Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Treinamento Módulo 1 Projetista Solar Fotovoltaico Grupo Internacional 25 anos CENÁRIO ENERGÉTICO 1. Sistemas de Compensação de Energia e Estrutura Tarifária 1.1. Resoluções Aneel 482/12, 687/15 e Revisões Extraordinárias; 1.2. Atualização Normativa e Perspectivas da Revisão para 2019; 1.3. Tipologias de Compensação de Energia: Autoconsumo, Autoconsumo Remoto, Geração Compartilhada e Empreendimento com Múltiplas Unidades Consumidoras; 1.4. Estrutura Tarifária dos Grupos A e B: Tarifa Convencional e Horo-sazonal; 1.5. Análise dos Componentes Tarifários: Consumo na Ponta e Fora-ponta, Demanda Contratada, Sistema de Bandeiras Tarifárias; 1.6. Cálculo da Necessidade Energética a Partir da Análise do Histórico de Consumo; 2. Dimensionamento de uma Usina Solar Fotovoltaica (USV) 2.1. Cálculo da Potência Requerida; 2.2. Componentes de uma USF; 2.2.1. Painel Fotovoltaico: Forma Construtiva, Tipos de Células Fotovoltaicas, Tendências; 2.2.2. Inversor Fotovoltaico: Aspectos Construtivos (Micro Inverter, Convencional e Híbrido), Tipos (Monofásico e Trifásico), Aplicações; 2.3. Características do Arranjo Fotovoltaico: Orientação, Inclinação, Sombreamento, e Mismatch; 2.4. Dimensionamento da Potência Instalada da USV e Cálculo da Geração de Energia; 3. Análise de Condutores e Proteções 3.1. Dimensionamento do Cabeamento CC; 3.2. Proteções; 3.3. Dispositivos de Proteção CC; 4. Tramite perante a Concessionária 4.1. Etapas 4.2. Documentação Requerida pela Concessionária 4.3. Utilização do Portal de Clientes Corporativos 5. Técnicas de Vendas Consultivas 5.1. Cenários do Mercado Fotovoltaico; 5.2. Modelos de Negócios; 5.3. Venda Consultiva; INTRODUÇÃO 2 O Brasil possui uma previsão de crescimento constante em sua necessidade energética o que traz a necessidade de aumento na matriz de geração de energia, que atualmente [e majoritariamente hídrica, contudo hoje nos deparamos com uma situação onde esgotamos nosso potencial de construir novas usinas hidroelétricas de grande porte, então só nos resta como opção investir em fontes de geração não-renováveis como gás natural, carvão, nuclear; ou fontes de geração renováveis como eólica, biomassa e solar. Na busca do incentivo a melhoria da matriz, em 2012 apareceu a modalidade de geração distribuída, onde a iniciativa privada instala seus próprios geradores conectados à rede da distribuidora independente da potência a ser instaladas. Acima temos uma previsão do crescimento da matriz energética brasileira em um período de 10 anos, onde podemos observar que o a grande expectativa de crescimento está depositada nas fontes de energia renováveis. Como a geração distribuída conta principalmente com recursos da iniciativa privada, um forte indicativo que este setor terá com a disposição de investir na geração de sua própria energia, está na evolução do preço da energia que é pago no Brasil, vide o histórico de preços da energia em comparação com a evolução acumulada de indicadores como o PIB, IPCA e IGPM. CENÁRIO ENERGÉTICOINTRODUÇÃO 3 Nós também contamos com uma excelente situação de alta disponibilidade de irradiação solar. Como podemos observar nos mapas de potencial solarimétrico acima, o pior ponto identificado no Brasil é melhor que o melhor local na Alemanha, que até 2016 era o pais com a maior potência instalada de energia solar no mundo, e hoje está atrás da China e EUA. No Brasil a fonte solar fotovoltaica ainda representa muito pouco em nossa matriz energética, a geração distribuída representa apenas menos que 0,5% do total, mas vemos que o crescimento mostra-se muito expressivo, vide abaixo. CENÁRIO ENERGÉTICOINTRODUÇÃO 4 Abaixo vemos também a projeções de crescimento da geração distribuída até 2024, considerando apenas os segmentos residencial e comercial. CENÁRIO ENERGÉTICOINTRODUÇÃO 5 Localmente contamos com ações que incentivam o crescimento das iniciativas de energias renováveis. Dentre estas ações destacam-se: • O Programa denominado PE Sustentável (Lei 14.666, de 18/05/2012) – e os Decretos 33.547/2009, 37.144/2011 e 37.948/2012 – fomenta ações de melhores práticas de sustentabilidade ambiental nas empresas e comunidades produtivas do Estado, com incentivos fiscais e a criação do FEHEPE (Fundo de Eficiência Hídrica e Energética de Pernambuco) que visa o financiamento de projetos de energia renovável; • Financiamento de estudos e projetos diretamente ligados aos fins do PE Sustentável; • Realização do primeiro leilão de energia solar fotovoltaica do País; • Criação do Programa PE Solar, que financia a instalação de equipamentos para o aproveitamento da energia solar em unidades consumidoras industriais e comerciais de micro e pequeno porte, ao mesmo tempo que incentiva a criação de empresas locais para atender a esta demanda; Este ano tivemos o lançamento do Atlas Solar e Eólico de Pernambuco que conta com informações relevantes atualizadas a respeito da estrutura estadual, características e potencias energéticos. CENÁRIO ENERGÉTICOINTRODUÇÃO Neste curso temos o objetivo de capacitar os participantes a atuar no mercado de geração solar fotovoltaica: dimensionando o potencial requerido a ser instalado, elaborando projetos executivos de usinas solares, entendendo o relacionamento que deve ser mantido com as distribuidoras de energias e as características comerciais típicas. 6 RESOLUÇÃO NORMATIVA 482/2012 Desde 17 de abril de 2012, quando entrou em vigor a Resolução Normativa ANEEL nº 482/2012, o consumidor brasileiro pode gerar sua própria energia elétrica a partir de fontes renováveis ou cogeração qualificada com o sistema conectado à rede de distribuição podendo inclusive fornecer o excedente para a rede de distribuição de sua localidade, iniciando o sistema de compensação de créditos de kWh. Trata-se da micro e da minigeração distribuídas de energia elétrica, inovações que podem aliar economia financeira, consciência socioambiental e autossustentabilidade. Nesta resolução foram adotadas as definições de microgeração (para sistemas de até 100kW) e minigeração (para sistemas de 100kW até 1MW). Foi passada a responsabilidade de adequação dos sistemas para as distribuidoras por conta do acesso de microgeração e minigeração distribuída ao Sistema Interligado Nacional. Foi nessa Resolução que foi definido o Sistema de Compensação de Energia Elétrica, o net metering. Para entender o net metering, é necessário estar familiarizado com as definições de Baixa e Média Tensão, Taxa de Disponibilidade, Demanda e Demanda Contratada e horários de Ponta e Fora Ponta. a. Baixa Tensão – Unidades consumidoras que recebem tensão da concessionária em um nível abaixo de 1.000 V. b. Média Tensão – Unidades consumidoras que recebem tensão da concessionária em um nível entre 1.000 V e 72.500 V. c. Taxa de Disponibilidade – A concessionária cobra uma taxa por garantir o fornecimento de energia elétrica das unidades consumidoras na Baixa Tensão. Essa taxa representa o consumo mínimo que será cobrado pela concessionária e varia de acordo com o número de fases do circuito da unidade, como mostra a Tabela a seguir. 1. Sistemas de Compensação de Energia e Estrutura Tarifária 1.1. Resoluções Aneel 482/12, 687/15 e Revisões Extraordinárias A Taxa de Disponibilidade representa o consumo mínimo da unidade. Caso ela consuma mais que esse mínimo, ela será cobrada somente pela energia consumida. Essa cobrança é referente somente ao consumo de energia, não levando em consideração os impostos e contribuição municipal. 7 d. Demanda e Demanda Contratada – Na Média Tensão não é cobrada a Taxa de Disponibilidade como acontece na Baixa Tensão. Em seu lugar é cobrada a Demanda Contratada. Definidas na REN n° 414/2010, Demanda é a quantidade de potência absorvida da rede pela unidade consumidora em um intervalo de tempo especificado. Demanda Contratada é a Demanda que a concessionária deve obrigatoriamente disponibilizar à unidade.Nesse caso, a unidade não pode consumir mais potência do que a Demanda que contratou, estando sujeita a multa caso contrário. E dela será cobrada a Demanda Contratada, seja ela utilizada ou não durante o período do faturamento, além do consumo propriamente dito. e. Horários de Ponta e Fora Ponta – O consumo de energia elétrica das unidades consumidoras não é constante, existem horários em que o consumo é maior e outros em que o consumo é menor. Entretanto, se o período de maior consumo de várias unidades coincide, a concessionária pode ser obrigada a operar no seu limite ou então ter que expandir a capacidade do seu sistema podendo acarretar prejuízos financeiros e até ambientais. Então, para estimular o equilíbrio do período de pico de demanda das unidades consumidoras e reduzir o teto de consumo total no horário de pico, foram criados os Horários de Ponta e Fora Ponta, também chamados de Postos Tarifários. Nos horários de Fora Ponta, a cobrança se dá com uma tarifa que incentive o consumo naquele horário, já nos horários de Ponta há um acréscimo do valor da energia. A relação entre os valores é chamada de Fator de Correção de Posto Tarifário. Os horários de Ponta e Fora Ponta e o Fator de Correção de Posto Tarifário podem variar entre cada concessionária. Uma possível forma de cobrança diferenciada por conta de Postos Tarifários, por exemplo, um horário de Ponta entre 17:30h e 21:29h. Agora que as definições foram explicitadas vamos definir o net meetering. Sistema de Compensação de Energia Elétrica (Net Metering): A quantidade de energia elétrica ativa gerada por uma unidade consumidora através de geração distribuída é abatida do consumo a ser faturado, por posto horário. E se a quantidade de energia gerada superar a consumida, o excedente poderá ser descontado em até 36 meses (Res 486), a partir da data da fatura. Assim, o sistema elétrico funciona como uma bateria, que armazena a energia gerada por uma unidade consumidora para ser consumida posteriormente, utilizando à noite a energia gerada durante o dia, por exemplo. 