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Historia da Educação - 06-02-2015

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1ª EDIÇÃO
EGUS 2014
HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO
ANTÔNIO VITORINO FARIAS FILHO
INTA - Instituto Superior de Teologia Aplicada
PRODIPE - Pró-Diretoria de Inovação Pedagógica
Diretor Presidente das Faculdades INTA
Oscar Rodrigues Júnior 
Pró-Diretor de Inovação Pedagógica 
Prof. Pós Doutor João José Saraiva da Fonseca
Coordenadora Pedagógica e de Avaliação
Profª. Sônia Henrique Pereira da Fonseca
Equipe de Pesquisa e Desenvolvimento de Projetos 
Tecnológico e Inovadores para Educação
Coordenador
Anderson Barbosa Rodrigues
Analista de Sistemas Mobile
Francisco Danilo da Silva Lima
Analista de Sistemas Front End
André Alves Bezerra
Analista de Sistemas Back End
LuisNeylor da Silva Oliveira
Técnico de Informática / Ambiente Virtual
Luiz Henrique Barbosa Lima
Rhomelio Anderson Sousa Albuquerque
Equipe de Produção Audiovisual
Roteirista
Alexandre Alves
Gerente de Produção de Vídeos
Francisco Sidney Souza Almeida
Edição de Áudio e Vídeo
Francisco Sidney Souza Almeida
José Alves Castro Braga
Gerente de Filmagem/Fotografia
José Alves Castro Braga
Operador de Câmera/Iluminação e Áudio
José Alves Castro Braga
Desenhista/Ilustrador
Juliardy Rodrigues de Souza
Designer Gráfico
Marcio Alessandro Furlani
Cícero Romário Rodrigues
Assesoria Pedagógica/Equipe de Revisores
Sonia Henrique Pereira da Fonseca
Anaisa Alves de Moura
Evaneide Dourado Martins
Gerente de Execução de Projetos
Anaisa Alves de Moura
7INTA EAD História da Educação
Palavras do Professor-Autor ...................................................11
Ambientação ...................................................................................12
Trocando ideias com os autores ...........................................14
Problematizando ............................................................16
1 A Educação Tradicionalista 
Cenário Histórico ....................................................................................................21
As primeiras civilizações ......................................................................................21
Educação nas primeiras civilizações .............................................................22
Egito................................................................................................................................23 
Mesopotâmia ............................................................................................................25
Índia ...............................................................................................................................26
China .............................................................................................................................28
Os Hebreus .................................................................................................................29
A Educação Clássica: Grécia e Roma
Educação Clássica: o caso da Grécia Antiga ............................................35
Cenário Histórico ....................................................................................................36
O Período Homérico e a Civilização Micênica ........................................36
O Período Arcaico (Século XVIII-VI a.C.).....................................................36
Período Clássico .......................................................................................................37
Período Helenístico ................................................................................................38
Educação Integral ou Paideia ..........................................................................38
2
Sumário
8 História da Educação INTA EAD
Modelos de educação: Esparta e Atenas ....................................................40
Esparta ..........................................................................................................................40
Atenas ...........................................................................................................................41
A educação clássica - o caso de Roma: a humanitas .........................42
Cenário Histórico ....................................................................................................43
Monarquia ou Realeza (753-509 a.C.) ........................................................43
República .....................................................................................................................43
Império..........................................................................................................................44
Educação Romana .................................................................................................45
A educação latina ...................................................................................................46
A influência grega e as primeiras escolas .................................................47
A educação na Idade Média
Educação no Período Medieval .......................................................................53
Civilização Bizantina .............................................................................................53
Cenário Histórico ....................................................................................................53
A Educação no Império Bizantino .................................................................55
Civilização Islâmica ...............................................................................................56
Cenário Histórico ....................................................................................................56
A Educação na cultura Islâmica .....................................................................57
A Educação na Europa Cristã ..........................................................................58
Cenário Histórico ....................................................................................................58
A Educação no sistema Monacal ...................................................................60
Renascimento Carolíngio ...................................................................................61
As Escolas Seculares...............................................................................................62
A educação militar .................................................................................................63
As Universidades .....................................................................................................65
3
9INTA EAD História da Educação
4 A Educação no Período Moderno
A Educação Moderna : séculos XVI e XII ....................................................71
Cenário Histórico ....................................................................................................71
Renascimento Cultural ou Renascença ......................................................71
Reforma e Contrarreforma ................................................................................73
Do surgimento do colégio ao ensino humanista ..................................75
Educação reformada (protestante) ...............................................................76
A educação religiosa reformada (Católica) ..............................................77
A Educação Realista: século XVII ....................................................................78
A educação no Brasil: Catequese ...................................................................80
Cenário Histórico ....................................................................................................80
Educação Jesuítica ..................................................................................................81
O Século das Luzes .................................................................................................83
Contexto Histórico ..................................................................................................83
O Iluminismo ou Ilustração ...............................................................................83O Despotismo Esclarecido ..................................................................................84
As Revoluções Burguesas ....................................................................................85
Educação Estatal .....................................................................................................85
A Educação Nacional ...........................................................................................86
A Educação no Brasil no século XVIII ...........................................................87
Cenário Histórico ....................................................................................................87
Educação - A Reforma Pombalina ................................................................88
A Educação Contemporânea
Século XIX: Consolidação da Educação Nacional .................................93
Cenário Histórico ....................................................................................................93
O cenário educacional no século XIX ..........................................................94
A Educação Brasileira no Século XIX ............................................................96 
5
10 História da Educação INTA EAD
Cenário Histórico ....................................................................................................96
Período Joanino .......................................................................................................98
A educação no Período Imperial ....................................................................98
A Educação no século XX ...................................................................................101
Cenário Histórico ....................................................................................................101
A politização da Educação.................................................................................103
A Escola Nova ...........................................................................................................103
A escola socialista ...................................................................................................104
A escola totalitária ..................................................................................................105
A educação na segunda metade do século ..............................................105
O Brasil e a Educação Contemporânea .....................................................106
Cenário Histórico ....................................................................................................107
Primeira República .................................................................................................107
A Redemocratização .............................................................................................108
A Ditadura Militar ...................................................................................................108
A República Nova ...................................................................................................109
A Educação na Primeira República .............................................................110
A Educação na Era Vargas .................................................................................111
A Educação entre 1946-1964 ..........................................................................112
A Educação durante a Ditadura Militar .....................................................113
A Educação na Nova República ......................................................................115
Alguns desafios da educação atual ..............................................................117
Leitura Obrigatória ..........................................................................................118
Saiba mais ...............................................................................................................120
Revisando ................................................................................................................122
Autoavaliação ......................................................................................................130
Bibliografia ............................................................................................................134
Bibliografia da Web .......................................................................................136
11INTA EAD História da Educação
Palavra do Professor-Autor
Olá caros estudantes,
Teremos a oportunidade de estudar as formas de educar desde a antiguidade 
até os dias atuais, com amplo destaque para as instituições, processos e costumes 
educativos. Sublinhamos, de um lado, o aspecto social da educação e, de outro, as 
descontinuidades e as rupturas dentro do processo histórico.
Este material didático, uma síntese interpretativa da prática educativa ao longo do 
tempo, baseada em pesquisas originais, não deve servir apenas como instrumento de 
consulta e informação. Deve, fundamentalmente, estimular a reflexão e a consciência 
crítica sobre as formas de educar do passado e presente, permitindo a comparação 
e a percepção das permanências e mudanças. 
Conscientes dos propósitos de nossos estudos, convidamos para uma grande 
viagem pela história da educação, começando pelas civilizações do oriente próximo, 
na antiguidade, passando pela Grécia, Roma, até chegar aos dias atuais.
Todos estão prontos? É hora, pois, de zarpar! 
O autor.
Antônio Vitorino Farias Filho
Possui graduação e bacharelado em História pela 
Universidade Federal Fluminense (2002), especialização em 
Teoria e Metodologia da História pela Universidade Estadual 
Vale do Acaraú (Sobral-Ceará,) e Mestrado em História e 
Culturas pela Universidade Estadual do Ceará (2009). É doutor 
em História pela Universidade Federal de Pernambuco (2013). 
Atualmente é professor na Faculdade Princesa do Oeste, do 
Instituto Kairós (Ipu-Ce) e da rede estadual de ensino do Estado do Ceará. Ainda, 
é professor colaborador dos cursos de História do Instituto de Pesquisas Vale do 
Acaraú, Instituto de Formação e Educação Teológica e dos cursos de Pós-graduação 
em História ofertados pelas Faculdades INTA-Sobral.
AMBIENTAÇÃO À 
DISCIPLINA
Este ícone indica que você deverá ler o texto para ter 
uma visão panorâmica sobre o conteúdo da disciplina.
13INTA EAD História da Educação
A história da educação sofreu fortemente com as transformações 
econômicas, sociais e políticas de cada época. Tais transformações também 
influenciaram o cenário educacional brasileiro. Com resultado, a sociedade 
passou a ter certas necessidades no âmbito educacional, o que acabou por 
modificar o currículo.
 Visando esclarecer melhor sobre o currículo, 
indicamos a leitura do livro “Sociedade, 
educação e currículo no Brasil – dos jesuítas aos 
anos de 1980”. O livro traz um recorte sobre os 
currículos no Brasil, desde a educação jesuítica 
até a década de 80, falando das necessidades da 
sociedade que foram amparadas pelas políticas 
educacionais e se transformaram em normas a 
serem cumpridas pelas instituições escolares. 
