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DEPRESSÃO CLÍNICA Alessandra Cassemiro Carina Campos Christiane Coelho Danielle Regina Leandra Santos Márcia Nunes Renata Aguiar PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS Faculdade de Psicologia – Unidade São Gabriel Conceitos Na cultura atual a tristeza é denominada como depressão, mas cabe lembrar que os sentimentos tem valor adaptativo e também de retraimento. Avaliando historicamente a depressão tem sido classificada de várias formas como: Transtorno depressivo maior, Melancolia, Distimia, Transtorno Bipolar I e II, entre outros. É avaliada enquanto aos aspectos de sintomas psíquicos, fisiológicos e comportamentais. Sintomas psíquicos Humor depressivo: sensações de tristeza, autodesvalorização e sentimentos de culpa. Redução da capacidade de experimentar prazer na maior parte das atividades, antes consideradas agradáveis. Fadiga ou sensação de perda e energia. Diminuição da capacidade de pensar, concentrar e tomar decisões Sintomas fisiológicos Alterações do sono. Alteração do apetite. Redução do interesse sexual. Evidências Comportamentais Retraimento social. Crises de choro. Comportamentos suicidas. Retardo psicomotor e lentificação generalizada ou agitação psicomotora. Classificações A Depressão se enquadra dentro do Transtorno de Humor. CID 10 – Possui cinco códigos relacionado a depressão: F30 a F34 No DSM IV existe uma divisão entre Transtorno depressivo e Transtorno bipolar. Transtorno Depressivo: existem três códigos Transtorno Bipolar: existem seis códigos Um código para transtorno de humor sem outra especificações (SOE) Considerações Considerado um dos transtornos psiquiátricos mais prevalentes no mundo. De acordo com a APA (2004), estima-se que 5% da população geral apresentam depressão e paciente com outras comorbidades 47%. O episódio depressivo pode ser classificado em leve, moderado ou grave, sendo que esta classificação varia de acordo com número, gravidade e tempo de apresentação dos sintomas. Pode ser uma patologia recorrente ou crônica. Depressão Análise de causas e descrições Forma objetiva Análise funcional Redução de certos tipos de comportamentos: Comparação pessoa deprimida X não deprimida Perda de certos tipos de atividade, esquiva, fuga; queixas de choro e irritabilidade. Ritmo lento, ausência de comportamento verbal. Suporte colateral. Aumento de certos comportamentos Fuga e esquiva de estímulos aversivos Desempenhos ampliados ou extensivos Perda de reforçamento positivo Repertório Comportamentos racionais, insólitos ou não funcionais Repertório passivo Ações indiretas, desempenhos mágicos e esquiva que não alteram o ambiente Frequência como fator decisivo Análise não topográfica, a frequência é mais importante Os desempenhos ausentes fazem parte do repertório, com baixa frequência. Condições atuais não oferecem suporte A distinção entre deprimido ou não se dá pela frequência PROCESSO COMPORTAMENTAL BÁSICO QUE CONTRIBUI PARA REDUZIR OU REDUZ A FRENQUÊNCIA DE COMPORTAMENTO DE UMA PESSOA O comportamento é um subproduto de inúmeros processos psicológicos É necessário compreender todos os processos que podem reduzir o número de comportamentos positivamente reforçados Identificar de que maneira o ambiente físico e social de uma pessoa oferece as condições que são responsáveis É preciso saber qual é a relação funcional entre o comportamento e o ambiente que serve de ocasião, que modela e que mantém a depressão. FESTER P.709(1978) PROCESSO COMPORTAMENTAL BÁSICO QUE CONTRIBUI PARA REDUZIR OU REDUZ A FRENQUÊNCIA DE COMPORTAMENTO DE UMA PESSOA Em termos gerais, os processos do comportamento se encaixam em três categorias: O reforçamento do comportamento que explica sua origem e causa. A manutenção do comportamento, apesar da pouca freqüência ou até do reforçamento incerto (intermitente) O controle seletivo exercido sobre o comportamento por certos aspectos físicos e sociais do ambiente que sinalizam as ocasiões em que podem ocorrer o reforçamento. FESTER P.709 (1978) É comum que o repertório de uma pessoa deprimida seja categorizado clinicamente como aquele que interpreta o ambiente de maneira distorcida. Indicadores que podem variar desde alucinações e ilusões, distorções a respeito da própria imagem e do aspecto físico, uma visão extremamente limitada e sem esperança a respeito do mundo. Do ponto de vista comportamental essa descrição faz alusão a uma baixa freqüência de reforçamento positivo porque a grande maioria dos desempenhos da pessoa deprimida é inadequada e portanto não pode ser reforçada. FESTER P.709 (1978) 2- UM REPERTÓRIO LIMITADO DE OBSERVAÇÃO PODE LEVAR A UMA BAIXA FREQUÊNCIA DE REFORÇAMENTO POSITIVO UM REPERTÓRIO LIMITADO DE OBSERVAÇÃO PODE LEVAR A UMA BAIXA FREQUÊNCIA DE REFORÇAMENTO POSITIVO Do ponto de vista clínico, há três aspectos do repertório do paciente, que seriam suscetíveis a uma análise comportamental. O paciente tem: Uma visão limitada do mundo: Diz respeito ao controle diferencial exercido pelo ambiente físico e social. Os comportamentos do paciente não são adequados às mudanças que ocorrem no ambiente externo. Uma visão pessimista do mundo: descreve as conseqüências aversivas que resultam da incapacidade de evitar situações aversivas, talvez pela incapacidade de ver o