Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
São Paulo 2021 Sumário 1. Introdução........................................................................................................02 1.1 A raça..........................................................................................................02 1.2 Malformação................................................................................................02 1.3 Síndrome Obstrutiva Braquicefálica............................................................03 2. Desenvolvimento Genético.............................................................................03 2.1 Objetivos......................................................................................................03 2.2 Métodos de Seleção....................................................................................... 2.3 Ferramentas para o Melhoramento................................................................. 2.4 Critérios para seleção e descarte (reprodutores)........................................... 2.5 Critérios para seleção e descarte (progênie)................................................. 2.6 Resultados esperados.................................................................................... 3. Considerações finais......................................................................................... 4. Referências Bibliográficas.................................................................................. 1 1. Introdução 1.1A raça O Pug é uma raça pequena de cão cujo crânio é denominado braquicefálico, com características de um focinho muito achatado e curto, o crânio compacto e um sistema respiratório comprimido. Sua mandíbula se projeta na direção rostral em relação à maxila, produzindo a condição conhecida como prognatismo da mandíbula. Eles tiveram origem no Tibet, China cerca de 400 a.C. em monastérios budistas. Depois disso, no período das grandes navegações eles embarcaram nas grandes naus da Companhia das Índias (sec.XVI) e os holandeses foram os introdutores do Pug na Europa (CASTRO, 2011; CHECCHI,200-?). Características da raça ● Pais de origem: China; ● País patrono na FCI (Ficha de conteúdo de importação): Inglaterra; ● Nome no país de origem: Pug (Carlin Mops); ● Grupo do AKC: Toys; ● Utilização: Companhia (cães de colo); ● Expectativa de vida: 12 a 14 anos; ● Ninhada: 4 a 8, média de 5; ● Altura do Macho: 28 a 30 cm; ● Peso do Macho: 6,3 a 8,1 Kg; ● Altura da Fêmea: 25 a 28 cm; ● Peso da Fêmea: 6,3 a 8,1 Kg. 2 Figura 01 – Raio X da cabeça de um cão dolicocéfalo e de um braquicéfalo. 1.2 Malformação Por essas características anatômicas, cães dessa raça têm predisposição a problemas neurológicos e respiratórios, sendo o segundo problema a ser tratado nesse texto. Problemas no sistema respiratório incluem estenose das narinas, prolongamento do palato mole, hipoplasia de traqueia, aumento das tonsilas, estreitamento de glote, colapso de laringe e/ou traqueia. A malformação congênita do plano nasal é um achado comum em cães dessa raça, onde a cartilagem de suporte das narinas é fraca e estreita, causando colapso durante a respiração. A dispneia progressiva é causada por aumento de peso, crescimento insuficiente das estruturas laríngeas, aumento da massa da mucosa da faringe e abertura insuficiente da glote. Adicionalmente, ocorre progressivo colapso das estruturas laríngeas e eversão dos ventrículos da laringe devido à tração aumentada causada pelo aumento de velocidade do ar exalado passando pela abertura da laringe relativamente pequena. Essa proporcionalidade específica possui influência adversa na função respiratória, resultando na Síndrome Obstrutiva Braquicefálica. 3 Figura 02 – Imagem das narinas de um cão normal e outra de um braquiocéfalico. 