ZOTTI, Solange Aparecida. Sociedade, educação e currículo no Brasil: 
dos jesuítas aos anos de 1980. Campinas: Autores Associados; Brasília: Plano, 
2004.
TROCANDO IDEIAS 
COM OS AUTORES 
A intenção é que seja feita a leitura de obras indicadas 
pelo professor-autor numa perspectiva de dialogar com 
os autores de relevo nacional e/ou mundial. 
15INTA EAD História da Educação
Agora é o momento de você trocar ideias com os autores das obras 
indicadas.
Caro estudante, convidamos você a ler o livro de Maria Lúcia de Arruda 
Aranha, História da Educação e da Pedagogia, o qual irá possibilitá-lo 
compreender as relações entre educação e seu desenvolvimento no Brasil. 
Trata-se de uma obra que auxilia na interpretação de fatos nos contextos 
histórico, educacional e pedagógico.
Diante das dificuldades que são explícitas na educação, 
a autora reitera a esperança de que um mundo mais justo 
e menosviolento depende de políticas voltadas para a 
democratização das oportunidades de acesso à escola e 
à cultura.
ARANHA, M. L. A. História da Educação e da 
Pedagogia: Geral e Brasil. São Paulo: Moderna, 2010.
Sugerimos também a leitura da obra História da 
educação no Brasil, que faz um levantamento factual dos 
principais aspectos da educação brasileira, principalmente 
após 1930, e procura mostrar que a evolução do ensino 
brasileiro, tanto em relação à sua expansão quanto em 
seu modelo formal, respondeu a determinações de ordem 
econômica, social e política.
 
ROMANELLI, O. O. História da Educação no Brasil. 
Petrópolis, Rio de Janeiro Vozes, 2010.
Estudo Guiado: 
Considerando 
as obras acima 
relacionadas faça 
uma reflexão sobre 
a educação, escolha 
uma delas e faça 
uma resenha. Desse 
modo você terá 
uma compreensão 
mais clara do 
desenvolvimento 
educacional brasileiro, 
podendo desenvolver 
competências 
para sua atuação 
profissional docente. 
PROBLEMATIZANDO
É apresentada uma situação problema onde será feito 
um texto expondo uma solução para o problema 
abordado, articulando a teoria e a prática profissional.
17INTA EAD História da Educação
Ao focarmos na história da educação verificamos que esta vem passando 
por várias transformações, mas ainda falta muito para tornar-se adequada, 
haja vista nela implicarem fatores sociais, econômicos e políticos.
Sabemos que o Brasil é um país detentor de muitas riquezas em se 
tratando de energia, alimentos, água potável, dentre outros recursos. 
Pensemos então: tendo o Brasil um enorme potencial e recursos suficientes, 
por que historicamente a nossa educação foi carente de investimentos? 
Suponhamos que você fosse do Ministro da Educação e tivesse poder de 
decisão, quais procedimentos tomariam para melhorá-la? Você acredita que 
o fato de a educação não ser considerada prioridade é intencional? Por quê? 
Estudo Guiado: 
Após a leitura dos 
questionamentos, 
reflita e faça uma 
resenha crítica e 
comente com seus 
colegas.
APRENDENDO A PENSAR
O estudante deverá analisar o tema da disciplina em 
estudo a partir das ideias organizadas pelo professor-
autor do material didático.
A EDUCAÇÃO TRADICIONALISTA
1
Conhecimentos 
Compreender a prática educativa adotada entre os povos da Antiguidade oriental.
Habilidades
Posicionar-se criticamente em relação às formas de educação adotadas pelos 
povos da Antiguidade oriental;
Identificar semelhanças e particularidades entre as práticas educativas adotadas 
pelas primeiras civilizações e suas relações com o contexto histórico.
Atitude
Ser capaz de analisar como a educação foi transformada em estratégia de 
dominação.
21INTA EAD História da Educação
A chamada Educação Tradicionalista corresponde à concepção de 
educação “elaborada” pelos povos da Antiguidade oriental, aqueles que 
antecederam os gregos e romanos do período clássico. Esses povos se 
desenvolveram num período marcado pelo crescimento da técnica e da 
especialização das funções, do incremento da agricultura, surgimento e 
desenvolvimento da pecuária e de excedentes comerciais. 
A sociedade tornou-se mais complexa em função de uma rígida divisão 
de classes e da religião organizada pelo Estado centralizador. As civilizações 
que se desenvolveram no norte da África e na Ásia (Oriente Próximo, Oriente 
Médio e Extremo Oriente) construíram as primeiras cidades com templos, 
palácios e monumentos, além de inventarem a escrita.
O que há de semelhante entre todos esses povos, do ponto de vista 
da educação, é o seu caráter estático, com mudanças muitos lentas. O seu 
forte componente religioso contribuiu decisivamente para isso. A educação 
exigiu a criação de escolas, mas estas não estavam abertas apenas a classe 
dominante.
Cenário Histórico 
 
As primeiras civilizações
O processo de hominização percorreu um longo período que vai desde 
o surgimento de nossos ancestrais até a chamada Revolução Neolítica, por 
volta de 10.000 a.C., momento que inaugura o domínio do homem sobre o 
meio ambiente. Colocando a natureza a seu serviço, o homem, através do 
trabalho, passou a produzir seus meios materiais de existência. O surgimento 
da economia produtora, que caracteriza o período, é chamado por Gordon 
Childe 1986) de Revolução Neolítica, cujas principais características foram o 
desenvolvimento da agricultura e a domesticação de animais. Além disso, o 
desenvolvimento da tecelagem e da cerâmica, juntamente com a agricultura 
e a pecuária, levou a uma nova divisão e especialização do trabalho que, por 
sua vez, deu origem a uma economia de troca, anunciando o aparecimento 
do comércio.
A Revolução Neolítica levou à produção de excedentes alimentares, 
cujas consequências foram a normatização das condições de reprodução 
Civilização: 
De acordo com 
Vicentino e Dorigo 
(2010:57), o conceito 
de civilização é 
amplo e tem muitos 
significados. As 
origens históricas do 
termo são diversas, 
podendo referir-se 
aos bons modos ou 
hábitos de civilidade, 
à intelectualidade, a 
um estágio avançado 
do desenvolvimento 
da cultura humana, 
em oposição ao 
estado de barbárie 
ou selvageria. 
Civilização aqui 
equivale ao produto 
material e cultural 
do trabalho humano 
e às transformações 
da natureza, às 
organizações sociais, 
políticas e simbólicas 
construídas 
pelo homem. 
Nesse sentido, 
todas as culturas 
humanas podem 
ser consideradas 
civilizadas. 
O desenvolvimento 
evolutivo do 
homem por 
características que 
o diferenciam de 
seus antepassados 
primatas.
22 História da Educação INTA EAD
da vida humana e um significativo aumento demográfico. Ao lado disso, ocorreu 
também a transição do nomadismo para o sedentarismo, como consequência do 
desenvolvimento da agricultura. Data dessa época o surgimento de instituições 
como a família, a propriedade privada, as classes sociais e a religião.
Por volta de 5.000 a.C., as transformações levaram ao surgimento de civilizações 
complexas nas regiões banhadas por rios. São os casos do Egito (rio Nilo), da 
Mesopotâmia (rios Tigre e Eufrates), da Índia (rios Indo e Ganges) e da China (rios 
Yangté e Hoang-Ho). Desta forma, as condições naturais favoreceram o aparecimento 
de civilizações agrícolas-sedentárias. A despeito das diferenças entre elas, todas 
desenvolveram Estados centralizados, assumindo a forma de governos teocráticos 
(cujo poder baseia-se na religião) e despóticos (o poder do governante sustentava-
se na crença de sua origem divina).
No que se refere à propriedade, as sociedades orientais se distinguiam tanto 
das comunidades tribais quanto das civilizações grega e romana, pois a terra não 
pertencia a todos, como nas tribos, nem a particulares, mas era propriedade estatal.
O Estado, com seu corpo de funcionários, controlava a produção, arrecadava 
impostos, recrutava a mão de obra necessária à produção agrícola e às grandes 
construções como templos, palácios e monumentos. Com o crescimento do poder 
burocrático, centralizado e poderoso, crescia a importância de seus agentes (altos 
funcionários, sacerdotes e escribas, por exemplo). A essa minoria privilegiada, 
responsável pela administração “pública” e dos negócios, correspondia uma massa 
da população que se dedicava à produção, sustentava o Estado e era formada por 
escravos, mercadores, artesãos, soldados e camponeses obrigados à servidão.
Outros povos que formam as civilizações da Antiguidade oriental, como 
os hebreus, os persas e os fenícios, embora com suas especificidades próprias, 
assemelhavam-se em muitos pontos às “civilizações hidráulicas”, aquelas que se 
desenvolveram em torno dos rios e tinham na agricultura sua principal atividade 
econômica.
Educação nas primeiras civilizações
Vimos que, com as transformações a partir da chamada Revolução Neolítica, as 
sociedades humanas tornaram-se mais complexas. Houve uma divisão sexual do 
trabalho e as mulheres, confinadas ao lar, tornaram-se dependentes dos homens. 