1. Sistemas de Compensação de Energia e Estrutura Tarifária 1.1. Resoluções Aneel 482/12, 687/15 e Revisões Extraordinárias 8 Nos casos em que a unidade consumidora gerar créditos excedentes, o consumidor ainda estará sujeito à Taxa de Disponibilidade de Energia, cujo valor depende do tipo de conexão da unidade. Essa taxa não gera créditos, é usada somente para consumo. Nos meses em que a geração seja menor que o consumo, o pagamento da Taxa de Disponibilidade é considerado antes de descontar os créditos acumulados. Nesta Resolução o prazo para utilizar os créditos em kWh injetados na rede era de 36 meses. RESOLUÇÃO NORMATIVA 517/2012 Altera a REN nº 482/2012 e o Módulo 3 do PRODIST, que trata do acesso ao sistema de distribuição. Com ela, permite-se compensar a energia elétrica ativa gerada em uma unidade consumidora diferente da unidade onde ela foi gerada, desde que possuam o mesmo titular e pertençam ao mesmo agente distribuidor. Esse modelo, chamado de Autoconsumo Remoto, será explicado junto com os outros modelos na REN nº 687. Ainda, limita-se a potência instalada da microgeração e minigeração distribuída de acordo com sua unidade consumidora. Consumidores do grupo A estão limitados à sua demanda contratada e do grupo B, à sua carga instalada. Para saber a carga instalada de uma unidade consumidora do grupo B, utilize a fórmula abaixo. 1. Sistemas de Compensação de Energia e Estrutura Tarifária 1.1. Resoluções Aneel 482/12, 687/15 e Revisões Extraordinárias Onde C = Carga Instalada Vdg = Nível de tensão da rede fase-neutro Idg = Corrente máxima do disjuntor geral N = Número de fases do sistema (ex. Bifásico = 2) Exemplo: Numa residência (grupo B) atendida pela concessionária a um nível de tensão de 220/127 V e tipo de conexão bifásica encontra-se um disjuntor de 40 A. A carga instalada nessa unidade consumidora, se encontra a seguir: C = 127 x 40 x 2 = 10.160 W ou 10,16 kW Outras adições que esta revisão trouxe foi a previsão de extinção dos créditos em kWh existentes no ato de encerramento do contrato entre o consumidor e a distribuidora, e que devem constar na fatura de energia as informações do saldo de créditos de kWh e a previsão de expiração dos mesmos. C = Vdg x Idg x N 9 RESOLUÇÃO NORMATIVA 687/2015 A Resolução Normativa ANEEL nº 687/2015 é a revisão ordinária mais atual, no que concerne geração distribuída, reunindo as alterações dos módulos 1 e 3 do PRODIST com a reformulação da REN 482/2012, alterando condições de microgeração e minigeração, o Sistema de Compensação de Energia Elétrica, além de criar novas regras. Segundo as novas regras, que começaram a valer em 1º de março de 2016, é permitido o uso de qualquer fonte renovável, além da cogeração qualificada, denominando-se microgeração distribuída a central geradora com potência instalada até 75 KW e minigeração distribuída aquela com potência acima de 75 kW e menor ou igual a 5 MW (3 MW para hídricas), conectadas na rede de distribuição por meio de instalações de unidades consumidoras. Quando a quantidade de energia gerada em determinado mês for superior à energia consumida naquele período, o consumidor fica com créditos que podem ser utilizados para diminuir a fatura dos meses seguintes. De acordo com as novas regras, o prazo de validade dos créditos passou de 36 para 60 meses, sendo que eles podem também ser usados para abater o consumo de unidades consumidoras do mesmo titular situadas em outro local, desde que na área de atendimento de uma mesma distribuidora. Outra inovação da norma diz respeito à possibilidade de instalação de geração distribuída em condomínios ou empreendimentos de múltiplas unidades consumidoras. Nessa configuração, a energia gerada pode ser repartida entre os condôminos em porcentagens definidas pelos próprios consumidores. A ANEEL criou ainda a figura da geração compartilhada, possibilitando que diversos interessados se unam em um consórcio ou em uma cooperativa, instalem uma micro ou minigeração distribuída e utilizem a energia gerada para redução das faturas dos consorciados ou cooperados. Nas condições de adesão compete ao consumidor a iniciativa de instalação de micro ou minigeração distribuída – a ANEEL não estabelece o custo dos geradores e tampouco eventuais condições de financiamento. Portanto, o consumidor deve analisar a relação custo/benefício para instalação dos geradores, com base em diversas variáveis: tipo da fonte de energia (painéis solares, turbinas eólicas, geradores a biomassa, etc), tecnologia dos equipamentos, porte da unidade consumidora e da central geradora, localização (rural ou urbana), valor da tarifa à qual a unidade consumidora está submetida, condições de pagamento/financiamento do projeto e existência de outras unidades consumidoras que possam usufruir dos créditos do sistema de compensação de energia elétrica. 1. Sistemas de Compensação de Energia e Estrutura Tarifária 1.1. Resoluções Aneel 482/12, 687/15 e Revisões Extraordinárias 10 Esta revisão também instituiu que não é permitida a segmentação de usinas, onde por exemplo, existem 2 usinas de 75 kWp em localidades diferentes ambas em nome do mesmo titular gerando de forma remota para um endereço deste mesmo titular, ao somar a potência das duas usinas vemos que a potência instalada é de 150 kWp, esta potência indica a cobrança de Demanda, mesmo que cada usina isolada não tenha atingido a potência requerida. Por fim, ficou definido que a responsabilidade técnica e financeira do sistema de medição do consumo é de responsabilidade da distribuidora. RESOLUÇÃO NORMATIVA 786/2017 Se trata de uma revisão extraordinária que apenas trouxe alguns enquadramentos e esclarecimentos à redação da 687/15, como igualar a potência máxima das usinas hídricas às demais modalidades que é de 5 MW. Também vedou a possibilidade de enquadramentocomo micro ou minigeração de usinas que já tenha sido objeto de registro, concessão ou permissão na modalidade de Mecado Livre. 1. Sistemas de Compensação de Energia e Estrutura Tarifária 1.1. Resoluções Aneel 482/12, 687/15 e Revisões Extraordinárias 1. Sistemas de Compensação de Energia e Estrutura Tarifária 1.2Atualização Normativa e Perspectivas da Revisão para 2019 A REN 482/12 continua sendo a norma padrão que que serve de base para a Geração Distribuída, ela prevê revisões periódicas ordinárias, como foi o caso da REN 687; em 2019 estamos vivenciando o processo de elaboração de uma nova Revisão Ordinária. Através da Nota Técnica nº 0062/2018 a ANEEL apresentou os principais tópicos para a abertura de discussões sobre o aprimoramento das regras do Sistema de Compensação de Energia Elétrica, regulamentado pela REN nº 482/2012. Abaixo seguem os resumos das atividades da revisão. 11 1. Sistemas de Compensação de Energia e Estrutura Tarifária 1.2Atualização Normativa e Perspectivas da Revisão para 2019 Estão previstos a criação de gatilhos correspondentes à potência instalada de energia, e eles estão divididos em Consumo Junto a Carga e Autoconsumo Remoto, são eles: 1. Sistemas de Compensação de Energia e Estrutura Tarifária 1.3 Tipologias de Compensação de Energia: Autoconsumo, Autoconsumo Remoto, Geração Compartilhada e Empreendimento com Múltiplas Unidades Consumidoras AUTOCONSUMO OU GERAÇÃO JUNTO À CARGA 12 1. Sistemas de Compensação de Energia e Estrutura Tarifária 1.3 Tipologias de Compensação de Energia: Autoconsumo, Autoconsumo Remoto, Geração Compartilhada e Empreendimento com Múltiplas Unidades Consumidoras AUTOCONSUMO REMOTO EMPREENDIMENTO COM MÚLTIPLAS UNIDADES CONSUMIDORAS GERAÇÃO COMPARTILHADA 13 1. Sistemas de Compensação de Energia e Estrutura Tarifária 1.4 Estrutura Tarifária dos Grupos A e B: Tarifa Convencional e Horo-sazonal Postos Tarifários Os postos tarifários são definidos para permitir a contratação e o faturamento da energia e da demanda de potência diferenciada ao longo do dia, conforme as diversas modalidades tarifárias. A regulamentação consta na Resolução Normativa ANEEL - REN nº 414/2010: • Horário (posto) de ponta refere-se ao período composto por 3 (três) horas diárias consecutivas definidas pela distribuidora considerando a curva de carga de seu sistema elétrico, aprovado pela ANEEL para toda a área de concessão, com exceção feita aos sábados, domingos, e feriados nacionais; • Horário (posto) fora de ponta refere-se ao período composto pelo conjunto das horas diárias consecutivas e complementares àquelas definidas no horário de ponta e intermediário (no caso da Tarifa Branca); • Horário (posto) intermediário refere-se ao período de horas conjugadas ao horário de ponta, aplicado exclusivamente as unidades consumidoras optantes pela Tarifa Branca. Existe também o horário especial (também conhecido como período reservado), aplicado às unidades consumidoras da subclasse rural irrigante ou aquicultura. O horário especial é o período de 8 horas e 30 minutos do dia, que abrange toda a madrugada, em que a carga destinada à irrigação ou aquicultura recebe um desconto na tarifa de acordo com a região em que se localiza e o grupo tarifário a que pertence. Esta regulamentação está na REN nº 414/2010, arts. 53-J, 53-L. Grupo A Os clientes classificados como média tensão são enquadrados neste grupo tarifário, a que estão submetidos consumo no horário de Ponta e Fora de Ponta, também são submetidos à contratação de Demanda. Detalharemos mais a análise destes no item 1.5 mais adiante. Grupo B a. Tarifa Convencional Esta é a tarifa que é historicamente cobrada para consumidores classificados como Baixa Tensão, possui valor tarifário fixo independente do horário em que o consumo seja medido. b. Tarifa Branca Ao escolher a Tarifa Branca o consumidor passa a ter possibilidade de pagar valores diferentes em função da hora e do dia da semana. A partir de 01 de janeiro de 2019 a opção está disponível para as unidades consumidoras que são atendidas em baixa tensão (127, 220, 380 ou 440 Volts), denominadas de grupo B, tanto para novas ligações como para as existentes com consumo acima de 250 kWh/mês. 14 1. Sistemas de Compensação de Energia e Estrutura Tarifária 1.4 Estrutura Tarifária dos Grupos A e B: Tarifa Convencional e Horo-sazonal Nos dias úteis, o valor Tarifa Branca varia, dentro da área de concessão, em três horários: • Ponta (aquele com maior demanda de energia), • Intermediário (via de regra, uma hora antes e uma hora depois do horário de ponta); • Fora de ponta (aquele com menor demanda de energia). Na ponta e no intermediário, a energia é mais cara. Fora de ponta, é mais barata. Nos feriados nacionais e nos fins de semana, o valor é sempre fora de ponta. Antes da criação da Tarifa Branca, havia apenas uma tarifa, a Convencional, que tem um valor único (em R$/kWh) cobrado pela energia consumida e é igual em todos os dias, em todas as horas. Veja a comparação nos gráficos abaixo. 