1.3Síndrome Obstrutiva Braquicefálica O termo síndrome da via aérea braquicefálica, síndrome das vias aéreas braquicefálicas ou também chamado de síndrome da obstrução das vias aéreas superiores se refere à múltiplas anormalidades anatômicas encontradas em cães braquicefálicos. As anormalidades anatômicas incluem a narina estenótica, vestíbulo estenótico, corneto aberrante, colapso de laringe, palato mole mais longo e espesso e hipoplasia traqueal. A nasofaringe normalmente deve ser firme e patente, mas nos braquicefálicos ela não é patente e contém muito tecido flácido. As anormalidades associadas à síndrome da via aérea braquicefálica prejudicam o fluxo de ar através das vias aéreas superiores, causando sinais de obstrução superior como movimentos respiratórios aumentados, sons ruidosos (estertores), cianose, síncope. Os sinais clínicos são exacerbados com exercício, excitação e temperatura alta. O tratamento deve ser instituído para minimizar os fatores que exacerbam os sinais clínicos da doença como o exercício, excitação e superaquecimento e também para facilitar a passagem de ar nas vias aéreas superiores. Tratamentos cirúrgicos rotineiros: correção do palato mole hipertrófico, alargamento das narinas e vestibuloplastia. Clinicamente é importante a perda de peso do animal. O pós-operatório é bem crítico para esses animais, pois eles podem parar de respirar ao serem extubados. 2 Desenvolvimento Genético 2.1. Objetivo O Objetivo do trabalho é desenvolver um Programa de Melhoramento Genético Animal para cães da raça Pug com a finalidade de aumentar o bem-estar e qualidade de vida dos cães, reduzindo características da síndrome obstrutiva braquicefálica, através do bloqueio do gene SMOC2. 4 2.2.Métodos de Seleção Três aspectos são importantes na elaboração de um planejamento de melhoramento genético em cães para estabelecimento de uma classificação quando ao nível mínimo de rejeição ou seleção do progenitor ou cria, a saber: 1) Variação genética Informação do DNA dos progenitores através de análise de marcadores genéticos. Características de herança Mendeliana simples 2) Intensidade de seleção Análise de pedigree baseado em métodos de seleção fenotípica – identificação de características desejáveis nos progenitores. Entretanto a seleção fenotípica nem sempre reflete o genótipo dos progenitores. Assim esta análise é realizada em duas etapas através da observação e classificação dos filhotes. 3) Acurácia A acurácia indica a precisão em identificar animais geneticamente superiores a partir de seu fenótipo. Esta análise é realizada a partir de análises qualitativas em que se procura estabelecer uma correlação genética estimada de acordo com a herdabilidade das características de interesse na espécie, disponibilizados abaixo, segundo a Confederação Brasileira de Cinofilia Padrão oficial da raça Pug CBKC n°253, de 3/5/1994 FCI n° 253b, de 24/6/1987 5 Esperança de vida: 12 a 14 anos; Ninhada: 4 a 8, média de 5; Altura do Macho: 28 a 30 cm; Peso do Macho: 6,3 a 8,1 Kg; Altura da Fêmea: 25 a 28 cm; Peso da Fêmea: 6,3 a 8,1 Kg; Anotações Ana: Pessoal, essas informações estão lá em cima. É necessário repeti-la aqui? Aparência geral: quadrado e massudo. Proporcionalidade entre as partes e musculatura firme, com muito charme, dignidade e inteligência, de comportamento equilibrado, alegre e esperto. Veja figura 3. 1. Boca: ligeiramente prognata inferior. A mandíbula larga; incisos inferiores, praticamente em linha reta. Torção mandibular, dentes ou língua aparente com a boca fechada, são defeitos graves; 2. Olhos: escuros, muito grandes, brilhantes, de formato globular, expressão doce e alerta; 3. Narinas: narinas grandes e abertas; 4. Trufas: pretas que não devem atrapalhar em demasia focinho e boca; 5. Cabeça e crânio: grande, arredondada, nunca em forma de maçã e sem sulco sagital no crânio. Focinho curto, rombudo, quadrado, sem ser projetado para cima, com rugas claramente definidas; 6. Pescoço: forte, grosso, levemente arqueado para parecer uma crista, de comprimento suficiente para o porte alto da cabeça; Orelhas: finas, pequenas, macias como veludo. Há dois tipos: orelha em rosa, pequena, caída, dobrada paratrás e exibindo a face interna; orelha em botão, caída para frente, com a ponta repousando junto ao crânio, cobrindo o meato acústico e apontando para os olhos. A preferência é por esse último tipo 7, 8 e 10, 11: Tronco: curto e compacto, peito largo e costelas bem arqueadas. Linha superior de nível, sem arqueamento ou sela; 9. Cauda: de inserção alta, enroscada é altamente desejável. 