Da mesma forma, os seguimentos sociaisse especializaram entre governantes, 
23INTA EAD História da Educação
Pedagógica: 
É preciso distinguir 
os conceitos 
de Educação e 
Pedagogia. O 
primeiro refere-se, 
em resumo, à prática 
efetiva de ensino, e o 
segundo, à ideia ou à 
filosofia que a norteia.
sacerdotes, mercadores, produtores e escravos, estabelecendo-se uma 
hierarquia de riqueza e poder. Tais mudanças foram seguidas de uma 
transformação na educação. Esta deixou de ser “igualitária”, isto é, acessível 
a todos, como nas comunidades tribais. Alguns poucos grupos privilegiados 
tinham acesso à educação e aos cargos burocráticos. À grande maioria da 
população eram negados não apenas o acesso aos cargos, mas também, e 
principalmente, o saber e a educação “formal”. Teve início o dualismo escolar, 
que, segundo Maria Lúcia de A. Aranha (2006:45), “destinava um tipo de 
ensino para o povo e outro para os filhos dos nobres e altos funcionários”. 
Portanto, a grande massa que compunha a população era excluída da escola.
Parece unânime entre os autores que estudam a educação numa 
perspectiva temporal defender que nas civilizações orientais não havia uma 
reflexão predominantemente pedagógica, restringindo-se a orientações 
de como educar, presentes nos escritos sagrados. Estes ofereciam regras e 
modelos de conduta, seguindo valores religiosos e morais, com a finalidade, 
por um lado, de perpetuar os costumes e, portanto, as hierarquias de poder 
e sociais, e, por outro, evitar a transgressão das normas defendidas ou 
estabelecidas.
O conhecimento da escrita era, por exemplo, bastante restrito em função 
de seu caráter sagrado e esotérico. Embora ao longo do tempo o número 
daqueles que procuravam a instrução tenha aumentado, apenas aqueles 
saídos da classe dominante chegavam aos graus superiores.
Egito
O rio Nilo foi o berço de uma das mais brilhantes civilizações do Oriente 
Antigo. Sob o governo teocrático dos faraós, o antigo Egito construiu sistemas 
de canais de irrigação, edificou templos, mumificou os mortos, desenvolveu 
a escrita hieroglífica, a astronomia, a medicina e a matemática, ainda que 
estas últimas tivessem um caráter prático. Desta forma, o desenvolvimento 
das ciências no Egito antigo estava relacionado, em grande parte, com a 
necessidade de aumentar o domínio da sociedade sobre a natureza. Devia 
solucionar problemas como o controle das inundações do rio Nilo, a 
construção de sistema hidráulico, a preparação da terra para a semeadura, 
o combate às doenças endêmicas e epidêmicas. 
As ciências que mais se desenvolveram foram a astronomia, a matemática 
e a medicina. As pesquisas no campo da astronomia procuravam estabelecer 
relações entre o movimento dos astros e o fluxo das águas do Nilo. Os 
24 História da Educação INTA EAD
egípcios desenvolveram um calendário solar que substituiu o calendário 
lunar, dividiram o ano em 365 dias e o dia em 24 horas. Na matemática, 
desenvolveram-se a aritmética e a geometria. O progresso desta última 
pode ser avaliado pela construção dos templos e pirâmides. Por fim, o 
estudo do corpo humano e o aperfeiçoamento das técnicas de mumificação 
impulsionaram o desenvolvimento da anatomia.
 O desenvolvimento da ciência e do conhecimento de um modo geral 
não eram acompanhados de uma reflexão teórica, nem de princípios ou leis 
científicas, algo que coube aos gregos. Estas atividades exigiam um esforço 
muito grande do Estado, o que explica, em parte, o fato do conhecimento 
estar restrito a poucos, como os sacerdotes, que submetiam os alunos a 
práticas de iniciação.
 As escolas, como demonstra Aranha (2006), eram frequentadas 
por pouco mais de vinte alunos cada uma. Embora já se perceba 
a institucionalização das escolas, elas não funcionavam em locais 
especializados, construídos com esta finalidade, mas em templos e em 
algumas casas. O professor sentava-se em uma esteira e ao redor dele 
ficavam os estudantes, geralmente ao ar livre. Os textos eram lidos em 
voz alta e em conjunto com o objetivo de que fossem memorizados. O 
ensino autoritário tinha por objetivo levar à obediência. Numa sociedade 
autocrática, a educação devia ensinar aos alunos o valor da obediência, da 
subordinação, haja vista a punição ter um papel pedagógico. 
 A finalidade da educação, no entanto, não era apenas ensinar a 
obedecer. Era sua função também contribuir para que o estudante adquirisse 
a arte de falar bem e do convencimento, pelo menos para aqueles que 
faziam parte de conselhos ou deviam discursar para as multidões. Nesse 
sentido, os egípcios antecedem os sofistas, pelo menos, nestes dois pontos.
 A educação física não era negligenciada. Destinava-se aos nobres e 
guerreiros, centrando-se inicialmente na natação. Mais tarde, as atividades 
de tiro com arco, corrida, caça e pesca foram incorporadas ao ensino.
 Na educação dos escribas, enfatizava-se a arte de escrever bem, 
uma vez que eles eram os encarregados dos registros de atos oficiais e, em 
menor escala, dos registros comerciais. Além disso, a sua função era escrever, 
registrar dados numéricos, redigir leis, copiar e arquivar informações. No 
Egito eram funcionários reais e gozavam de condição privilegiada, sobretudo 
por volta do final do terceiro milênio a.C. e começo do segundo.
 Segundo Aranha (2006), o ensino formava não apenas funcionários 
Autocrática: 
Sociedade detentora 
de poder.
25INTA EAD História da Educação
que assumiriam postos na burocracia estatal, mas também preparava médicos, 
engenheiros e arquitetos. Havia ainda outro tipo de ensino voltado para os ofícios 
especializados, para formar artesãos e para o treinamento dos guerreiros, o que 
separava a escola nos seus objetivos “intelectuais” ou “práticos”. A despeito disso, a 
grande maioria da população estava excluída da escola “formal”.
Mesopotâmia
A estreita faixa de terra entre os rios Tigre e Eufrates foi chamada pelos gregos, 
na Antiguidade, de Mesopotâmia. A partir da segunda metade do quarto milênio 
a.C., a região foi invadida por diversos povos, entre os principais estão os sumérios, 
acádios, babilônios, assírios e caldeus. A cultura dos sumérios (religião, arte, leis e 
literatura) serviu de base para o desenvolvimento da civilização mesopotâmica e 
permaneceu por milênios com pequenas alterações.
À semelhança do Egito antigo, desenvolveu-se ali uma civilização baseada na 
agricultura e no regadio. Essa atividade estava apoiada numa vasta rede de canais 
e aquedutos, utilizados para sanear os pântanos, fertilizar a terra e controlar a 
distribuição da água.
Uma economia agrícola, apoiada num complexo sistema de drenagem e irrigação, 
serviu de base para o surgimento de uma sociedade de castas, extremamente 
hierarquizada, portanto, que se organizou em impérios teocráticos e desenvolveu 
uma brilhante cultura. A escrita cuneiforme, os templos e os palácios, o Código de 
Hamurabi e os Jardins Suspensos da Babilônia são exemplos das realizações dos 
povos mesopotâmicos.
Como no Egito, as ciências eram dominadas pela religião. Muito tênue era a 
fronteira que separava a medicina da magia, a matemática da cabala e a astronomia 
da astrologia. A matemática foi desenvolvida pelos caldeus nos campos da álgebra 
e da geometria. A astronomia foi a ciência que alcançou maior progresso; praticada 
pelos sacerdotes, estes utilizavam as torres dos templos como observatórios. Em 
suas pesquisas chegaram a prever eclipses e estabelecer o movimento dos astros.
No segundo milênio a.C., Hamurabi, rei do Primeiro Império Babilônico, foi 
o responsável pelo primeiro código de leis escrito na história do Oriente Antigo, 
considerado o maior legado mesopotâmico no plano das leis. Legislava sobre 
questões penais, direito de propriedade, relações familiares, religião e comércio. 
Segundo a tradição, considerava-se que as leis resultavam da autoridade divina e, 
como tal, não podiam ser transgredidas, o que supunha castigos severos.
26 História da Educação INTA EAD
Dispondo de amplos conhecimentos, os mesopotâmios construírambibliotecas 
e no campo da ciência tiveram progressos significativos. No entanto, como vimos, 
estes saberes não conseguiram se desvincular do misticismo. Para os estudiosos, 
por exemplo, as doenças seriam causadas por demônios e a posição dos astros 
revelava a vontade dos deuses.
Quanto à educação, não dispomos de grandes informações. Sabe-se, no entanto, 
que predominava uma educação doméstica em que os conhecimentos, crenças e 
habilidades eram transmitidos de pai para filho. Com os assírios (1300-612 a.C.), 
os quais formam um imenso império que se estendeu para toda a Mesopotâmia e 
extrapolou os seus limites geográficos, foram criadas escolas públicas objetivando 
impor os valores dos conquistadores. Mais tarde, fundaram-se instâncias de educação 
superior (centro de estudos de história natural, astronomia e matemática) criadas 
nos palácios reais. Os assírios ergueram ricas bibliotecas no interior dos templos.
A cultura dominante era formada por uma poderosa classe sacerdotal, detentora 
do saber e encarregada da educação. A escola formava os escribas, encarregados 
de ler e copiar os textos religiosos e, ainda, registrara transações comerciais. O 
aprendizado era longo, minucioso e voltado para a preservação da cultura.
Índia
 Por volta do terceiro milênio a.C., começou a desenvolver-se, às margens 
dos rios Indo e Ganges, a civilização indiana. No decorrer do segundo milênio a.C., 
de forma lenta, com imigrações e invasões, o sul da Índia registra a chegada de 
povos seminômades indo-europeus, chamados de ário ou arianos. Ariano é a forma 
genérica pela qual são chamadas as pessoas de pele clara originárias de algumas 
das cerca de cinquenta tribos nômades que habitavam a região do Cáucaso – área 
que abrange parte dos territórios atuais de Rússia, Geórgia, Azerbaijão e Arménia. 