15 1. Sistemas de Compensação de Energia e Estrutura Tarifária 1.5 Análise dos Componentes Tarifários: Consumo na Ponta e Fora-ponta, Demanda Contratada, Sistema de Bandeiras Tarifárias No item 1.1 nós conceituamos os componentes tarifários neste capítulo faremos algumas considerações e observações para que estejamos habilitados a fazer uma análise qualitativa do perfil de consumo de uma edificação. Abaixo temos como exemplo uma conta de energia de um cliente A4 horo-sazonal verde. Temos: 1 – Descrição de Demandas, Consumos e demais despesas 2 – Gráficos com Histórico dos últimos 12 meses 3 – Classificação do Consumidor 16 1. Sistemas de Compensação de Energia e Estrutura Tarifária 1.5 Análise dos Componentes Tarifários: Consumo na Ponta e Fora-ponta, Demanda Contratada, Sistema de Bandeiras Tarifárias A. Demanda Contratada Demanda é a capacidade dos equipamentos da rede de distribuição (transformadores, subestações, linha de transmissão, etc) que a distribuidora tem que dispor para atender ao consumo da edificação em todos seus horários, inclusive o de pico de consumo, este é um valor previamente contratado, e por norma limita o tamanho da usina. Na fatura da edificação (exemplo acima) ele aparece em na primeira e na última linha, a primeira é o pico de demanda atingido no período de leitura, caso este não atinja os 133 kW contratados o saldo será cobrado em uma tarifa menor na última linha, atenção pois este é um caso especial. B. Consumo Ativo na Ponta Este é o consumo no período de 17:30 à 21:29h, o qual possui a tarifa mais cara pois este é considerado o horário de pico de consumo da rede. Este consumo não é abatido dos créditos de geração de energia solar. C. Consumo Ativo Fora Ponta O consumo fora ponta é o que conseguimos abater com os créditos da geração de energia solar. Iremos aprofundar a análise a respeito dos valores encontrados nesta alínea em tópicos mais adiante. 17 1. Sistemas de Compensação de Energia e Estrutura Tarifária 1.5 Análise dos Componentes Tarifários: Consumo na Ponta e Fora-ponta, Demanda Contratada, Sistema de Bandeiras Tarifárias D. Bandeiras Tarifárias O sistema de Bandeiras foi instituído pela ANEEL visando remunerar a geração termoelétrica, que possui uma energia mais cara, quando esta compor a matriz de geração. No exemplo ao lado tivemos a presença de duas bandeiras ao longo do período. Desde o ano de 2015, as contas de energia passaram a trazer uma novidade: o Sistema de Bandeiras Tarifárias, que apresenta as seguintes modalidades: verde, amarela e vermelha – as mesmas cores dos semáforos – e indicam se haverá ou não acréscimo no valor da energia a ser repassada ao consumidor final, em função das condições de geração de eletricidade. Cada modalidade apresenta as seguintes características: Bandeira verde: condições favoráveis de geração de energia.A tarifa não sofre nenhum acréscimo; Bandeira amarela: condições de geração menos favoráveis. A tarifa sofre acréscimo de R$ 1,00 para cada 100 quilowatt-hora (kWh) consumidos; Bandeira vermelha - Patamar 1: condições mais custosas de geração. A tarifa sofre acréscimo de R$ 3,00 para 100 cada kWh consumidos; Bandeira vermelha - Patamar 2: condições ainda mais custosas de geração. A tarifa sofre acréscimo de R$ 5,00 para cada 100 kWh consumidos. Todos os consumidores cativos das distribuidoras serão faturados pelo Sistema de Bandeiras Tarifárias. • Gráficos com Histórico dos últimos 12 meses O primeiro gráfico mostra o consumo histórico do Consumo Ativo na Ponta. 18 1. Sistemas de Compensação de Energia e Estrutura Tarifária 1.5 Análise dos Componentes Tarifários: Consumo na Ponta e Fora-ponta, Demanda Contratada, Sistema de Bandeiras Tarifárias O mesmo acontece no segundo gráfico, o qual informa o histórico do Consumo Ativo Fora Ponta, para calcularmos a potência requerida da usina, devemos calcular a média destes valores. O terceiro gráfico possui duas colunas, a branca informa o valor da Demanda Contratada (133 kW) e a coluna cinza mostra o histórico da Demandas Medidas. Devemos ter atenção a este indicador pois a ultrapassagem da Medida em relação à contratada acarreta em cobrança de multa. 1. Sistemas de Compensação de Energia e Estrutura Tarifária 1.6 Cálculo da Necessidade Energética a Partir da Análise do Histórico de Consumo Vamos tomar como exemplo dois casos de onde calcularemos o consumo energético que deve ser considerado durante o dimensionamento de uma usina solar fotovoltaica. Exemplo 1. Edificação com tarifa A: Tomemos o caso da edificação exposta no item 1.5, temos: 19 1. Sistemas de Compensação de Energia e Estrutura Tarifária 1.6 Cálculo da Necessidade Energética a Partir da Análise do Histórico de Consumo Neste caso, como tivemos duas bandeira tarifárias, para obtermos o Consumo Ativo Fora Ponta do mês atual temos que somar as duas linhas acima. C = 9.220,2 +5.096,4 = 14.316,6 kWh Mas este número não é suficiente, Observe que este é o valor da última coluna do gráfico dos Consumos Ativos Fora da Ponta, neste gráfico vemos que há uma grande variação do consumo ao longo do ano, faz-se necessário calcular o consumo médio que é a média resultante dos valores deste gráfico, temos então: Cméd1 = 12.608 kWh Exemplo 2. Edificação com tarifa B: Vide a Conta Energética > Observe a média dos últimos 12 meses no gráfico do Histórico de Consumo da Edificação. Cméd1 =4.975,3 kWh O consumo médio é o valor que deve ser tomado como base para calcular a potência instalada da usina solar fotovoltaica a ser dimensionada. 20 2. Dimensionamento de uma Usina Solar Fotovoltaica (USV) 2.1 Cálculo da Potência Requerida Inicialmente tomemos as seguintes variáveis: IRRADIAÇÃO SOLAR Os valores de irradiação solar que temos hoje são dados históricos que foram obtidos por satélites meteorológicos desde a década de 90, em casos específicos podemos instalar uma estação solarimétrica que irá medir as condições exatas daquele ponto, a partir destas medições foram elaborados diversos mapas solarimétricos, com várias informações de acordo com a época do ano. Para a realidade da Geração Distribuída dispomos de atlas solarimétricos bastante precisos que nos informam qual a irradiação em cada região do país e do mundo. 21 2. Dimensionamento de uma Usina Solar Fotovoltaica (USV) 2.1 Cálculo da Potência Requerida Os painéis fotovoltaicos de silício geram uma quantidade de energia proporcional ao ângulo de incidência solar, tendo seu potencial máximo quando a incidência está à 90º (sol à pico), sabemos que ao longo do dia a angulação solar varia a todo instante, esta irradiação instantânea é medida em W/m2, e ela varia ao longo do dia (em horas) formando uma parábola, a potência de irradiação solar de determinado local é dada pela área desta parábola, que é a irradiação multiplicada pela quantidade de horas de sol (Wh/m2) (vide figura abaixo – à esquerda). Contudo uma vez que o cálculo da parábola não é prático, então buscou-se uma visão simplificada para encontrarmos a potência de irradiação. Os mapas solarimétricos consideram como referência que a irradiação é constante ao longo do dia no valor de 1.000 W/m2, que equivale a irradiação do sol a pico conforme as STC (condições padrão de teste) e formam um retângulo que possui a mesma área da parábola de potência de irradiação solar; este retângulo terá então dois vértices, um é constante: a irradiância a pico de 1.000 W/m2; e o outro é variável: a quantidade de horas a pico (vide figura abaixo – à direita). Então o que os mapas solarimétricos nos informam é a quantidade de hora pico de cada localidade. EFICIÊNCIA GLOBAL ESTIMADA DO SISTEMA FOTOVOLTAICO Mais adiante vamos ver com mais detalhes os componentes de um sistema fotovoltaico, mas por hora vamos apenas abordar que estes possuem perdas por diversos fatores, como aquecimento dos cabos elétricos e equipamentos, poeira sobre os painéis, etc. Abaixo temos um gráfico que demonstra vários pontos de perdas. 