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RELATO DE CASO
AVALIAÇÃO FUNCIONAL DAS FRATURAS DO ACETÁBULO: RELATO DE CASO
Daniela Diasa
Sorane Castrob
Luis Schiperc
Marcos Almeida Matosd
Resumo
As fraturas do acetábulo são complexas e causadas por trauma de alta energia que 
exigem redução anatômica para uma boa função. Isso representa um tópico de importância 
na ortopedia moderna e um grande desafio para os fisioterapeutas atuantes no processo 
de reabilitação. Objetivou-se avaliar a função do quadril após fratura do acetábulo em dois 
pacientes pós-cirúrgicos de fratura do acetábulo associada a luxação do quadril. Para a coleta 
de dados, utilizou-se o questionário de Harris Hip Score no período de 8 meses, com aplicação 
a cada 2 meses, totalizando quatro aplicações. Encontrou-se que a amplitude de movimento do 
quadril mostrou-se incompleta nas rotações interna e externa dos dois pacientes até o final do 
estudo. Os dois casos mostraram-se com scores semelhantes quanto à sequência de evolução: o 
Caso 1 iniciou descarga de peso com 12 semanas, enquanto o Caso 2 iniciou descarga de peso 
com 4 semanas; ambos iniciaram com 25% dos respectivos pesos corporais. Concluiu-se que os 
casos observados no estudo proposto apresentaram um bom nível de capacidade funcional nas 
funções analisadas pelo questionário de Harris após tratamento cirúrgico e fisioterapêutico de 
fratura do acetábulo associado à luxação do quadril.
Palavras-chave: Fratura acetábulo. Avaliação quadril. Fisioterapia. Escore de Harris.
FUNCTIONAL EVALUATION OF ACETABULAR FRACTURES: CASE REPORT
Abstract
Acetabular fractures are complex and caused by trauma of high energy which 
require anatomical reduction for a good function. It represents an important topic in modern 
orthopedics, and a great challenge for physiotherapists working in the rehabilitation process. 
The objective of this paper was to evaluate the function of the hip after acetabular fracture.
a Professora do curso de Fisioterapia da União Metropolitana de Educação e Cultura (UNIME).
b Aluna do 10º semestre do Curso de Fisioterapia da União Metropolitana de Educação e Cultura (UNIME).
c Ortopedista da Clínica Ortopédica e Traumatológica (COT).
d Professor Adjunto Doutor da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública.
 Endereço para correspondência: Rua Palmeira, no 95, Edf. Barramar, apto 204A, Barra, Salvador, Bahia, Brasil.
 CEP 40140-260. ddsgarzedin@yahoo.com.br
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We evaluated 2 patients, post-surgical of acetabular fracture associated with hip dislocation. 
For the data collection, was used the Harris Hip Score, over the period of 8 months, applying 
the questionnaire every 2 months totalizing four applications. At the end of the evaluation, the 
range of motion was shown incomplete in internal and external rotation of the two patients by 
the end of the study. Both cases showed up with similar scores as per the sequence of evolution: 
case 1 had a low score in the first assessment (45.10), low score in the second (66), good score in 
the third (80.3) and excellent in the last one (96.8 ). Case 2 presented a score sequence of low 
(58.3), low (69.3), good (84.7), and excellent (96.8). Authors concluded that the cases observed 
in the proposed study showed a good level of functional capacity of the functions examined 
by the Harris questionnaire after surgery and physiotherapy treatment of acetabular fracture 
associated with hip dislocation.
Key words: Acetabular fracture. Hip evaluation. Physotherapy. Harris Hip Score.
