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A técnica de grupos-operativos à luz de Pichon-Rivière e Henri Wallon

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BASTOS, Alice Beatriz B. Izique. A técnica de grupos-operativos à luz de Pichon-Rivière e Henri Wallon. Psicólogo inf. Ano 14, n.14. São Paulo: out. 2010.
INTRODUÇÃO
A autora mostra que técnica de grupos operativos tem o objetivo de promover a saúde, a partir do trabalho do psicólogo e do psicopedagogo, dentro do processo de aprendizagem.
A técnica supracitada ganhou vida através de Pichon-Rivière, a partir de uma greve de enfermeiros no Hospital de Las Mercedes, em Buenos Aires, que deixou os seus pacientes portadores de doenças mentais sem atendimento. Pichon-Rivière sugeriu que os pacientes menos prejudicados auxiliassem os mais prejudicados, o que alcançou resultados positivos para ambos.
Para Pichon-Rivière, a aprendizagem conduz às mudanças através de uma relação dialética entre o sujeito e o objeto.
DESENVOLVIMENTO
A aprendizagem é um processo contínuo, onde aprendemos através dos nossos relacionamentos com os outros, esta é a ideia e o objetivo da técnica de grupos operativos.
Henri Wallon, por sua vez, também destaca o meio social e as interações que temos com ele para a evolução do sujeito. O meio é fundamental para o ser humano, inclusive para a sua evolução psíquica, por outro lado, as interações são essenciais tanto para a formação do sujeito como do conhecimento. É por meio da interação que o sujeito constrói sua identidade (o eu), que é condição para a formação do conhecimento, que ocorre de acordo com as condições orgânicas, intelectuais, motoras, afetivas e socioculturais.
A diferenciação entre o eu e o outro, ainda segundo Wallon, é importante para o processo de construção da pessoa. Essa diferenciação tem início a partir das relações da criança com a sua família, posteriormente outros grupos, como a escola, passam a integrar a nossa vida. Os grupos são fundamentais para o desenvolvimento da personalidade da criança e para a diferenciação entre o eu e o outro.
Para Pichon-Rivière o grupo é uma ferramenta de transformação da realidade. Sobre a teoria do vínculo, o autor defende que este é bi-corporal e tripessoal, ou seja, o vínculo constituído entre dois sujeitos possui sempre uma influência externa, que é o terceiro.
O objetivo dos grupos operativos é a mudança. Com o intuito de atingir os seus propósitos, o grupo percorre uma trajetória (tarefa), que entra em ação quando o grupo problematiza as suas dificuldades. A técnica de grupo operativo sugere a presença de um coordenador que gerencia o grupo, e um observador para registro das atividades. Há ainda outros papéis que não são fixos dentro de um grupo: o porta-voz (pessoa que manifesta os sentimentos, necessidades, ideias do grupo), o bode expiatório (pessoa que representa os aspectos negativos do grupo) e o líder de mudança (mais fácil de identificar, presente em todos os grupos). Os encontros não possuem temas específicos, mas apresentam caráter terapêutico através do exercício de escuta mediado pelo coordenador.
CONCLUSÃO
Os grupos operativos ressignificam o papel da aprendizagem para a promoção da saúde. Um dos seus objetivos é o de ajudar na diminuição dos medos básicos e o de favorecer a quebra dos estereótipos que funcionam como obstáculo à mudança. Seus resultados vão além do cumprimento de uma tarefa, mas contemplam a cura terapêutica e a aquisição de conhecimento, através de uma relação dialética entre sujeito e objeto.
Os grupos operativos direcionados ao ensino-aprendizagem, segundo Zimerman (2000), podem ser resumidos na expressão “aprender a aprender”. Deduzimos que a finalidade é a de preparar o grupo para desenvolver uma tarefa comum, sem deixar de lado a individualidade de cada um.
Concluímos que o objeto de formação do especialista deve habilitar o sujeito para um exercício de transformação de si, dos outros e da conjuntura em que estão inseridos. A aprendizagem é um processo permanente em que comunicação e interação são inseparáveis, onde aprendemos ao nos relacionarmos com os outros.

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