22 2. Dimensionamento de uma Usina Solar Fotovoltaica (USV) 2.1 Cálculo da Potência Requerida PERDAS POR SOMBREAMENTO E SUJEIRA PERDAS NO LADO DC PERDAS NO INVERSOR PERDAS NO LADO AC 23 2. Dimensionamento de uma Usina Solar Fotovoltaica (USV) 2.1 Cálculo da Potência Requerida PR = Consumo – Disponibilidade Irradiação x Dias/mês x Eficiência Dando continuidade aos exemplos 1 e 2 do item 1.6, considerando uma irradiação 5,4 kW/m2/dia, e uma eficiência de 78%, temos: Exemplo 01: PR1 = 12.608 – 100 5,4 x (365/12) x 78% PR1 = 97,63 kWp Exemplo 02: PR2 = 4.975,3 – 100 5,4 x (365/12) x 78% PR2 = 38,05 kWp Cada sistema possui suas características particulares ao local (ex: grau de empoeiramento), ao posicionamento dos painéis fotovoltaicos, se sofre sombreamento em algum período, temperatura ambiente, etc. Inicialmente vamos considerar que as perdas inerentes a um sistema fotovoltaico são em média 22%, logo a eficiência será de 78%. DIMENSIONAMENTO DA POTÊNCIA REQUERIDA Podemos calcular a Potência Requerida de um sistema fotovoltaico quando tomamos o consumo médio em kWh, e dividimos pela irradiação que são as horas de sol a pico e aplicamos a eficiência do sistema. Considerando que já vimos as definições de Consumo Médio (item 1.6) e Taxa de Disponibilidade (item 1.1.), temos a seguinte equação para calcular a Potência Requerida (PR): 24 2. Dimensionamento de uma Usina Solar Fotovoltaica (USV) 2.2 Componentes de uma USF On-grid Um sistema fotovoltaico conectado à rede, também conhecido com On-grid, possui os seguintes componentes: 1. Painéis Fotovoltaicos; 2. Inversor On-Grid –Transforma a corrente contínua do painel em corrente alternada compatível com a eletricidade da rede; 3. Medidor de Energia bidirecional; 4. Quadro de Distribuição de Energia; 5. Cabeamento; 6. Carga de Consumo Os sistemas On-grid geralmente não utilizam sistemas de armazenamento de energia, e por isso são mais eficientes que os sistemas autônomos, além de, geralmente, serem mais baratos. 25 No geral, essas células individualmente têm uma tensão entre 0,5 e 0,8V, no caso da produzida com Silício. Dessa forma, as células são conectadas em série para que produzam uma tensão de um valor adequado para a utilização da mesma. As células são também consideradas muito frágeis e por esse motivo devem ter uma proteção mecânica e contra mudanças climáticas. O número de células conectadas em um módulo, tanto em série quanto em paralelo, depende diretamente da tensão que será utilizada e da corrente elétrica que se deseja obter, a figura abaixo mostra essas configurações possíveis. 2. Dimensionamento de uma Usina Solar Fotovoltaica (USV) 2.2.1 Painel Fotovoltaico O painel ou módulo fotovoltaico é constituído por um arranjo de células, que utilizam do efeito fotovoltaicopara a produção de eletricidade, ou seja o aparecimento de uma diferença de potencial nos extremos de uma estrutura de material semicondutor, produzida pela absorção da luz. As células são ordenadas para que possam ser conectadas e assim sejam capazes de produzir uma tensão e corrente suficientes para a utilização da energia, do mesmo jeito que essa organização das células as protegem de qualquer situação que possa danificá-las. Células fotovoltaicas de diferentes tecnologias. (a) Silício monocristalino; (b) Silício policristalino e (c) Silício amorfo. Esquema ilustrativo de (a) três células em série e (b) três células em paralelo 26 2. Dimensionamento de uma Usina Solar Fotovoltaica (USV) 2.2.1 Painel Fotovoltaico No processo de fabricação desses módulos devemos dar importância ao tipo de células que serão utilizadas para que seja realizada a união das mesmas, devido a suas características elétricas, visto que a incompatibilidade das propriedades elétricas pode levar a produção de módulos de baixíssima qualidade, devido ao efeito de “descaimento elétrico” (mismatching), já que as células de menor corrente limitam o desempenho das outras células e assim a eficiência do módulo em geral é reduzida. Em sistemas conectados à rede, os valores de tensão que devem ser atingidos variam consideravelmente e exigem a utilização da associação de muitos módulos em série, e é por esse motivo que podemos observar uma diversidade de tensões nominais nesse tipo de módulos O mercado exige módulos rígidos ou flexíveis, de acordo com o tipo de célula utilizada. Os módulos rígidos, usualmente aplicam como base mecânica uma ou mais lâminas de vidro temperado, com um baixo teor de ferro, para uma melhor transmitância (razão entre a quantidade de luz que atravessa um meio e a quantidade de luz que sobre ele incide) à radiação solar. Podem também ter uma moldura com perfis de alumínio, que facilita a instalação do painel, ou sem a utilização de molduras, sendo o caso onde os módulos são utilizados como parte de uma construção ou revestimento. O silício é o segundo material mais abundante na natureza, perdendo apenas para o oxigênio. Entretanto, o silício está naturalmente combinado a outros materiais, e se apresenta como dióxido de silício e silicatos. A areia e o quartzo são as formas mais comuns. A areia contém demasiado teor de impurezas para ser processada, já os depósitos de quartzito chegam a possuir 99% de Si. É essa areia sílica que é processada para a obtenção da matéria pura. Para a utilização do silício como matéria prima para a fabricação das células fotovoltaicas, esse deve ser purificado. Após essa purificação, teremos criado um cristal de silício com até 99,9999% de pureza, que é um dos materiais mais puros produzidos pelo homem. É justamente esse processo de purificação que encarece a criação das células fotovoltaicas. 27 2. Dimensionamento de uma Usina Solar Fotovoltaica (USV) 2.2.1 Painel Fotovoltaico As células de silício cristalino são divididas em Monocristalino e Policristalino a. Silício Monocristalino Uma das formas de se obter o cristal único de silício, é através do método Czochralski. Durante esse processo, uma semente de cristal de silício é inserida numa caldeira com silício policristalino e, enquanto o conjunto gira lentamente, essa semente é erguida. A semente de silício orienta os átomos do mosto que se cristaliza em uma única formação cristalina, por isso o nome: monocristal. Após o corte do cristal em pastilhas, é depositado o fósforo, através de difusão de vapor a temperaturas entre 800-1200°C, e criada a rede de contatos frontais e traseiras que recolherão os elétrons liberados pelo efeito fotovoltaico. Também é feito um tratamento antirreflexo na parte posterior. Módulos com célula de silício monocristalino e policristalino, respectivamente b. Silício Policristalino Um dos processos de criação de silício policristalino mais utilizado é o de fundição de lingotes, onde o silício em estado bruto é aquecido no vácuo até uma temperatura de 1.500°C e depois resfriado até uma temperatura de 800°C. Pode-se aproveitar o processo de purificação do silício, e já adicionar o Boro. Nesse processo é utilizado menos energia. Serão criados blocos de silício de 40x40 cm² com altura de 30 cm. O processo segue como o do silício monocristalino, com o corte, tratamento antirreflexo e criação dos contatos frontais. 28 2. Dimensionamento de uma Usina Solar Fotovoltaica (USV) 2.2.1 Painel Fotovoltaico c. Filme Fino Ao contrário das células de silício cristalino, onde primeiro se produz a lâmina de silício, depois a célula e finalmente o módulo, nos painéis de filmes finos todo o processo está integrado. As células de filmes finos são depositadas sobre o vidro, realizando a produção das células e dos módulos em uma única fase. Já os módulos flexíveis, o módulo utiliza um substrato de material flexível, que usualmente pode ser um polímero ou uma lâmina metálica. Dentre os materiais mais usados estão o silício amorfo hidrogenado (a-Si:H), o disseleneto de cobre e índio (CIS) ou disseleneto de cobre, índio e gálio (CIGS) e o telureto de cádmio (CdTe), este último mostrado na figura abaixo. Módulo de filme fino, rígido, encapsulamento de vidro-vidro de telureto de cádmio (CdTe) Atualmente, os módulos fotovoltaicos são produzidos em lugares inteiramente automatizados, evitando a manipulação humana. O aumento da fabricação de módulos fotovoltaicos tem ajudado a reduzir os preços e garantir uma manutenção de qualidade aos consumidores. 29 2. Dimensionamento de uma Usina Solar Fotovoltaica (USV) 2.2.1 Painel Fotovoltaico CARACTERÍSTICAS ELÉTRICAS DOS PAINÉIS Massa de Ar Um módulo é geralmente identificado pela sua potência elétrica de pico (Wp), porém, deve ser levado em conta as características que são compatíveis com aplicação. Para definir a potência de pico de um módulo fotovoltaico é realizado um ensaio nas condições ideais (STC), considerando uma irradiação solar de 1000 W/m2 sob um espectro de radiação solar padrão para AM 1,5 e temperatura de célula de 25 °C, conforme ilustra a figura. AM é a abreviação para “Air Mass”, ou seja, Massa de Ar e nada mais é do que a razão entre o caminho ótico percorrido pelos raios solares ao cruzar a atmosfera (SO) e o caminho vertical na direção do zênite (ZO), conforme a equação abaixo. 30 2. Dimensionamento de uma Usina Solar Fotovoltaica (USV) 2.2.1 Painel Fotovoltaico Gráfico de Tensão x Corrente Devemos observar que as características elétricas que definem um módulo dependem diretamente das condições de temperatura e de irradiação. Quando o módulo fica posicionado direcionado para o Sol, a tensão do módulo pode ser medida utilizando um voltímetro conectado aos terminais positivos e negativos. A tensão que é analisada em um módulo desconectado é a tensão de circuito aberto (Voc). Contudo, ao utilizar um amperímetro nos mesmos terminais é medido a corrente de curto-circuito (Isc). No entanto, esses dados não são muitos utilizados para se obter conhecimento sobre a potência real do módulo. No ensaio mais completo para determinar as características elétricas de um módulo fotovoltaico, o módulo é submetido às condições padrões de ensaio e se utiliza uma fonte de tensão variável para realizar uma varredura entre a tensão negativa de poucos volts (levando em conta a tensão dos terminais do módulo) até extrapolar a tensão de circuito aberto do módulo (corrente fica negativa). Durante a varredura são armazenados pares de informações de tensão e corrente, produzindo uma curva característica como mostrado na figura abaixo, sendo que para cada ponto da curva observada o produto de corrente pela tensão nos dá o dado de potência gerada para condições de operação. Na mesma figura acima é possível observar uma curva de potência em função da tensão, que ajuda a identificar o ponto onde é alcançado a potênciamáxima. Nesse ponto da curva onde se encontra a potência máxima, é determinado valores de corrente e tensão especificados, que são chamados de corrente e tensão de p o t ê n c i a m á x i m a ( V M P, I M P ) , denominado esse ponto de ponto de potência máxima (PMP). Dessa forma, podemos definir a potência máxima como o produto da tensão de máxima potência (VMP) e a corrente de máxima potência (IMP). 