Dominando a escrita, os ários descreveram sangrentos conflitos por meio dos quais 
teriam se instalado no vale do rio Indo. Estes textos, que foram escritos em sânscrito, 
são conhecidos como vedas, que significa “conhecimento”. Por isso, a civilização que 
surge nesse momento é chamada de védica. Mais tarde, avançaram em direção ao 
vale do Ganges.
 A civilização védica está na base histórica da Índia como a conhecemos. Sua 
cultura foi compilada pelos diversos reinos que se formaram na região. Caracteriza-
se pela religião – o hinduísmo e, posteriormente, o bramanismo – e pela forma de 
organização social – o sistema de castas.
27INTA EAD História da Educação
 O hinduísmo fundamentava-se nas crenças descritas nos Vedas, com a 
adoração de várias divindades, e mesmo animais, e a crença na reencarnação. Seus 
seguidores tinham como objetivo principal a plena purificação (o chamado nirvana), 
que poria fim ao eterno ciclo do nascimento, a morte e a reencarnação. Com o 
passar do tempo, o hinduísmo sofreu transformações, incorporou novas divindades, 
dando origem a uma religião mais complexa, conhecida como bramanismo. Entre 
as principais divindades do bramanismo estão Brahma, criador do universo, Vishnu, 
deus da conservação e Shiva, deus da destruição.
 O domínio dos guerreiros (xátrias) e dos sacerdotes (brâmanes) sobre os 
demais grupos sociais indianos fundamenta o sistema de castas. Castas são grupos 
sociais fechados, compostos de pessoas que exercem a mesma posição. Nesse 
sistema não se pode passar de uma casta a outra. As mais importantes castas eram 
formadas pelos árias. Os sacerdotes ficavam no topo da hierarquia social, na casta dos 
bramares. Em seguida, estavam os xátrias (nobres, guerreiros e administradores), os 
vaixás, ou comerciantes, e os sudras, artesãos e trabalhadores manuais não arianos. 
Na base da hierarquia social estavam os párias, pessoas excluídas da sociedade, sem 
direito à instrução, ouvir os hinos védicos e viver nas cidades.
 Nessa sociedade a educação era privilégio das castas superiores, embora não 
fossem comuns as escolas. Geralmente os pais eram responsáveis pela educação 
dos filhos, como base nos textos Vedas, livro sagrado compostos por hinos e 
preces. Havia nesta sociedade hierarquizada, portanto, uma extrema discriminação. 
A educação, também discriminatória, privilegiava os brâmanes. Com a orientação 
dos professores, eram estudados os textos sagrados dos Vedas e dos Upanishards; 
estes, textos mais recentes, datam do período entre 1500 e 500 a.C.
 As aulas ocorriam, geralmente, ao ar livre, sob árvores e dependiam da 
iniciativa privada. O mestre era muito respeitado e havia uma disciplina, mas que 
não abusava dos castigos. Predominava o ensino religioso com destaque para 
os preceitos morais. O aprendizado caracterizava-se pela memorização. Por isso, 
não havia grande interesse pela educação física. Inicialmente apenas os brâmanes 
atingiam os estudos superiores. Nestes, estudavam não apenas a religião, mas 
também gramática, literatura, astronomia, matemática, filosofia, direito e medicina. 
Com o tempo, outros grupos sociais passaram a ter acesso a esse tipo superior de 
educação, enquanto outros seguimentos apenas recebiam educação elementar, da 
qual estavam excluídos os sudras e os párias.
28 História da Educação INTA EAD
China
Por volta de 7000 a.C., surgiram as primeiras aldeias às margens dos rios 
na região que hoje forma a China. Foi no vale do rio Huang Ho (rio Amarelo), 
no norte da China, que a agricultura mais se desenvolveu, o que levou à 
formação de muitas comunidades. Com o passar do tempo, esses povoados 
se transformaram em pequenos Estados governados por chefes cujo poder 
era transmitido por meio de laços familiares. Estes pequenos Estados foram 
unificados formando um império, governado por várias dinastias. Após certo 
período, o império se expandiu por extensas áreas, tornando a sociedade e 
as relações econômicas e políticas mais complexas. 
Durante os sete séculos governados pela dinastia Shang, que reinou até o 
século XI a.C., a China viveu uma era de florescimento cultural, com a criação 
de uma escrita primitiva (Yinxu), que originou a atual escrita chinesa, feita 
com ideogramas, símbolos gráficos ou desenhos que representam ideias, 
sentimentos ou conceitos. Ainda durante a dinastia Shang, foi desenvolvido 
um calendário com 365 dias, o uso de conchas como dinheiro, a criação 
de instrumentos musicais, como tambores e sinos, e o descobrimento da 
técnica de fabricar tecidos de seda com base nos casulos do bicho-da-
seda. Durante esse período, os chineses acreditavam em vários deuses, 
consultavam oráculos e realizavam sacrifícios de humanos e animais em 
nome dos deuses.
Com o fim da dinastia Shang, segue-se uma disputa pelo poder, dando 
início a um período de lutas que acabou levando a uma crise estrutural 
da sociedade. Essa crise provocou reflexões a respeito do papel do Estado, 
das leis e dos governantes. Da mesma forma, estimulou o nascimento de 
teorias filosóficas, como o taoísmo e o confucionismo. Esta última, ainda 
hoje influente na China, foi elaborada por Koung Fou Tseu (551-479 a.C.), 
conhecido no ocidente como Confúcio, que se dedicou a pensar como o 
Estado, os governantes e os indivíduos poderiam viver em uma sociedade 
harmônica e feliz. O confucionismo sustenta os princípios de altruísmo, 
cortesia ritual, conhecimento ou sabedoria moral, integridade, fidelidade e 
justiça, retidão e honradez.
O taoísmo, por sua vez, foi fundado por Lao Tsé (cerca de 570-490 a.C.). 
Defendia o abandono das vaidades do mundo, o retiro da vida pública 
e a dedicação à meditação solitária, que seria o caminho (tao) para uma 
integração íntima com o universo.
Altruísmo: 
 Amor ao próximo.
29INTA EAD História da Educação
Uma característica marcante da sociedade e da cultura chinesas é o tradicionalismo. 
Isso acabou refletindo na educação que reproduziu esse conservadorismo era 
voltada para a transmissão da sabedoria contida nos livros clássicos.
Talvez o livro canônico, ou clássico, mais antigo seja o I Ching (Livro das 
mutações), cuja origem não é possível datar. Trata-se de um tipo de oráculo queaté 
hoje é consultado pelos orientais. Lao Tsé e Confúcio, que viveram no século VI a.C., 
buscaram inspiração nesse livro.
Ao contrário de outras sociedades, cujo saber estava nas mãos da classe 
sacerdotal, na China o poder estava com os letrados, os mandarins, altos funcionários 
e responsáveis pela burocracia do Estado, da confiança do imperador. Havia um 
rigoroso sistema de seleção para o ensino superior, baseado em exames oficiais 
direcionados às diversas atividades administrativas. Os cursos restringiam-se à classe 
dominante, enquanto as oficinas eram reservadas para os artesãos e camponeses.
De acordo com Aranha (2006), a educação elementar tinha por objetivo o ensino 
do cálculo e a alfabetização. Devido à complexidade da escrita chinesa, esse processo 
era difícil e demorado. A formação moral baseava-se na transmissão dos valores dos 
ancestrais. O ensino era caracterizado por ser rigoroso e dogmático, com ênfase na 
memorização.
 
Os Hebreus
No início do segundo milênio a.C., os hebreus estavam estabelecidos nas 
imediações da cidade de Ur, na Mesopotâmia. Vivendo do pastoreio, organizavam-
se em clãs ou tribos, grupos familiares dirigidos pelos homens mais idosos, a quem 
chamavam patriarcas. Segundo a primeira parte da Bíblia, coube a Abraão, primeiro 
dos patriarcas, obedecendo a uma ordem divina, partir com o seu povo em direção 
à Terra Prometida, chamada depois de Canaã ou Palestina. Mais tarde, pressionados 
pela escassez de alimentos, deixaram a Palestina e migraram para o Egito, onde 
depois de viverem bem, foram escravizados. Tempos depois, conduzidos por um 
novo chefe, Moisés, eles fugiram do vale do Nilo e retornaram à Palestina (Êxodo). 
Os hebreus não se destacaram nos campos da arte ou da ciência e sim por 
suas realizações no direito e na literatura. No entanto, a sua mais importante e 
original realização foi no plano religioso ao elaborarem o judaísmo. Este se baseia 
na existência de um único Deus e no culto de Iavé (Jeová), Deus indivisível e 
incorpóreo, cuja imagem não deveria ser reproduzida em pinturas ou estátuas. Os 
hebreus, povo escolhido, não poderiam adorar outros deuses e deviam respeitar os 
Dez Mandamentos que Moisés gravou nas Tábuas da Lei.
30 História da Educação INTA EAD
Os hebreus foram os primeiros povos a estabelecer um monoteísmo ético, isto é, 
a exigência de que os seguidores do judaísmo tivessem um comportamento moral 
baseado no respeito ao próximo.