EVALUACIÓN FUNCIONAL DE LAS FRACTURAS DEL ACETÁBULO: RELATO DE CASO
Resumen
Las fracturas del acetábulo son complejas y causadas por trauma de alta energia 
que exigen reducción anatómica para una buena función. Eso representa un tópico de 
importancia en la ortopedia moderna y un gran desafio para los fisioterapeutas actuantes en el 
proceso de rehabilitación. Se objetivó evaluar la función de la cadera después de la fractura del 
acetábulo en dos pacientes post-quirúrgicos de fractura del acetábulo asociado a la luxación 
de la cadera. Para la recolecta de datos, se utilizó el cuestionário de Harris Hip Score durante 
el período de 8 meses, con aplicación a cada 2 meses, totalizando cuatro aplicaciones. Se 
encontró que la amplitud de movimientos de la cadera se mostró incompleta en las rotaciones 
internas y externas de los dos pacientes hasta el final del estudio. Los dos casos se mostraron 
con scores semejantes cuanto a la secuencia de la evolución: el Caso 1 inició la descarga de 
peso con 12 semanas, encuanto el Caso 2 la inició con 4 semanas; ambos la iniciaron con 
25% de los respectivos pesos corporales. Se concluye que los casos observados en el estudio 
propuesto presentaron un buen nivel de capacidad funcional en las funciones analizadas por 
el cuestionário de Harris después del tratamiento quirúrgico y fisioterapéutico de fractura del 
acetábulo asociada a la luxación de la cadera.
Palabras-clave: Fractura del acetábulo. Evaluación de la cadera. Fisioterapia. Escore de Harris.
INTRODUÇÃO
As fraturas do acetábulo são complexas e causadas por trauma de alta energia. A 
redução anatômica dessas fraturas é passo fundamental para os fisioterapeutas que atuam no 
48
processo de reabilitação.1 As fraturas da parede posterior e transversas normalmente cursam 
com luxação posterior e representam 15% a 28% das lesões acetabulares.1,2
Redução e fixação interna são os métodos de preferência para o tratamento dessas 
fraturas, tendo como objetivo restaurar a superfície articular e da estabilidade, permitindo a 
movimentação precoce do paciente.1,2 A mobilização do paciente dependerá da qualidade do 
osso, da redução e do grau de estabilidade, respeitando o período de resposta tecidual, pois o 
exercício vigoroso nesta fase pode resultar em dano permanente.3
A literatura é bastante vasta no que diz respeito ao tratamento cirúrgico e 
reprodutibilidade de classificações para fraturas do acetábulo. Apesar dessa variedade de 
estudos, são raros os que visam função. A avaliação funcional destes pacientes, utilizando-se o 
Harris Hip Score,4 poderia melhorar no planejamento da reabilitação. 
Este trabalho tem como objetivo apresentar avaliação da função do quadril após 
fratura do acetábulo em dois pacientes.
MATERIAL E MÉTODO
Realizou-se estudo descritivo de dois casos, em pacientes submetidos a tratamento 
cirúrgico e fisioterapêutico após fratura do acetábulo associada a luxação de quadril na Clínica 
Ortopédica e Traumatológica (COT) na cidade de Salvador (BA). 
O estudo foi aprovado pela Comissão de Ética em Pesquisa (CEP) da Faculdade de 
Tecnologia e Ciências (FTC), campus Salvador. Os pacientes assinaram o Termo de Consentimento 
Livre e Esclarecido (TCLE) e foram acompanhados pelo próprio autor no período de setembro 
de 2008 a abril de 2009. As avaliações foram realizadas a cada dois meses, totalizando quatro 
aplicações do Harris Hip Score.4
As variáveis estudadas foram: dor, claudicação, apoio, marcha, atividades 
funcionais e deformidades definidas por pontuação (medidas pelo Harris Hip Score4). A cirurgia 
foi definida como redução cruenta. A força muscular foi avaliada de forma manual e graduada 
pela escala de 0 a 5.
Para avaliação da amplitude de movimento articular do quadril foi utilizado um 
goniômetro universal da marca CARCI. Foram avaliados os movimentos de flexão, extensão, 
rotação interna e externa, adução e abdução. 
APRESENTAÇÃO DOS CASOS E RESULTADOS
Caso 1. Paciente do sexo masculino, 36 anos, casado, motorista, residente na 
cidade de Salvador, admitido na COT um dia após acidente motociclístico, devido a colisão 
frontal com automóvel. Os exames de imagem constatam luxação do quadril esquerdo associada 
à fratura de parede posterior do acetábulo – classificação de Judet e Letournel (Figura 1a; 
Figura 1b).
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O paciente foi submetido a tração transtibial durante três dias,em seguida 
submetido a fixação interna com placa de 3,5 mm de 8 furos com 4 parafusos. Após a cirurgia, 
permaneceu internado durante 20 dias devido a picos hipertensivos. Não foi observada lesão 
nervosa durante o trauma ou cirurgia e o paciente não apresentou alterações de sensibilidade, 
trombose ou outras complicações.
