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Aula 03 - Cruzamento em gado de corte

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Serviço Nacional de Aprendizagem Rural
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
Gilberto Romeiro de Oliveira Menezes
Pesquisador da Embrapa Gado de Corte
Campo Grande - MS
CRUZAMENTOS EM GADO DE CORTE
RESUMO
• Introdução
• Cruzamento – definição e finalidades
• Conceitos/aspectos importantes
• Cruzamento – Usar ou não usar
• Sistemas de cruzamentos
• Considerações finais
Ambiência Nutrição
Sanidade
Reprodução
Manejo
Recursos
genéticos
Sistema de produção de carne bovina
Gestão
Mercado
INTRODUÇÃO
Recursos genéticos
• Conjunto de ferramentas
• Escolha e uso adequado
• Duas estratégias:
• Seleção
• Sistemas de acasalamentos 
(cruzamentos: sinergismo entre raças)
• Evolução: Melhoramento genético
INTRODUÇÃO
Recursos genéticos
• Conjunto de ferramentas
• Escolha e uso adequado
• Duas estratégias:
• Seleção
• Sistemas de acasalamentos 
(cruzamentos: sinergismo entre raças)
• Evolução: Melhoramento genético
INTRODUÇÃO
Cruzamento - Definição
Consiste no acasalamento de indivíduos de espécie, raça ou linhagens 
diferentes
CRUZAMENTO – DEFINIÇÃO E FINALIDADES
Cruzamento - Finalidades
• Utilizar dos benefícios do aumento de vigor dos animais cruzados 
(heterose)
• Usar da “complementariedade” das raças no sistema de produção 
(equilibrar pontos fortes e fracos)
• Obter as vantagens da complementariedade entre raças
CRUZAMENTO – DEFINIÇÃO E FINALIDADES
• Formação de novas raças e compostos
• Flexibilidade aos sistemas de produção (ajuste rápido às condições de 
mercado)
CRUZAMENTO – DEFINIÇÃO E FINALIDADES
Cruzamento - Finalidades
CONCEITOS/ASPECTOS IMPORTANTES
Heterose ou vigor híbrido
Definido como sendo a diferença entre a média dos indivíduos oriundos do 
cruzamento, os cruzados, e a média dos pais 
Efeito proveniente de ação genética não-aditiva – interações alélicas e/ou 
gênicas
CONCEITOS/ASPECTOS IMPORTANTES
Função:
• Distância genética entre as raças utilizadas (% heterozigose)
• Classe da característica
"Heterose (%) = " "média da progênie cruzados − média dos pais“
"média dos pais" x100
Heterose ou vigor híbrido
(Exemplo)
CONCEITOS/ASPECTOS IMPORTANTES
Heterose (%) =
média da progênie cruzados − média dos pais
média dos pais
x100
Angus x Nelore (peso ao desmame)
Angus = 200 kg; Nelore = 180 kg; ½ Angus/Nelore = 200 kg 
Heterose =
200 −190
190
x 100 =
10
190
x 100 = 5,26 %
Nelore x Angus
Nelore x Guzerá
Nelore x Nelore 
He
CONCEITOS/ASPECTOS IMPORTANTES
H
E
T
E
R
O
S
E
Heterose ou vigor híbrido
(função: distância genética entre raças)
Características Heterose
Medidas de carcaça, peso na maturidade,
medidas esqueléticas
Baixa (0 a 5%)
Taxa de crescimento, pesos anteriores à 
maturidade, produção de leite
Média (5 a 10%)
Habilidade materna, reprodução, longevidade 
da fêmea, adaptabilidade
Alta (10 a 30%)
(Mota et al., 2010)
CONCEITOS/ASPECTOS IMPORTANTES
Heterose ou vigor híbrido
(função: classe da característica)
Desempenho do animal cruzado
Produção = ½ Média da raça A
+ ½ Média da raça B
+ Efeito Materno da raça B
+ Heterose de A com B
= +
CONCEITOS/ASPECTOS IMPORTANTES
Desempenho do animal cruzado
Produção = ½ Média da raça A
+ ½ Média da raça B
+ Efeito Materno da raça B
+ Heterose de A com B
= +
CONCEITOS/ASPECTOS IMPORTANTES
Desempenho do animal cruzado
Produção = ½ Média da raça A
+ ½ Média da raça B
+ Efeito Materno da raça B
+ Heterose de A com B
= +
Milagre
CONCEITOS/ASPECTOS IMPORTANTES
Desempenho do animal cruzado
Produção = ½ Média da raça A
+ ½ Média da raça B
+ Efeito Materno da raça B
+ Heterose de A com B
= +
Milagre Erro!
