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Prévia do material em texto

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
1 
Projeto Pós-graduação 
Disciplina Políticas Públicas de Saúde 
Tema As primeiras políticas públicas de saúde brasileiras 
Professor Tânia Maria Santos Pires 
 
Introdução 
A primeira iniciativa reconhecida como política pública de saúde no Brasil 
só aconteceu no início do século XX. Neste tema, vamos conhecer quais foram 
os primeiros projetos e qual a evolução deles até os dias de hoje. 
No vídeo com acesso pelo material on-line a Professora Tânia vai 
apresentar os tópicos que estudaremos aqui. Não deixe de assistir. 
 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
2 
Problematização 
São Paulo, capital, 11 de agosto de 1930, 9h da manhã de uma segunda 
feira. João dos Santos está ainda deitado em sua pequena casa na periferia. Ele 
tem 30 anos de idade, é casado com Gema, tem 3 filhos, sendo que a mais nova 
nasceu há 3 meses. Ele é ferroviário da empresa São Paulo Railway, que faz o 
transporte de café de Jundiaí até o porto de Santos. 
Neste momento se recupera de uma pneumonia. Ele esteve internado por 
15 dias na Santa Casa, onde recebeu cuidados médicos. Naquele período ele 
pôde observar a angústia nos olhos de sua esposa, enquanto a observava 
rezando para que ele melhorasse logo. Agora estava quase bom, já na 
expectativa de voltar a trabalhar. 
Enquanto via seus filhos brincando e sua esposa correndo com as tarefas 
da casa, ele relembrava da sua vida, das histórias que ouviu e do sofrimento que 
viu e viveu. Não atualmente, porque graças a Deus e ao sindicato, ele adoeceu 
e foi tratado, mas tudo o que passou até que chegasse aqui ainda está muito 
vivo na sua memória e na sua emoção. 
Lembra-se da caminhada imensa, no calor escaldante da seca, da sede 
insuportável, quando em 1915, ele, seus pais e seus nove irmãos fizeram o 
percurso do sertão da Bahia até São Paulo. 
João é baiano, nascido em 1900 no sertão da Bahia. Sempre conviveu 
com a seca, mas em 1915, tudo parecia que ia se acabar quando seu pai, 
sertanejo corajoso e trabalhador, resolveu se mudar levando toda a família para 
tentar fazer alguma coisa e ter alguma esperança em outro lugar, porque ali, 
sendo peão nas fazendas, só restavam a fome e a morte como certezas. 
Na sua família havia uma história que era contada há várias gerações 
sobre uma moça chamada Antônia que deixou seu bebê na roda dos enjeitados. 
Depois de 7 anos, um homem foi até o convento e disse às irmãs que aquele 
menino era seu sobrinho. Sua irmã havia falecido naquele ano de tísica e no seu 
leito de morte contou-lhe sobre o filho e o dia em que havia deixado ali o seu 
menino. As irmãs tinham um registro detalhado de todas as crianças recebidas 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
3 
e conseguiram identificar o filhinho de Antônia. Desde então, sempre há uma 
Antônia na família, como uma homenagem, uma espécie de solidariedade 
aquela Antônia ancestral que tanto sofreu. 
João relembra da sua chegada em São Paulo, junto com o seu pai e dois 
irmãos. João encontrou-se com um rapaz de sua idade e tornaram-se amigos. 
Era Giovani, que contou que sua família também estava chegando em São 
Paulo, mas eles vieram de muito longe, do estrangeiro, e iam para uma cidade 
chamada São Carlos trabalhar nas lavouras de café. João falou para o seu pai e 
eles se juntaram aos italianos e foram para os cafezais. 
As condições de vida não eram muito boas, mas comparadas ao lugar de 
onde vieram, eram bem melhores. Com o passar dos anos, João aprendeu a ler, 
a mexer com algumas máquinas e queria melhorar de vida. Ouviu falar das 
ferrovias que estavam chegando em São Paulo e desejou sair da fazenda, ousar 
algo mais. Já estava apaixonado por Gema, uma linda moça italiana, irmã de 
seu amigo Giovani. 
Casaram-se, e a mistura de um baiano e uma italiana trouxe Severino 
(nome do pai de João), Genaro (nome do avô de Gema) e mais uma Antônia 
para a família. João quer um futuro melhor para os seus filhos. Quer que eles 
estudem e não vivam as dificuldades que ele viveu. 
Os sindicatos falam de lutar por melhorias e é isso que ele deseja. Todos 
falam de reformas nas leis para melhorar as condições de vida e saúde dos 
trabalhadores, mas de que forma isso poderia acontecer? 
Não precisa responder agora, nós ainda vamos voltar a falar da história 
do João no final deste tema. 
 