31 2. Dimensionamento de uma Usina Solar Fotovoltaica (USV) 2.2.1 Painel Fotovoltaico As informações anteriormente citadas com: PMP, VMP, IMP, Voc e Isc são os cinco principais parâmetros que definem o módulo sob determinadas condições de radiação, temperatura de operação de célula e massa de ar. O fator de forma (FF) do módulo é a grandeza que expressa quando a sua curva característica se aproxima de um retângulo no diagrama, quanto mais retangular for essa forma demonstra a melhor qualidade das células do módulo. Definição de fator de forma (FF) A área hachurada simples condiz com o produto Voc x Isc, ou seja, a potência real do módulo (G.Am), sendo G a irradiação solar e Am a área do módulo, tendo esse valor sempre acima da potência que o módulo pode atingir. A área duplamente hachurada representa o produto VMP x IMP, ou seja, PMP, isto é, a potência máxima do módulo. A equação abaixo apresenta o cálculo da eficiência do módulo. Para o módulo pelas normas técnicas a área inclui a moldura metálica e qualquer parte construtiva. 32 2. Dimensionamento de uma Usina Solar Fotovoltaica (USV) 2.2.1 Painel Fotovoltaico FATORES QUE AFETAM O DESEMPENHO DOS PAINÉIS A. Irradiação Solar Como já visto anteriormente, a irradiação ou irradiância solar é proporcional a quantidade de energia que é gerada no painel, com o aumento da irradiância solar, a corrente elétrica que é produzida pelo módulo aumenta consideravelmente. A corrente de curto-circuito possui um aumento linear, como observado na figura a seguir. Efeito causado pela variação da irradiância solar sobre a curva característica I-V para um módulo fotovoltaico de 36 células de silício cristalino (c-Si) a 25°C (STC) B. Temperatura A incidência diária de radiação solar e a mudança de temperatura ambiente desenvolve uma variação de temperatura nas células que constituem o módulo. A figura abaixo, mostra curvas com uma diversidade de temperaturas de células, podendo ser observado que há uma queda de tensão significativa com o aumento da temperatura da célula. Além disso, a corrente passa por uma elevação muito pequena, sendo incapaz de compensar a perda pela diminuição de tensão. Para representar o efeito da temperatura nas propriedades dos módulos é usualmente utilizado os coeficientes de temperatura definidos abaixo. Efeito do aumento de temperatura na curva característica I-V do painel solar. 33 2. Dimensionamento de uma Usina Solar Fotovoltaica (USV) 2.2.1 Painel Fotovoltaico IDENTIFICAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS ELÉTRICAS DOS MÓDULO As informações julgadas essenciais são normalmente encontradas na etiqueta afixada em cada módulo como observado na tabela 1. Dados técnicos complementares são encontrados nas folhas de dados ou catálogos técnicos dos módulos, como visto na tabela abaixo: Acima: Dados técnicos que constam na folha de dados do módulo 34 2. Dimensionamento de uma Usina Solar Fotovoltaica (USV) 2.2.1 Painel Fotovoltaico Acima: Dados técnicos que não constam na etiqueta do módulo Dados reais de painéis de 60 células. Fonte: Canadian Solar 35 2. Dimensionamento de uma Usina Solar Fotovoltaica (USV) 2.2.1 Painel Fotovoltaico REGISTRO INMETRO Os módulos que são vendidos no Brasil devem ser ensaiados de acordo com a RAC do Inmetro e possuir um registro que pode ser consultado na página do Inmetro, além de ter uma etiqueta como mostrado abaixo: Para utilização da Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (ENCE), atendendo assim aos requisitos do Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE), que visa eficiência energética e adequado nível de segurança. A ENCE tem como propósito informar a eficiência energética e/ou o desempenho térmico de sistemas e equipamentos para energia fotovoltaica, definidos nestes requisitos de avaliação de conformidade, segundo normas brasileiras específicas e/ou internacionais. Usualmente a eficiência do módulo é uma característica considerada não muito importante no projeto do sistema fotovoltaico, com exclusão dos casos onde existe uma limitação da área disponível para realização da instalação do painel. 36 2. Dimensionamento de uma Usina Solar Fotovoltaica (USV) 2.2.1 Painel Fotovoltaico CAIXAS DE CONEXÕES Os módulos geralmente possuem uma caixa de conexões (Junction Box) em sua face posterior, onde são encontrados os diodos de desvio (By-pass) e as conexões dos conjuntos de células em série. A vemos abaixo o funcionamento do diodo de by-pass. Vemos também o interior de uma caixa de conexões de um módulo constituído por 60 células e um diagrama que mostra a posição dos diodos de by-pass. No módulo observado, cada diodo de desvio está conectado a 20 células em série. 37 2. Dimensionamento de uma Usina Solar Fotovoltaica (USV) 2.2.1 Painel Fotovoltaico ASSOCIAÇÃO DE PAINÉIS FOTOVOLTAICOS Os painéis podem ser conectados em série ou em paralelo, contudo para uma visão prática entendemos que a ligação usual é em série. Uma série de painéis é denominada String, as conexões devem ser feitas com cabos e conectores específicos para esta aplicação para que estejam aptos a resistir às intempéries. De maneira análoga à conexão das células fotovoltaicas, quando a ligação dos módulos é em série as tensões são somadas e a corrente, para módulos iguais, é constante: Ilustramos abaixo o efeito da conexão em série de módulos idênticos, através da curva característica I-V. Neste exemplo cada módulo de 220Wp tem Isc = 6,9 A e Voc = 43,4 V. O conjunto resultante da associação de 4 módulos em série tem potência de 880 Wp, Isc = 6,9A e Voc = 173,6V. 38 2. Dimensionamento de uma Usina Solar Fotovoltaica (USV) 2.2.2 Inversor Fotovoltaico Um inversor é um dispositivo eletrônico que fornece energia elétrica em corrente alternada (CA) usando de uma fonte de energia elétrica em corrente contínua (CC). A energia CC pode ser proveniente, de baterias, células a combustível ou módulos fotovoltaicos. A tensão CA de saída precisa ter amplitude, frequência e conteúdo harmônico de acordo com as cargas a serem alimentadas. Complementarmente, no caso de sistemas conectados à rede elétrica a tensão de saída do inversor deve ser sincronizada com a tensão da rede Há uma grande diferença de tipos de inversores em função das propriedades de suas aplicações. Várias vezes eles fazem parte de equipamentos maiores, como no caso de UPS (no-breaks) e acionamentos eletrônicos para motores de indução. Para os sistemas fotovoltaicos, os inversores podem ser divididos em duas categorias com relação ao tipo de aplicação: SFIs e SFCRs. Mesmo que os inversores para SFCRs compartilhem os mesmos princípios gerais de funcionamento que os inversores para SFIs, eles contêm propriedades específicas para obedecer às exigências das concessionárias de distribuição em termos de segurança e qualidade da energia injetada na rede. Os inversores modernos usam chaves eletrônicas de estado sólido e o seu desenvolvimento está diretamente ligado à evolução da eletrônica de potência, tanto em termos de componentes (especialmente semicondutores) quanto das topologias de seus circuitos de potência e controle. Diferente dos primeiros inversores para uso em sistemas fotovoltaicos que eram apenas adaptações de circuitos que já existiam, os circuitos mais modernos são desenvolvidos considerando a complexidade e as exigências de sua aplicação específica. Desta maneira, no decorrer de poucas décadas, as topologias foram aperfeiçoadas e os custos de fabricação reduzidos, enquanto que as eficiênciasde conversão evoluíram até chegar a valores próximos a 99% em alguns inversores para conexão à rede elétrica. 39 2. Dimensionamento de uma Usina Solar Fotovoltaica (USV) 2.2.2 Inversor Fotovoltaico PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO DOS CONVERSORES CC-CA Temos na figura acima um conversor CC-CA de ponte completa para um inversor monofásico. Para uma tensão de entrada, o conversor de onda completa faz uma saída com o dobro da amplitude do conversor de meia ponte, variando de –Vcc a +Vcc. Esta topologia permite várias estratégias de funcionamento, dependendo da forma de acionamento das chaves. Se as chaves forem acionadas aos pares, de forma alternada e sincronizada, (S1 e S4, S2 e S3) em uma dada frequência (60 Hz), o sinal de tensão resultante na saída do conversor será outra vez uma onda quadrada. Independentemente de ter como vantagem a simplicidade, este tipo de acionamento não permite o controle da amplitude nem do valor eficaz (RMS) da tensão. Nos conversores CC-CA de inversores modernos, a estratégia de controle mais usada é a PWM. Apesar de existirem vários esquemas PWM, todos eles baseiam-se no acionamento dos dispositivos de chaveamento a uma frequência constante (dezenas ou centenas de kHz), porém com um ciclo de trabalho (razão entre o tempo de condução e o período) variando durante o semiciclo proporcionalmente ao valor instantâneo de um sinal de referência. Iniciando com pulsos estreitos quando a amplitude da senóide de referência é baixa e, naturalmente, os pulsos vão se alargando conforme o valor instantâneo da senóide de referência aumenta. A figura a seguir explica detalhadamente a implementação de uma das possíveis estratégias de PWM, chamada chaveamento bipolar. Nesta figura observa-se que o controle do chaveamento é feito pela comparação de uma tensão de referência (Vcaref), que é uma senóide na frequência da rede (60 Hz), com um sinal triangular (Vtri) de frequência muito superior, ambas geradas internamente no conversor CC-CA As duas formas de onda podem ou não ser sincronizadas e as relações entre suas freqüências e amplitudes controlam os parâmetros da saída. Quando a tensão de referência tem valor superior à onda triangular, então são postas em condução as chaves S1/S4, enquanto que S2/S3 permanecem em bloqueio, aplicando assim uma tensão positiva (+Vcc) na carga. 