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APS DIREITO ADMINISTRATIVO
Leitura e interpretação de precedentes jurisprudenciais sobre a matéria do Direito Administrativo, especificamente sobre os princípios que norteiam a destinação dos bens públicos e os contratos administrativos, que serão devidamente indicados pelo professor em sala de aula. A familiarização com o julgado será realizada em horário não presencial pelos alunos, seguido da elaboração pelo aluno de texto descritivo que será postado no ambiente virtual.
Análise e resenha do julgado ao Agravo de instrumento Nº 70080407786 (Nº CNJ: 0012687-38.2019.8.21.7000) da Segunda Câmara Civil da Comarca de Sapiranga, com relatoria do DES. JOÃO BARCELOS DE SOUZA JÚNIOR e com participação dos eminentes Senhores DES.ª LÚCIA DE FÁTIMA CERVEIRA (PRESIDENTE) E DES. RICARDO TORRES HERMANN.
AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO PÚBLICO. LICITAÇÃO E CONTRATO ADMINISTRATIVO. TUTELA CAUTELAR EM CARÁTER ANTECEDENTE. ART. 305 CPC. TRANSPORTE PÚBLICO URBANO. SERVIÇO PÚBLICO ESSENCIAL. PRESTAÇÃO CONTÍNUA. LIMINAR CONCEDIDA PELO JUÍZO A QUO. DECISÃO MANTIDA.
Não obstante a relevância da argumentação trazida pela empresa agravante, especialmente quanto às dificuldades financeiras para a continuidade da prestação do serviço de transporte urbano de passageiros, a interrupção do transporte coletivo afetará diretamente os cidadãos do Município de Sapiranga, sobremaneira a parcela mais desfavorecida. Destarte, neste momento processual, dentre os valores considerados, deve prevalecer o interesse público (garantia da prestação de serviço essencial) sobre o particular (interrupção do contrato). A questão há de ser analisada com a devida cautela, dando-se espaço ao contraditório, devendo a empresa, por ora, prosseguir prestando o serviço público em questão, como já o faz há mais de 20 (vinte) anos.
AGRAVO DE INSTRUMENTO DESPROVIDO.
O caso em tela, trata- se de pedido do município de Sapiranga, que requereu a manutenção do Processo Administrativo Licitatório nº 001/97, cujo objeto consistia na realização de transporte público urbano. Passado mais de 20 anos exercendo a atividade essencial, apesar de precária, face as inúmeras tentativas desertas de licitação do serviço em questão, as empresas TRANSPORTES KLEIN EIRELI e CITRAL TRANSPORTE E TURISMO S/A notificaram o município de Sapiranga de que interromperão a atividade desenvolvida em janeiro de 2019. 
O munícipio de Sapiranga interpôs medida cautelar inominada, requerendo a manutenção da prestação do serviço essencial de transporte exercida pela empresa TRANSPORTES KLEIN EIRELI e CITRAL TRANSPORTE E TURISMO S/A durante 20 anos ininterruptamente, o juízo deferiu a liminar determinando que o agravante continuem a prestar transporte público, nos moldes que vem prestando há mais de 20 (vinte) anos, sob pena de multa diária de R$100.000,00 (cem mil reais). Assim, a TRANSPORTES KLEIN EIRELI interpôs agravo de contra a r. decisão.
Por unanimidade o agrado de instrumento foi desprovido, mantendo-se assim a r. decisão do juízo a quo.
Em sua fundamentação o juízo a quo alegou que é incontestável “que o transporte coletivo de passageiros realizado no perímetro urbano é considerado serviço público essencial, nos termos do art. 2º da Lei Estadual nº 11.127/1998, e por ser necessário a toda coletividade, deve ser prestado de maneira contínua - sem qualquer interrupção. Também por analogia tem-se na Lei 7783/89, art. 11, a proibição de interrupção do serviço essencial, inclusive por parte do empresário. Ainda, a Lei 8.078/90, em seu art. 22, é explícito em determinar que serviços essenciais sejam contínuos. Importante consignar a Lei que rege o contrato administrativo (8987/95), em seu art. 6º, §1º e §2º, pressupõe que as concessionárias e permissionárias deverão prestar serviço público contínuo e regular, cabendo eventual descontinuidade somente por razões de ordem técnica, de segurança das instalações ou inadimplência do usuário.”
Segue os artigos citados pelo r. decisão ora atacada, in verbis:
Lei Estadual nº 11.127/1998 - Art. 2º - O transporte coletivo de passageiros realizado nas regiões metropolitanas é considerado serviço público essencial e será explorado, diretamente ou por delegação, em conformidade com as Leis Federais nº s. 8.666, de 21 de junho de 1993, 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, e 9.074, de 07 de julho de 1995.