ambiente de maneira clara. A visão imutável do mundo: Do ponto de vista comportamental são fatores que bloqueiam o desenvolvimento cumulativo do repertório. FESTER P.710 (1978) Fatores que bloqueiam o desenvolvimento cumulativo de repertórios Interrupção nos reforçadores que mantém as atividades da criança Falha no desenvolvimento da percepção Sub-produto: reação emocional em larga escala (irritação, frustração) Interações aversivas com a mãe bloqueiam o seu desenvolvimento da percepção do outro havendo assim um retardamento dos comportamentos interpessoais O que poderá ser feito Aumentar o repertório de perceptivo através de atividades simples que tenham reforçamento garantido de modo que aumente o seu agir positivamente em vez de reagir passivamente e emocionalmente. Reforçamento diferencial de outro comportamento Influência do esquema de reforçamento na frequência do comportamento: intermitente (pode sofrer enfraquecimento), fixo (enfraquece o comportamento), variável (frequência alta de comportamento) Mudanças no ambiente: se drástica pode haver uma perda de repertórios comportamentais – cultivar variadas fontes de reforço e atividades reforçadoras Irritação na Depressão Contribui para a depressão É subproduto das punições sofridas no passado Pode ser reforçada pelos danos ou perdas a outrem A supressão temporária da irritação pode criar uma situação aversiva – ao evitá-la, ocorre o reforçamento e aumento da frequência dos desempenhos incompatíveis Irritação – perda de reforçadores Passa a ser estímulo aversivo para o indivíduo e lhe traz impactos emocionais Implicações de uma Análise Comportamental para a Terapia Aumento no repertório Verbal Alteração no ambiente pelo repertório verbal Relações entre depressão e contingências culturais nas sociedades modernas: Interpretação analítico-comportamental: Modelo de Complexidade e Depressão Relações Interpessoais em Sociedades Individualizadas Processo de Individualização e Depressão O Repertório Comportamental é Socialmente Determinado e não Inato. Tratamento Estudos demonstram que o tratamento farmacológico combinado com psicoterapias, tem apresentado resultados na redução e prevenção de reaparecimentos. “ As psicoterapias comportamentais vêm apresentando resultados eficientes na modificação do comportamento de pessoas com depressão. Resultados como redução de sintomas, aumento no repertório social e alteração na quantidade e qualidade das atividades e das interações sociais. (CARDOSO, 2011) Abordagens utilizadas Terapia comportamental ou Analítico-comportamental; Terapia da Aceitação e compromisso (ACT); Psicoterapia analítica funcional (FAP); Terapia Analítico-comportamentalAnalisa funcionalmente estímulos antecedentes e consequentes. Identificação de comportamentos públicos e privados que se relacionam a instalação e manutenção do comportamento problema. Treinamento de repertório favorável para obter reforçadores positivos e redução a exposição à ambientes aversivos. Automonitoramento das atividades (diários). Treinamento de habilidade sociais. Desensibilização sistemática. Terapia da aceitação e compromisso ACT Tem objetivo de reduzir os comportamentos de fuga e esquiva. Pessoas depressivas tem a necessidade de se livrar de pensamentos e sentimentos aversivos. ACT utiliza técnicas que visam proporcionar que o paciente aceite seus sentimentos e emoções, e busque modificar as contingências responsáveis pelas sensações aversivas, se compromissando com tal. O terapeuta pode propor exercícios que estimulem o paciente a ter contato com seus medos e sentimentos. Exemplos: músicas, metáforas, paradoxos, discussões sobre temas relevantes, reflexões sobre perdas e ganhos, entre outros. Psicoterapia Analítica-funcional (FAP) Identificação do comportamento problema CRB1. Quando se acesso o CRB1 durante a sessão e possível, permite que o terapeuta modele um novo repertório comportamental. Modelagem de novos repertórios comportamentais com: Treino de habilidades sociais; Manejo dos sentimentos; Enfrentamento de situações de estresse (exposição a situações sociais) Generalização dos comportamentos adquiridos na sessão para outros contextos. Psicofármacos – Antidepressivos ISRS Paroxetina; Fluoxetina; Sertralina. Tricíclicos Imipramina (desipramina); Nortriptilina; Amitiptilina; Clomioramina REFERÊNCIAS: CARDOSO, Luciana Roberta Danola. Psicoterapias comportamentais no tratamento da depressão. In: Psicol. Argum. 2011, out-dez, 29 (67), 479-489. CHAGAS, M. T. C; GUILHERME, G e MORIYAMA, J. de S. Intervenção clínica em grupo baseada na terapia de aceitação e compromisso: Manejo da ansiedade. Del Porto, José Alberto. Conceito e Diagnóstico. In: Revista Brasileira Psiquiatria. Depressão, vol. 21 – maio 1999. DOUGHER, Michel J. e HACKBERT, Lucianne. Uma explicação analítico-comportamental da depressão e o relato de um caso utilizando procedimentos baseados na aceitação. In: Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva. Vol. V, nº 2, 2003. 167-184. FESTER, C. B. Depressão clínica. In: Princípios do comportamento. Ed. Hucitec: São Paulo, 1978. WANNMACHER, Lenita. Depressão maior: da descoberta à solução?. In: Uso racional de medicamentos: Temas selecionados. Vol. 1, nº 5, Brasilia, Abril, 2004.
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