40 2. Dimensionamento de uma Usina Solar Fotovoltaica (USV) 2.2.2 Inversor Fotovoltaico Nos momentos em que a tensão de referência é inferior à da onda triangular, os estados das chaves são invertidos e a carga recebe tensão negativa. Estratégia de controle PWM para um conversor CC-CA – tensões de controle VcaREF e Vtri (a) e tensão na saída Vcarga (b). Depois de uma filtragem adicional com filtro passa-baixa para retirar as componentes harmônicas de alta frequência, o sinal de saída é praticamente senoidal. Além de baixa distorção harmônica (THD), os inversores PWM também possuem elevada eficiência e uma excepcional regulação da tensão de saída. Esses dispositivos são indicados para equipamentos eletrônicos sensíveis. Comparados com inversores de onda quadrada, tem custo mais elevado como resultado da maior complexidade dos circuitos. INVERSORES PARA SISTEMAS CONECTADOS À REDE Inversores Centrais Inversores trifásicos de grande porte, com potência numa faixa que vai de centenas de kWp até Mwp, utilizados em Usinas Fotovoltaicas (UFVs). 41 2. Dimensionamento de uma Usina Solar Fotovoltaica (USV) 2.2.2 Inversor Fotovoltaico Inversores Multistring Inversores trifásicos ou monofásicos dotados de várias entradas independentes de MPPT's para conexão de strings de módulos, ver figura 20. São adequados a instalações urbanas (telhados, fachadas) nas quais cada string pode estar submetida a diferentes condições de irradiância e/ou sombreamento. Tem potência na faixa de dezenas de kWp. Inversores de String Inversores monofásicos dotados de apenas uma entrada MPPT, adequados a instalações de microgeração (até 15kWp). Microinversores O módulo fotovoltaico CA é constituído por um conjunto integrado módulo/inversor, cujos terminais de interface são unicamente CA, sem acesso ao lado CC. Podem ser conectados em paralelo para aumento da potência e são direcionados a instalações de pequeno porte (micro e minigeração distribuída). Dentre as vantagens do microinversor pode-se citar: • Sistema modular a partir de 1 painel • O timização e monitoramento individual dos painéis • Maior segurança em Corrente Alternada (AC) • Facilidade de projeto e dimensionamento • Flexibilidade em caso de manutenção 42 2. Dimensionamento de uma Usina Solar Fotovoltaica (USV) 2.2.2 Inversor Fotovoltaico As características a serem observadas nas especificações de um inversor fotovoltaico são apresentadas a seguir: Forma de onda e Distorção harmônica: a forma de onda da tensão CA produzida deve ser a senoidal pura. A distorção harmônica total (THD) precisa ser inferior a 5% em qualquer potência nominal de operação. Eficiência na conversão de potência: a eficiência é a relação entre a potência de saída e a potência de entrada do inversor. Nas especificações fornecidas pelos fabricantes há referência, usualmente, apenas à eficiência máxima. Entretanto, deve-se ter em conta que as variações na potência de entrada e saída, o fator de potência da carga, e outros fatores influenciam negativamente na eficiência do inversor. A eficiência dos inversores varia, geralmente, na faixa de 50 a 99%, podendo diminuir quando estão funcionando abaixo da sua potência nominal. Quando operando alguns motores, a eficiência real pode ser inferior a 50%. Abaixo são mostradas algumas curvas de eficiência de inversores para uso em SFCR. CARACTERÍSTICAS DOS INVERSORES 43 2. Dimensionamento de uma Usina Solar Fotovoltaica (USV) 2.2.2 Inversor Fotovoltaico Potência nominal de saída: indica a potência que o inversor pode prover à carga em regime contínuo. Num sistema isolado, o inversor deve ser especificado para fornecer uma potência sempre superior às necessidades máximas das cargas conectadas, considerando um aumento momentâneo da demanda de potência. Para sistemas isolados tipo SIGFI é recomendável escolher uma potência nominal que seja próxima à potência total necessária para alimentar as cargas e que esteja próxima a uma das classificações citadas na RN 493/2012 (ANEEL, 2012a). Para aplicação em MIGDIs recomenda-se utilizar um fator de diversidade que será tanto maior quanto menor for o número de unidades consumidoras a serem atendidas. Para os SFCRs, a potência do inversor está associada à potência do painel fotovoltaico utilizado. Tensão de entrada: é a tensão CC do inversor. Nos inversores para SFCRs, os requisitos relacionados à tensão de entrada do inversor devem ser sempre atendidos pela associação em série/paralelo de módulos. Tensão de saída: é regulada na maioria dos inversores. No Brasil, dependendo da região ou cidade são usados os valores de 127 ou 220 V, sempre na frequência de 60 Hz. A regulamentação Aneel exige que os inversores para SIGFIs operem na tensão de distribuição adotada na região. Quanto aos inversores para SFCRs, a regulamentação específica que devem operar em BT para potências de até 75 kW, enquanto que para potências superiores até 1MW, a injeção deverá ser feita na MT de distribuição (13,8kV). Regulação de tensão: indica a variação de amplitude permitida na tensão de saída CA Os melhores inversores produzem uma tensão de saída praticamente constante para uma ampla faixa de cargas. As variações na tensão de saída devem estar de acordo com os limites estabelecidos pela Aneel-PRODIST e devem considerar a queda de tensão no circuito de distribuição de energia. Frequência da tensão de saída: indica a frequência da tensão CA de saída do inversor. Os aparelhos elétricos convencionais usados como cargas CA no Brasil são fabricados para operar na frequência de 60Hz. Fator de potência: ascargas mais comuns, em sistemas residenciais, são indutivas com o fator de potência podendo chegar a 0,5. Os melhores inversores são projetados para compensarem as cargas indutivas e manterem o fator de potência próximo de 1, o que maximiza a transferência de potência para a carga. É desejável que a carga tenha um fator de potência elevado, uma vez que isto reduz a corrente necessária para qualquer nível de potência. 44 2. Dimensionamento de uma Usina Solar Fotovoltaica (USV) 2.2.2 Inversor Fotovoltaico Modularidade: em alguns sistemas, o uso de múltiplos inversores é muito vantajoso. Alguns modelos de inversores podem ser conectados em paralelo para operarem diferentes cargas. Algumas vezes é fornecido um chaveamento de carga manual para permitir que o inversor possa atender às cargas críticas em caso de falha. Esta característica aumenta a confiabilidade do sistema. Anti-ilhamento: trata-se de uma exigência prevista na regulamentação da ANEEL, para os inversores SFCR´s, que ao identificar a ausência da rede CA ele cessao forneceimento de energia; isso se deve por uma questão de segurança caso a rede CA tenha sido desligada em virtude de uma manutenção, por exemplo. Rastreador do Ponto de Potência Máxima: O MPPT, do inglês " Maximum Power Point Tracking" é uma característica do inversor que o permite trilhar constantemente a mudança do ponto de maior potência de um arranjo fotovoltaico ao longo do dia de forma a maximizar a potência gerada pelo arranjo. Relembrando o gráfico acima, visto no capítulo sobre os módulos fotovoltaico, os primeiros inversores tinham um ponto de potência fixo, atualmente eles ficam rastreando o ponto de potência máxima para aquele momento. 45 2. Dimensionamento de uma Usina Solar Fotovoltaica (USV) 2.3 Características do Arranjo Fotovoltaico Geralmente, para que haja uma operação adequada e eficaz, os módulos precisam ser orientados em direção à linha do equador. Nas instalações realizadas no hemisfério Sul, a face dos módulos fotovoltaicos deve ser direcionada em relação ao Norte Verdadeiro, como visto na figura 3. Por sua vez, caso o sistema seja instalado no hemisfério Norte, a face dos módulos fotovoltaicos deve ser orientada com sua face voltada para o Sul Verdadeiro. Os módulos fotovoltaicos possuem uma eficácia maior quando estão instalados perpendicularmente aos raios solares. O posicionamento horizontal mesmo sendo mais fácil para a instalação, não é a melhor posição para a produção de energia pois, tal posicionamento faz com que os módulos fotovoltaicos acumulem sujeira e resíduos, dificultando a autolimpeza no período de chuva. Veja abaixo os casos com inclinação ótima e demais casos. ORIENTAÇÃO Orientação da face dos módulos para o norte verdadeiro em um dado local do hemisfério sul (ângulo Azimutal de superfície igual a 180o) 46 2. Dimensionamento de uma Usina Solar Fotovoltaica (USV) 2.3 Características do Arranjo Fotovoltaico Em muitos locais, a direção do Norte Verdadeiro (ou do Sul Verdadeiro) não é o mesmo do Norte Magnético (ou Sul Magnético) que é indicado pela bússola, sendo necessário realizar a correção do referencial magnético. Para tal correção, é utilizado a Declinação Magnética da área de instalação que é obtida facilmente através de mapas e/ou programas computacionais. O Observatório Nacional, instituto de pesquisa vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, por exemplo, disponibiliza em sua homepage um mapa da declinação magnética sobre o território brasileiro para download, além de um software para sua determinação, bastando conhecer as coordenadas geográficas do local. Em nível internacional, a NOAA3, órgão dos EUA, também disponibiliza em sua página na internet os valores de declinação magnética para qualquer local do mundo . Veja abaixo quais valores aplicar de correção do referencial magnético para os diversos estados brasileiros. INCLINAÇÃO A Terra gira em um eixo de aproximadamente 23,5 graus. Tal inclinação provoca dias mais longos e dias mais curtos em diferentes períodos do ano. De uma parte do ano para outro a quantidade e a densidade de luz solar que uma região recebe varia muito. A rotação da Terra em seu próprio eixo e a posição da elipse provoca os dias mais curtos. Tal situação reduz drasticamente a quantidade de radiação solar. Os ângulos que os raios deveriam percorrer para que assim chegasse na Terra, são modificadas devido a órbita elíptica da Terra, fazendo com que a intensidade dos raios seja limitada. Se fosse possível o painel seguir a trajetória do sol, a radiação cairia perpendicularmente em sua superfície. Caso fosse utilizado um rastreador solar multiaxial tal situação seria possível, sendo que esse equipamento obteria o nível mais alto de irradiação da superfície. Entretanto, a grande maioria dos sistemas fotovoltaicos não acompanha o Sol. Logo, torna-se necessário compreender o desvio em relação à incidência perpendicular e como ela afeta a quantidade de insolação que sistema terá à disposição para produzir energia elétrica. 