Após alta hospitalar, teve recomendações médicas para não realizar descarga de 
peso durante quatro semanas, fazendo uso de cadeira de rodas. Por motivo pessoal, o paciente 
não teve acompanhamento fisioterapêutico durante essas quatro semanas. 
Chegou à unidade de fisioterapia queixando-se de dor em região de joelho 
esquerdo e incapacidade funcional global, exceto membros superiores. Não fazia uso de 
medicamentos.
Apresentava postura viciosa, com membro inferior esquerdo rodado externamente, 
hipotonia acentuada, hipotrofia, encurtamento de isquiotibiais e flexores de quadril, com 
membro inferior direito com grau 3 para flexores e extensores de quadril. Apresentava 
extremidades aquecidas e bem perfundidas e não tinha edema.
Caso 2. Paciente do sexo masculino, 28 anos, solteiro, trabalha como representante 
de bebidas, estudante, residente na cidade de Salvador (BA). Foi admitido na COT após acidente 
automobilístico, com diagnóstico de fratura transversa de parede posterior, associado a luxação 
do quadril esquerdo – classificação de Judet e Letournel (Figura 2a; Figura 2b).
Figura 1a. Aspecto radiográfico da
fratura-luxação de parede posterior
Figura 1b. Aspecto radiográfico
pós-operatório
50
O paciente foi submetido a redução incruenta e tração transesquelética. Após três 
dias foi realizado o segundo procedimento cirúrgico com fixação interna da fratura, usando-se 
um parafuso de compressão interfragmentário e uma placa de neutralização de 3,5 mm, de 8 
furos com 6 parafusos. 
 No segundo dia pós-operatório, o paciente teve alta hospitalar e foi acompanhado 
por um fisioterapeuta durante três meses consecutivos em sua residência. Paciente encontrava-
se no leito em decúbito dorsal, apresentava incapacidade funcional global, dificuldades para 
ficar em sedestração com ajuda, não conseguindo sem ajuda. 
Paciente apresentava déficit de força muscular também em membros superiores, 
postura antálgica e posição viciosa de inclinação de tronco contralateral à lesão, hipotonia 
acentuada, hipotrofia de flexores de quadril. Membro inferior direito com grau 2 para flexores 
e extensores de quadril. Apresentava edema na região de quadril (3+/4+), com déficit de 
sensibilidade na região da cicatriz, mas com extremidades aquecidas e bem perfundidas.
APRESENTAÇÃO DO PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO
Os objetivos do tratamento fisioterapêutico de ambos os pacientes foram normalizar 
a artrocinemática, restabelecer tônus e trofismo muscular, liberar as cadeias musculares 
encurtadas e reeducação da marcha, devolvendo-lhes melhor função e independência em 
suas atividades de vida diária (AVD). Para isso, os exercícios eram instituídos de acordo com a 
capacidade evolutiva dos pacientes, sem protocolo específico.
O tratamento constou de eletroterapia, cinesioterapia, alongamentos, 
fortalecimentos musculares, treino de marcha e treinamento sensório motor. Entretanto, o Caso 1 
começou a frequentar a fisioterapia após quatro semanas pós-operatórias, sendo diminuída em 
torno do sexto mês. O Caso 2 foi submetido ao tratamento fisioterapêutico no primeiro dia do 
pós-operatório, durante sete dias semanais até o sétimo mês, seguidos de uma frequência de 
cinco dias até o final do estudo. O Caso 1 iniciou descarga de peso 25% após 12 semanas, e o 
Caso 2, após 4 semanas. 
Figura 2a. Aspecto radiográfico da luxação 
do quadril associada à fratura de parede 
posterior e transversa do acetábulo
Figura 2b. Aspecto radiográfico após
operatório
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As avaliações da força muscular, da amplitude de movimento e do Harris Hip 
Score dos dois pacientes encontram-se nas Tabelas 1, 2 e 3. 
Tabela 1. Avaliações dos pacientes, por domínios do Harris Hip Score – Salvador (BA) – set. 
