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Módulo 5 Introdução ao financiamento climático

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1 
2 
3 
Esta seção fornece algumas informações básicas sobre a questão do financiamento 
climático. Primeiramente, discute-se o significado do termo “financiamento climático”, 
que pode ser interpretado de diferentes maneiras, e é apresentada uma visão geral 
dos diferentes fluxos de financiamento climático 
(nacional/internacional/público/privado). Em seguida, são examinadas as estimativas 
de investimentos climáticos atuais em um sentido mais estreito, antes de examinar os 
investimentos maiores necessários para o desenvolvimento de baixa emissão e 
climaticamente resiliente, tomando o setor de energia como exemplo. 
4 
Não existe uma definição padrão de financiamento climático. Na verdade, existem 
muitos pontos de vista diferentes sobre que tipo de financiamento constitui 
financiamento climático. Em sua interpretação mais ampla, o financiamento climático 
refere-se ao fluxo de fundos para atividades que reduzam as emissões de gases de 
efeito estufa ou ajudem a sociedade a se adaptar aos impactos da mudança 
climática. No entanto, o termo é mais frequentemente utilizado no contexto das 
negociações internacionais sobre mudança climática, em que o financiamento climático 
– ou o financiamento climático internacional – é usado para descrever os fluxos 
financeiros de países desenvolvidos para países em desenvolvimento para a 
atividades de mitigação e de adaptação à mudança climática. No contexto das 
negociações políticas, o financiamento climático foi definido de maneira ainda mais 
restrita como financiamento “novo e adicional”. Sob essa definição, apenas os 
compromissos financeiros por parte dos países desenvolvidos que representam 
investimentos para além da ajuda ao desenvolvimento usual se qualificam como 
financiamento climático (Site do WRI). 
5 
De maneira simplificada, o financiamento climático pode ser obtido a partir de quatro 
fontes diferentes, que variam desde fontes privadas nacionais ou internacionais a 
fontes públicas nacionais ou internacionais. Quando os vários fluxos de financiamento 
climático são examinados em detalhe, o quadro se torna, naturalmente, muito mais 
complexo. As Seções 2 e 3, a seguir, examinarão de forma mais detalhada o 
financiamento climático em âmbito nacional e internacional. 
 
 
6 
Mesmo que os esforços de mitigação consigam limitar o aquecimento global a 2°C 
acima dos níveis pré-industriais, os países em desenvolvimento ainda terão de 
enfrentar os impactos da mudança climática, como a elevação do nível do mar, 
mudanças na precipitação e aumento da ocorrência de eventos climáticos extremos. 
Por conseguinte, os países em desenvolvimento precisam de financiamento adicional 
para se adaptar à mudança climática. Eles também precisam de financiamento para 
medidas de mitigação, incluindo tecnologias limpas e desenvolvimento de 
capacidades institucionais e individuais. A UNFCCC estabeleceu mecanismos 
financeiros por meio dos quais a assistência financeira dos países desenvolvidos, com 
mais recursos e contribuição histórica para as emissões de gases de efeito de estufa, 
possa ser canalizada para países em desenvolvimento. Na Conferência sobre 
Mudança do Clima da ONU, em Copenhague, em 2009, os países desenvolvidos 
comprometeram-se a fornecer um total de US$ 100 bilhões por ano até 2020 para 
ajudar os países em desenvolvimento a mitigar as emissões de gases de efeito estufa 
e adaptar-se aos impactos da mudança climática. 
 
Embora a escala de financiamento climático necessário seja alta, estudos como o 
Relatório Stern demonstraram que os custos da falta de ação seriam ainda maiores 
(STERN, Nicholas. Stern Review on the Economics of Climate Change, 2006). 
 
7 
Na ausência de uma definição internacionalmente reconhecida do que conta como 
despesa climática, é difícil determinar os investimentos e as necessidades de 
financiamento atuais dos países em desenvolvimento. De acordo com o Instituto de 
Recursos Mundiais (World Resources Institute – WRI) (referindo-se à OCDE), o 
financiamento climático adicional fornecido pelos governos dos países desenvolvidos 
para os países em desenvolvimento em 2011 foi da ordem de US$ 10-20 bilhões. 
Esse diagrama mostra que essa é uma quantia relativamente pequena em 
comparação com os investimentos climáticos globais em 2011, que incluem também 
investimentos privados nacionais e internacionais, bem como gastos climáticos públicos 
domésticos (Site do WRI; Site da Climate Policy Initiative)). 
8 
De acordo com a Iniciativa de Política Climática (Climate Policy Initiative), dos 
investimentos climáticos globais em 2011, o total de financiamento climático público 
representou 38% (ou US$ 135 bilhões). Isso significa que 62% (ou US$ 225 bilhões) 
foram provenientes de fontes privadas. O PNUD estima uma quantia maior: mais de 
90% do financiamento climático sendo originário de mercados privados. 
 
