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Inconstitucionalidade do Imposto de Transmissão Causa Mortis- Ariel Amaral-2018

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Prévia do material em texto

ARIEL CARNEIRO AMARAL 
 
 
 
 
 
INCONSTITUCIONALIDADE DO IMPOSTO 
DE TRANSMISSÃO CAUSA MORTIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1ª edição 
 
 
 
 
 
 
 
AMARAL 
 
 
 
 
INCONSTITUCIONALIDADE DO IMPOSTO DE TRASMISSÃO 
CAUSA MORTIS 
 
 
 
 
1º edição 
 
 
 
 
 
 
 
Rio Grande do Norte 
Ariel Carneiro Amaral 
 2017 
 
 
Nenhuma  parte  desta  publicação  poderá  ser  reproduzida  por  qualquer meio  ou  forma  sem  a 
prévia  autorização  da  Editora  Ariel  Carneiro  Amaral.  A  violação  dos  direitos  autorais  é  crime 
estabelecido na Lei n. 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal. 
 
 
 
 
 
 
ISBN 978-85-920714-1-7 
 
 
 
Amaral, Ariel Carneiro 
Inconstitucionalidade do imposto de transmissão causa mortis / 
Amaral, Ariel Carneiro. 1 ed. Rio Grande do Norte: Amaral, 2017. 
Bibliografia 
 
 
 
Índices para catálogo sistemático: 
 
340 Direito 
 
 
Produção eletrônica Ariel Carneiro Amaral 
 
 
Data de fechamento da edição: 01-01-2017 
 
 
Dúvidas? 
 
Acesse www.advogadoamaral.pe.hu 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho a Deus, por ter permitido 
a finalização desta jornada com coragem e 
saúde e aos meus pais, que me trouxeram ao 
mundo e me acompanharam desde sempre. 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Inicialmente, é necessário prestar meus sinceros agradecimentos, a que dirijo 
a todos aqueles que contribuíram para a finalização de minha jornada nesta academia 
científica, especialmente a todos os meus professores que puderam agregar 
conhecimento e análise crítica da sociedade e dos seus acontecimentos históricos; 
também busco, nesta fase, apontar minha gratidão aos meus familiares em geral, por 
me proporcionarem momentos de reflexão sobre a vida capazes de me manter 
suficientemente concentrado a persistir nos meus objetivos pessoais. Por último, 
gostaria de expressar meu reconhecimento ao meu pai e aos meus irmãos, a quem 
dedico minha vida e todo o meu empenho. Por tudo, agradeço a Deus por permitir 
todos os momentos de minha vida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“O Direito não tem existência em si próprio. Ele 
existe na sociedade. A sua causa material está 
nas relações de vida, nos acontecimentos mais 
importantes para a vida social. A sociedade, ao 
mesmo tempo, é fonte criadora e área de ação 
do Direito, seu foco de convergência. Existindo 
em função da sociedade, o Direito deve ser 
estabelecido à sua imagem, conforme as suas 
peculiaridades, refletindo os fatos sociais.” 
(Sérgio Cavalieri Filho) 
 
RESUMO 
 
O ordenamento jurídico brasileiro contempla uma numerosa quantidade de matérias, 
dentre as quais se destacam algumas áreas essenciais para a sociedade. A sucessão 
de bens em razão da morte é uma importante área de estudo, pois é ementa que 
incide sobre o contexto familiar, razão pela qual invade uma zona limítrofe entre o 
poder estatal e a garantia de autoregulação familiar. Por força desta importância, o 
princípio da autonomia da vontade não é soberano nesta matéria, segregando força, 
no entanto, na área testamentária. Mister não olvidar que a sucessão aqui estudada 
é a em razão da morte “causa mortis”, pois destinatária das regras e princípios da 
normatização civil nos Art’s.: 1.784 a 2.027 da Lei Ordinária Federal 10.406/02. A 
relevância deste conteúdo obriga a afetação em outras disciplinas como a tributária, 
que conjuga deveres para os beneficiários deste fato sucessório v. g. imposto de 
transmissão causa mortis. A presente obra monográfica pretende analisar este 
contexto sucessório, especialmente indagando as dificuldades existentes de sua 
efetivação e verificando as estatísticas e resultados de sua real aplicação. O objetivo 
do citado trabalho científico é identificar os principais pontos de obstaculização do 
direito sucessório, para tanto, alocando sugestões de ordem legal e prática para o 
reforço desta norma legal e de seu processamento perante o ente governativo a que 
estão imediatamente subordinados os fatos geradores de tributos e recolhimentos 
decorrentes da factuação sucessória, resvalando problemáticas, inclusive, na parcela 
processual da temática em foco. A metodologia é a dedutiva, empregando o 
instrumento empírico com a consulta à legislação regional e nacional e dados 
estatísticos extraídos dos organismos oficiais. Outrossim, a pesquisa bibliográfica foi 
necessária, trazendo à baila os conceitos laborados pelos autores contemporâneos e 
clássicos, que com esforço abasteceram a estrutura científica das matérias em 
estudo. Ao final se verifica que o atual procedimento adotado pelo Estado brasileiro é 
impotente frente à demanda existente, e não atende às garantias sociais preceituadas 
na constituição federal brasileira de 1988, especialmente o direito a transmissão 
“causa mortis”, ademais a existência de impostos sobre a morte é, deveras, 
ilegitimamente instituída pelo Estado. Assim, a norma tributária merece revogação ou 
sujeição a inconstitucionalidade, por incoerência constitucional, ocasião em que 
deveria, ao revés, permitir que o direito a sucessão fosse percebido por todos os 
brasileiros e não obstaculizado. Com isso, permitindo que o cidadão brasileiro e o 
estrangeiro submetido as regras nacionais possam perceber o seus direitos 
hereditários de forma plena o que traria benefício de ordem individual em razão da 
segurança jurídica e coletiva por, com o seu processamento, permitir uma maior 
concentração de legalidade nos negócios jurídicos celebrados no território nacional. 
 
Palavras-chave: Direitos sucessório e Tributário. Sucessão causa mortis e seu 
procedimento. Soluções para o melhoramento da dinâmica hereditária. 
 
ABSTRACT 
 
The Brazilian legal system, inspired by the civil-law system of Roman-Germanic matrix 
includes an abundant amount of materials, among which stand out those that have 
direct connection with fundamental rights. The judicial process is an important area of 
study because it generates direct effects on the jurisdictional legal spheres. By virtue 
of this importance, the solemn procedural law loses its sovereignty feature in the face 
of judicial effectiveness, behold reigns in this study area, the principle of instrumentality 
of ways. Important not to forget that the object of this work study is the work process, 
because recipient of the rules and principles contained in the Federal Decree 5.452/43, 
which – excitedly – we intend to analyze from the standpoint of the future enactment 
of Federal Law 13.105/15 which will come into force on 03/17/16, which replaces the 
Federal Law 5.869/73 whose application has been remaining in the labor courts. This 
work, despite resilient considerations matter, intends to analyze, from the perspective 
of the sources dialogue theory (dialogue of sources) and the content of the provisions 
of Art. 15º of the NCPC, the supplementary application and subsidiary NCPC in CLT, 
emphasizing the improvements introduced by the new law under discussion. The 
purpose of that study is to identify the key points of vulnerability of the labor process, 
suggesting the supplementary clogging and subsidiary NCPC to regulatory gaps, 
ontological and axiological of the Labor Code. The overall objective is to contribute to 
the development of the current procedural system. The methodology is deductive, 
using the consultation to the national perhaps international law. Moreover, incumbent 
noted that the bibliographical research was needed, bringing up the concepts studied 
by more contemporary authors. At the end, we found that the current rules adopted by 
the labor law are deficient in some respects and does not meet the social guarantees 
under the aegis of CFRB, especially the right to speed. So the NCPC deserves to be 
integrated into the text of the Labor Code, behold, it is – the NCPC – the latest 
proceduralrule already established in the constitutional cradle of our democracy and 
that CLT shows remediable gaps and weaknesses of the new standard under 
discussion. In this tune, the supplementary clogging and subsidiary NCPC would allow 
jurisdictional submitted by national procedural law could receive their material rights 
more effectively, which would benefit individual order, on the grounds of legal certainty, 
and collective, to allow greater concentration of legality in labors submitted to the courts 
of the country. 
 
Key-words: Civil procedural law. Procedural labor law. Dialogue of sources. Need 
absorption provided legal institutions in the most modern standard. 
 