2008-abr. 2009
 Avaliações Dor Função Atividade Ausência de
 Funcional Deformidade
1ª. avaliação paciente 1 30 7 4 0
1ª. avaliação paciente 2 40 7 6 0
2ª. avaliação paciente 1 40 13 7 0
2ª. avaliação paciente 2 44 13 10 0
3ª. avaliação paciente 1 44 19 10 0
3ª. avaliação paciente 2 44 19 14 0
4ª. avaliação paciente 1 44 30 14 0
4ª. avaliação paciente 2 44 30 14 0
Tabela 2. Avaliações de força pela escala muscular manual a cada dois meses, por pacientes 
após fisioterapia – Salvador (BA) – set. 2008-abr. 2009
 1ª avaliação 2ª avaliação 3ª avaliação 4ª avaliação
Iliopsoas – paciente 1 3 4 5 5
Iliopsoas – paciente 2 3 4 5 5
Sartório – paciente 1 3 4 4 5
Sartório – paciente 2 3 3 4 4 
Tensor da fásia-lata – paciente 1 3 3 4 4
Tensor da fásia-lata – paciente 2 3 3 4 4
Quadríceps – paciente 1 4 5 5 5
Quadríceps – paciente 2 4 5 5
Isquiotibiais – paciente 1 3 4 4 5
Isquiotibiais – paciente 2 3 4 4 5
Glúteo Máximo – paciente 1 4 5 5 5
Glúteo Máximo – paciente 2 4 4 5 5
Adutores – paciente 1 3 4 4 5
Adutores – paciente 2 3 4 4 5
Rotadores Internos – paciente 1 3 3 3 
Rotadores Internos – paciente 2 3 3 3 3
Rotadores Externos – paciente 1 3 3 4 4
Rotadores Externos – paciente 2 3 3 3 4
52
DISCUSSÃO
Há carência de estudos que avaliem função do quadril após fratura-luxação 
acetabular. A despeito disto, o objetivo principal do tratamento é o retorno à função pré-trauma.
A capacidade funcional dos dois pacientes avaliados nos dois primeiros meses de 
acompanhamento fisioterapêutico foi aceitável, mesmo sendo o quadro inicial bastante crítico, 
no que diz respeito à força muscular e limitações de ADM. Apesar da força muscular não fazer 
parte das variáveis medidas pelo o Harris Hip Score, foi um item observado por fazer parte da 
avaliação fisioterapêutica e ser fator importante para a funcionalidade. Esses dados confirmam 
alguns estudos, a exemplo do que avaliou a função do quadril após fratura-luxação acetabular, 
aplicando como critério de avaliação funcional o Harris Hip Score modificado e somente após 
seis meses pôde observar resultados excelentes.5
Estudo com 23 pacientes após tratamento cirúrgico de fraturas complexas do 
acetábulo ressaltou como critérios de avaliação clínica os seguintes domínios: dor, movimentos 
da articulação e capacidade de marcha, segundo a classificação de D'Aubigné e Postel 
modificada por Charley. Os resultados foram classificados em: bons (16 pacientes – 69,5%), 
regulares (4 pa cientes – 17,5%), maus (3 pacientes – 13%). Em seis casos, observaram-se 
calcificações heterotópica periarticulares, porém sem repercussão funcional.6
Observou-se, no presente estudo, que os resultados dos dois casos foram iguais 
com relação à obtenção do escore final, tendo uma sequência de fraco, bom e excelente. 
