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HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO

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HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO 
 
Palavra do Professor-Autor 
 
Olá caros estudantes, 
 
Teremos a oportunidade de estudar as formas de educar desde a antiguidade até os dias 
atuais, com amplo destaque para as instituições, processos e costumes educativos. 
Sublinhamos, de um lado, o aspecto social da educação e, de outro, as descontinuidades e as 
rupturas dentro do processo histórico. 
 
Este material didático, uma síntese interpretativa da prática educativa ao longo do tempo, 
baseada em pesquisas originais, não deve servir apenas como instrumento de consulta e 
informação. Deve, fundamentalmente, estimular a reflexão e a consciência crítica sobre as 
formas de educar do passado e presente, permitindo a comparação e a percepção das 
permanências e mudanças. 
 
Conscientes dos propósitos de nossos estudos, convidamos para uma grande viagem pela 
história da educação, começando pelas civilizações do oriente próximo, na antiguidade, 
passando pela Grécia, Roma, até chegar aos dias atuais. 
 
Todos estão prontos? É hora, pois, de zarpar! 
 
O autor. 
 
Antônio Vitorino Farias Filho 
 
Possui graduação e bacharelado em História pela Universidade Federal Fluminense (2002), 
especialização em Teoria e Metodologia da História pela Universidade Estadual 
 
Vale do Acaraú (Sobral-Ceará,) e Mestrado em História e Culturas pela Universidade Estadual 
do Ceará (2009). É doutor em História pela Universidade Federal de Pernambuco (2013). 
 
Atualmente é professor na Faculdade Princesa do Oeste, do Instituto Kairós (Ipu-Ce) e da rede 
estadual de ensino do Estado do Ceará. Ainda, é professor colaborador dos cursos de História 
do Instituto de Pesquisas Vale do Acaraú, Instituto de Formação e Educação Teológica e dos 
cursos de Pós-graduação em História ofertados pelas Faculdades INTA-Sobral. 
 
A história da educação sofreu fortemente com as transformações econômicas, sociais e 
políticas de cada época. Tais transformações também influenciaram o cenário educacional 
brasileiro. Com resultado, a sociedade passou a ter certas necessidades no âmbito 
educacional, o que acabou por modificar o currículo. 
 
Visando esclarecer melhor sobre o currículo, indicamos a leitura do livro “Sociedade, educação 
e currículo no Brasil – dos jesuítas aos anos de 1980”. O livro traz um recorte sobre os 
currículos no Brasil, desde a educação jesuítica até a década de 80, falando das necessidades 
da sociedade que foram amparadas pelas políticas educacionais e se transformaram em 
normas a serem cumpridas pelas instituições escolares. 
 
ZOTTI, Solange Aparecida. Sociedade, educação e currículo no Brasil: dos jesuítas aos anos de 
1980. Campinas: Autores Associados; Brasília: Plano, 
 
Agora é o momento de você trocar ideias com os autores das obras indicadas. 
Caro estudante, convidamos você a ler o livro de Maria Lúcia de Arruda 
Aranha, História da Educação e da Pedagogia, o qual irá possibilitá-lo 
compreender as relações entre educação e seu desenvolvimento no Brasil. 
Trata-se de uma obra que auxilia na interpretação de fatos nos contextos 
histórico, educacional e pedagógico. 
Diante das dificuldades que são explícitas na educação, a autora reitera a 
esperança de que um mundo mais justo e menos violento depende de políticas 
voltadas para a democratização das oportunidades de acesso à escola e à 
cultura. 
ARANHA, M. L. A. História da Educação e da 
Pedagogia: Geral e Brasil. São Paulo: Moderna, 2010. 
Sugerimos também a leitura da obra História da educação no Brasil, que faz 
um levantamento factual dos principais aspectos da educação brasileira, 
principalmente após 1930, e procura mostrar que a evolução do ensino 
brasileiro, tanto em relação à sua expansão quanto em seu modelo formal, 
respondeu a determinações de ordem econômica, social e política. 
ROMANELLI, O. O. História da Educação no Brasil. Petrópolis, Rio de 
Janeiro Vozes, 2010. 
Ao focarmos na história da educação verificamos que esta vem passando por várias 
transformações, mas ainda falta muito para tornar-se adequada, haja vista nela implicarem 
fatores sociais, econômicos e políticos. 
 
Sabemos que o Brasil é um país detentor de muitas riquezas em se tratando de energia, 
alimentos, água potável, dentre outros recursos. Pensemos então: tendo o Brasil um enorme 
potencial e recursos suficientes, por que historicamente a nossa educação foi carente de 
investimentos? Suponhamos que você fosse do Ministro da Educação e tivesse poder de 
decisão, quais procedimentos tomariam para melhorá-la? Você acredita que o fato de a 
educação não ser considerada prioridade é intencional? Por quê? 
 
1. A EDUCAÇÃO TRADICIONALISTA 
Conhecimentos 
Compreender a prática educativa adotada entre os povos da 
Antiguidade oriental. 
Habilidades 
Posicionar-se criticamente em relação às formas de educação 
adotadas pelos povos da Antiguidade oriental; 
Identificar semelhanças e particularidades entre as práticas educativas 
adotadas pelas primeiras civilizações e suas relações com o contexto 
histórico. 
Atitude 
Ser capaz de analisar como a educação foi transformada em estratégia 
de dominação 
 
 
A chamada Educação Tradicionalista corresponde à concepção de educação 
“elaborada” pelos povos da Antiguidade oriental, aqueles que antecederam os 
gregos e romanos do período clássico. Esses povos se desenvolveram num 
período marcado pelo crescimento da técnica e da especialização das funções, 
do incremento da agricultura, surgimento e desenvolvimento da pecuária e de 
excedentes comerciais. 
A sociedade tornou-se mais complexa em função de uma rígida divisão de 
classes e da religião organizada pelo Estado centralizador. As civilizações que 
se desenvolveram no norte da África e na Ásia (Oriente Próximo, Oriente 
Médio e Extremo Oriente) construíram as primeiras cidades com templos, 
palácios e monumentos, além de inventarem a escrita. 
O que há de semelhante entre todos esses povos, do ponto de vista da 
educação, é o seu caráter estático, com mudanças muitos lentas. O seu forte 
componente religioso contribuiu decisivamente para isso. A educação exigiu a 
criação de escolas, mas estas não estavam abertas apenas a classe dominante. 
Cenário Histórico 
As primeiras civilizações 
O processo de hominização percorreu um longo período que vai desde o 
surgimento de nossos ancestrais até a chamada Revolução Neolítica, por volta 
de 10.000 a.C., momento que inaugura o domínio do homem sobre o meio 
ambiente. Colocando a natureza a seu serviço, o homem, através do trabalho, 
passou a produzir seus meios materiais de existência. O surgimento da 
economia produtora, que caracteriza o período, é chamado por Gordon Childe 
1986) de Revolução Neolítica, cujas principais características foram o 
desenvolvimento da agricultura e a domesticação de animais. Além disso, o 
desenvolvimento da tecelagem e da cerâmica, juntamente com a agricultura e 
a pecuária, levou a uma nova divisão e especialização do trabalho que, por sua 
vez, deu origem a uma economia de troca, anunciando o aparecimento do 
comércio. 
A Revolução Neolítica levou à produção de excedentes alimentares, cujas 
consequências foram a normatização das condições de reprodução da vida 
humana e um significativo aumento demográfico. Ao lado disso, ocorreu 
também a transição do nomadismo para o sedentarismo, como consequência 
do desenvolvimento da agricultura. Data dessa época o surgimento de 
instituições como a família, a propriedade privada, as classes sociais e a 
religião. 
Por volta de 5.000 a.C., as transformações levaram ao surgimento de 
civilizações complexas nas regiões banhadas por rios. São os casos do Egito 
(rio Nilo), da Mesopotâmia (rios Tigre e Eufrates), da Índia (rios Indo e 
Ganges) e da China (rios Yangté e Hoang-Ho). Desta forma, as condições 
naturais favoreceram o aparecimento de civilizações agrícolas-sedentárias. A 
despeito das diferenças entre elas, todas desenvolveramEstados centralizados, 
assumindo a forma de governos teocráticos (cujo poder baseia-se na religião) 
e despóticos (o poder do governante sustentava-se na crença de sua origem 
divina). 
No que se refere à propriedade, as sociedades orientais se distinguiam tanto 
das comunidades tribais quanto das civilizações grega e romana, pois a terra 
não pertencia a todos, como nas tribos, nem a particulares, mas era 
propriedade estatal. 
O Estado, com seu corpo de funcionários, controlava a produção, arrecadava 
impostos, recrutava a mão de obra necessária à produção agrícola e às grandes 
construções como templos, palácios e monumentos. Com o crescimento do 
poder burocrático, centralizado e poderoso, crescia a importância de seus 
agentes (altos funcionários, sacerdotes e escribas, por exemplo). A essa 
minoria privilegiada, responsável pela administração “pública” e dos 
negócios, correspondia uma massa da população que se dedicava à produção, 
sustentava o Estado e era formada por escravos, mercadores, artesãos, 
soldados e camponeses obrigados à servidão. 
Outros povos que formam as civilizações da Antiguidade oriental, como os 
hebreus, os persas e os fenícios, embora com suas especificidades próprias, 
assemelhavam-se em muitos pontos às “civilizações hidráulicas”, aquelas que 
se desenvolveram em torno dos rios e tinham na agricultura sua principal 
atividade econômica. 
 
Civilização: De acordo com Vicentino e Dorigo (2010:57), o 
conceito de civilização é amplo e tem muitos significados. As origens 
históricas do termo são diversas, podendo referir-se aos bons modos 
ou hábitos de civilidade, à intelectualidade, a um estágio avançado 
do desenvolvimento da cultura humana, em oposição ao estado de 
barbárie ou selvageria. Civilização aqui equivale ao produto 
material e cultural do trabalho humano e às transformações da 
natureza, às organizações sociais, políticas e simbólicas construídas 
pelo homem. Nesse sentido, todas as culturas humanas podem ser 
consideradas civilizadas. 
 