Seja qual for a porcentagem real, está claro que o setor privado supera o setor 
público em termos de escala de financiamento fornecido. No entanto, o financiamento 
público e as políticas públicas desempenham um papel importante, alavancam e 
moldam os investimentos privados (Site da Climate Policy Initiative; UNDP. Catalysing 
Climate Finance, 2011, p. 62.) 
 
9 
Embora o financiamento climático seja frequentemente discutido no contexto de 
projetos e investimentos específicos que são explicitamente rotulados como 
financiamento climático, a transição para uma economia de baixo carbono, na 
verdade, requer um redirecionamento muito mais fundamental nos investimentos 
públicos e privados, por exemplo, de fontes de fornecimento de energia e tecnologias 
tradicionais para alternativas favoráveis ​​ao clima. A Agência Internacional de Energia 
(AIE) estima que os investimentos em energias limpas precisariam alcançar US$ 36 
trilhões até 2050 (cerca de US$ 1 trilhão por ano) para cortar as emissões de 
carbono em 50% em relação aos níveis de 2005 e limitar o aumento da temperatura 
global a 2°C. Cerca de metade desse montante será necessário nos países em 
desenvolvimento (incluindo as grandes economias emergentes, como China e Brasil). 
 
Investimentos adicionais são muitas vezes entendidos como custos adicionais. No 
entanto, o estudo da AIE indica que os retornos sobre investimentos são altos. As 
economias de longo prazo em energia, de US$ 100 trilhões, representam o triplo dos 
investimentos em tecnologia de energia de baixo carbon (IEA. Energy Technology 
Perspectives 2012: pathways to a clean energy system, 2012). 
10 
Embora os investimentos atuais no setor de energia limpa ainda não estejam atingindo 
o patamar estabelecido pela AIE de US$ 1 trilhão por ano, os últimos anos 
apresentaram uma tendência positiva. De acordo com a Pew Charitable Trusts (2011), 
em 2010, o setor de energia limpa cresceu 30% acima dos níveis de 2009, 
alcançando um recorde de mais de US$ 200 bilhões em financiamento e investimento 
(UNDP. Catalysing Climate Finance, 2011, p. 19). 
 
11 
O vídeo produzido pela Iniciativa de Política Climática apresenta uma visão geral do 
cenário global atual de financiamento climático. Examina especificamente as 
diferentes funções do financiamento climático público e privado. 
12 
Esta seção discute os marcos nacionais para o financiamento para a mudança 
climática. Primeiro, examina-se o conceito de “prontidão para financiamento 
climático”, ou seja, a capacidade dos países de absorver o financiamento climático 
internacional. Em seguida, apresenta a ideia de uma abordagem abrangente de 
gestão do financiamento climático, ao analisar, em particular, as receitas e os gastos 
governamentais. Na sequência, explica a importância das avaliações de despesas 
públicas, para avaliar como as finanças públicas têm impactado as respostas à 
mudança climática. Por fim, discute formas de utilizar os investimentos públicos para 
alavancar o financiamento privado.13 
No passado, as discussões sobre o financiamento climático focaram na quantidade de 
financiamento público internacional fornecida aos países em desenvolvimento. No 
entanto, recentemente aumentou a atenção sobre a capacidade ou “prontidão” dos 
países beneficiários para absorver e utilizar o financiamento climático de forma 
eficaz. De acordo com o PNUD, a prontidão para o financiamento climático 
compreende, assim, quatro elementos principais: capacidades de planejar 1) planejar, 
2) acessar, 3) entregar e 4) monitorar e informar sobre o financiamento climático. 
 
A “prontidão” do financiamento climático no âmbito nacional é particularmente 
importante, tendo em conta, a complexa arquitetura de financiamento climático 
internacional e a tendência de financiar intervenções isoladas que não estão 
alinhadas aos sistemas e às prioridades nacionais. (UNDP. Readiness for Climate 
Finance, 2012). 
14 
Um elemento importante da prontidão do financiamento climático é assegurar que o 
financiamento externo seja utilizado de forma mais eficaz juntamente com recursos 
domésticos, em total integração com as prioridades nacionais de desenvolvimento. 
Mais e mais países estão, portanto, em busca de abordagens abrangentes para gerir 
os recursos externos e internos necessários para enfrentar a mudança climática. Eles 
identificam a demanda e a oferta de financiamento climático e estabelecem um 
marco institucional e político para uma gestão eficaz desse financiamento. Um 
elemento central desses chamados “marcos financeiros climáticos” ou “marcos fiscais 
climáticos” é a vinculação das prioridades de mudança climática com as decisões 
governamentais sobre gastos e tributação/receitas, por meio do processo de 
orçamento nacional. Os dois slides a seguir examinam esses dois elementos (receitas 
governamentais e gastos governamentais) em mais detalhes (CDDE. Climate Fiscal 
Frameworks: working paper, 2011). 
15 
Os governos nacionais podem aumentar as receitas por meio de vários instrumentos 
como um incentivo para tornar o comportamento mais climaticamente responsável. 
Possíveis instrumentos incluem taxas de utilização e impostos dedicados, como um 
imposto sobre o carbono. Esses instrumentos são inspirados pelo princípio do 
“poluidor-pagador”, que significa cobrar dos produtores ou consumidores no momento 
em que eles se tornam responsáveis ​​pela criação de um poluente (por exemplo, 
emissões de gases de efeito estufa). 
 