A educação era prerrogativa dos profetas que, acreditava-se, eram os mensageiros 
de Deus e os escolhidos para “educar o povo” com rigor e disciplina na interpretação 
da Lei e castigar repreendendo com violência aqueles que não seguirem os seus 
ensinamentos, estes organizados em torno da interpretação da Lei divina. De início, as 
sinagogas também se transformavam em escolas ou locais para a instrução religiosa 
e não apenas centros de oração e de vida religiosa e civil, pela qual se transmitiam 
as verdades bíblicas. A educação tinha um caráter religioso, voltada tanto para a 
“palavra” quanto para os costumes. Os conteúdos de ensinamentos eram trechos 
escolhidos da Torá, que significa “ensinamento” ou “instrução”, formada por cinco 
livros sagrados.
A EDUCAÇÃO CLÁSSICA: 
GRÉCIA E ROMA
2
Conhecimentos
Compreender o modelo de formação humanística adotado pela civilização clássica 
(greco-romana) e seus desdobramentos.
Habilidades
Reconhecer o desenvolvimento do modelo de educação nas sociedades da 
chamada Antiguidade clássica.
Atitude
Perceber e analisar como a educação, nas civilizações clássicas, passa a ser 
encarada como um problema essencial da humanidade.
35INTA EAD História da Educação
Educação Clássica: o caso da Grécia Antiga
Chamamos de educação clássica o ensino desenvolvido no Ocidente, entre os 
gregos e romanos, durante o século V a.C e o século V d.C.
Enquanto parte das civilizações da Antiguidade Oriental surgiram em torno 
de rios, as civilizações da Antiguidade Clássica surgiram nas penínsulas (balcânica 
e itálica) da bacia do Mediterrâneo. As primeiras foram agrícolas-sedentárias, 
enquanto as civilizações peninsular-mediterrânicas da Antiguidade Clássica foram 
mercantis-escravistas.
A civilização grega surgiu no extremo-sul da península balcânica (Hélade), 
cujos povoadores, os indo-europeus, deram origem aos gregos ou helenos. Estes 
se organizavam em Cidades-Estado (póleis, em grego), fundaram colônias no 
mediterrâneo e eram um povo de navegadores e comerciantes. A cultura clássica 
(helenismo) atingiu seu apogeu no chamado “Século de Péricles” (século V a.C.) 
e logo depois a Grécia foi dominada pelos Macedônios. Os principais legados da 
cultura grega para o ocidente foram a filosofia, a ciência e a democracia.
Os valores gregos foram expandidos pelos macedônios para o mundo até então 
conhecido, conquistado por Felipe da Macedônia, no processo de helenização do 
Oriente.
O declínio grego-macedônio coincidiu com a ascensão de Roma, cidade surgida 
na Itália central. Em sua evolução política, Roma conheceu, sucessivamente, a 
Monarquia, a República e o Império. Após a conquista da Itália, Roma realizou a 
conquista do Mediterrâneo e unificou o mundo de sua época. Em sua expansão 
para o Oriente, incorporou a cultura grega, que se fundiu com a latina e deu 
origem a cultura greco-latina. Além do papel de intermediária entre a Grécia e o 
Ocidente, Roma transmitiu-nos um legado cultural próprio, cujas contribuições mais 
importantes foram o Direito Romano, a literatura, a língua latina e o Cristianismo.
36 História da Educação INTA EAD
Cenário Histórico
O Período Homérico e a Civilização Micênica
No segundo milênio a.C., a Grécia foi invadida por diversas tribos nômades-
pastoris originárias das planícies da Europa Oriental (aqueus, jônios, eólios e dórios) 
e deram origem à civilização grega. Por volta de 1700 a.C., os aqueus fixaram-se 
na Península do Peloponeso, ao sul da Grécia. Conquistaram a cidade de Micenas, 
erguida ali pelos cretenses, e por meio do mar Egeu estabeleceram contato com a 
ilha de Creta. Os contatos entre aqueus e cretenses levaram a formação da civilização 
micênica ou creto-micênica que, por sua vez, exerceu influência significativa sobre 
a civilização grega. A disputa pela supremacia no mediterrâneo levou a luta entre 
aqueus e cretenses, culminando com a destruição destes últimos. Por volta de 1200 
a.C., os dórios invadiram a Grécia. A conquista do Peloponeso provocou a fuga de 
parte dos aqueus para as ilhas do mar Egeu e para as costas da Ásia Menor, cuja 
consequência foi a colonização dessas regiões pelos gregos.
Iniciaram-se os tempos homéricos (século XII-VIII a.C.), assim chamados em 
função de ter supostamente vivido ali, naquela época, o poeta Homero, autor, 
acredita-se, da Ilíada e da Odisseia, poemas épicos. Estes poemas, obras primas da 
literatura grega, revelam aspectos fundamentais da vida da Grécia micênica e pós-
micênica, cuja organização baseava-se na comunidade gentílica. Esta era formada 
por um grupo de pessoas aparentadas por laços consanguíneos e descendentes de 
um antepassado comum. A economia gentílica, agrícola e pastoril baseava-se na 
propriedade comunitária da terra. A sociedade era igualitária e se caracterizava pela 
inexistência de classes sociais.
Ao fim do período homérico, o crescimento demográfico e a escassez de terras 
férteis levaram à desagregação da comunidade gentílica. Data dessa época o início 
da formação das Cidades-Estado.
O Período Arcaico (Século XVIII-VI a.C.)
Esse é um período marcado por grandes transformações econômicas e sociais 
e caracterizado pelo surgimento e desenvolvimento das Cidades-Estado (póleis). 
Com o processo de emigração do século VIII que marca o encerramento do Período 
Homérico, numerosas colônias foram fundadas. O mundo grego, até então restrito 
à Grécia, as ilhas do mar Egeu e ao litoral da Ásia Menor, estendeu-se para o Oriente 
e para o Ocidente.
37INTA EAD História da Educação
 A colonização e as relações entrea Grécia continental e as novas 
colônias ocasionaram grandes transformações. Desenvolveram-se a 
indústria e a construção naval; o comércio marítimo assumiu dimensões 
internacionais. Como efeito, surgiu na sociedade grega, uma rica classe 
média de artesãos, armadores e comerciantes. No entanto, a concorrência 
dos produtos importados arruinou os pequenos agricultores e concentrou 
a propriedade da terra nas mãos da aristocracia. As cidades foram atingidas 
por uma forte crise social e política. Desencadeou-se uma luta entre o povo 
(demos) e a aristocracia. A situação acarretou o surgimento de tiranos e 
legisladores. Os primeiros buscaram a solução por meio de reformas e os 
segundos lideraram insurreições populares e conquistaram o poder pela 
violência. Nas póleis, onde a vitória coube à nobreza, consolidou-se o 
regime aristocrático. Naquelas em que o demos foi vitorioso, as reformas 
conduziram a democracia.
 As muitas transformações levaram ao desenvolvimento de reflexões 
que culminaram com o surgimento do pensamento racional. Além do 
surgimento e desenvolvimento da pólis, a introdução da escrita, a utilização 
da moeda e a lei escrita por legisladores também são realizações desse 
momento.
 Segundo Jean-Pierre Vernant (2008), a filosofia nasce com a pólis, esta 
uma criação humana e não divina. A filosofia surge no momento histórico 
em que se afirma a utilização da razão (logos), em substituição ao mito 
(alegoria) para resolver os problemas da vida, vinculada ao surgimento da 
cidade-Estado. A prática constante da discussão política em praça pública 
(ágora) pelos cidadãos, principalmente em Atenas a partir de Clístenes, teria 
contribuído para o raciocínio bem formulado e convincente. Com o tempo, 
teria se tornado o modo adotado para se refletir sobre as coisas. A filosofia, 
assim, é filha da pólis.
Período Clássico
O período clássico grego corresponde, tradicionalmente, aos séculos V 
e IV a.C. Neste período a Grécia atingiu, ao mesmo tempo, o seu apogeu e 
decadência. O primeiro caso coincide com o governo de Péricles, em Atenas, 
que aperfeiçoou a democracia. Péricles, no século V, contratou os melhores 
arquitetos e escultores da época. Estes ergueram tribunais, templos, teatros 
e ginásios. O Parthenon, templo dedicado à deusa Palas Atenas, protetora 
da cidade, é considerado uma das obras mais destacadas. 
Pólis: 
 Significa cidade-
estado. Na Grécia 
Antiga, a pólis 
era um pequeno 
território localizado 
geograficamente 
no ponto mais alto 
da região, e cujas 
características eram 
equivalentes a uma 
cidade. O surgimento 
da pólis foi um dos 
mais importantes 
aspectos no 
desenvolvimento da 
civilização grega.
38 História da Educação INTA EAD
O governante de Atenas também estimulou as artes. Foi no século V a.C. que 
surgiram os primeiros relatos históricos, com as obras de Heródoto e Tucídides 
que abordaram, respectivamente, as Guerras Médicas e a Guerra do Peloponeso. 
A filosofia ganhou destaque com Sócrates, Platão e Aristóteles, e a medicina se 
desenvolveu com Hipócrates.
Foi no “Século de Péricles”, como ficou conhecido o século V a.C., portanto, que 
a produção nas artes, literatura e filosofia delineou a herança cultural dos gregos 
para o mundo ocidental.
O período clássico marca também a decadência da Grécia, assolada por conflitos 
internos.
Período Helenístico
Este período inicia-se com a conquista da Grécia pela Macedônia, no século 
IV a.C., e estende-se até o século II a.C. Inicialmente governados por Felipe II, os 
macedônios conquistaram a Grécia, enfraquecida pelas lutas internas, e logo 
partiram para a conquista do Oriente. Coube a Alexandre, o Grande, filho de Felipe 
II, conquistá-lo. 