 
Hominização: O desenvolvimento evolutivo do homem por 
características que o diferenciam de seus antepassados primatas. 
 
 
 
Educação nas primeiras civilizações 
 
Vimos que, com as transformações a partir da chamada 
Revolução Neolítica, as sociedades humanas tornaram-se mais 
complexas. Houve uma divisão sexual do trabalho e as mulheres, 
confinadas ao lar, tornaram-se dependentes dos homens. Da 
mesma forma, os seguimentos sociais se especializaram entre 
governantes, sacerdotes, mercadores, produtores e escravos, 
estabelecendo-se uma hierarquia de riqueza e poder. Tais 
mudanças foram seguidas de uma transformação na educação. 
Esta deixou de ser “igualitária”, isto é, acessível a todos, como 
nas comunidades tribais. Alguns poucos grupos privilegiados 
tinham acesso à educação e aos cargos burocráticos. À grande 
maioria da população eram negados não apenas o acesso aos 
cargos, mas também, e principalmente, o saber e a educação 
“formal”. Teve início o dualismo escolar, que, segundo Maria 
Lúcia de A. Aranha (2006:45), “destinava um tipo de ensino para 
o povo e outro para os filhos dos nobres e altos funcionários”. 
 
Portanto, a grande massa que compunha a população era 
excluída da escola. 
 
Parece unânime entre os autores que estudam a educação numa 
perspectiva temporal defender que nas civilizações orientais não 
havia uma reflexão predominantemente pedagógica, 
restringindo-se a orientações de como educar, presentes nos 
escritos sagrados. Estes ofereciam regras e modelos de conduta, 
seguindo valores religiosos e morais, com a finalidade, por um 
lado, de perpetuar os costumes e, portanto, as hierarquias de 
poder e sociais, e, por outro, evitar a transgressão das normas 
defendidas ou estabelecidas. 
 
O conhecimento da escrita era, por exemplo, bastante restrito 
em função de seu caráter sagrado e esotérico. Embora ao longo 
do tempo o número daqueles que procuravam a instrução tenha 
aumentado, apenas aqueles saídos da classe dominante 
chegavam aos graus superiores. 
 
Pedagógica: É preciso distinguir os conceitos de Educação e 
Pedagogia. O primeiro refere-se, em resumo, à prática efetiva de 
ensino, e o segundo, à ideia ou à filosofia que a norteia. 
 
Egito 
 
O rio Nilo foi o berço de uma das mais brilhantes civilizações do Oriente 
Antigo. Sob o governo teocrático dos faraós, o antigo Egito construiu sistemas 
de canais de irrigação, edificou templos, mumificou os mortos, desenvolveu a 
escrita hieroglífica, a astronomia, a medicina e a matemática, ainda que estas 
últimas tivessem um caráter prático. Desta forma, o desenvolvimento das 
ciências no Egito antigo estava relacionado, em grande parte, com a 
necessidade de aumentar o domínio da sociedade sobre a natureza. Devia 
solucionar problemas como o controle das inundações do rio Nilo, a 
construção de sistema hidráulico, a preparação da terra para a semeadura, o 
combate às doenças endêmicas e epidêmicas. 
As ciências que mais se desenvolveram foram a astronomia, a matemática e a 
medicina. As pesquisas no campo da astronomia procuravam estabelecer 
relações entre o movimento dos astros e o fluxo das águas do Nilo. Os 
egípcios desenvolveram um calendário solar que substituiu o calendário lunar, 
dividiram o ano em 365 dias e o dia em 24 horas. Na matemática, 
desenvolveram-se a aritmética e a geometria. O progresso desta última pode 
ser avaliado pela construção dos templos e pirâmides. Por fim, o estudo do 
corpo humano e o aperfeiçoamento das técnicas de mumificação 
impulsionaram o desenvolvimento da anatomia. 
O desenvolvimento da ciência e do conhecimento de um modo geral não eram 
acompanhados de uma reflexão teórica, nem de princípios ou leis científicas, 
algo que coube aos gregos. Estas atividades exigiam um esforço muito grande 
do Estado, o que explica, em parte, o fato do conhecimento estar restrito a 
poucos, como os sacerdotes, que submetiam os alunos a práticas de iniciação. 
As escolas, como demonstra Aranha (2006), eram frequentadas por pouco 
mais de vinte alunos cada uma. Embora já se perceba a institucionalização das 
escolas, elas não funcionavam em locais especializados, construídos com esta 
finalidade, mas em templos e em algumas casas. O professor sentava-se em 
uma esteira e ao redor dele ficavam os estudantes, geralmente ao ar livre. Os 
textos eram lidos em voz alta e em conjunto com o objetivo de que fossem 
memorizados. O ensino autoritário tinha por objetivo levar à obediência. 
Numa sociedade autocrática, a educação devia ensinar aos alunos o valor da 
obediência, da subordinação, haja vista a punição ter um papel pedagógico. 
A finalidade da educação, no entanto, não era apenas ensinar a obedecer. Era 
sua função também contribuir para que o estudante adquirisse a arte de falar 
bem e do convencimento, pelo menos para aqueles que faziam parte de 
conselhos ou deviam discursar para as multidões. Nesse sentido, os egípcios 
antecedem os sofistas, pelo menos, nestes dois pontos. 
A educação física não era negligenciada. Destinava-se aos nobres e guerreiros, 
centrando-se inicialmente na natação. Mais tarde, as atividades de tiro com 
arco, corrida, caça e pesca foram incorporadas ao ensino. 
Na educação dos escribas, enfatizava-se a arte de escrever bem, uma vez que 
eles eram os encarregados dos registros de atos oficiais e, em menor escala, 
dos registros comerciais. Além disso, a sua função era escrever, registrar 
dados numéricos, redigir leis, copiar e arquivar informações. No Egito eram 
funcionários reais e gozavam de condição privilegiada, sobretudo por volta do 
final do terceiro milênio a.C. e começo do segundo. 
Segundo Aranha (2006), o ensino formava não apenas funcionários que 
assumiriam postos na burocracia estatal, mas também preparava médicos, 
engenheiros e arquitetos. Havia ainda outro tipo de ensino voltado para os 
ofícios especializados, paraformar artesãos e para o treinamento dos 
guerreiros, o que separava a escola nos seus objetivos “intelectuais” ou 
“práticos”. A despeito disso, a grande maioria da população estava excluída 
da escola “formal”. 
 
 
Mesopotâmia 
 
A estreita faixa de terra entre os rios Tigre e Eufrates foi chamada pelos 
gregos, na Antiguidade, de Mesopotâmia. A partir da segunda metade do 
quarto milênio a.C., a região foi invadida por diversos povos, entre os 
principais estão os sumérios, acádios, babilônios, assírios e caldeus. A cultura 
dos sumérios (religião, arte, leis e literatura) serviu de base para o 
desenvolvimento da civilização mesopotâmica e permaneceu por milênios 
com pequenas alterações. 
À semelhança do Egito antigo, desenvolveu-se ali uma civilização baseada na 
agricultura e no regadio. Essa atividade estava apoiada numa vasta rede de 
canais e aquedutos, utilizados para sanear os pântanos, fertilizar a terra e 
controlar a distribuição da água. 
Uma economia agrícola, apoiada num complexo sistema de drenagem e 
irrigação, serviu de base para o surgimento de uma sociedade de castas, 
extremamente hierarquizada, portanto, que se organizou em impérios 
teocráticos e desenvolveu uma brilhante cultura. A escrita cuneiforme, os 
templos e os palácios, o Código de Hamurabi e os Jardins Suspensos da 
Babilônia são exemplos das realizações dos povos mesopotâmicos. 
Como no Egito, as ciências eram dominadas pela religião. Muito tênue era a 
fronteira que separava a medicina da magia, a matemática da cabala e a 
astronomia da astrologia. A matemática foi desenvolvida pelos caldeus nos 
campos da álgebra e da geometria. A astronomia foi a ciência que alcançou 
maior progresso; praticada pelos sacerdotes, estes utilizavam as torres dos 
templos como observatórios. Em suas pesquisas chegaram a prever eclipses e 
estabelecer o movimento dos astros. 
No segundo milênio a.C., Hamurabi, rei do Primeiro Império Babilônico, foi o 
responsável pelo primeiro código de leis escrito na história do Oriente Antigo, 
considerado o maior legado mesopotâmico no plano das leis. Legislava sobre 
questões penais, direito de propriedade, relações familiares, religião e 
comércio. Segundo a tradição, considerava-se que as leis resultavam da 
autoridade divina e, como tal, não podiam ser transgredidas, o que supunha 
castigos severos. 
Dispondo de amplos conhecimentos, os mesopotâmios construíram bibliotecas 
e no campo da ciência tiveram progressos significativos. No entanto, como 
vimos, estes saberes não conseguiram se desvincular do misticismo. Para os 
estudiosos, por exemplo, as doenças seriam causadas por demônios e a 
posição dos astros revelava a vontade dos deuses. 
Quanto à educação, não dispomos de grandes informações. Sabe-se, no 
entanto, que predominava uma educação doméstica em que os conhecimentos, 
crenças e habilidades eram transmitidos de pai para filho. Com os assírios 
(1300-612 a.C.), os quais formam um imenso império que se estendeu para 
toda a Mesopotâmia e extrapolou os seus limites geográficos, foram criadas 
escolas públicas objetivando impor os valores dos conquistadores. Mais tarde, 
fundaram-se instâncias de educação superior (centro de estudos de história 
natural, astronomia e matemática) criadas nos palácios reais. Os assírios 
ergueram ricas bibliotecas no interior dos templos. 
A cultura dominante era formada por uma poderosa classe sacerdotal, 
detentora do saber e encarregada da educação. A escola formava os escribas, 
encarregados de ler e copiar os textos religiosos e, ainda, registrara transações 
comerciais. O aprendizado era longo, minucioso e voltado para a preservação 
da cultura. 
 
