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1 MÉTODO DO NÚMERO DA CURVA (CN) PARA ESTIMATIVA DA PRECIPITAÇÃO ESPECIFÍCA DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIBEIRÃO TABOCA - DF Cristiane Oliveira de Moura cmoura.geo@gmail.com Junho / 2016 Resumo O processo de ocupação inadequado dos ecossistemas naturais favorecem as ações de degradação do solo, acarretando consequências ao meio ambiente, como contaminação e assoreamento dos rios, diminuição da qualidade dos recursos hídricos, dentre outros, provocado pelo transporte de sedimentos das áreas manejadas incorretamente. As bacias hidrográficas foram instituídas pela Lei Federal N°9.433/97 como unidades territoriais. De maneira simplificada, bacia hidrográfica pode ser entendida como uma área definida topograficamente, drenada por um curso de água ou um sistema conectado de cursos de água, tal que toda vazão efluente seja descarregada por uma única saída (Tucci, 2009). Para que seja possível realizar um gerenciamento efetivo das bacias hidrográficas é fundamental a determinação de indicadores físicos específicos, de forma a qualificarem as alterações ambientais. Neste contexto, o objetivo do trabalho é mapear o uso e ocupação do solo e tipos de solos para aplicação do Método do Número da Curva (CN), metodologia desenvolvida pelo Soil Conservation Service (SCS, 1973), para estimativa da precipitação específica na Subacia do Ribeirão Taboca – Distrito Federal, com intuito de fornecer subsídios no planejamento e gestão dos recursos hídricos na área de estudo, favorecendo uma utilização sustentável. Objetivos A urbanização em uma bacia hidrográfica leva ao aumento da área de superfície impermeável e a diminuição da capacidade de infiltração. Na busca pela minimização dos impactos causados pelas alterações na cobertura superficial do terreno, é de grande importância o entendimento das consequências das alterações nos processos hidrológicos da bacia, bem como a integração desse entendimento no planejamento do desenvolvimento da mesma. Deste modo, o estudo sobre o escoamento superficial está ligado ao aproveitamento da água superficial e à proteção contra os fenômenos provocados pelo seu deslocamento (erosão do solo, inundação e outros). Englobando os seguintes objetivos específicos: mailto:cmoura.geo@gmail.com 2 Mapear o uso e ocupação do solo; Obter o Número de Curva (CN) para cada recurso hidrológico, através da metodologia desenvolvida pelo Soil Conservation Service (SCS), dos Estados Unidos da América (1973); Estimar a Precipitação Específica (Pe) da Subacia Ribeirão Taboca. Materiais e Métodos A área de estudo está localizada na Bacia Hidrográfica do Rio São Bartolomeu, em sua subacia Ribeirão Taboca, no Distrito Federal (Figura 01), abrangendo uma área de 54 km 2 , compreendida entre as coordenadas geográficas 47°48’ e 47°44’ longitude oeste e 15°50’ e 15°51’ de latitude sul. A área pertence ao domínio morfoclimático do Cerrado, caracterizado por Ab’Saber (1977). O clima é caracterizado por sazonalidade intensa, com chuvas concentradas entre os meses de outubro e abril. Enquadra-se como clima tropical úmido de savana, com inverno seco (Aw), segundo a classificação de Köppen. Existe ainda uma variação local com clima tropical de altitude (Cwa e Cwb) nas porções mais elevadas da bacia. A média anual de temperatura máxima oscila entre 27°C e 28°C, enquanto a mínima fica entre 16°C e 17°C em toda a bacia (Silva et al., 2008). As classes de solo presente na microbacia são Neossolos Quartzarênicos, Cambissolos Háplicos, Latossolos Vermelho, Plintossolos Arenoso e Silto-Argiloso (EMBRAPA, 2013). Para realização do trabalho foi utilizada imagem satélite (Codeplan 2009) para elaboração do mapa de uso e ocupação do solos e o mapa de tipos de solos (EMBRAPA, 2013). A plataforma de processamento foi o ArcGIS 10.1. A partir do MDT foram gerados mapas de declividade e hipsometria com intuito de se obter uma compreensão da dinâmica da paisagem. O Método do Curva Número – CN (SCS, 1973) trata-se do modelo hidrológico aplicado para a determinação do escoamento superficial voltado para análise dos principais efeitos da urbanização nos recursos hídricos. O método CN foi desenvolvido para pequenas bacias rurais dos Estados Unidos, e posteriormente vem sendo aprimorado para a aplicação em pequenas bacias urbanas e em outros países, como é o caso da adaptação feita por Sartori (2004 e 2015a), que apresentam uma sugestão para a classificação hidrológica dos solos do Brasil. Resultados Obtidos O mapeamento a partir das imagens satélites (Codeplan 2009) permite realizar e localizar as áreas dos seus diferentes usos e ocupações do solo. Foram mapeadas as classes mais significativas do uso do solo na Subacia Hidrográfica Ribeirão Taboca (Figura 1). 