 
 
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4 
O início: vazio assistencial 
No vídeo a seguir, a Professora Tânia vai falar sobre o vazio assistencial. 
Acesse pelo material on-line. 
O cidadão brasileiro viveu por muitos anos sem assistência à saúde. 
Desde a sua descoberta até o início da república, a não ser alguns poucos 
cuidados de vigilância sanitária em áreas portuárias, nada havia que pudesse 
trazer um pouco de segurança à população. Esta situação torna-se mais grave 
quando se considera a população pobre, sobretudo depois da abolição da 
escravatura. 
Os antigos escravos saíram das fazendas sem qualquer tipo de amparo 
social, sem trabalho, sem teto, sem qualificação. Mesmo para o trabalho que 
sabiam fazer, não eram requisitados. Muitos fazendeiros preferiam contratar os 
imigrantes estrangeiros do que os negros ex-escravos. Esta enorme população 
em busca de trabalho e moradia, abrigou-se nas imediações das grandes 
cidades que se urbanizavam, nas conhecidas favelas, sem infraestrutura, o que 
aumentou o problema sanitário. 
A economia agrária ainda era predominante e a mentalidade da herança 
escravagista, de supressão de direitos sociais e desconsideração de direitos 
humanos ainda era dominante na sociedade, portanto, os avanços dos países 
europeus desde a época do mercantilismo e iluminismo não haviam ainda 
chegado aqui, de modo a repercutir em mudanças sociais. Muito ainda teria que 
se caminhar para chegar-se à discussão e implementação legal de um plano 
nacional de saúde que pudesse prover a assistência e cuidados de saúde à 
população brasileira. Isto acontece finalmente, na segunda metade da década 
de 80. 
 Um dos grandes entendimentos sobre o que é saúde foi elaborado pela 
VIII Conferência Nacional de Saúde de 1986. Há que se notar que quase 100 
anos após a formação da república, ainda não havia um entendimento do que 
significava cuidar da saúde das pessoas. As discussões e conclusões da VIII 
Conferência demonstraram-se inovadoras e, infelizmente, parecem novidade até 
 
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5 
hoje para alguns gestores, políticos e líderes. Veja a seguir o texto do relatório 
final da conferência: 
 
Em primeiro lugar ficou evidente que as modificações necessárias ao 
setor saúde transcendem os limites de uma reforma administrativa e 
financeira, exigindo-se uma reformulação mais profunda, ampliando-se 
o próprio conceito de saúde e sua correspondente ação institucional, 
revendo-se a legislação que diz respeito à promoção, proteção e 
recuperação constituindo-se no que se convencionou chamar de 
reforma sanitária” (BRASIL, 1986). 
 
Apesar do atraso e do alto preço pago pela população pela falta de ações 
institucionais de saúde, vale a pena entendermos o processo lento de construção 
das várias etapas da evolução da saúde pública brasileira. 
 