CONCEITOS/ASPECTOS IMPORTANTES
Desempenho do animal cruzado
Produção = ½ Média da raça A
+ ½ Média da raça B
+ Efeito Materno da raça B
+ Heterose de A com B
= +
Milagre Erro!
CONCEITOS/ASPECTOS IMPORTANTES
Desempenho do animal cruzado
Produção = ½ Média da raça A
+ ½ Média da raça B
+ Efeito Materno da raça B
+ Heterose de A com B
= +
Milagre Erro!
Seleção
CONCEITOS/ASPECTOS IMPORTANTES
Desempenho do animal cruzado
Produção = ½ Média da raça A
+ ½ Média da raça B
+ Efeito Materno da raça B
+ Heterose de A com B
= +
Milagre Erro!
Seleção
CONCEITOS/ASPECTOS IMPORTANTES
Ponto chave em cruzamentos
x
CONCEITOS/ASPECTOS IMPORTANTES
Ponto chave em cruzamentos
x
CONCEITOS/ASPECTOS IMPORTANTES
Parece brincadeira, 
né?!!!
Mas é frequente na 
pecuária brasileira!!!!
Reconhecer que há diferenças dentro de raça
• Escolha dos melhores animais das raças envolvidas
• Escolha das raças a serem usadas no cruzamento
- +
CONCEITOS/ASPECTOS IMPORTANTES
Raça Tamanho Cria, recria e engorda2 Posição nos cruzamentos 
Hab. Materna 
Rusti- 
cidade 
Peso ao 
Abate 
Maternal Rotacional Terminal 
Angus Médio 1 4 450 X X 
Brahman Médio 2 2 520 X X 
Brangus Médio 2 2 490 X X 
Caracu Médio 2 1 520 X X 
Charbray3 Grande 3 3 550 X X 
Charolês Grande 4 5 570 X X 
Guzerá Médio 2 1 500 X X 
Hereford Médio 3 4 480 X X 
Limousin Grande 3 5 550 X X 
Nelore Médio 2 1 500 X X 
Senepol Médio 2 2 450 X X 
Simental Grande 3 5 570 X X X 
Sta. Gertrudis Grande 2 3 520 X X X 
Suiça Parda Grande 2 4 550 X X 
Tabapuã Médio 3 1 500 X X 
 
 
1 Adaptado de ENSMINGER, M.E. (1987); 
2 Escores para as raças Caracu, Guzerá, Nelore, Senepol e Tabapuã (Rosa et. al., 2013); 1 = máximo; 5 = mínimo desejável. 
3 Equivalente a raça Canchim (5/8 Charolês x 3/8 Zebu). 
CONCEITOS/ASPECTOS IMPORTANTES
Conhecer as raças – as “ferramentas”
Planejamento
x 
Lanche de graça
X
Se o zebu vai mal, o cruzado pode ir pior.... (LOCS) 
CONCEITOS/ASPECTOS IMPORTANTES
Cruzamentos
Usar ou não usar...eis a questão
CRUZAMENTO – USAR OU NÃO USAR
• Brasil: diversidade de condições de produção
Por que usar?
CRUZAMENTO – USAR OU NÃO USAR
CRUZAMENTO – USAR OU NÃO USAR
Por que usar?
• Brasil: diversidade de condições de produção
CRUZAMENTO – USAR OU NÃO USAR
Por que usar?
• Brasil: diversidade de condições de produção
CRUZAMENTO – USAR OU NÃO USAR
Por que usar?
• Brasil: diversidade de condições de produção
• Mercado interno e externo: demanda por qualidade 
Por que usar?
CRUZAMENTO – USAR OU NÃO USAR
• Eficiência: produtividade (futuro)
Por que usar?
CRUZAMENTO – USAR OU NÃO USAR
Concorrência com outras cadeias
Preservação ambiental Crescimento populacional
(renda)
Por que não usar?
• Existe o zebu!!! Especialmente o Nelore
CRUZAMENTO – USAR OU NÃO USAR
Por que não usar?
• Baixo nível gerencial, em média 
CRUZAMENTO – USAR OU NÃO USAR
Por que não usar?
• Necessidade de IA (~ 7-10% -> ASBIA, 2013) 
CRUZAMENTO – USAR OU NÃO USAR
Por que não usar?
• Necessidade de IA (~ 7-10% -> ASBIA, 2013) 
CRUZAMENTO – USAR OU NÃO USAR
Por que não usar?
• Mercado – cadeia desorganizada e baixa remuneração
CRUZAMENTO – USAR OU NÃO USAR
• A escolha de um sistema de cruzamentos deve ser feita com base em
uma visão holística do sistema de produção;
• Não existe um sistema que seja adequado a todas situações;
• Em especial no Brasil, devido à grande diversidade de condições de
produção;
• O grande desafio é adequar genótipo e ambiente no sentido de
maximizar a produção de forma eficiente.
