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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL REI DEPARTAMENTO DE MÚSICA JOSÉ RONALDO DE CAMPOS FILHO RELAÇÃO ENTRE O DOCUMENTÁRIO ‘AS BORBOLETAS DE ZARGORSK’ E A TEORIA DE VYGOTSKY São João del Rei Junho de 2018 RELAÇÃO ENTRE O DOCUMENTÁRIO ‘AS BORBOLETAS DE ZARGORSK’ E A TEORIA DE VYGOTSKY As ‘Borboletas de Zagorsk’, cujo nome original é ‘The Butterflies of Zagorsk’, é um documentário produzido pela empresa de telecomunicação BBC em 1990 que trata do trabalho desenvolvido em uma escola russa com crianças surdas e cegas, inspirado nos estudos de Levy Vygotsky. A obra possui 58 minutos de duração e se passa na cidade de Zagorsk, que fica a 80 km de Moscou. Os estudos sobre a defectologia, presentes na teoria de Vigotski enfatizam que as pessoas com deficiência, através de mecanismos compensatórios, passam a utilizar seus sentidos normais para substituir seus sentidos perdidos (Freitas e Ribeiro, 2007). Os conceitos de Vygotsky (1987) se entrelaçam com o documentário. Já no começo deste filme pode se associar as ideias do autor com relação ao corpo,principalmente na vivência social. Na cena que há duas crianças deitadas conversando sobre seu sonho da pra ver perfeitamente que as as tais meninas ficam muito mais felizes na convivência social. Esta cena lembra o que o Vygotsky falou logo no começo do seu texto com relação ao marxismo: "a ideia de que todo ser humano é uma realidade concreta e sua essência é construída nas relações sociais”. A linguagem é considerada tão poderosa no processo de formação, que Vygotsky (1987) proporcionou avanços significativos no processo de escolarização de alunos com deficiência. Um desses avanços baseados na sua teoria foi utilizado na cidade de Zagorski (Rússia), que originou o documentário analisado aqui. Conforme Freitas e Ribeiro (2007, p.1): “Neles, apresenta experiências desenvolvidas na cidade de Moscou capital da Rússia, local das experiências de Vygotsky. Trata-se do Instituto de Defectologia de Moscou, uma entidade científica que realiza pesquisas em todas as áreas de deficiência e, ao mesmo tempo, desenvolve métodos de ensino especiais para a educação de deficientes. Os instrumentos utilizados são adaptados no sentido de preparar o aluno para se comunicarem entre si e socialmente. Ele possui uma norma inquebrável: “Jamais fazer um julgamento final, referente à deficiência de uma criança”. A cada visita da criança, ela é examinada como se nunca houvesse sido. Diante dessa colocação, percebe-se que todos os instrumentos utilizados no desenvolvimento 1 https://pt.wikipedia.org/wiki/Document%C3%A1rio https://pt.wikipedia.org/wiki/BBC https://pt.wikipedia.org/wiki/Educa%C3%A7%C3%A3o_na_R%C3%BAssia https://pt.wikipedia.org/wiki/Surdez https://pt.wikipedia.org/wiki/Cegueira https://pt.wikipedia.org/wiki/Lev_Vygotsky https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Zagorsk&action=edit&redlink=1 https://pt.wikipedia.org/wiki/Moscou do deficiente auditivo devem ser adaptados à realidade do aluno. Desta forma, pode-se considerar os objetos de aprendizagens como instrumentos pedagógicos adaptáveis à especificidade do deficiente auditivo, proporcionando a aprendizagem da língua portuguesa escrita, seus conceitos e expressões variantes da própria língua em sintonia com a linguagem de sinais, uma vez que tais objetos de aprendizagem – como Tux Paint e HagaQuê – permitem a produção textual do gênero história em quadrinhos. Além de promover o raciocínio lógico das ideias, a interação social entre os alunos, bem como o desenvolvimento da linguagem – escrita, sinalizada ou falada (VYGOTSKY, 1987). Conforme Freitas e Ribeiro (2007), outro aspecto interessante na aplicação dos instrumentos pedagógicos para crianças com deficiência na visão do Instituto em Zagorsky, é que o próprio Instituto “possui uma norma inquebrável: Jamais fazer um julgamento final, referente à deficiência de uma criança”. Em outras palavras não limitar o aluno à sua deficiência, mas procurar desenvolver caminhos possíveis para uma aprendizagem efetiva. Como apresentado por Vygotsky (1987) e ilustrado no documentário, a linguagem é fundamental para o desenvolvimento humano, ela é forma de expressão e de capacidade de pensar, e participar da construção social. Sendo uma ferramenta de importância para a comunicação e demonstrando ser aplicável no contexto de portadores de deficiência, com suas possíveis adaptações. Só o fato de haver possibilidades, justifica o trabalho para desenvolver essas pessoas assim como as demais, com direitos iguais. Conforme Souza Araújo e Medeiros (2016) as ideias de Vygotsky são contribuições importantes para se pensar uma educação verdadeiramente inclusiva, que considere as reais condições de desenvolvimento das crianças com deficiência, possibilitando a elas a inserção nos espaços sociais e o desenvolvimento, por caminhos alternativos, das mesmas qualidades culturais desenvolvidas pelas demais crianças. O olhar tradicional sobre a deficiência parte da ideia de que ela significa uma falha, devido a perda de alguma função. Vygotsky substitui essa compreensão por outra que incorpora a dinâmica do desenvolvimento da criança enquanto complexa e dialética. A partir do resgate da autoestima dessas crianças e da grande dedicação dos professores envolvidos, pode-se perceber que mesmo aqueles com necessidades especiais têm um grande potencial que pode ser desenvolvido. Através do toque das mãos e da vibração da voz, com atenção e orientação apropriados, eles são uma prova de que é possível viver e se adaptar ao mundo tão bem quanto uma pessoa em perfeito exercício de suas habilidades 2 físicas. Portanto, eles não devem ser simplesmente isolados e relegados à margem da sociedade como um grupo que não tem direito a uma vida digna, a ter acesso ao conhecimento, a ir para a universidade ou até mesmo a aprender a se comunicar em inglês, por exemplo. Com apoio e dedicação, as crianças de Zagorsk passaram de meras lagartas presas ao chão a belas borboletas capazes de alçar vôos inimagináveis. Conforme a Wikipedia: "Crianças deficientes não devem ser abordadas através de sua deficiência. Em vez disso, deveriam ser ensinadas a desenvolver seus outros sentidos ao ponto deles poderem ser usados para compensar o que foi perdido" REFERÊNCIAS FREITAS, Josefa Fátima de Sena, and Nerli Nonato RIBEIRO. "Princípios educacionais de Vigotski e as borboletas de Zagorski." CONGRESSO BRASILEIRO MULTIDISCIPLINAR DE EDUCAÇÃO ESPECIAL, IV. 2007. SOUSA ARAÚJO, Thiago Matias de; MEDEIROS, Blenda Carine Dantas de. Educação Especial e Inclusiva: algumas contribuições a partir da Psicologia Histórico-Cultural. 2016. VYGOTSKY, L. S. Pensamento e Linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1987. 3
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