Vale ressaltar que o Caso 2 sempre apresentou uma pontuação melhor que o Caso 1. No 
entanto, a evolução funcional ocorreu uniformemente. Suspeita-se que este achado decorreu 
da intervenção fisioterapêutica precoce. Estudo com uma amostra de 16 pacientes com fraturas 
deslocadas do acetábulo tratadas cirurgicamente, mobilizados precocemente por mobilização 
passiva contínua (CPM) para o quadril por três semanas, mostram que todos os pacientes 
Tabela 3. Avaliações dos pacientes por amplitude de movimento ativa do quadril em graus – 
Salvador (BA) – set. 2008-abr. 2009
 Avaliações Flexão Extensão Adução Abdução Rotação Rotação
 Interna Externa
1ª avaliação – paciente 1 90 0 10 0 10 15
1ª avaliação – paciente 2 100 10 15 30 0 9
2ª avaliação – paciente 1 105 5 15 20 15 15
2ª avaliação – paciente 2 100 10 15 35 10 1
3ª avaliação – paciente 1 110 10 15 35 22 30
3ª avaliação – paciente 2 109 10 15 40 17 30
4ª avaliação – paciente 1 110 10 15 40 22 30
4ª avaliação – paciente 2 117 10 15 42 20 40
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obtiveram bons resultados.Na última avaliação feita após o tempo médio de cinco anos, todos 
os pacientes, exceto dois, tinham obtido bons resultados, com apenas um caso de paralisia do 
nervo ciático pré-operatória.7 Outro estudo que corrobora esses achados atribui o sucesso da 
reabilitação a fatores como a mobilização precoce, pois os efeitos da imobilização podem trazer 
contraturas, encurtamento muscular e redução no movimento funcional.8
É importante destacar que foi observado na avaliação dos casos que, apesar de 
encerrar as avaliações com resultados excelentes, os pacientes ainda apresentavam deformidades 
no quadril, observadas na goniometria, determinantes para a baixa pontuação desde início do 
estudo.
A marcha também foi um fator que contribuiu com pontuação baixa desde a 
primeira avaliação, quando se observou, nos dois pacientes, claudicação moderada, evoluindo 
para leve. Cabe lembrar que a frequência do Caso 1 na fisioterapia não seguia uma ordem 
cronológica, sendo algumas semanas frequentadas apenas três vezes. 
O Caso1 começou a fazer 25% da descarga de peso após 12 semanas, e o 
Caso 2 após oito semanas, mas não se deve esquecer que o Caso 1 começou o tratamento 
fisioterapêutico tardiamente e o Caso 2 precocemente.
O resultado da capacidade funcional dos pacientes avaliados apresentados como 
excelentes ao final do estudo na última avaliação, reforça alguns achados publicados na literatura.9 
Em estudo realizado entre outubro 1978 e fevereiro 1995 com 42 fraturas acetabulares em 40 
pacientes submetidos à redução cirúrgica, dos quais 22 desses pacientes foram avaliados após 
4,1 anos, utilizando o Harris Hip Score, foram observados resultados excelentes e bons em 75% 
dos casos.10 
No presente estudo, presume-se que o maior percentual de desempenho funcional 
identificado no score excelente da última avaliação pode estar relacionado à ausência de dor, 
ao não uso de suporte para macha e evolução no ganho de força muscular pelo tratamento 
fisioterapêutico, item não abordado no Harris Hip Score. 
O sucesso da evolução dos pacientes deste estudo pode estar agora muito mais 
dependente da fisioterapia do que da redução cirúrgica, que, segundo o médico responsável, foi 
anatômica, fator altamente relevante para uma boa função. A literatura traz estudos mostrando 
que acentuadas alterações na mecânica de transmissão de carga em todo o quadril, após fratura 
do acetábulo com luxação e fratura de parede posterior do acetábulo, predispõem a quadril 
com osteoartrose.2,9,10
A literatura traz ainda estudos que comprovam bons resultados após fraturas do 
acetábulo tratadas com redução aberta e fixação interna.2,7,10 A técnica usada nos casos descritos 
também comprova que parâmetros clínicos como limitação da descarga de peso após a fratura é 
eficaz para a prevenção de possíveis desordens biomecânicas, que podem levar a osteoartroses 
futuras.2 O conceito de sobrecarga sem instabilidade poderia explicar a ausência, na literatura, 
de resultados promissores no tratamento das fraturas elementares do acetábulo. 
54
Os casos observados apresentaram bom nível de capacidade funcional nas 
avaliações pelo questionário de Harris Hip Score, após tratamento cirúrgico e fisioterapêutico 
de fratura do acetábulo associado à luxação de quadril. Concluiu-se com estes casos que a 
mobilização precoce é essencial para a obtenção de melhores resultados funcionais. Além do 
mais, os pacientes pareceram recuperar-se mais rapidamente.
REFERÊNCIAS 
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2006;14:253-5.
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artroscopica de fragmentos libres osteocondrales seculear a
fractura-luxacion posterior de cadera: report de três casos. Rev Argent 
Artrosco. 2005;12:52-8.
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mobilization of the hip internal fixation of acetabular fractures. Chir Organi 
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bras Ortop. 1996;31:825-30.

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