LISTA DE ABREVIATURAS 
 
ADIn = Ação Direta de Inconstitucionalidade 
Art. = Artigo 
CC = Código Civil 
CRFB = Constituição da República Federativa Brasileira 
Cit. = citada 
CP = Código Penal 
CPC = Código de Processo Civil (Lei Federal 5.869/73) 
CR = Constituição da República 
CLT = Consolidação das leis do trabalho 
DF = Distrito Federal 
DJU = Diário da Justiça da União 
DO = Diário Oficial 
e. g. = exempli gratia (expressão latina que significa “por exemplo”) 
EC = Emenda Constitucional 
EF = Execução Fiscal 
i. e. = id est (expressão latina que significa “isto é”) 
INSS = Instituto Nacional do Seguro Nacional 
LC = Lei Complementar 
LINDB = Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro 
Min. = Ministro 
MP = Medida Provisória 
MS = Mandado de Segurança 
n. = número (s) 
NCPC = Novo Código de Processo Civil (Lei Federal 13.105/15) 
p. = página 
PEC = Proposta de Emenda Constitucional 
pp. = páginas 
p. ex. = por exemplo 
Rel. = Relator 
STF = Supremo Tribunal Federal 
STJ = Superior Tribunal de Justiça 
TGE = Teoria Geral do Estado 
TRF = Tribunal Regional Federal 
V. = vide 
v. g. = verbi gratia (expressão latina que significa “por exemplo”) 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 10 
2 O ESTADO E O SEU PODER REGULADOR ........................................................ 15 
2.1 O SURGIMENTO DO ESTADO ................................................................................ 15 
2.1.1 O Estado na ótica de Rousseau e o Pacto Social ..................................... 16 
2.1.2 O Soberano de Thomas Hobbes ............................................................... 18 
2.1.3 O Príncipe de Maquiavel ........................................................................... 20 
2.1.4 O Estado contemporâneo na perspectiva da ciência política .................... 21 
2.2 A COMPOSIÇÃO DO ESTADO SOB O PRISMA DA TEORIA GERAL DO ESTADO ............... 23 
3 A FALÊNCIA CIVIL COMO FATO GERADOR DO DIREITO SUCESSÓRIO ........ 25 
3.1 AS ESPÉCIES DE MORTE NO DIREITO CIVIL BRASILEIRO ........................................... 25 
3.2 A SUCESSÃO HEREDITÁRIA (UNIVERSAL) E TESTAMENTÁRIA (SINGULAR) ................... 26 
3.3 O PRINCÍPIO DA SAISINE E SUA ATUAÇÃO NO CONTEXTO SUCESSÓRIO ...................... 28 
3.4 O ADMINISTRADOR PROVISÓRIO ........................................................................... 29 
3.5 O INVENTÁRIO E A PARTILHA NA SUCESSÃO CAUSA MORTIS ...................................... 31 
4 O PODER DE TRIBUTAR ESTATAL E SUA INCIDÊNCIA NA SEARA 
SUCESSÓRIA ........................................................................................................... 34 
4.1 A ORIGEM DO TRIBUTO DOS ESTADOS ................................................................... 34 
4.1.1 Princípio da pecunia non olet .................................................................... 34 
4.1.2 Competência legislativa tributária.............................................................. 35 
4.1.3 Fato gerador tributário ............................................................................... 36 
4.1.4 Lançamento tributário ................................................................................ 37 
4.1.5 Base de cálculo e alíquota ........................................................................ 38 
4.2 ITCMD – IMPOSTO DE TRANSMISSÃO CAUSA MORTIS E DOAÇÃO ............................. 38 
4.2.1 Histórico do imposto de transmissão causa mortis e sua existência no 
Estado do Rio Grande do Norte ......................................................................... 40 
4.2.2 As hipóteses de isenção do imposto de transmissão causa mortis ........... 41 
5 O PROCESSAMENTO DO INVENTÁRIO E PARTILHA E O ANDAMENTO DO 
PROCEDIMENTO SUCESSÓRIO ............................................................................ 42 
6 AS DIFICULDADES DE APLICAÇÃO DA NORMA SUCESSÓRIA ...................... 44 
6.1 IMPOSTO DE TRANSMISSÃO CAUSA MORTES .......................................................... 44 
6.2 MOROSIDADE NO ANDAMENTO DO PROCESSO DE INVENTÁRIO E PARTILHA ................ 45 
7 FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE ................................................................ 46 
8 EXAME DA CONSTITUCIONALIDADE DA INSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA SOB A 
FALÊNCIA ................................................................................................................ 49 
8.1 INCONSTITUCIONALIDADE DA NORMA CONSTITUCIONAL NA TESE DE OTTO BACHOF ... 50 
8.2 LIMITAÇÃO CONSTITUCIONAL AO PODER DE TRIBUTAR ............................................. 52 
8.3 DA RAZOABILIDADE E DA PROPORCIONALIDADE DAS NORMAS JURÍDICAS ................. 55 
9 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 56 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 59 
 
10 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
A história humana é a história do poder. Tradicionalmente, o poder agregado pela união 
dos povos tem sido gerenciado por poucos (tal como pontificado por Aristóteles de Estagira, 
384 a.C em obra traduzida por Leonel Vallandro e Gerd Bornheim) A forma de organização 
que, atualmente, recebeu elevada adesão foi a de Estado, que na leitura de Thomas Hobbes e 
Maquiavel, são realidades sociais; contudo, quando se procura definir a natureza jurídica da 
relação que possa existir entre o Estado e o território, acentuam-se as divergências dos autores, 
assunto que poderá ser tratado em outra ocasião. Mais relevante é a discussão que se trava entre 
a importância da existência do Estado e a importância da existência do povo; isto porque, o 
Estado pós-liberal, tem ingressado às margens limítrofes da esfera da intimidade dos 
particulares. Para Montesquieu, em sua obra destinada a aforar críticas ao sistema monocrático, 
“Espirito das leis”, o poder corrompe, o poder absoluto, corrompe absolutamente. 
O Estado, se forma a partir de ideais primitivos de direito, quando a sociedade se 
aproxima do seu primeiro estilo de organização, sem, contudo, se importar sobre qual o nome 
desta organização ou de sua natureza jurídica; isto porque, a ideia inicial era a da manutenção 
básica da vida da sociedade. 
A ciência investida do estudo de tal fenômeno é a Teoria Geral do Estado. Sahid Maluf, 
em escritos da ciência retro, assegura que o Estado é a união de três elementos indistintamente: 
povo, território e governo. Dos elementos formadores do Estado, o que mais se aproxima da 
política é o governo, que é, em verdade, o pacto destinado a manter a união do povo. A política, 
por seu turno, é o espaço das relações do poder. Todavia, o poder é uno e não pode ser dividido, 
assim, o poder é a alma do Estado. (MALUF, 2010) 
O Estado Brasileiro – tido como união federativa democrática (Art.: 1 da CF/88) – é 
organismo internacional de inúmeras funções. Prospera, no entanto uma finalidade; a de 
manutenção dos homens, para tanto, insta necessário a proporcionalização de um ambiente 
adequado, que permita, inclusive, o seu desenvolvimento. 
O direito, na expressão jurídica mais assentada, com conceito de conjunto de normas 
que tem como finalidade o alcance da paz social,recebe inúmeras divisões que são de ordem 
didática (na maioria da vezes) como prescreve Doris de Queiroz Carvalho na sua clássica obra 
“Classificação decimal do direito”. A estrutural ramificação do direito é forjada através da 
clássica divisão entre direito público e privado. Diz-se público o direito que tem refúgio nas 
aspirações individuais, como sustenta o perito jurídico Luís Roberto Barroso em sua obra 
11 
 
dedicada à hermenêutica constitucional contemporânea. O direito público, ao revés, traduz-se 
em direito que se propõe a regular assunto de interesse eminentemente coletivo, transindividual 
e difuso; tal como prestigiado na mesma obra literária. 
Importante anotar, que o direito, como realidade social – isto porque só existe na 
sociedade – garante uma natural fluência dos atos sociais que, neste interim, pautam-se nas 
normas jurídicas já existentes. 
A vida humana é evento prestigiado (com elevada intensidade) na norma jurídica. No 
início, o homem desfruta de proteção como nascituro, criança e adolescente – sendo esta 
integral –; Após, na qualidade de jovem, o homem recebe um tratamento diferenciado. 
Ultimando, goza de proteção mais acentuada, na qualidade de idoso. A morte, contudo, não é 
evento expurgado, ao revés, merece e percebe regulação igualmente importante, pois sua boa 
gerência infere consequências em “novas vidas”, desse modo, regula-se a morte para beneficiar 
a vida. 
No Brasil, a lei sucessória conta com uma numerosa quantidade de outras áreas do 
conhecimento jurídico para a sua continência. Sua eficácia, no entanto, revela-se deturpada por 
alguns institutos anômalos; prejudicando, pois, a sua própria razão de existência. Interessante 
registrar o questionamento: ora, para que pode servir um direito (Lei), se ele não funciona? 
Em Natal, município do Estado do Rio Grande do Norte, localizado na região nordeste 
do Brasil, esse tema tem sido padrinho de grandes discussões, em função da colisão entre o 
interesse do Estado em arrecadar e entre os particulares de verem seus direitos de suceder 
atendidos. 
Noutro pórtico, risca as folhas desta monografia científica, o método dedutivo, 
dialético, com manuseio de dados estatísticos de fonte oficial, como irradiado pela doutrina 
metodológica (NUNES, 2012). 
O objetivo geral deste expediente científico é a colaboração com a matéria sucessória 
e tributária, buscando como exemplo a sociedade Natalense, que ocupa papel importante nas 
paredes do Estado do Rio Grande do Norte, e embora sedimentada a sociedade brasileira, faz 
surgir elementos de semelhanças capazes de otimizar a matéria em todo o território nacional. 
Trata-se, como afincado em linhas superiores, de assunto relevante para a ordem 
nacional, tendo em vista que a boa prática da lei sucessória e tributária no que tange ao 
quotidiano sucessório implica em necessário respeito a segurança jurídica individual e boa 
alimentação das receitas públicas, que, uma vez preenchidas, são capazes de edificar um Estado 
Constitucional de direito mais plúrimo e digno. 
Estamos a nos referir sobre a norma sucessória e consectárias, pois, apesar de existirem 
12 
 