Em alguns países menos desenvolvidos (PMDs), o foco pode recair mais para o lado 
das despesas no marco fiscal. No entanto, no longo prazo, as dimensões de tributação 
e receita serão igualmente importantes e, em alguns casos, essas dimensões já estão 
sendo reforçadas (CDDE. Climate Fiscal Frameworks: working paper, 2011; UNDP. 
Catalysing Climate Finance, 2011). 
 
 
 
16 
O processo mais importante utilizado pelos governos para chegar a um meio-termo 
entre políticas concorrentes em todas as esferas de governo é o processo de 
orçamento nacional. O orçamento nacional é um instrumento fundamental para 
determinar como a resposta à mudança climática pode complementar ou concorrer 
com os objetivos das políticas dos governos nacionais, subnacionais ou locais. Ao 
preparar o orçamento nacional, o Ministério das Finanças irá determinar o total de 
recursos prováveis e, em seguida, alocar esse orçamento a diferentes setores (por 
exemplo, saúde, educação, energia, transportes etc.), em diferentes níveis de governo 
(por exemplo, central, local). As alocações feitas aos setores devem basear-se nas 
prioridades do governo. Isso, então, fornece aos setores um montante de recursos com 
os quais podem implementar os próprios planos priorizados. 
 
Informações adicionais 
Uma maneira de integrar considerações sobre mudança climática no processo 
orçamentário é dedicar recursos discricionários (ou seja, o pequeno montante de 
recursos não empenhados que um governo tem a sua disposição) para novas 
iniciativas climáticas específicas. No entanto, um foco exclusivo sobre a forma como os 
recursos podem ser alocados a novas iniciativas que promovam a adaptação ou 
mitigação não aborda a questão da redução de intervenções com impactos negativos 
sobre os resultados da mudança climática (por exemplo, subsídios aos combustíveis 
fósseis). A resposta à mudança climática exige não apenas mais gastos dedicados 
para ações sobre mudança climática, mas também uma mudança qualitativa em todo 
o governo, na composição total dos gastos ao longo do tempo, de modo que as 
despesas que agravam a mudança climática sejam reduzidas e as potenciais sinergias 
sejam maximizadas (CDDE; UNDP. Making Sense of Climate Finance, 2013). 
17 
Como a mudança climática é uma questão emergente, muitas vezes não há 
compreensão suficiente em âmbito nacional sobre a forma como as políticas e as 
despesas públicas atuais impactam as respostas à mudança climática. A realização de 
uma Avaliação Institucional e de Despesa Pública com Clima (Climate Public Expenditure 
and Institutional Review – CPEIR) pode ajudar a preencher um pouco dessa lacuna 
analítica. A metodologia CPEIR inclui três elementos principais: 
 
• uma avaliação das prioridades das políticas e das estratégias atuais e como se 
relacionam com a mudança climática; 
• uma revisão dos acordos institucionais para integrar as prioridades da política 
sobre mudança climática nos processos de orçamentação e gestão das despesas; e 
• uma análise das despesas públicas e de sua relevância para a mudança climática 
(UNDP; CDDE; ODI. Climate Public Expenditure and Institutional Review (CPEIR), 
2012). 
18 
O primeiro passo da Tailândia na construção de seu Marco de Financiamento 
Climático foi avaliar como os gastos públicos e privados relacionados com o clima 
foram integrados a seu processo orçamentário nacional (por meio de uma CPEIR). Essa 
análise foi feita no contexto da política nacional e de arranjos institucionais já 
existentes para responder à mudança climática existente. Foi utilizado um período de 
três anos (2009-2011) de dados orçamentários, que indicou que cerca de 0,5% do 
Produto Interno Bruto (PIB) e 2,8% do orçamento total do governo foram alocados 
para despesas relacionadas ao clima. Com base na CPEIR, foi definido um Marco 
Fiscal Climático que alimenta diretamente a visão da Tailândia para o Caminho de 
Desenvolvimento de Baixo Carbono e Climaticamente Resiliente. Ele também apoia o 
Plano Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (National Economic and Social 
Development Plan – NESDP), os Planos Diretores sobre Mudança Climática da 
Tailândia, bem como o plano de gestão de desastres de longo prazo (UNDP; CDDE; 
ODI. Climate Public Expenditure and Institutional Review (CPEIR), 2012; GIZ. 
Measurement, Reporting, Verification: from theory to practical implementation). 
 