Educado por Aristóteles, Alexandre assimilou a cultura grega e foi responsável 
pela conquista da Ásia Menor, a Pérsia, chegando às margens do rio Indo, na 
Índia. A sua grande obra, no entanto, deu-se no plano cultural que sobreviveu ao 
esfacelamento de seu império. A expansão de Alexandre acabou por difundir a 
cultura grega pelo Oriente. As cidades fundadas por eles (várias delas batizadas 
com o seu nome) tornaram-se verdadeiros centros de difusão da cultura grega. 
Denominamos de Helenismo ou cultura helenística a fusão da cultura grega com a 
cultura oriental.
Educação Integral ou Paideia
 Segundo Gadotti (2006), a Grécia serviu de berço da cultura, da civilização 
e da educação ocidental. O desenvolvimento cultural dos gregos, com sua visão 
universal e reflexão sobre o mundo e a existência, produziu uma maneira original 
de lidar com a educação, cuja ênfase era dada na formação integral, que consistia 
na integração entre a cultura e a sociedade. Essa concepção gerou o conceito de 
39INTA EAD História da Educação
paideia, palavra que teria surgido por volta do século V a.C., de difícil definição, mas 
que exprimia um ideal de formação integral, humanística.
 São os gregos que, pela primeira vez, colocam a educação como problema 
essencial da humanidade, produzindo uma reflexão filosófica sobre sua importância 
na formação humana. A partir dos sofistas, e com os filósofos socráticos e pós-
socráticos, é que o conceito de educação alcança o estatuto de reflexão filosófica.
 Os gregos deram um valor desmedido à arte, à literatura, às ciências e à 
filosofia. A educação do homem integral deveria dar conta da formação física, 
do corpo (pela ginástica), da mente (pela filosofia e pelas ciências) e da moral e 
dos sentimentos (pela música e pelas artes). Portanto, os estudantes deveriam ser 
submetidos a um programa que atendesse a todos os aspectos da vida humana. 
Nesse tipo de educação os gregos estudavam literatura, história, geografia, 
gramática, retórica, ginástica, ciências, música e outros conhecimentos.
 No início, antes da escrita, a educação ficava a cargo da própria família, 
conforme a tradição religiosa. Com a constituição da aristocracia dos senhores 
de terra, os jovens da classe dominante eram confiados a preceptores. As escolas 
somente aparecem com as primeiras póleis, tendo como finalidade atender a 
procura por instrução. No período clássico a escola já se encontrava estabelecida, 
sobretudo em Atenas.
 O aumento de estabelecimentos escolares na Grécia não representa uma 
“democratização” do ensino, uma vez que a educação permanecia elitizada, 
atendendo principalmente aqueles jovens oriundos das famílias tradicionais da 
antiga nobreza ou das famílias de enriquecidos mercadores.
 A educação era reservada aos homens livres. Ser livre, como esclarece 
Gadotti (2006) significava não ter preocupações materiais, com o comércio ou com a 
guerra, atividades reservadas às classes inferiores. O chamado ócio digno significava 
dispor de tempo livre, prerrogativa daqueles que não precisavam se preocupar 
com a subsistência. Lembramos que a sociedade grega clássica era escravista e, 
dependendo do período, existiam dezessete escravos para cada homem livre.
 Para este mesmo autor, o caráter da educação grega aparecia na exigência 
de que o ensino estimulasse não apenas a competição e as virtudes guerreiras 
para manter a superioridade militar sobre as classes subalternas e submetidas, mas 
também ser capaz de permitir-lhes mandar e ser obedecido.
A educação física, que no início teve um caráter predominantemente militar e 
guerreiro, passa a ser orientada para os esportes. Nas escolas onde a formação 
física teve papel destacado, o ensino das letras e cálculos demorou para se difundir, 
sendo, no entanto, uma realidade em quase todo lugar por volta do século VI a.C., 
40 História da Educação INTA EAD
ou mesmo depois, no século V a.C. Ao poucos, a formação espiritual suplantará, em 
quase toda a Grécia, com exceções, como é o caso de Esparta, a formação física.
Modelos de educação: Esparta e Atenas
A Grécia nunca formou um estado unificado, como vimos. A sua unidade era 
dada pela cultura. No entanto, no que diz respeito à educação, havia divergências 
para além dos pontos semelhantes que uniam os gregos. As Cidades-Estadoeram 
politicamente autônomas e o modo de educar variou entre elas. Os exemplos sempre 
destacados apontam para os casos de Atenas e Esparta, cujas formas de educação 
singulares correspondem ao processo histórico particular de cada cidade e a forma 
como estas sociedades se organizaram.
Esparta
 Esparta constituiu um caso excepcional entre as póleis gregas, cuja evolução 
se assemelhou mais à de Atenas. Fundada pelos dórios no interior do Peloponeso, 
organizou-se como uma fortaleza erguida em solo inimigo. Os espartanos (ou 
esparciatas, classe dominante, descendentes dos guerreiros dórios) eram educados 
como cidadãos-soldados, mobilizados permanentemente para a Guerra. A cidade-
estado era militarista, aristocrática e conservadora. 
 Em Esparta, ao contrário do que ocorreu em Atenas, a educação priorizou 
sempre a formação física e militar sobre a formação do espírito e do intelecto. A 
educação espartana submetia totalmente o indivíduo ao interesse do Estado, 
subordinando a vida familiar ao convívio coletivo e incutindo no cidadão-soldado um 
cego amor à pátria. A educação dada pelo Estado começava aos sete anos, quando 
as crianças eram tiradas de suas famílias e iam para comunidades constituídas por 
grupos de acordo com a idade. Eram supervisionadas por aqueles responsáveis pela 
instrução.
Nesta fase, as crianças estudavam, como todo grego que tinha acesso à educação, 
música, canto e dança. Aos doze anos iam viver em acampamentos, dedicados ao 
treinamento físico e à formação militar. Os jovens aprendiam os segredos da luta 
corporal e do manejo das armas. Aprendiam a suportar a fome, o frio e a controlar 
seus sentimentos diante de castigos físicos, sobretudo a raiva, essencial na luta contra 
os inimigos. A educação moral valorizava a obediência, a aceitação dos castigos 
físicos, o respeito aos mais velhos e privilegiava a vida comunitária. Ao vinte anos, 
41INTA EAD História da Educação
após se submeter ao teste da Krypteia, o indivíduo estava preparado para ingressar 
no exército. Em estado de mobilização permanente, o cidadão-soldado servia no 
exército até os sessenta anos quando, se pertencesse a uma família notável, poderia 
integrar as instituições políticas responsáveis pela administração da pólis.
 Por valorizar a formação militar, os espartanos não eram dados aos 
refinamentos intelectuais, nem apreciavam os debates e os discursos longos, como 
em Atenas. No entanto, em Esparta se oferecia uma maior atenção às mulheres, cuja 
função essencial era gerar filhos robustos e saudáveis. Por isso, elas participavam 
das atividades físicas.
 É preciso esclarecer que apenas a classe dominante, formada por aqueles que 
acreditavam ser descendentes dos dórios, tinha o direito à educação estatal.
Atenas
A educação em Atenas pautava-se por outros valores. Em suas escolas, mesmo 
aristocráticas, ao lado da formação física, destacava-se a formação intelectual, 
necessária para participar dos destinos da cidade. Buscava-se o conhecimento 
da verdade, do belo e do bem. Com a ascensão da classe dos comerciantes e o 
crescimento da cidade, em oposição à aristocracia, que tradicionalmente teve o 
poder em suas mãos, impôs-se outra forma do exercício do poder e, por conseguinte, 
uma nova educação.
 Se no início a educação fora aristocrática, sob a tutela da família, com o passar 
do tempo surgiram as escolas, já no século VI a.C. Embora o Estado já perceba a 
importância da educação, ela não se tornou obrigatória nem gratuita, predominando 
pois a iniciativa particular.
 A educação começava aos sete anos. As meninas permaneciam em casa e 
se dedicavam aos afazeres domésticos, enquanto os meninos desligavam-se da 
autoridade da mãe para iniciar a alfabetização e a educação física e musical. 
O estudo primário, ou elementar, destinava-se a ensinar a leitura do alfabeto, 
escrita e cálculo, enquanto os estudos secundários compreendiam a educação física 
(corrida a pé, salto em distância, lançamento do disco e do dardo, luta, ginástica, 
etc.), a artística, que incluía o desenho, o domínio da lira, o canto e o coral, os estudos 
literários, compreendendo o estudo das obras clássicas, sobretudo, de Homero, a 
filologia (leitura, recitação e interpretação de textos) e científicos, que compreendiam 
o estudo da matemática, da geometria, da aritmética e da astronomia.
42 História da Educação INTA EAD
De acordo com Gadotti (2006), no ensino superior prevalecia o estudo 
da retórica (a arte do bem falar) e da filosofia. Os estudos filosóficos 
compreendiam, geralmente, seis tratados: a lógica, a cosmologia (estudo 
dos astros), a metafísica, a ética, a política e a teodiceia.
A educação elementar completava-se aos treze anos. Os mais pobres 
saíam em busca de um ofício, enquanto os jovens de família rica prosseguiam 
nos estudos. Dos dezesseis aos dezoito anos a educação assumiu uma 
dimensão cívica de preparação militar, instituição criada no século VI a.C., 
conhecida como efebia (efebo = jovem). Com a abolição do serviço militar 
em Atenas, a efebia passou a constituir a escola em que se ensinava filosofia 
e literatura.