 
Índia 
 
Por volta do terceiro milênio a.C., começou a desenvolver-se, às margens dos 
rios Indo e Ganges, a civilização indiana. No decorrer do segundo milênio 
a.C., de forma lenta, com imigrações e invasões, o sul da Índia registra a 
chegada de povos seminômades indo-europeus, chamados de ário ou arianos. 
Ariano é a forma genérica pela qual são chamadas as pessoas de pele clara 
originárias de algumas das cerca de cinquenta tribos nômades que habitavam a 
região do Cáucaso – área que abrange parte dos territórios atuais de Rússia, 
Geórgia, Azerbaijão e Arménia. Dominando a escrita, os ários descreveram 
sangrentos conflitos por meio dos quais teriam se instalado no vale do rio 
Indo. Estes textos, que foram escritos em sânscrito, são conhecidos como 
vedas, que significa “conhecimento”. Por isso, a civilização que surge nesse 
momento é chamada de védica. Mais tarde, avançaram em direção ao vale do 
Ganges. 
 
A civilização védica está na base histórica da Índia como a conhecemos. Sua 
cultura foi compilada pelos diversos reinos que se formaram na região. 
Caracteriza-se pela religião – o hinduísmo e, posteriormente, o bramanismo – 
e pela forma de organização social – o sistema de castas. 
O hinduísmo fundamentava-se nas crenças descritas nos Vedas, com a 
adoração de várias divindades, e mesmo animais, e a crença na reencarnação. 
Seus seguidores tinham como objetivo principal a plena purificação (o 
chamado nirvana), que poria fim ao eterno ciclo do nascimento, a morte e a 
reencarnação. Com o passar do tempo, o hinduísmo sofreu transformações, 
incorporou novas divindades, dando origem a uma religião mais complexa, 
conhecida como bramanismo. Entre as principais divindades do bramanismo 
estão Brahma, criador do universo, Vishnu, deus da conservação e Shiva, deus 
da destruição. 
O domínio dos guerreiros (xátrias) e dos sacerdotes (brâmanes) sobre os 
demais grupos sociais indianos fundamenta o sistema de castas. Castas são 
grupos sociais fechados, compostos de pessoas que exercem a mesma posição. 
Nesse sistema não se pode passar de uma casta a outra. As mais importantes 
castas eram formadas pelos árias. Os sacerdotes ficavam no topo da hierarquia 
social, na casta dos bramares. Em seguida, estavam os xátrias (nobres, 
guerreiros e administradores), os vaixás, ou comerciantes, e os sudras, 
artesãos e trabalhadores manuais não arianos. Na base da hierarquia social 
estavam os párias, pessoas excluídas da sociedade, sem direito à instrução, 
ouvir os hinos védicos e viver nas cidades. 
Nessa sociedade a educação era privilégio das castas superiores, embora não 
fossem comuns as escolas. Geralmente os pais eram responsáveis pela 
educação dos filhos, como base nos textos Vedas, livro sagrado compostos 
por hinos e preces. Havia nesta sociedade hierarquizada, portanto, uma 
extrema discriminação. A educação, também discriminatória, privilegiava os 
brâmanes. Com a orientação dos professores, eram estudados os textos 
sagrados dos Vedas e dos Upanishards; estes, textos mais recentes, datam do 
período entre 1500 e 500 a.C. 
As aulas ocorriam, geralmente, ao ar livre, sob árvores e dependiam da 
iniciativa privada. O mestre era muito respeitado e havia uma disciplina, mas 
que não abusava dos castigos. Predominava o ensino religioso com destaque 
para os preceitos morais. O aprendizado caracterizava-se pela memorização. 
Por isso, não havia grande interesse pela educação física. Inicialmente apenas 
os brâmanes atingiam os estudos superiores. Nestes, estudavam não apenas a 
religião, mas também gramática, literatura, astronomia, matemática, filosofia, 
direito e medicina. Com o tempo, outros grupos sociais passaram a ter acesso 
a esse tipo superior de educação, enquanto outros seguimentos apenas 
recebiam educação elementar, da qual estavam excluídos os sudras e os 
párias. 
 
 
China 
Por volta de 7000 a.C., surgiram as primeiras aldeias às margens dos rios na 
região que hoje forma a China. Foi no vale do rio Huang Ho (rio Amarelo), no 
norte da China, que a agricultura mais se desenvolveu, o que levou à formação 
de muitas comunidades. Com o passar do tempo, esses povoados se 
transformaram em pequenos Estados governados por chefes cujo poder era 
transmitidopor meio de laços familiares. Estes pequenos Estados foram 
unificados formando um império, governado por várias dinastias. Após certo 
período, o império se expandiu por extensas áreas, tornando a sociedade e as 
relações econômicas e políticas mais complexas. 
Durante os sete séculos governados pela dinastia Shang, que reinou até o 
século XI a.C., a China viveu uma era de florescimento cultural, com a 
criação de uma escrita primitiva (Yinxu), que originou a atual escrita chinesa, 
feita com ideogramas, símbolos gráficos ou desenhos que representam ideias, 
sentimentos ou conceitos. Ainda durante a dinastia Shang, foi desenvolvido 
um calendário com 365 dias, o uso de conchas como dinheiro, a criação de 
instrumentos musicais, como tambores e sinos, e o descobrimento da técnica 
de fabricar tecidos de seda com base nos casulos do bicho-da-seda. Durante 
esse período, os chineses acreditavam em vários deuses, consultavam oráculos 
e realizavam sacrifícios de humanos e animais em nome dos deuses. 
Com o fim da dinastia Shang, segue-se uma disputa pelo poder, dando início a 
um período de lutas que acabou levando a uma crise estrutural da sociedade. 
Essa crise provocou reflexões a respeito do papel do Estado, das leis e dos 
governantes. Da mesma forma, estimulou o nascimento de teorias filosóficas, 
como o taoísmo e o confucionismo. Esta última, ainda hoje influente na 
China, foi elaborada por Koung Fou Tseu (551-479 a.C.), conhecido no 
ocidente como Confúcio, que se dedicou a pensar como o Estado, os 
governantes e os indivíduos poderiam viver em uma sociedade harmônica e 
feliz. O confucionismo sustenta os princípios de altruísmo, cortesia ritual, 
conhecimento ou sabedoria moral, integridade, fidelidade e justiça, retidão e 
honradez. 
O taoísmo, por sua vez, foi fundado por Lao Tsé (cerca de 570-490 a.C.). 
Defendia o abandono das vaidades do mundo, o retiro da vida pública e a 
dedicação à meditação solitária, que seria o caminho (tao) para uma 
integração íntima com o universo. 
Uma característica marcante da sociedade e da cultura chinesas é o 
tradicionalismo. Isso acabou refletindo na educação que reproduziu esse 
conservadorismo era voltada para a transmissão da sabedoria contida nos 
livros clássicos. 
 
Talvez o livro canônico, ou clássico, mais antigo seja o I Ching (Livro das 
mutações), cuja origem não é possível datar. Trata-se de um tipo de oráculo 
que até hoje é consultado pelos orientais. Lao Tsé e Confúcio, que viveram no 
século VI a.C., buscaram inspiração nesse livro. 
 
Ao contrário de outras sociedades, cujo saber estava nas mãos da classe 
sacerdotal, na China o poder estava com os letrados, os mandarins, altos 
funcionários e responsáveis pela burocracia do Estado, da confiança do 
imperador. Havia um rigoroso sistema de seleção para o ensino superior, 
baseado em exames oficiais direcionados às diversas atividades 
administrativas. Os cursos restringiam-se à classe dominante, enquanto as 
oficinas eram reservadas para os artesãos e camponeses. 
 
De acordo com Aranha (2006), a educação elementar tinha por objetivo o 
ensino do cálculo e a alfabetização. Devido à complexidade da escrita chinesa, 
esse processo era difícil e demorado. A formação moral baseava-se na 
transmissão dos valores dos ancestrais. O ensino era caracterizado por ser 
rigoroso e dogmático, com ênfase na memorização. 
Os Hebreus 
No início do segundo milênio a.C., os hebreus estavam estabelecidos nas 
imediações da cidade de Ur, na Mesopotâmia. Vivendo do pastoreio, 
organizavam-se em clãs ou tribos, grupos familiares dirigidos pelos homens 
mais idosos, a quem chamavam patriarcas. Segundo a primeira parte da 
Bíblia, coube a Abraão, primeiro dos patriarcas, obedecendo a uma ordem 
divina, partir com o seu povo em direção à Terra Prometida, chamada depois 
de Canaã ou Palestina. Mais tarde, pressionados pela escassez de alimentos, 
deixaram a Palestina e migraram para o Egito, onde depois de viverem bem, 
foram escravizados. Tempos depois, conduzidos por um novo chefe, Moisés, 
eles fugiram do vale do Nilo e retornaram à Palestina (Êxodo). 
Os hebreus não se destacaram nos campos da arte ou da ciência e sim por suas 
realizações no direito e na literatura. No entanto, a sua mais importante e 
original realização foi no plano religioso ao elaborarem o judaísmo. Este se 
baseia na existência de um único Deus e no culto de Iavé (Jeová), Deus 
indivisível e incorpóreo, cuja imagem não deveria ser reproduzida em pinturas 
ou estátuas. Os hebreus, povo escolhido, não poderiam adorar outros deuses e 
deviam respeitar os Dez Mandamentos que Moisés gravou nas Tábuas da Lei. 
Os hebreus foram os primeiros povos a estabelecer um monoteísmo ético, isto 
é, a exigência de que os seguidores do judaísmo tivessem um comportamento 
moral baseado no respeito ao próximo. 
A educação era prerrogativa dos profetas que, acreditava-se, eram os 
mensageiros de Deus e os escolhidos para “educar o povo” com rigor e 
disciplina na interpretação da Lei e castigar repreendendo com violência 
aqueles que não seguirem os seus ensinamentos, estes organizados em torno 
da interpretação da Lei divina. De início, as sinagogas também se 
transformavam em escolas ou locais para a instrução religiosa e não apenas 
centros de oração e de vida religiosa e civil, pela qual se transmitiam as 
verdades bíblicas. A educação tinha um caráter religioso, voltada tanto para a 
“palavra” quanto para os costumes. Os conteúdos de ensinamentos eram 
trechos escolhidos da Torá, que significa “ensinamento” ou “instrução”, 
formada por cinco livros sagrados. 
 