19 
Fundos públicos por si só não são suficientes para orientar as economias para o 
crescimento de baixo carbono. Por isso, é importante usar os recursos orçamentários 
nacionais para alavancar e redirecionar o financiamento do setor privado. Mesmo 
para ações de baixa emissão e climaticamente resilientes altamente rentáveis, podem 
ser necessários incentivos financeiros públicos de apoio, devido aos altos custos iniciais 
(por exemplo, no caso de muitos projetos de energia limpa). Também é possível 
incentivar o investimento privado com a redução dos riscos associados (por exemplo, 
ao proporcionar acesso garantido à matriz para produtores independentes de 
energia). 
 
O gráfico ilustra o padrão típico de envolvimento do financiamento do setor público e 
privado em diferentes estágios de desenvolvimento de tecnologia. O financiamento 
público inicial é importante para apoiar projetos de pesquisa e desenvolvimento 
(P&D) e de demonstração. Isso ajuda a alavancar uma quantidade muito maior de 
financiamento privado em uma fase posterior (ODI. Leveraging Private Investment:the 
role of public sector climate finance, 2011; UNDP. Catalysing Climate Finance, 2011; 
UNFCCC. Investment and Financial Flows to Address Climate Change, 2008). 
20 
Uma ampla gama de diferentes instrumentos de política pode ser usada pelos 
governos para incentivar ou redirecionar o investimento privado. A tabela apresenta 
alguns exemplos e não pretende ser exaustiva. 
 
É importante ter em mente que as políticas de investimento climático favoráveis ​​não 
podem substituir um ambiente de investimento geral positivo. Antes de fazer um 
investimento climático, os financiadores irão avaliar uma série de aspectos específicas 
do projeto (recursos, tecnologia, competências, intermediários de energia, operações 
e gestão etc.) e riscos não específicos ao projeto (risco país, tamanho da economia, 
condições macroeconômicas, políticas de investimento, risco cambial, taxas tributárias, 
proximidade dos mercados, tecnologia, infraestrutura de entrega e de apoio etc.). 
Medidas adicionais de investimento climático específico, no entanto, serão necessárias 
para superar o fato de que muitos mercados – especialmente os mercados de energia 
– contêm distorções significativas, sob a forma de tratamento fiscal favorável, 
privilégios regulatórios ou monopólios legados (UNDP. Catalysing Climate Finance, 
2011). 
 
 
21 
A página do ONU Meio Ambiente sobre Financiamento para Mudança Climática 
(UNEP Climate Change Finance) oferece muita informação sobre o tema do 
financiamento para mudança climática, incluindo uma seção específica destinada a 
apoiar o envolvimento do setor da indústria nos trabalhos para o desenvolvimento de 
baixo carbono. 
22 
Esta seção apresenta uma visão geral da arquitetura internacional de financiamento 
para mudança climática e medidas de adaptação, incluindo os mecanismos da 
UNFCCC, outras instituições financeiras bilaterais e multilaterais e investimentos 
privados. 
23 
Esta figura ilustra o panorama complexo de fluxos financeiros internacionais para a 
ação climática nos países em desenvolvimento. Os orçamentos governamentais de 
países desenvolvidos e os mercados de capital fornecem financiamento, que é então 
canalizado por vários agentes (agências de cooperação para o desenvolvimento, 
instituições financeiras bilaterais, instituições financeiras multilaterais etc.) aos países 
em desenvolvimento. 
 
Os slides a seguir explicam os diferentes fluxos e instituições em mais detalhes, 
começando com financiamento público e, em seguida, examinando os investimentos 
privados (SEI. Bilateral Finance Institutions and Climate Change: a mapping of climate 
portfolios, 2009). 
24 
Um elemento importante da arquitetura internacional de financiamento climático são 
os mecanismos estabelecidos no âmbito da Convenção-Quadro das Nações Unidas 
sobre Mudança do Clima (UNFCCC) (SEI. Bilateral Finance Institutions and Climate 
Change: a mapping of climate portfolios, 2009). 
 
25 
Para facilitar a transferência de fundos para os países em desenvolvimento, a 
UNFCCC estabeleceu um mecanismo financeiro operado pelo Fundo Ambiental Global 
(Global Environmental Facility – GEF). As partes orientam as operações do mecanismo 
financeiro por meio da Conferência das Partes (COP), decidindo sobre aspectos 
importantes, como “políticas sobre mudança climática, prioridades do programa e 
critérios de elegibilidade para o financiamento”. Na COP 16, em 2010, as partes 
decidiram estabelecer uma Comissão Permanente de Finanças para ajudar a COP no 
exercício de suas funções. O Fundo de Adaptação foi criado em 2001 no âmbito do 
Protocolo de Quioto para financiar projetos e programas concretos de adaptação nos 
países em desenvolvimento que são particularmente vulneráveis ​​aos efeitos adversos 
da mudança climática. Embora os fundos do GEF geralmente possam ser acessados 
exclusivamente por Agências de implementação do GEF, o Fundo de Adaptação pode 
ser acessado diretamente pelas entidades nacionais de implementação nos países em 
desenvolvimento. 
 
Além disso, as partes criaram fundos especiais, administrados pelo GEF, 
nomeadamente o Fundo Especial para Mudança Climática, o Fundo para os Países 
Menos Desenvolvidos. 
 