Somente no século V a.C., com os sofistas, é que teve início uma 
espécie de educação superior. Segundo alguns estudiosos, as lições dos 
sofistas tinham como principal objetivo o desenvolvimento do poder 
da argumentação, a habilidade retórica, bem como o conhecimento de 
doutrinas divergentes. Dessa forma, eles transmitiam todo um jogo de 
palavras, raciocínios e concepções úteis para driblar as teses dos adversários 
e convencer as pessoas. A democracia ateniense proporcionou um 
número maior de habitantes na discussão sobre temas práticos e públicos, 
favorecendo também o desenvolvimento de uma cultura que valorizava o 
uso da palavra e da razão. As habilidades argumentativas e dialéticas dos 
cidadãos tornaram-se um bem cada vez mais apreciado. Foi nesse contexto 
que apareceram os sofistas. Seus ensinamentos foram valorizados, pois a 
política precisava de cidadãos que soubessem convencer pela palavra.
Finalmente, é preciso esclarecer que a educação formal atendia aos 
interesses da classe dominante, excluindo assim a maior parte da população 
do saber ministrado nas escolas.
A educação clássica - O caso de Roma: a 
humanitas
Por intermédio do Império Romano, espalhou-se a língua latina, os seus 
costumes, transmitindo também a cultura grega, da qual era depositária. 
Em contato com os gregos, os romanos adotam o seu modelo de educação, 
apresentando, neste campo, algumas particularidades, como veremos 
adiante.
A cosmologia 
estuda a estrutura, 
a evolução e 
composição do 
universo.
Metafísica: 
significa “o que está 
para além da física”.
Teodicéia: 
Parte da metafísica 
que trata de Deus , 
de sua existência e de 
seus tributos.
43INTA EAD História da Educação
Cenário Histórico
A cidade de Roma surgiu de um pequeno povoado nas terras férteis do Lácio, no 
centro da Península Itálica, recebendo influência de diversos povos indo-europeus 
que se fixaram na região desde o século X a.C., como os latinos e sabinos. Desde 
a fundação de Roma, no século VIII a.C., os romanos conheceram a Monarquia, a 
República e o Império como formas de governo.
Monarquia ou Realeza (753-509 a.C.)
A Monarquia ou Realeza foi a primeira forma de governo adotada em Roma. 
Nesta época, com o desenvolvimento da agricultura, a economia deixou de basear-se 
no pastoreio. Mais tarde, Roma, com o desenvolvimento do comércio, transformou-
se numa grande cidade para os padrões daquela época. 
Com a substituição da posse comum da terra pela propriedade privada, 
estabeleceu-se uma divisão de classe bem delineada, entre patrícios, que se 
consideravam descendentes dos fundadores de Roma e detentores do poder, 
formados pelos grandes proprietários de terra, plebeus, grupo composto de 
mercadores, artesãos e pequenos proprietários, sem acesso aos cargos públicos, 
clientes, geralmente ex-escravos ou filhos de escravos que tinham com os patrícios 
uma relação de completadependência, e escravos, formados pelos prisioneiros de 
guerra ou por plebeus que não conseguiam pagar suas dívidas, em pequeno número 
antes e no início do período republicano.
As lutas entre os patrícios e os últimos reis etruscos, povo que vivia ao norte de 
Roma e havia dominado-a, levou à formação da República, sob o domínio patrício.
República
Com a passagem da Monarquia para a República ocorreu a transferência do 
poder dos etruscos para os patrícios, que se transformaram na classe dominante de 
Roma. Criou-se um sistema político mais complexo, com inúmeras instituições sob 
seu domínio, cuja principal era o Senado, para onde iam os cidadãos mais destacados 
e as famílias mais influentes.
Controlado pelos patrícios, o sistema político tinha um caráter oligárquico. Os 
plebeus, em número cada vez mais crescente, marginalizados e descontentes com 
sua situação, eram fonte de crescente tensão, e a Roma republicana vivia sempre 
a possibilidade de uma convulsão social. As lutas entre patrícios e plebeus foram 
uma característica marcante deste período que se estendeu por dois séculos. Data 
44 História da Educação INTA EAD
desse período uma série de conquistas plebeias, dentre elas destacam-se o direito 
de eleger seus próprios magistrados, os chamados Tribunos da Plebe, impondo aos 
patrícios a transformação das leis orais numa legislação escrita, a igualdade civil, ao 
autorizar o casamento entre patrícios e plebeus, antes proibido.
Outras características marcantes deste período, a despeito das lutas entre 
patrícios e plebeus, foi, em primeiro lugar, a expansão territorial interna que, por 
meio de guerras e conquistas, culminou com o domínio romano sobre toda a 
Península Itálica e, em segundo lugar, a expansão externa, que levou ao domínio do 
mediterrâneo. Esta última provocou grandes transformações sociais e econômicas. 
Uma das consequências das guerras de expansão foi a redução de imensos 
contingentes de prisioneiros de guerra à condição de escravos e a sua utilização 
como mão de obra na economia romana. A transformação de uma economia baseada 
na pequena propriedade agrária e no trabalho livre em um sistema escravista de 
produção provocou a ruína dos camponeses, concentração de terras nas mãos da 
aristocracia e na transformação de uma massa de desempregados que migrou dos 
campos para a cidade.
As transformações desencadearam um novo período de lutas sociais que 
assinalaram a crise da República e o início do Império.
Império
Com o Império, chegaram ao fim as crises político-sociais que assinaram a 
passagem da República para o Império. Durante o Alto Império (séculos I a.C.– III 
d.C.), Roma atingiu o apogeu e a pax romana (período de estabilidade) foi estendida 
do Ocidente ao Oriente. 
O governo de Otávio Augusto (27 a.C. – 14 d.C.), oficialmente primeiro imperador 
romano, foi caracterizado pela ampliação do comércio entre as províncias, construção 
de grandes obras (estradas, pontes, aquedutos) e grandes realizações culturais. Com 
o incentivo dado às artes, a literatura floresceu, destacando-se a atuação do ministro 
Mecenas, que apoiou financeiramente artistas e escritores como os poetas Virgílio, 
Horácio e Ovídio. Esse período, considerado o mais rico da civilização romana em 
termos culturais, foi denominado de Século de Augusto. 
Um fato marcante do período foi o surgimento do cristianismo que, após 
sangrentas perseguições, transformou-se em religião do Estado na fase do Baixo 
Império Romano (Séculos III – V d.C.) e teria influência marcante na história ocidental.
No chamado Alto Império, o Império Romano mergulhou em sucessivas crises. 
45INTA EAD História da Educação
A expansão territorial, base de toda sua riqueza e estabilidade política e social, foi 
se esgotando. Mais importante que expandir o território era manter e fortalecer 
suas fronteiras. Sem novas conquistas não havia captura de escravos e a mão de 
obra começou a tornar-se escassa. A economia romana, baseada no braço escravo, 
entrou em crise. Os elevados custos para manter as estruturas imperiais, militares 
e administrativas abalaram o poder romano, reativando as disputas entre chefes 
militares. As dificuldades para resguardar as fronteiras facilitaram as invasões que, 
associadas a outros fatores, iriam pôr fim ao Império Romano.
A Educação no Império Romano
São características da civilização romana a sua expansão territorial e a construção 
de um império unificado, o que a diferenciava dos gregos; era formada por inúmeras 
Cidades-Estado, politicamente autônomas. Apesar das diferenças entre os inúmeros 
povos que viveram dentro das fronteiras do Império Romano, não havia discriminação 
sobre os vencidos. Em troca do pagamento dos impostos, eram-lhes conferidos 
títulos de cidadania. Ao conquistar a Grécia, os romanos não lhe impuseram o latim, 
mas assimilaram seus padrões culturais.
Os romanos, como os gregos, não valorizavam o trabalho manual. Seus estudos 
são essencialmente humanistas, algo equivalente à Paidéia grega, como aquela 
cultura geral que transcende os interesses locais e nacionais no sentido de educação, 
cultura do espírito. No entanto, a humanitas distingue-se da Paideia por se tratar 
de uma cultura predominantemente humanística e, principalmente, cosmopolita e 
universal, buscando aquilo que caracteriza o ser humano, em todos os tempos e 
lugares.
Os romanos pretendiam universalizar, levar a todos os povos a sua humanitas, o 
que acabou conseguindo por meio do cristianismo. Segundo Aranha (2006), com o 
tempo essa maneira de entender a educação degenerou, restringindo-se ao estudo 
das letras e negligenciando as ciências. Para a autora, pode-se distinguir três fases 
na educação romana: a educação latina original, de natureza patriarcal; a influência 
do helenismo, criticada pelos defensores da tradição e, finalmente, a fusão entre a 
cultura romana e a helenística.
46 História da Educação INTA EAD
A educação latina
Desde o início, a civilização romana sofreu influência do helenismo. Mas não 
se fez sem resistência, tentando manter a tradição dos ancestrais. Na educação 
tradicional latina, o objetivo do ensino era prático, proporcionando à criança o saber 
necessário para o exercício de uma profissão e incutindo uma ética que subordinasse 
o indivíduo a um ideal superior.
No século II a.C., era responsabilidade da mãe educar seus filhos durante a primeira 
infância, até os sete anos. Somente a partir dessa idade é que a educação passava 
a ser responsabilidade do pater famílias (o chefe da família) ou, na sua ausência, 
do tio. Cabia ao chefe da família a responsabilidade de proporcionar aos filhos a 
educação cívica e moral. As meninas permaneciam restritas ao lar, aprendendo, a 
partir dos sete anos, os serviços domésticos.