Período do Sanitarismo Campanhista – 1900 a 1930 
 
Elaborar um plano nacional de saúde não é uma tarefa fácil. Há que se 
considerar todo o contexto social e cultural e ter um objetivo claro das razões de 
se estabelecer o cuidado. 
Lembrando da história do nosso país, saímos de uma colonização 
predatória com a chegada da família real portuguesa em 1808. Até aquele 
momento, nada havia que pudesse ser identificado com sequer um resquício de 
saúde pública no país. A partir de 1808 até a independência, o Brasil foi a sede 
do governo português e a corte sentiu a necessidade de formar médicos para 
atendimentodos nobres. Instalaram-se então as primeiras escolas de medicina 
no país, na Bahia e no Rio de Janeiro. Os pobres continuavam sendo atendidos 
pelos curandeiros e entendidos nas artes de curar como os boticários. 
A república trouxe o primeiro ato de saúde pública com a implantação da 
vacinação contra varíola. Infelizmente, a metodologia militarizada aplicada para 
implementação desta ação, gerou um movimento de revolta popular que ficou 
conhecida como “a revolta da vacina”. 
 
 
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6 
Tiros, brigas, engarrafamento de trânsito, comércio fechado, transporte 
público assaltado e queimado, lampiões quebrados às pedradas, 
destruição de fachadas dos edifícios públicos e privados, árvores 
derrubadas: o povo do Rio de Janeiro se revolta contra o projeto de 
vacinação obrigatório proposto pelo sanitarista Oswaldo Cruz" (Gazeta 
de Notícias, 14 de novembro de 1904). 
 
Acredito que ao ler o texto transcrito, se você não tivesse visto a data, 
você pensaria tratar-se de uma notícia de um dos jornais de hoje em alguma 
capital do país, não é mesmo? Porém, esta manifestação tem algo mais do que 
apenas os boatos gerados sobre a vacina. 
Com a abolição oficial da escravatura, os barões do café precisavam de 
mão de obra em suas lavouras, o que levou o governo a abrir as portas para a 
imigração estrangeira em massa, sobretudo de italianos para as regiões 
cultivadoras do café. Estas pessoas, embora pobres em seus países de origem, 
vinham de uma sociedade europeia em que as discussões sobre direitos 
humanos e sociais estavam mais avançadas do que no Brasil. 
Chegaram aqui para substituir os negros escravos que não tinham 
qualquer respeito ou direito. Quando se depararam com as péssimas condições 
de trabalho, exploração, abuso e violência a que eram submetidos dentro do 
antigo modelo escravagista, revoltaram-se e manifestaram sua indignação. 
Movimentos políticos como os anarquistas e comunistas foram as bases de 
movimentos reivindicatórios sindicais, que estouraram em greves e 
aproveitavam-se de qualquer motivo para manifestações anti-governo, como foi 
o caso da revolta da vacina. 
É importante lembrar que a vacinação obrigatória, sob a direção do 
médico sanitarista Osvaldo Cruz, fazia parte de um grupo de medidas destinadas 
a sanear a cidade que sediava o porto mais importante do país, ou seja, a 
motivação era de origem econômica. Mesmo assim, há que entender-se a 
importância da ação de saúde pública que ficou conhecida como Sanitarismo 
Campanhista, metodologia que perdurou no país até a década de 60, porque 
por muito tempo foi a única ação exclusivamente pública de saúde que o país 
teve. Após as modificações metodológicas realizadas pelo médico Evandro 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Oswaldo_Gon%C3%A7alves_Cruz
https://pt.wikipedia.org/wiki/Gazeta_de_Not%C3%ADcias
https://pt.wikipedia.org/wiki/Gazeta_de_Not%C3%ADcias
https://pt.wikipedia.org/wiki/14_de_novembro
https://pt.wikipedia.org/wiki/1904
 
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7 
Chagas, como explicações do que era a vacina, sua importância individual e 
coletiva, saindo do modelo militar executado por Osvaldo Cruz, houve melhor 
aceitação da população e, como consequência, a erradicação da febre amarela 
e o controle de outras doenças graves no Rio de Janeiro e depois estendidas a 
outras cidades. 
Um órgão do governo, a SUCAM - Superintêndencia de Campanhas de 
Saúde Pública -, teve uma atuação muito importante e representativa de saúde 
pública no que diz respeito às doenças infectocontagiosas, antigamente 
chamadas de “doenças tropicais”. Ligada a Fundação Nacional de Saúde, a 
SUCAM levou seus agentes às áreas rurais do país, inclusive na Amazônia. 
Doenças como a malária, esquistossomose, filariose, febre tifoide e outras 
doenças endêmicas, foram tratadas e monitoradas. Se você quiser saber mais 
da história da SUCAM, acesse o link a seguir pelo material on-line, você vai ver 
o museu virtual da SUCAM, com mostra de roupas e instrumentos usados desde 
a década de 1910 pelos guardas sanitários. 
 