6 12, 13, 14, 15, 17 Membros posteriores: muito fortes, retos, de comprimento moderado, com boa angulação de joelhos, bem acoplados ao tronco. Visto de trás, retos e paralelos; 16 Patas: ovais, nem de lebre nem de gato, com dedos separados, unhas pretas; 21, 22, 23, 24 Membros anteriores: muito fortes, retos, de comprimento moderado, bem ajustados ao tórax, ombros bem inclinados; Movimentação: visto pela frente e por trás, os membros devem se movimentar no mesmo plano dos ombros e corretamente direcionados para frente. Utiliza os membros anteriores com decisão, colocando-os bem à frente, e os posteriores, movendo com liberdade e pleno uso da articulação do joelho. Um leve roll, nos posteriores, é típico na movimentação; Pelagem: fina, lisa, macia, curta e brilhante, nem dura nem lanosa; Cor: prateada, abricó, castanho ou preta; cada uma delas bem definida, para fazer nítido contraste entre a cor da pelagem e a faixa preta que se estende do occipital à raíz da cauda e máscara. Máscara no focinho, nas orelhas e nas bochechas, e diamante na testa e a faixa no dorso o mais escura possível; Espaço ideal: Este é um cão de fácil adaptabilidade em ambientes internos, pois foi criado para ser um cão de companhia, não se dando bem como cão de exteriores. O seu sistema respiratório tem problemas com muito calor, humidade e frio extremo. Os donos devem assegurar sombra e água fresca se derem passeios em tempo quente e húmido. Exercitar um Pug nestas condições deve ser feito com moderação; Machos devem apresentar dois testículos de aparência normal, totalmente descidos e bem acomodados na bolsa escrotal; 7 Figura 3: Características gerais da raça Pug Fonte: www.portaldospugs.com.br A melhoramento genético de cães difere dos animais de produção. O comportamento e a conformação corporal são as principais características fenotípicas de interesse ao tutor, entretanto as genotípicas como capacidade reprodutivas e predisposição à doenças preocupam criadores responsáveis e veterinários que buscam animais mais saudáveis ou a melhoria de sua qualidade de vida. 8 2.3. Ferramentas para o Melhoramento São ferramentas para análise e monitoramento de qualidade do melhoramento genético da espécie: ● Análise de pedigree para avaliação da procedência do animal quanto à sua árvore genealógica; ● Seleção dos progenitores; ● Inseminação artificial. Pugs apresentam pouco interesse sexual pelos parceiros o que dificulta a monta. A técnica é relativamente simples e de fácil execução, com custos relativamente baixos, considerada segura para animal e garante resultados confiáveis aos criadores. 2.4.Critérios para seleção e descarte do reprodutores São estabelecidos alguns critérios, regulamentados e padronizados pela Confederação Brasileira de Cinofilia de seleção e descarte. O Pug é classificado com cachorro de luxo e apresenta aparência geral quadrada, robusta, de forma compacta, bem ajustada em suas proporções com musculatura rija, conforme descrito no item 2.2. A identificação do gene SMOC2 é parâmetro para descarte de um animal, assim como os índices de herdabilidade descritos a seguir. 2.5.Critérios para seleção e descarte da progênie Critérios para seleção: Herdabilidade Coeficiente genético que expressa a relação entre a variância genotípica e a variância fenotípica. O estabelecimento de uma 9 correlação entre as variâncias pode ser elevada ou diminuída, influenciando a escolha dos progenitores. A seguir, alguns índices de herdabilidade usados em melhoramento genético de cães. Característica reprodutiva h20,1 a 0,2; Característica de conformação corporal h20,5 a 0,65; Característica de peso h20,40; Característica de comportamento h20,3 a 0,5; ● Nervosismo h2 0,58; ● Desconfiança h2 0,10; ● Distração do olfato h2 0,0; ● Sucesso em programas de treinamento h2 0,44; ● Afabilidade h20,37. Reprodução Fertilidade; Tamanho da ninhada; Qualidade do sêmen; Taxa de sobrevivência; Taxa reprodutiva; Tamanho da ninhada h2 0,05; Efeito fêmea – capacidade corporal; Efeito macho (qualidade do sêmen) h20,38 a 0,58. 