no Brasil, elas, por motivos variáveis, não seguem seus objetivos em razão das dificuldades 
impostas pela própria normatização, vezes de ordem Federal, vezes de ordem Estadual ou 
municipal. 
Aqui, estar-se a defender a operacionalização do direito sucessório, aliado, nesta fase, 
ao direito tributário, com o propósito de melhor articular os regramentos estruturais da matéria 
e enfatizar sua aplicação também no município de Natal, no Estado do Rio Grande do Norte; 
colaborando, pois, com o bem estar da sociedade, que é finalidade central do direito. 
O presente trabalho acadêmico tem como finalidade explorar o contexto jurídico 
sucessório atinente aos processamentos na circunscrição do município de Natal/RN; para tanto, 
observa a legislação federal, estadual e municipal, sob o crivo dos direitos assinalados. 
Como premonitor da discussão que se trava nestas linhas, temos a sucessão, que, como 
se verá adiante, guarda fundamental relevância para manutenção dos ciclo das gerações das 
famílias brasileiras. 
A ordem jurídica atual – no que tange a matéria em apreço –, é regida por três grandes 
normas: lei Brasileira Federal nº 10.406/02, nº 5.869/73 e nº 5.172/66. No assunto em trabalho, 
também concorrem na competência Estadual as leis 5.887/89, 8.371/03 e 9.714/13 na esteira 
tributária, as entidades municipais – édis – outrossim recebem deveres de exação como (no 
município de Natal) que atua paralelamente com o imposto de IPTU. 
De algum modo, todos os impostos descritos no parágrafo anterior, inclusive outras 
normas, apresentam relação, isto porque uma notável natureza do direito é o fato de ser 
transdisciplinar e sistemático, nas pegadas da doutrina do condecorado autor Miguel Reale em 
sua obra “Lições Preliminares de direito.” 
Ademais, é imprescindível avaliar que para além destas normas tributárias, da mesma 
forma, atuam os regulamentos processuais, estes fixam os procedimentos a serem adotados, 
especialmente elencando as competências e atribuições. 
Mister ponderar, neste pórtico, que o direito ora indicado é remanescente de outras 
nações, como a romana, trazendo consigo uma forte carga histórico-cultural, justificando pois 
a sua existência. Ocorre, todavia, que tais regramentos – como dito – derivam de outros 
momentos históricos, inclusive com condições sociais distintas; o Brasil, ora detentor de tais 
regras, possui condições sociais totalmente diversas como tamanho do Estado – continental – 
número populacional, forma de governo, estrutura organizacional, cultura pós-liberalista et 
cetera. 
A morte, assunto analisado pelo direito, filosofia, religião etc., é elemento que merece 
ser bem regulado como já firmado em linhas pretéritas, pois com ela, se deriva uma série de 
13 
 
obrigações, especialmente de ordem civil. 
Como será abordado mais adiante, o ciclo da vida é um assunto que deve ser colocado 
como de grande importância nas mesas da academia jurídica, em razão da sensibilidade com a 
qual é (sempre) tratada tal ementa. 
Interessante aduzir, que um ciclo de vida bem conduzido, leva, na prática, a uma 
aplicação direta do princípio da legalidade relacionado no inciso II, do Art.: 5º da constituição 
Federal Brasileira. Que embora corolário da doutrina liberalista da laisse-faire consubstancia 
instrumento de segurança jurídica capaz de reforçar as bases da estrutura familiar brasileira. 
Neste trabalho monográfico, labora-se a ideia de melhoramento do sistema sucessório 
como forma de desenvolvimento da sociedade. Acostada aqui, a necessidade de se perquirir 
quatro grandes conteúdos: o direito civil (sucessões), direito tributário (ITCD ou ITCMD), 
direito constitucional e processual. 
Para o alcance do objetivo deste expediente acadêmico utiliza-se o método dialético, 
como indicado na doutrina metodológica de Antônio Henrique e João Bosco Medeiros, com 
demonstração de dados estatísticos extraídos de órgão oficiais. (HENRIQUE, 2008) 
O objetivo da, dita, monografia, encosta-se na necessidade de se colaborar com a 
organização jurídica vivida atualmente, desenvolvendo um direito sucessório (de uma maneira 
geral) mais adequado à realidade econômica e social do Estado Brasileiro. 
Condensado está, nesta obra científica, um estudo aprofundado acerca de todas as 
dimensões da sucessão no Estado Brasileiro, para tanto, acostando críticas e arrolando soluções 
de ordem legal e prática, especialmente em detrimento da instituição do imposto de transmissão 
causa mortis e o conjunto processual pertinente, para o melhor desenvolvimento deste conteúdo 
deveras importante que é a sucessão. 
Sobre a sua construção didática, no segundo capítulo aborda-se, inicialmente, o 
surgimento do Estado e a concepção histórica e hodierna a respeito da qual se entende por esta 
ficção jurídica.No terceiro capítulo, analisa-se a morte no direito e suas repercussões, inclusive 
trazendo o envolto histórico ao qual a vida humana já presenciou. 
O quarto capítulo observa-se o poder estatal de instituição do tributo, mormente na 
seara sucessória. O quinto capítulo faz uma abordagem do temo sob o enfoque nitidamente 
cível, trançando as regras inerentes ao seu processamento, destacando o papel, em especial, da 
lei 10.406/02 (Código Civil). Emprega-se, ainda, operação de análise da legitimidade do Estado 
em regular, de um modo geral, as áreas civis, tributárias e processuais que dão guarida a seara 
sucessória. 
14 
 
No sexto capítulo. Infere-se uma análise das dificuldades que circundam a plicação da 
normas sucessórias, assim a praxe forense, contabilizando os principais pontos de gargalo 
encontrados pelo operador do direito na consecução da lei sucessória em geral. O sétimo 
capítulo objetiva um exame da função social da propriedade como arcabouço central que motiva 
a propriedade, assim, espera-se vislumbrar o interesse da coletividade no direito dominial. 
O oitavo capítulo pretende abordar a constitucionalidade da progressividade tributária 
no contexto tributário e da natureza constitucional da própria normas contitucional, imprimindo 
verificação de legitimidade constitucional estatal para instituir tributos que dificultam o acesso 
ao erário particular; 
Por derradeiro, na conclusão, se expressa a ideia final de todo o substrato acadêmico, 
deflagrando e a ideia final de toda a monografia. 
Pelo contexto, da incidência tributária. Sobre o tema, é levantada a discussão 
doutrinária a respeito dos impostos instituídos. Ademais observa-se a legislação pertinente de 
todas as esferas estatais. Pelo todo, é feita a tentativa de se trazer a justificativa existente para 
o Estado realizar a tributação em especial a de causa mortis e também é realizado uma 
abordagem da importância da propriedade, portanto, a detecção da função social da propriedade 
na ótica pós-liberal. Concluindo com uma análise constitucional da tributação em razão da 
morte, sob o enfoque da nova hermenêutica constitucional. 
15 
 
2 O ESTADO E O SEU PODER REGULADOR 
 
Ao Estado, por meio dos representantes do povo está vinculado o dever de regulação 
da sociedade, isto porque, como será idealizado a frente, o guardião da soberania do Estado é o 
próprio Estado, que o faz por meio de políticas de defesa e de manutenção de regras que 
permitam o contínuo crescimento do País. 
Um epílogo antigo conta a história do nascimento do Estado, como traça o prestigiado 
autor Étienne Picard (1994, p. 104): 
Um atrevido, homem de ideias e de punhos, descobre um rochedo que domina um 
desfiladeiro entre dois vales férteis; aí se instala e se fortifica. Assalta os transeuntes, 
assassinando alguns e roubando o maior número. Possui força, tem, portanto, o direito. 
Os viajantes, temendo a rapinagem, ficam em casa ou fazem uma volta. O bandido, 
então reflete que morrerá de fome, se não fizer um pacto. Proclama que os viajantes 
lhe reconheçam o direito sobre a estrada pública e lhe paguem pedágio, podendo 
depois passar em paz. O pacto é concluído, e o astuto enriquece. Eis que um segundo 
herói, achando bom o negócio, esgarrancha-se no rochedo fronteiriço. Ele também 
mata e saqueia. Estabelece seus direitos. Diminui assim, as rendas do colega, que 
franze o cenho e resmunga na sua furna, mas considera que o recém-vindo tem fortes 
punhos. Resigna-se ao que não poderia impedir: entra em combinação. Os viageiros 
pagavam um, terão agora que pagar dois: todos precisão viver! Aparece um terceiro 
salteador, que se instala numa curva da estrada. Os dois veteranos compreendem que 
abrirão falência se forem pedir três soldos aos passantes, que, só tendo dois para dar, 
ficarão em casa, em vez de arriscar suas pessoas e bens. Arremessam-se sobre o 
intruso, que, desancado e machucado, foge campo fora. Depois, reclamam dos 
viajores dois vinténs suplementares, em remuneração pelo trabalho de expulsar o 
espoliador e pelo cuidado em não deixar que ele volte. Os dois peraltas, mais ricos e 
poderosos do que antes, intitulam-se agora “senhores dos desfiladeiros”; “protetores 
das estradas nacionais”; “defensores da indústria”; “pais da agricultura”; títulos que o 
povo ingênuo repete com prazer, pois agrada-lhe ser onerado sob o pretexto de ser 
protegido. Assim, - admirai o engenho humano! - o banditismo se regulariza, se 
desenvolve e se transforma em ordem pública. A instituição do roubo, que não é o que 
o vulgo pensa, fez nascer a polícia. A autoridade política, que ainda nos diziam ser 
emanação do direito divino e benefício da província, constituiu-se a pouco e pouco 
pelos cuidados de salteadores patenteados, pelos esforços sistemáticos de malandrins, 
homens de experiência. 
O comentário acima delineado estampa a forma pela qual o Estado teve a sua origem, 
e mesmo de um modo nocivo revelou a verdadeira necessidade humana, de se manter em 
sociedade ainda que de forma agressiva e injusta. 
Outrossim, o poder conferido ao Estado tem guarida, especialmente no interesse da 
comunidade à ver-se assistida de um protetor/garantidor de direitos; razão pela qual a criação 
estatal estatal investiu-se de importância. 
 
2.1 O surgimento do Estado 
 
O Estado, tido por fenômeno social, assim pois existente apenas em sociedade, teve 
16 
 
sua criação a partir de uma necessidade de união entre os povos. Tal necessidade se apoia na 
natureza humana em manter-se arrodeado de alimentos e condições de vida que só existem em 
sociedade razão pela qual, é fundamental o zelo da organização social. 
 