 
http://www.funasa.gov.br/site/museu/galeria-virtual/ 
 
 
Os guardas (agentes) da SUCAM entravam nas casas para as vistorias 
sanitárias, com a permissão dos moradores, para virar garrafas e outros 
recipientes, pisar em cascas de ovos para esmaga-las, tudo com o intuito de 
evitar a proliferação de mosquitos. 
Na região Norte, uma ação muito conhecida dos moradores desses 
estados até a década de 60 e 70 era a coleta de sangue no início da noite para 
o rastreio da filariose ou elefantíase, doença parasitária grave de lenta evolução. 
Em decorrência dessas ações, várias doenças foram controladas. 
http://www.funasa.gov.br/site/museu/galeria-virtual/
 
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8 
O livro “Febre amarela: a doença e a vacina, uma história inacabada”, de 
Benchimol (coord), Editora Fiocruz, discute o tema e analisa a sua influência 
histórica no caminho da erradicação das endemias no Brasil. 
Período Médico Assistencial Privatista – 1930 a 1960 
 
Os movimentos sociais ligados aos trabalhadores estavam em 
efervescência, porque estes enfrentavam péssimas condições de trabalho. O 
médico carioca Raul Sá Pinto, ao defender sua tese de doutoramento, afirma 
sobre as condições de saúde a que era submetido o trabalhador brasileiro em 
1907: “O operário, nas suas atuais condições de vida, dizemos e havemos de 
repetir, não morre naturalmente, é assassinado aos poucos”. Ele ainda discorre 
sobre as jornadas inclementes nas fábricas, onde os trabalhadores eram 
explorados, mão de obra infantil e outras tantas injustiças sociais que 
depredavam a saúde das pessoas em nome do lucro. 
 Os sindicatos faziam pressão por melhores condições de trabalho e a sua 
capacidade de organização já havia sido demonstrada quando resolveram se 
organizar por categorias para terem assistência à saúde e aposentadoria. 
Ferroviários, estivadores, metalúrgicos e diversas outras categorias resolveram 
investir partes de seus salários para terem alguma garantia. De certo modo isso 
tornou-se também um interesse de governo, que viu nessas iniciativas uma 
aglomeração de capital utilizável. 
A lei Eloi Chaves, de 1923, traz uma diretiva oficial e a contribuição do 
Estado a essa iniciativa. A lei é considerada a mãe da previdência social 
brasileira. Ela trouxe as regras oficiais de assistência e limite de idade para 
aposentadoria. Seria um investimento conjunto de patrões e empregados. Mais 
tarde, a união assume um controle das caixas, formatando-as em institutos de 
aposentadorias e pensões. Além da assistência previdenciária, as caixas ainda 
eram provedoras de assistência médica, diminuição do custo de medicamentos, 
auxílio funeral e pensão para herdeiros em caso de morte. 
 
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9 
Para entender melhor o sistema previdenciário que influenciou o setor 
saúde, assista ao vídeo a seguir elaborado pela FUNCEF (Fundação dos 
Economiários Federais). 
 
 
https://www.youtube.com/watch?v=VkeGEwGpcYQ 
 
 
 