2.5.1. Critérios para o descarte Segundo critérios estabelecidos pela Confederação Brasileira de Cinofilia, em relação à raça Pug, cães que apresentem narinas muito apertadas e rugas sobre a trufa excessivamente pesadas, que afetem negativamente o focinho, que apresentem torção da mandíbula, alterações de dentes e língua ou qualquer alteração que atue sobre o bem estar do animal como olhos muito salientes, exagerados, que apresente problemas oculares ou evidenciando a esclera, agressivos ou tímidos demais, devem ser rejeitados 10 (figuras 4 e 5). A identificação da maioria dessas anormalidades pode ser feita através de exames radiográficos, endoscopia e broncoscopia. Figura 04 - Olhos muito saltados e evidenciando a esclera é uma características fenotípicas rejeitadas na seleção de progenitores para o melhoramento genético dos Pugs Fonte:https://www.portaldodog.com.br/cachorros/adultos-cachorros/o-temperamento-do-pug-tud o-que-voce-precisa-saber/ 11 Figura 05 - Animal de aparência geral quadrada, robusta, de forma compacta, bem ajustada em suas proporções e narinas mais abertas. Um forte candidato a ser considerado na seleção de progenitores para o melhoramento genético da raça Pug. Fonte: https://www.petlove.com.br/dicas/cores-de-pug 3.Consideraçoes Finais Foi constatado que os cães da raça Pug necessitam de cuidados especiais, e é preciso estabelecer uma conscientização dos criadores para adotarem um processo de seleção extremamente rigoroso , investindo em exames para identificação da síndrome braquicefálica, castrando as fêmeas e rejeitando machos progenitores com características fenotípicas consideradas criticas para a qualidade de vida do animal . Com isso, teremos cães geneticamente superiores nas próximas gerações , com características respiratórias mais favoráveis, trazendo benefícios para o animal, como também para o proprietário. 4. Bibliografia ● APOSTILA CLÍNICA MÉDICA DE CÃES E GATOS I_ Felipe Carniel 2015 ● König, Horst Erich. Anatomia dos animais domésticos : texto e atlas colorido [recurso eletrônico] / Horst Erich König, Hans-Georg Liebich ; tradução: Régis Pizzato ; revisão técnica: Luciana Silveira Flôres Schoenau, Marleyne José Afonso Accioly Lins Amorim. – 6. ed. – Porto Alegre : Artmed, 2016. 12 ● Apostila Cães e Gatos II * Nota da Revisão Científica: Optou-se por se traduzir conservando o termo utilizado no original, mesmo se tratando neste capítulo do cão e do gato, cuja região denominada garupa poderia ser denominada região glútea. 1 Baseado em Chapman WL: Appearance of ossification centers and epiphyseal closures as determined by radiographic techniques, J Am Vet Assoc 147:138-141, 1965. 2 Baseado em Hare WCD: The age at which epiphyseal union takes place in the limb bones of the dog, Wien Tierärztl Monatsschr 9:224-245, 1972. 3 Baseado em Smith RN: Fusion of ossification centers in the cat, J Small Anim Pract 10:523-530, 1969. 4 Baseado em Smith RN, Allcock J: Epiphyseal fusion in the Greyhound, Vet Rec 72:75-70, 1960. ● https://www.cinobras.com.br/racas_list.php?id=133. Acesso de 21/10/2021 ● https://www.petlove.com.br/dicas/cores-de-pug. Acesso de 21/10/2021 ● https://www.portaldodog.com.br/cachorros/adultos-cachorros/o-te mperamento-do-pug-tudo-que-voce-precisa-saber/. Acesso de 21/10/2021 ● http://www.portaldospugs.com.br/sobre_julgando.htm. Acesso de 21/10/2021 ● FREICHE, Valérie; PONCET,Cyrill. A síndrome gastrintestinal e das vias respiratórias superiores em cães braquicefálicos,REVISTA VETERINARY FOCUS. Vol 17, No 2, 2007. Disponível em: <http://www.royalcanin.com.br ● TEICHMANN, Cristiane et al . Alterações Anatômicas em Cães com Síndrome Braquiocefálica. [S.I.], [200-?]. Disponível em: < http://www.unicruz.edu.br/seminario/downloads/anais/ccs/alteraco es%20anatomicas%20em%20caes%20com%20sindrome%20bra quiocefalica.pd 13 https://www.cinobras.com.br/racas_list.php?id=133 https://www.petlove.com.br/dicas/cores-de-pug https://www.portaldodog.com.br/cachorros/adultos-cachorros/o-temperamento-do-pug-tudo-que-voce-precisa-saber/ https://www.portaldodog.com.br/cachorros/adultos-cachorros/o-temperamento-do-pug-tudo-que-voce-precisa-saber/ http://www.portaldospugs.com.br/sobre_julgando.htm 14
Compartilhar