2.1.1 O Estado na ótica de Rousseau e o Pacto Social 
 
O povo, revestido de forma estatal, portanto o Estado, ganha contornos históricos 
tendo em vista que teve suas origens nos tempos mais remotos, paratanto, a ordem científica 
sustenta inúmeras considerações as quais, parte delas tomam conta da origem e da motivação 
da criação estatal. 
Para Rousseau, em sua obra “O contrato social” escrita em 1762, o Estado é uma 
produção fictícia que tem origem na vontade humana. Esta vontade tem a aspiração de 
construção de ambiente que proteja o ser humano, dele mesmo. 
A teoria de Jean, baseia-se na ideia de que o homem, em estado natural, ofende o 
interesse comum, pois estabelece com grau de primazia o seu interesse individual ao coletivo. 
Com menos intensidade, no entanto, Rousseau faz essas considerações tendo em vista que é 
contemporâneo de Hobbes, como se tratará adiante (ROUSSEAU, 1762). 
Para o autor, a organização das pessoas dá origem a uma sociedade. Na observação 
dele, a sociedade mais antiga é a família, vez que conta com traços de impulso natural, dessa 
forma quer dizer com isso que, naturalmente, o pai e a mãe desejam dar afeto a sua prole, sendo 
automática a sua formação tendo em vista que os filhos não contam com a possibilidade de 
aceitar ou rejeitar tal convênio. 
A seguir, aponta o autor, que a diferença entre o Estado e a Família é que o elemento 
que uni a família é o amor, já o Estado é unido pelo prazer de governar e utilidade para os 
governados. 
Na construção do Estado é preciso a junção de alguns elementos dentre os quais se 
identifica os povos. Para Rousseau, há povos superiores que outros dentro do Estado, contudo, 
o autor não guarda intimidade com as ideias de Aristóteles – que sustentava a naturalidade da 
escravidão – pois, segundo ele, os pastores dos carneiros tais quais o pastores de pessoas só o 
eram superiores enquanto guardassem esta qualidade. Na sua leitura ele sustentara que o 
pregresso autor – Aristóteles – tomava a causa pelo efeito, isto é, se existiam escravos por 
natureza é porque existiram escravos contra a natureza pois nós não nascemos escravos, mas 
podemos nos tornar. O pai que está escravo não terá o seu filho escravo, mas sim, para escravo. 
17 
 
Em sua retórica alega que Rousseau (1762, p. 13) “as forçasconstituíram os primeiros escravos 
a covardia os perpetuou." 
Aponta Rousseau (1762, p. 14) Uma pessoa não é naturalmente superiora a outra, isto 
porque o mais forte nunca é assaz forte para o ser sempre. Dessa forma precisa “o superior”, 
transformar a força em direito e a obediência em dever. 
Aduz ainda, que dizer que alguém aliena-se a escravo é um absurdo, pois ninguém 
pode alienar a sua vontade tendo em vista que isto é inerente a natureza humana e sendo humano 
não deixará de ser porque disse ou fez algo. Se alguém faz algo em razão de ter menor força 
não o fez por consciência mas sim por necessidade. (ROUSSEAU, 1762) 
O homem, no entender do vetusto autor, não se confunde com o Estado, embora dele 
faça parte. Assenta seu entendimento na passagem Rousseau (1769, p. 19): 
Não é, pois, a guerra, uma relação de homem para homem, mas uma relação de Estado 
para Estado, na qual os particulares são incidentalmente inimigos, não na qualidade 
homens mas na qualidade de soldados; não na qualidade de defensores da pátria mas 
de defensores. Enfim, cada Estado não pode ter como inimigo senão outro Estado, 
nunca homens, entendido que entre coisas de natureza diversas é impossível fixar uma 
verdadeira relação. 
Examinada Jean, que um povo é povo antes de se submeter a um rei, ou a elegê-lo, isto 
para ele, constitui o verdadeiro fundamento da república. O autor, na tentativa de teorizar o 
tema “Estado”, rubrica sua tese com axiomas de outras ideias. Eleva, contudo, a máxima de que 
o homem, antes de tudo é ser humano e deve ser tratado como tal. 
Revela, ainda a necessidade de se manter uma sociedade baseada em um contrato 
social, a qual deve assegurar cláusulas invioláveis. Não quer dizer, contudo, que, algo que os 
membros da sociedade aderirem os obrigará ad infinitum, ao revés, significa que o Estado deve 
sempre preservar certas necessidades humanas (pacto social), mas não pode, para tanto, obrigar 
o próprio povo pela escolha que fez; Pois o Estado é feito de uma união (um todo), mas que é 
feito pela junção das partes, portanto, não se pode atacar a parte sem prejudicar o todo. 
A vontade do povo, na avaliação da obra, é diferente da vontade do particular. Um 
indivíduo poderá ter suas próprias aspirações, contudo, não poderá eximir-se da missão coletiva 
a que frequenta. Seu interesse como individual é subjetivo, mas o seu interesse como cidadão é 
uno. (ROUSSEAU, 1762) 
O homem, antes em Estado de natureza tinha como primordial o seu instinto, que 
agora, no Estado civil, passa a ser o sentimento de justiça. A sua conduta, agora, segue a moral. 
O apetite do homem foi substituído pelo direito. 
O Estado, afirma o escritor, pode requisitar a vida das pessoas, tão somente porque 
lhes permitiu a vida enquanto lhes foram protegida pelo Estado. 
18 
 
Conforme Rousseau (1762, p. 35) “O direito de cada particular sobre sua parte do solo 
está sempre subordinado ao direito da comunidade sobre o todo”, desse modo, se interpreta que 
a ideia geral de Rourreau é a de que Estado tem serviência ao ser humano na medida em que 
oferece a segurança da vida e suas necessidades básicas, não sendo o contrário. 
 
2.1.2 O Soberano de Thomas Hobbes 
 
Para Thomas Hobbes, em sua obra “O leviatã”, prescreve-se que o homem tem sua 
condição natural pautada pelo interesse individual a qual faz emergir um desejo de bem 
acompanhado de “ódio”, que na leitura de Hobbes é figura da frustração que é sentimento muito 
comum vez que o desejo ilimitado homem quase sempre encontra barreiras. 
Essa premissa levantada é a “condição humana”, que deve ser desviada. Para o autor, 
o homem tem sua posição natural reduzida ao Estado de guerra, que para ele, é a falta de um 
governo. 
Nesse sentido, é imperioso que se faça um acordo tal qual se destine o interesse da 
multidão. Esse acordo, embora conte com o traço do caráter individual de cada um do povo, 
obriga a todos, vez que se um faz parte da comunidade para beneficiar-se também deverá aderir 
ao consentimento geral. 
Pontifica o pensador, que o homem é dotado de uma igualdade absoluta, distinguindo-
se neste pórtico, da igualdade legal; isto porque segundo ele, o homem, forte ou fraco, rico ou 
pobre de habilidades pode unir-se a outros e obter o mesmo resultado prático ao qual o detentor 
de tais habilidades poderá atingir (HOBBES, 1651). 
Delineia uma teoria baseada no reconhecimento de incapacidade de autogerência. Diz 
que o homem é incapaz de pensar infinitamente, ou de reconhecer o que é infinito, isto porque 
jamais contou com algo infinito. Para isso, o homem acredita em Deus, pois só ele é fonte capaz 
de permitir que o homem tenha um contato indireto com a “infinidade”. Dessa forma, o homem 
precisa aglomera-se para obter um mínimo de guarda. 
Na sua ótica, o homem, em sua natureza fulcra-se em três características: competição, 
desconfiança e glória. A competição ligada ao homem é a razão de ser da evolução humana, 
isto em função da necessidade do homem conquistar “lucros’. A desconfiança está no fato de 
haver uma sincera sabedoria da sua capacidade e desejos, o que faz presumir que os outros 
homens também terão; Por último a glória é associada a sua reputação o que tem efeito em sua 
razão de existência, pois, na sua autoestima. 
19 
 
Antes no entanto de Estado, Hobbes, disserta em algumas linhas a despeito do contrato, 
que para ele faz lei entre as partes com instigação ao pacta sunt servanda, desprezando os 
elementos da dignidade. (HOBBES, 1651) 
Com isso, o escritor passa a sustentar que a adesão a tal instituição, Estado, deve 
obedecer a uma estrita legalidade, tal que não possa ser descumprida sob pena de desonra 
(injustiça). 
Ademais, alinha como certo, que o homem a fim de elidir seu apetite, deve ser coagido 
para manter-se em sociedade, de sorte que não havendo “razão de espada”, permaneceram na 
coletividade, caso contrário a promessa será só palavras, sem conteúdo razoavelmente 
suficiente para ser seguido. Isto se deve ao fato de que as leis da natureza impucionam o homem 
ao seu estado natural de guerra caso não estejam submetidos a uma coação. 
Em uma relação causa efeito, embora a criação do Estado não seja obrigatória, ela deve 
ser perquirida, pois defende o autor, que a lei da natureza compele o homem a auto destruição 
na medida em que é orientado pelo seu apetite. 
Hobbes, que antecedeu Rousseau, traz uma ideia mais acalorada no que tange a 
formação do Estado e a sua função, a respeito do qual na tentativa de teorizar tal ementa, 
subscreve caracteres do perfil humano aliando sua tese ao fenômeno social que é o Estado. 
Na obra Leviatã, fica assentada noções a despeito do pacto inter vivos e prescreve 
Hobbes (1651 p. 51): 
Dado que a força das palavras (conforme acima assinalei) é demasiado fraca para 
obrigar os homens a cumprirem seus pactos, só é possível conceber, na natureza do 
homem, duas maneiras de reforçá-la. Estas são o medo das consequências de faltar à 
palavra dada, ou o orgulho de aparentar não precisar faltar a ela. Este último é uma 
generosidade que é demasiado raro encontrar para se poder contar com ela, sobretudo 
entre aqueles que procuram a riqueza, a autoridade ou os prazeres sensuais, ou seja, a 
maior parte da humanidade. 
Pela narrativa de Hobbes, o Estado se constrói a partir do firmamento de um pacto, o 
qual se submete a uma lógica capaz de determinar a prosperidade ou a desdenha da organização 
social. Isto porque, como assinalado, ao homem padece uma capacidade que o levasse ao 
respeito eterno aos pactos que assume. 
Para Hobbes (1651 p. 98), para a consecução da figura estatal é imperiosa a instituição 
de uma lei fundamental de arredie limites e objetivos para a fusão social. 
Em todo Estado, lei fundamental é aquela que, se eliminada, o Estado é destruído e 
irremediavelmente dissolvido, como um edifício cujos alicerces se arruínam. Portanto 
lei fundamental é aquela pela qual os súditos sãoobrigados a sustentar qualquer poder 
que seja conferido ao soberano, quer se trate de um monarca ou de uma assembleia 
soberana, sem o qual o Estado não poderia subsistir, como é o caso do poder da guerra 
e da paz, o da judicatura, o da designação dos funcionários, e o de fazer o que 
considerar necessário para o bem público. Uma lei não fundamental é aquela cuja 
20 
 
revogação não acarreta a dissolução do Estado, como é o caso das leis relativas às 
controvérsias entre súditos. E é tudo, quanto à divisão das leis. 
Com esta nota, é possível se realizar um juízo de valor a despeito do que é a norma 
constitucional, não se contentando, todavia, com a típica noção de norma constitucional que, 
frequentemente é tida como àquela esposada por uma constituição. 
Desse modo, tem-se que a finalidade da construção de um Estado é a busca da paz 
social – pois o estado de guerra é o comum quando da ausência de uma organização – e para 
que haja um Estado é preciso o forjamento de uma lei fundamental, que seja o pilar do Estado, 
e que se resuma aos elementos essenciais do Estado. Portanto, não se pode convencionar normas 
fundamentais/constitucionais apenas àquelas que figuram no texto constitucional, mas sim, 
àquelas que sirvam da essencialidade do soberano. 
 