O Fundo Climático Verde (Green Climate Fund – GCF) foi estabelecido em 2010, na 
COP 16, como entidade operacional do mecanismo financeiro da UNFCCC (UNDP. 
Catalyzing Climate Finance, 2011). 
26 
O GEF é responsável pela administração de três fundos fiduciários; o Fundo Fiduciário GEF, o 
Fundo Especial para Mudança Climática (Special Climate Change Fund – SCCF) e o Fundo 
para os Países Menos Desenvolvidos (Least Developed Countries Fund – LDCF). O GEF também 
atua como secretariado interino para o Fundo de Adaptação (Adaptation Fund – AF). 
 
Informações adicionais 
 
De quatro em quatro anos, o Fundo Fiduciário GEF é reabastecido por compromissos dos 
doadores assumidos ao longo de um período de quatro anos. Um total de US$ 15 bilhões foi 
recebido durante cinco reabastecimentos e será disponibilizado financiamento para 
atividades que estejam dentro das áreas focais do GEF definidas durante as discussões de 
reabastecimento. 
 
O SCCF apoia atividades de adaptação, tanto de longo quanto de curto prazo, nas áreas 
de gestão de recursos hídricos, manejo da terra, agricultura, saúde, desenvolvimento de 
infraestrutura, ecossistemas frágeis, incluindo ecossistemas montanhosos, e gestão integrada 
da zona costeira. O SCCF recebeu até agora contribuições voluntárias que totalizam cerca 
de US$ 120 milhões. 
 
O LDCF é um fundo fiduciário voluntário que visa a atender as necessidades dos 48 países 
menos desenvolvidos (PMDs) especialmente vulneráveis ​​aos impactos da mudança climática. 
Contribuições voluntárias de cerca de US$ 180 milhões foram mobilizadas pelo GEF para 
esse fundo. 
 
O Fundo de Adaptação foi criado para financiar projetos e programas concretos de 
adaptação nos países em desenvolvimento particularmente vulneráveis ​​aos efeitos adversos 
da mudança climática. Nos últimos três anos, o fundo dedicou mais de US$ 190 milhões para 
aumentar a resiliência climática em 28 países ao redor do mundo. O AF recebe financiamento 
de um imposto de 2% sobre o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (para mais informações 
sobre MDL, ver módulos 1 e 4). 
27 
O financiamento climático pode ser acessado diretamente por meio de agências 
nacionais credenciadas, sem passar por uma instituição internacional intermediária, ou 
indiretamente, por meio de uma agência de implementação. O Fundo de Adaptação 
é um exemplo de um fundo que pode ser acessado quer indiretamente por meio de 
Entidades Multilaterais de Implementação (Multi-lateral Implementation Entities – MIEs) 
ou diretamente pelos países, por meio de Entidades Nacionais de Implementação 
(National Implementation Entities – NIEs). Tanto as MIEs quanto as NIEs precisam ser 
credenciadas antes que possam receber e gerir fundos em nome de seu país, e 
propostas de projetos devem cumprir critérios rigorosos. Ao final de 2013, 14 NIEs 
haviam sido credenciadas. 
 
No caso do GEF, os fundos são desembolsados ​​para as Agências de implementação 
do GEF, ou seja, bancos multilaterais de desenvolvimento e organizações das Nações 
Unidas selecionadas. As agências do GEF ajudam os governos e as ONGs elegíveis no 
desenvolvimento, na implementação e na gestão de projetos do GEF. 
 
28 
O Fundo Climático Verde (Green Climate Fund – GCF) é um novo fundo multilateral 
que foi acordado na Conferência do Clima de 2010, em Cancún, no México. O GCF 
irá apoiar projetos, programas e políticas de baixas emissões e climaticamente 
resilientes em países em desenvolvimento, e espera-se que gere US$ 100 bilhões por 
ano em financiamento climático até 2020. O Fundo é regido por um Conselho, 
hospedado na Coreia do Sul, e conta com 24 membros que representam 
equitativamente os países desenvolvidos e os países em desenvolvimento. O Conselhorecebe orientação da COP sobre as prioridades e os critérios de elegibilidade, mas 
tem total responsabilidade por todas as decisões de financiamento. O Banco Mundial 
atua como administrador interino do Fundo. 
29 
O objetivo do Portal de Financiamento da UNFCCC (UNFCCC Finance Portal) é 
fornecer informações sobre recursos bilaterais, multilaterais e regionais oferecidos 
pelos países desenvolvidos aos países em desenvolvimento. Portanto, ajuda as partes 
a monitorar o mecanismo financeiro da UNFCCC. Ele também informa as outras partes 
interessadas sobre a mobilização de recursos necessários para apoiar os países em 
desenvolvimento na implementação de seus compromissos assumidos no âmbito da 
Convenção. 
 