 
 
 
 
 
2. A EDUCAÇÃO CLÁSSICA: GRÉCIA E ROMA 
 
 
Conhecimentos 
Compreender o modelo de formação humanística adotado pela civilização 
clássica (greco-romana) e seus desdobramentos. 
Habilidades 
Reconhecer o desenvolvimento do modelo de educação nas sociedades da 
chamada Antiguidade clássica. 
Atitude 
Perceber e analisar como a educação, nas civilizações clássicas, passa a ser 
encarada como um problema essencial da humanidade. 
 
Educação Clássica: o caso da Grécia Antiga 
Chamamos de educação clássica o ensino desenvolvido no Ocidente, entre os 
gregos e romanos, durante o século V a.C e o século V d.C. 
Enquanto parte das civilizações da Antiguidade Oriental surgiram em torno de 
rios, as civilizações da Antiguidade Clássica surgiram nas penínsulas 
(balcânica e itálica) da bacia do Mediterrâneo. As primeiras foram agrícolas-
sedentárias, enquanto as civilizações peninsular-mediterrânicas da 
Antiguidade Clássica foram mercantis-escravistas. 
A civilização grega surgiu no extremo-sul da península balcânica (Hélade), 
cujos povoadores, os indo-europeus, deram origem aos gregos ou helenos. 
Estes se organizavam em Cidades-Estado (póleis, em grego), fundaram 
colônias no mediterrâneo e eram um povo de navegadores e comerciantes. A 
cultura clássica (helenismo) atingiu seu apogeu no chamado “Século de 
Péricles” (século V a.C.) e logo depois a Grécia foi dominada pelos 
Macedônios. Os principais legados da cultura grega para o ocidente foram a 
filosofia, a ciência e a democracia. 
Os valores gregos foram expandidos pelos macedônios para o mundo até 
então conhecido, conquistado por Felipe da Macedônia, no processo de 
helenização do Oriente. 
O declínio grego-macedônio coincidiu com a ascensão de Roma, cidade 
surgida na Itália central. Em sua evolução política, Roma conheceu, 
sucessivamente, a Monarquia, a República e o Império. Após a conquista da 
Itália, Roma realizou a conquista do Mediterrâneo e unificou o mundo de sua 
época. Em sua expansão para o Oriente, incorporou a cultura grega, que se 
fundiu com a latina e deu origem a cultura greco-latina. Além do papel de 
intermediária entre a Grécia e o Ocidente, Roma transmitiu-nos um legado 
cultural próprio, cujas contribuições mais importantes foram o Direito 
Romano, a literatura, a língua latinae o Cristianismo. 
 
 
 
Cenário Histórico 
O Período Homérico e a Civilização Micênica 
No segundo milênio a.C., a Grécia foi invadida por diversas tribos nômades-
pastoris originárias das planícies da Europa Oriental (aqueus, jônios, eólios e 
dórios) e deram origem à civilização grega. Por volta de 1700 a.C., os aqueus 
fixaram-se na Península do Peloponeso, ao sul da Grécia. Conquistaram a 
cidade de Micenas, erguida ali pelos cretenses, e por meio do mar Egeu 
estabeleceram contato com a ilha de Creta. Os contatos entre aqueus e 
cretenses levaram a formação da civilização micênica ou creto-micênica que, 
por sua vez, exerceu influência significativa sobre a civilização grega. A 
disputa pela supremacia no mediterrâneo levou a luta entre aqueus e cretenses, 
culminando com a destruição destes últimos. Por volta de 1200 a.C., os dórios 
invadiram a Grécia. A conquista do Peloponeso provocou a fuga de parte dos 
aqueus para as ilhas do mar Egeu e para as costas da Ásia Menor, cuja 
consequência foi a colonização dessas regiões pelos gregos. 
Iniciaram-se os tempos homéricos (século XII-VIII a.C.), assim chamados em 
função de ter supostamente vivido ali, naquela época, o poeta Homero, autor, 
acredita-se, da Ilíada e da Odisseia, poemas épicos. Estes poemas, obras 
primas da literatura grega, revelam aspectos fundamentais da vida da Grécia 
micênica e pós-micênica, cuja organização baseava-se na comunidade 
gentílica. Esta era formada por um grupo de pessoas aparentadas por laços 
consanguíneos e descendentes de um antepassado comum. A economia 
gentílica, agrícola e pastoril baseava-se na propriedade comunitária da terra. A 
sociedade era igualitária e se caracterizava pela inexistência de classes sociais. 
Ao fim do período homérico, o crescimento demográfico e a escassez de 
terras férteis levaram à desagregação da comunidade gentílica. Data dessa 
época o início da formação das Cidades-Estado. 
O Período Arcaico (Século XVIII-VI a.C.) 
Esse é um período marcado por grandes transformações econômicas e sociais 
e caracterizado pelo surgimento e desenvolvimento das Cidades-Estado 
(póleis). Com o processo de emigração do século VIII que marca o 
encerramento do Período Homérico, numerosas colônias foram fundadas. O 
mundo grego, até então restrito à Grécia, as ilhas do mar Egeu e ao litoral da 
Ásia Menor, estendeu-se para o Oriente e para o Ocidente. 
A colonização e as relações entre a Grécia continental e as novas colônias 
ocasionaram grandes transformações. Desenvolveram-se a indústria e a 
construção naval; o comércio marítimo assumiu dimensões internacionais. 
Como efeito, surgiu na sociedade grega, uma rica classe média de artesãos, 
armadores e comerciantes. No entanto, a concorrência dos produtos 
importados arruinou os pequenos agricultores e concentrou a propriedade da 
terra nas mãos da aristocracia. As cidades foram atingidas por uma forte crise 
social e política. Desencadeou-se uma luta entre o povo (demos) e a 
aristocracia. A situação acarretou o surgimento de tiranos e legisladores. Os 
primeiros buscaram a solução por meio de reformas e os segundos lideraram 
insurreições populares e conquistaram o poder pela violência. Nas póleis, 
onde a vitória coube à nobreza, consolidou-se o regime aristocrático. Naquelas 
em que o demos foi vitorioso, as reformas conduziram a democracia. 
As muitas transformações levaram ao desenvolvimento de reflexões que 
culminaram com o surgimento do pensamento racional. Além do surgimento e 
desenvolvimento da pólis, a introdução da escrita, a utilização da moeda e a 
lei escrita por legisladores também são realizações desse momento. 
Segundo Jean-Pierre Vernant (2008), a filosofia nasce com a pólis, esta uma 
criação humana e não divina. A filosofia surge no momento histórico em que 
se afirma a utilização da razão (logos), em substituição ao mito (alegoria) para 
resolver os problemas da vida, vinculada ao surgimento da cidade-Estado. A 
prática constante da discussão política em praça pública (ágora) pelos 
cidadãos, principalmente em Atenas a partir de Clístenes, teria contribuído 
para o raciocínio bem formulado e convincente. Com o tempo, teria se tornado 
o modo adotado para se refletir sobre as coisas. A filosofia, assim, é filha da 
pólis. 
Pólis: Significa cidade-estado. Na Grécia Antiga, a pólis era um pequeno 
território localizado geograficamente no ponto mais alto da região, e cujas 
características eram equivalentes a uma cidade. O surgimento da pólis foi um 
dos mais importantes aspectos no desenvolvimento da civilização grega. 
 