47 2. Dimensionamento de uma Usina Solar Fotovoltaica (USV) 2.3 Características do Arranjo Fotovoltaico Para maximizar a geração de energia ao longo do ano, o ângulo de inclinação do módulo fotovoltaico deve ser igual à latitude do local onde o sistema será colocado. Contudo, mínimas variações na inclinação não ocasionam mudanças consideráveis na energia gerada anualmente e a inclinação do gerador pode estar dentro de 10o em torno da latitude da região de instalação. Geradores que possuem um sistema de rastreamento do movimento aparente do sol são utilizados para melhorar a captação da radiação solar de forma mais eficiente. Esses sistemas são encontrados tanto na forma manual quanto na forma automática, com o seguimento parcial do sol (variação somente da inclinação ou do ângulo azimutal). Os sistemas manuais são mais baratos e de fácil aplicação, porém, precisam de intervenções humanas. Já os sistemas automáticos possuem melhor eficácia, no entanto possuem um preço elevado e podem apresentar falhas, devido à presença de peças móveis. Além disso, precisam estar conectados a uma fonte de energia. Da esquerda para a direita: Rastreadores solares de eixo simples vertical, eixo simples horizontal e eixo duplo. 48 2. Dimensionamento de uma Usina Solar Fotovoltaica (USV) 2.3 Características do Arranjo Fotovoltaico É possível encontrar no mercado os rastreadores de eixo simples e rastreadores de eixo duplo que podem acompanhar o Sol de leste a oeste e o seu movimento à medida que sobe e desce no céu. Conforme exposto no parágrafo anterior, quando utilizado o sistema de rastreamento o custo inicial do projeto fotovoltaico é elevado. É preciso balancear esses custos adicionais contra os aumentos estimados no rendimento e com a manutenção adicional. A utilização desse tipo de sistema é mais valiosa quando a aplicação requer uma carga uniforme durante o dia. Um exemplo desse caso é o bombeamento de água. SOMBREAMENTO As sombras diretas ocasionam uma drástica diminuição no desempenho do sistema fotovoltaico. Como os sistemas fotovoltaicos geram eletricidade em função da quantidade de luz solar que recebem, quando ocorre um sombreamento na geração de energia solar provocado por uma edificação, árvores, vegetação ou até por outros painéis solares, a produção de energia diminui. Esta diminuição pode ser muito pior do que parece inicialmente. Em seu livro, Renewable Energy e E�cient Electric Power Systems, (página 477) , Gil M. Masters da Universidade de Stanford demonstra que sombrear apenas uma de cada 36 células de um pequeno módulo solar, pode reduzir a potência em mais de 75%, lembrando que em função da String estar ligada em série, a restrição de geração de um painel reflete na mesma perda de desempenho dos demais painéis da série. Hot Spots As linhas de transmissão e/ou de distribuição são um dos tipos desombras que podem provocar quedas no empenho do conjunto FV em função de aparecimento de hot spots (pontos quentes), que produz um calor excessivo sobre a célula prejudicada, podendo causar ruptura do vidro e fusão de polímeros e metais. 49 2. Dimensionamento de uma Usina Solar Fotovoltaica (USV) 2.3 Características do Arranjo Fotovoltaico Esse tipo de sombreamento ocorre devido ao acúmulo de resíduos nos módulos solares. Sujeiras, excrementos de pássaros e folhas são as causas mais frequentes de sombreamento temporário. Um pedaço de sombra que incidir sobre um ou mais módulos pode reduzir o rendimento energético de um sistema de forma significante. Sombreamento Temporário Em regiões muito secas podemos utilizar mangueiras sob pressão para realizar a remoção do pó. Para resíduos persistentes, normalmente são utilizadas esponjas macias. É também importante saber quando usar produtos de limpeza ao invés de um enxágue com água pressurizada. Os fabricantes recomendam que não se utilize detergentes fortes ou outros abrasivos que poderiam causar arranhões na superfície do módulo. Autosombreamento A fileira frontal de módulos em um sistema montado em rack pode criar sombra nas fileiras posteriores. Para otimizar o sistema e assim evitar o autossombreamento, pode-se dimensionar o espaçamento entre as fileiras. Para que seja calculado esse espaço, use como base as sombras ocasionadas no período das 8 a 16h ou de 9 a 15h durante 21 de dezembro, o solstício de verão, e não para o meio-dia desta data. 50 2. Dimensionamento de uma Usina Solar Fotovoltaica (USV) 2.3 Características do Arranjo Fotovoltaico Para calcular qual a distância mínima para evitar este sombreamento, consulte o gráfico abaixo; considerando que a inclinação dos painéis (B) é igual à latitude, teremos a distância entre as fileiras d = d`+ (w x Fator de espaçamento) Análise de Sombreamento A análise do sombreamento deve ser considerada parte integrante da fase de projeto do sistema. O contorno da sombra nos arredores é registrado em relação aos pontos exteriores no sistema. A análise das sombras precisa abordar todos os pontos no sistema. Uma ferramenta de análise de sombra é o stereográfico, que deve ser utilizado segundo os passos a seguir: O stereográfico é uma demonstração cartográfica do deslocamento do sol, nele você identificar em que posição o sol estará em relação a um ponto em qualquer hora a qualquer dia do ano 51 2. Dimensionamento de uma Usina Solar Fotovoltaica (USV) 2.3 Características do Arranjo Fotovoltaico Considere o local onde você pretende instalar a usina como o ponto central do gráfico Identifique a curva que indica o horário desejado Faça a intersecção com a curva que indica o dia do ano 52 2. Dimensionamento de uma Usina Solar Fotovoltaica (USV) 2.3 Características do Arranjo Fotovoltaico Identifique qual o círculo que cruza com 0 ponto data/hora encontrado , no exemplo ao lado é o círculo que indica 30º, esse o ângulo da sombra em relação ao solo. A partir do ponto central do gráfico, trace uma linha que cruze com o ponto da data/hora encontrado, esta linha irá indicar o ângulo que a sobra está fazendo em relação ao norte verdadeiro. Uma vez que conhecemos a altura e a distância do obstáculo em relação ao ponto de instalação podemos identificar se haverá sombreamento sobre os módulos em algum momento do ano. MISMATCH Os módulos possuem um decaimento de eficiência ao decorrer do tempo que é inerente à tecnologia de células de silício, então é errado afirmar que os sistemas fotovoltaicos continuarão gerando a mesma potência durante toda sua vida útil. De fato, no primeiro ano do sistema instalado, as placas solares têm uma perda de eficiência de 1% a 2% e nos demais anos de 0,4% a 0,8%. 53 2. Dimensionamento de uma Usina Solar Fotovoltaica (USV) 2.3 Características do Arranjo Fotovoltaico É esperado que no décimo ano o sistema fotovoltaico tenha um rendimento superior a 90%, pois a maiorias dos fabricantes de módulos fotovoltaicos dão garantia de eficiência de até 25 anos, em relação à energia gerada no começo do primeiro ano. Esse fator não deve ser negligenciado no dimensionamento do sistema e, especialmente, no cálculo do payback do mesmo. Já que, se for desconsiderado, o sistema poderá ter um retorno de investimento com o prazo maior que o esperado. Todos os módulos fotovoltaicos possuem suas especificações fornecidas pelo seu fabricante para as condições ideais de laboratório. Eles são todos testados em um simulador solar e a potência-pico individual será ligeiramente diferente entre os modelos (variância). Dessa forma, os fabricantes informam quais são as tolerâncias de potência nos datasheets e é comum haver “tolerância de potência negativa” (ex.: -3%/+3%). O mesmo é válido para a tensão e corrente nominal. Levando isto em consideração, constata-se que as características elétricas variam de unidade para unidade e, quando se associa módulos fotovoltaicos com diferentes níveis de tensão, corrente e potência, acontece um “nivelamento por baixo”, com os valores de tensão e corrente do painel fotovoltaico (conjunto de módulos) sendo “puxado para baixo” pelos componentes de menor potência. Mesmo quando se utiliza equipamentos idênticos e de excelente qualidade, é prática comum considerar um pequeno valor de perda, que é conhecido internacionalmente pelo termo em inglês: “mismatching losses”. 