 
30 
http://unfccc.int/cooperation_support/financial_mechanism/finance_portal/items/5824.php
Além dos mecanismos financeiros criados no âmbito da UNFCCC, uma infinidade de agências 
de cooperação para o desenvolvimento e instituições financeiras bilaterais e multilaterais 
fornecem financiamento para ações climáticas em países em desenvolvimento. 
Muitas agências de cooperação para o desenvolvimento integraram rapidamente 
considerações sobre mudança climática em suas operações regulares. Exemplos de agências 
de cooperação para o desenvolvimento incluem, por exemplo a Agência Alemã de 
Cooperação Internacional (German International Cooperation/Deutsche Gesellschaft für 
Internationale Zusammenarbeit – GIZ) e a Agência Suíça para o Desenvolvimento e 
Cooperação (Swiss Agency for Development and Cooperation – SDC). 
As Instituições Financeiras Bilaterais (Bilateral Finance Institutions – BFIs) são instituições 
financeiras criadas e dirigidas por um governo nacional com a finalidade de prestar ajuda 
ou investir em projetos e programas de desenvolvimento específicos em países em 
desenvolvimento. As BFIs possuem competência e finalidade diferentes das agências de 
cooperação para o desenvolvimento, já que BFIs atuam como bancos, visando ao lucro, bem 
como a um objetivo de desenvolvimento. Exemplos de BFIs incluem a Agência Francesa de 
Desenvolvimento (Agence Française de Développment – AFD), o Banco Alemão de 
Desenvolvimento (KfW Entwicklungsbank – KfW) e a Agência de Cooperação Internacional do 
Japão (Japan International Cooperation Agency – JICA). 
A propriedade das Instituições Financeiras Multilaterais (Multilateral Finance Institutions – MFIs) 
é compartilhada por vários países. Exemplos incluem o Banco Mundial e os bancos regionais 
de desenvolvimento, como o Banco Asiático de Desenvolvimento, o Banco Africano de 
Desenvolvimento etc. As MFIs, como o Banco Mundial, possuem fundos dedicados 
estabelecidos para o financiamento de atividades sobre mudança climática (SEI. Bilateral 
Finance Institutions and Climate Change: a mapping of climate portfolios, 2009; UNDP. 
Catalyzing Climate Finance, 2011). 
 
 
31 
Exemplos de fontes multilaterais de financiamento climático incluem os Fundos de 
Investimento Climático (Climate Investment Funds – CIFs). Os dois fundos CIFs são o 
Fundo de Tecnologia Limpa (Clean Technology Fund – CTF) e o Fundo Climático 
Estratégico (Strategic Climate Fund – SCF). O CTF financia a demonstração, a 
implantação e a transferência de tecnologias de baixo carbono para reduções de 
gás de efeito estufa (GEE) nos países em desenvolvimento. O SCF financia programas 
específicos em países em desenvolvimento para pilotar novas abordagens climáticas 
ou setoriais. Ambos os fundos são operados em conjunto por seis Bancos Multilaterais 
de Desenvolvimento (Multilateral Development Banks – MDBs), com o Banco Mundial 
atuando como administrador. Eles são capazes de fornecer aos beneficiários 
empréstimos concessionais, doações e garantias por meiode um dos seis MDBs 
parceiros. 
 
Fontes de financiamento bilateral vêm de fundos dedicados estabelecidos por um país 
para apoiar os países em desenvolvimento na implementação do regime global sobre 
mudança climática, incluindo, por exemplo, a Iniciativa Climática Internacional Alemã 
(German International Climate Initiative – ICI) e o Fundo Internacional do Clima do 
Reino Unido (UK International Climate Fund – ICF). Algumas fontes bilaterais podem ser 
vinculadas a um grupo de países, como a da União Europeia (GCCA), que visa a 
desenvolver a capacidade dos países mais pobres e vulneráveis ​​para que se 
adpatem aos efeitos da mudança climática. 
32 
O Programa Piloto para a Resiliência Climática (Pilot Program for Climate Resilience – 
PPCR) é o primeiro programa direcionado do SCF, que tem por objetivo pilotar e 
demonstrar formas de integrar riscos climáticos e resiliência climática no planejamento 
central do desenvolvimento e, ao mesmo tempo, complementar os esforços de 
desenvolvimento existentes. Com base nos Programas de Ação de Adaptação Nacionais 
(National Adaptation Programs of Action – NAPAs) e em outras estratégias nacionais 
relevantes, os programas PPCR são liderados pelo país e financiam assistência técnica 
e investimentos para apoiar os esforços feitos pelos países para integrar o risco 
climático e a resiliência climática em seu planejamento e implementação do 
desenvolvimento. Tais programas também fornecem incentivos para a expansão de 
ações e iniciativas destinadas a criar uma mudança de paradigma, como a adoção 
de estratégias amplas destinadas a garantir a resiliência climática no âmbito do país. 
Países piloto incluem: Bangladesh, Bolívia, Níger, Santa Lúcia, Tajiquistão, Tonga e 
Zâmbia. 
33 
A Atualização dos Fundos Climáticos (Climate Funds Update) é uma iniciativa conjunta 
de dois grupos de reflexão independentes, a Fundação Böll Heinrich e o Instituto de 
Desenvolvimento Ultramarino, que monitora fundos dedicados à mudança climática 
por meio do registro e da atualização regular de dados relativos a financiamento 
climático. A apresentação das informações e a análise prevista na plataforma 
representam unicamente a opinião dessas duas organizações. 
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Como mencionado na seção 1, um aspecto importante do financiamento público 
internacional é a diferenciação entre a tradicional assistência oficial ao 
desenvolvimento (official development assistance – ODA) e o conceito de financiamento 
climático “novo e adicional”. 
 