Período Clássico 
O período clássico grego corresponde, tradicionalmente, aos séculos V e IV 
a.C. Neste período a Grécia atingiu, ao mesmo tempo, o seu apogeu e 
decadência. O primeiro caso coincide com o governo de Péricles, em Atenas, 
que aperfeiçoou a democracia. Péricles, no século V, contratou os melhores 
arquitetos e escultores da época. Estes ergueram tribunais, templos, teatros e 
ginásios. O Parthenon, templo dedicado à deusa Palas Atenas, protetora da 
cidade, é considerado uma das obras mais destacadas. 
O governante de Atenas também estimulou as artes. Foi no século V a.C. que 
surgiram os primeiros relatos históricos, com as obras de Heródoto e 
Tucídides que abordaram, respectivamente, as Guerras Médicas e a Guerra do 
Peloponeso. A filosofia ganhou destaque com Sócrates, Platão e Aristóteles, e 
a medicina se desenvolveu com Hipócrates. 
Foi no “Século de Péricles”, como ficou conhecido o século V a.C., portanto, 
que a produção nas artes, literatura e filosofia delineou a herança cultural dos 
gregos para o mundo ocidental. 
O período clássico marca também a decadência da Grécia, assolada por 
conflitos internos. 
Período Helenístico 
Este período inicia-se com a conquista da Grécia pela Macedônia, no século 
IV a.C., e estende-se até o século II a.C. Inicialmente governados por Felipe 
II, os macedônios conquistaram a Grécia, enfraquecida pelas lutas internas, e 
logo partiram para a conquista do Oriente. Coube a Alexandre, o Grande, filho 
de Felipe II, conquistá-lo. 
Educado por Aristóteles, Alexandre assimilou a cultura grega e foi 
responsável pela conquista da Ásia Menor, a Pérsia, chegando às margens do 
rio Indo, na Índia. A sua grande obra, no entanto, deu-se no plano cultural que 
sobreviveu ao esfacelamento de seu império. A expansão de Alexandre 
acabou por difundir a cultura grega pelo Oriente. As cidades fundadas por eles 
(várias delas batizadas com o seu nome) tornaram-se verdadeiros centros de 
difusão da cultura grega. Denominamos de Helenismo ou cultura helenística a 
fusão da cultura grega com a cultura oriental. 
Educação Integral ou Paideia 
Segundo Gadotti (2006), a Grécia serviu de berço da cultura, da civilização e 
da educação ocidental. O desenvolvimento cultural dos gregos, com sua visão 
universal e reflexão sobre o mundo e a existência, produziu uma maneira 
original de lidar com a educação, cuja ênfase era dada na formação integral, 
que consistia na integração entre a cultura e a sociedade. Essa concepção 
gerou o conceito de paideia, palavra que teria surgido por volta do século V 
a.C., de difícil definição, mas que exprimia um ideal de formação integral, 
humanística. 
São os gregos que, pela primeira vez, colocam a educação como problema 
essencial da humanidade, produzindo uma reflexão filosófica sobre sua 
importância na formação humana. A partir dos sofistas, e com os filósofos 
socráticos e pós-socráticos, é que o conceito de educação alcança o estatuto de 
reflexão filosófica. 
Os gregos deram um valor desmedido à arte, à literatura, às ciências e à 
filosofia. A educação do homem integral deveria dar conta da formação física, 
do corpo (pela ginástica), da mente (pela filosofia e pelas ciências) e da moral 
e dos sentimentos (pela música e pelas artes). Portanto, os estudantes 
deveriam ser submetidos a um programaque atendesse a todos os aspectos da 
vida humana. Nesse tipo de educação os gregos estudavam literatura, história, 
geografia, gramática, retórica, ginástica, ciências, música e outros 
conhecimentos. 
No início, antes da escrita, a educação ficava a cargo da própria família, 
conforme a tradição religiosa. Com a constituição da aristocracia dos senhores 
de terra, os jovens da classe dominante eram confiados a preceptores. As 
escolas somente aparecem com as primeiras póleis, tendo como finalidade 
atender a procura por instrução. No período clássico a escola já se encontrava 
estabelecida, sobretudo em Atenas. 
O aumento de estabelecimentos escolares na Grécia não representa uma 
“democratização” do ensino, uma vez que a educação permanecia elitizada, 
atendendo principalmente aqueles jovens oriundos das famílias tradicionais da 
antiga nobreza ou das famílias de enriquecidos mercadores. 
A educação era reservada aos homens livres. Ser livre, como esclarece Gadotti 
(2006) significava não ter preocupações materiais, com o comércio ou com a 
guerra, atividades reservadas às classes inferiores. O chamado ócio digno 
significava dispor de tempo livre, prerrogativa daqueles que não precisavam 
se preocupar com a subsistência. Lembramos que a sociedade grega clássica 
era escravista e, dependendo do período, existiam dezessete escravos para 
cada homem livre. 
Para este mesmo autor, o caráter da educação grega aparecia na exigência de 
que o ensino estimulasse não apenas a competição e as virtudes guerreiras 
para manter a superioridade militar sobre as classes subalternas e submetidas, 
mas também ser capaz de permitir-lhes mandar e ser obedecido. 
A educação física, que no início teve um caráter predominantemente militar e 
guerreiro, passa a ser orientada para os esportes. Nas escolas onde a formação 
física teve papel destacado, o ensino das letras e cálculos demorou para se 
difundir, sendo, no entanto, uma realidade em quase todo lugar por volta do 
século VI a.C., ou mesmo depois, no século V a.C. Ao poucos, a formação 
espiritual suplantará, em quase toda a Grécia, com exceções, como é o caso de 
Esparta, a formação física. 
Modelos de educação: Esparta e Atenas 
A Grécia nunca formou um estado unificado, como vimos. A sua unidade era 
dada pela cultura. No entanto, no que diz respeito à educação, havia 
divergências para além dos pontos semelhantes que uniam os gregos. As 
Cidades-Estado eram politicamente autônomas e o modo de educar variou 
entre elas. Os exemplos sempre destacados apontam para os casos de Atenas e 
Esparta, cujas formas de educação singulares correspondem ao processo 
histórico particular de cada cidade e a forma como estas sociedades se 
organizaram. 
Esparta 
Esparta constituiu um caso excepcional entre as póleis gregas, cuja evolução 
se assemelhou mais à de Atenas. Fundada pelos dórios no interior do 
Peloponeso, organizou-se como uma fortaleza erguida em solo inimigo. Os 
espartanos (ou esparciatas, classe dominante, descendentes dos guerreiros 
dórios) eram educados como cidadãos-soldados, mobilizados 
permanentemente para a Guerra. A cidade-estado era militarista, aristocrática 
e conservadora. 
Em Esparta, ao contrário do que ocorreu em Atenas, a educação priorizou 
sempre a formação física e militar sobre a formação do espírito e do intelecto. 
A educação espartana submetia totalmente o indivíduo ao interesse do Estado, 
subordinando a vida familiar ao convívio coletivo e incutindo no cidadão-
soldado um cego amor à pátria. A educação dada pelo Estado começava aos 
sete anos, quando as crianças eram tiradas de suas famílias e iam para 
comunidades constituídas por grupos de acordo com a idade. Eram 
supervisionadas por aqueles responsáveis pela instrução. 
Nesta fase, as crianças estudavam, como todo grego que tinha acesso à 
educação, música, canto e dança. Aos doze anos iam viver em acampamentos, 
dedicados ao treinamento físico e à formação militar. Os jovens aprendiam os 
segredos da luta corporal e do manejo das armas. Aprendiam a suportar a 
fome, o frio e a controlar seus sentimentos diante de castigos físicos, 
sobretudo a raiva, essencial na luta contra os inimigos. A educação moral 
valorizava a obediência, a aceitação dos castigos físicos, o respeito aos mais 
velhos e privilegiava a vida comunitária. Ao vinte anos, após se submeter ao 
teste da Krypteia, o indivíduo estava preparado para ingressar no exército. Em 
estado de mobilização permanente, o cidadão-soldado servia no exército até 
os sessenta anos quando, se pertencesse a uma família notável, poderia 
integrar as instituições políticas responsáveis pela administração da pólis. 
Por valorizar a formação militar, os espartanos não eram dados aos 
refinamentos intelectuais, nem apreciavam os debates e os discursos longos, 
como em Atenas. No entanto, em Esparta se oferecia uma maior atenção às 
mulheres, cuja função essencial era gerar filhos robustos e saudáveis. Por isso, 
elas participavam das atividades físicas. 
É preciso esclarecer que apenas a classe dominante, formada por aqueles que 
acreditavam ser descendentes dos dórios, tinha o direito à educação estatal. 
Atenas 
A educação em Atenas pautava-se por outros valores. Em suas escolas, 
mesmo aristocráticas, ao lado da formação física, destacava-se a formação 
intelectual, necessária para participar dos destinos da cidade. Buscava-se o 
conhecimento da verdade, do belo e do bem. Com a ascensão da classe dos 
comerciantes e o crescimento da cidade, em oposição à aristocracia, que 
tradicionalmente teve o poder em suas mãos, impôs-se outra forma do 
exercício do poder e, por conseguinte, uma nova educação. 
Se no início a educação fora aristocrática, sob a tutela da família, com o passar 
do tempo surgiram as escolas, já no século VI a.C. Embora o Estado já 
perceba a importância da educação, ela não se tornou obrigatória nem gratuita, 
predominando pois a iniciativa particular. 
A educação começava aos sete anos. As meninas permaneciam em casa e se 
dedicavam aos afazeres domésticos, enquanto os meninos desligavam-se da 
autoridade da mãe para iniciar a alfabetização e a educação física e musical. 
O estudo primário, ou elementar, destinava-se a ensinar a leitura do alfabeto, 
escrita e cálculo, enquanto os estudos secundários compreendiam a educação 
física (corrida a pé, salto em distância, lançamento do disco e do dardo, luta, 
ginástica, etc.), a artística, que incluía o desenho, o domínio da lira, o canto e 
o coral, os estudos literários, compreendendo o estudo das obras clássicas, 
sobretudo, de Homero, a filologia (leitura, recitação e interpretação de textos) 
e científicos, que compreendiam o estudo da matemática, da geometria, da 
aritmética e da astronomia. 
De acordo com Gadotti (2006), no ensino superior prevalecia o estudo da 
retórica (a arte do bem falar) e da filosofia. Os estudos filosóficos 
compreendiam, geralmente, seis tratados: a lógica, a cosmologia (estudo dos 
astros), a metafísica, a ética, a política e a teodiceia. 
A educação elementar completava-se aos treze anos. Os mais pobres saíam em 
busca de um ofício, enquanto os jovens de família rica prosseguiam nos 
estudos. Dos dezesseis aos dezoito anos a educação assumiu uma dimensão 
cívica de preparação militar, instituição criada no século VI a.C., conhecida 
como efebia (efebo = jovem). Com a abolição do serviço militar em Atenas, a 
efebia passou a constituir a escola em que se ensinava filosofia e literatura. 
Somente no século V a.C., com os sofistas, é que teve início uma espécie de 
educação superior. Segundo alguns estudiosos, as lições dos sofistas tinham 
como principal objetivo o desenvolvimento do poder da argumentação, a 
habilidade retórica, bem como o conhecimento de doutrinas divergentes. 
Dessa forma, eles transmitiam todo um jogo de palavras, raciocínios e 
concepções úteis para driblar as teses dos adversários e convenceras pessoas. 
A democracia ateniense proporcionou um número maior de habitantes na 
discussão sobre temas práticos e públicos, favorecendo também o 
desenvolvimento de uma cultura que valorizava o uso da palavra e da razão. 
As habilidades argumentativas e dialéticas dos cidadãos tornaram-se um bem 
cada vez mais apreciado. Foi nesse contexto que apareceram os sofistas. Seus 
ensinamentos foram valorizados, pois a política precisava de cidadãos que 
soubessem convencer pela palavra. 
Finalmente, é preciso esclarecer que a educação formal atendia aos interesses 
da classe dominante, excluindo assim a maior parte da população do saber 
ministrado nas escolas. 
A cosmologia estuda a estrutura, a evolução e composição do universo. 
Metafísica: significa “o que está para além da física”. 
Teodiceia: Parte da metafísica que trata de Deus, de sua existência e de seus 
tributos. 
 
A educação clássica - O caso de Roma: a humanistas 
Por intermédio do Império Romano, espalhou-se a língua latina, os seus 
costumes, transmitindo também a cultura grega, da qual era depositária. Em 
contato com os gregos, os romanos adotam o seu modelo de educação, 
apresentando, neste campo, algumas particularidades, como veremos adiante. 
 