SISTEMAS DE CRUZAMENTOS
Pontos importantes
Cruzamentos específicos ou estáticos (abate de machos e fêmeas):
• Cruzamento industrial (comercial) – duas raças.
• Cruzamento terminal (three-cross) – três raças.
Cruzamentos rotacionais ou específicos:
• Cruzamento absorvente.
• Cruzamento rotacional de duas raças.
• Cruzamento rotacional de F1.
SISTEMAS DE CRUZAMENTOS
Classificação
Cruzamento Industrial 
Britânicas
x39%
1,6%
44%
SISTEMAS DE CRUZAMENTOS
* % = fatia de mercado de 
sêmen corte – ASBIA, 
2013
Cruzamento Industrial 
Britânicas
x39%
1,6%
44%
SISTEMAS DE CRUZAMENTOS
* % = fatia de mercado de 
sêmen corte – ASBIA, 
2013
Cruzamento Industrial 
Britânicas
x39%
1,6%
44%
SISTEMAS DE CRUZAMENTOS* % = fatia de mercado de 
sêmen corte – ASBIA, 
2013
x
<1%
<1%
<1%
<1%
Cruzamento Industrial 
Continentais
SISTEMAS DE CRUZAMENTOS
* % = fatia de mercado de 
sêmen corte – ASBIA, 
2013
x
<1%
<1%
<1%
<1%
Cruzamento Industrial 
Continentais
SISTEMAS DE CRUZAMENTOS
* % = fatia de mercado de 
sêmen corte – ASBIA, 
2013
x
<1%
<1%
<1%
<1%
Cruzamento Industrial 
Continentais
SISTEMAS DE CRUZAMENTOS
* % = fatia de mercado de 
sêmen corte – ASBIA, 
2013
x
<1%
1,8%
1,5%
Cruzamento Industrial 
Compostas
SISTEMAS DE CRUZAMENTOS
* % = fatia de mercado de 
sêmen corte – ASBIA, 2013
x
<1%
1,8%
1,5%
Cruzamento Industrial 
Compostas
SISTEMAS DE CRUZAMENTOS
* % = fatia de mercado de 
sêmen corte – ASBIA, 2013
x
<1%
1,8%
1,5%
Cruzamento Industrial 
Compostas
SISTEMAS DE CRUZAMENTOS
* % = fatia de mercado de 
sêmen corte – ASBIA, 2013
x1,2%
<1%
<1%
Cruzamento Industrial 
Taurinas adaptadas
SISTEMAS DE CRUZAMENTOS
* % = fatia de mercado de 
sêmen corte – ASBIA, 2013
x1,2%
<1%
<1%
Cruzamento Industrial 
Taurinas adaptadas
SISTEMAS DE CRUZAMENTOS
* % = fatia de mercado de 
sêmen corte – ASBIA, 2013
x1,2%
<1%
<1%
Cruzamento Industrial 
Taurinas adaptadas
SISTEMAS DE CRUZAMENTOS
* % = fatia de mercado de 
sêmen corte – ASBIA, 2013
Resultados Embrapa Gado de Corte
SISTEMAS DE CRUZAMENTOS
Grupo Genético ½ Angus + ½ Nelore
(AN)
½ Caracu + ½ Nelore
(CN)
Nelore
(NE)
Peso ao nascer – kg 34,02 ± 0,42a 31,81 ± 0,43b 32,14 ± 0,39a
Peso aos 120 dias – kg 117,48 ± 1,45a 112,64 ± 1,50b 110,07 ± 1,34b
Peso aos 240 dias – kg 217,39 ± 2,44a 208,07 ± 2,51b 198,97 ± 2,26c
Ganho de Peso Recria –
kg/dia
0,509 ± 0,006a 0,479 ± 0,006b 0,418 ± 0,006c
Peso aos 550 dias - kg 377,02 ± 3,04a 356,92 ± 3,12b 330,33 ± 2,87c
(Battistelli, 2012)
* Teste t à 5%
CRIA e RECRIA-MACHOS E FÊMEAS-100 NELORE;88AN;81 CN
Resultados Embrapa Gado de Corte
SISTEMAS DE CRUZAMENTOS
Grupo Genético ½ Angus + ½ Nelore
(AN)
½ Caracu + ½ Nelore
(CN)
Nelore
(NE)
Dias em confinamento
(dias)
86,70 ± 2,08a 101,17 ± 2,11b 96,42 ± 2,20b
Ganho de Peso Médio
(kg/dia)
1,69 ± 0,04a 1,40 ± 0,04b 1,45 ± 0,04b
Eficiência Alimentar (g PV 
/ kg MS)
136,40 ± 2,76a 126,23 ± 2,81b 135,78 ± 2,92a
(Battistelli, 2012)
* Teste t à 5% ** Idade na entrada do confinamento: 22 meses (Sistema Precoce)