2.1.3 O Príncipe de Maquiavel 
 
O príncipe, como chamado por Maquiavel o Estado – em sua obra Do principado, e 
que passou-se a chamar O príncipe –, é uma organização que é fruto da conquista. 
Ordinariamente, para ele, o Estado é complemento patrimonial do soberano. A pessoa capaz de 
conquistar um Estado deve ser a que goza de fortuna – sorte ou dinheiro – ou de virtú – honra 
ou coragem (MAQUIAVEL, 1513) 
Esclarece Maquiavel (1513, p. 5): 
Todos os Estados e todos os governos que exerceram ou exercem certo poder sobre a 
vida dos homens foram e são repúblicas ou principados. Um principado, ou é 
hereditário, quando é longeva a soberana linhagem de seu senhor, ou é nascente. E 
este, ou é inteiramente se nascente, como foi Milião para Franscesco Sforza, ou 
consiste num apêndice do Estado hereditário do Príncipe que o assenhorou, como o 
reino para o Reino de Nápoles para o Rei de Espanha. Domínios assim conquistados, 
ou costumam viver sob o jugo de um príncipe, ou conservam-se afeitos à liberdade; e 
sua posse se dá, ou com o concurso de armas alheias, ou com recurso às suas próprias; 
ou graças à fortuna, ou graças ao mérito (virtú). 
Assim, define Maquiavel que o Estado não tem caráter social mas patrimonial, e os 
súditos são pessoas a serem convencidas. Adiante esclarece o autor: “evento de passagem de 
homem (num sentido privado) a príncipe pressupõe que este possua méritos (virtú) ou muita 
sorte (fortuna).” (MAQUIAVEL, 1513) 
Figura que prescreve a ideia central da doutrina de Maquiavel se revela no trecho 
abaixo: 
Quando os Estados conquistados encontram-se, como foi dito, habituados a viver com 
as suas próprias leis e liberdades, há três modos de impor-lhes o julgo: o primeiro é 
destruindo-os; um outro, neles o novo príncipe fixando a sua morada; o terceiro é 
consentindo em que vivam conforme as suas leis, recolhendo um tributo e criando em 
seu interior um governo oligárquico que lhe coíba todo amotinamento. 
21 
 
Presta-se o comentário a identificar os meios pelas quais o príncipe – o conquistador 
– fomenta a estabilidade do controle social e, portanto, patrimonial. A violência é, outrossim, 
instrumento de manutenção social; para ele, ao se tomar um principado, aquele que lhe tomou 
o poder deve usar de todos os meios de violência necessários à criação da ideologia dominante 
e de uma só vez, pois assim não se perpetua a violência que, se continuada gera a redução da 
glória que é elemento que compõe a estrutura de império. (MAQUIAVEL, 1513) 
Ademais, a noção central da obra do autor florentino é que o meio para cortejar a 
conquista do Estado, embora não subalterno às normas éticas, não merece ser desconsiderado 
ao revés, deve ser utilizado para que se possa almejar a conquista – Estado –. 
Vê-se, com clareza incomparável que durante as épocas, os homens criaram diferentes 
concepções a despeito do que sera o Estado. Infere-se que tal fenômeno passou de uma 
identidade meramente patrimonial para uma sociocultural, ou seja, uma concepção coletiva do 
que seja tal método de organização. 
 
2.1.4 O Estado contemporâneo na perspectiva da ciência política 
 
Após uma longa jornada evolutiva, passa o Estado a contar com uma elaborada 
premissa funcional, da qual se destaca a função social. 
O Estado intervencionista, encabeçado pela doutrina monárquica e militar 
impulsionaram uma marcha social em direção oposta, da qual resultou uma forte cadência da 
economia em busca da liberdade. Liberdade esta, que encontra guarida em teorias econômicas 
como as de Adam Smith. A economia clássica, como assim ficou chamado o período o qual 
sucedesse o liberalismo econômico, teve apoio fundamental do positivismo jurídico – 
fenômeno intricado pela forte hermenêutica literal da regra jurídica – que assumiu uma posição 
de pedra angular da evolução jurídica. 
Após esta intensa jornada evolutória o Estado ganhou uma nova roupagem, desta vez, 
embora em sua multiplicidade de formas, pautada pelo retorno a intervenção, momento em que 
se restringe a ofertar ações que se destinem a manutenção do mínimo existencial e a dignidade 
mínima. 
O Estado contemporâneo, assim, assenta-se na noção de ações afirmativas, 
coloquialmente nominado o conjunto de ações estatais que visão ao cumprimento da isonomia 
material, de modo que àqueles que estejam em situações de desamparo recebem reforço estatal. 
Desse modo, reveste-se o Estado atual de dever de isentar-se a interferir na esfera 
22 
 
individual do indivíduo como preceitua os direitos de 1º dimensão, contudo, devendo atuar 
sempre que o direito individual sofrer transcendência que recaia sobre o direito coletivo, difuso 
ou homogêneo. 
Mister anotar, vestibularmente, uma diferença entre a teoria geral do Estado e a ciência 
política, que são alvo de observações a frente. 
Para Gama (2005, p. 7) 
Na teoria geral do Estado, o ente estatal sofre vários tipos de estudo, todos eles 
voltados a unificar as suas manifestações numa teoria. Não que seja estudado o poder 
na teoria geral do Estado, pois concebe-se ele somente nas formas em que ele se 
expressa. Registre-se que não há uma preocupação central em pesquisar o poder nos 
seus diversos quadrantes, mas apenas de tratar a estrutura e organização do estado. 
Verifica-se, com isso, que a ciência política é o ramo do conhecimento que lança as 
bases do poder, por isso, tem caráter genérico e é capaz de circundar a área de origem da teoria 
geral do Estado, dessa forma, a Teoria Geral do Estado estuda o Estado como ele é e a ciência 
política estuda o poder em suas dimensões, dentre as quais se manifesta o Estado. 
Para a doutrina da ciência política, encarregada de discutir o espaço nas relações de 
poder, que é a política, define que o cidadão, incumbido de patrocinar a vida política do Estado, 
portanto, parte integrante da administração do Estado, goza de direitos subjetivos, conforme 
preceitua Rodolf von lhering, traduzido por Mário de Méroi, do livro a luta pelo direito (2002, 
p. 8): 
Direito subjetivo como uma faculdade conferida ao cidadão, de exigir do Estado o 
cumprimento e a efetivação da norma jurídica objetiva que acautele seus interesses 
legalmente tutelados. 
O direito subjetivo, portanto, é uma atribuição prevista na norma Estatal, que, ao 
cidadão, é conferida pelo simples motivo de compor o Estado politicamente. 
Para Léon Duguit, em sua obra Fundamentos do direito, traduzida por Fabris (2005, 
p.3): 
O direito subjetivo é um poder do indivíduo que vive em sociedade. É um poder para 
o indivíduo obter o reconhecimento social do que pretende, quando o motivo que 
determina o seu ato de vontade e um fim considerado legítimo pelo direito objetivo.Na tentativa de balizar os primeiros andamentos da construção de um Estado, a TGE, 
como denominada a ciência em análise, traz à baila o conceito de soberania, que um é elemento 
essencial para a criação e manutenção do Estado. Não se trata de um elemento autônomo do 
Estado, mas sim de um elemento adjetivo (qualitativo). Conforme denota Gama (2005. p. 115) 
“A soberania deve ser tomada como qualidade do poder do poder estatal exercido de forma 
incontestável e ilimitada sobre o território nacional” 
Assim, se tem que a soberania não é composto integrante do Estado 
concomitantemente com o território o governo e o povo, mais sim uma qualidade do poder que 
tem o Estado. Isto implica dizer que é uno, e que não está sujeito a qualquer outra fonte de 
23 
 
irradiação de poder. 
 