A educação dos meninos passava pela aprendizagem de memorização de 
preceitos jurídicos e de conceitos com base nas Leis das Doze Tábuas, cujo objetivo 
era, em parte, desenvolver a consciência histórica e o patriotismo. A base dessa 
forma de educação era a preocupação natural em associar valores culturais ao ideal 
coletivo. Exaltava-se o respeito pelos antepassados (pietas) que, entre as famílias 
patrícias, representavam o orgulho dos modelos de comportamento, repetidos de 
geração a geração.
Vivendo numa sociedade essencialmente agrícola, o jovem era iniciado na arte 
de cuidar da terra, colocando lado a lado o senhor e o escravo. De um lado, a criança 
aprendia a ler, escrever e contar e, de outro, desenvolvia a habilidade no manejo 
das armas, na natação e na equitação. Mais do que esportes desinteressados, os 
exercícios físicos tinham como finalidade principal preparar o guerreiro.
Por volta dos quinze ou dezesseis anos tinha início a aprendizagem da vida 
pública. O jovem era iniciado na sociedade pelo pai ou por outro homem influente, 
amigo da família e bem posicionado no mundo social. Devia ser levado à praça 
central para conhecer o comércio e o local onde eram tratados os assuntos 
públicos e privados (fórum).Era em torno do fórum que se erguiam os principais 
monumentos da cidade, com destaque para o tribunal. Antes de atingir a idade 
militar, o jovem devia adquirir conhecimentos de Direito, traquejo social e a “arte de 
dizer”, concepção romana de eloquência. 
Logo depois, por volta ainda dos dezesseis anos, o jovem era encaminhado para 
a função militar ou política. A educação era mais voltada para a formação moral 
do que para as atividades intelectuais; era baseada em modelos de retidão que 
deveriam ser imitados. 
47INTA EAD História da Educação
A influência grega e as primeiras escolas
Como vimos, durante a República a sociedade romana tornou-se mais complexa. 
Isso se deveu ao processo de expansão territorial, ao desenvolvimento do comércio 
e ao enriquecimento de uma certa camada de plebeus. Tudo isso exigiria um modo 
diferente de educar.
Surge, dessa forma, já no século IV a.C., escolas particulares de ensino elementar 
que se disseminarão no século seguinte. Nelas, dos sete aos doze anos, aprendia-se 
a ler, escrever e contar. Os professores eram mal pagos e usavam, para desempenhar 
sua tarefa, qualquer espaço: edifício público, uma tenda ou templo.
A expansão do comércio e das incursões militares, por volta dos séculos III e II 
a.C., colocaram os romanos em contato direto com os povos de cultura helênica. A 
cultura grega exercerá uma influência marcante entre os romanos que adotarão sua 
cultura e a forma de educar.
A partir de então, muitos preceptores gregos passaram a apoiar a educação 
familiar dos jovens romanos. Atraídos pela rica clientela romana, muitos gramáticos, 
mestres da retórica e filósofos dirigiram-se para Roma. Eles seriam responsáveis 
pelo ensino de jovens e adultos.
Muito cedo os políticos romanos descobriram a importância dos conhecimentos 
de retórica e que seriam necessários para melhorar a oratória e a eloquência dos 
discursos públicos.
Datam dessa época as escolas dos gramáticos, na quais os jovens entre doze 
e dezesseis anos entravam em contato com os clássicos gregos, ampliando seus 
conhecimentos em literatura, geografia, aritmética, geometria e astronomia. Nessas 
escolas estudava-se também a retórica.
Dessa forma, os romanos adotam o modelo de educação grega que proporcionava 
aos estudantes uma ampla gama de conhecimentos necessários para a formação 
integral da pessoa culta. Paralelamente, no seio das grandes famílias, surge o 
ensino público da língua grega, ministrado em escolas, seja por escravos gregos, 
que assumem o papel de mestres, ou por mestres gregos qualificados. O modelo 
de educação grega passa a ser perseguido a ponto de muitos jovens romanos 
se deslocarem para a Grécia com a intenção de completarem os seus estudos. A 
influência grega sobre a educação romana, e em particular no desenvolvimento 
do ensino, pode ser atestada pelo fato de Roma buscar no helenismo o termo 
Paedagougo para designar o escravo incumbido de acompanhar a criança na escola.
Apesar da influência grega, o ensino em Roma apresenta algumas diferenças 
significativas em relação ao modelo helênico e novidades na institucionalização de 
48 História da Educação INTA EAD
um sistema de ensino. O ensino da música, do canto e da dança, por exemplo, foram 
combatidos por setores mais tradicionais da sociedade romana. O mesmo repúdio 
se dá com o atletismo, elemento fundamental da paideia. Os romanos ficavam 
chocados com a nudez do atleta e condenavam a pederastia. Portanto, a educação 
romana privilegiava a aprendizagem, sobretudo literária, em detrimento da ciência, 
da educação musical e do atletismo.
No entanto, devemos aos romanos o primeiro sistema de ensino de que se tem 
conhecimento, formado por um organismo centralizado que coordena uma série 
de instituições escolares espalhadas por todas as províncias do Império. Constitui 
uma novidade importante o caráter oficial das escolas e sua estreita dependência 
ao Estado. Deve-se notar que essa crescente intervenção do Estado nos assuntos 
educacionais era levada a cabo porque a administração do Império necessitava de 
uma bem montada máquina burocrática com funcionários que deveriam ter um 
mínimo de instrução.
É bem verdade que no início, embora o Estado se interessasse pela educação, 
pouco interferia, colocando-se apenas como inspetor, algo que muda ao longo do 
tempo. Primeiro, passou a subvencioná-la, depois a exercer seu controle por meio 
de uma legislação e, por último, tomou para si a inteira responsabilidade. Pouco 
antes do advento do Império, o Estado já estimulava a criação de escolas municipais 
em todo o território sob sua jurisdição.
Ao contrário do que possa parecer, esse sistema privilegiava apenas uma minoria, 
que se consolidava como elite e com uma elevada formação literária e retórica. 
Mesmo assim, havia uma preocupação em fornecer à imensidão de escravos, 
sobretudo aos mais jovens, ensinamentos necessários à prática de seus serviços. Em 
muitas casas de senhores reuniam-se escravos entregues a um ou mais pedagogos 
que lhes ensinavam as boas maneiras e, em alguns casos, iniciavam-lhes na leitura, 
escrita e aritmética. Sabe-se que as casas dos grandes senhores dispunham de um 
ou mais escravos letrados que desempenhavam funções de secretários ou leitores.
Na Roma imperial os professores gregos são protegidos por Otávio Augusto, a 
exemplo do que havia feito Júlio César. Otávio desenvolveu uma política imperial 
de cultura responsável pela criação de bibliotecas como a do Templo de Apolo, no 
Paladino, e a do Pórtico de Otávio. Delineia-se no Estado romano um conjunto de 
políticas escolares inovadoras, cuja primeira iniciativa é da autoria de Vespasiano, 
que intervém a favor dos professores, reconhecendo-lhes uma utilidade social. Com 
ele inicia-se uma extensa série de retribuições e de imunidades fiscais, atribuídas 
a gramáticos e retóricos. Segue-se a criação de cátedras de retórica nas grandes 
cidades, bem como o favorecimento e promoção de escolas públicas municipais de 
gramática e de retórica nas províncias.
49INTA EAD História da Educação
As escolas romanas, inspiradas na educação grega, como vimos, passaram a ser 
organizadas em três graus distintos e crescentes: instrução primária ou ludi-magister, 
que ministrava a educação elementar, secundária ou do gramático, e superior, que 
iniciava com o estudo da retórica e seguia com os estudos do Direito e da Filosofia, 
constituindo-se numa espécie de universidade. Vale lembrar que as universidades 
somente surgiram na Idade Média. As primeiras datam dos séculos VII e VI a.C., as 
secundárias do século III a.C., mas somente adquiriram forma definitiva no século I 
a.C, no tempo de Otávio Augusto, e as de ensino superior datam, pelo que sabemos 
hoje, do século I a.C., com um ensino predominantemente retórico.
A EDUCAÇÃO 
NA IDADE MÉDIA
3
Conhecimentos
Compreender os diversos modelos de educação adotados durante o período 
medieval, permitindo a comparação.
Habilidades
Identificar as permanências e mudanças nas práticas educativas adotadas em 
diversos lugares e momentos distintos.
Atitude
Perceber as relações entre contexto histórico e práticas educativas.
53INTA EAD História da Educação
Educação no Período Medieval
Pela tradicional divisão histórica, a Idade Média compreende um período 
de quase mil anos, cujos marcos definidores são a queda do Império 
Romano do Ocidente, em 476, e a tomada da capital do Império Bizantino, 
em 1453, pelos turcos otomanos. Esse longo período não apresenta as 
mesmas características, variando segundo as transformações operadas em 
locais diversos. Da mesma forma, não houve, em todo lugar e em todo o 
período, um mesmo e único modelo de educação. Estes variaram muito.
Num determinado momento, no Império Bizantino, assim como no 
Ocidente Medieval, dava-se ênfase à vida religiosa. Cristã, a civilização 
bizantina manteve a tradição do humanismo antigo. Na educação islâmica, 
havia um nítido interesse pela pesquisa e experimentação, em contraste com 
as restrições

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