2. Dimensionamento de uma Usina Solar Fotovoltaica (USV) 2.4 Dimensionamento Uma vez que já compreendemos os principais aspectos técnicos dos inversores, vamos agora propor uma metodologia de dimensionamento destes equipamentos para atuar em um sistema fotovoltaico On-grid. O primeiro passo é tomar a potência requerida para que identifiquemos dentre os modelos de inversores disponíveis quais os elegíveis para o sistema em dimensionamento; é necessário analisar qual tecnologia que mais se adequa ao projeto, levando em conta o custo da energia gerada pelo sistema e as vantagens elétricas e estéticas (arquitetônicas). Além de considerar a credibilidade da empresa que produz o painel e o inversor em relação a durabilidade e as características elétricas e a eficiência. Dando atenção também a questão da área ocupada pelo painel. 54 2. Dimensionamento de uma Usina Solar Fotovoltaica (USV) 2.4 Dimensionamento É observado também que o gerador FV estabelece uma carga mecânica na cobertura à qual o mesmo está fixado. Essa carga é uma função do somatório do peso de todos os componentes do gerador fotovoltaico que estão fixados na cobertura, neste caso é importante consultar a tabela do fabricante do painel para encontrar qual o peso e o peso específico (kg/m2). FDI O Fator de Dimensionamento de Inversores (FDI) descreve a relação entre a potência nominal CA do inversor e a potência do pico do gerador FV, conforme a equação: Onde: FDI (adimensional) : Fator de dimensionamento do inversor; PNca (W) : Potência nominal em corrente alternada do inversor; PFV (Wp) : Potência pico do painel fotovoltaico. A potência do gerador e do inversor são geralmente ajustadas para que o FDI do inversor possua uma melhor relação entre custo/benefício. A análise da literatura mostra que os valores inferiores de FDI recomendados por fabricantes e instaladores situam-se na faixa de 0,75 a 0,85, enquanto que o limite superior varia entre os fabricantes, chegando a até 1,20. CORRENTE MÁXIMA CC DO INVERSOR O inversor FV possui uma corrente máxima de entrada CC. Para garantir que este valor não seja ultrapassado, pode-se calcular o número máximo de strings conectadas em paralelo, com auxílio da equação abaixo: Onde: Nstrings (adimensional) : número máximo de strings conectadas em paralelo IinMax (A) : Corrente máxima c.c. admitida na entrada do inversor; Isc (A) : Corrente de curto circuito do módulo FV nas STC. Observar ainda se o fabricante indica o número máximode strings em paralelo que pode ser utilizada. Há casos ainda que o inversor disponibiliza mais de uma entrada independente de MPPT. Neste caso o fabricante indica os limites que devem ser observados para cada um (podem ser iguais ou não). 55 2. Dimensionamento de uma Usina Solar Fotovoltaica (USV) 2.4 Dimensionamento A tensão de entrada do inversor é a soma das tensões dos módulos associados em série. Como a tensão possui forte dependência da temperatura, as condições extremas de inverno e verão deverão ser utilizadas no dimensionamento. Dizendo de outra forma, deve-se garantir a compatibilidade entre as tensões do gerador FV com a faixa de tensão de operação do inversor. O cálculo da máxima tensão de entrada deve ser realizado com cuidado e atenção, pois ela nunca deve ser ultrapassada, sendo este um dos maiores riscos de se danificar o equipamento. Atenção: A máxima tensão do sistema ocorre quando o painel FV está ainda em circuito aberto (Voc) em baixas temperaturas. Isto pode acontecer durante o período de inverno, ainda no nascer do sol, quando a tensão do sistema se eleva em função da baixa temperatura do gerador FV, e o inversor ainda não se conectou à rede. Para encontrarmos a Voc máxima, em função da temperatura de operação, primeiro precisamos encontrar qual a variação máxima da tensão para cima: TENSÃO DE ENTRADA Variação Voc = Voc x Coef Temp x (Tstc - Tmin) Onde: Variação Voc (V) : Variação da Voc em função da temperatura Voc (V) : Tensão de circuito aberto; Coef Temp : Coeficiente de temperatura; Tstc (oC) : Temperatura nas condições padrão de teste = 25oC; Tmin (oC) : Temperatura mínima do local. Onde então teremos: Voc Máx = Voc + Variação Voc Por outro lado ara encontrarmos a tensão mínima, e assim termos a faixa de tensão possível, temos que considerar a Vmp em função da máxima temperatura do painel, para isso temos que encontrar a variação máxima desta tensão para baixo: Variação Vmp = Vmp x Coef Temp x(Tmáx - Tstc) Onde: Variação Vmp (V) : Variação da Vmp em função da temperatura Vmp (V) : Tensão ótima de operação; Coef Temp : Coeficiente de temperatura; Tmáx (oC) : Temperatura máxima do painel. Tstc (oC) : Temperatura nas condições padrão de teste = 25oC; Onde então teremos: Vmp Min = Vmp - Variação Vmp 56 2. Dimensionamento de uma Usina Solar Fotovoltaica (USV) 2.4 Dimensionamento Para que saibamos como ficarão distribuídas as Strings, temos que calcular a quantidade máxima e mínima de painéis que podemos ligar em série, para tanto temos que consultar o catálogo do inversor e verificar qual a Voltagem de entrada CC máxima e mínima, também precisaremos dos valores de Voc Máx e Vmp Min encontrados anteriormente; tendo isto calculamos: CONFIGURAÇÃO DAS STRINGS Qtd Máx Painéis = Max Input Voltage Voc Máx Qtd Min Painéis = Min Input Voltage Vmp Min Sabendo desta informação então podemos fazer a distribuição dos painéis em função da quantidade de MPPT´s e Strings disponíveis. Exemplos: Dando continuidade aos exemplos 1 e 2 que encontramos a Potência Requerida no item 2.1. PR1 = 97,63 kWp e PR2 = 38,05 kWp Buscamos então nas opções disponíveis no mercado para verificar opções que compatibilizem com as necessidades de geração, vamos considerar para nossos exemplos os seguintes equipamentos: Módulo Inversor Exemplo 1 Canadian Solar 265W ABB 33 kWp – mod PRO 33 TL - OUTD Exemplo 2 Canadian Solar 265W Sungrow 36 kWp - mod SG36KTL -M Os datasheets com os detalhes de cada um destes equipamentos encontram-se nos anexos I, II e III desta apostila. Considerando que a temperatura mínima do local pode chegar a 16ºC, e a temperatura máxima do painel pode chegar a 70ºC. O primeiro passo é definir o Voc Máx e o Vmp Min , como estamos utilizando o mesmo painel para ambos os exemplos esse serão os mesmos valores nos dois casos. Variação Voc = Voc * x Coef Temp* x (Tstc - Tmin) (*consulta no data sheet do painel) Variação Voc = 37,7 x 0,31% x (25 – 16) Variação Voc = 1,05 V Voc Máx = Voc + Variação Voc Voc Máx = 37,7 + 1,05 Voc Máx = 38,75 V 57 2. Dimensionamento de uma Usina Solar Fotovoltaica (USV) 2.4 Dimensionamento Exemplo 01: Para este caso consideraremos que ultilizaremos 3 inversores em paralelo, ou seja a potência requerida por inversor será: Variação Vmp = Vmp * x Coef Temp* x(Tmáx - Tstc) (*consulta no data sheet do painel) Variação Vmp = 30,6 x 0,31% x (70 – 25) Variação Vmp = 4,3 V Vmp Min = Vmp - Variação Vmp Vmp Min = 30,6 – 4,3 Vmp Min = 26,3 V 97,63 / 3 = 32,55 kWp Definição da quantidade máxima e mínima de painéis por String: Qtd Máx Painéis = Max Input Voltage* (*consulta no data sheet do inversor) Voc Máx Qtd Máx Painéis = 950 38,75 Qtd Máx Painéis = 28,4 ou 28 painéis (arredondando para baixo) e; Qtd Min Painéis = Min Input Voltage* (*consulta no data sheet do inversor) Vmp Min Qtd Min Painéis = 580 26,3 Qtd Min Painéis = 22,03 ou 22 painéis (arredondando para cima) d. Corrente máxima CC Nstrings = Iinmax * / Isc ** (*data sheet do inversor e ** data sheet do painel) Nstrings = 80 / 9,23 Nstrings = 8,7 ou 8 Strings por MPPT (arredondando para baixo) 58 2. Dimensionamento de uma Usina Solar Fotovoltaica (USV) 2.4 Dimensionamento Sabendo que ao consultar o data sheet sabemos que este inversor só possui 1 MPPT. Considerando que ao dividir a Potência Requerida por inversor pela Potência individual do painel, temos uma quantidade mínima total de 123 painéis; e que ao dividir este resultado pelas quantidades possíveis de Strings (8), teremos: FDI QTD STRINGS 1 2 3 4 5 6 7 8 PAINEIS / STRING 132,0 66,0 44,0 33,0 26,4 22,0 18,9 16,5 Acima, aumentamos a quantidade total de painéis para 132, pois 123 não acusava resultados exatos quando calculávamos as opções de strings e ao lançar a variação de variação de Tensão, não obtivemos valores mínimos cabíveis. Então, em função das quantidades máximas e mínimas do item a, escolheremos a opção de 6 Strings. Qtd Total de Paineis = 6 x 22 = 132 painéis por inversor Potência Total do Gerador = 132 x 0,265 kWp = 34,98 kWp | FDI = 0,943 Faixa de Operação da Tensão Consultando faixa de operação da tensão no data sheet do inversor, temos: • Tensão Máxima = 22 x 38,75=852,5 V < 950V • Tensão Mínima=22 x 26,30=579,3 V > 580 V (valor aceitável) Logo, para 3 inversores teremos o seguinte dimensionamento: Sistema de Geração Solar Fotovoltaico com 104,94 kWp de Potência instalada utilizando: 396 Painéis Canadian Solar 265W 03 Inversores ABB 33 kWp – mod PRO 33 TL - OUTD Exemplo 02: Com base no passo a passo do Exemplo 1, dimensione o exemplo 2: • Voc Máx = _____ V • Vmp Min = _____ V • Qtd Máx Painéis = _____ • Qtd Min Painéis = _____ • FDI = _____ • Qtd de Strings = _____ • Qtd de Painéis por String = _____ • Qtd Total de Painéis = _____ • Tensão Máxima de Operação = _____ V • Tensão Mínima de Operação = _____ V Sistema de Geração Solar Fotovoltaico com ______ kWp de Potência instalada utilizando: _______ Painéis Canadian Solar 265W _______ Inversor(es) Sungrow 36 kWp - mod SG36KTL-M 59 3. Análise de Condutores e Proteções 3.1 Dimensionamento do Cabeamento CC A escolha da bitola dos condutores normalmente é determinada de acordo com o limite de queda tensão, além de considerar se o sistema é de corrente contínua ou alternada e as tensões nominais de operação. É comum a utilização da NBR 5410 e/ou programas para a realização da escolha da bitola do cabeamento, sendo que esses métodos indicam a bitola que melhor se adapta aos condutores em função do comprimento do ramal, da tensão nominal e do nível de perdas. De forma alternativa se utiliza a equação a seguir, para encontrar a seção mínima de condutor S, necessária para uma instalação em corrente contínua. Onde: ρ - resistividade do material do condutor, geralmente
Compartilhar