Quando a UNFCCC foi assinada, o artigo 4.3 deixou claro que os fundos fornecidos 
aos países em desenvolvimento, sob seus vários mecanismos, deveriam ser fundos 
“novos e adicionais”. A terminologia desde então foi utilizada em uma série de 
decisões da COP, mas não houve um acordo sobre uma definição de “novo e 
adicional” para ser usada por todas as partes (SEI. Bilateral Finance Institutions and 
Climate Change: a mapping of climate portfolios, 2009). 
 
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Os países desenvolvidos comprometeram-se a fornecer 0,7% de sua renda nacional bruta 
(RNB) como ajuda direta para países em desenvolvimento. O financiamento climático deve ser 
adicional a esse compromisso, para garantir que o financiamento do desenvolvimento não 
diminua por causa do financiamento climático. No entanto, medir o financiamento “novo e 
adicional” é difícil, pois existem muitas sobreposições entre objetivos e atividades 
classificados como ODA e os fluxos financeiros para ajudar os países em desenvolvimento a 
enfrentar a mudança climática. Por exemplo, a expansão do armazenamento de água da 
chuva pode ser considerada um desenvolvimento e também uma atividade de adaptação à 
mudança climática. Ou, na área de mitigação, a melhoria do acesso à energia em áreas 
carentes, com utilização de tecnologias de baixa emissão, pode atender às necessidades de 
desenvolvimento das populações vulneráveis e, ao mesmo tempo, promover as energias 
renováveis. O PNUD destaca que é imperativo desenvolver sinergias entre o financiamento 
climático e o financiamento do desenvolvimento para maximizar os retornos econômicos e 
sociais dos investimentos no enfrentamento da mudança climática (UNDP. CatalyzingClimate 
Finance, 2011; ODI. Climate Financing and Development: friends or foes?, 2010). 
 
Informações adicionais 
 
A assistência oficial ao desenvolvimento é definida como o fluxo de recursos para os países e 
territórios na lista de beneficiários de ODA do Comitê de Ajuda ao Desenvolvimento da 
OCDE (Development Assistance Committee’s – DAS) e para as instituições multilaterais de 
desenvolvimento. Para ser definida como ODA, a assistência precisa envolver o setor público, 
ter por objetivo o desenvolvimento e ter uma natureza de concessão, ou seja, pelo menos 
25% deve ser fornecido como doação e não empréstimo. A ODA tem sido tradicionalmente 
ligada a projetos específicos, mas tem sido cada vez mais fornecida para orçamentos 
setoriais, o que oferece ao país beneficiário certo controle sobre os recursos. Inicialmente 
dirigida apenas para o desenvolvimento, a ODA evoluiu para incluir questões como 
sustentabilidade ambiental e mitigação e adaptação à mudança climática. 
 
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Os mercados de carbono são uma fonte inovadora, baseada em políticas de 
financiamento climático. Eles funcionam sob um limite regulamentado para emissões de 
carbono (um “teto” para as emissões). Licenças ou “subsídios” são dados ou leiloadas 
para emissores de carbono que precisam, então, conduzir seus negócios dentro desse 
limite definido. Isso cria um mercado para esses subsídios, no qual as entidades com 
emissões mais baixas podem negociar seus subsídios extras com aqueles que precisam 
da capacidade adicional, daí o termo mercados de carbono “cap-and-trade” (teto e 
comércio). 
 
Um mercado global de carbono foi estabelecido sob o Protocolo de Quioto (ver 
próximo slide). Um exemplo para um mercado regional de carbono é o Sistema de 
Comércio de Emissões da UE (SEI. Bilateral Finance Institutions and Climate Change: a 
mapping of climate portfolios, 2009; Site Renewable Energy World). 
 
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No contexto do Protocolo de Quioto, “tetos” foram estabelecidos para as partes do Anexo I, 
em termos de metas de redução de emissões de GEE. Por meio do comércio internacional de 
emissões, os países do Anexo I podem comprar créditos de outros países do Anexo I que 
conseguiram reduzir suas emissões para abaixo de suas metas. 
 