Lei 7783/89 (Lei de Greve) – Art. 11 - Nos serviços ou atividades essenciais, os sindicatos, os empregadores e os trabalhadores ficam obrigados, de comum acordo, a garantir, durante a greve, a prestação dos serviços indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade.
Parágrafo único. São necessidades inadiáveis, da comunidade aquelas que, não atendidas, coloquem em perigo iminente a sobrevivência, a saúde ou a segurança da população.
Lei 8.078/90 (CDC) - Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra forma de empreendimento, são obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos.
Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total ou parcial, das obrigações referidas neste artigo, serão as pessoas jurídicas compelidas a cumpri-las e a reparar os danos causados, na forma prevista neste código.
Lei 8987/95 (Lei de Concessões) - Art. 6°- Toda concessão ou permissão pressupõe a prestação de serviço adequado ao pleno atendimento dos usuários, conforme estabelecido nesta Lei, nas normas pertinentes e no respectivo contrato.
§ 1° Serviço adequado é o que satisfaz as condições de regularidade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade das tarifas.
§ 2° A atualidade compreende a modernidade das técnicas, do equipamento e das instalações e a sua conservação, bem como a melhoria e expansão do serviço.
§ 3° Não se caracteriza como descontinuidade do serviço a sua interrupção em situação de emergência ou após prévio aviso, quando:
I - motivada por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações; e,
II - por inadimplemento do usuário, considerado o interesse da coletividade.
Ainda referente decisão ora atacada, o magistrado entendeu que apesar de escancarada as condições precárias das empresas prestadoras de serviço e as várias tentativas dos gestores públicos regularem a situação, com várias licitações sendo as mesmas desertas, está presente “a prova inequívoca do direito (notificação dos demandados), sendo relevantes os motivos (continuidade de serviço essencial) e perigo da demora (ausência de transporte público), que a liminar é medida imprescindível. Por esses motivos, deferiu o pedido liminar, e determinou que as empresas prestadoras de serviço TRANSPORTES KLEIN EIRELI e CITRAL TRANSPORTE E TURISMO S/A continuem a prestar o transporte público, nos moldes que vem prestando há mais de 20 anos, sob pena de multa diária de R$ 100.000,00 (cem mil reais).
Assim a agravante, interpôs agravo de instrumento requerendo a reforma da decisão ora atacada, pois alega questão de ordem técnica, bem como não possuir mais interesse na continuidade da prestação do serviço de transporte público por não ter condições financeiras para tanto. Requereu ainda o efeito suspensivo, considerando demonstrado risco de dano grave e probabilidade de provimento deste recurso, bem como cominação de pena de multa diária de R$100.000,00 (cem mil reais) na decisão hostilizada em caso de cessação do serviço.
O relator DES. JOÃO BARCELOS DE SOUZA JÚNIOR, com participação dos eminentes Senhores DES.ª LÚCIA DE FÁTIMA CERVEIRA (PRESIDENTE) E DES. RICARDO TORRES HERMANN da Segunda Câmara Civil da Comarca de Sapiranga, entendeu que mesmo com os problemas financeiros suportados pela empresa prestadora do serviço de transportes de passageiros do município em questão, deve-se levar em consideração e deve-se ser priorizado o interesse da comunidade de Sapiranga, mantendo-se, assim, a liminar deferida pelo Juízo a quo. 
Fundamentou que a intenção do Município de Sapiranga foi de obter provimento jurisdicionalpara impedir a descontinuidade do serviço de transporte público prestado pelas empresas demandadas TRANSPORTES KLEIN EIRELI e CITRAL TRANSPORTE E TURISMO S/A, de forma precária, há mais de 20 anos. O município alegou a sua essencialidade, bem como as tentativas de regularizar a situação, mas que foram infrutíferas, pois desertas as licitações promovidas até então.
Assim entendeu o relator que apesar dos problemas financeiros enfrentados pela demandada, a interrupção do transporte coletivo afetará diretamente os cidadãos do Município de Sapiranga, sobremaneira a parcela mais desfavorecida, devendo-se, assim, prevalecer o interesse público (garantia da prestação de serviço essencial) sobre o particular (interrupção do contrato). 
Desta maneira, o agravo de instrumento fora desprovido, mantendo-se a decisão do juízo a quo, devendo as demandadas prosseguirem prestando o serviço público em questão, como já o faz há mais de 20 (vinte) anos.
Des. Ricardo Torres Hermann - De acordo com o(a) Relator(a).
Des.ª Lúcia de Fátima Cerveira (PRESIDENTE) - De acordo com o(a) Relator(a).
Decisão unânime.

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