2.2 A composição do Estado sob o prisma da Teoria Geral do Estado 
 
A Teoria Geral do Estado, tida como tese de composto científico que organiza a noção 
Estado dentro de uma concepção analítica, é hodiernamente, regada à uma ideia de proteção a 
soberania do Estado e a sua composição. 
A teoria geral do Estado embora zoneada em área limítrofe à teoria constitucional, com 
ela não se confunde, isto porque como narra Maluf (2006, p. 11) “A Teoria Geral do Estado 
corresponde à parte geral do Direito Constitucional. Não é uma ramificação, mas o próprio 
tronco deste ramo eminentemente do direito público”. 
Para o mesmo autor, o Estado não se confunde, outrossim com o direito, tendo em 
vista a teoria pluralista do Estado que infere a distinção entre Estado e direito (MALUF, 2006). 
Na observação de Sahid, o escritor da matéria, o Estado é composto por três elementos, 
que, indistintamente, se sucedem na construção do ente estatal. O povo, o território e o governo 
são os elementos que, agrupados, formam o Estado. A noção de povo, em aspecto qualitativos 
não se confunde com população, pois povo é a população incluída na categoria política do 
Estado; já a população é a soma da massa populacional que o Estado tem em suas paredes. 
Conforme Maluf (2010, p. 1): “O estado é uma organização destinada a manter, pela 
aplicação do direito as condições universais de ordem social o direito é o conjunto das 
condições existenciais da sociedade, que o estado cumpre assegurar.” 
Para Sahid, a nação se distingue do Estado, pois a nação é uma realidade social 
enquanto o Estado é uma realidade jurídica. Distinção fundamental que orienta a exigência de 
uma sustentação jurídica paritária para todo Estado, independente de regime e. g. anarquia, 
democracia, monarquia et cetera. Fazendo citação de Queiros de Lima, Sahid (2010, p. 20) 
adverte: “O Estado é a nação politicamente organizada.” 
Dessa forma, o Estado, em mais uma oportunidade é considerado como ficção jurídica 
legitimamente instituída com a finalidade de assegurar a sociedade o que lhe é importante, 
paratanto dispondo de mecanismos de controle capazes de penetrar nas esferas dos 
particularidades e realizar redistribuições de riquezas. Conforme Barreto citado por Machado 
Paupério (1996, p. 18), “A sociedade é a categoria dos homens, como o espaço é a categoria 
dos corpos.” 
Nesta linha, é possível se verificar uma tendência em argumentar-se que sendo o 
24 
 
Estado uma conjuntura social, ele é abastecido de elementos organizadores que controlam o 
crescimento social, contudo, deverá a mesma organização nortear-se sob os parâmetros de 
dignidade da pessoa humana que é princípio supralegal inspirado na história do homem. 
 
 
 
 
25 
 
3 A FALÊNCIA CIVIL COMO FATO GERADOR DO DIREITO SUCESSÓRIO 
 
Não só a vida é objeto de preocupação jurídica, mas também morte, pois esta é inerente 
a vida. O direito sucessório trata do final da vida, a morte. Esta, no entanto, se revela sob formas 
variadas, isto pois a ausência de uma pessoa, em certas ocasiões, outrossim pode gerar tal efeito, 
a transmissão. 
Não olvide-se que a transmissão aqui colocada é a da propriedade que é inerente aos 
direitos constitucionais de 1º dimensão como delibera a doutrina constitucional hodierna. 
(SARLET, 2007) 
 
3.1 As espécies de morte no direito civil Brasileiro 
 
O direito Brasileiro tipifica, com a intenção de dar regulamentações especiais, 
modalidades de morte dentre as quais ganham especial importância para este estudo a morte 
das pessoas físicas. Isto porque, as pessoas jurídicas não morrem, são contudo extintas por meio 
de procedimentos contratuais ou judiciais. A morte finda um ciclo de vida do indivíduo, é assim, 
o fim da existência. 
Imperioso ressaltar que a morte aqui estudada em nada se assemelha a morte civil, 
existente nos tempos romanos. A morte civil, alhures existente se tratara de uma morte que se 
destinara à expurgar a personalidade de um cidadão da sociedade, com isso, desconhecendo o 
direito político de um indivíduo da sociedade. 
De um modo geral, a morte, seja ela real ou ficta permite a abertura da sucessão com 
a consequente partilha dos bens. Lei federal 10.406/02, “Art. 6o A existência da pessoa natural 
termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a 
abertura de sucessão definitiva.” 
Como registrado, a morte real é a morte em que se tem um objeto probatório como o 
corpo do indivíduo ou objetos partes ou coisas que comprovem a sua morte. Desta espécie de 
morte se tem de imediato um laudo expedido pelo instituto médico de polícia caso seja a morte 
decorrente dolo ou culpa. Caso seja a morte decorrente de causas naturais, o laudo será expedido 
pelo próprio hospital de atendimento ou simples registro expedido por órgão especialmente 
designado. 
Para Paulo Nader (2009 p. 22) “não existe herança de pessoa viva - viventis nulla est 
hereditas. A morte ficta, é endereçada àqueles que se enquadram nas condições legais”; Em 
26 
 
verdade trata-se de instituto de natureza residual vez que pugna pela subsidiariedade. Isso é 
assim em razão da necessidade de se preferir o procedimento real a simples presunção legal. 
Como v. g. Lei Federal Brasileira 10.406/02: 
Art. 7o Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência: 
I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida; 
II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até 
dois anos após o término da guerra. 
Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser 
requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a 
data provável do falecimento. 
(...) 
Art. 37. Dez anos depois de passada em julgado a sentença que concede a abertura da 
sucessão provisória, poderão os interessados requerer a sucessão definitiva e o 
levantamento das cauções prestadas. 
Art. 38. Pode-se requerer a sucessão definitiva, também, provando-se que o ausente 
conta oitenta anos de idade, e que de cinco datam as últimas notícias dele. 
Art. 39. Regressando o ausente nos dez anos seguintes à abertura da sucessão 
definitiva, ou algum de seus descendentes ou ascendentes, aquele ou estes haverão só 
os bens existentes no estado em que se acharem, os sub-rogados em seu lugar, ou o 
preço que os herdeiros e demais interessados houverem recebido pelos bens alienados 
depois daquele tempo. 
Parágrafo único. Se, nos dez anos a que se refere este artigo, o ausente não regressar, 
e nenhum interessado promover a sucessão definitiva, os bens arrecadados passarão 
ao domínio do Município ou do Distrito Federal, se localizados nas respectivas 
circunscrições, incorporando-se ao domínio da União, quando situados em território 
federal. 
Desse modo, podemos vislumbrar no ordenamento jurídico nacional duas espécies de 
morte no direito civil, a real e a presumida, sendo a última, subdividida em com decretação de 
ausência e sem decretação de ausência nos termos do Art.: 7º da lei federal 10.406/2002. 
A morte real, não conta com definição legal, assim se sucedem várias teorias que sedestinam a fixar o momento da morte. Para Paulo Nader, no Brasil, entendia-se que a morte da 
pessoa natural se dava quando se interrompia a frequência cardíaca e respiratória. 
Contemporaneamente cresce a tese se que, como adotado nos E.U.A, a morte ocorre no 
momento em que se verifica a parada na atividade cerebral. (NADER, 2006) 
 
3.2 A sucessão hereditária (universal) e testamentária (singular) 
 
Capítulo essencial de qualquer obra científica que narre a regulação da normatização 
sucessória é a que trata da transmissão hereditária e testamentária. Herança, em um conceito 
genérico representa o conjunto de direitos e obrigações decorrentes do autor da herança. 
Alhures a preferência de sucessão é a testamentária, vez que é trajada de regras que 
facilitam a discriminação de bens a serem partilhados. Isto se dá pela influência religiosa e 
cultural. 
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A direito sucessório, é tido como o conjunto de normas que regulam o sistema de 
transmissão em razão da morte; isso se deve ao fato de que, no Brasil, país tradicionalmente 
romano-germânico – direito pautado na lei escrita – a segurança jurídica, fundada no princípio 
da legalidade instaura a necessidade de se estabelecer as liberdades na lei. Assim, o sistema 
legislativo brasileiro é conhecido por ser analítico v. g. Constituição Federal de 1988. Por isso, 
trafega na ideia de regulação constitucional geral, contemplando, pois, normas constitucionais 
formais e materiais. (GILISSEN, 2008) 
No Brasil, no entanto, congrega-se interesses que se distanciam da cultura 
testamentária. Interessante aportar que isto não significa, necessariamente, que o procedimento 
de sucessão hereditária seja mais demorado, pois há casos de testamentos que ocasionam 
dificuldades que transcendem o regime comum. 
A sucessão legítima (hereditária), tem previsão legal nos Art.: 1.798 à 1.803 e 1.869 à 
1.856 da lei federal 10.406/02, e arregimenta que serão herdeiros legítimos o descendente, 
ascendente e cônjuge. O companheiro – pessoa apta ao casamento, mas que permanece em 
situação de fato – será sucessor nos termos do artigo 1.790 do CC, não figurando como herdeiro 
necessário, portanto, não é capaz de providenciar os limites da legítima. 
A sucessão testamentária é figura singular no direito sucessório e tem previsão dos 
artigos 1.857 à 1.990. Dentre as várias figuras testamentárias ganham ramificações primárias: 
as formas ordinárias e especiais além dos condicilos que se assimilam as figuras dos 
preparativos para o funeral; por isso, não tem valor expressivo para a sucessão pois tem como 
cerne o asseguramento de uma mera formalidade. 
A sucessão, reveste-se de duplo caráter, dessa forma, tem-se a sucessão a título 
universal ou a título singular. A sucessão a título universal é a que segue os preceitos da ordem 
hereditária estabelecidos em lei, a sucessão a título singular se traduz em um seguimento de 
sucessão baseada da transmissão por testamento. Nesse sentido se tem a afirmação que toda 
transmissão a título singular se dá por testamento mas nem toda transmissão por testamento é a 
título singular, tendo em vista que poderá ocorrer a herança instituída. 
Em regra, se tem a sucessão testamentária quando houver sucessão singular, porém, 
existe a hipótese de se discriminar uma parcela da herança sem individualizar os bens, ocasião 
em que, restará configurado a herança instituída. A herança instituída é, por excelência, uma 
sucessão testamentária de caráter universal (GONÇALVES, 2009). 
A lei elenca tipos de testamento, como dito: o testamento ordinário e o especial. Os 
testamentos ordinários são: particular, cerrado e público, sendo advertido pela norma que será 
vedado o testamento conjuntivo, seja simultâneo, recíproco ou correspectivo. 
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3.3 O princípio da Saisine e sua atuação no contexto sucessório 
 
