição, com ressalvas, inaugurado pelo código comercial brasileiro de 1850, na esteira do código comercial francês de 1807 e importante consideração também da lei francesa de 24 de julho de 1867. As sociedades por ações, datam do século XVII, quando o estado ambicionado por sua política colonialista e a concomitante formação do mercantilismo, associou-se a iniciativa privada para o levantamento de volumoso capital. Essas sociedades eram promovidas pelo estado como descentralização política, social e econômica de suas funções. Com o desenvolver da Revolução Industrial, e o advento do capitalismo, as sociedades por ações objetivavam libertar-se da influencia estatal, liberdade que experimentaram após a Revolução Francesa. Mas devido aos decorrentes abusos, começaram a ser constituídas mediante autorização governamental, segundo legislação napoleônica. Então, finalmente, nos postulados da lei de 24 de julho de 1867 estabelece-se a liberdade de formação e funcionamento de sociedades comerciais inclusive anônimas. 41 Esta livre iniciação societária se estendeu aos demais paises onde se encontram ditas sociedades, inclusive o Brasil. Há escritores que afirma sociedades por ações na idade média, referindo-se a sociedades de credores, porém, não importam as sociedades analisadas, ambas tinha em comum a limitada responsabilidade dos sócios equivalente ao valor das respectivas contribuições. A sociedade anônima é extremamente importante atualmente, assim como foi historicamente, por possibilitar o desenvolvimento de atividades impossíveis sem o levantamento de capital e tornou-se um dos principais instrumentos do sistema capitalista, basta observar que, mesmo em menor quantidade possui a mesma relevância econômica, ou até maior, que as sociedades limitadas. Segundo a Legislação da lei 6.404/76, a sociedade anônima é tipicamente empresarial, não sendo permitida sua constituição para fins não empresariais, independente do seu objeto, serão sempre consideradas sociedades empresárias. Portanto, em nenhuma hipótese poderá ser constituída uma sociedade simples (não empresária) na modalidade de companhia ou S/A. Santos (2009) chama a atenção quanto à forma de constituição de uma sociedade por ações, pois esta modalidade empresarial não é registrada através de contrato e sim de estatuto social, o qual deverá definir o objeto de modo preciso e completo, podendo a companhia ter por objeto participar de outras sociedades. Ainda que não prevista no estatuto, a participação é facultada como meio de realizar o objeto social, ou para beneficiar-se de incentivos fiscais. Assim como nos demais tipos societários, a exemplo da sociedade limitada, estabelece o artigo 7º da referida lei que o capital social da companhia poderá ser formado com contribuições em dinheiro ou em qualquer espécie de bens suscetíveis de avaliação em dinheiro. O acionista deve exercer o direito de voto no interesse da companhia, sendo considerado abusivo o voto exercido com o fim de causar dano à companhia ou a outros acionistas, de obter para si ou para outrem vantagem a 42 que não faz jus e de que resulte, ou possa resultar prejuízo para a companhia ou para outros acionistas. Corroborando o direito à fiscalização da gestão dos negócios por parte dos acionistas, o código civil determina em seu artigo 1.020 que os administradores são obrigados a prestar aos sócios, contas justificadas de sua administração, e apresentar-lhes o inventário anualmente, bem como o balanço patrimonial e ode resultado econômico. As empresas constituídas sob a modalidade de sociedade anônima poderão ser de dois tipos: Companhia Aberta, aquela que disponibiliza seus valores mobiliários para negociação no mercado através de Bolsa de Valores, e Companhia Fechada cujas ações pertencem somente aos acionistas constantes no estatuto social e estas companhias não negociam no mercado de ações. Destaca-se que somente os valores mobiliários de emissão de companhia registrada na Comissão de Valores Mobiliários podem ser negociados no mercado de valores mobiliários. Portanto, nenhuma distribuição pública de valores mobiliários será efetivada no mercado sem prévio registro na Comissão de Valores Mobiliários (Lei 6.404/76, artigo § 1º e § 2º). As ações, conforme a natureza dos direitos ou vantagens que confiram a seus titulares são ordinárias, preferenciais, ou de fruição. As ações ordinárias são aquelas que conferem aos seus titulares o direito que a lei reserva ao acionista comum, sem restrições e sem privilégios. O estatuto não precisará disciplinar esta espécie de ação, uma vez que dela decorrem apenas os direitos normalmente concedidos ao sócio da sociedade anônima. Nas companhias fechadas às ações poderão ser divididas em classes diferentes, já na aberta serão todas iguais. As ações preferenciais são aquelas que conferem aos seus titulares uma série de direitos diferenciados, como a prioridade na distribuição de dividendos no mínimo superior a 10% (dez por cento) que foi atribuído às ordinárias, fixação de dividendos mínimos ou cumulativos, prioridade de reembolso do capital, com ou sem prêmio. As ações preferenciais podem ou não conferir o direito de voto aos seus titulares. As ações de fruição são aquelas atribuídas aos acionistas cujas ações foram totalmente amortizadas. O seu titular estará sujeito as mesmas restrições 43 da ação ordinária ou preferencial amortizada, salvo se os estatutos ou a assembléia geral que autorizou a amortização dispuserem em outro sentido. As ações ordinárias da companhia fechada e as ações preferências da companhia aberta e fechada poderão ser de uma ou mais classes, e o número de ações preferências