3 O Ribeirão Taboca desemboca no São Bartolomeu, compreende uma área de 54 km 2 e constitui uma bacia de 5˚ ordem na classificação de Strahler. Aproximadamente 27% da área da bacia trata-se de ocupação urbana e os demais domínios englobam principalmente formações campestres, savânicas e pastagens. As áreas urbanizadas concentram-se nos setores oeste e noroeste da bacia, associadas às áreas topograficamente mais altas e planas e no setor central, estão áreas urbanizadas localizadas em regiões com predomínio de relevos ondulado e forte ondulado. A maior parte das áreas de pastagem localiza-se no setor sudeste da bacia. Cabe mencionar que, a expansão urbana para as áreas de formações campestres e savânicas podem comprometer a qualidade da água e a preservação das matas ciliares. Em especial, nesta área de expansão na região central da bacia, representa uma das áreas com maior potencial de crescimento. No que diz respeito aos tipos de solos, a Subacia Ribeirão Taboca apresenta as seguintes classes de solos: Neossolos Quartzârenicos, Latossolo Vermelho, Cambissolo Háplico, Plintossolos Arenoso e Silto-Argiloso (Figura 2). Os Cambissolos Háplicos ocupam a maior parte da bacia (69%), associados a setores de média-baixa vertente e fundos de vale. Os Neossolos Quartzârenicos ocorrem em 12% da área de estudo em setores de alta vertente, assim como os Plintossolos e Latossolos. Com isso, em conjunto com o reconhecimento de cada classe de uso solo da bacia a aplicação da equação 1 alcança os resultados de CN representativo para toda área da bacia. Definindo, para a ocupação do ano de 2009 da bacia, o valor de 69, 58 (condição II de unidade antecedente). Dessa forma, de acordo com SCS (1973) o CN é adimensional e pode variar de 0 a 100, indicando a altura de escoamento, ou seja, quanto menor o CN, menor o escoamento superficial e maior a infiltração no solo. Quanto maior ou mais próximo de 100, maior será o escoamento superficial e menor a infiltração, a bacia esta impermeabilizada. A partir dos valores de CN obtidos para cada unidade hidrológica vários cálculos feitos resultaram na obtenção do Escoamento Superficial (Figura 3). 4 Figura 01 – Mapa de Uso e Ocupação do Solo – 2009 na Subacia do Ribeirão Taboca. 5 Figura 02 – Mapa de Solos da Subacia do Ribeirão Taboca. Classe de Solos 6 Figura 03 – Mapa de Escoamento Direto para a Subacia do Ribeirão Taboca. Escoamento Superficial Direto 7 Considerações Finais A análise de uso e ocupação de solos trata-se de fator primordial na avaliação ambiental, considerando além da caracterização do meio físico a integração com as relações existentes entre degradação natural e as formas de uso de uso e ocupação pela sociedade. Desta forma, permitindo uma análise simultânea de fatores econômicos, sociais, ambientais, que sirvam de subsídios para o planejamento e ordenamento do uso dos recursos naturais, sejam estes solos, vegetação e água. Referências Bibliográficas CODEPLAN (2009). Imagens Satélites do Distrito Federal, GDF, Brasília. EMBRAPA (2013). Sistema Brasileirode Classificação dos Solos. Brasília: Centro Nacional de Pesquisa de Solos/ serviço de Produção e Informação. SARTORI, A. (2004). Avaliação da Classificação Hidrológica do Solo para a Determinação do Excesso de Chuva do Método do Serviço de Conservação do Solo dos Estados Unidos. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil), Faculdade Engenharia Civil da Universidade Estadual de Campinas. SARTORI, A.M.; LOMBARDI NETO, F.; GENOVEZ, A.M. (2005). Classificação Hidrológica de Solos Brasileiros para a Estimativa da Chuva Excedente com o Método do Serviço de Conservação do Solo dos Estados Unidos. Parte 1: Classificação. RBRH - Revista Brasileira de Recursos Hídricos, Porto Alegre, v. 10, n. 4, p.05-18, out/dez 2005a. SCS (Soil Conservation Service) 1972. National engineering handbook, Section 4, Hydrology. Department of Agriculture, Washington, 762 p. SILVA, F.A.M., ASSAD, E.D., EVANGELISTA, B. A (2008). Caracterização climática do Bioma Cerrado. In: Sano, S.M., Almeida, S. P., Ribeiro, J.F. Cerrado: ecologia e flora. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica; Planaltina, DF: Embrapa Cerrados, 2008. V.1, p. 69-87. TUCCI, C.M. & MENDES, C.A. (2006). Avaliação Ambiental Integrada de Bacias Hidrográficas. MMA, Brasília, DF, 302p.
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