É importante lembrar que a assistência médica estava ligada ao setor 
previdenciário e assim permaneceu mesmo depois da instituição do Ministério 
da Saúde em 1954. As ações do Ministério da Saúde estavam ligadas às 
vigilâncias epidemiológica e sanitária exclusivamente. Esta separação entre as 
ações de assistência e de prevenção criava dificuldades no planejamento e 
influenciava negativamente na formação dos profissionais de saúde, situação 
que se reflete até hoje na formação médica e dos outros profissionais de saúde. 
Um marco dessa etapa foi a Consolidação das leis do trabalho, regida pela Lei 
n° 5.452, de 01 de maio de 1943. A legislação trabalhista estabeleceu limites 
para o horário de trabalho, descanso remunerado, férias e aposentadoria. 
Considerando que a saúdeestava ligada à previdência social, a 
organização das leis trabalhistas melhorou a saúde dos trabalhadores de 
diversas categorias e de suas famílias, assim como incorporou recursos à 
previdência social. 
A captação de recursos, associada à pouca gente que chegava a idade 
de aposentadoria, devido elevada mortalidade, trouxe muitos recursos a 
previdência, o que facilitou a utilização desse dinheiro para outros investimentos 
julgados de interesse nacional. Essa situação permanece até a chegada do 
regime militar e a criação do INAMPS. 
https://www.youtube.com/watch?v=VkeGEwGpcYQ
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
10 
A Professora Tânia vai falar mais sobre o Período Médico Assistencial 
Privatista entre 1930 e 1960. Acesse o vídeo pelo material on-line. 
O Instituto Nacional de Assistência médica da Previdência 
Social (INAMPS) 
 
Para iniciar esta parte do nosso estudo, acesse o material on-line e assista 
ao vídeo da Professora Tânia explicando tudo sobre o INAMPS. 
Após instauração do regime militar, as discussões estavam na ampliação 
dos benefícios previdenciários e de assistência médica a todos os trabalhadores 
ligados ao sistema da CLT e não apenas àqueles ligados aos institutos de 
aposentadorias e pensões. A ideia era boa, na medida em que mais pessoas 
teriam os benefícios trabalhistas e assistência médica mesmo quem não 
estivesse entre os trabalhadores com maior poder de organização. 
No entanto, a escolha pela metodologia assistencial, segundo o modelo 
americano privatista, centrado na assistência curativa, mostrou-se uma má 
escolha, deixando à margem a maioria dos brasileiros que passavam longe do 
amparo da lei, não por sua escolha, mas devido as iniquidades do país. Nesta 
categorização estavam todos os trabalhadores autônomos, os indígenas, os 
trabalhadores da área rural, grande parte dos trabalhadores da construção civil 
e outros trabalhadores pobres, com pouca qualificação e amparo social. 
Mesmo para os trabalhadores beneficiados por se incluírem no emprego formal, 
a assistência prestada ainda era insuficiente. 
O INAMPS se baseava na lógica dos eventos agudos, mantendo a 
metodologia de pronto atendimento aos segurados. Para garantir a assistência, 
investiu-se na rede privada, financiando a construção de hospitais em todo o 
país, com empréstimos a juros baixos, os quais seriam pagos com o próprio 
atendimento da rede, ou seja, o financiamento era feito pelo INAMPS e pago 
com o convênio do hospital com o próprio INAMPS. 
 