Cenário Histórico 
A cidade de Roma surgiu de um pequeno povoado nas terras férteis do Lácio, 
no centro da Península Itálica, recebendo influência de diversos povos indo-
europeus que se fixaram na região desde o século X a.C., como os latinos e 
sabinos. Desde a fundação de Roma, no século VIII a.C., os romanos 
conheceram a Monarquia, a República e o Império como formas de governo. 
Monarquia ou Realeza (753-509 a.C.) 
A Monarquia ou Realeza foi a primeira forma de governo adotada em Roma. 
Nesta época, com o desenvolvimento da agricultura, a economia deixou de 
basear-se no pastoreio. Mais tarde, Roma, com o desenvolvimento do 
comércio, transformou-se numa grande cidade para os padrões daquela época. 
Com a substituição da posse comum da terra pela propriedade privada, 
estabeleceu-se uma divisão de classe bem delineada, entre patrícios, que se 
consideravam descendentes dos fundadores de Roma e detentores do poder, 
formados pelos grandes proprietários de terra, plebeus, grupo composto de 
mercadores, artesãos e pequenos proprietários, sem acesso aos cargos 
públicos, clientes, geralmente ex-escravos ou filhos de escravos que tinham 
com os patrícios uma relação de completa dependência, e escravos, formados 
pelos prisioneiros de guerra ou por plebeus que não conseguiam pagar suas 
dívidas, em pequeno número antes e no início do período republicano. 
As lutas entre os patrícios e os últimos reis etruscos, povo que vivia ao norte 
de Roma e havia dominado-a, levou à formação da República, sob o domínio 
patrício. 
República 
Com a passagem da Monarquia para a República ocorreu a transferência do 
poder dos etruscos para os patrícios, que se transformaram na classe 
dominante de Roma. Criou-se um sistema político mais complexo, com 
inúmeras instituições sob seu domínio, cuja principal era o Senado, para onde 
iam os cidadãos mais destacados e as famílias mais influentes. 
Controlado pelos patrícios, o sistema político tinha um caráter oligárquico. Os 
plebeus, em número cada vez mais crescente, marginalizados e descontentes 
com sua situação, eram fonte de crescente tensão, e a Roma republicana vivia 
sempre a possibilidade de uma convulsão social. As lutas entre patrícios e 
plebeus foram uma característica marcante deste período que se estendeu por 
dois séculos. Data desse período uma série de conquistas plebeias, dentre elas 
destacam-se o direito de eleger seus próprios magistrados, os chamados 
Tribunos da Plebe, impondo aos patrícios a transformação das leis orais numa 
legislação escrita, a igualdade civil, ao autorizar o casamento entre patrícios e 
plebeus, antes proibido. 
Outras características marcantes deste período, a despeito das lutas entre 
patrícios e plebeus, foi, em primeiro lugar, a expansão territorial interna que, 
por meio de guerras e conquistas, culminou com o domínio romano sobre toda 
a Península Itálica e, em segundo lugar, a expansão externa, que levou ao 
domínio do mediterrâneo. Esta última provocou grandes transformações 
sociais e econômicas. 
Uma das consequências das guerras de expansão foi a redução de imensos 
contingentes de prisioneiros de guerra à condição de escravos e a sua 
utilização como mão de obra na economia romana. A transformação de uma 
economia baseada na pequena propriedade agrária e no trabalho livre em um 
sistema escravista de produção provocou a ruína dos camponeses, 
concentração de terras nas mãos da aristocracia e na transformação de uma 
massa de desempregados que migrou dos campos para a cidade. 
As transformações desencadearam um novo período de lutas sociais que 
assinalaram a crise da República e o início do Império. 
Império 
Com o Império, chegaram ao fim as crises político-sociais que assinaram a 
passagem da República para o Império. Durante o Alto Império (séculos I 
a.C.– III d.C.), Roma atingiu o apogeu e a pax romana (período de 
estabilidade) foi estendida do Ocidente ao Oriente. 
O governo de Otávio Augusto (27 a.C. – 14 d.C.), oficialmente primeiro 
imperador romano, foi caracterizado pela ampliação do comércio entre as 
províncias, construção de grandes obras (estradas, pontes, aquedutos) e 
grandes realizações culturais. Com o incentivo dado às artes, a literatura 
floresceu, destacando-se a atuação do ministro Mecenas, que apoiou 
financeiramente artistas e escritores como os poetas Virgílio, Horácio e 
Ovídio. Esse período, considerado o mais rico da civilização romana em 
termos culturais, foi denominado de Século de Augusto. 
Um fato marcante do período foi o surgimento do cristianismo que, após 
sangrentas perseguições, transformou-se em religião do Estado na fase do 
Baixo Império Romano (Séculos III – V d.C.) e teria influência marcante na 
história ocidental. 
No chamado Alto Império, o Império Romano mergulhou em sucessivas 
crises. 
A expansão territorial, base de toda sua riqueza e estabilidade política e social, 
foi se esgotando. Mais importante que expandir o território era manter e 
fortalecer suas fronteiras. Sem novas conquistas não havia captura de escravos 
e a mão de obra começou a tornar-se escassa. A economia romana, baseada no 
braço escravo, entrou em crise. Os elevados custos para manter as estruturas 
imperiais, militares e administrativas abalaram o poder romano, reativando as 
disputas entre chefes militares. As dificuldades para resguardar as fronteiras 
facilitaram as invasões que, associadas a outros fatores, iriam pôr fim ao 
Império Romano. 
A Educação no Império Romano 
São características da civilização romana a sua expansão territorial e a 
construção de um império unificado, o que a diferenciava dos gregos; era 
formada por inúmeras Cidades-Estado, politicamente autônomas. Apesar das 
diferenças entre os inúmeros povos que viveram dentro das fronteiras do 
Império Romano, não havia discriminação sobre os vencidos. Em troca do 
pagamento dos impostos, eram-lhes conferidos títulos de cidadania. Ao 
conquistar a Grécia, os romanos não lhe impuseram o latim, mas assimilaram 
seus padrões culturais. 
Os romanos, como os gregos, não valorizavam o trabalho manual. Seus 
estudos são essencialmente humanistas, algo equivalente à Paidéia grega, 
como aquela cultura geral que transcende os interesses locais e nacionais no 
sentido de educação, cultura do espírito. No entanto, a humanitas distingue-se 
da Paideia por se tratar de uma cultura predominantemente humanística e, 
principalmente, cosmopolita e universal, buscando aquilo que caracteriza o ser 
humano, em todos os tempos e lugares. 
Os romanos pretendiam universalizar, levar a todos os povos a sua humanitas, 
o que acabou conseguindo por meio do cristianismo. Segundo Aranha (2006), 
com o tempoessa maneira de entender a educação degenerou, restringindo-se 
ao estudo das letras e negligenciando as ciências. Para a autora, pode-se 
distinguir três fases na educação romana: a educação latina original, de 
natureza patriarcal; a influência do helenismo, criticada pelos defensores da 
tradição e, finalmente, a fusão entre a cultura romana e a helenística 
A educação latina 
Desde o início, a civilização romana sofreu influência do helenismo. Mas não 
se fez sem resistência, tentando manter a tradição dos ancestrais. Na educação 
tradicional latina, o objetivo do ensino era prático, proporcionando à criança o 
saber necessário para o exercício de uma profissão e incutindo uma ética que 
subordinasse o indivíduo a um ideal superior. 
No século II a.C., era responsabilidade da mãe educar seus filhos durante a 
primeira infância, até os sete anos. Somente a partir dessa idade é que a 
educação passava a ser responsabilidade do pater famílias (o chefe da família) 
ou, na sua ausência, do tio. Cabia ao chefe da família a responsabilidade de 
proporcionar aos filhos a educação cívica e moral. As meninas permaneciam 
restritas ao lar, aprendendo, a partir dos sete anos, os serviços domésticos. 
A educação dos meninos passava pela aprendizagem de memorização de 