TERMINAÇÃO (CONFINAMENTO) – MACHOS - 38 Nelore; 42 AN ; 41 CN
Resultados Embrapa Gado de Corte
SISTEMAS DE CRUZAMENTOS
Grupo Genético ½ Angus + ½ Nelore
(AN)
½ Caracu + ½ Nelore
(CN)
Nelore
(NE)
Peso de Carcaça
Quente – kg
293,27 ± 2,96a 272,00 ± 3,01b 262,77 ± 3,13c
Rendimento de Carcaça
- %
52,50 ± 0,24ab 51,93 ± 0,24b 53,15 ± 0,25a
Marmoreio - escore 8,07 ± 0,46a 6,57 ± 0,46b 6,21 ± 0,48b
Força de cisalhamento 
(kgf / cm2)
6,67 ± 0,35a 6,88 ± 0,32a 8,11 ± 0,35b
(Battistelli, 2012)* Teste t à 5% ** Idade média de abate ~ 25 meses (Sistema Precoce)
ABATE – MACHOS - 38 Nelore; 42 AN ; 41 CN
x
x
Raças taurinas
Cruzamento Terminal (Three-cross)
SISTEMAS DE CRUZAMENTOS
<1%
<1%
<1%
39%
x
x
Raças compostas
Cruzamento Terminal (Three-cross)
SISTEMAS DE CRUZAMENTOS
<1%
1,8%
1,5%
<1%
x
x
Raças taurinas 
adaptadas
<1%
1,2%
<1%
Cruzamento Terminal (Three-cross)
SISTEMAS DE CRUZAMENTOS
x
x
Raças zebuínas
Cruzamento Terminal (Three-cross)
SISTEMAS DE CRUZAMENTOS
2,4%
1,8%
1,3%
Resultados Embrapa Gado de Corte
SISTEMAS DE CRUZAMENTOS
Grupo Genético do Pai Canchim
(83)
Angus
(41)
Caracu
(83)
Peso no final do confinamento (kg) 407,40 ± 5,10b 436,90 ± 8,60a 398,30 ± 5,50b
Dias em confinamento (dias) 144,00 ± 2,90a 129,70 ± 4,80b 136,40 ± 3,10b
Ganho de peso médio – kg/dia 1,04 ± 0,02b 1,25 ± 0,04a 1,09 ± 0,03b
Eficiência Alimentar (g PV / kg MS) 120,70 ± 2,40b 129,60 ± 4,00a 127,10 ± 2,60a
(Souza Junior, 2011)
*Teste t à 5% ** Vacas: ½ Angus + ½ Nelore; ½ Caracu + ½ Nelore; ½ Valdostana + ½ Nelore
*** Idade na entrada do confinamento: 8 meses (Sistema Superprecoce) 
TERMINAÇÃO (CONFINAMENTO) – MACHOS E FÊMEAS (Three-Cross)
Resultados Embrapa Gado de Corte
SISTEMAS DE CRUZAMENTOS
Grupo Genético do Pai Canchim
(83)
Angus
(41)
Caracu
(83)
Peso de carcaça quente (kg) 220,56 ± 3,05b 234,23 ± 5,30a 208,51 ± 3,25c
Rendimento de carcaça (%) 55,09 ± 0,27a 54,32 ± 0,46ab 53,60 ± 0,28c
Área de olho de lombo (cm2) 62,23 ± 1,02a 62,06 ± 1,79ab 59,47 ± 1,08b
Marmoreio (escore) 6,49 ± 0,33a 7,35 ± 0,59a 6,67 ± 0,36a
Esp. Gordura subcutânea (mm) 5,12 ± 0,25a 5,81±0,44a 5,07 ± 0,27a
Força de cisalhamento (kgf/cm2) 5,85 ± 0,24a 5,66 ± 0,43a 5,68 ± 0,26a
(Souza Junior, 2011)
*Teste t à 5% ** Vacas: ½ Angus + ½ Nelore; ½ Caracu + ½ Nelore; ½ Valdostana + ½ Nelore
*** Idade média de abate ~ 13-14 meses (Sistema Superprecoce) 
ABATE – MACHOS E FÊMEAS (Three-Cross)
Cruzamento absorvente
SISTEMAS DE CRUZAMENTOS
Expansão das raças 
zebuínas no Brasil via 
gado crioulo
• O cruzamento não substitui a seleção e o manejo adequado dos 
animais.
• O cruzamento é apenas mais uma ferramenta à 
disposição...não é milagre...
• Planejar, planejar e planejar, agir.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
• Visão holística do sistema de produção na tomada de decisão.
Gilberto Romeiro de Oliveira Menezes
Pesquisador da Embrapa Gado de Corte
Obrigado.

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