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Não havia a visão de prevenção, a assistência era restrita, além de que 
todas as ações eram centralizadas no governo federal, assim como a prestação 
de contas, que favorecia um sistema de fraudes por falta de fiscalização 
adequada das ações. 
Além da iniquidade na assistência, porque justamente os mais vulneráveis 
na sociedade ficavam sem assistência, havia uma grande insatisfação dos 
estados e municípios devido à falta de recursos para investimento em ações de 
saúde. A rede de postos de saúde era muito pequena e sua atuação restrita. 
Essa situação provocou a indignação de diversos setores da sociedade 
civil. Além da percepção da injustiça, o contexto da falta de democracia impedia 
as discussões sobre o problema, porque as manifestações a respeito eram 
consideradas manobras comunistas. 
Na metade da década de oitenta, houve a sinalização da abertura política 
no país, que começa com a lei da anistia e aprovação do pluripartidarismo. Inicia-
se assim um movimento aberto de discussão sobre as condições de saúde no 
país, chamado de Movimento pela Reforma Sanitária. 
Este movimento foi liderado por sanitaristas, médicos e demais 
profissionais da saúde; políticos de oposição, como o deputado Sérgio Arouca; 
sociólogos e educadores de peso nacional como Paulo Freire e Betinho; além 
do forte apoio da sociedade, igrejas e sindicatos. As comunidades eclesiais de 
base exerceram importante papel nessa mobilização. Naquele momento, a 
pastoral da criança liderada pela Dra. Zilda Arns mostrava a efetividade das 
ações de prevenção e cuidado. 
O pensamento do educador Paulo Freire com a sua proposta de educação 
libertadora, tornou-se a base para as ações de promoção de saúde que se 
consolidariam como uma das principais ações do SUS. 
Saiba mais sobre Paulo Freire e encante-se com a sua história e obra no 
link a seguir. Acesse pelo material on-line: 
https://www.youtube.com/watch?v=jzUgb75GgpE&ebc=ANyPxKpqkSl9bzVrNP
T6mXS1y-
https://www.youtube.com/watch?v=jzUgb75GgpE&ebc=ANyPxKpqkSl9bzVrNPT6mXS1y-Y8CatgOw9mTuEjIyk91g9apwIhnFrcr0oqU6RSygRHnlO7ZmJ3LFwLbvPHh9ghro7QCulI_w
https://www.youtube.com/watch?v=jzUgb75GgpE&ebc=ANyPxKpqkSl9bzVrNPT6mXS1y-Y8CatgOw9mTuEjIyk91g9apwIhnFrcr0oqU6RSygRHnlO7ZmJ3LFwLbvPHh9ghro7QCulI_w
 
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12 
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 A ação de cidadania contra a fome e a miséria no país, sob a liderança de 
Betinho, o famoso irmão do Henfil, sensibilizou os segmentos sociais para o 
problema da miséria no país e lançou a frase “quem tem fome tem pressa”. 
Inspire-se com as palavras de Betinho assistindo a dois vídeos muito 
interessantes. 
https://www.youtube.com/watch?v=XG4-ePnT-Xs 
https://www.youtube.com/watch?v=Qo_9GhqPY20 
 
VII Conferencia Nacional de Saúde 
 
Foi instaurada uma mobilização de pessoas para discutir a saúde no país 
e formatar uma proposta para levar à VIII Conferência Nacional de saúde em 
1986, além de servir como base para a reforma constitucional que remodelou o 
sistema de saúde criando o SUS em 1988. A proposta estava pautada em ter 
políticas de saúde democráticas, de acesso universal, com gestão 
descentralizada e mais próxima dos cidadãos e que se baseassem na justiça 
social. 
Você pode acessar a biblioteca virtual da Fio Cruz 
http://bvsfiocruz.fiocruz.br/php/index.php e saber mais sobre os movimentos 
sociais históricos pela saúde em vários países da américa latina e aprofundar o 
movimento histórico pela saúde brasileiro. 
No material on-line a Professora Tânia vai explicar mais sobre os 
movimentos sociais que ajudaram a transformar a saúde no Brasil. Não deixe de 
assistir. 
 
 
https://www.youtube.com/watch?v=jzUgb75GgpE&ebc=ANyPxKpqkSl9bzVrNPT6mXS1y-Y8CatgOw9mTuEjIyk91g9apwIhnFrcr0oqU6RSygRHnlO7ZmJ3LFwLbvPHh9ghro7QCulI_w
https://www.youtube.com/watch?v=jzUgb75GgpE&ebc=ANyPxKpqkSl9bzVrNPT6mXS1y-Y8CatgOw9mTuEjIyk91g9apwIhnFrcr0oqU6RSygRHnlO7ZmJ3LFwLbvPHh9ghro7QCulI_w
https://www.youtube.com/watch?v=XG4-ePnT-Xs
https://www.youtube.com/watch?v=Qo_9GhqPY20
http://bvsfiocruz.fiocruz.br/php/index.php
 