Os países do Anexo I também podem obter créditos de Redução Certificada de Emissões 
(Certified Emission Reduction – CER) por meio do apoio a projetos de mitigação em países em 
desenvolvimento no âmbito do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL). De acordo com o 
Painel de Alto Nível sobre o Diálogo de Políticas de MDL, entre 2002 e 2012, o MDL ajudou 
a mitigar aproximadamente um bilhão de toneladas de emissões de GEE, com uma economia 
de US$ 3,6 bilhões para os países desenvolvidos. Durante esse mesmo período, o MDL 
mobilizou mais de US$ 215 bilhões em investimentos nos países em desenvolvimento, 
accelerando, assim, o crescimento econômico e a redução da pobreza. 
 
A Implementação Conjunta (IC) permite que os países do Anexo I ganhem créditos (conhecidos, 
nesse caso, como Unidades de Redução de Emissões - URE) por meio do financiamento de um 
projeto de redução de emissões em outro país do Anexo I, tipicamente uma economia em 
transição. 
 
Os Mecanismos de flexibilidade de Quioto são baseados no princípio de que o efeito sobre o 
meio ambiente global é o mesmo, independentemente de onde as reduções de emissões de 
GEE são alcançadas (UNDP. Catalyzing Climate Finance, 2011; HIGH-LEVEL PANEL ON THE 
CDM POLICY DIALOGUE. Carbon Markets and the CDM: a call to action, 2012). 
 
 
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Uma concessionária de energia em um país em desenvolvimento está considerando a 
possibilidade de investir em uma usina de energia movida a carvão ou em uma usina 
de energia eólica. O custo da energia eólica é mais alto do que o custo da energia a 
carvão. No entanto, com o investimento em energia eólica, uma tecnologia de energia 
de baixo carbono, a concessionária de energia pode evitar certa quantidade de 
emissões de carbono que teria sido gerada pela usina de energia a carvão. A 
concessionária de energia seria, então, compensada por essa redução (toneladas de 
GEE reduzidas) com créditos de carbono, ou CERs. Por meio da criação de mercados 
de carbono, a concessionária de energia é capaz de vender os CERs, o que cria um 
fluxo de receita em moeda forte para a empresa. A dimensão desse fluxo de receita 
irá variar de acordo com projeto, dependendo da redução de toneladas de gases de 
efeito estufa (UNDP. Catalyzing Climate Finance, 2011). 
 
 
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Um grande desafio para o financiamento de carbono tem sido o baixo preço de créditos de 
carbono. O Painel de Alto Nível sobre o Diálogo Político MDL relata que os preços do 
carbono no mercado MDL caíram 70% no ano de 2012, e projeta-se uma queda ainda 
maior. As metas de mitigação são tão modestas que já não criam fortes incentivos para o 
investimento privado internacional e a ação local nas nações em desenvolvimento. Outra 
questão crítica com relação ao MDL é a desigualdade na distribuição regional dos projetos. 
Apenas 2,9% de todos os projetos de MDL estão localizados na região africana, enquanto a 
Ásia e o Pacífico representam mais de 80%. Outro desafio relaciona-se com o fato de o MDL 
e a IC serem mecanismos baseados em projetos, que não permitem observar o panorama 
mais amplo de reduções de emissões em determinado setor ou país. Nesse contexto, alguns 
países propuseram um novo mecanismo de mercado expandido, com base em políticas ou 
reduções setoriais (o chamado Mecanismo de Novo Mercado, New Market Mechanism – 
NMM). Algumas partes interessadas, incluindo o WWF, apontaram que projetos de MDL têm 
levado a reduções não adicionais de emissão (ou seja, reduções que teriam ocorrido de 
qualquer maneira) e que as reduções de emissões foram contadas duas vezes por países do 
Anexo I e países em desenvolvimento hospedeiros (HIGH-LEVEL PANEL ON THE CDM POLICY 
DIALOGUE. Carbon Markets and the CDM: a call to action, 2012; WWF. Submission to SBSTA: 
views on framework for various approaches, 2013; Site MDL Pipeline). 
 
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A maior parte do financiamento internacional para a adaptação à mudança climática 
e à mitigação nos países em desenvolvimento é proveniente do setor privado (SEI. 
Bilateral Finance Institutions and Climate Change: a mapping of climate portfolios, 
2009). 
 
 
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É muito difícil apresentar uma estimativa precisa dos investimentos climáticos 
internacionais privados. Segundo a OCDE, os atuais investimentos climáticos 
internacionais realizados por entidades privadas de países desenvolvidos nos países 
em desenvolvimento são da ordem de US$ 72 bilhões e superam amplamente as 
fontes públicas. 
O financiamento climático internacional privado, portanto, assume diferentes formas, 
incluindo: 
1) investimentos estrangeiros diretos, ou seja, um investimento realizado por uma 
empresa de um país em uma empresa de outro país; 
2) dinheiro privado levantado por meio de mercados de capital que está sendo 
oferecido a empresas ou países envolvidos em atividades relacionadas com o 
clima (na forma de empréstimos, obrigações, instrumentos de capital e dívida etc.); 
e 
3) fluxos de financiamento associados a MDL (que também envolve fluxos públicos). 
(OECD. Tracking Climate Finance: what and how?, 2012). 
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