Como garantia de proteção aos direitos patrimoniais dos herdeiros, universais ou 
testamentários, o diploma civil brasileiro de 2002 adotou o princípio da saisine, que refuta as 
chaces de dano ao espólio. 
Por meio do supra-princípio, a transmissão da propriedade dos bens do autor da 
sucessão é feita instantaneamente, transferindo-se pois a posse, inclusive, indireta dos bens a 
serem arrecadados. 
Com a morte do cidadão brasileiro ou estrangeiro com bens no Brasil, se exercerá o 
direito sucessório, com isso, galgando direitos materiais e processuais. Nesse diapasão, os 
aspectos processuais agaleriam-se no rol das áreas mais cortejadas pela doutrina, isto porque 
desempenham o papel instrumental da consecução dos preceitos sucessórios. 
Curioso assinalar que não é objeto do presente estudo a temática material do direito 
sucessório, tendo em vista que este é convolado pela história e não nos parece perceber a nossa 
sociedade um costume capaz de gerar uma mutação material do direito da sucessão nacional. 
O princípio da saisine forjado no direito francês, como deliberado por Carlos Roberto 
Gonçalves, foi formulado no intento de permitir, na idade média, do regime feudal que a 
transmissão do conjunto hereditário pudesse ter sua transmissão catalogada no instante da 
abertura da sucessão – morte do autor da herança – ocasião em que, se valeriam os herdeiros 
de mecanismo dinâmicos, automáticos, de sucessão não sendo mais necessária a ação de 
imissão na posse para que fosse aperfeiçoada tal transmissão. Pode-se, pois, dizer que tal 
princípio permitia, especialmente, que os herdeiros ab intestato percebessem os valores 
decorrentes dos contratos de aluguéis pactuados (GONÇALVES, 2009). 
O princípio da saisine, tradicionalmente benévolo aos seus beneficiários, possibilita a 
postulação de demandas possessórias em razão dos bens sem que, no entanto, não haja 
factualmente, a consignação da posse direta ou indireta dos bens arrecadados a título 
hereditário. Uma consequência da referência a tal princípio é a de que a lei que se aplicará a 
sucessão será a vigente na data da abertura da sucessão (morte do autor da herança). 
Deflui ainda da saisine que a lei que determinará a alíquota da base de cálculo sob o 
patrimônio hereditário, resvalando, expressamente, efeitos tributários em uma norma 
tipicamente cível. A isso se deu a súmula 112 do excelso Supremo Tribunal Federal em 1963. 
Importante anotar, que não há dissenso doutrinário a despeito de tal princípio, embora 
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tenha havido, recentemente inovações jurisprudenciais capazes de implementa-la. Não 
enumeram contudo, entendimentos que guardem divergência da hermenêutica gramatical da 
grafia em estudo. 
Informativo nº 0432 Período: 26 a 30 de abril de 2010. Terceira Turma 
REPRESENTAÇÃO JUDICIAL. ADMINISTRADOR PROVISÓRIO. ESPÓLIO. 
A Turma reiterou o entendimento de que, enquanto não nomeado inventariante e 
prestado o compromisso (arts. 985 e 986 do CPC), a representação ativa e passiva do 
espólio caberá ao administrador provisório, o qual, usualmente, é o cônjuge supérstite, 
uma vez que detém a posse direta e a administração dos bens hereditários (art. 1.579 
do CC/1916, derrogado pelo art. 990, I a IV, do CPC e art. 1.797 do CC/2002). Assim, 
apesar de a herança ser transmitida ao tempo da morte do de cujus (princípio saisine), 
os herdeiros ficarão apenas com a posse indireta dos bens, pois a administração da 
massa hereditária será, inicialmente, do administrador provisório, que representará o 
espólio judicial e extrajudicialmente, até ser aberto o inventário com a nomeação do 
inventariante, a quem incumbirá representar definitivamente o espólio (art. 12, V, do 
CPC). Precedentes citados: REsp 81.173-GO, DJ 2/9/1996, e REsp 4.386-MA, DJ 
29/10/1990. REsp 777.566-RS, Rel. Min. Vasco Della Giustina (Desembargador 
convocado do TJ-RS), julgado em 27/4/2010. Disponível em 
http://www.stj.jus.br/SCON/infojur/toc.jsp?livre=saisine&b=INFJ&thesaurus=JURI
DICO 
Com isso, verifica-se com clareza que o princípio referendado pela norma sucessória 
tem, entre outras aplicações, ade aferimento a despeito de qual norma será utilizada para 
regência da sucessão em que pese a normatização vestibular da lei de introdução às normas de 
direito brasileiro. 
Intima relação com a transmissão do patrimônio é a sua administração e controle. Na 
redação do ainda chamado, “novel diploma”, lei federal 10.406/02, com a morte, os bens do de 
cujus passaram a ser controlados pelo administrador provisório, que segundo precedentes da 
corte, é costumeiramente identificado pelo cônjuge supérstite. 
Com isso, a lei labora em favor do espólio na medida em que outorga os direitos de 
administração e proteção imediata, podendo inclusive, arguir judiciamente a tutela de interditos, 
que é meio eficaz de expulsão de terceiros salteadores. 
 
3.4 O administrador provisório 
 
Com a abertura da sucessão, a lei estabelece um limite convencional de 60 dias – se 
caso superado poderá o Estado, Distrito Federal ou a União em caso de território federal instituir 
multa – para a confecção do processo de inventário, ocasião em que paratanto, sublima a ideia 
da existência de um agente administrador que, precariamente, exerce a função de guardar e 
menunteir o espólio. 
O administrador provisório será àquele que estiver na posse do bem, como pondera os 
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arts.: 985 e 986 do codex civil de 2002, ocasião em que, em que pese sua idoneidade, ficará na 
adminsitração apenas pelo tempo em que um inventariante não seja nomeado, pois, a ele estarão 
alinhados os deveres civis de, especialmente, prestação de contas. 
A inobservância do prazo para o início do inventário pode acarretar cobrança de multa 
por parte do Estado, como afinca o STF, em enunciado de súmula 542 editado em 1969 que tem 
a seguinte redação: “Não é inconstitucional a multa instituída pelo Estado-Membro, como 
sanção pelo retardamento do início ou da ultimação do inventário.” Interessante sublinhar que 
a falta de pedido de inventário produzirá efeitos públicos, dessa monta, podendo o Estado Juiz 
pleitear o seu processamento ex officio. 
O administrador provisório – que precede o inventariante – é aquele que está na posse 
da herança. Representa ativa e passivamente o espólio e se obrigada a trazer ao acervo os frutos 
que desde a abertura da sucessão percebeu, tem direito ao reembolso das despesas necessárias 
e úteis que fez e responde pelo dano a que, por dolo ou culpa, der causa (CPC, art. 986). 
O administrador provisório poderá acrescer deveres tornando-se inventariante, se 
enquadrar-se nas tipificações do art. 990 da lei civil vigente. No caso em tela não se verificará 
motivo para interrupção da administração. 
Importante previsão é escalada no art. 1.797 da mesma lei civil, que imprime a lista de 
indivíduos indicados a exercer tal função. O administrador é indicado pelo juiz, e quando 
escolhido, deverá exercer sua função até a prestação de compromisso por parte do inventariante, 
que de forma semelhante, será nomeado pelo juiz. 
A figura do administrador provisório, no ordenamento jurídico brasileiro, tem 
correspondência com a necessidade de promover a justiça de modo célere, isto em função da 
impossibilidade do arrimamento judicial que opera, contemporaneamente, com um elevado 
número de ações, o que diminui a qualidade da justiça como justifica a celebre frase: “Mas 
justiça atrasada não é justiça, senão injustiça qualificada e manifesta” (BARBOSA, 1920) 
No direito brasileiro, a ordem a ser seguida para indicar a investidura do administrador 
provisório, qual seja, o cônjuge ou companheiro, o herdeiro ou quem estiver na posse dos bens, 
o testamenteiro ou à pessoa de confiaça do juiz. 
Tipicamente, ao administrador provisório cabe a manuntenção dos bens, e a custódia 
dos frutos e rendimento auferidos do espólio, sendo dever outrossim, a cobrança de créditos 
obrigacionais que porventuram estejam em vencimento. Como dito, o dano causado por culpa 
ou dolo do adminsitrador o fará ser responsabilizado civilmente pelos seu atos, paratanto, sendo 
necessário a existência do nexo de causalidade. 
 
31 
 
3.5 O inventário e a partilha na sucessão causa mortis 
 
A morte do indivíduo no direito, visto como a falência da pessoa natural, não se 
confunde o instituto de origem romana em que, após expurgar um indivíduo da sociedade era 
imposta uma pena de exclusão de identidade social a isso, dava-se a consecução do instituto em 
apreço. Aqui fala-se na morte real do indivíduo, que pode ter origem em causa natural ou não, 
podendo inclusive ser fictícia (Art.: 7, da Lei Federal 10.406/02). 
A sucessão é o meio pelo qual se transfere a propriedade de bens móveis e imóveis, 
neste pórtico, os definidos em lei. Ocorre, que uma distinção tradicional da doutrina é 
sustentada, entre a sucessão causa mortis e a sucessão inter vivos. Nas pegadas da doutrina de 
Carlos Roberto Gonçalves, a sucessão que se opera inter vivos é o negócio jurídico, onde incide 
a teoria Ponteana (teoria do negócio jurídicos de Pontes de Miranda); messe sentido, é o pacto 
em que se transfere a propriedade por meio de atos civis entre pessoas vivas. Na sucessão causa 
mortis, a transferência se opera em razão da morte, portanto, ope legis, com fundamento no 
princípio Francês, da saisine. Desse modo, a transferência dos bens, prescinde de ato humano 
capaz de preencher as condições de validade de forma, objeto e agente. 
Feita essa elucidação, é possível a visualização do instituto sucessório no quotidiano 
do povo. Com o falecimento, real ou ficto, do indivíduo, nacional ou estrangeiro (que tenha 
bens no Brasil) no Brasil, entra em vigência a lei sucessória, que guarda o direito à sucessão 
legítima ou testamentária. A sucessão legítima (mais frequente no Brasil), tem incidência na 
falta de testamento que defina a transferência de bens. Ocorre, que tal sucessão, é verdadeira 
regra geral, de conteúdo subsidiário. De uma ou outra forma (legítima ou testamentária), será 
necessário um processamento judicial (justiça estadual) ou extrajudicial (cartório extrajudicial), 
conforme o enquadramento abstrato na norma do códex civil. 
Embora clara a disposição normativa prevista na lei federal 10.406/02, o direito 
sucessório enfrenta um número elevado de fatores que prejudicam a sua eficácia, que serão, 
pormenorizados neste trabalho acadêmico. Em Natal, capital do Estado do Rio Grande do 
Norte, o referido ornamento legal, é inefetivo em diversas disposições. 
As normas sucessórias são essenciais para o normal funcionamento da sociedade, 
consoante pontifica o artigo 5º, inciso XXX, da Constituição Federal. É valioso não olvidar, 
que o direito sucessório acompanha as sociedades desde os tempos mais remotos, o que sugere 
uma inerência do direito a história do homem. 
Lançada as bases conceituais da matéria, o direito hereditário ganha conotação de 
32 
 