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Revendo a Problematização 
Agora que você já viu todo o conteúdo teórico deste tema, vamos voltar a 
falar sobre o problema exposto lá no início do nosso estudo. E então, os 
sindicatos falam de lutar por melhorias e é isso que ele deseja. Todos falam de 
reformas nas leis para melhorar as condições de vida e saúde dos trabalhadores, 
mas de que forma isso poderia acontecer? 
 
a. Para que uma reforma tão ampla como essa possa acontecer, tem que 
ser através do investimento na educação. O cidadão instruído tem 
condições de votar e assim implementar as mudanças necessárias. 
b. Com a organização e participação dos trabalhadores, trazendo propostas 
para as negociações através de seus representantes, pressionando os 
líderes políticos. Conhecimento dos interesses do país naquele momento 
e das perspectivas de investimento trazem argumentos fortes aos 
movimentos populares. 
c. Convocação da população para manifestações e convocação da 
imprensa para noticiar as injustiças contra os trabalhadores. 
 
 
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Síntese 
Chegamos ao fim de mais uma parte do nossoestudo. Vimos aqui o início 
e o desenvolvimento das políticas públicas de saúde no Brasil. Começamos no 
princípio da velha república, com a primeira iniciativa de saneamento dos portos 
e vacinação da população, porém, com uma metodologia militarizada, que 
provocou nas pessoas uma forte reação contrária, conhecida como a Revolta 
da Vacina. 
Apesar de tudo isso, há de se valorizar esse período porque, graças a 
essas iniciativas, houve um desenvolvimento tecnológico nesse campo de 
vacinas e estudos epidemiológicos, deixando seus reflexos positivos na saúde 
pública brasileira até hoje. 
Estudamos a organização dos trabalhadores para conseguir assistência 
médica e benefícios sociais, além das mudanças trazidas pelo regime militar com 
a criação do INAPMS. 
Vimos também que esses benefícios só atingiam a classe trabalhadora 
formal, com carteira assinada, deixando a maioria dos brasileiros sem direito aos 
serviços de saúde. Em razão dessa situação, houve um movimento de protesto 
e discussão que ficou conhecido como Movimento da Reforma Sanitária. 
Para relembrar tudo o que vimos aqui, acesse o material on-line e assista 
ao vídeo da Professora Tânia recapitulando nosso estudo. 
 
 
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15 
Referências 
BRASIL (a). Ministério da Saúde. Fundação Osvaldo Cruz. Biblioteca Virtual 
Sérgio Arouca. Oitava Conferência. Disponível em: 
<http://bvsarouca.cict.fiocruz.br/sanitarista06p.htm>. Acesso em 05 de abril de 
2015. 
BRASIL (b). Ministério da Saúde. Fundação Osvaldo Cruz. Biblioteca Virtual 
Sérgio Arouca. Reforma Sanitária. Disponível em: 
<http://bvsarouca.cict.fiocruz.br/sanitarista06p.htm>. Acesso em 05 de abril de 
2015. 
BRENNER, J. História da Medicina suplementar no Brasil: a evolução dos 
Hospitais. Disponível em: < http://www.clubemundo.com.br.revistapangea> 
Acesso em 04 de maio de 2016. 
BUDÓ, M. L. A prática de cuidados em comunidades rurais e o preparo da 
enfermeira. Florianópolis, 2000. Tese de doutorado (Filosofia da Enfermagem) 
– Setor de Ciências da Saúde, Universidade Federal de Santa Catarina. 
PIRES T. A Reforma Sanitária e a criação do SUS. in A Residencia médica em 
medicina de família e comunidade: um compromisso com a consolidação 
do SUS . Itajaí, 2006. Dissertação de Mestrado (Saúde e Gestão do trabalho) – 
Setor de Ciências da Saúde, Universidade do Vale do Itajaí. 
VARGAS D. J. História das Políticas Públicas de Saúde no Brasil: revisão 
da literatura. – Monografia apresentada como Trabalho de Conclusão de Curso 
(especialização) – Escola de Saúde do Exército, Programa de Pós-Graduação 
em Aplicações Complementares às Ciências Militares) - Rio de Janeiro, 2008. 
 