sem direito a voto, ou sujeitas a restrição no exercício desse direito, não pode ultrapassar 50% (cinqüenta por cento) do total das ações emitidas. A lei 11.638, de 28 de dezembro de 2007, foi introduzida para um novo estímulo à meta de elevar o nível de investimento da economia a 25% do PIB, índice referencial para sustentar o crescimento em torno de 5% ao ano. Conforme Dias (2008), desde 1976, quando foi publicada a lei das sociedades por ações, não acontecia nada de tão importante para a contabilidade no Brasil como esta lei 11.638 em vigor desde janeiro de 2008, sua importância está na medida do que se propõe: alinhar os princípios contábeis utilizados no país ao padrão IFRS (International Financial Reporting Standards), utilizado em mais de cem paises, dando mais transparência ao desempenho das empresas e segurança as operações, reduzindo o risco dos negócios. Para os contadores é além de tudo um bom desafio, pois passam a ser profissionais do mundo e precisam estar preparados para lidar com novas exigências. Segundo Dias (2008), esta lei altera para melhor e revoga dispositivos da lei 6.404/76, e da lei 6.385/76, e se estende às sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração e divulgação de demonstrações financeiras, desobrigando a apresentação da Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos e Demonstração do Fluxo de Caixa para determinadas empresas. Para fins exclusivos da lei 11.638/07, sociedades de grande porte são as sociedades ou conjunto de sociedades sob controle comum que atingiram no ano anterior saldos de ativo total superior a R$ 240.000.000,00 (duzentos e quarenta milhões de reais) ou receita bruta anual superior a R$ 300.000.000,00 (trezentos milhões de reais).. Como já visto, à lei 6.404/76 dispõe sobre as sociedades anônimas, e a lei 6.385 de 7 de dezembro de 1976, dispõe sobre a Comissão de Valores Mobiliários – CVM, sendo que o sistema financeiro nacional, mais 44 precisamente as companhias integrantes do mercado de capitais, tem como agente fiscalizador a Comissão de Valores Mobiliários, que regulamenta as companhias de capital aberto. 2.1 Definições de s/a aberta e fechada A sociedade anônima pode ser aberta ou fechada conforme os valores mobiliários de sua emissão estejam ou não admitidos à negociação no mercado de valores mobiliários. A sociedade anônima é de capital aberto quando os valores mobiliários de sua emissão são admitidos à negociação no mercado de valores mobiliários, ou seja, negociações em bolsa ou no mercado de balcão. Ressalta- se que para a emissão de ações, é necessário autorização e controle da Comissão de Valores Mobiliários – CVM. Segundo Trevisan (2007) uma companhia é considerada aberta quando promove a colocação de valores mobiliários em bolsas de valores ou no mercado de balcão. Assim, entendem-se como valores mobiliários as ações, bônus de subscrição, debêntures e notas promissórias para distribuição pública. Uma das principais vantagens nesta espécie de sociedade é a liquidez do capital. Um empreendedor que investe seu dinheiro neste tipo de companhia terá mais vantagens quando da venda de suas ações, devido as suas negociações, cuja venda pode se realizar rapidamente, levando em consideração a segurança da sua aplicabilidade, especialmente se o empreendimento for a uma sociedade próspera e age com seriedade. É importante ressaltar que, torna-se comum que no momento da abertura de capital, as empresas também solicitem a CVM a autorização para realizar uma venda de ações ao público, tecnicamente conhecida como distribuição pública de ações. Isso se dá devido ao fato de que a primeira colocação pública de títulos da companhia, que é denominada como Oferta Pública Inicial (Initial Public Offering). 45 A sociedade anônima de capital fechado são aquelas que não emitem valores mobiliários negociáveis no mercado, ou seja, suas ações não estão disponíveis no mercado para negociação. Essa restrição advém dos sócios escolherem seus companheiros, haja vista a presença de laços familiares ou de confiança mútua. Disso decorre o inferior grau de liquidez do investimento neste tipo de sociedade, que é constituída por subscrição particular. Trevisan (2007) define sociedade de capital fechado como uma companhia constituída por pessoas ligadas entre si com laços de parentesco ou de amizade e seu capital social fica em casa ou em família. Nesta espécie de companhia o empreendimento é para empresas de médio e pequeno porte, onde os recursos são obtidos pelos esforços das pessoas que fazem parte do quadro de acionistas. Entende-se que deve haver o registro das ações junto a CVM, porém, pode limitar-se a venda das ações para o público em geral, cuja restrição pode ser feita através dos seus estatutos. 2.2 Empresas obrigadas a se enquadrarem como s/a A constituição de uma sociedade anônima deve ser de duas ou mais pessoas, o capital social é dividido em frações, as quais são denominadas ações. De acordo com a lei, as sociedades anônimas terão como órgãos sociais a Assembléia Geral, o Conselho Administrativo, a Diretoria e o Conselho Fiscal, sendo eles responsáveis pelos poderes da sociedade. É relevante destacar que uma sociedade anônima, não possui um contrato social de acordo com as demais pessoas jurídicas, mas sim, um estatuto social. Neste estatuto estará definido o objeto da sociedade de modo preciso e completo, assim como, o valor do capital social expresso em moeda nacional e também o número das ações em que se divide o capital, estabelecendo se as ações terão, ou não, valor nominal. Para uma empresa ser uma Sociedade
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