ordem pública, isto posto, verifica-se necessária a sua observação em todos os fatos jurídicos. 
É forçoso reconhecer que, apesar de todas as características esposadas, há uma forte resistência 
da aplicação da norma sucessória. Tem origem o citado fenômeno em razão da cultura 
brasileira. Ocorre que, inicialmente (na Roma antiga), a legislação referida detinha status 
predominantemente testamentário, em função da ideia de que falecer sem organizar seus bens 
seria um verdadeiro constrangimento. Após, na cultura arraigada de religiosidade, a morte 
representara um fenômeno desprezado, por isso, pensava-se, predominantemente na vida; desse 
modo, a doutrina testamentária, foi extraviada pela orientação cultural, ganhando espaço, a 
sucessão legítima. 
Fixando os pontos principais do instituto, é forçoso reconhecer a sua difusão no 
cotidiano social, sendo relevante esclarecer que as suas variadas formas e conteúdos são 
naturais de sua própria função, que, como dito, é a de estabelecer norma no caso concreto. 
É procedimento adotado na lei federal 10.406/02, o de estar aberta a sucessão com a 
morte do decujus, momento em que, a propriedade é transferida imediatamente aos herdeiros 
legítimos e testamentários. Ocorre, que a dita transferência se opera de modo fictício, e 
fracionado, não comportando direito a disposição imediata sob pena de anulação pelo terceiro 
prejudicado (CONÇALVES, 2009). Em verdade, é preciso se proceder ao inventário e partilha, 
desse modo, realizando-se uma busca dos bens deixados inclusive em seus ativos e passivos, 
passando, no momento seguinte a partilha, ocasião em que poderá ser amigável ou litigiosa. 
Importante decorar neste ponto, que o processamento aqui relatado poderá se processar perante 
a via judicial ou extrajudicial, conforme disposto na nova redação da regra atinente a sucessão. 
Em todos os casos, com exceção daqueles em que o inventário resta negativo (não se 
encontraram bens) a quantia para imposto é paga, referente a imposto estadual, in casu, ITCMD. 
Trata-se de imposto da receita estadual que remunera os cofres públicos em razão da 
transferência própria dos bens. 
De um modo geral, se tem que a operação sucessória é benéfica tanto a comunidade 
particular como a comunidade pública na medida em que traz segurança jurídica patrimonial e 
permite a circulação comum dos bens. Ademais, não é difícil se observar, de que, existem, 
basicamente duas classificações de bens na doutrina penal, que, nas palavras de ROGÉRIO 
GRECO, são imediatos (bens susceptíveis de valoração e contato) e os mediatos (chamados de 
bens da vida, que são traduções da necessidades básicas dos cidadãos.) 
Nesse interim, impõe ingerir, que o presente estudo recebe a afluência de dois grandes 
ramos do direito, como o direito civil e direito tributário, embora na primeira espécie, haja uma 
clara vinculação a subespécie de direito sucessório; isto porquê, como se verá adiante, os fatos 
33 
 
geradores do procedimento sucessório resvalam diretamente na sara tributária. 
Imposto de transmissão. Causa mortis. Ufesp. Na espécie, a correção monetária pela 
UFESP do imposto de transmissão causa mortis deve ser aplicada a partir da data do óbito. 
REsp 332.873/SP, Rel. Min. Garcia Vieira, julgado em 16/10/2001. 
Em um breve escorço histórico, poderíamos, pois, vislumbrar a prática do direito 
sucessório desde os tempos mais remotos como se extrai da leitura de Nader (2009): 
“A transmissão de bens em razão da morte é prática antiga, registrada em codificações 
milenares. No código de Hamurabi (2000 a.c.) por exemplo, encontram-se diversas e 
esparsas disposições sobre a herança, uma delas, inclusive, relativa a deserdação de 
filho. Esta somente era admitida com a reincidência de falta grave. Aos juízes cabia a 
avaliação da faltas, que o pai imputava ao filho, as quais deveriam ser suficientemente 
graves para resultarem na deserdação.” 
Muito já se a respeito do inventário, que é meio hábil à identificar os bens que, 
somados, constituem o espólio. Pode ser manejado por meio judicial ou extrajudicial o que leva, 
impreterivelmente, a uma celeridade maior, decorrente da ausência de litigiosidade. 
Para o levantamento – percepção – de quantias ínfimas deixadas pelo falecido, v. g. 
saldo bancário ou FTGS, PIS/PASEP, restituição de tributos desde que não haja outros bens. 
Nos termo da lei federal 6.858/80. Pode-se esmerilhar a forma de alvará judicial que dispensa 
o inventário e partilha nos termos da lei ordinária. A escritura pública é sucedâneo para o alvará 
judicial. (GONÇALVES, 2009) 
Como sói dizer, o inventário comunga um dever de esclarecimento para a sociedade 
da relação dos bens existentes e de oficialização do repasse patrimonial. Trata-se de 
procedimento nitidamente investigativo mas que comporta importância, pois caso haja 
desconformidade legal poderá o inventariante nomeado sofrer remoção. (Lei federal 10.406/02) 
“Art. 1.993. Além da pena cominada no artigo antecedente, se o sonegador for o próprio 
inventariante, remover-se-á, em se provando a sonegação, ou negando ele a existência dos bens, 
quando indicados.” 
A partilha é a consequência natural da apuração dos bens. Isto pois é o objetivo central 
da atividade sucessória – transferir o patrimônio –. Não é demasiado anotar, que a partilha é 
vista como procedimento voluntário ou litigioso em que se realiza o rateio dos bens do espólio, 
pois é verdade que já existe o patrimônio ideal dos herdeiros e legatários mas neste processo é 
necessário a indicação de cada bem para cada participante do inventário e partilha. 
 
 
 
34 
 
4 O PODER DE TRIBUTAR ESTATAL E SUA INCIDÊNCIA NA SEARA SUCESSÓRIA 
 
Antes de regulador, o Estado é fruto de uma união; Todo o poder decorrente do Estado, 
pois advém desta união. Para que se analise e investigue o tributo, é preciso principalmente, 
identificar qual a natureza deste poder que é investido Estado, com vistas assim, a compreender 
os limites de sua atuação. 
 
4.1 A origem do tributo dos Estados 
 
Com a garantia da função reguladora, o Estado passa a apurar deveres na tentativa de 
distribuir os benefícios sociais. Isso se dá por meio da regulação (direito) que tem como 
característica ser coercitivo e impositivo. Os homens, constituidos, outrora desunidos, agora 
fazem parte do Estado e usam sua força de modo uniforme. 
Cabe aqui esclarecer, que o interesse do Estado em arrecadar é, na verdade uma 
vontade coletiva uma vez que “o Soberano” é, em essência, o próprio povo. Por outro lado, o 
interesse em suceder, é interesse do individual, que igualmente, faz parte do Estado. Aqui mora 
– eu advirto – o principal motivo de embates travados entre as procuradorias 
O direito tributário, percebido como direito que regula os tributos – fonte mantenedora 
da receita Estatal – traz consigo um conceito atinente a organização social econômica, que é a 
carga tributária. Para Eduardo Sabbag, autor do ramo tributário, no seu livro, que encoraja a 
doutrina tributarista, escreve que a carga tributária, é forma controle econômico e, 
fundamentalmente, arrecadativo do Estado. A esta primeira função, nomina-se extrafiscalidade, 
fenômeno que mais adiante será explorado com mais ênfase. 
 
4.1.1 Princípio da pecunia non olet 
 
O princípio do non olet fora criado nos tempos mais remotos. Amílcar de Araújo 
Falcão, lembrado por Aliomar Baleeiro, nos conta o contexto histórico do qual emanou a 
conhecida expressão. 
Nos contornos da literatura de Baleeiro (2010, p. 714), referindo-se ao diálogo 
ocorrido entre o Imperador Vespasiano e seu filho Tito, narra que este, indagando o pai sobre o 
porquê da tributação dos usuários de banheiros ou mictórios públicos na Roma Antiga, foi 
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levado a crer pelo genitor que a moeda não exalava odor como as cloacas públicas, e, portanto, 
dever-se-ia relevar todos os aspectos extrínsecos ao fato gerador, aceitando-se, sim, a tributação 
sobre aqueles que utilizavam tais recintos. 
Nos comentários expendidos por Falcão (2002, p. 46) acerca do clássico diálogo: 
Quis o imperador romano desse modo significar que o dinheiro não tem cheiro, 
importando essencialmente ao Estado o emprego que faça dos seus tributos e não a 
circunstância de reputar-se ridícula ou repugnante a fonte de que provenham. Claro 
está que, na sua versão atual, as expressões perderam o conteúdo cínico da anedota, 
para se penetrarem de alto sentido ético, qual o de procurar atingir isonomicamente a 
capacidade econômica do contribuinte sem preconceitos falsos ou ingênuos pruridos 
de sentimentalismo piegas quanto à licitude da atividade que constitua fato gerador 
do tributo. 
Pela ideia regada pelo princípio supralevantado, se tem que a obrigação tributária pode 
ser originada de fato que desqualifica a legalidade ou legitimidade da fonte econômica. Por essa 
noção, é irrelevante juridicamente, se o fato gerador decorreu de ilícitos v. g. tráfico de 
entorpecentes, receptação, estelionato et cetera. 
O non olet tem importância para o direito tributário, pois auxilia a conceituar

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