 
 
http://bvsarouca.cict.fiocruz.br/sanitarista06p.htm
http://bvsarouca.cict.fiocruz.br/sanitarista06p.htm
http://www.clubemundo.com.br.revistapangea/
 
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Atividades 
 Na primeira década do século XX, o cidadão brasileiro não tinha 
assistência à saúde. Assinale a alternativa correta relacionada a essa 
afirmação. 
a. A população brasileira em sua maioria era da área rural, pobre e 
analfabeta, ou aglomerada nas favelas das capitais, era formada pelos 
ex-escravos e seus descendentes, sem poder de mobilização ou 
reinvindicação. 
b. Havia uma camada social com elevado poder aquisitivo, formada pelos 
fazendeiros, que providenciavam assistência aos seus trabalhadores. 
c. O governo mobilizou-se para assistir aos trabalhadores rurais por serem 
estes a base da economia naquela época. 
d. Havia um número adequado de médicos que davam assistência às áreas 
rurais do país, cobrando particularmente pelos serviços prestados. 
 A Lei Eloi Chaves, considerada a mãe da previdência social brasileira, 
trouxe impacto nas condições de saúde de muitos brasileiros. Assinale a 
alternativa correta a respeito do assunto. 
a. Todos os trabalhadores foram beneficiados por esta lei, que trouxe 
amparo e assistência a todos e as suas famílias. 
b. A contribuição para os fundos previdenciários vinha tanto dos 
trabalhadores quanto dos patrões, além do governo federal. 
c. Os trabalhadores organizados em sindicatos, com inspiração de 
esquerda, motivados pelas experiências em países desenvolvidos, 
pressionaram os patrões para assegurar benefícios sociais e de saúde. 
 
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d. A organização dos trabalhadores em sindicatos e sua iniciativa para 
provimento de aposentadorias e pensões não era do interesse do 
governo, por isso foi desestimulada. 
 A Revolta da Vacina foi um marco na etapa do sanitarismo campanhista, 
etapa importante na construção das políticas públicas brasileiras. 
Assinale a alternativa correta. 
a. O povo se revoltou porque não havia vacina para todos. 
b. O povo se revoltou porque suas casas eram invadidas pela polícia e eram 
obrigados e tomar a vacina. 
c. O povo se revoltou devido os efeitos colaterais da vacina. 
d. O povo se revoltou porque apenas as camadas mais ricas da sociedade 
tinham o privilégio da vacinação. 
 O movimento pela Reforma Sanitária mobilizou o país para discutir as 
questões de saúde em pleno regime militar. A respeito desse tema, pode-
se afirmar que: 
a. Graças a este movimento, a VIII Conferência Nacional de Saúde formulou 
propostas que foram na íntegra, a base da organização do SUS. 
b. Os líderes do movimento foram impedidos pelo regime militar por tratar-
se de um movimento com propostas comunistas. 
c. A principal proposta da Reforma Sanitária baseava-se na implantação de 
medidas sanitárias com foco epidemiológico e assistencial que desse 
conta das grandes epidemias e endemias do país. 
d. A reforma sanitária foi um projeto de filósofos e sociólogos com pouca 
participação popular. 
 
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 O INAMPS (Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência 
Social) foi criado no intuito de ampliar a assistência médica a todos os 
trabalhadores brasileiros, porém, devido as suas características, criou 
diversas situações de injustiça. Assinale a alternativa correta sobre o 
tema. 
a. O INAMPS era fiscalizado pelo gestor municipal que, posteriormente, se 
reportava ao governo federal. 
b. O INAMPS trabalhava na lógica da prevenção por estimular exames 
prévios nos trabalhadores. 
c. O INAMPS atendia aos trabalhadores e suas famílias, desde que fossem 
contribuintes da previdência social, de forma independente ou através do 
sistema formal de emprego. 
d. O INAMPS participava de todas as ações de saúde do país, na sua 
condição de sistema público de saúde. 
 
Para consultar o gabarito das questões, acesse o material on-line.

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