preceitos jurídicos e de conceitos com base nas Leis das Doze Tábuas, cujo 
objetivo era, em parte, desenvolver a consciência histórica e o patriotismo. A 
base dessa forma de educação era a preocupação natural em associar valores 
culturais ao ideal coletivo. Exaltava-se o respeito pelos antepassados (pietas) 
que, entre as famílias patrícias, representavam o orgulho dos modelos de 
comportamento, repetidos de geração a geração. 
Vivendo numa sociedade essencialmente agrícola, o jovem era iniciado na 
arte de cuidar da terra, colocando lado a lado o senhor e o escravo. De um 
lado, a criança aprendia a ler, escrever e contar e, de outro, desenvolvia a 
habilidade no manejo das armas, na natação e na equitação. Mais do que 
esportes desinteressados, os exercícios físicos tinham como finalidade 
principal preparar o guerreiro. 
Por volta dos quinze ou dezesseis anos tinha início a aprendizagem da vida 
pública. O jovem era iniciado na sociedade pelo pai ou por outro homem 
influente, amigo da família e bem posicionado no mundo social. Devia ser 
levado à praça central para conhecer o comércio e o local onde eram tratados 
os assuntos públicos e privados (fórum). Era em torno do fórum que se 
erguiam os principais monumentos da cidade, com destaque para o tribunal. 
Antes de atingir a idade militar, o jovem devia adquirir conhecimentos de 
Direito, traquejo social e a “arte de dizer”, concepção romana de eloquência. 
Logo depois, por volta ainda dos dezesseis anos, o jovem era encaminhado 
para a função militar ou política. A educação era mais voltada para a formação 
moral do que para as atividades intelectuais; era baseada em modelos de 
retidão que deveriam ser imitados. 
A influência grega e as primeiras escolas 
Como vimos, durante a República a sociedade romana tornou-se mais 
complexa. Isso se deveu ao processo de expansão territorial, ao 
desenvolvimento do comércio e ao enriquecimento de uma certa camada de 
plebeus. Tudo isso exigiria um modo diferente de educar. 
Surge, dessa forma, já no século IV a.C., escolas particulares de ensino 
elementar que se disseminarão no século seguinte. Nelas, dos sete aos doze 
anos, aprendia-se a ler, escrever e contar. Os professores eram mal pagos e 
usavam, para desempenhar sua tarefa, qualquer espaço: edifício público, uma 
tenda ou templo. 
A expansão do comércio e das incursões militares, por volta dos séculos III e 
II a.C., colocaram os romanos em contato direto com os povos de cultura 
helênica. A cultura grega exercerá uma influência marcante entre os romanos 
que adotarão sua cultura e a forma de educar. 
A partir de então, muitos preceptores gregos passaram a apoiar a educação 
familiar dos jovens romanos. Atraídos pela rica clientela romana, muitos 
gramáticos, mestres da retórica e filósofos dirigiram-se para Roma. Eles 
seriam responsáveis pelo ensino de jovens e adultos. 
Muito cedo os políticos romanos descobriram a importância dos 
conhecimentos de retórica e que seriam necessários para melhorar a oratória e 
a eloquência dos discursos públicos. 
Datam dessa época as escolas dos gramáticos, na quais os jovens entre doze e 
dezesseis anos entravam em contato com os clássicos gregos, ampliando seus 
conhecimentos em literatura, geografia, aritmética, geometria e astronomia. 
Nessas escolas estudava-se também a retórica. 
Dessa forma, os romanos adotam o modelo de educação grega que 
proporcionava aos estudantes uma ampla gama de conhecimentos necessários 
para a formação integral da pessoa culta. Paralelamente, no seio das grandes 
famílias, surge o ensino público da língua grega, ministrado em escolas, seja 
por escravos gregos, que assumem o papel de mestres, ou por mestres gregos 
qualificados. O modelo de educação grega passa a ser perseguido a ponto de 
muitos jovens romanos se deslocarem para a Grécia com a intenção de 
completarem os seus estudos. A influência grega sobre a educação romana, e 
em particular no desenvolvimento do ensino, pode ser atestada pelo fato de 
Roma buscar no helenismo o termo Paedagougo para designar o escravo 
incumbido de acompanhar a criança na escola. 
Apesar da influência grega, o ensino em Roma apresenta algumas diferenças 
significativas em relação ao modelo helênico e novidades na 
institucionalização de um sistema de ensino. O ensino da música, do canto e 
da dança, por exemplo, foram combatidos por setores mais tradicionais da 
sociedade romana. O mesmo repúdio se dá com o atletismo, elemento 
fundamental da paideia. Os romanos ficavam chocados com a nudez do atleta 
e condenavam a pederastia. Portanto, a educação romana privilegiava a 
aprendizagem, sobretudo literária, em detrimento da ciência, da educação 
musical e do atletismo. 
No entanto, devemos aos romanos o primeiro sistema de ensino de que se tem 
conhecimento, formado por um organismo centralizado que coordena uma 
série de instituições escolares espalhadas por todas as províncias do Império. 
Constitui uma novidade importante o caráter oficial das escolas e sua estreita 
dependência ao Estado. Deve-se notar que essa crescente intervenção do 
Estado nos assuntos educacionais era levada a cabo porque a administração do 
Império necessitava de uma bem montada máquina burocrática com 
funcionários que deveriam ter um mínimo de instrução. 
É bem verdade que no início, embora o Estado se interessasse pela educação, 
pouco interferia, colocando-se apenas como inspetor, algo que muda ao longo 
do tempo. Primeiro, passou a subvencioná-la, depois a exercer seu controle 
por meio de uma legislação e, por último, tomou para si a inteira 
responsabilidade. Pouco antes do advento do Império, o Estado já estimulava 
a criação de escolas municipais em todo o território sob sua jurisdição. 
Ao contrário do que possa parecer, esse sistema privilegiava apenas uma 
minoria, que se consolidava como elite e com uma elevada formação literária 
e retórica. Mesmo assim, havia uma preocupação em fornecer à imensidão de 
escravos, sobretudo aos mais jovens, ensinamentos necessários à prática de 
seus serviços. Em muitas casas de senhores reuniam-se escravos entregues a 
um ou mais pedagogos que lhes ensinavam as boas maneiras e, em alguns 
casos, iniciavam-lhes na leitura, escrita e aritmética. Sabe-se que as casas dos 
grandes senhores dispunham de um ou mais escravos letrados que 
desempenhavam funções de secretários ou leitores. 
Na Roma imperial os professores gregos são protegidos por Otávio Augusto, a 
exemplo do que havia feito Júlio César. Otávio desenvolveu uma política 
imperial de cultura responsável pela criação de bibliotecas como a do Templo 
de Apolo, no Paladino, e a do Pórticode Otávio. Delineia-se no Estado 
romano um conjunto de políticas escolares inovadoras, cuja primeira iniciativa 
é da autoria de Vespasiano, que intervém a favor dos professores, 
reconhecendo-lhes uma utilidade social. Com ele inicia-se uma extensa série 
de retribuições e de imunidades fiscais, atribuídas a gramáticos e retóricos. 
Segue-se a criação de cátedras de retórica nas grandes cidades, bem como o 
favorecimento e promoção de escolas públicas municipais de gramática e de 
retórica nas províncias. 
As escolas romanas, inspiradas na educação grega, como vimos, passaram a 
ser organizadas em três graus distintos e crescentes: instrução primária ou 
ludi-magister, que ministrava a educação elementar, secundária ou do 
gramático, e superior, que iniciava com o estudo da retórica e seguia com os 
estudos do Direito e da Filosofia, constituindo-se numa espécie de 
universidade. Vale lembrar que as universidades somente surgiram na Idade 
Média. As primeiras datam dos séculos VII e VI a.C., as secundárias do 
século III a.C., mas somente adquiriram forma definitiva no século I a.C, no 
tempo de Otávio Augusto, e as de ensino superior datam, pelo que sabemos 
hoje, do século I a.C., com um ensino predominantemente retórico. 
 
 
 
3 . A EDUCAÇÃO NA IDADE MÉDIA 
 
Conhecimentos 
Compreender os diversos modelos de educação adotados durante o período 
medieval, permitindo a comparação. 
Habilidades 
Identificar as permanências e mudanças nas práticas educativas adotadas em 
diversos lugares e momentos distintos. 
Atitude 
Perceber as relações entre contexto histórico e práticas educativas 
 
Educação no Período Medieval 
Pela tradicional divisão histórica, a Idade Média compreende um período de 
quase mil anos, cujos marcos definidores são a queda do Império Romano do 
Ocidente, em 476, e a tomada da capital do Império Bizantino, em 1453, pelos 
turcos otomanos. Esse longo período não apresenta as mesmas características, 
variando segundo as transformações operadas em locais diversos. Da mesma 
forma, não houve, em todo lugar e em todo o período, um mesmo e único 
modelo de educação. Estes variaram muito. 
Num determinado momento, no Império Bizantino, assim como no Ocidente 
Medieval, dava-se ênfase à vida religiosa. Cristã, a civilização bizantina 
manteve a tradição do humanismo antigo. Na educação islâmica, havia um 
nítido interesse pela pesquisa e experimentação, em contraste com as 
restrições que a Igreja cristã ocidental fazia a essa orientação intelectual, 
contribuindo para o avanço em muitas áreas da ciência. 
Na Europa cristã, da mesma forma, não se pode apontar um modelo de 
educação. Ela variou conforme o período, o lugar e o grupo social aos quais se 
destinava. No entanto, não seria exagero defender que a busca pelo monopólio 
do saber por parte da Igreja Católica se fez sentir na educação dispensada aos 
jovens durante boa parte da Idade Média, mais acentuada em determinado 
lugar e tempo singulares, imprimindo nela um caráter eminentemente 
religioso. 
Otomano: Relativo à Turquia ou a seus sultões. Habitante da Turquia. 
A Educação Bizantina 
A civilização bizantina espalhou em torno de si a herança cultural greco-
romana. Embora cristã ortodoxa, legou-nos não apenas os valores da cultura 
clássica, da qual foi depositária, mas também uma boa quantidade de obras. 
Isso se fez refletir na educação dispensada aos estudiosos, de caráter 
humanista, seguindo a meta estabelecida pela educação greco-romana. 
Cenário Histórico 
Como vimos, a partir do século II da era cristã, o Império Romano foi abalado 
por guerras civis, disputas internas pelo poder e invasões estrangeiras. 
Tentando controlar a crise, em 395 o imperador Teodósio dividiu o Império 
em dois: Império Romano do Ocidente, com capital em Milão, e Império 
Romano do Oriente, com capital em Constantinopla, onde outrora existira a 
colônia grega de Bizâncio. Esta cidade foi construída por ordem do imperador 
Constantino, no estreito de Bósforo, a meio caminho entre o Oriente e o 
Ocidente, no cruzamento entre importantes rotas comerciais, e inaugurada em 
330. Constantinopla logo se transformou numa cidade cosmopolita devido ao 
grande número de pessoas que nela se instalaram, vindas de diversos locais. 
Enquanto o Império Romano do Ocidente se esfacelava com as inúmeras 
invasões germânicas, dando origem à formação de inúmeros “Reinos 
Bárbaros”, o Império do Oriente manteve-se de pé e consolidou-se como uma 
das principais potências da Ásia e do mundo mediterrâneo. 
No decorrer da Idade Média, o Império Bizantino procurou manter-se herdeiro 
e depositário da tradição romana, cujo fundamento era a existência de um 
império universal e cristão, o que não impediu que a cultura bizantina fosse 
muito mais oriental do que a Europa latina. 
No início, o Império Bizantino manteve nítidas influências romanas. O latim 
foi preservado como língua oficial do Estado e as instituições político-
administrativas romanas foram conservadas em sua estrutura e denominações. 
Somente a partir do século VII é que começariam a prevalecer a cultura e as 
características étnicas gregas e asiáticas. A língua grega passa a predominar, 
enquanto as tradições literárias, artísticas e científicas helenísticas passaram a 
ser determinantes. Isso pode explicar, em parte, porque o Cristianismo ali 
diferenciou-se daquele que empolgara a Europa Ocidental, apresentando 
caracteres mais místicos, abstratos e pessimistas, sujeitando-se, por completo, 
ao controle político. 
Quanto à organização política, o Império Bizantino assumiu a forma de 
autocracia absoluta. O imperador, considerado sagrado, tinha amplos poderes: 
podia nomear ou demitir quem quisesse e era o comandante das forças 
militares. Era ainda, o chefe da Igreja, sustentáculo do poder, e como tal 
convocava concílios, nomeava bispos e promulgava regras e disposições 
religiosas. 
A sociedade era fortemente hierarquizada, tendo no seu topo o imperador e 
sua família e, envolta deste, a nobreza urbana - composta de comerciantes, 
donos de oficina, banqueiros, altos funcionários públicos - e rural, constituída 
pelos grandes proprietários de terra. Na base da sociedade ficavam os 
trabalhadores livres, abaixo dos quais estavam os servos presos à terra e os 
escravos. 
Uma das grandes contribuições bizantinas, talvez a de maior destaque, esteja 
no campo do Direito, quando o imperador Justiniano determinou a 
sistematização do Direito Romano, realizada por seus juristas na elaboração 
do Corpus Juris Civilis, cuja influência é ainda hoje sentida no Ocidente. 
Depois disso, podemos dizer que outra grande contribuição bizantina está na 
compilação e conservação das grandes obras dos gregos e romanos. Graças a 
essa preocupação, hoje o mundo conhece boa parte dessas obras. 
A Educação no Império Bizantino 
Segundo Marrou (1973), no Império Bizantino, assim como no Ocidente 
Medieval, dava-se ênfase à vida religiosa. Profundamente cristã, a civilização 
bizantina continuou obstinadamente fiel às tradições do humanismo antigo. 
Nos ensinos primário e secundário, ainda que pouco conhecidos em função da 
escassez de fontes, pode-se dizer que nas escolas não predominava o ensino 
religioso e os livros clássicos pagãos eram estudados sem restrições. O 
objetivo da educação permanecia o mesmo do estabelecido na Antiguidade 
Clássica, centrado, portanto, na formação humanista e na preparação de 
pessoal qualificado para assumir funções na burocracia estatal. 
Se há uma escassez de informações que nos permitam conhecer mais sobre a 
educação elementar e secundária, o mesmo não pode ser dito para o ensino 
superior. Nesse campo dispomos de informações mais detalhadas e 
abundantes, com destaque para a Universidade de Constantinopla, importante 
centro cultural desde sua fundação em 425, no século V, até o fim da Idade 
Média, marco estabelecido convencionalmente no século XV (1453).A sua 
importância central reside no fato de ter acolhido as obras antigas, orientando 
os estudos de filosofia e ciência, e ter ainda preservado o Direito Romano, 
compilado e sistematizado, como vimos, por iniciativa do imperador 
Justiniano. 
O estudo religioso cabia à escola monástica, onde predominava o interesse 
espiritual e ascético, hostil ao humanismo pagão. Na escola patriarcal o ensino 
não ficava restrito à formação religiosa, apesar de ser vigorosa, mas também 
valorizava a tradição clássica, centrando-se no humanismo cristão. 
Com o declínio do Império Bizantino, este passou a ser alvo de ataques. As 
disputas religiosas e as constantes ameaças de invasão fizeram com que as 
crises se instalassem de maneira irreversível. Acelerou-se o empobrecimento 
das cidades, a produção e o comércio se enfraqueceram e o Império perdeu 
pouco a pouco alguns de seus mercados em regiões distantes. Finalmente, em 
1453, Constantinopla foi tomada pelos turcos otomanos e o Império entrou em 
colapso. 
Educação Islâmica 
Os árabes não se descuidaram da educação e ergueram muitas escolas 
primárias e de ensino superior. No primeiro caso, ministrava-se uma educação 
religiosa baseada nos ensinamentos do alcorão, o que não impedia o estudo 
das ciências. No segundo caso, as instituições contaram com certa autonomia 
e deram vazão a um ensino que englobava os diversos ramos do saber da 
época. 
Cenário Histórico 
No início do século VII os habitantes da Península Arábica encontravam-se 
divididos em várias tribos e clãs, adeptos de uma religião politeísta e sem um 
poder político centralizado. Em meio a circunstâncias propícias, o profeta 
Maomé difundiu uma nova fé que, em pouco tempo, unificou o povo árabe em 
torno de um poder central. Baseado na vontade de Deus, justificou sua 
expansão por grande parte do “mundo civilizado” de então e deixou uma 
influência que até hoje é marcante em várias regiões do mundo. 
Cem anos após a morte de Maomé, o domínio muçulmano ultrapassou os 
limites da Arábia e se estendeu por três continentes, controlando quase metade 
do mundo conhecido. Em torno do Islã, Maomé realizou a unidade política e 
religiosa dos Árabes, criando as condições internas para uma política de 
expansão. O Estado teocrático, isto é, baseado na religião e na autoridade 
divina, forneceu a base política e a força ideológica para a expansão 
muçulmana. 
A doutrina defendida por Maomé encontra-se exposta no Corão ou Alcorão, 
reunião de notas tomadas por seus discípulos enquanto Maomé falava. O 
Islamismo é uma religião sincrética, isto é, resulta da transposição de 
princípios extraídos do Judaísmo, do Cristianismo e, segundo alguns, do 
Zoroastrismo. O Corão afirma a existência de um único deus, Alá, e prega o 
combate aos infiéis por meio da Guerra Santa. 
A civilização islâmica assimilou e reelaborou o patrimônio cultural das 
civilizações com que entrou em contato, enriquecendo-a com contribuições 
originais, o que se deu com as culturas bizantina, hindu ou chinesa. Muitos 
desses conhecimentos foram transmitidos para a cultura cristã medieval. Os 
árabes fizeram grandes progressos no campo científico, sobretudo na 
astronomia, matemática, química e medicina, legando-os para o Ocidente. Nas 
artes, desenvolveram a literatura e nos deixaram a mais famosa coleção de 
contos escrita entre os séculos VIII e IX, As mil e uma noites, que reúne 
fábulas, anedotas, contos eróticos e aventuras. Foi na arquitetura, no campo 
das artes, no entanto, que mais se destacaram, combinando os estilos bizantino 
e persa, produzindo grandes obras (palácios, mesquitas e bibliotecas). 
A decadência do império começou a partir do século VIII, quando se 
esfacelou em diversos califados independentes, em virtude de conflitos 
políticos e religiosos. As pressões externas também tiveram início. No século 
IX a Guerra de Reconquista da Península Ibérica teve início, de onde, 
lentamente, os árabes seriam expulsos. No século XI os europeus 
desencadearam, contra os muçulmanos, as Cruzadas, com o objetivo inicial de 
tomar regiões que estavam sob o controle árabe. No século XIII foram 
atacados no Oriente pelos mongóis e, no século XIV, os turcos otomanos 
conquistaram o que ainda restava do outrora imenso império árabe. 
A educação na cultura islâmica 
Já a partir de Maomé e do papel assumido pelo alcorão, o islã teve um cuidado 
constante com a educação, a instrução e a formação do homem. Pela tradição 
xiita, era o imã, autoridade religiosa, quem devia conduzir a formação e o 
ensino com base na leitura do alcorão, interpretado em vários níveis conforme 
o grau de iniciação. Mas, pela tradição sunita, devia-se seguir, com rigor, o 
princípio da autoridade, atendendo-se às interpretações mais antigas e 
autorizadas, sem assumir nenhuma liberdade crítica. 
Os árabes ergueram escolas de ensino elementar e superior. Na primeira, 
ensinava-se a leitura e a escrita tendo por base o alcorão, que traz 
ensinamentos não apenas religiosos, mas também de política, direito, 
organização social e ideias básicas de ciência. Cuidava-se para que a educação 
se iniciasse aos seis anos de idade, com exceção dos filhos das famílias ricas, 
instruídos por preceptores. Ensinava-se a recitar de cor o texto religioso, de 
modo que pudesse ser usado como guia em qualquer ocasião da vida. Essa 
orientação religiosa da educação islâmica permaneceu sempre central mesmo 
para os filósofos árabes. 
Ao lado dessas escolas que seguiam os ensinamentos do livro sagrado, 
existiam também os preceptores particulares e os círculos, nos quais eram 
ensinados, principalmente, a tradição e o direito. Por volta do século X, 
segundo Franco Cambi (1999), a cultura islâmica começa a se abrir para a 
ciência e nasce em Bagdá, criada pelo califa (chefe de Estado), a Casa das 
Ciências, uma rica biblioteca que se tornaria um centro de estudos e um 
modelo de escola para outras províncias do Islã. Em muitos lugares, dentro do 
Império Árabe, são erguidas Casas de Sabedoria, em que se ensinavam – ao 
lado da teologia e do direito – medicina, astronomia e matemática. No século 
seguinte nasce uma nova instituição intitulada madrasa, uma escola criada 
pelo poder político com o objetivo de formar os técnicos do Estado e pessoal 
para a administração. 
O ensino era ministrado geralmente na mesquita, centro religioso. Aprender 
sobre ciência era considerado mais valioso do que se prosternar cem vezes em 
oração; frequentar a classe de um mestre era considerado mais importante do 
que orar, como observa Piletti (2013). 
O ensino superior reunia todos os ramos do saber, à despeito de não se 
descuidar do aspecto religioso. As instituições de ensino superior surgidas nas 
grandes cidades árabes foram as precursoras das universidades medievais 
europeias. As escolas superiores tinham certa independência e, ao contrário do 
que ocorria com o ensino elementar, não tinha como base do ensino a leitura 
do alcorão. Contavam com professores judeus, muçulmanos e cristãos. Alunos 
de todos os lugares e do Ocidente estudavam nessas instituições. Lá se 
estudava filosofia e ciências naturais dos gregos. 
 
Prostenar: Curvar-se ao chão, em sinal de profundo respeito 
 
A Educação na Europa Cristã 
Não se pode afirmar que existiu apenas um modelo de educação durante o 
longo período da Idade Média na Europa cristã, uma vez que ela variou 
conforme o período e o lugar. No entanto, esquematicamente, podemos dizer 
que havia uma espécie de monopólio da cultura e do pensamento por parte da 
Igreja Católica, que procurava sempre estabelecer o que deveria ser ensinado. 
Boa parte das escolas era associada às instituições religiosas. No entanto, a 
educação não ficou apenas no campo religioso; abriu espaço para o estudo das 
ciências e do conhecimento prático, voltados para a nova realidade vivida, 
sobretudo, a partir da Baixa Idade Média. 
Cenário Histórico 
No século

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